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Autores
1
Bruno do Valle Pinheiro
2
Marcelo Alcantara Holanda
Publicação: Jun-2000
Revisão: Nov-2004
1
Médico da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de
Fora; Doutor em Pneumologia pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina.
2
Professor de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará.
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Deve-se considerar ainda que o suporte ventilatório não-invasivo pode substituir a ventilação
mecânica em muitas de suas indicações. Assim, atualmente, muitas vezes a intubação traqueal
ocorre após falha da ventilação não-invasiva ou por contra-indicação de seu uso.
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disparo. Para tanto é necessário que haja esforço muscular respiratório capaz de
despressurizar a via aérea e um mecanismo do ventilador pronto a reconhecer este esforço. O
ajuste do ventilador que detecta a "queda" de pressão na via aérea correspondente ao esforço
do paciente é a sensibilidade.
Espontâneo
Ciclo em que o paciente respira normalmente acoplado ao circuito do ventilador, com o controle
de toda fase inspiratória e não só do disparo. No ciclo espontâneo o paciente determina o
disparo, o fluxo, o volume e a duração do tempo inspiratório. Na maior parte das vezes o
ventilador mantém apenas uma pressão de via aérea positiva na inspiração e na expiração.
7 - Com base nos ciclos permitidos, quais são as modalidades ventilatórias básicas?
São quatro os modos ventilatórios básicos, definidos a partir do(s) tipo(s) de ciclo(s) que eles
permitem ao paciente:
• modo controlado – somente ciclos controlados são possíveis;
• modo assistido-controlado – tanto ciclos assistidos como controlados são
disponibilizados ao paciente;
• ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV) – podem ocorrer os três tipos
de ciclos: controlados, assistidos e espontâneos;
• pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) – somente ciclos espontâneos
ocorrem.
Cada modo, além de suas características de funcionamento, tem suas indicações, vantagens e
desvantagens.
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A SIMV é geralmente utilizada na preparação para o desmame ou na sua realização
propriamente dita. Tem a vantagem de possibilitar a aplicação da pressão de suporte (PS) nos
ciclos espontâneos, sendo, neste caso, a denominação mais adequada do modo ventilatório
SIMV+PS. Hoje em dia, é raro o uso isolado da SIMV, sem pressão de suporte, pois o trabalho
respiratório a ser executado pelo paciente nos ciclos espontâneos seria muito elevado, sob o
risco de ocorrência de desconforto ou, em casos extremos, fadiga respiratória.
Nos ciclos espontâneos da SIMV, mesmo com a associação da pressão de suporte, não há
garantia do volume corrente, caracterizando um suporte ventilatório parcial. Por isso, a
SIMV+PS deve ser aplicada em pacientes estáveis ou em fase de melhora da mecânica
respiratória e da condição clínica. O volume corrente e a freqüência respiratória devem ser
obrigatoriamente monitorados.
15 - Quais são as características da ventilação com pressão positiva contínua das vias
aéreas (CPAP)?
Na ventilação com CPAP o respirador está programado para somente permitir ciclos
espontâneos, mantendo a pressão de vias aéreas positiva. Todos os ciclos terão redução da
pressão de via aérea na inspiração e aumento na expiração, à semelhança da respiração
normal, com a diferença apenas em relação ao nível de pressão, mantida acima da
atmosférica, e quanto ao fato do paciente respirar acoplado ao ventilador e aos seus circuitos e
válvulas. Assim, se ventilamos um paciente no modo CPAP com pressão programada de 10
cmH2O, sabemos que não haverá ciclos assistidos ou controlados, a freqüência respiratória
programada será "zero". A pressão de via aérea oscilará em valores abaixo de 10 cmH2O na
inspiração e pouco acima disso na expiração. O volume corrente, o fluxo inspiratório e os
tempos inspiratório e expiratório serão controlados pelo paciente.
16 - Quando utilizar a ventilação com pressão positiva contínua das vias aéreas (CPAP)?
A ventilação com CPAP é quase sempre utilizada como forma de facilitar o desmame. Ela
permite, como na SIMV, o uso da pressão de suporte para auxiliar a inspiração, caracterizando
a ventilação em CPAP+PS.
Constitui o modo de ventilação que mais autonomia confere ao paciente, devendo ser usada
apenas naqueles com "drive" respiratório preservado, de preferência sem sedação, despertos.
