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temA AGrÁrio
nAs estrAtéGiAs
de desenvolvimento
Carlos Henrique Goulart Árabe
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A INSERÇÃO DO
TEMA AGRÁRIO
NAS ESTRATÉGIAS
DE DESENVOLVIMENTO
Carlos Henrique Goulart Árabe
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ADRIANA L. LOPES
Coordenadora-Executiva do Núcleo de
Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural
ISBN 978-85-60548-40-8
CDD 333.81
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 4
A INSERÇÃO DO TEMA
AGRÁRIO NAS ESTRATÉGIAS
DE DESENVOLVIMENTO 8
Desenvolvimentismo e questão agrária:
uma revisão crítica necessária 9
Reflexões recentes sobre a reforma agrária 30
BIBLIOGRAFIA 40
3
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APRESENTAÇÃO
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Boa leitura!
GUILHERME CASSEL
Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário
7
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A INSERÇÃO DO TEMA
AGRÁRIO NAS ESTRATÉGIAS
DE DESENVOLVIMENTO
8
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1 BENGOA, J. 25
años de estúdios
não foi capaz de integrar o desenvolvimento no campo
rurales.
Sociologias/UFRGS na estratégia de desenvolvimento nacional.1
/Programa de Pós-
Graduação em
Sociologia - nº 10
(jul./dez. 2003); Essa linha de estudos a que nos referimos tem como
KAY, C.
Enfoques sobre el
desarrollo rural em
espaço privilegiado de análise as experiências
América Latina y
Europa desde relacionadas à América Latina. Outra situação é a de
mediados de siglo
veinte. In estudos agrários relativos às experiências asiáticas de
http://www.javeria-
na.edu.co/fear/m_de desenvolvimento, em geral pouco lembrados porque
s_rur /documents /
kay2005ponencia.pdf
o foco de atenção sobre essas experiências tem sido o
2 HAYAMI, Y. and seu desenvolvimento industrial. Essa linha de
RUTTAN, V. W.
Agricultural trabalho situa o desenvolvimento agrário como um
Development: an
International dos eixos do desenvolvimento nacional, numa
Perspective.
Baltimore: Johns abordagem bastante diferente daquelas que se
Hopkins University
Press, 1985.
constituíram em torno do desenvolvimentismo
latino-americano marcado pela ênfase na
industrialização e pela subordinação das demais
variáveis a esse objetivo.2
3 Antes de dirigir a
primeiro é aquele que corresponde a seu Cepal, Raúl
Prebisch foi diretor-
florescimento nos anos 1950 e início dos anos 1960; o geral do Banco
Central da República
segundo momento é o que condensa o seu balanço Argentina. Ele foi o
segundo nome a
ocupar o posto de
crítico, em meados dos anos 1960, elaborado secretário-executivo
da Cepal,
principalmente por autores da própria Cepal. Ambos desempenhando
esse papel entre
os momentos são marcados, de forma admirável, por 1948 e 1963. Assu-
miu em seguida o
documentos e elaborações de Raúl Prebisch, cargo de diretor-
geral da Conferência
das Nações Unidas
naturalmente, acompanhados de outras formulações sobre Comércio e
Desenvolvimento
importantes. (Unctad). Para um
retrospecto de sua
atuação à frente da
Cepal, ver Entrevista
Essa abordagem permite compreender o lugar que inédita a Prebisch:
logros y deficiencias
de la Cepal. David
ocupou e o modo de conceber a questão agrária nas Pollock, Daniel Kerner
e Joseph L. Love.
estratégias de desenvolvimento nacional na América Revista de la Cepal
nº 75, dezembro de
Latina nesses dois momentos históricos e analíticos. 2001.
5 RODRIGUEZ, O.
Prebisch: final da década de 40. Chamado por Hirschman de
Actualidad de sus
ideas básicas. “manifesto latinoamericano”, esse documento inaugura
Revista de la Cepal
nº 75, dez. 2001. de modo magistral o desenvolvimentismo. Vale
dizer, um modelo de análise, um programa e mesmo
uma época cujo horizonte, para a periferia capitalista,
era a superação da condição subdesenvolvida.
