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jennefercarlene@hotmail.com
Resumo
O traumatismo raquimedular deixa inúmeras sequelas na vítima, principalmente se a lesão for ao nível
da região cervical, pois há maior comprometimento da musculatura esquelética trazendo
complicações a função respiratória. Vítimas de lesão medular na região cervical tornam-se às vezes
dependentes da ventilação mecânica, tendo maiores comprometidos funcionais dificultando o
processo de desmame ventilatório. Trata-se de um artigo de revisão de literatura, onde as principais
bases de pesquisas foram Scielo, Lilacs, Google Acadêmico, onde foram selecionados artigos
referentes ao tema, e livros. O Objetivo deste estudo é Analisar a eficácia da eletroestimulação no
fortalecimento dos principais músculos respiratórios para acelerar o processo de desmame
ventilatório.A eletroestimulação mostrou-se eficaz durante o processo de desmame ventilatório,
trazendo benefícios a pacientes que sofreram traumatismo raquimedular, retirando-os da ventilação
mecânica invasiva, por tanto essa técnica terapêutica é importante ser utilizada em unidades de terapia
intensiva para aceleração do desmame ventilatório.
Os acidentes automobilísticos estão se tornando uma das principais causas de traumatismo da medula
espinhal deixando graves sequelas sensoriais e motoras acometendo mais jovens em torno de 15 e 30
anos sendo os níveis mais afetados na região cervical e toracolombar.1 No momento do
trauma ocorre o que chamamos de choque medular, ou seja, instantaneamente os estímulos sensitivos
e motores são interrompidos, podemos encontrar dois tipos de lesão medular: a completa que se
caracteriza por ruptura total da medula ou incompleta que seria um rompimento parcial da mesma 2.
Lesões em nível de vértebras cervicais denomina-se tetraplegia, pois há perda dos estímulos sensitivos
e motores nos quatro membros, já abaixo é considerado paraplegia, pois apenas tronco e os membros
inferiores estão comprometidos.3 Pacientes tetraplégicos apresentam grandes danos da musculatura
respiratória, isso faz com que os mesmos necessitem de ventilação superficial por tempos
prolongados.4 Traumas na região cervical comprometem a funcionalidade não apenas do sistema
respiratório mais dos demais sistemas devido o comprometimento da maioria dos músculos
esqueléticos 5.
A ventilação mecânica por longos períodos, além de levar infecções às vias aéreas que é o caso da
pneumonia, leva ao aumento da atrofia muscular por desuso, sendo utilizada em pacientes que
apresentam deficiência no mecanismo respiratório 6,7.
A ventilação mecânica tem como objetivo manter a ventilação/perfusão adequada ao paciente durante
este processo, esse tipo de suporte pode ser um procedimento invasivo ou não invasivo isso dependerá
da gravidade da situação do individuo.8 Para obter-se fortalecimento muscular adequado é necessário
que haja recrutamento das fibras musculares, esse tem sido um dos principais objetivos da
eletroestimulação, e vem sendo frequentemente utilizada como método de tratamento fisioterápico
em disfunções musculares 9.
Este artigo tem como objetivo, mostrar aos profissionais, a eficácia da estimulação elétrica funcional
no fortalecimento muscular no desmame ventilatório em paciente vítima de lesão medular,
justificando-se por não haver muitos estudos relacionados ao tema e pela importância de ter-se a
musculatura respiratória com sua capacidade funcional ativa, visto que é necessário para a realização
do desmame, assim, a aplicação desta técnica torna-se necessária nas unidades de terapia intensiva.
2. Fundamentação Teórica
A musculatura respiratória é de suma importância para uma ventilação efetiva, considerados músculos
esqueléticos, os mesmo são responsáveis pelo deslocamento da parede torácica mantendo a ventilação
pulmonar e os gases sanguíneos na sua normalidade, esses músculos são compostos por diferentes
tipos de fibras que determinam sua contratilidade 12.
Os principais músculos inspiratórios são: o diafragma, os intercostais externos e os músculos
acessórios, ou seja, os peitorais, os esternocleidomastoideos, os escalenos entre outros [...] já os
músculos mais importantes da expiração são os da parede abdominal, incluindo: reto abdominal, os
oblíquos internos e externos e o transverso do abdome, quando esses músculos se contraem a pressão
intra-abdominal se eleva e o diafragma é empurrado para cima 13.
O diafragma é o principal músculo inspiratório, durante sua contração há redução da pressão
intrapleural fazendo com que o ar entre nos pulmões rapidamente suprindo assim a necessidade
pulmonar. Os músculos escalenos quando se contraem realizam movimentos nas duas primeiras
costelas e os esternocleiodomastóideos elevam o esterno e o primeiro par de costelas, fazendo com
que ocorra aumento do diâmetro da caixa torácica. Em pacientes vitimas de TRM, ocorrem disfunções
respiratórias, “a paralisia dos intercostais resulta em diminuição da expansão torácica e um volume
inspiratório diminuído”. Os músculos abdominais são importantíssimos durante a fase expiratória,
uma disfunção dessa musculatura acarretará em falha do mecanismo expiratório, pois no momento
da expiração eles são responsáveis de levar o diafragma para cima, ajudando na expulsão do ar de
dentro dos pulmões 14.