A ventilação no modo CPAP requer monitoração do volume corrente e da freqüência
respiratória, requer que os alarmes de apnéia e a ventilação de "back up", a ser usada em
casos de apnéia, estejam bem ajustados.
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autores chegam a sugerir 30cmH2O). Maiores detalhes sobre essa abordagem ventilatória
encontram-se no tema sobre SDRA.
VT necessário = 480 ml
A mesma fórmula pode ser usada quando se tem hiperventilação, evidenciada pela PaCO2
baixa. Entretanto, se a causa da hiperventilação for a taquipnéia por ciclos desencadeados
pelo paciente, reduções na FR ou no VT não serão efetivas. Nesse caso, caberá ao operador
detectar o motivo pelo qual o paciente está taquipneico e corrigi-lo.
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Durante os ciclos assistidos, fluxos inspiratórios maiores podem ser necessários para alcançar
a demanda metabólica dos pacientes (fluxos entre 60 e 80 L/min). Devemos suspeitar dessa
necessidade em pacientes "brigando" com o respirador, observando se há melhora na
interação entre eles após o aumento do fluxo.
27 - Como ajustar a PEEP (pressão expiratória final positiva, do inglês positive end
expiratory pressure)?
O paciente deve ser ventilado com uma PEEP mínima (entre 3 e 5 cmH20), visando manter a
capacidade residual funcional (volume de ar que permanece dentro dos pulmões após uma
expiração normal).
Nos pacientes com insuficiência respiratória por doenças que acometem o parênquima
pulmonar (ex: pneumonia, edema agudo de pulmão), elevações progressivas da PEEP podem
ser necessárias para melhorar a oxigenação e permitir a utilização de menores FIO2. Nesses
pacientes, elevamos a PEEP de 2 em 2 cmH2O, com o objetivo de reduzir a FIO2. À medida
que elevamos a PEEP, devemos monitorar o débito cardíaco do paciente ou, pelo menos,
parâmetros clínicos que o avaliam indiretamente (pressão arterial e débito urinário), pois níveis
altos de PEEP podem induzir à queda do débito cardíaco, sobretudo em pacientes
hipovolêmicos. Na impossibilidade de manter o paciente hemodinamicamente estável
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(podemos após a reposição volêmica, lançar mão de drogas vasopressoras), reduzimos a
PEEP e elevamos a FIO2.
A PEEP tem papel fundamental na estratégia ventilatória de pacientes com SDRA. Diferentes
estratégias para seu ajuste são descritas. O uso da PEEP na SDRA é discutido no capítulo
específico sobre essa síndrome na seção temas em pneumologia.
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Fase expiratória
• Abre-se a válvula de exalação do respirador e, passivamente, o ar é expirado. O fluxo
expiratório ocorre pela maior pressão no interior dos alvéolos do que na atmosfera e
pelo recolhimento elástico do parênquima pulmonar.
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pressão nas vias aéreas, na VPC é estabelecida a pressão a ser mantida nas vias aéreas
durante um determinado tempo inspiratório, variando o volume corrente e o fluxo inspiratório.
Nas duas modalidades, os parâmetros não ajustados variam em função das características do
sistema respiratório (resistência e complacência) e dos ajustes dos demais parâmetros. Essas
diferenças estão resumidas na tabela abaixo.
Ventilação volume-controlada versus ventilação pressão controlada em relação aos
seus parâmetros pré-estabelecidos e variáveis.
Ventilação pressão-
Ventilação volume-controlada
controlada
estabelecida (c) estabelecida (c)
Freqüência respiratória
variável (ac) variável (ac)
Volume corrente estabelecido variável
Fluxo inspiratório
pico estabelecido variável
onda estabelecido o tipo sempre desacelerado
Pressão nas vias aéreas variável estabelecida
Tempo inspiratório estabelecido estabelecido
Relação i:e Variável variável
C: ventilação controlada; AC: ventilação assistido-controlada
A VPC é caracterizada por um alto fluxo inspiratório inicial, que eleva a pressão nas vias
aéreas para um platô pré-estabelecido. Essa pressão será mantida durante a inspiração, cujo
término é determinado pelo tempo inspiratório, outro parâmetro pré-estabelecido (ventilação
mecânica com pressão positiva, limitada a pressão e ciclada a tempo). A manutenção da
pressão das vias aéreas no platô pré-estabelecido implica em um fluxo de padrão
desacelerado, característica desta modalidade ventilatória, pois na medida em que o pulmão é
insuflado, há aumento na pressão alveolar, diminuindo progressivamente o fluxo necessário
para que se mantenha a pressão nas vias aéreas no nível estabelecido.