12
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6 Ver a este
Subjacente a esta especificidade está a idéia respeito a
importância que
fundamental da superação do atraso por meio de Celso Furtado dá
ao mercado interno
políticas de desenvolvimento induzidas a partir de para a unificação
das regiões do país
e para a
fora do mecanismo econômico, isso é, por meio do construção de uma
identidade e
planejamento estatal. autonomia
nacionais. In
FURTADO, C.
Brasil: a construção
A utilização do planejamento e o preponderante interrompida, Rio
de Janeiro, 2ª ed.,
Paz e Terra, 1992.
papel econômico atribuído ao Estado objetivavam
exatamente a constituição do mercado e de relações
típicas deste sistema econômico em economias que
conservavam estruturas atrasadas e cujo
desenvolvimento “espontâneo” não as conduzia
neste rumo.
7 RODRIGUEZ, O.
Teoria do questão com os pontos de vista e interesses de
Subdesenvolvimento
da Cepal. Rio de determinados grupos e classes sociais, revelando
Janeiro: Ed.
Forense- seu caráter ideológico.
Universitária, 1981;
p. 264.
Sobressai em primeiro lugar o papel atribuído à
8 Idem, p. 265. burguesia industrial nacional. A ela cabe liderar o
* Missão do Banco
Internacional (Bird) afiançamento de relações de tipo capitalista (...)
à Colombia, cf.
Bielschowsky, R. Assim pois, o projeto sociopolítico implícito no
op. cit., p. 194.
pensamento da Cepal não só aparece como
compatível, mas também como convergente com os
interesses do grupo mencionado.
É de se observar, no entanto, que mesmo quando
defende e privilegia tais interesses, esse projeto – e
com ele o pensamento que o contém – possui
também um cunho policlassista.”7
9 PREBISCH, R.
Problemas teóricos mais econômico para elevar o nível de
e práticos do
crescimento produtividade. Nesse sentido, convém chamar a
econômico. In
BIELSCHOWSKY, atenção para a recomendação da Missão Currie
R. (Org.) Cinqüenta
anos de
pensamento na
para promover o melhor aproveitamento da terra na
Cepal. Rio de
Janeiro: Record, Colômbia. Ela propõe gravar a terra em relação a
2000, p. 212.
seu potencial produtivo, de tal sorte que o
10 FRANCO, R.;
BESA, J. proprietário que a cultivar mal fique em condições
Principales aportes
de la Cepal al
desarrollo social,
de inferioridade em relação aos que a cultivarem
1948-1998
Levantamiento bem. É claro que entre outros fatores, tal sistema
bibliográfico: perío-
do 1948-1982. San- requer uma classificação adequada dos solos, o que
tiago de Chile:
Cepal/División de não é tarefa simples. Mas essa proposta tem o
Desarrollo Social,
octubre 2003. In
http://www.eclac.cl/
interesse de apontar possibilidades de ação que,
publicaciones/ (en
29 de maio de aliadas a medidas oportunas para fracionar as
2006).
grandes extensões de terra ou impedir sua
pulverização (sobretudo quando a forma de posse
cria obstáculo à melhoria da produtividade),
merecem ser seriamente examinadas num
programa de desenvolvimento econômico”.9
11 Assim dizia
processos históricos de resistência econômica Prebisch em seu
último livro: “La
impostos pela condição periférica. A industrialização industrialización ya
habia tomado
é isso: um processo que já vinha ocorrendo desde os aliento a raíz de la
gran depressión.
Pero despertaba
idos da Grande Depressão e se “impunha” como fuertes resistências
dentro y fuera de la
saída natural e historicamente necessária, apesar das América Latina.
Correspondió a la
resistências conservadoras.11 Trata-se, ao mesmo Cepal demonstrar la
racionalidad de esta
tempo, de formular um programa nacional – de exigencia ineludible
del desarrollo.”
PREBISCH, R.
compromisso entre classes sociais – e, portanto, Capitalismo
Periférico: crisis y
acima dos conflitos internos e que deveria se por a transformación.
México, D.F.: Fondo
esse serviço. de Cultura
Económica, 1981; p.
26.
19
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13 VEIGA, J. E.
