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NOTAS S OBRE

IDE IDADE NACIONAL E -

INTITUCIONALIZA AODA
GEOGRAFIA NO BRASIL *

Antonio CarLos Robert Moraes

do sentimento de pátria (Allies, 1980). Po­


I de-se mesmo dizer que esse seria () princi­
pal núcleo divulgador da idéia da identida­
de pe l o espaço.
geogra fia modema -c, dentro desta,
A plena superação da fragmentação
geografia humana em particular­
feudal e da legitimidade dinástica implica­
originou-se no contexto de afinnação dos
va a construção simbólica de novos laços
EStados nacionais europeus, conhecendo
grande importância e nípido desenvolvi­ de coesão social legitimadores da forma
2
mento exaL1mente naqueles países que vi­ estatal de domirk1ção politica . O discurso

venciaram dificuldades nesse processo. O geognífico modemo foi gerado naqueles


caso alemão, com sua tardia uluficaç:io países onde esse processo necessitou de
nacional, aparece como parddigmático, fa­ uma forte dose de indução, onde tal cons­
zendo desse país o centro teórico da rene­ (TI/CIO é posterior ou caminha junto com a
xão geognífic.1 ao 10llgo de todo o século própria consolidação do Estado nacional.
XIX (Moraes, 1989). Na verdade, as teo­ Nesses países, as representações espaciais
rias modernas dessa disciplina fornm, em fomecenun um clcmcJuo de referência IlC­
muito, veículos de legitimação das nacio­ gtldo pela história, colocando a discllssâo
nalidades e dos respectivos projetos nacio­ ge�nífica no centro do debate ideológi­
1
nais. O discurso geognífico foi, sem dú­ co. Isto no berço, pois a partir daí as
vida, um elemento central na consolidação teorias e conceitos da geogrdfia se difun-

• Este IUIO f� apresentado no Grupo ck Tr.balho Penumenlo SoCIal do Brasil no XV Encontro Anual d. Anpocs.
Caxambu,1991

