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MANUAL
IDENTIFICAÇÃO
DE OPÇÕES DE ADAPTAÇÃO
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS MUNICIPAIS
DE ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
MANUAL PARA IDENTIFICAÇÃO DE OPÇÕES DE ADAPTAÇÃO
SUMÁRIO Os objetivos deste manual são os de orientar e
apoiar os municípios a:
Este manual para a ‘Identificação de Opções de
Adaptação’ é parte integrante dos materiais de • Identificar um conjunto inicial de opções de adap-
apoio ao desenvolvimento de ‘Estratégias Municipais tação, que possam responder às principais vulnera-
de Adaptação às Alterações Climáticas’ (EMAAC), in- bilidades e riscos climáticos (atuais e futuros) identi-
serindo-se no âmbito do projeto ClimAdaPT.Local. ficados nos ‘passos 1 e 2’ do ADAM; e,
O processo aqui descrito faz parte do ‘passo 3’ da • Caracterizar as opções identificadas, de forma a
metodologia ADAM – ‘Apoio à Decisão em Adapta- servirem de base de trabalho para os próximos pas-
ção Municipal’ (figura 1) -, adaptada para a realidade sos da metodologia e para o desenvolvimento e fu-
2. Iden
ficar
4. Opções
vulnerabilidades
adaptação (avaliar)
futuras
3. Opções
adaptação
(iden
ficar)
• Refletir e enquadrar os resultados obtidos nos 1. Decidido se o município tem informação su-
É importante relembrar que ‘Adaptação’ remete para de conhecimento e assuntos para os quais é
um processo contínuo e que tanto os municípios necessária mais informação, bem como alguns
como outras organizações envolvidas no desenvol- dos passos fundamentais para lidar com estas
o qual define adaptação como: fatores foram explorados ao longo dos ‘passos 0 a 2’
da metodologia ADAM, sendo importante revisitar e
"Processo de ajustamento ao clima atual ou pro-
refletir sobre os mesmos.
jetado e aos seus efeitos. Em sistemas humanos,
a adaptação procura moderar ou evitar danos e/ A adaptação como processo de decisão autárquica
ou explorar oportunidades benéficas. Em alguns em resposta às alterações climáticas é ainda relati-
sistemas naturais, a intervenção humana poderá vamente recente, pelo que será vantajoso conhecer
facilitar ajustamentos ao clima projetado e aos
e compreender um pouco melhor alguns dos princi-
seus efeitos.”
pais conceitos relacionados com esta temática.
Para esse fim, serão aplicadas as três categorias • Opções ‘não estruturais’ (ou 'soft'): correspondem
de opções (e medidas) de adaptação planeada, ao desenho e implementação de políticas, estraté-
gias e processos. Podem incluir, por exemplo, a in- • Criação de um quadro institucional favorável (nor-
tegração da adaptação no planeamento territorial mas e regulamentos, legislação, guias de melhores
e urbano, a disseminação de informação, incentivos práticas, sistemas de controlo interno, desenvolvi-
económicos à redução de vulnerabilidades e a sen- mento de políticas, planos e estratégias apropriadas);
sibilização para a adaptação (e contra a má-adapta-
• Criação de estruturas sociais favoráveis (mudanças
ção). Requerem uma cuidadosa gestão dos sistemas
nos sistemas de organização municipal, formação de
humanos subjacentes e podem incluir, entre outros:
recursos humanos especializados, parcerias e pro-
instrumentos económicos (como mercados ambien-
moção da participação pública).
tais), investigação e desenvolvimento (por exemplo,
no domínio das tecnologias), e a criação de quadros
A melhoria da capacidade adaptativa do município
institucionais (regulação e/ou guias) e de estruturas
pode ser uma abordagem chave na eliminação de
sociais (por exemplo, parcerias) apropriadas.
barreiras à adaptação, permitindo muitas vezes uma
melhor compreensão da temática no município, in-
As opções de adaptação planeada identificadas no
cluindo o envolvimento efetivo de decisores, técni-
‘passo 3’ serão ainda divididas de acordo com o seu
cos e populações.