Apresentação do
A primeira lacuna que provocou foi a incompreensão
livro de Caio Prado
Jr. A Questão das transformações no campo para o desenvolvimento
Agrária Brasileira,
São Paulo: Editora nacional. Essa constatação aparece no discurso de
Brasiliense, 2000
5a. edição, pp. III- despedida de Prebisch do cargo de secretário-
XXIII.
14 ABRAMOVAY,
executivo da Cepal em 1963 (que adiante será citado).
R. Paradigmas do
capitalismo agrário
Ela levaria à crítica do regime de propriedade dual
em questão.
não mais pelo ângulo do bloqueio à elevação da
produtividade dos “fatores de produção” no campo,
mas pelo seu caráter excludente, concentrador de
renda e de poder, e avesso à formação do espaço
nacional com equilíbrio social e entre os espaços
urbanos e rurais, ou seja, como um projeto de
civilização nacional superior ao propiciado pelo
modelo industrialização-com-modernização-do-
latifúndio.
20
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15 PREBISCH, R.
Outra possível conseqüência da interpretação cepalina op. cit., p. 484.
teria sido a subestimação dos programas pós-reforma
agrária (ou anexos a ela: relativos à inovação e à
inserção do desenvolvimento rural no conjunto do
desenvolvimento nacional), gerando uma expectativa
de certo automatismo entre a mudança do regime de
propriedade e o progresso técnico.
16 Ibidem, p. 487.
Nessa construção, insiste, naturalmente, no aspecto
técnico para avançar a produtividade, mas sua
atenção vai na direção de um planejamento estatal
para a ocupação racional e produtiva da terra.
Formula por fim uma proposta de como definir o
preço da terra para desapropriação e de como criar
as condições para planejar o desenvolvimento
agrário. Defende:
17 SCHULTZ, T.
industrialização passa a ser uma questão Transforming
traditional
relativamente autônoma e potencialmente, ela agriculture. New
Haven (CN): Yale
mesma, um espaço próprio de desenvolvimento do University Press,
1964; HAYAMI, Y.
espaço nacional. and RUTTAN, V. W.
op cit.
18 LENIN, V. I. El
desarrollo del
para que aparezca el capitalismo agrícola”. E, citando
capitalismo en
Rusia. Barcelona: Marx,
Ed. Ariel, 1974; p.
300.
19 ROSDOLSKY,
“La forma en que el modo de producción capitalis-
R. Gênesis y
estructura de El
Capital de Marx
ta naciente encuentra a la propriedad de la tierra no
(estudios sobre los
Grundrisse). corresponde a ese modo. El mismo crea la forma que
México (DF): Siglo
XXI Ed, 1978. Ver le corresponde sometiendo la agricultura al capital;
especialmente a
seção La polémica de esse modo, la propriedad feudal de la tierra, la
en torno a los
esquenmas de la
reproducción de
proriedad del clan e la pequeña propriedad campe-
Marx, pp. 491 e
seg. sina con la comunidad de la tierra se convierten en
20 ABRAMOVAY, la forma económica que corresponde a ese modo de
R. op. cit.
producción, por muy diversas que sean sus formas
jurídicas.”18
21 Sobre Chaya-
para Lênin pelo desenvolvimento capitalista, para nov, ver
ABRAMOVAY, R.
Chayanov pela dinâmica do desenvolvimento da op. cit..
25 RUTTAN, V. W.
Productivity,
reorganizar a economia, aí incluída a agricultura, em
Growth in World
Agriculture: função do esforço industrializante.
Sources and
Constraints.
University of
Minnesota, “In the early post-World War II literature, agriculture,
Department of
Applied along with other natural resource-based industries,
Economics,
College of
Agricultural, Food,
was viewed as a sector from which resources could be
and Environmental
Sciences. Journal of extracted to fund development in the industrial sector.
Economic
Perspectives 16 (Fall Growth in agricultural production was viewed as an
2002): 161-184.
(Disponível em essential condition, or even a precondition, for growth
13/7/2006,
http://agecon.lib.umn
.edu/cgi-bin/
in the rest of the economy. But the process by which
pdf_view.pl?paperid
=3845&ftype=.pdf) agricultural growth was generated remained outside
26 HAYAMI, Y.
the concern of most development economists.”