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35 - Quais são os fatores que influenciam o volume corrente na ventilação pressão-
controlada (VPC)?
O volume corrente varia em função da diferença entre a pressão de vias aéreas (pré-
estabelecida) e a pressão expiratória final (PEEP ou auto-PEEP) e da resistência e da
complacência do sistema respiratório. Quanto maior a diferença entre a pressão de vias aéreas
e a expiratória final, maior será o volume corrente e, para uma determinada diferença de
pressão estabelecida, quanto menor a resistência ou maior a complacência do sistema
respiratório, maior o volume corrente gerado. Outro fator que pode interferir com volume
corrente é o tempo inspiratório. Quando o tempo inspiratório ajustado é insuficiente para o
equilíbrio entre a pressão das vias aéreas e a alveolar, o volume corrente será limitado por ele,
pois a inspiração será interrompida ainda na presença de fluxo inspiratório. A limitação do
volume corrente pelo tempo inspiratório é particularmente importante nas condições de alta
resistência ou alta complacência, nas quais o equilíbrio entre as pressões demora a ocorrer
(figura a seguir).
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39 - Quais os significados clínicos das pressões de pico e de platô?
A pressão de pico sofre influência dos componentes elásticos e resistivos do sistema
respiratório, portanto, elevações em seus valores podem significar, considerando que os
parâmetros ajustados foram mantidos, aumento da resistência, diminuição da complacência ou
aumento da auto-PEEP. Embora a elevação da pressão de pico seja de fácil identificação e,
por isso, muitas vezes a primeira alteração que chama a atenção de quem está monitorando a
ventilação, sua presença não identifica a natureza do problema.
A pressão de platô, como é medida ao final da pausa inspiratória, não sofre influência do fluxo,
portanto independe do componente resistivo do sistema respiratório. Sua elevação indica piora
da complacência do sistema respiratório ou hiperinsuflação pulmonar. A figura abaixo ilustra a
interpretação das alterações dessas pressões.
40 - O que é auto-PEEP?
É a pressão positiva presente no interior dos alvéolos ao final da expiração em função da não
exalação completa do volume corrente. Nessa condição, o pulmão não chega a esvaziar-se até
a sua capacidade residual funcional, ou devido a obstrução ao fluxo expiratório ou em função
da ventilação com altas freqüências e/ou altos volumes correntes. A auto-PEEP também é
denominada de PEEP-oculta ou PEEP-intrínseca.
A segunda manobra consiste em medir a pressão de platô do paciente, promover uma pausa
expiratória longa, de pelo menos 30 segundos, e repetir a medida da pressão de platô. A
diferença entre as duas medidas é o valor da auto-PEEP. Aqui também o paciente não pode
interagir com a ventilação.
Uma terceira manobra, embora mais fidedigna, é menos utilizada por exigir a presença de um
balão que, ao medir a pressão esofágica, estima a pressão pleural. A auto-PEEP corresponde
ao valor da pressão esofágica gerada até que se inicie o fluxo inspiratório. Essa forma de
medida da auto-PEEP deixa evidente o trabalho respiratório que ela impõe ao paciente, ou
seja, o paciente deve gerar uma pressão igual à auto-PEEP para depois iniciar seu fluxo
inspiratório ou disparar o ventilador.
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43 - Como medir a complacência do sistema respiratório? Qual o seu significado?
A complacência, que é o inverso da elastância, pode ser definida como a relação entre o
volume inspirado e a variação de pressão resultante da "acomodação" deste volume no
parênquima pulmonar, isto é, nos alvéolos. Pode ser calculada, em ml/cmH2O, pela seguinte
fórmula:
Assim, quanto maior a diferença entre Pmax e Ppausa, maior a pressão resistiva.
Normalmente, com um fluxo de 60 L/min (=1 L/s), a diferença entre a Pmax e a Ppausa é de 4
a 6 cmH2O, que é a Rva normalmente encontrada num paciente intubado com cânula de 8 a 9
mm de diâmetro interno.