Estudo, Hist6ricos, Rio de Ianeiro, vel. 4, n. 8. 1991, p. 166·176


IDENTIDADE NAOONAL E INS1IIUOONAUZAÇÁO DA GEOGRAflA 167

dem - o que em si mesmo é um elemento A objetivação desse raciocínio foi pos­


revelador d e sua eficácia ideológica. sível em função da perspectiva bolística
Vale salientar que 8 geografia, como presente na proposla da geografia moder­
8
bem alerta James Anderson (1978), cum­ na. A busca de um tratamento unitário e
priu um papel mais de divulgadora do q�e integrado de fenômenos naturais e sociais
de geradora de algumas das teorias conser­ possibilitava a existência de um campo de
vadoras que se hegemonizaram a partir do indefinição ontológica, onde 8 condição
século passado. Na verdade, pouca coisa é telúrica aplastaria as qualidades específi­
própria dessa disciplina ou da tradição acu­ cas dos fenômenos. Algumas das catego­
mulada sob esse antigo rótulo (Claval, rias centrais da renexão geográfica moder­
4
1974). O trabalho dos ge6grafos Dão foi na emergiram exatamente de tal campo,
de criação, mas de apropriação e sistemati­ com a indefinição e ambigüidade que o
zação de conceitos e teorias em grande caracterizam. Meio, paisagem, ambiente,
parte até então restritos ao uso interno do território, região, são todos conceitos to­
próprio Estado. Cabe recordar com Michel mados a outras áreas do conhecimento e
Foucault que o exercício do poder nos Es­ recontextualizados no discurso geográfico
tados territoriais implicou uma espacializa­ num sentido que se presta bastante a práti­
9
ção da política, onde emerge o conceito de cas reificadoras. Mesmo sem a acentua­
população - objeto primeiro da dominação ção finalista do detem1inismo, as várias
estatal- qualificada como os habitantes de correntes da geografia (hoje denominada)
uma dada porção de espaço (Foucault, tradicional (Moraes, 1981) apresentam um
$
1979) Pode-se dizer que os geógrafos enfoque, se não diretamente naturalizante,
"pedagogizam" a ótica da identidade pela pelo menos altamente coisificador com
localização espacial, vulgari7.1ndo a pers­ respeito aos processos sociais (Kosik,
pectiva utilizada pela renexão intra-eslalal. 1974). A qualificação das sociedades pela
Aeficácia dessa visão, que terá o apare­ sua espacialidade aparece como expressão
lho escolar como veículo básico de divul­ clara de tal enfoque, a naturalização das
gação, reside na exata correspondência en­ fronteiras e das nacionalidades serve bem
tre as escalas de dominação eslatal e de como exemplificação histórica.
auto- identificação dos sujeitos. A primei­ É óbvio que esse movimento de consti­
ra expressa o princípio fundanteda própria tuição do pensamento geográfico moderno
soberania, a área de efetividade e indivisi­ conheceu conjuntuias e contextos de for­
6
bilidade do poder eslalal. A segunda for­ mulação díspares, o que alimentou diferen­
nece aos indivíduos um referencial que os ciações internas e polêmicas (até porque
qualifica numa comunidade de interesses, essa geografia se institucionalizDu em "es­
objetivada no próprio Estado nacional. colas nacionais"). Uma coisa é o contexto
Deste modo, tem-se a fOm1ação da visão de Humboldt e Riner batalhando pela uni­
de mundo dos indivíduos construída numa ficação alemã, animados pelo recente êxilO
espacialização que reifica a fonna da do­ da Revolução Francesa ; outra o de Ratzel
minação eslalal. Nesse processo, o nacio­ atuando como um ide6logo do Estado bis­
nal, alravés do discurso geográfico, toma­ marek.iano; oulra, ainda, o de I3Rlache, ao
se natural. Assim, entre os acidentes geo­ defender a unidade cultural e natural da
gráficos da superfície da Terra, destacam- França de leste, lamentando a perda da

se as fronteiras, e estas qualificam povos, Alsácia e Lorena. Isto para ficar apenas nos
cujo caráter vai sendo moldado num iItin­ clássicos. Um traço, todavia, parece apro­
te � to intercâmbio com seus tOrTÕCS na­
f ximar as várias manifestações: a cenlralida­
taIS. de do dicurso geográfico nos momentos de
168 ESlUDOS HlSroRlros-l991A1

