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Filosófico e
Social no Brasil
Pensamento Filosófico
e Social no Brasil
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ISBN 978-85-8482-199-0
CDD 101
2015
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Sumário
AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
DA FILOSOFIA NO BRASIL
Objetivos de aprendizagem:
Introdução à unidade
Grosso modo, filosofia é reflexão sobre a realidade, mas não pode ser sobre
a realidade muito recortada, muito pontual ou subjetiva, senão não interessa para
ninguém; e também não pode ser sobre uma realidade universal que prescinda
do contexto onde nos encontramos, senão pouco acrescenta sobre o que já foi
elaborado.
Seção 1
A herança portuguesa
A título de introdução a esta seção, queremos lembrar-lhe que a Filosofia anda
muito próxima de diversas outras áreas do conhecimento, e a história é uma delas.
Por isso, para se entender a filosofia no Brasil é preciso fazer um resgate da história
da filosofia em Portugal. Os portugueses foram os responsáveis por nos inserir na
cultura europeia através da língua, da religião, de aspectos culturais e folclóricos, entre
outros. Contudo, a formação do pensamento português não se fez sem contradições.
Cabe lembrar que contradições bem conduzidas são salutares e podem ajudar no
crescimento cognitivo.
Nessa época a ciência escolástica (dominada pela Igreja com base principalmente
nos pensamentos de São Tomás de Aquino) e a ciência leiga (emancipada desde
Galileu Galilei e fortalecida com as contribuições de Isaac Newton, sobretudo)
estavam se distanciando. Na escolástica predominava um modelo de ensino erudito,
mas na Península Ibérica se fazia ciência aplicada enriquecida com a sutileza da
argumentação teológico-filosófica. Prefigurando o empirismo e o pragmatismo,
reinava em Portugal um espírito positivo em dissonância com os demais países
europeus. As escolas náuticas são bons exemplos dessa tendência; auxiliadas por
uma visão franciscana que visava aproximar o homem e a natureza, diferentemente
da Península Itálica, por exemplo, que primava pela atividade industrial.
Era esse o panorama reinante em Portugal quando eles aqui chegaram. Deles
herdamos a língua, os costumes, a religião, os defeitos e as virtudes; além, certamente,
de uma visão de mundo e de ser humano. Assim como a especulação, a contemplação
não era forte em Portugal e também não será no Brasil. A convivência pacífica dos
mais diversos povos foi e é característica bem marcante em ambos os países.
Cruz Costa (1959, p. 13) lembra que “temos simplesmente glosado o pensamento
europeu e não contribuímos até hoje para o patrimônio da Filosofia com nenhuma
criação”. Na sequência ele cita Raimundo Farias Brito (1862-1917), o qual havia
sustentado que ainda não produzimos nenhum filósofo e apresentava como razão
para isso a nossa curta história, pois ainda somos um país muito recente. Segundo
Farias Brito:
Figura 1.7 | Aventureiros migraram para cá. Se não produzimos nenhum filósofo,
poderíamos nos perguntar: “então não
existe uma filosofia brasileira?”. Para
Cruz Costa não existe e nem deveria
existir, pois a filosofia tem de ser uma
experiência da coletividade humana
e não de nações isoladas. A filosofia
deveria buscar ser universalmente válida
e não ser válida apenas nacionalmente.
Contudo, temos algo de próprio em
nossa experiência e em nossa vivência,
embora os livros não relatem.
ideias, característica muitas vezes presente até hoje no nosso sistema educacional.
Começava ali a admiração por tudo quanto fosse estrangeiro, como se isso fosse
sinônimo de intelectualidade. Aliado a isso, herdamos de Portugal um pensamento
acentuadamente voltado para a prática. A soma desses dois aspectos logo reduziu
a nossa cultura ao comentário. O progresso científico havia se estagnado em
Portugal e aqui não foi diferente. O resultado disso será que os colégios brasileiros
focarão no ensino da escolástica, corrente que os países europeus mais avançados
já consideravam ultrapassada.
Para Cruz Costa, é o historicismo que caracteriza a nossa filosofia, pois é preciso
recuperar a origem do pensamento filosófico retornando à cultura portuguesa e se
apercebendo do aspecto negativo que foi a contribuição jesuítica e a Contrarreforma,
os quais foram obstáculos à filosofia, à medida que “fecham o pensamento português
ao sopro de renovação que atravessa a Europa. [...] É o humanismo formalista e livresco
dessa nova escolástica que domina e cristaliza a cultura da metrópole e que estende a
sua hegemonia à nova colônia” (PRADO JR., 1985, p. 178). Disso resultam o formalismo,
a retórica, o gramaticismo e a erudição livresca, da primeira metade do século XIX.
Figura 1.10 | Templo Positivista à Religião da Humanidade, em Porto Alegre.
Com base nesse panorama, Cruz Costa concluirá que o pensamento filosófico
brasileiro se fez em torno da dialética entre formalismo e realismo, entre especulação
e pragmatismo, entre transoceanismo e erradicação da cultura nacional, e entre
metafísica e crítica social.
Cruz Costa afirmava que a filosofia autêntica deve estar ligada à ação, porém
aqui houve uma inversão, passando a considerar a carência e o vazio cultural
como sinal de liberdade diante do peso da tradição. Desse modo, a metafísica
ficou impossibilitada de florescer no novo continente e uma das razões disso ter
acontecido pode ter sido o pragmatismo que herdamos da cultura portuguesa ter-se
transformado numa tendência de filosofia engajada radicada na práxis. Poderia estar
aí explicada a preocupação de Cruz Costa em fazer uma análise historicista e não
metafísica do percurso das ideias filosóficas no Brasil.