âmbito, nomeadamente as que permitam:
Melhorar a capacidade adaptativa do município in- Este tipo de opções pode variar desde soluções sim-
clui desenvolver a sua capacidade institucional, de ples de baixo custo (‘low-tech’) até infraestruturas
forma a permitir uma resposta integrada e eficaz às de grande envergadura, sendo fundamental consi-
alterações climáticas. Isto pode significar, por exem- derar o motivo, a prioridade e a viabilidade das ações
plo, a compilação da informação necessária e a cria- a implementar.
ção das condições fundamentais (de cariz regulatório,
institucional e de gestão) para levar a cabo ações de Alguns exemplos deste tipo de ações de adaptação
adaptação. incluem:
Alguns exemplos de ações que melhoram a capaci- • Aceitar os impactos e incorporar as perdas re-
dade adaptativa incluem: sultantes dos riscos climáticos, como por exemplo
aceitando que certos sistemas, comportamentos e
• Recolha e partilha de informação (investigação, atividades deixarão de ser sustentáveis num clima
monitorização e divulgação de dados e registos do diferente (ilustrativamente, poder-se-á referir a eva-
município, promoção da sensibilização através de cuação planeada das zonas costeiras ameaçadas de-
iniciativas de educação e formação); vido à subida do nível médio do mar);
MANUAL PARA IDENTIFICAÇÃO DE OPÇÕES DE ADAPTAÇÃO
• Compensar os danos através da partilha (ou dis- Naturalmente, cada município utilizará na sua
tribuição) dos riscos e perdas (por exemplo, por via EMAAC uma combinação diferente de vários tipos
de seguros); de opções de adaptação, em linha com o seu perfil
de atitude (aversão) perante o risco e com os seus
• Evitar ou diminuir a exposição aos riscos climáticos
valores, estruturas internas, capacidades, realida-
(por exemplo, através da construção de novas de-
des físicas e socioeconómicas.
fesas contra inundações e outros eventos extremos,
relocalizando comunidades e atividades associadas Na prática, uma divisão em várias tipologias de op-
ou alterando-as); ções nem sempre é de fácil distinção, pelo que não
deverá ser considerada de forma restritiva, mas an-
• Explorar novas oportunidades (como sejam mudar
tes como um guia de apoio à identificação e descri-
de atividade ou, mesmo, alterar práticas e/ou produ-
ção das opções de adaptação.
tos de forma a tirar proveito de alterações nas con-
dições climáticas).
As tipologias apresentadas nesta secção não são
mutuamente exclusivas, ou seja, poderão ser utiliza-
Frequentemente, muitas ações que diminuem a
das para descrever a mesma opção (ver tarefa 3.1 do
vulnerabilidade reforçam igualmente a capacidade
ADAM para mais informação).
adaptativa, pelo que a distinção não é simples.
No entanto, a divisão nestas duas grandes tipologias
de opções pode ajudar no processo de identificação
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e seleção das opções de adaptação.
Tabela 1. Exemplos (genéricos) de opções de adaptação e sua caracterização (fonte: UKCIP 2013)
Pró-ativa.
Quando utilizada para melhorar o conhecimento sobre determinada situação,
Adiamento e ‘ganhar tempo’
uma estratégia de adiamento pode ajudar a tomar uma decisão mais acertada,
por exemplo quando combinada com investigação ou monitorização
Pró-ativa ou estratégica.
Investigação Utilizar a investigação para melhor compreender potenciais riscos
12 climáticos e/ou a eficácia das medidas de adaptação
Pró-ativa.
Monitorização da performance do sistema
(por exemplo, ao nível da resposta do município)
Monitorização
Reativa.
Monitorização dos impactos climáticos
(por exemplo, em termos dos danos no município)
Pró-ativa ou reativa.
Alteração de usos
Inclui o planeamento de respostas, com ou sem aplicação de medidas técnicas
Pró-ativa ou reativa.