ordenamento ou reordenamento das esferas envolvidos com frentes povoadoras em


de dominação estata� necessaria mente m0- movimento.
mentos de dificuldade na a linnação das Ao expansionismo intrínseco do padJão
identidades. 1à1 fato anima a fazer um colonial, há que se somar, com os proces­
cruzamento entre a história social das idéias sos de independência, o emergir da questão
geográficas com a história dos países do da identidade nacional. Como já dito, uma
chamado capitalismo tardio, aqueles onde identidade problemática, pois referida a
as formas de legitimação social se mostram sociedades em que vigoram formas erua­
mais problemátirns. econômicas de coersão, sociedades cujos
critérios raciais conformam uma estrutura
de poder que já foi definida como uma
"pigmentocracia" (Bennassar, 1987). As­
sim, à espacialidade latente agrega-se a
11 fragilidade das representações da identida­
de coletiva, em especial naqueles países
lO
Nos países de formação colonial nota­ que não conheceram uma unidade pré-<:o­
12
damente os da periferia ult ramarina ou do lonial. Nesse quadro é forte a tendência
capitalismo hipertardio, a questão nacional a se pensar o nacional como um espaço
emerge com vigor num quadro de identida­ apenas, numa abordagem que reduz o país
H
de problemática. A ruptura com os laços ao território (Moraes, 1988).
trndicionais de dominação (os coloniais) A noção de conquista atravessa a forma­
implicava a construção de um novo Estado. ção de vários países latino-americanos (pe­
O fato de que, na maioria dos casos, tais na, 1989). Esta trazem seu bojo um projeto
processos te nham transcorrido como mo­ nacional de concluir a formação territorial,
dernizações conservadoras, não minimiu isto é, coloca na ocupação dos fundos terri­
a necessidade de construir novas formas de toriais não-povoados o elemento fundaote
legitimação da unidade "nacional". Porou­ da unidade da nação. Haveria, assim, um
tro lado, tais países também conbecem certa destino comum que unificaria os interesses
centralidade da dimensão espaciaJ na arma­ da pátria equese objetivaria através da ação
ção de sua sociabilidade. São países que se do Estado. Por isso, um tom marcadamente
originam de processos de expansão territo­ geopolítico aparece nos discursos envolvi­
rial e ocupação de espaços. dos com a construção dos aparelhos estatais
O desenvolvimento da formaç.áo colo­ nes'" parte do mundo. Mais ainda, tal
nial sempre implicou a apropriação de no­ equacionamento se abre para uma aborda­
vas terras. Tratava-se, assim, na ótica do gem da questão nacional, onde a população
coloniVldor, da construção de uma socie­ é posta como apenas um instrumento desse
dade e de um espaço, de uma sociedade movimento povoador, obviamente capita­
que tinha na ocupação do solo seu leil neado pelas elites alocadas no aparelho de
moliv. Não por acaso, nas colônias o poder Estado - visto como o real sujeito do pro­
originava-se da propriedade fundiária. oesso (Labuerta, 1982).
Enfim, a situação colonial trnzia em si uma Observa-se que, num raciocínio, a iden­
acentuação dos processos referidos ao es­ tidade pelo espaço vai fornecer importantes
paço, um quadro onde a espacialidade era elementos legitimadOres para a forma de
essencial na dinâmica da vida social. Os dominação vigente. Num mesmo diSOJ"!'l,
processo s de emancipação política não apresenta um projeto para as elites, um
rompem com essa determinação, antes re­ boriwnte referencial unificador de todo o
forçam-na, notadamente nos países ainda "povo" e também uma justificativa da uni-
IDFNI1DAOE NACONA.l E INS IIIuaONAtIZAÇÃO DA GEOG RAFIA 169

dade nacional (tomada projeto) que em si do, não existe Brasil sem a instalação por­
I1kSma legitima o Estado. tuguesa em terras sul-americanas, e mais,
o "povo" no seu devido lugar, qual seja, de sem uma efetiva consolidação dessa pre­
subalterno: tudo isso envolto numa lingua­ sença-processo que demora cerca de dois
gem altamente eientificista, que apenas séculos para se estabelecer.
"constata" pela uobservação empírica" os É interessante observar que foi apenas
"falos" presentes na superfieie tellestre. no bojo da finalização de tal processo que
Fica evidente a eficáeia de tal discurso face começa a emergir a consciência da existên­
aos contextos já mencionados vivenciados, cia de interesses autóctones e autocentrados
por exemplo, pelos países latino-america­ na Colônia. t6 E é somente a partir dessa
nos. consciência que é possível falar de Brasil
Nesse sentido, seria lícito aventar que como embrião de uma unidade política com
em tais países: a geografia, como comuni­ identidade própria, e não como mero apên­
dade acadêmica e disciplina escola r, deve­ dice do território ultramarino português.
ria conhecer um desenvolvimento rápido e fortalecimento dessa consciência - nas eli­
pleno; à centralidade real ou potencial do tes, é claro - se objetivou num maior grau
discurso geográfico corresponderia uma de cruaizamento à terra e num progressivo
forte institucionalidade; o "geognílico" movimento de conquista territorial que
galgasse um status reconhecido de ciência atravessa o processo de independência,
básica; OS geógrafos conhecessem certa sendo inclusive um de seus alimentos. A
profissionalização e gozassem de relativo integridade do espaço potencial de ocupa­
prestígio nos círculos de poder. Enfim, ção da Colônia aparece como o grande
seria sustentável a hipótese da centralidade atrativo da estratégia do compromisso em
da dimensão espacial nesses países vir tomo do príncipe português, a qual legiti­
acompanhada de uma valorização explíci­ maria - pela continuidade dinástica - a
ta da geogra lia, como a ocorrida nos países unidade do território brasileiro.
europeus. Vê·se que, no caso brasileiro, a centrali­
dade da dimensão espacial comum às for­
mações coloniais manifesta-se em toda ple­
nitude.
do solo aliado a um padrão intensivo de
111 apropriação dos recursos (numa ótica que
incluía entre esses as populações encontra­
A fomlação brasileira aparece como das)t7 foi aqui instalado, gemndo um siste­
exemplar no que tange às características ma produtivo ávido de braços e de terras.
mencionadas no ítem anterior. Um;:1 colô­ Objetivando-o, desenvolveu-se uma estru­
nia sem atrativos imediatos paro o conquis­ tum social em cuja base imperavam rela­
tador, constrói·se pela ocupação do solo ções escravistas de produção, que vão mar­
com a efetiva criação de um apamto produ· car profundamente toda a sociabilidade
tivo, sendo assim mais uma obm de edifi­ brasileira (Franco, 1969; Schwarz, 1977). •