Seção 2
Mas não é só isso, pois não podemos apenas reproduzir o que os outros já
pensaram, precisamos também refletir acerca da nossa realidade, como já foi dito,
valendo-se da contribuição, do legado dos pensamentos que já se encontram
cristalizados. Pode ser fatal para um pensamento filosófico genuíno a reprodução
acrítica de outras realidades distantes da sua. É como reproduzir um Natal com
pinheirinho e neve artificial. O Natal brasileiro é quente, com praia, piscina, cerveja,
churrasco, música, alegria e muita festa. O Natal acima do equador é de frio e
recolhimento. Mas ao invés de exportarmos o nosso Natal, nós tendemos a importar
o Natal deles.
III – Traços ideológicos que afetam o ensino da filosofia no Brasil. 1º) Julgar a
filosofia pela novidade. Claude Lévi-Strauss (1908-2009) diz, a partir do contato com
os estudantes, que eles queriam tudo saber, mas queriam reter só as teorias mais
recentes. Não liam as obras originais, tinham entusiasmo só pelo novo. As ideias
novas são acolhidas no Brasil com mais entusiasmo que nos países velhos. Tal
como os astros são referências para a navegação, os autores clássicos são para se
conhecer o grau de conhecimento filosófico. São pontos fixos. Ao orientar-se pelas
grandes obras filosóficas e não só pela novidade, se desperta um senso histórico e,
ao trazê-los para a atualidade, se estabelece um vínculo com a realidade presente.
2º) Julgar a filosofia por seu aspecto prático/utilitário. O espírito tem pouco a ganhar
quando se volta para a utilidade ou o sentido prático das coisas. É no repouso da
reflexão, e aí somente, que o espírito se encontra. Para Jean Maugué é só através da
reflexão que o estudante de Filosofia adquirirá segurança.
Para Paulo Eduardo Arantes (1942-), esse texto de Jean Maugué pode ser
considerado certidão de nascimento da filosofia no Brasil, ou a fundação do edifício
filosófico brasileiro, o qual se consolidou na década de 50 com os estruturalistas
Granjet e Guéroult. Segundo Arantes, existe sim filosofia no Brasil, mas não se trata
de uma filosofia totalmente original, antes, trata-se de uma filosofia europeia de
origem francesa. O segundo capítulo do seu livro Um Departamento francês de
ultramar (1994) intitula-se Certidão de nascimento, e nesse capítulo Paulo E. Arantes
busca fazer um resgate do nascimento da filosofia em solo brasileiro.
O nó para o desenvolvimento das ideias de Maugué teria sido a nossa cultura fraca
e débil, segundo Paulo Eduardo Arantes. Para György Lukács (1885-1971) e Theodor
Adorno (1903-1969), a filosofia parte de uma cultura estabelecida. O trabalho da
filosofia é ordenar aquilo que já está estabelecido. Por isto o trabalho de Maugué
é ensaísta, ou seja, depende, pressupõe outros conhecimentos independentes da
filosofia. A forma ensaísta não prospera no nosso contexto por carências de dados
de outras áreas culturais e científicas, mas aqui, infelizmente, vivemos para atender
às necessidades imediatas, da mão para a boca.
filosóficas sobre determinados temas. Assim, a filosofia brasileira não é brasileira, mas
importada, como a filosofia americana é importada da Alemanha. A nossa filosofia é
técnica, acadêmica e se reduz à USP. Não estabelece relação com a cultura. Faz-se
separada do contexto em que se encontra.
Cruz Costa mostra uma antinomia: herdamos dos portugueses (1) o modelo
erudito (e a filosofia dos Jesuítas teve este modelo como base), sendo o outro polo
da antinomia também uma herança de outro traço português, (2) uma concepção
de vida. Não há vínculo entre teoria e vida, é o chamado espírito prático, imediatismo,
simbolizado no aventureiro que se lança às descobertas.
Segundo Bento Prado Jr., a concepção de Cruz Costa sobre história das ideias
é muito positiva e mostra que se estabeleceu relação entre a elite intelectual e as
ideias, o saber erudito. Para Bento Prado, Cruz Costa era historicista. Em 1968 ele
escreveu um artigo onde se autodenominava Estruturaloide, ele afirma que falar em
filosofia no Brasil fere o princípio de universalidade. A universalidade é implícita às
ideias, pois estas não deveriam refletir a particularidade, a especificidade de uma
nação.
Em outro texto, de 1982, ele diz que o texto de 1968 (crítica a Cruz Costa)
mostra que ele era um idealista, haja vista que defender a existência de filosofias
nacionais postula um princípio de psicologismo (alma nacional, caráter da nação)
e historicismo (buscar no passado elementos que fundamentem o modelo atual
e projetem o futuro). Outras disciplinas não mostram isto, não há matemáticas
brasileiras, francesas, etc. Contudo, Bento ainda mantém a acusação de que Cruz
Costa recai num historicismo quando busca explicar o presente com base no
passado e quando afirma o caráter prático do brasileiro.
O terceiro a se envolver nesse debate será Antônio Paim (1927-), o qual afirma
categoricamente que há uma filosofia com características brasileiras. Ele era marxista,
foi estudar na extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e se tornou liberal
e antimarxista. Uma das referências de Antônio Paim são as filosofias nacionais, e
nesse sentido ele se esforçará para mostrar a fundamentação destas filosofias.
