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UNIVERSIDADE PAULISTA

Ana Paula B. Dos Santos – 2018419

Bruna Aparecida Rosa – C44149-0

Lucas Antunes de Lima – N5535F-0

Rosiane Silva B. Prado – 2036533

Tiago Andrade Silva – N586EG-0

Yara Borini Rossi - F15245-6

VENTILAÇÃO MECÂNICA

SÃO PAULO

2023
Ana Paula B. Dos Santos – 2018419

Bruna Aparecida Rosa – C44149-0

Lucas Antunes de Lima – N5535F-0

Rosiane Silva B. Prado – 2036533

Tiago Andrade Silva – N586EG-0

Yara Borini Rossi - F15245-6

VENTILAÇÃO MECÂNICA

Trabalho apresentado no curso de


graduação em fisioterapia da
Universidade Paulista - UNIP

Orientador: Prof. Drº Vinicius Tassoni


Civile

SÃO PAULO

2023
RESUMO

A ventilação mecânica é uma técnica essencial utilizada no tratamento de pacientes


com insuficiência respiratória, seja aguda ou crônica em estágio agudizado. Embora não
seja uma solução curativa, essa abordagem tem o potencial de estabilizar pacientes,
proporcionando suporte enquanto outras terapêuticas são aplicadas. Existem dois tipos
principais de ventilação: a espontânea, onde o paciente utiliza sua própria musculatura
diafragmática, e a mecânica, na qual se recorre a um dispositivo - o ventilador - para
auxiliar ou substituir a ventilação natural. O uso da ventilação mecânica visa objetivos
tanto fisiológicos, como a melhora na troca gasosa pulmonar e redução do trabalho
muscular respiratório, quanto clínicos, incluindo a reversão de hipoxemia, diminuição do
desconforto respiratório e redução da pressão intracraniana. Em suma, a ventilação
mecânica é um instrumento vital na gestão de complicações respiratórias, com foco na
estabilização e melhora do paciente.
ABSTRACT

Mechanical ventilation is a crucial technique used in the treatment of patients with


acute or exacerbated chronic respiratory failure. Although it is not a curative solution, this
approach has the potential to stabilize patients, providing support while other treatments
are applied. There are two main types of ventilation: spontaneous, where the patient uses
their own diaphragmatic muscles, and mechanical, where a device - the ventilator - is
used to assist or replace natural breathing. The use of mechanical ventilation aims for
both physiological objectives, such as improving pulmonary gas exchange and reducing
respiratory muscle work, and clinical ones, including reversing hypoxemia, reducing
respiratory discomfort, and lowering intracranial pressure. In summary, mechanical
ventilation is a vital tool in managing respiratory complications, focusing on patient
stabilization and improvement.
SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................................................... 1

2. CIclo ventilatório e complicações da VM……………………………….......... 2

3. Parâmetros Programáveis............................................................................ 4

4. Modos Ventilatórios...................................................................................... 6

5. Conclução...................................................................................................... 8

6. Referências bibliograficas............................................................................ 9
1- INTRODUÇÃO

A ventilação mecânica, também conhecida como suporte ventilatório, é uma


intervenção primordial na medicina atual, destinada predominantemente ao tratamento
de pacientes com insuficiência respiratória, seja em manifestações agudas ou em
exacerbações de condições crônicas. Seu papel é de extrema relevância,
especialmente considerando que não é uma terapia curativa, mas uma estratégia de
suporte vital.

O processo ventilatório pode ser categorizado de maneira bifurcada. Por um lado,


temos a ventilação espontânea, onde o paciente respira de forma autônoma, apoiado
primordialmente pela musculatura diafragmática. Por outro, existe a ventilação
mecânica, que demanda o auxílio de dispositivos, como ventiladores, para otimizar ou
mesmo substituir a função respiratória natural.

Embora o uso da ventilação mecânica possa parecer direto, ele é norteado por
objetivos precisos. Do ponto de vista fisiológico, pretende-se manter ou aprimorar a
troca gasosa pulmonar, expandir o volume pulmonar e mitigar o trabalho muscular
respiratório. Contudo, além desses objetivos, há metas clínicas claras: combater a
hipoxemia, controlar episódios de acidose respiratória aguda, aliviar desconfortos
respiratórios, prevenir ou reverter atelectasias e reduzir a pressão intracraniana. Em
certos contextos, a ventilação mecânica também pode ser utilizada para facilitar
sedações ou bloqueios neuromusculares, garantindo, assim, que o paciente
permaneça estável e seguro durante procedimentos adicionais.