Recuo e abandono
Inclui o planeamento de respostas, com ou sem aplicação de medidas técnicas
Dimensionar margens
e limites de segurança, Gestão de cheias que inclua a
Adiar implementação
em novos investimentos criação ou restabelecimento de
Elaborar uma EMAAC que de medidas específicas en-
(por exemplo ventilação e zonas que aumentem a capaci-
preveja monitorização quanto se explora
drenagem) que permitam dade de retenção e, ao mesmo
e revisão de objetivos e a modificação
modificações consistentes tempo, apoiem objetivos
riscos de planos, 'standards'
com as alterações projetadas de conservação de habitats e
ou regulamentos
(por exemplo temperatura e biodiversidade
precipitação)
Introduzir o recuo
progressivo nas zonas
Evitar edificar em Modificar o planeamento de
Restringir o tipo e costeiras mais vulneráveis
zonas de alto risco contingência e a gestão de
a dimensão da edificação em e planeamento, criação
(por exemplo planícies de riscos de forma a incluir riscos
zonas de alto risco ou restabelecimento de áreas
cheia e falésias instáveis) climáticos
de inundação consistentes
com os riscos projetados
Investimento progressivo em 15
atividade turísticas consisten-
Melhorar a capacidade de
tes com as
Promover a criação arrefecimento dos edifícios
Diminuir perdas no trans- alterações projetadas
e preservação de espaço através de mecanismos de
porte e abastecimento de (por exemplo aproveitamen-
que suporte a biodiversidade sombreamento ou de sistemas
água to de atividades
(urbana e rural) de arrefecimento com menor
turísticas durante todo
consumo energético
o ano ou em épocas
diferentes das atuais)
Partilhar o desenvolvimento
Telhados e paredes ‘verdes’
e operação
com múltiplos benefícios em
de infraestruturas
Planeamento urbano que termos de controlo térmi-
de armazenamento
minimize efeitos co, controlo de escorrências, -
de água (por exemplo
de ‘ilha de calor’ aumento das áreas verdes, ali-
reservatórios multifunções
mento e redução de consumos
para abastecimento
energéticos
e combate a incêndios)
mais elevadas
Desenhar equipamentos
recreativos para
- - -
funcionamento durante
todo o ano
4. IDENTIFICAÇÃO DE OPÇÕES DE ADAPTAÇÃO
• Utilizar os resultados do ‘passo 2’ na identificação
ADAM de opções de adaptação apropriadas para responder
‘Apoio à Decisão em Adaptação Municipal’ aos riscos e oportunidades que os cenários de altera-
ções climáticas representam para o município.
PASSO 3. IDENTIFICAR E CARACTERIZAR
O ‘passo 3’ consiste numa única tarefa:
OPÇÕES DE ADAPTAÇÃO
Adaptar significa agir também de forma a manter TAREFA 3.1 - IDENTIFICAR E CARACTERIZAR
os riscos associados às alterações climáticas dentro POTENCIAIS OPÇÕES DE ADAPTAÇÃO
de limites considerados como aceitáveis pelo mu-
O objetivo desta tarefa é o de identificar, registar
nicípio, assim como permitir um correto aproveita-
e caracterizar um alargado conjunto de opções de
mento de oportunidades que se proporcionem.
adaptação que permitam responder às principais
necessidades, objetivos, vulnerabilidades e riscos
O ‘passo 3’ do ADAM irá apoiar os decisores e técni-
climáticos (atuais e futuros), com base no trabalho
cos autárquicos a:
efetuado para o município nos ‘passos 0, 1 e 2’ da
• Identificar um conjunto alargado de potenciais op-
metodologia ADAM.
ções de adaptação:
16 Os exemplos apresentados neste manual poderão
• Caraterizar e descrever as opções selecionadas;
servir de ilustração para, em conjunto com a equipa
• Lançar as bases para o desenvolvimento de um do projeto, elaborar-se uma primeira abordagem sis-
programa de monitorização e avaliação dos resul- temática às opções de adaptação para o município.
tados da EMAAC, após a sua implementação.
Estima-se que o tempo mínimo necessário para
Neste passo será importante: completar este passo seja de aproximadamente
• Revisitar as reflexões e observações registadas no quatro semanas. Sugere-se que este passo seja
iniciado assim que o ‘passo 2’ esteja completo.