Ele lembra que Hegel atribui a Lutero a unificação da língua alemã e futuramente
a unificação nacional, pois contribuiu para a identificação da nação. Segundo Hegel,
uma ciência só pertence ao povo quando é expressa em sua própria língua, sobretudo
a filosofia. Heidegger afirmou que só se pode filosofar em grego ou alemão. A língua
nacional será o meio mais próprio para a expressão de uma filosofia. Segundo Paim,
o português é sim uma língua adequada à filosofia. Cada língua permite um tipo
de representação do mundo. Houve quebra da unidade do latim, enquanto língua
destinada à filosofia. Rompendo-se com o latim, a língua oficial da teologia, rompe-
se com a autoridade da Igreja.
Cruz Costa fará uma crítica a essa visão, defendendo que o positivismo só existiu
no Brasil na passagem para o império e ali mesmo acabou. É bom lembrar que
Bento Prado criticou Cruz Costa por afirmar o caráter prático da filosofia brasileira
e a linearidade da história, traços típicos do positivismo. Se bem que a peculiaridade
pode ferir a universalidade da filosofia.
assuste, é assim mesmo. Inclusive, foi por isso que alertei que esse era um assunto
difícil de ser abordado e uma pergunta difícil de ser respondida. Nem sempre temos
aquiescência acerca das conclusões desse tema, o que, em si, também já passa a
ser um fator positivo. O mais importante é que você tenha se inteirado do debate
e consiga perceber as suas nuances e as principais colaborações daqueles que se
propuseram a abordar essa questão.
O Nascimento da Filosofia
Considere:
I – Herdamos dos portugueses um modelo erudito (ou
pseudoerudito), o qual era fortemente praticado e defendido
pelos Jesuítas.
II – Legaram-nos, os portugueses, uma concepção de
vida onde teoria e vida não têm vínculo, simbolizada no
espírito prático e imediatista do aventureiro que se lança às
descobertas.
III – Explorar a nossa terra era o verdadeiro propósito dos
Seção 3
É claro que qualquer uma dessas características levada ao seu extremo pode
passar a ser uma característica negativa. Além disso, também temos traços que
devem ser corrigidos, ou seja, podem ser classificados como negativos. Entre estes
podemos destacar pouca preocupação com o futuro (imediatismo), tendência de
buscar o próprio bem levando vantagens, por vezes, de modo desonesto, excessiva
desigualdade social, uma classe política descompromissada com o bem comum e
muito próxima de quadrilhas especializadas e do crime organizado, superficialidade
reflexiva e reprodução de ideias externas sem muito critério (deixar-se influenciar),
entre outros.
Como dissemos, todas as nações têm seus pontos positivos e negativos, mas
muitas aumentam os pontos positivos, enquanto o Brasil, ao invés disso, aumenta
os negativos. Alguns exemplos frívolos: existem países que não têm o hábito de
enrolar o sanduíche em guardanapo, ou de lavar as mãos antes de comer. Padeiros,
feirantes e açougueiros recebem o dinheiro com a mesma mão com que entregam
o pão ou a carne. Vendem batatas fritas enroladas em folhas de jornal e, ainda assim,
têm ótima freguesia.
Em alguns restaurantes de países europeus, se você pedir uma mesa para não
fumante, o garçom vai rir de você, pois não existe; lá eles fumam até no elevador.
Em algumas cidades e até mesmo em capitais, onde se espera excelência no
atendimento, existem garçons conhecidos por seu mau humor e grosseria, enquanto
no Brasil qualquer garçom de botequim atende com tanta educação e fineza que
poderia ir para lá dar aulas de como conquistar o cliente.
O povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos
turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem, enquanto europeus deixam
turistas falando sozinho nas calçadas quando estes tentam pedir informações. A alegria
é a nossa marca registrada, somos batalhadores e enfrentamos a própria desgraça rindo
e sambando. Por fim, vamos lembrar que os brasileiros tomam banho todos os dias, às
vezes mais de uma vez por dia, enquanto os europeus tomam banho, em média, uma
vez por semana. Apesar disso tudo, parece que o nosso nacionalismo só aflora por
ocasião da copa do mundo de futebol. Mas isso tudo tem a ver com Filosofia?
Figura 1.16 | O ensino de filosofia no Brasil esteve muito atrelado aos clérigos.
Se não tiver a ver com a Filosofia em si, ao menos deve ter a ver com filosofias de vida,
o que já poderia ser o início de uma reflexão sobre a nossa realidade. Para tanto, teríamos
de nos aprofundar mais de modo crítico-reflexivo e consciente, o que não é o nosso forte,
infelizmente. Teríamos de conhecer e entender como aconteceu o desdobrar da Filosofia
aqui no Brasil, bem como as principais correntes que aqui se estabeleceram.
A filosofia no Brasil sempre esteve muito vinculada aos clérigos, desde os Jesuítas até
o seu ressurgir na década de 1990, depois de ter desaparecido por conta da influência
da educação tecnicista e da tendência da ditadura militar de suprimir estudos que
despertassem a criticidade. Mas para compreender isso de modo mais aprofundado é
necessário retroagir um pouco mais e, para isso, tomaremos por base a obra de Luiz
Alberto Cerqueira, constante nas referências desse trabalho.
O padre iluminista português Luís Antônio Verney (1713-1792) foi quem, sob a
influência do Iluminismo francês, teve a tarefa de mostrar em seu país a necessidade
premente de se assimilar essa doutrina cartesiana da liberdade com base nas leis da
razão, mas sem ter que, necessariamente, abrir mão da lei de Deus. Mas como isso
veio parar no Brasil?