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2- CICLO VENTILATÓRIO E COMPLICAÇÕES DA VM

O ciclo ventilatório é subdividido em:

 Disparo: Responsável por detectar o esforço inspiratório do paciente e, em


seguida, iniciar a fase inspiratória do ciclo respiratório. Existem vários tipos de
disparo, incluindo o disparo a tempo, o disparo a fluxo e o disparo a pressão.

 Fase inspiratória: Durante essa fase, o ventilador mecânico insufla os pulmões


do paciente, vencendo a complacência pulmonar. No final desta fase, pode-se
utilizar um recurso denominado pausa inspiratória para melhorar as trocas
gasosas

 Ciclagem: A ciclagem é a transição da fase inspiratória para a fase expiratória


durante a ventilação mecânica. Durante a ciclagem, o ventilador mecânico
interrompe a fase inspiratória e inicia a fase expiratória. A ciclagem pode ser
realizada com base no tempo, fluxo ou pressão;

 Fase expiratória: Durante fase, o ventilador mecânico permite que o ar saia dos
pulmões do paciente devido à elasticidade pulmonar e à pressão positiva nas
vias aéreas.

O disparo pode ser classificado em:

 O disparo a tempo é baseado em um intervalo de tempo fixo entre as


respirações. O ventilador mecânico inicia a fase inspiratória do ciclo respiratório
após um intervalo de tempo pré-determinado, independentemente do esforço
inspiratório do paciente.

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 O disparo a fluxo é baseado na detecção do fluxo inspiratório do paciente. O
ventilador mecânico inicia a fase inspiratória do ciclo respiratório quando o fluxo
inspiratório ultrapassa um determinado valor pré-determinado.

 O disparo a pressão é baseado na detecção da queda de pressão nas vias


aéreas durante o esforço inspiratório do paciente. O ventilador mecânico inicia a
fase inspiratória do ciclo respiratório quando a queda de pressão nas vias
aéreas ultrapassa um determinado valor pré-determinado

 O disparo neural é diparado pelo estímulo neural do paciente. Uma modalidade


apenas na Nava.

Enquanto para os tipos de ciclagem, são:

 Ciclagem a tempo: o comando de frequência respiratória é ajustado, o tamanho


do ciclo respiratório fica pré-determinado; ao término do tempo programado,
outro ciclo se inicia independentemente do esforço do pct.

 Ciclagem a pressão: por meio da sensibilidade, quando o esforço muscular do


paciente gera uma pressão pré-ajustada contra um sistema fechado, a válvula
inspiratória se abre e um novo ciclo se inicia.

 Ciclagem a fluxo: por meio da sensibilidade, quando o esforço muscular do


paciente desloca um fluxo de ar dentro do sistema fechado e atinge o valor pré-
ajustado, a válvula inspiratória se abre, e um novo ciclo se inicia.

 Ciclagem a volume: o ventilador interrompe a inspiração, ou seja, cicla quando o


volume escolhido é alcançado.

Segundo as diretrizes brasileiras de ventilação mecânica, o disparo e a ciclagem a


fluxo é recomendad para pacientes com DPOC e para pacientes com resistência das

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vias aéreas superiores. Enquanto o disparo e a ciclagem a pressão é recomendado
para pacientes com doença pulmonar restritiva e para pacientes com resistência das
vias aéreas inferiores

Como complicações a VM pode apresentar diminuição do débito cardíaco, alcalose


respiratória aguda, pneumonia, atelectasia, lesões de pele/lábios, lesões traqueais.