‘passo 0’. Desta forma será possível enquadrar me-
lhor as motivações e os objetivos iniciais do municí- As datas-chave a reter para a entrega dos resul-
pio em relação à adaptação, as potenciais barreiras à tados do ‘passo 3’ (ver tabela 3.1) são:
sua implementação, os atores-chave que é necessá- Lisboa e Vale do Tejo e Ilhas: 05 de junho
rio envolver para as ultrapassar e os setores de maior de 2015
relevância que não deverão ser esquecidos durante Sul: 12 de junho de 2015
Norte: 19 de junho de 2015
esta fase de desenvolvimento da EMAAC;
Centro: 26 de junho de 2015
• Utilizar os resultados do ‘passo 1’ na identificação de
É fundamental uma leitura atenta deste ma-
opções de adaptação apropriadas, tendo em conta
nual antes de iniciar o preenchimento da ta-
o conhecimento já adquirido sobre como o município bela 3.1, uma vez que tal facilitará a com-
é afetado pelo clima atual, as suas principais vulne- preensão do processo e ajudará na análise
rabilidades e capacidade de resposta; e, a realizar posteriormente.
MANUAL PARA IDENTIFICAÇÃO DE OPÇÕES DE ADAPTAÇÃO
O anexo I apresenta um conjunto alargado de fontes diferentes processos relacionados com a adaptação.
de informação e exemplos, que podem ser uteis na Dever-se-á utilizar os dados resultantes dos ‘passos 0
identificação e caracterização de opções de adapta- a 2’ do ADAM, bem como as grelhas de identificação
ção (passo 3 do ADAM). dos atores.
A tabela 3.1 é composta por nove colunas que deve- • Coluna 8: corresponde à identificação dos principais
rão ser todas preenchidas: ‘tipos de eventos climáticos’ e ‘impactos/consequên-
cias’ (atuais e futuros) de maior importância no âm-
• Colunas 1-2: destinam-se a identificar (n.º e de-
bito da EMAAC, para os quais a opção é relevante
signação) as potenciais opções de adaptação que
como ‘resposta’ de adaptação. Dever-se-à utilizar os
permitam responder aos impactos identificados ou
dados resultantes dos ‘passos 1 e 2’ do ADAM e das
aproveitar oportunidades por eles geradas. Há que
tabelas 2.2 e 2.3.
identificar um conjunto o mais alargado possível
de opções e considerar opções que possam ser im- • Coluna 9: destina-se ao registo de qualquer nota ou
plementadas tanto individualmente pelo município, observação pertinente para a caracterização da opção
como em parceria com outros agentes ou escalas de (tal como incertezas, complexidades técnicas e finan-
governação. ceiras, exemplos utilizados e endereços eletrónicos
relevantes). Aqui, há que tentar identificar e registar
• Colunas 3-4: visam caracterizar cada opção de acor-
as lacunas na informação disponível e/ou o trabalho
do com a sua tipologia de ação (isto é, infraestrutu-
adicional necessário para melhor caracterizar a opção
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ras cinzentas, verdes ou não-estruturais) e com o seu
(e futuras medidas dentro dessa opção). Por exemplo,
âmbito (ou seja, melhorar a capacidade adaptativa ou
uma opção já utilizada noutro país poderá parecer
diminuir vulnerabilidades/aproveitar oportunidades).
interessante, mas a sua aplicabilidade em Portugal
Estas categorias não são mutuamente exclusivas (cada
poderá estar dependente de legislação nacional
opção deverá ser descrita em ambos os campos).
específica.