[...] para que eu seja livre, não é necessário que eu seja indiferente
na escolha de um ou de outro dos dois contrários, mas
principalmente, quanto mais eu tiver inclinado para um, seja
porque eu saiba, evidentemente, que o bom e o verdadeiro aí se
encontrem, seja porque Deus organize assim o interior do meu
pensamento, tanto mais livremente o escolherei e o abraçarei
(DESCARTES, 1999, p. 296).
Ilustra ainda essa questão outro ponto levantado mais adiante por Descartes quando
indaga de onde se originam os seus enganos acerca da questão da liberdade, ao que
ele responde que a vontade é muito mais ampla e extensa que o entendimento, razão
pela qual estendemos a vontade também as coisas que não entendemos, e conclui:
“sendo a vontade por si indiferente, ela se perde muito facilmente e escolhe o mal
pelo bem, ou o falso pelo verdadeiro. O que faz com que eu me equivoque e cometa
pecado” (Idem, p. 297).
Desse modo, podemos afirmar que a base da experiência será aquilo que ele
denominará de “psicologia transcendente”, numa clara tentativa de poder dar conta
do caráter metafísico do saber. Essa interpretação também pode ser considerada no
mesmo sentido da “psicologia transcendental” de Husserl.
O que servirá como evidência do espírito humano, aqui no Brasil, será a questão
da liberdade, ou seja, o espírito será considerado de modo distante e separado da
matéria, indicando uma visão de espírito entendido como energia viva e criadora. E é
exclusivamente por esse motivo que Farias Brito vai defender o método introspectivo
como sendo o melhor método filosófico: “A este método [...] tem-se feito, e ainda se
continua a fazer, uma oposição formidável. É o que se explica como consequência
inevitável, fatal, do predomínio do materialismo. E realmente, se tudo é matéria, não
se compreende outra espécie de observação a não ser a observação exterior” (idem,
p. 408-409).
Porém, isso não significa dizer que ele não tivesse considerado o perigo do
solipsismo:
comunicação por processo interno. Cada uma é, sob este ponto de vista,
um todo isolado e forma, a seu ponto de vista, o centro do mundo; mas
há entre as diferentes consciências comunicação segura, positiva e certa
por processo exterior. Tal é, por exemplo, a palavra, a linguagem em geral,
como qualquer sinal com que se possa dar expressão ao pensamento.
Além disto, os estados de alma refletem-se por sinais evidentes no próprio
organismo. Uma emoção profunda comove até às lágrimas. O olhar fala.
A raiva empalidece [...] Todos estes fatos autorizam a formar juízos seguros
sobre sentimentos e ideias, emoções e paixões a que somos estranhos e
que se passam em consciências estranhas à nossa. (Idem, p. 419-20).
Assim Farias Brito não só incorpora e amplia as ideias apresentadas pelos seus
antecessores no Brasil, principalmente no que se refere ao pensamento de Gonçalves
de Magalhães e Tobias Barreto, como confere à expressão “filosofia brasileira” um
significado verdadeiramente filosófico.
Ao lado das filosofias alemã e inglesa, a filosofia francesa tem sido uma das fontes
básicas para a meditação filosófica em nosso país. Poderíamos identificar a influência dessa
filosofia nos seguintes momentos: (1) no momento pombalino, quando o empirismo
mitigado inspira-se nas ideias oriundas do positivismo, ou de um pré-positivismo do século
XVIII; (2) no momento da formulação do ecletismo espiritualista, inspirados por Biran e
Cousin; (3) no momento em que os políticos se inspiram no liberalismo doutrinário e no
liberalismo democrático; (4) no momento da ascensão do positivismo e (5) no momento
da reação ao positivismo, quando o espiritualismo brasileiro se fortalece. Perceba-se,
então, que a presença da filosofia francesa é bem marcante em diversos momentos de
construção, ou reconstrução, do pensamento brasileiro.
a) I e II.
b) II, e III.
c) I e III.
d) II e IV.
Referências
OS PENSADORES DA
FILOSOFIA BRASILEIRA
Objetivos de aprendizagem:
Introdução à unidade
Cremos não ser infundada a afirmação de que a filosofia entrou em nosso país
de mãos dadas com o direito, pois é na Faculdade de Direito do Recife onde o
pensamento filosófico e o interesse pela filosofia começam a desabrochar. Essa
conceituada escola representou muito ao pensamento filosófico e de um modo
geral ao conhecimento e à formação de uma elite intelectual no século XIX.
Seção 1
De acordo com Herbert Marcuse, desde a primeira vez em que foi usado,
provavelmente na escola de Saint-Simon, o termo positivismo designa: a) a
convalidação do pensamento cognitivo por meio da experiência fatual; b) a
orientação do pensamento cognitivo para as ciências físicas como modelo de
certeza e exatidão; c) a persuasão de que o progresso do conhecimento depende
de tal orientação.
E tudo isso é obra da cultura em luta com a natureza (de algo construído se
contrapondo a algo espontâneo), luta na qual o direito é o fio vermelho e a moral é
o fio de ouro, que atravessam todo o tecido das relações sociais. Direito natural tem
tanto sentido quanto moral natural, gramática natural, ortografia natural, civilidade
natural, etc., pois todas são efeitos, invenções culturais, segundo Tobias Barreto
(1966, p. 331s).
(o primeiro nome dado por Augusto Comte à sociologia), assentou as bases para a
corrente de pensamento que no século XX iria revelar-se muito influente no contexto
da meditação filosófica brasileira: o culturalismo.