cação de algo novo do que de apropriação Tal quadro foi integralmente herdado quan-
de urna estrutura preexistente - como em do da emancipação política da Colônia,
outras partes do mundo colonial e da pró­ colocando o novo país no rol daqueles que
pria América (Moraes, 1991). conhecem dificuldades para annnar sua
nesse sentido, é geneticamente uma inven­ identidade nacional (Ortiz, 1985).
ção lusitana, um resultado da expansão co­ Tal situação se expressou, por exemplo,
l4
lonial européia Ontologicamente falan- na base regional dos movimentos contes-
170 ESTUDOS IIlSTÓRICOS 199118
-

13t6ri05 ao longo de lodo pcriodo l1lot1iír­ dissemin:tçilo do discurso geográfico e


quico. os quais geralmente tm'l'iam implí­ uma r.ipida in�litucionalizc1ção dtl geogra­
cita ou explicilamenle a bandeim do sepa­ fia. Como um:t hipótese de Imbalho, po­
ratismo. A repressão a esses movimentos de-se considerar que a primeim coisa em
atuou no reforço da lese da unidade nacio­ paTle ocorreu, mas não a segunda. Isto é,
nal, veiculada cabalmenle na defesa da as teses da geografia conheceram ceTlO
inlegridade do lerritório. Tem-se dam­ destaque sem que a disciplina conhecesse
menle o espaço como cimenlo de um bloco uma objetivação inslilucional. Na verda­
dominanle composto essencialmenle de de, esta só vai ocorrer no final da década
oligarquias locais e regionais-a escala do de 193020 Tem-se, assim, um debale mar­
nacional aluando nâo apenas na agregação cadamente geográfico (com muitas alu­
dos inleresses dessas oligarquias, como sões a aulores e a leorias da geogra fia) sem
servi ndo tamhém de legilimação da repres- que se lenham de falo geógrafos ou cursos
-
5(10 popu Iar nestas outros esca Ias. t8 A 011-
.. de geografia no país.
ca do nacional vai resl:IT, :10 longo de todo Em primeiro lugar, vale lembrar a difu-
penodo monárquico, Clllll1uito circunscri­ 5;io c a rápida assimilação das teses do
ta ao debate das elites, numa funçáo de dctenninismo geogTlifico no Brasil. Essas
auto-rcfcrcllciação e de aUlolcgitimação aparecem numa g�lma variada de autores,
para os "de 01113",19 sendo seu rastreamento sistemático um
A vigência da monarquia amenizava a impOTlante tema de pesquisa, ainda não
questão da identidade, pois fomecia uma devidamente explorado. Vale salientar
base dináslica pam a construção do Est"do que, cm algumas argumentações, a visão
e a legitimação de sua soberania. A fonna dClenninista reveste-se de um conteúdo
monárquica defini:! um centro para uma progressisla, pois é levantada num contex­
estrutum de poder altamente pulveri7"da e to de crítica às teorias racistas.21 No geral,
desconexa: o mOllarca mais doqueo EsL1do seu uso atuou naquele sentido de naturali­
personificando a unidildç nacional. Por ou­ zação de um "dc."itino nacional", inscrito na
tro lado, a vigência do escravismo e de confonnaç.{lo
oulras fonnas de trabalho compulsório lor­ restrito de autores vai remeter-se direta­
nava menos premente a necessidade da ge­ mente a Ratzcl, defendendo que as poten­
ração de ideologias para o consumo dos "de cialidades abertas pelo patrimõnio natural
baixo", num quadro político que se exerci­ e lerrilorial só poderiam se subslantivar
2
lava mais pela violência que por qualquer com o concurso de um Estado fOTle? Di­
fonna de hegemonia. Por isso, foi na crise vulgação mais estrita parece ler lido a ótica
da monarquia e do escravismo que a ques­ do possibilismo francês, que só conhecerá
tão da identid:tde se aguçou, lomando-se uma relevância no período da geografia já
um tema cenlml recorrente a par1ir dos instilucionali7,1da (quando se toma a refe­
puhlicisL1S republicanos (Meyer, 19S0). rência teórica hegcl11ônica desta).
Enfim, foi nesse período de transição da
monarquia par. a república (e do trabalho
escravo para o trabalho livre) que a visão
da identidade pelo espaço parece adquirir
IV certo relevo na representação simbólica do
Brasil. A mu<L1nça da fonlla de govemo
Pode-se dizer que o Brasil, a paTlir da recoloca o tema da unidade nacional e do
segunda metade do século XIX, apresen­ ordenamento (ou reordenamenlo) do Esla-
tava lodas as condições para uma ampla do. E um período de muitos ensaios que