Family Farms and
Plantations in
By the early 1960s a new perspective, more fully
Tropical
Development. informed by both agricultural science and econo-
Foundation for
advanced Studies mics, was beginning to emerge. I had become
on International
Development. increasingly clear that much of agricultural
Tokyo, Japan.
2003. Acessado na
internet, em
technology was ‘location specific’.(…)
13/7/2006, em
http://www.fasid.or.jp/ In an iconoclastic book, Transforming Traditional
english/surveys/
research/program/ Agriculture, Theodore W. Schultz (1964) insisted
research/pdf/
discussion/
2003-001.pdf
that peasants in traditional agrarian societies are
rational allocators of available resources and that
they remained poor because most poor countries
provided them with only limited technical and eco-
nomic opportunities to wich they could respond
that is, they were ‘poor but efficient’”.25
27 Realizado em
Brasília (DF) nos Reflexões recentes sobre a reforma agrária
dias 27 e 28 de
junho de 2007,
seus resultados
foram divulgados Continua a existir uma questão agrária no Brasil?
pelo Nead na sua
página na internet
www.nead.org.br
Retomando a colocação inicial de que a questão
agrária é um termo cunhado em debates clássicos
sobre a relação entre regime de propriedade
territorial e desenvolvimento capitalista, devemos,
aqui, complementá-la: ela só se coloca como questão
social efetiva quando se transforma em questão
política, ou seja, quando se transforma em programa
teórico e prático das forças sociais e da teoria social
interessadas na transformação do capitalismo.
30
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28 MORAES, R. C.
Buscaremos, nessa parte, discutir as idéias centrais C. Contribuição ao
Seminário
ali apresentadas, naturalmente cabendo ao autor Desenvolvimento e
Questão Agrária.
deste estudo a responsabilidade pela interpretação Brasília: 2007,
mimeo.
dessas formulações.
31
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29 GRAZIANO DA
SILVA, J. A
Uma observação muito importante contida na
reforma agrária no
Brasil do século contribuição do professor Reginaldo refere-se à
XXI. Mimeo: 2007.
retomada de debates sobre o desenvolvimento e ao
ambiente de crítica que veio se formando em
resposta às diversas crises dos programas market-
oriented impulsionados pelas forças políticas
apoiadas pela grande potência cuja capital deu nome
ao Consenso. Um novo momento histórico, marcado
agora, pelo dissenso, abre espaços para a retomada
dos debates sobre desenvolvimento nacional e, num
ritmo mais lento e sem automatismo, da própria
questão agrária e do desenvolvimento da agricultura
(neste caso, com muitas relações com o tema
ambiental). Essa situação não é de simples reposição
ou de atualização dos debates clássicos. Ainda que
contenha elementos clássicos, exigem-se respostas a
problemas novos em uma situação nova.
32
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30 Abramovay (em
La liaison
latifúndio ou à grande propriedade. É bem verdade
incomplète:
reforme agraire et que esse tema é uma das grandes lacunas do
démocratie)
também chama a pensamento desenvolvimentista latino-americano,
atenção para a
importância da mas não está ausente do debate mais amplo sobre a
correlação de
forças entre Estado
e grandes
questão agrária.
proprietários para a
efetividade (ou
não) de políticas
econômicas de Na sua contribuição, o professor Graziano alerta para
desenvolvimento
da agricultura os limites de uma reforma agrária, mesmo que
familiar. Para que
possam funcionar,
precisam vencer a
seletiva social e territorialmente, baseada apenas em
resistência
conservadora dos instrumentos econômicos, em especial na aquisição
grandes
proprietários e para de terras. E acentua a necessidade de instrumentos
isso estes devem
ser confrontados políticos – como, por exemplo, a redefinição dos
com o risco de
perdas.
índices de produtividade visando ampliar a
desapropriação de terras sem elevar seu preço. Na
verdade, essa questão implica na necessidade de
estabelecer uma nova relação política entre o Estado
(ou a sociedade) e os grandes proprietários de terras,
naturalmente reforçando os direitos e o poder da
sociedade e reduzindo o poder dos terratenientes.30
Evidentemente, esse argumento também retoma
mais um dos elementos das análises clássicas da
questão agrária.