• Colunas 5-6: servem para descrição dos principais
De forma a apoiar o preenchimento da tabela 3.1,
‘objetivos’ a que a opção responde e das ‘potenciais
o anexo I deste manual disponibiliza várias fontes
barreiras’ que se esperam, por exemplo, aquando
de informação que podem servir como exemplo para
da sua implementação através de medidas concre-
refletir sobre potenciais opções de adaptação.
tas. Neste ponto, dever-se-ão utilizar os dados re-
sultantes dos ‘passos 0 a 2’ do ADAM e respetivos Neste contexto, haverá que analisar e considerar se
relatórios. experiências de outros países ou organizações po-
derão vir a ser aplicadas para os eventos e impactos
• Coluna 7: tem como finalidade a identificação dos
identificados no município. A consulta desta infor-
principais ‘sectores’ e ‘atores-chave’ que deverão ser
mação permitirá refletir sobre experiências similares
considerados no desenho e implementação da op-
em outros países, municípios, organizações ou co-
ção (e potenciais medidas) de adaptação. Os atores-
munidades que enfrentam riscos climáticos similares
ClimAdaPT.Local
Apesar de sequenciais, estes passos deverão ser cursos disponibilizados para a realização das diferen-
realizados de forma interativa e integrada, pelo tes tarefas.
Tabela 3. Lista de verificação com sistematização de tarefas, recursos e tempo para o ‘passo 3’ da metodologia ADAM
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ClimAdaPT.Local
6. GLOSSÁRIO
Adaptação - processo de ajustamento ao clima atual ser uma opção, enquanto se investigam outras me-
ou projetado e aos seus efeitos. Em sistemas huma- didas mais robustas e de longo prazo (UKCIP, 2013).
nos, a adaptação procura moderar ou evitar danos
e/ou explorar oportunidades benéficas. Em alguns Capacidade de adaptação (ou adaptativa) - a capa-
sistemas naturais, a intervenção humana poderá fa- cidade que sistemas, instituições, seres humanos e
cilitar ajustamentos ao clima projetado e aos seus outros organismos têm para se ajustar a potenciais
efeitos. (IPCC, 2014a). danos, tirando partido de oportunidades ou respon-
dendo às consequências (IPCC, 2014a).
Alterações climáticas - qualquer mudança no clima
ao longo do tempo, devida à variabilidade natural ou Cenário climático - simulação numérica do clima no
como resultado de atividades humanas. Este concei- futuro, baseada em modelos de circulação geral da
to difere do que é utilizado na ‘Convenção Quadro atmosfera e na representação do sistema climático
das Nações Unidas para as Alterações Climáticas’ e dos seus subsistemas. Estes modelos são usados
(UNFCCC), no âmbito da qual se define as “alterações na investigação das consequências potenciais das
climáticas” como sendo "uma mudança no clima que alterações climáticas de origem antropogénica e
seja atribuída direta ou indiretamente a atividades como informação de entrada em modelos de impac-
humanas que alterem a composição global da at- to (IPCC, 2012).
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mosfera e que seja adicional à variabilidade climática
natural observada durante períodos de tempo com- Comunidade - conjunto de pessoas, cuja coesão
paráveis" (AVELAR and LOURENÇO, 2010). passa pela partilha de uma cultura e/ou memória
comum. Podem ou não estar ligadas a um território
Anomalia climática - diferença no valor de uma va- geográfico específico. Une-as relações de proximi-
riável climática num dado período relativamente ao dade, valores sociais, sentimentos de pertença, inte-
período de referência. Por exemplo, considerando a resses e atividades quotidianas (por exemplo, comu-
temperatura média observada entre 1961/1990 (pe- nidade de pescadores, comunidade de moradores).
ríodo de referência), uma anomalia de +2ºC para um
período futuro significa que a temperatura média será Dias de chuva - segundo a Organização Meteoroló-
mais elevada em 2ºC que no período de referência. gica Mundial são dias com precipitação igual ou su-
perior a 1mm num período de 24 horas.
Atitude perante o risco - consiste no nível de risco
que uma entidade está preparada para aceitar. Este Dias muito quentes - segundo a Organização Meteo-
nível terá reflexo na estratégia de adaptação da mes- rológica Mundial, são dias com temperatura máxima
ma entidade, ajudando a avaliar as diferentes opções superior ou igual a 35ºC.
disponíveis. Se o município tiver um elevado grau de
aversão ao risco, a identificação e implementação de Dias de geada - segundo a Organização Meteoroló-
soluções rápidas que irão diminuir a vulnerabilidade gica Mundial, são dias com temperatura mínima in-
de curto prazo associada aos riscos climáticos poderá ferior ou igual a 0ºC.