A) Condições gerais
• resolução ou melhora da causa da falência respiratória;
• supressão da sedação e da curarização;
• nível de consciência adequado;
• estabilidade hemodinâmica (drogas vasoativas em doses mínimas ou ausentes);
• ausência de sepse ou hipertermia significativa;
• ausência de distúrbios eletrolíticos e metabólicos (potassemia, calcemia, magnesemia,
fosfatemia, equilíbrio acido-base);
• ausência de perspectiva de intervenção cirúrgica com anestesia geral próxima.
B) Capacidade de oxigenação:
• PaO2 > 60mmHg (SaO2 > 90%) com uma fração inspirada de oxigênio menor ou igual a
0,4 (40%) e PEEP < 5cmH2O.
C) Capacidade de ventilação (com o paciente em tubo T):
• volume corrente > 5ml/kg;
• freqüência respiratória menor que 30 respirações por minuto;
• pressão inspiratória máxima < -25cmH2O;
• relação freqüência respiratória / volume corrente em litros < 100 (Índice de Tobin ou
índice de respiração rápida e superficial) – atualmente o índice mais usado para avaliar
a capacidade de ventilação, devendo ser medido após um minuto de respiração
espontânea em tubo T ou CPAP.
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são discutíveis e, de forma conservadora, ainda observamos o período de duas horas de tubo
T.
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tentada antes de se partir para técnicas de tubo T ou VPS. Com ela, em torno de 75% dos
pacientes são desmamados com sucesso, sem necessidade de reduções graduais no suporte
ventilatório. Em relação ao tubo T e pressão de suporte, ainda não se tem definido qual o
melhor método, podendo ser usados indistintamente, desde que obedecendo uma rotina.
54 - Leitura recomendada
Aslanian P, Brochard LJ. Partial ventilatory support. In: Marini JJ, Slutsky AS. Physiological
basis of ventilatory support. New York, Marcel Dekker, 1998. P.817-46.
Barbas CSV, Amato MBP, Rodrigues Jr MR. Técnicas de assistência ventilatória. In: Knobel, E.
Condutas no paciente grave. 2ª ed São Paulo, Atheneu, 1998. P.321-354.
Brochard L, Pluskwa F, Lemaire F. Improved efficacy of spontaneous breathing with inspiratory
pressure support. Am. Rev. Respir. Dis. 1987;136:411-5.
Brochard L, Isabey D, Piquet J, et al. A. Reversal of acute exacerbations of chronic obstructive
lung disease by inspiratory assistance with a face mask. N. Engl. J. Med. 1990;323:1523-1530.
Brochard L, Mancebo J, Wysocki M, et al. Noninvasive ventilation for acute exacerbations of
chronic obstructive pulmonary disease. N. Engl. J. Med. 1995;333:817-822.
Brochard L, Rauss A, Benito S, et al. Comparison of three methods of gradual withdrawal from
ventilatory support during weaning from mechanical ventilation. Am. J. Respir. Crit. Care Med.
1994;150:896-903.
Esteban A., Frutos F, Tobin MJ, et al. A comparison of four methods of weaning patients from
mechanical ventilation. N. Engl. J. Med. 1995;332:345-50.
Gladwin MT, Pierson DJ. Mechanical ventilation of the patient with severe chronic obstructive
pulmonary disease. Intensive Care Med., 1998;24:898-910.
Irwin RS. Mechanical Ventilation. In: Rippe JM, Irwin RS, Alpert JS, Fink MP. Intensive Care
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Kramer N, Meyer TJ, Meharg J, Cece RD, Hill NS. Randomized, prospective trial of noninvasive
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Leatherman JW. Mechanical ventilation in obstructive lung disease. Clin. Chest Med.
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Marini JJ. Evolving concepts in the ventilatory management of acute respiratory distress
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Meduri GU. Noninvasive positive-pressure ventilation in patients with acute respiratory failure.
Clin. Chest Med. 1996;17:513-553.
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Pilbeam S. Mechanical Ventilation. Mosby Year Book, 2nd ed. St Louis, 1992.
Slutsky AS. Mechanical ventilation. ACCP Consensus Conference. Chest, 1993;104:1833-1859.
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