3- PARÂMETROS PROGRAMÁVEIS

 Volume corrente: Corresponde à quantidade de ar ofertada pelo ventilador a


cada ciclo ventilatório. De acordo com a diretriz brasileira de VM, o volume
corrente comumente utilizado em ajustes iniciais varia de 6 a 10 mL/kg de peso
predito. Sendo que este, é calculado usando as seguinte fórmulas
o Peso predito para homens (kg) = 50 + 2,3 x [(altura em cm x 0,394) - 60]
o Peso predito para mulheres (kg) = 45,5 + 2,3 x [(altura em cm x 0,394) -
60]

 Pressão Inspiratória (P insp. / IPAP): Corresponde à pressão máxima gerada


durante a inspiração. De acordo com o III Consenso Brasileiro de Ventilação
Mecânica, a pressão inspiratória máxima normal é de 80-120 cmH2

 Tempo Inspiratório (Tinsp): Trata-se da inspiração até o início da expiração. 0,8


a 1,2 seg. Remete-se à relação I:E (1:2 e/ou 1:3). Quando o Tempo inspiratório
for maior que 1,2, relaciona-se à um tempo de entrada de ar lento e tempo de
saída do ar rápida (aprisionamento ar). Já quando o Tempo inspiratório for
menor que 0,8, o tempo de entrada de ar é rápido e tempo de saída ar lento, o
que aumenta o tempo expiratório, como em DPOC ou Asma.

 Pressão Positiva ao Final da Expiração (PEEP): Corresponde à pressão


aplicada nas vias aéreas ao final da expiração. A PEEP é utilizada para prevenir
o colapso alveolar e melhorar a oxigenação, podendo ser utilizada em todas as

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modalidades. O padrão ideal é de 3 a 5 cmH₂O (adultos) e de 2 a 4 cmH₂O
(crianças). Torna-se importante lembrar que paciente intubados ou
traqueostomizados apresentam perda da PEEP, devido a abertura da glote.

 Frequência Respiratória (FR): Representa o número de ciclos respiratórios


durante 1 minuto, correspondente à fatores como faixa etária, doença e do modo
de ventilação escolhido. Deve ser ajustado de acordo com a PaCO₂ e pH
desejados. Possui um padrão ideal de 12 – 20 rpm.

 Fluxo Inspiratório: É a velocidade com que o volume corrente é fornecido ao


paciente. Possui a relação I:E (1:2 e/ou 1:3). Seu padrão ideal é 40-60 L/min.
Quando os fluxos forem menores que 40 L/min, possui a entrada de menos
fluxo, ou seja, o tempo expiratório se torna menor, desaconselhável devido
aprisionamento ar (auto-peep). Enquanto fluxos maiores que 60 L/min, há a
entrada de mais fluxo, e o tempo inspiratório é menor, aumentando o tempo
expiratório como em DPOC e Asma.

 Pressão de Suporte (PS): Liberação de uma pressão nas vias aéreas superiores
(VAS), afim de auxiliar a fase inspiratória, mantendo um volume corrente
próximo ao ideal, diminuindo o trabalho respiratório e resistência das VAS,
evitando a atrofia e fadiga da musculatura ventilatória. Os valores estão entre 5-
7 cmH₂O, ou o aumento suficiente para manter volume corrente 6 a 8 ml/kg

 Fração Inspirada de Oxigênio - (FiO₂): Porcentagem de O₂ enviada a cada ciclo


ventilatório, sendo avaliada pela gasometria arterial, mantendo o FiO₂ suficiente
para obter SaO₂ ≥ 90% e PaO₂ ≥ 60mmHg. As variações são de 21% a 100%,
devendo obter o Índice de Oxigenação: PaO2/FiO2 ≥ 300

 Sensibilidade: Esforço realizado pelo paciente para disparar nova inspiração no


ventilador. Utilizada nos ciclos assistidos e espontâneos, determinada por
pressão ou fluxo. Sua escala varia de - 0,5 a – 2,0 cmH₂O.

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Figura 1. Consideração de valores dos parâmetros programáveis da VM.

4- MODOS VENTILATÓRIOS

A ventilação pode ser:

 Controlado: Quando iniciados e finalizados pelo VM. O ventilador define os


disparos e as ciclagens, sendo que o disparo ocorre a tempo (frequência
respiratória), e a ciclagem pode ocorrer a tempo inspiratório ou a volume.

 Assistido/Controlado: Iniciados pelo paciente e finalizados pela VM. O


paciente/ventilador define os disparos e as ciclagens, sendo o disparo ocorre
pela sensibilidade do paciente, e a ciclagem pode ocorrer a tempo inspiratório ou
a volume.

 Assistido: Iniciados e finalizados pelo paciente. O paciente controla as transições


de disparo e ciclagem, sendo o disparo ocorre pela sensibilidade do paciente e a
ciclagem ocorre a fluxo (desaceleração do fluxo a 25%).