MANUAL PARA IDENTIFICAÇÃO DE OPÇÕES DE ADAPTAÇÃO
Dias de verão - segundo a Organização Meteoroló- Impacto potencial - resulta da combinação da expo-
gica Mundial, são dias com temperatura máxima su- sição com a sensibilidade. Por exemplo, uma situação
perior ou igual a 25ºC. de precipitação intensa (exposição) combinada com
vertentes declivosas, terras sem vegetação e pouco
Exposição - de todos os componentes que contri- compactas (sensibilidade), irá resultar em erosão dos
buem para a vulnerabilidade, a exposição é o único solos (impacto potencial) (FRITZSCHE [et al.], 2014).
diretamente ligado aos parâmetros climáticos, ou
seja, à magnitude do evento, às suas características Limiar crítico - limite físico, temporal ou regulatório, a
e à variabilidade existente nas diferentes ocorrên- partir do qual um sistema sofre mudanças rápidas ou
cias. Tipicamente os fatores de exposição incluem repentinas e que, uma vez ultrapassado esse limiar,
temperatura, precipitação, evapotranspiração e ba- causa consequências inaceitáveis ou gera novas opor-
lanço hidrológico, bem como os eventos extremos tunidades para o território do município; ponto ou ní-
associados, nomeadamente chuva intensa/torren- vel a partir do qual emergem novas propriedades em
cial e secas meteorológicas (FRITZSCHE [et al.], 2014). sistemas ecológicos, económicos ou de outro tipo, que
tornam inválidas as previsões baseadas em relações
Extremos climáticos - a ocorrência de valores su- matemáticas aplicáveis a esses sistemas (IPCC, 2007).
periores (ou inferiores) a um limiar próximo do valor
máximo (ou mínimo) observado (IPCC, 2012). Má-adaptação (‘maladaptation’) - ações de adaptação
que podem levar a um aumento do risco e/ou da vul-
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Frequência - consiste no número de ocorrências de nerabilidade às alterações climáticas, ou seja, à dimi-
um determinado evento por unidade de tempo (ver nuição do bem-estar, agora ou no futuro (IPCC, 2014a).
probabilidade de ocorrência).
Medidas de adaptação - ações concretas de ajusta-
Forçamento radiativo - balanço (positivo ou negati- mento ao clima atual ou futuro que resultam do con-
vo) do fluxo de energia radiativa (irradiância) na tro- junto de estratégias e opções de adaptação, consi-
popausa, devido a uma modificação numa variável deradas apropriadas para responder às necessidades
interna ou externa ao sistema climático, tal como a específicas do sistema. Estas ações são de âmbito
variação da concentração de dióxido de carbono na alargado podendo ser categorizadas como estruturais,
troposfera ou da radiância solar. Mede-se com W/m2 institucionais ou sociais (adaptado de IPCC, 2014b).
(adaptado de IPCC, 2013).
Mitigação (das alterações climáticas) - intervenção
Grupo social - grupo constituído por um conjunto de humana através de estratégias, opções ou medidas
pessoas estatisticamente definido por um critério para reduzir a fonte ou aumentar os sumidouros
formal de pertença segundo fatores múltiplos como de gases com efeitos de estufa, responsáveis pe-
a idade, género, tipo de formação. Definem-se por las alterações climáticas (adaptado de IPCC, 2014a).
características socioculturais, sociodemográficas ou Exemplos de medidas de mitigação consistem na uti-
ClimAdaPT.Local
socioeconómicas (por exemplo, idosos, jovens, do- lização de fontes de energias renováveis, processos
mésticas, minorias étnicas não localizadas, grupos de diminuição de resíduos, utilização de transportes
profissionais). coletivos, entre outras.
