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ASSINCRONIAS NA
VENTILAÇÃO MECÂNICA:
Como monitorizar e manter uma
ventilação mecânica protetora
Ana Carolina Alves M. Dias
Especialista de Produtos
Sumário
1. O ciclo ventilatório ............................. 03
3. Os Tipos de Assincronias
Assincronias por insufficient assistance
ou assistência insuficiente ............................. 07
Assincronias por overassistance ............................. 08
6. Referências ............................. 18
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O ciclo ventilatório
Para reconhecer uma assincronia e realizar a monitorização adequada
de um paciente em ventilação mecânica, deve-se, primordialmente,
conhecer as fases do ciclo ventilatório e saber identificá-las durante a
assistência ventilatória.
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Alguns autores incluem uma 5° fase nesse ciclo, acrescentando
um período chamado de “post-trigger”, um momento em que o esforço
do paciente será comparado com os ajustes realizados no ventilador,
para que ocorra a liberação do fluxo.
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Fig. 3 – Tela do ventilador Fleximag MAX ® MAGNAMED
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Idealmente, os parâmetros ajustados no ventilador seriam
suficientes para manter uma atividade muscular respiratória normal e
uma interação harmoniosa entre o paciente e o equipamento, porém,
esse equilíbrio é frágil e vários fatores podem levar a uma assincronia
(Bulleri et al, 2018).
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OS TIPOS DE ASSINCRONIAS
07
Ciclagem prematura: Quando o esforço inspiratório permanece
durante a fase expiratória do ciclo ventilatório, dessa forma há ativação
dos músculos inspiratórios levando a uma contração excêntrica do
diafragma.
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Ciclagem tardia: Ocorre quando a fase inspiratória, ou seja, a insuflação
pulmonar, permanece após o fim do tempo inspiratório neural do
paciente, algumas vezes mesmo com esforço ativo expiratório. Em modo
PSV, o período de insuflação tende a ser maior quando a pressão de
suporte também está elevada, o que também pode ocasionar um pico
de fluxo mais elevado e uma redução do tempo neural. A overassistance
leva à hiperventilação, hipocapnia, alcalose respiratória e redução do
drive, o que perpetua o mecanismo de assincronia (Pham et al, 2018).
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Holanda et al (2018) em seu estudo acerca das assincronias entre
paciente-ventilador, descreveu em uma tabela as assincronias mais
comuns, acrescentando, além dos fenômenos indicados acima, as
assincronias de auto-disparo (que pode ocorrer por sensibilidade
“excessiva”, vazamento, condensação no circuito etc.) e fluxo excessivo
(que ocorre por ajuste inadequado do fluxo inspiratório, tempo de subida
curto ou pressão muito alta).
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O impacto das assincronias
no paciente mecanicamente
ventilado
A necessidade de contínua avaliação e monitorização da ventilação
mecânica, assim como a análise de gráficos e outras medidas de
mecânica pulmonar, são especialmente importantes devido ao impacto
das assincronias no paciente grave.
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Apesar disso, cada assincronia tem um processo levemente
diferente da outra. O duplo disparo, por exemplo, gera um volume
corrente alto (muitas vezes dobra-se o volume ajustado); assim, mesmo
que os parâmetros utilizados sejam de uma ventilação protetora,
devido a assincronia, o paciente realizará ciclos potencialmente lesivos
(Esperanza et al, 2020). Esse é o processo patológico do empilhamento
aéreo.
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Ao pensar em uma ventilação protetora, a monitorização específica
de possíveis assincronias, deve ser sempre considerada a fim de
evitar tanto uma lesão pulmonar quanto uma lesão diafragmática.
No esquema apresentado abaixo encontramos as assincronias que
levam a altos volumes correntes e contração excêntrica dos músculos
inspiratórios, como chaves para a manutenção de uma ventilação com
baixo potencial lesivo.
O papel da PMUS
A Pmus ou Pmusc é definida como a pressão dinâmica que
surge pela contração dos músculos inspiratórios (Lotti et al, 1995).
É a negativação dessa pressão que permite o início da inspiração e,
consequentemente, o início do ciclo ventilatório.
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Atualmente, o método-ouro para a avaliação dessa pressão é
a utilização de um balão esofágico para a mensuração da pressão
esofágica (Pes). Essa medida pode auxiliar na compreensão do
mecanismo patofisiológico da falência respiratória, na titulação da
pressão para ajuste de ventilação mecânica invasiva e não-invasiva, e
no suporte e follow-up do paciente grave (Mauri et al, 2016).
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Fig. 11 - Modelo para monitorização. Adaptado de: Bertoni M, Telias
I, Urner M, Long M, Del Sorbo L, Fan E, Sinderby C, Beck J, Liu L, Qiu H,
Wong J, Slutsky AS, Ferguson ND, Brochard LJ, Goligher EC. A novel
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Como exemplo dessa facilidade, observe a imagem abaixo da tela
gráfica de um ventilador mecânico MAGNAMED:
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Anexo 1
Fonte: Holanda MA, Vasconcelos RDS, Ferreira JC, Pinheiro BV. Patient-
ventilator asynchrony. J Bras Pneumol. 2018 Jul-Aug;44(4):321-333. doi:
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