Ainda que, ao longo do século XIX, a "Escola do Recife" tenha sido a mais
importante herdeira do kantismo, não se pode ignorar o papel pioneiro que
representaram os Cadernos de Filosofia do padre Diogo Antônio Feijó (1784-1843), os
quais sintetizavam o magistério do regente do Império (1835-1837). Nestes cadernos
encontramos de modo muito vivo o pensamento de Immanuel Kant (1724-1804),
tanto no modo como Feijó entende a razão humana, quanto naquilo que ele diz
sobre o exercício da liberdade.
As seguintes palavras, que ilustram a ideia que o padre paulista tinha acerca da
meditação filosófica, partem do pressuposto da "revolução copernicana" do filósofo
de Königsberg, ou seja, do seu modo de enxergar a problemática do conhecimento
sob uma perspectiva estritamente humana e transcendental:
João Theodoro Xavier (1820-1878), cuja obra Teoria transcendental do direito (1876),
segundo Reale, "compendia os princípios fundamentais do racionalismo harmônico
de Krause, com frequentes referências à doutrina de Kant". João Theodoro tentou
superar o individualismo da concepção kantiana do direito, numa visão que desse
lugar essencial ao papel social do mesmo, sendo assim um dos precursores do
chamado "direito social", ou "direito trabalhista" no Brasil
Porém, essa visão liberal conservadora legada pelos doutrinários iria sofrer,
nossos possíveis filósofos se limitaram a traduzir aqui aquilo que estava acontecendo
na Europa, sobretudo, e, portanto, não são filósofos, são apenas intérpretes da
filosofia. Ainda assim vamos apresentar nos capítulos seguintes aqueles que mais
contribuíram com a filosofia em terras brasileiras.
Seção 2
Figura 2.3 | Tobias Barreto, Tobias Barreto de Menezes nasceu em uma família
o Mulato Sergipano. humilde, no dia 7 de junho de 1839 em Campos do
Rio Real, na época uma vila do agreste sergipano, que
hoje leva o nome do seu filho mais ilustre e se chama
Município de Tobias Barreto. Sua mãe se chamava
Emerenciana Barreto, e o seu pai Pedro Barreto de
Menezes. O pai era escrivão e tinha dificuldades de dar
escola aos filhos, por isso Tobias Barreto foi professor
de latim, em Itabaiana, dos 15 aos 22 anos de idade. Em
seguida foi para Salvador com a intenção de se tornar
padre, mas rapidamente abriu mão desse projeto.
morou de 1871 até 1882. A sua esposa era desta cidade e nela ele dedicou-se à
advocacia e à política.
Contudo, o fato de o Brasil passar de Império para República foi visto como
um fenômeno positivista e isso fez com que o país começasse a ser visto como
positivista, ocasionando condições desfavoráveis de atuação aos discípulos diretos
de Tobias Barreto. O ensino foi reformado sob a égide da hipótese de que a ciência
esgota o real – no que, aliás, continuamos até hoje –, eliminando-se a filosofia,
substituída pela sociologia comteana.
Também os temas religiosos foram abordados por ele e demonstrou não aceitar
Figura 2.4 | A religião pode sumir no futuro? a suposição, popular em seu tempo, de
que a religião tenderia a desaparecer
com os progressos da ciência. Criticou
a tese ingênua da “Irreligião do Futuro”.
Tobias Barreto, que até então era conhecido como poeta e agora aparece
debatendo problemas filosóficos, ainda não produziu grande impacto com o seu
primeiro artigo. Já outro artigo produzido um mês depois com o título A propósito
de uma teoria de S. Tomás de Aquino, foi contestado por um colega da Faculdade
chamado Manuel Godofredo de Alencastro Autran, obrigando-o a voltar ao assunto
logo a seguir, em junho de 1868, com o artigo Teologia e teodiceia não são ciências.
Para contestá-lo mais uma vez, o seu colega de Faculdade chegará à afirmação
absurda de que o conhecimento de Deus “só nos é dado pela ciência”, ao que Tobias
replicará que setenta e cinco por cento da humanidade, se não mais, protestariam
contra essa besteira, uma vez que, se assim fosse, a maioria dos homens, aquela que
não cultiva as ciências, estaria condenada ao ateísmo.
Essa primeira polêmica lançou Tobias Barreto para o terreno das ideias, mantendo,
ele e o seu colega de Faculdade, Godofredo Autran, um respeitoso debate. Em 1870,
infelizmente, não acontecerá a mesma coisa. Desta vez o seu oponente será o velho
Conselheiro Autran, o qual tinha sido seu professor na Faculdade. Coube então a
esta segunda polêmica e não à primeira o papel de iniciar a efervescência cultural
que, na sequência, se tornará um fenômeno generalizado no país até assumir caráter
abertamente político.
No último ano de Faculdade, 1869, Tobias Barreto publicou alguns trabalhos que
marcaram a sua evolução filosófica e o rompimento com o ecletismo espiritualista.
No primeiro desses trabalhos ele se ocupa da obra Fatos do Espírito Humano, de
O que ele rejeita do positivismo é a teoria dos três estados, pois, segundo ele, é
possível notar que, em geral, não se sente pela metafísica o profundo e sistemático
rancor do positivismo, e afirma que ainda há muito espaço para as pesquisas
filosóficas. Podemos perceber, portanto, que, com apenas 30 anos de idade,
Tobias Barreto já havia aderido e rompido com o espiritualismo, fenômeno bastante
comum a outros intelectuais brasileiros daquele período. Contudo, diferentemente
dos demais intelectuais, ele não aderiu de corpo e alma ao positivismo.