lDENTIDADE NAOONAL E INSlllUOONAIIlAÇÃO DA GEOGRAflA 171

23
tematiza m a tarefa das elites- a construção período (como a da história urbana)
do país -, questionando bastante 110 povo Rastrear as leituras efetuadas dos geógra­
de que dispomos para realizar tal tarefa". fos da época, os usos realizados das dife­
Observa-se claramente nesses escritos a rentes teorias e conceitos, as rdiaçóes as­
visão do país como um espaço a se ganhar, sumidas, sem dúvida ajudaria a explicar o
sendo sua população apenas o veículo da porquê da não-institucionalização da geo­
tal ação. Vale lembrar que este é um perío­ grafia no país, apesar de sua centratidade
do de forte dinamismo no avanço de fren­ prática c ideológica. Enfim, muito há que
tes pioneiras por diferentes qu.1drantes do se pesquisar para fornecer uma resposta
território, tanto na Amazônia (animada pe­ adequada a essa questão.
la extração da borracha) quanto no Sudeste
(dentro da marcha do café), ou ainda em
outros movimentos de rncnorcnvergadura
(como a ocupação do terceiro plarutllo ca­
tarinense). v
Observa-se, assim, uma época de acen­
tuação tanto do processo de produção ma­ O período da institucionalização da
terial do espaço brasileiro - a construção geogrnfia no Brnsil também se revela alta­
da geografia material do país ou a valori­ mente interessante para explicar a questão
zação objetiva de seu espaço - quanto de proposta: L11110 pelo exame dos elementos
sua produção simbólica -de construção de que objetivam-na naquela conjuntura.
representaçôcs dos dois planos animou a quanto. por contraste, para lançar luz sobre
instalação no país da geografia como um sua não-objetivação anterior. Como visto,
campo especializado e institucionalizado. a annação de um aparato institucional de­
O primeiro aponta um pouco mais nesse dicado a essa disciplina data da década de
sentido, gerando alguns institutos que se 1930com a organização dos cursos univer­
dedicam ao levantamento geográfico das sitários de geogrdfia no Rio de Janeiro e
áreas pioneiras, um labor desempenhado em São Paulo (1934), a nonnatização da
por um corpo de especialistas denomina­ disciplina no ensino básico de alguns esta­
dos "engenheiros topógrafos". Estes, dos, a fundação da Associação dos Geó­
apesar de aludirem amiúde a geógrafos e a grafos Brasileiros (1935), a mação. pelo
teorias geográficas, se aproximam mais Estado, do Conselho Nacional de Geogra­
dos naturalistas dos séculos XVU-XVIII fia (1937) e do Instituto Brasileiro de Geo­
que do pensamento geográfico europeu grafia e Estatística (1939). Tais atos, inter­
que lhes era contemporãneo. Este estará ligados, rapidamente confonnam uma co­
mais presente no plano da construção sim­ munidade de geógrafos no país.
bólica, onde, todavia, manifesta-se de mo­ É cena como alerta Massimo Quaini
"4
do bastante difuso, não gerando nem espe­ (1983:34) que não se pode confundir a
cialistas nem instituições especializadas. história de uma disciplina com a da sua
O que foi apresentado faz desse período institucionaJização. Todavia, a constitui­
de trnnsição um universo interessante para ção de uma comunidade geográfica espe­
se analisar o tema da construção de uma ciali7Jlda, se não monopoliza a fonnulação
identidade nacional em bases geográficas, do discurso espacializante (e sua projeção
isto é, por referência ao território e não à no tema da identidade nacional) interfere
sociedade que o habita: um universo ainda fortemente em sua produção e divulgação
pouco explorado, bem menos que outras (Otpel. 1977). O movimento de aUlolegi;
abordagens que se dedicaram à análise do timação do trabalho científico, impulsio-
172 ES11JDOS HlSroRlOOS - 1991A