O diafragma é o principal músculo da respiração, atua diretamente na fase inspiratória sendo inervado
pelos nervos frênicos e tendo sua segmentação em nível de C3 - C5. Lesões em cervicais altas
acometem grandemente essa musculatura, o que torna o paciente a ter dificuldade em permanecer
respirando em ar ambiente 15.
O músculo reto abdominal é de suma importância tanto no sistema locomotor como no respiratório,
ele é o principal flexor de tronco e o fundamental músculo expiratório, origina-se da região pubiana
e se insere nas cartilagens costais da quinta à sétima costela, sendo inervado pelo sétimo até o décimo
segundo nervo intercostal, a fraqueza ou paralisia dessa musculatura fará com que haja um
comprometimento significativo na fase expiratória, ele junto com os outros músculos abdominais
exercem uma função importante para eficácia da tosse e expulsão de secreções 16.
A ventilação mecânica vem sendo utilizada em pacientes que apresentam deficiências em suas trocas
gasosas, tem como objetivo manter a ventilação respiratória por meios de pressões positivas.16
Pacientes que sofrem lesão medular em cervical alta apresentam maior comprometimento do
mecanismo respiratório, isso torna o paciente dependente da ventilação artificial por tempos
prolongados 17.
A dependência da ventilação mecânica fará com que o paciente tenha maiores ricos de infecções das
vias respiratórias, a pneumonia associada à ventilação mecânica tem sido uma das principais
complicações, pois em torno de 48-72 horas de intubação o paciente apresentará indícios de
4
pneumonia. Além da pneumonia, o uso da ventilação invasiva levará a atrofia dos músculos
respiratórios, levando a diminuição da função muscular 18.
A retirada da ventilação artificial muitas vezes torna-se difícil devido a vários fatores, um deles é a
fraqueza da musculatura respiratória, quando uma pessoa é submetida à ventilação mecânica
prolongada o processo de desmame ventilatório torna-se mais complicado devido algumas
consequências que a mesma traz ao paciente. O desuso da musculatura respiratória, tempos
prolongados de imobilidade no leito tornam-se fatores que interferem no procedimento da retirada da
ventilação mecânica 21.
Em vítimas de lesão medular o processo de desmame ventilatório torna-se mais complicado,
principalmente quando se diz respeito a traumas na região cervical, pois devido ao comprometimento
respiratório será mais difícil manter-se respirando em ar ambiente 22.
2.5 Eletroestimulação
A estimulação elétrica está sendo usada como método terapêutico para ganho de força muscular com
o objetivo de manter ou alterar as fibras musculares, os músculos são compostos por fibras lentas e
rápidas, sendo as lentas mais resistentes à fadiga. A corrente elétrica atua diretamente no neurônio
motor ou nas fibras musculares, é necessário saber se há lesão nervosa completa, pois nessa situação
a estimulação será dada nas fibras musculares, se não houver comprometimento nervoso total, os
estímulos serão dados nas fibras nervosas, há diferença entre a contração elétrica e voluntária, pois o
estímulo elétrico realiza recrutamento das fibras no direcionamento contrario do voluntário.23 Além
de recrutamento de fibras e ganho de força muscular a estimulação elétrica permite um bom
condicionamento físico 24.
A eletroestimulação é aplicada com finalidade de transmitir impulsos elétricos para que haja reações
fisiológicas e terapêuticas, são vários os tipos de correntes usados pra fins terapêuticos como FES,
TENS, Corrente Galvânica. Essas correntes podem produzir sobre o organismo efeitos
eletroquímicos, efeitos motores sobre os nervos e músculos, com o objetivo de fortalecimento
muscular, analgesia e processo de cicatrização, porém tudo dependerá das suas frequências, formas
de ondas e do impulso 25.
Segundo autores, uma forma para ganho de força e trofismo muscular é a aplicação de correntes
elétricas.3 Essa corrente transmite impulsos elétricos no corpo com o intuito de restaurar a função
perdida ou diminuída aumentando o recrutamento de fibras musculares 28,29.
Os músculos são compostos por dois tipos de fibras: fibras tipo I que são de contrações lentas e mais
resistentes à fadiga, e tipo II de contração rápida e pouca resistente a fadiga, a estimulação elétrica
realiza a contração muscular, sendo este diretamente nas fibras musculares ou estimulação do nervo.