A refutação de suas ideias não veio de modo sereno e nem se limitou às ideias.
Contudo, Tobias Barreto aceitou bem a polêmica e a luta se arrastou por vários
números de O Americano e de O Católico. E ainda que as polêmicas tenham sido
travadas com um tom áspero e caracterizadas pela pouca cortesia, ele nunca foi
intolerante em matéria religiosa. Justiça seja feita! É bom responsabilizar ambos os
lados pela boa condução do debate.
Muito embora Tobias Barreto tenha sido desde o começo contra a Escolástica,
ele nunca caiu na estreiteza sectária do combate à religião como fizeram os
enciclopedistas franceses. Ele defendia o mais absoluto respeito aos sentimentos
No artigo O Atraso da Filosofia entre Nós, Tobias Barreto diz que em vão Autran
se esforça por fazer a árvore seca da Idade Média reflorir e frutificar. Ela já morreu.
Além da reafirmação de suas posições antitomistas, este trabalho é um documento
importante para se avaliar a inquietação espiritual de Tobias Barreto e o sentido que
vai tomar a sua meditação filosófica. Além disso, ele também toca em um problema
que irá absorvê-lo muito, o conceito de filosofia. Diz ele que nos últimos tempos a
questão filosófica mais inquietante é sobre a própria essência e limites da filosofia.
Tobias Barreto lembra que Henry Maudsley (1835-1918) afirmou que o ladrão,
assim como o poeta, nasce feito, não se faz. Ele concorda com isso, mas salienta
que mesmo a existência de ladrões sendo um produto da natureza, nós (a partir de
um produto cultural – a ética e a política) fazemos um esforço para que eles não
existam. Assim também parece ser um resultado natural que haja luta pela vida entre
grandes e pequenos, fortes e fracos, ricos e pobres. O trabalho cultural consiste na
harmonização dessas divergências. Diante disso, se pode dizer que não foi inspirando-
se na natureza que o homem erigiu a cultura, mas ao contrário, ela é criação humana
que tem por objetivo limitar e corrigir possíveis distorções da natureza. E conclui
que seguir a natureza, em vez de ser o fundamento da moralidade, é a fonte da
imoralidade; e que o direito é o fio vermelho, e a moral o fio de ouro, que atravessa
todo o tecido das relações sociais, conforme já assinalamos.
Nos últimos anos de vida, Tobias Barreto se aproximou ainda mais do neokantismo,
um movimento que surgiu na Alemanha a partir da década de 1860 e veio até a
Primeira Guerra Mundial. Na obra Kant e os epígonos, de 1865, o seu autor, Otto
Liebman, afirma no final de cada capítulo: “É preciso retornar a Kant”. E essa ideia
se difundiu entre os intelectuais da época, contribuindo para que as ideias de Kant
renascessem.
Naquela época houve quem afirmasse que entre um juízo de existência e um juízo
de valor, existiriam os juízos referidos a valores. Assim como, correspondentemente,
entre as categorias de natureza e ideal, é preciso dar lugar à categoria da cultura. O
fato cultural seria uma realidade referida a valores. Assim, se abria o caminho para
o restabelecimento da unidade do espírito, mediante a legitimação da experiência
ética, jurídica ou cultural e não apenas natural. É, portanto, nesta perspectiva da
evolução do neokantismo que se insere a significação de culturalismo em Tobias
Barreto.
Aos poucos ele foi deixando de acreditar na política da época e acabou tendo
desentendimentos com os abolicionistas do Recife, os quais não lhe foram solidários
quando ele teve de arriscar a própria vida para alforriar os escravos que havia recebido
como herança. “A incoerência dos abolicionistas chega a tal ponto, segundo diz em
carta a Sílvio Romero, que, ao pedido de apoio de Tobias Barreto, retrucaram ‘ser um
despropósito meu, uma iniquidade sem igual, pois eu não tinha o direito de alforriar
todos os escravos’. Acabaria concluindo que a política do seu tempo não tinha muito
a ver com princípios” (PAIM, 1997, p. 102).
O concurso foi realizado em 1882, ele foi aprovado em primeiro lugar, mas a
instituição estava dificultando a sua admissão pelo fato dele ser negro. Os alunos,
Seção 3
Instalados em Fortaleza, Farias Brito participou, como ouvinte, das aulas do Liceu,
pois as matrículas já haviam sido encerradas. O seu pai incentivava muito os seus
estudos e em 1880 ele concluiu a fase secundarista no melhor colégio de ensino
público do Ceará. Terminou em menos de dois anos um curso que geralmente era
feito em quatro ou cinco anos. E para ajudar nas despesas de casa, ainda como
estudante, ele também já lecionava.
Terminada essa fase, a família se mudou para o Recife a fim de que Farias
Brito pudesse realizar o sonho do seu pai: cursar direito na Faculdade do Recife e,
posteriormente, participar da vida política e cultural da região, como era costume
acontecer com a maioria dos egressos dessa conceituada faculdade.
Por ser polêmico e não poupar ataques aos seus adversários, Tobias Barreto
teve muitos desentendimentos; enquanto Farias Brito era partidário do trato suave e
com isso conseguiu evitar alguns aborrecimentos, com Sílvio Romero, por exemplo,
quando o criticou por ter uma compreensão equivocada do pensamento de Baruch
Spinoza e, sutilmente, sugere erro tipográfico. O reconhecimento viria quando Sílvio
Romero deu parecer favorável para que Farias Brito ocupasse a cadeira de Lógica do
Colégio Dom Pedro II, após a morte de Euclides de Cunha. Lembrando que Euclides
da Cunha havia se classificado em segundo lugar e Farias Brito em primeiro, mas
o presidente da República, Nilo Peçanha, atendendo ao pedido do Barão do Rio
Branco, havia nomeado o segundo colocado.