31 Refiro-me às
5. Dentre elas estão as que procuram expressar os contribuições dos
professores
contornos de uma “questão da terra”, mais do que Guilherme Dias,
Paul Singer e
uma questão agrária. Elas remetem em duas direções: Alfredo Wagner.
Como não foram
em primeiro lugar, para a crítica da modernização apresentadas por
escrito, as
agrícola; em segundo lugar, para a retomada de referências estarão
relacionadas com
os aspectos
reflexões sobre comunidades que vivem da (e na) temáticos e idéias
selecionados
terra e outras formas de associação para a produção. segundo a
interpretação do
Em ambas, está presente o argumento ambiental.31 autor deste estudo,
a quem cabe
eventuais
omissões.
6. A crítica à modernização refere-se ao modelo 32 Para uma
análise crítica
institucional que acompanhou a constituição da dessas políticas,
ver o capítulo 3 da
empresa agrícola nos processos modernizantes dos pesquisa
Desenvolvimento e
anos 1970. Se as sucessivas políticas agrícolas Questão Agrária.
Nead/Unicamp,
2007.
iniciadas por Delfim Netto32 induziram o crescimento
33 DIAS, G.L.S. O
da produção agrícola e uma indústria de insumos e Estado e o Agro
em tempos de
máquinas voltadas à agricultura – e tornou esse liberalização.
Disponível na
crescimento funcional à industrialização –, elas não internet em
www.scielo.br/pdf/
resr/v44n3/
foram capazes de constituir um “sujeito social” capaz a01v44n3.pdf
34 WAGNER, A.A.
Conceito de terras
7. A crítica à modernização agrícola real deve ser
tradicionalmente
ocupadas. aprofundada, mas essa crítica esbarra tanto numa
Disponível na
internet em poderosa articulação de interesses políticos e
www.escola.agu.gov.br/
revista/ econômicos beneficiários dessa mesma
Ano_V_novembro_2005/
alfredo-indio.pdf
modernização como (e por isso mesmo) nos mitos
criados em torno ao progresso técnico e capitalista no
campo. Nesse sentido, ela deve ser “produzida”
pelas vozes interessadas na ampliação dos debates
sobre desenvolvimento nacional e questão agrária,
tanto para uma abordagem que vê como possível
uma atualização da questão agrária clássica ou como
para as que se abrem à construção de uma nova
questão agrária no Brasil. A crítica rigorosa da
modernização inverte o “ônus da prova”. Não se
trata de discutir criticamente apenas a reforma
agrária, o que está em questão é o “conjunto da obra”
agrária e agrícola.
35 Esse argumento
cultura começam a se expressar e a construir realidades foi desenvolvido
pelo ministro
políticas que devem ser consideradas. Significam um Guilherme Cassel
nos artigos
novo campo de alianças para a construção de uma nova A atualidade da
reforma agrária,
questão agrária no Brasil. publicado na Folha
de S. Paulo em
4/3/2007; e
Agricultura familiar:
escolhas e
9. Para uma nova construção da questão agrária é desafios, publicado
na Folha de S. Paulo
fundamental inserir a dimensão especificamente em 30/7/2007.
“(...)Ela
retoma com clareza a idéia da legitimidade da
ação política para definir os rumos do desenvolvimento
(e com isso um papel de planejamento e intervenção
democrática do Estado) e introduz no debate da
reforma agrária a necessidade de uma coalizão de
forças mais ampla do que aquela que congrega os
beneficiários diretos da reforma agrária e os
movimentos sociais que lhes dão identidade e força.
Estes têm o caráter de sujeito social insubstituível e
fundamental para o avanço de reformas democráticas
na terra e no País. Ao mesmo tempo, a necessidade de
construir coalizões políticas mais amplas responde ao
desafio democrático e à compreensão crítica das
relações de poder conservadoras oriundas de uma
estrutura agrária concentrada e da sua modernização
que entrelaçou os interesses do negócio agrícola aos de
outras frações do capital.
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BIBLIOGRAFIA
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