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Já os modos da ventilação mecânica são divididos em:

 Ventilação controlada a pressão (PCV): Neste modo não se controla o volume,


mas monitora-se para que não gere volutrauma. Os parâmetros programáveis e
seus padrões são:
o Frequência Respiratória: 12-20 cpm
o Tinsp: 1,2s (ciclagem)
o I:E= Determinado pelo (Tinsp)
o Pressão inspiratória: 12cmH2O (limite)

 Ventilação controlada a volume (VCV): Neste modo não se controla a pressão,


mas monitora-se para que não gere barotrauma. Utiliza-se no modo assistido/
controlado ou controlado. Os parâmetros programáveis e seus padrões são:
o VC: usamos o menor valor 6ml/kg.
o Fluxo: 40 e 60 l/min
o I:E: pré-estabelecido em velocidade determinada pelo fluxo

 Ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV): Combina ciclos


mandatórios pré-determinados, com ciclos assistidos e espontâneos. Se o
pacioente não realizar um esforço o ventilador entra em modo controlado.
Permite ver o que o paciente está sendo capaz de fazer. Sua desvantagem é o
atraso no desmame de 3 a 4 dias

 Ventilação com pressão de suporte (PSV): Modo espontâneo onde é disparado


o ciclado pelo paciente. O ventilador assiste à ventilação através da manutenção
de uma pressão positiva pré-determinada. Permite que o paciente controle a FR
e o Tie, dessa forma, o volume de ar inspirado. Sua desvantagem é que o modo
funciona apenas quando o paciente apresenta drive respiratório, isto é, um
estímulo bulbar para a respiração. Trata-se de uma modalidade muito utilizada
no desmame, ajudando a reduzir o trabalho respiratório, com o paciente
controlando o tempo, fluxo e o volume da insp. Aqui programa-se o PEEP, FiO2,
PS.

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5- CONCLUSÃO

A ventilação mecânica possui um papel fundamental na prática fisioterapêutica,


especialmente no tratamento de pacientes com alterações respiratórias agudas ou
crônicas. Com base ao trabalho apresentado, podemos concluir que a ventilação
mecânica é uma intervenção terapêutica eficaz para melhorar a função respiratória,
aumentando a oxigenação e reduzindo a carga de trabalho respiratório em uma
variedade de condições clínicas. Vale ressaltar, que a combinação com outras técnicas
de fisioterapia, como a fisioterapia respiratória, otimizará os resultados para o paciente.

Com a evolução da ventilação mecânica ao longo dos anos, decorrente aos


avanços tecnológicos, os ventiladores mais atualizados possuem opções, parâmetros e
modos cada vez mais personalizados e sofisticados, e menos invasivos. O tratamento
com ventilação mecânica é específico e individualizado para cada paciente, e tem
demonstrado tratar as causas clínicas e melhorar seus respectivos desfechos.

Todavia, deve-se enfatizar a importância de uma abordagem multidisciplinar na


gestão dos pacientes integrados a ventilação mecânica, envolvendo não apenas
fisioterapeutas, mas também a equipe médica, da enfermagem e outros profissionais da
saúde. Além disso, o uso da ventilação mecânica deve ser cuidadosamente monitorado
e ajustado de acordo com a resposta individual do paciente e as diretrizes clínicas
atualizadas.

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6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

1. Burns KE, Meade MO, Premji A, et al. Noninvasive positive-pressure ventilation as a


weaning strategy for intubated adults with respiratory failure. Cochrane Database Syst
Rev. 2013;12(12):CD004127.
2. Rochwerg B, Brochard L, Elliott MW, et al. Official ERS/ATS clinical practice
guidelines: noninvasive ventilation for acute respiratory failure. Eur Respir J.
2017;50(2):1602426.
3. Carlucci A, Ceriana P, Prinianakis G, Fanfulla F, Colombo R, Nava S. Determinants
of weaning success in patients with prolonged mechanical ventilation. Crit Care.
2009;13(3):R97.
4. Kacmarek RM, Durbin CG Jr, Barnes TA, Kageler WV, Walton JR, O'Neil EH. Create
a vision for the future and achieve it: the 2015 AARC presidential address. Respir Care.
2015;60(12):1760-1769.
5. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Diretrizes Brasileiras de
Ventilação Mecânica 2013. Jornal Brasileiro de Pneumologia. 2013;39(Suppl 1):S1-
S30. doi: 10.1590/S1806-37132013000700001

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