Para que haja fortalecimento muscular é necessário ter recrutamento das fibras musculares, a
estimulação em musculatura que se encontra hipotrófica ou hipotônica necessita de um protocolo que
possibilite séries de repetições evitando fadiga muscular, para ocorrer contração através da
eletroestimulação é necessário que ocorra a despolarização das unidades motoras com o objetivo de
fortalecer músculos debilitados. Os parâmetros da estimulação elétrica funcional são: intensidade
suficiente para vencer uma carga adequada; frequência entre 20 e 50hz; tempo de ON: 4 a 6 segundos;
Tempo de OFF: 12 a 18 segundos e duração da sessão em torno de 30 à 60 minutos 30.
3. Metodologia
Utilizando como bases de pesquisas Scielo, Lilacs, Google Acadêmico, foram selecionados artigos
em português referentes ao tema, além de dissertações e buscas manuais em livros. As palavraschaves
usadas para pesquisa foram: Traumatismo raquimedular. Fortalecimento muscular.
Eletroestimulação. Desmame ventilatório. No período de 5 de dezembro de 2015 a 5 de fevereiro de
2016 foi realizado o levantamento dessas literaturas. Foram encontradas 50 literaturas, nas quais
foram selecionadas 25, tendo como critérios de seleção de inclusão: literaturas que enfatizavam a
utilização da corrente elétrica funcional, desmame ventilatório em pacientes com traumas medulares,
benefícios do FES no fortalecimento muscular. Foram exclusos literaturas sem especificidade da
aplicação da técnica e que não visavam os objetivos do respectivo estudo literário.
.
4. Resultados e Discussão
6
5.Conclusão
De acordo com os estudos realizados por vários autores pode-se concluir que a eletroestimulação é
eficaz no fortalecimento muscular, tornando-se uma técnica terapêutica importante para a retirada
rápida da ventilação mecânica invasiva em pacientes vitimas de trauma medular. Muitos pacientes
chegam a óbito pelo uso prolongado da ventilação mecânica, devido a mesma trazer alguns
malefícios, como pneumonia associada a ventilação artificial. Estudos realizados comprovaram que
utilizando essa técnica fisioterapêutica, pode-se retirar o paciente da ventilação em poucos dias,
melhorando sua capacidade respiratória e sua força muscular diminuindo assim os riscos de
contaminação.
Os músculos respiratórios são essenciais para a capacidade vital, traumas medulares em cervical alta
causam inabilidade parcial ou total dos mesmos, tornando a vitima dependente da ventilação
mecânica, o uso da estimulação elétrica funcional visa melhorar a capacidade dos músculos, ativando
fibras motoras, aumentado sua atividade contrátil.
O desmame ventilatório torna-se mais complicado em pacientes com lesão medular, a capacidade
respiratória funcional é necessária está em condições normais para realização desse processo, a
fraqueza e a ausência de contrações dos músculos respiratórios trazem como consequência acúmulos
de secreções nas vias áreas respiratórias superiores e principalmente inferiores, diminuindo ainda
mais a capacidade respiratória do paciente. Com o auxilio desse tratamento muitos pacientes podem
voltar com eficácia sua capacidade, ou pelo menos conseguir manter-se respirando sem auxilio de
7
aparelhos, mesmo necessitando de aspiração frequente devido a perda da capacidade dos músculos
expiratórios, responsáveis por expelir as excreções das vias áreas durante a tosse. O uso dessa técnica
em unidades de terapia intensiva ainda é pouco falado, mas é uma técnica eficaz e com grandes
benefícios ao paciente.
6. Referências Bibliográficas
612-617, 2012.
7- SARMENTO, G. J. V. Princípios e práticas de ventilação mecânica. Barueri, São Paulo:
Manole, 2009.
12- LIPPERT, L. S. Cinesiologia clínica para fisioterapeutas. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003.
21- SANDER. I et. al. Força Muscular de dorsiflexores após intervenção com eletroestimulação
neuromuscular em hemiparéticos. Ter Man.v. 36, n.8, pp. 100-105, 2010.
Elsevier, 2009.
24- ROBERTSON, V. et. al. Eletroterapia explicada: princípios e práticas. 4. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2009.
25- AGNE, Jones Eduardo. Eu sei eletroterapia. 2. ed. Santa Maria: Palloti, 2011.
26- AGNE, Jones Eduardo. Eletrotermoterapia: Teoria e Prática. 3. ed.Orium: Santa Maria- RS.
2007.
27- SARMENTO, G. J. V. O ABC da fisioterapia respiratória. Barueri, São Paulo: Manole, 2009.
29- VAZ, M. I. Desmame ventilatório difícil: O papel da medicina física e de reabilitação. Acta Med
Port. v. 2, n. 24, pp. 299-308, 2011.
30-AGNE, Jones Eduardo. Eu sei eletroterapia. 2. ed. Santa Maria: Palloti, 2011.