nado pela afinnação de uma razão técnica, contemplados os temas clássicos da rene­
ZS
gera a figura do especialista e com ele o xão geográfica. Vale lembrar que este
argumento de autoridade, que só pode ser bloco se mostrou atento à necessidade de
questionado interpares (Habennas, 1980). gerar uma política cultural de massa (coisa
Assim, a renexão sobre o espaço passa a que o Estado Novo colocará em prática), e,
ter o seu [ocus de legitimação. Vale lem­ nesta, a construção de uma nova imagem
brar que a primeira batalha dessa comuni­ do país recebeu relativo destaque (Olivei­
dade no Brasil Coi contra o ensaísmo domi­ ra, Velloso & Gomes, 1982).
nante, destituído do "rigor empírico" da O Estado Novo Coi um período de inten­
Hciência". sa Connulação oficial de políticas territo­
Mesmo caindo no alvo da crítica dos riais explícitas (Costa, 1988). Pode-se di­
geógraCos "científicos", o levantamemo de zer que nesse período Coi criado (e territo­
alguns equacionamentos - mesmo que seja rializado) o próprio aparelho de Estado
como hipótese de trabalho -aparece como brasileiro (Draibe, 1985). Construía-se as­
incsislÍvel, em primeiro lugar, pelo Cato da sim, uma nova geografia material do país,
institucionalização ocorrer num momento e eSta se razia acompanhar de uma nova
de ampliação da pal1icipação política, que construção simbólica da identidade nacio­
trazem seu bojo um alargamento da neces­ nal: o nacional agora claramente expresso
sidade de uma base ideológica de massas como estatal e oficial. Por isso, o período
para legitimar as Connas de dominação também foi rico no que tange à Connulação
vigentes (Cândido, 1984). O fato de a de representações do espaço, uma época de
estrutura social do país ter-se tornado mais ampla di Cusão de ideologias geográficas.
complexa ao longo das primeiras décadas O exposto pennite levantar uma segunda
do presente século - e, notadamente, o hipótese: seguindo cel1a similaridade com
incremento da urbanização - acarretou a o process o europeu, a centralidade da geo­
ultrapassagem das Connas de repre­ grafia no contexto brasileiro estaria apoia­
sentação política tradicionais, o que se ex­ da em sua eficácia ideológica na conjuntu­
pressa na instabilidade das décadas de ra de afirmação não da nacionalidade em
1920 e 1930. Nesse quadro acirrou-se em si, mas do Estado nacional? Repousaria tal
muito a luta ideológica presente no pensa­ eficácia na possibilidade abel1a por essa
mento brasileiro, multiplicando-se as ver­ disciplina no que se reCere à construção de