Modelo climático - representação numérica (com di- ano de uma década, sendo exemplo para Portugal a
ferentes níveis de complexidade) do sistema climá- normal climatológica de 1961/1990.
tico da terra baseado nas propriedades, interações
e respostas das suas componentes físicas, químicas Onda de calor - considera-se que ocorre uma onda
e biológicas, tendo em conta todas ou algumas das de calor quando, num intervalo de pelo menos seis
suas propriedades conhecidas. O sistema climático dias consecutivos, a temperatura máxima diária é
pode ser representado por modelos com diferentes superior em 5ºC ao valor médio diário no período de
níveis de complexidade para qualquer um desses referência (média dos últimos 30 anos).
componentes ou a sua combinação, podendo dife-
rir em vários aspetos como o número de dimensões Opções de adaptação - alternativas/decisões para
espaciais, a extensão de processos físicos, químicos operacionalizar uma estratégia de adaptação. São a
ou biológicos que são explicitamente representados base para definir as medidas a implementar e res-
ou o nível de parametrizações empíricas envolvidas. ponder às necessidades de adaptação identificadas.
Os modelos disponíveis atualmente com maior fia- Consistem na escolha entre duas ou mais possibili-
bilidade para representarem o sistema climático são dades, sendo a proteção de uma área vulnerável ou
os modelos gerais/globais de circulação atmosfera- a retirada da população um exemplo (adaptado de
-oceano (Atmosphere-Ocean Global Climate Models SMIT and WANDEL, 2006).
- AOGCM). Estes, são aplicados como ferramentas
para estudar e simular o clima e disponibilizam re- Probabilidade de ocorrência - normalmente é defini-
22
presentações do sistema climático e respetivas pro- da por períodos de retorno e expressa em intervalos
jeções mensais, sazonais e interanuais (IPCC, 2012). de tempo. A probabilidade de ocorrência, ou o perío-
do de retorno, refere-se ao número médio de anos
Modelo Climático Regional (RCM) - modelos com entre a ocorrência de dois eventos sucessivos com
uma resolução maior que os modelos climáticos glo- uma magnitude idêntica (ANDRADE [et al.], 2006).
bais (GCM), embora baseados nestes. Os modelos
climáticos globais contêm informações climáticas Projeção climática - projeção da resposta do siste-
numa grelha com resoluções entre os 300 km e os ma climático a cenários de emissões ou concentra-
100 km, enquanto os modelos regionais usam uma ções de gases com efeito de estufa e aerossóis ou
maior resolução espacial, variando a dimensão da cenários de forçamento radiativo, frequentemente
grelha entre os 11 km e os 50 km (UKCIP, 2013). obtida através da simulação em modelos climáticos.
As projeções climáticas dependem dos cenários de
Noites tropicais - segundo a Organização Meteoro- emissões/concentrações/forçamento radiativo utili-
lógica Mundial, são noites com temperatura mínima zados, que são baseados em assunções relacionadas
superior ou igual a 20ºC. com comportamentos socioeconómicos e tecnoló-
gicos no futuro. Estas assunções poderão, ou não,
Normal climatológica - designa o valor médio de vir a acontecer estando sujeitas a um grau substan-
uma variável climática, tendo em atenção os valores cial de incerteza (IPCC, 2012). Não é possível fazer
observados num determinado local durante um pe- previsões do clima futuro, pois não se consegue atri-
ríodo de 30 anos. Este período tem início no primeiro buir probabilidades aos cenários climáticos obtidos
MANUAL PARA IDENTIFICAÇÃO DE OPÇÕES DE ADAPTAÇÃO
por meio de diferentes cenários de emissões de ga- como sensíveis se contribuírem diretamente para os
ses com efeito de estufa. impactos climáticos (FRITZSCHE [et al.], 2014).
Resiliência - a capacidade de sistemas sociais, econó- ‘Tempo de vida’ - o ‘tempo de vida’ (ou horizonte
micos ou ambientais em para lidar com perturbações, temporal) da decisão em adaptação pode ser defini-
eventos ou tendências nocivas, respondendo ou reor- do como a soma do tempo de implementação (‘lead
ganizando-se de forma a preservar as suas funções time’), ou seja, o tempo que decorre desde que uma
essenciais, a sua estrutura e a sua identidade, en- opção ou medida é equacionada até que é executada,
quanto também mantêm a sua capacidade de adap- com o tempo da consequência (‘consequence time’),
tação, aprendizagem e transformação (IPCC, 2014a). isto é, o tempo ao longo do qual as consequências
da decisão se fazem sentir (SMITH [et al.], 2011). No
Risco climático - definido como a probabilidade de contexto das alterações climáticas, os conceitos rela-
ocorrência de consequências ou perdas danosas tivos ao tempo remetem muitas vezes para os hori-
(morte, ferimentos, bens, meios de produção, in- zontes temporais relativos à ocorrência de impactos.