Foi uma das mais nobres inteligências que tem tido o Brasil. A sua
obra filosófica é, no gênero, a mais vasta e a mais profunda da
nossa literatura. A “Finalidade do Mundo” é a crítica do pensamento
filosófico. A erudição, nessa obra, é considerável e a probidade
transparece em todas as páginas. Farias Brito é investigador, que
vai às fontes, que não se contenta com informações de segunda
mão. O resultado da sua crítica é que nenhum dos sistemas
criados satisfaz, plenamente, a sede de verdade que o domina.
[...] Eloquência, clareza, sagacidade, são qualidades, que dão aos
trabalhos filosóficos de Farias Brito particular sedução. Mas o
que lhe cria lugar à parte em nossa literatura é que ele foi, como
salientou Nestor Vítor, o filósofo representativo da nossa gente.
promotor público em Viçosa e ali, próximo da serra onde havia nascido, também
se dedicou ao ensino e à filosofia. Depois de um desentendimento com o juiz e
buscando melhores condições de sucesso profissional e político, pediu transferência
e foi para a comarca de Aquiraz.
As publicações que Farias Brito fez nessa época versavam sobre temas como o
indivíduo, a natureza e o conhecimento, por exemplo, posicionando-se criticamente
com relação ao cientificismo da época, contrariando a maioria dos membros do
Clube Literário. Isso não significa que ele negasse o papel que a ciência devia
ocupar, antes, porém, buscando mostrar que não se podia atribuir caráter absoluto
e inquestionável às afirmações científicas.
O Clube Literário visava, entre outras coisas, incentivar o nível cultural do povo
cearense e com esse intuito participou das comemorações do primeiro centenário
da Revolução Francesa, em 1889. Nessa ocasião foi possível perceber a hegemonia
da burguesia e dos valores capitalistas enquanto herdeiros das revoluções Francesa
e Industrial.
Dentre os vários artigos escritos por Farias Brito nessa época, podemos encontrar
um sobre psicologia etnográfica, a qual pressupõe que “em quaisquer condições
que diferentes indivíduos formem um grupo social, constituindo uma sociedade, sai
do consenso de todos os espíritos individuais um espírito comum que se torna ao
mesmo tempo a expressão, a lei, e órgão de todos” (FILIZOLA NETO, 2008, p.54s).
Uma das grandes empreitadas de Farias Brito foi lutar pela criação de cursos
superiores no Ceará, sobretudo na área jurídica, engajando-se na luta pela criação
da Faculdade de Direito. Depois de criado o curso ele não foi incluído entre os
seus professores, e nessa ocasião muda-se para o Pará, para a cidade de Belém.
Se em função ou não da sua exclusão do quadro de professores, é difícil precisar.
A maioria dos docentes e administradores da faculdade recém-criada estava ligada
ao governador efetivo Nogueira Accioly, político influente na época. Efetivo porque
o governador eleito era Pedro Borges, mas Nogueira Accioly era quem detinha
o poder. Por sugestão de Accioly foram fechadas 90 escolas primárias a fim de
viabilizar os recursos para a criação da faculdade.
Accioly foi governador do Ceará por 16 anos, de 1896 até ser deposto em 1912.
Em 1891 o Brasil mudou o sistema de votação, passando do voto censitário para
o voto de alfabetizados. De 1824 até 1891 o nosso país praticava o chamado voto
censitário, o qual permitia direito a voto apenas às pessoas que tinham dinheiro.
Essa lei foi substituída dando direito ao voto aos homens maiores de 21 anos e
alfabetizados. Ao se fechar as escolas primárias, o Governador Accioly diminuía o
número de pessoas alfabetizadas e, consequentemente, o número de eleitores,
assim ficando mais fácil manipular as eleições.
A política era uma atividade que atraía muito os jovens intelectuais cearenses,
sobretudo os mais pobres, pois poderia se configurar em possibilidade de ascensão
social. Efetivamente, Farias Brito participou da política desempenhando por cerca
O conturbado cenário político que se desdobra na vida de Farias Brito entre 1889
e 1992 parece adentrar também em sua vida pessoal. No dia 02 de dezembro de
1893, Farias Brito se casou com Ana Augusta Bastos. No dia 17 de fevereiro de 1895
nasceu o primeiro filho, mas este veio a falecer com apenas dez meses de vida, no
dia 08 de dezembro do mesmo ano. Ele relata que o filho faleceu às três horas da
manhã do mesmo dia em que aprendeu a falar “mamãe”. Com dois anos e meio de
casado ficou viúvo, no dia 11 de junho de 1897, às seis horas da manhã, faleceu a sua
Nanoca, como ele a chamava.
Devido à sua boa oratória Farias Brito acabou se tornando o orador oficial da
Academia Cearense e também da Associação Comercial do Ceará, chegando a
ser chamado de Tribuno do Comércio. Também foi ímpar a contribuição da sua
eloquência quando da criação da Faculdade Livre de Direito do Ceará. Contudo,
quando ela foi fundada, em 1903, ele já estava vivendo em Belém do Pará.