tentes teóricas em disputa pela construção uma identidade pelo espaço?
de uma hegemonia (Mota, 1976). Este questionamento torna-se mais
Apesar do discurso geográfico (ou es­ complexo com a entrada em cena do con­
pacializante) aparecer com relativa ênCase ceito de região. Este, também uma possi­
em várias dessas vel1entes, o papel aí de­ bilidade de identidade pelo espaço, conhe­
sempenhado pela geografia e pelos geó­ ce uma significativa base objetiva de Cor­
graCos resta ainda pouco estudado. A rela­ mulação no país. Indagar acerca dos sujei­
ção entre a institucionalização da geografia tos e contextos de criação e divulgação dos
e a construção de uma base política de discursos dos diCerentes regionalismos
massas, com uma larga ampliação do mer­ presentes no Brasil abre outro fonnidável
26
cado cultural, não conheceu ainda um tra­ universo de pesquisa. Até que ponto a
tamento sistemático. De todo modo, o blo­ identidade regional cumpriu um papel de
CO vencedornessa disputa -aglutinado em [oeus de resistência dos dominados? Até
tomo da liderança de Getúlio Vargas - que ponto Coi uma estratégia oligárquica
apresentou no processo (e praticou no go­ para se contrapor ao processo de centrali­
verno) uma plataConna çnde estão bem zação política? Até que ponto Coi um ex-
IDENTIDADE NAOONAL E lNsnWOONAII
lAÇAo DA GEOOIlAFlA 173

pediente do próprio Estado na composição 2. Sobre I "frlgmentaçiio feudal", pode-se


de sua base de hegemonia? Estas são ques­ consultar Franco Jr. (1986). Anderson (1984)

tÕe5 que demandam um cabedal empírico está entre os autores que enfatizam a -extratem­
lorialidade" dos Estados dinásticos.
ainda e m elaboração.
3. Vale lembrar que a produção do discurso
das "histórias nacionais", como em Michelet
para o caso fraocis. contemplava sempre um
capítulo inlrodutório de amho geográfico, que
apresentava o "palco" onde transcorria a cons­
V1 trução da naciooalidade. Ver Oaval & Nardi,
(1968).
Finalizando, vale ressaltar que a eficá­ 4. Sobre a descontinuidade na história da
cia das ideologias deriva em muito de sua geografia, ver Osval (1974).
não-transparência. A plena reificação é o 5. Para um comentário sobre Foucault, ver
total encobrimento dos processos, seu não­ Moraes (1987).
questionamento. Assim, a temática aqui 6. A definição do território como área de
tratada poderá parecer para alguns como exercicio de um poder unitário, central, na for­
válida apenas num sentido estritamente mulação da idéia de soberania aparece já nos
historiográfico; como uma questão ultra­ escritos de Jean Sodin. na segunda metade do

passada pela marcha da história; como século XVI (cf. Bobbio, 1980). Segundo Ander­
son (1984), tal perspectiva espacializada seria
uma ideologia antiga na nossa época de
um elemento de diferenciação entre 8 aborda­
"fim dos Estados nacionais", veiculada por
gem de Sodin e a de Machiavel.
um discurso anacrônico e desgastado.
7. Aqui ít geografia inoorpora em muito a
Porém, quando se observam - por
temática de índole dos povos comum na filosofia
exemplo - a composição do poder legisla­
política do século XVIII, sendo rreqüentes nos
tivo no Brasil, o critério espacial e não dássicos da geografia moderna 8S alusões, por
populacional de sua montagem, a ampla exemplo. a Montesquieu ou a Herder(cr. Quaini,
desproporcionalidade da representação po­ 1983).
lítica a que ele conduz e a imponância que 8. O que alerta pard os perigos, do ponto de
isso joga na definição da vida da sociedade vista das ciências humanas, da atual onda am·
brasileira, bem como a ação das bancadas b;ent..1Iista, que pode veicular certo retomo natu·
"regionais" na câmara e seu corporativis­ rali z a n t e e x a t a m e n t e n e s s e r e s g ate d a

mo, o questionamento das ideologias geo­ perspectiva hoJrstica (cf. Moraes, 1986a).