terrupções nas atividades económicas ou impactos De forma mais ou menos informal, estes prazos são
ambientais), que resultam da interação entre o clima, normalmente referidos como sendo ‘curtos’ (a 25
os perigos induzidos pelo homem e as condições de anos), ‘médios’ (a 50 anos) ou ‘longos’ (a 100 anos)
vulnerabilidade dos sistemas (adaptado de ISO 31010, e poderão, ou não, ser diferentes do ‘tempo de vida’
2009, UNISDR, 2011). das decisões tomadas.
23
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MANUAL PARA IDENTIFICAÇÃO DE OPÇÕES DE ADAPTAÇÃO
FICHA TÉCNICA
Como citar este manual:
Capela Lourenço, T., Dias, L. et al. (2016). ClimAdaPT.Local – Manual Identificação de Opções de Adaptação,
Lisboa, ISBN: 978-989-99697-0-4.
Projeto ClimAdaPT.Local
Autores: Tiago Capela Lourenço, Luís Dias, Vanja Karadzic, Tomás Calheiros, Susana Marreiros, Sílvia
Carvalho. CE3C/CCIAM - Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL)
Contributos e revisão: João Dinis (C.M. Cascais); Catarina Freitas, Patrícia Silva, Nuno Lopes (C.M. Almada);
Adriana Alves, Alexandra Baixinho, João Guerra, João Mourato, Luísa Schmidt, João Ferrão (ICS-UL);
João Tiago Carapau, Marta Lourenço (WE CONSULTANTS); Filipe Duarte Santos, João Silva, Gil Penha-Lopes
(CE3C/CCIAM – FCUL)
Coordenador do projeto: Filipe Duarte Santos (CE3C/CCIAM - FCUL)
Coordenador executivo: Gil Penha-Lopes (CE3C/CCIAM - FCUL)
ISBN: 978-989-99697-0-4
Lisboa, junho de 2016
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ClimAdaPT.Local
Através dos fundos EEA Grants e Norway Grants, a Islândia, Liechtenstein e Noruega contribuem para reduzir
as disparidades sociais e económicas e reforçar as relações bilaterais com os países beneficiários na Europa.
Os três países doadores cooperam estreitamente com a União Europeia através do Acordo sobre o Espaço
Económico Europeu (EEE).
Para o período 2009-14, as subvenções do EEA Grants e do Norway Grants totalizam o valor de 1,79 mil milhões
de euros. A Noruega contribui com cerca de 97% do financiamento total. Estas subvenções estão disponíveis
para organizações não governamentais, centros de investigação e universidades, e setores público e privado
nos 12 Estados-membros integrados mais recentemente na União Europeia, Grécia, Portugal e Espanha. Há uma
ampla cooperação com entidades dos países doadores, e as atividades podem ser implementadas até 2016.
As principais áreas de apoio são a proteção do ambiente e alterações climáticas, investigação e bolsas de estudo,
sociedade civil, a saúde e as crianças, a igualdade de género, a justiça e o património cultural.
O projeto ClimAdaPT.Local está integrado no Programa AdaPT, gerido pela Agência Portuguesa do Ambiente,
IP (APA), enquanto gestora do Fundo Português de Carbono (FPC), no valor total de 1,5 milhões de euros, cofi-
nanciado a 85% pelo EEA Grants e a 15% pelo FPC. O projeto beneficia de um apoio de 1,270 milhões de euros da
Islândia, Liechtenstein e Noruega através do programa EEAGrants, e de 224 mil euros através do FPC. O objetivo
do projeto ClimAdaPT.Local é desenvolver estratégias municipais de adaptação às alterações climáticas.
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