gráficas e da identidade pelo espaço parece 9. O oonceilo de região, por exemplo, deriva
adquirir relevo, exatamente pela sua efeti­ originariamente da geologia(onde caradérizava

vidade. Se não, basta passar pela alfândega áreas de certa homogeneidade em tennos de
estrutura geológica); o conceito de território foi
de algum país europeu portando um passa­
tomado da botânica e da zoologia (onde em
porte de país periférico para se sentir objeto
aplicado na identificação das zonas de domínio
de uma qualificação pelo lugar. de uma espécie vegetal ou animal); e assim por
diante (cf. Bcrdoulay, 1988).

10, Vale lembrar que, no contexto europeu, a


primitiva expansão das relações capitalistas de­
fine uma primeira perireria, cujos componentes
Notas sâo resultados de um movimento de colonização
(ver, por exemplo: Wundcr, 1988).
J. Ver Escotar (1990 e 1990a). Estes texto. 11. Um interessante levantamento dessa te­
inlegrarão uma coletânea do autor, em vias de
-
mática no universo dos países latino-america­
publicação no Brasil pela edilora Hucitec. nos, pode ser encontrada em Abellan, 1972.
174 ES11JDOS HISTÓRIO>S - 199118

12, Cabe aqui resgatar 8 distinção efetuada meio". Todavia, não é taro encontrar argumen­
por Darcy Ribeiro (1975) entre os povos "no­ tações que combinam as teses racistas com as do
vos", "transplantados" e "Ieslemunhos". determinismo geográfico.
13. Vale lembrar a fundamentação da geogra· 22. O levantamento sistemático dos leitores
fia moderna no positivismo comteano. Ratzel, o de Ratzcl no Brasil resta ainda romo um tema
pioneiro fonnulador de uma geografia especial­ para investigações futuras.
mente dedicada aos problemas humanos, prople 23. As cidades brasileiras na virada do século
a sua antropogeografia como um romplemenlo já oonhecem interessa ntes estudos, tanto no que
à física social de Augusto Cornle (cf. Moraes, se refere à produção e reprodução material do
1990). espaço urbano quanto no que toca à sua vivência
14. Aceita-se aqui a interpretação desenvol­ e apropriação simbólica. Tome-se, por exemplo,
vida por Edmundo O'Gorroan (1984) de que, do Svecenko, 1983.
ponto de vista ontológico, a América como um 24. Porém, há que se aceitar também que a
todo foi uma construção européia. inslitudonalização da disciplina traz qualidades
15. Vale lembrar que em meados do século novas à legitimação de seu discurso (Capei,
XVII convivem no atual lerrit6rio brasileiro dis­ 1977).
tintas zonas de soberania: além do estado do 25. Esta temática é, no momento, objeto de
Brasil, também o do Maranhão (o primeiro res­ pesquisa da dissertação de mestrado de Luis
pondendo na época ao Conselho de Portugal, e Lopes Dinis Filho - Território e Estado Novo,
o segundo diretamente à corte de Madri). o Bra­ ideologias geográficas e políticas territoriais na
sil holandês (ou Nova Holanda), o território livre ditadura Vargas, Departamento de Geografia,
de Palmares (soberano em seu espaço) e os FFLCH/USP, em rase de redação.
territórios missionários (de ambíguas relações
26. Nessa temática já existem algullS bons
de obediência, formal mente vinculados à Coroa
estudos como: Silveira, 1984; Oliven, 1984 e
espanhola ou portuguesa, mas também respon­
1989; Carvalho, 1984. Sobre a oenlralidade da
dendo ao oomando papal).
questão regional no contexto da década de 1930,
16. E tal ronsci!ncia forjou-se na lula rontra ver: Oliveira, 1987; Oliven.1986.
o domínio holandês, onde a reronquista foi efe­
tuada sem uma intervenção maior da metrópole
portuguesa (na época envolvida com a consoli­
dação de sua própria autonomia). a. Mello,
1975.
Bibliografia
1·7. Vale recordar com Pierre Chaunu
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