Em Belém ele tem uma vida de muita produção e trabalho, atuava como
professor, advogado, promotor público e escritor. Ainda assim ele encontra tempo
para se opor ao governo cearense, mas infelizmente sem poder contar com o apoio
dos conterrâneos cearenses que residiam no Pará e sem poder contar com o apoio
da imprensa. Em algumas correspondências da época dá para perceber que ele
ainda nutria o desejo de retornar à sua terra natal e envolver-se mais na política.
Em 1902, como já dissemos, mudou para o Pará e ali contou com a amizade
do governador do Estado, Dr. Augusto Montenegro, ex-colega na Faculdade de
Direito do Recife. Morou em Belém por sete anos e considerou esse tempo os
melhores de sua vida. No Pará se envolveu na defesa do padre Júlio Maria e nessa
ocasião teve a oportunidade de demonstrar a sua compreensão do positivismo,
angariando a simpatia dos intelectuais paraenses.
A sua vida profissional estava muito bem na capital paraense, com boa
situação financeira, prestígio social e intelectual. A vida pessoal também lhe rendia
muito contentamento, pois do segundo casamento teve três filhas. Mas apesar da
estabilidade ele queria experimentar novos nichos culturais e acreditou que na capital
federal obteria maior reconhecimento por suas contribuições. Foi quando resolveu
participar do concurso de lógica, do Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, já
relatado aqui.
Farias Brito faleceu no dia 16 de janeiro de 1917, de hemoptise. Sua filha assim
relatou a sua morte:
Referências
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do Ceará. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 1995.
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THEOPHILO, Rodolpho. Libertação do Ceará. Fortaleza: Fundação Waldemar
Alcântara, 2001.
SOCIOLOGIA NO BRASIL:
HISTÓRIA E DESAFIOS
Claudiane Ribeiro Balan
Objetivos de aprendizagem:
Transmitir os conceitos capazes de possibilitar uma introspecção aos assuntos
referentes à sociedade, quando estes conceitos afetam ou não as minhas
decisões e sobre eles debruçar-se em uma reflexão para avaliar sua valorização
social. Desenvolver a percepção dos indivíduos em reconhecer que na sociedade
atual, o indivíduo, embora esteja sendo bombardeado de informações prontas e
acabadas, não pode furtar-se ao direito de refletir sobre elas e decidir sobre aquilo
que convém para suas relações com a sociedade e com as pessoas.
Introdução à unidade
Olá, caros alunos, é com muita satisfação que nesta unidade iremos tratar
de conhecer um pouquinho sobre a sociologia em nosso Brasil. Tenho certeza
de que o tema, embora pareça muito novo em relação aos demais conteúdos,
veremos que é muito prazeroso o assunto que nos será apresentado. Veremos
que a sociologia brasileira vai divergir um pouco da sociologia do mundo tal qual
nós estudamos até agora. Não teremos os catedráticos que desejavam mudar a
sociedade, mas aqueles que se apresentam a nós com ideias a serem levadas para
a reflexão, e com estas reflexões tornar a sociedade um pouco mais crítica. Mudar
a sociedade nessa altura já é um pensamento ultrapassado, hoje temos inúmeras
situações e interferências tecnológicas que atravessam o pensamento sociológico,
então precisamos somente reaprender a pensar e refletir, com a finalidade de
nos tornarmos pessoas melhores, críticas e com conhecimento capaz de tomar
decisões.
Pasmem, mas o mundo atual nos traz ideias prontas e acabadas, as quais
precisamos apenas incorporá-las, mas isso é um perigo, visto que com nossa
pressa e urgência cotidiana, estamos deixando de lado valores essenciais para a
vida em sociedade. Em nome de uma agilidade, em nome da falta de tempo, em
nome da facilidade, deixamos de decidir sobre nosso próprio futuro. Fazemos o
que todo mundo está fazendo, escolhemos o que todo mundo está escolhendo
e aceitamos tudo sem maiores questionamentos, afinal, não queremos nada que
nos dê mais trabalho.
Seção 1
Sociologia histórica
O ato de pensar e de refletir não é uma condição humana na sociedade
moderna, ele remonta desde os primórdios, quando o homem começava a viver
em sociedade, embora de forma extremamente rudimentar. Mas ele buscava formas
de entender como se relacionar e como realizar suas necessidades mais básicas,
entendendo que deveria haver algumas ações que fossem um ritual, mostrando-se
iguais e comuns a muitos indivíduos. Então estava estabelecida uma conduta social.
É uma questão bastante comum acharmos que a sociologia começou nesta fase
primária da sociedade, mas não, a filosofia é que nasceu aí, mas temos que respeitar
esse passado histórico, onde renomados filósofos, como Sócrates, Platão, Aristóteles,
tiveram inumeráveis contribuições que, com o passar dos anos, foram sendo refinadas
e testadas. As afirmações filosóficas foram provadas pela reflexão exaustiva e hoje as
conhecemos como normas e padrões que regem a nossa sociedade.
De Aristóteles temos a definição no campo das ações éticas. Onde a ética tem
valor de ação, e a ação humana não só é definida pela virtude, mas também pelo bem
e pela obrigação, pertencem àquela esfera da realidade na qual cabem a deliberação
e a decisão ou escolha. Essa definição foi sendo tratada e pensada através dos anos,
e hoje chegamos à definição de homem virtuoso. É certo que a história da filosofia
não está finalizada, ela se apresenta em discreta e silenciosa caminhada nos idos da
sociedade moderna.
Então estes são alguns dos mais conhecidos filósofos que começaram a mexer
com o mundo das ideias e fazê-las representativas no mundo das relações sociais.
Sem eles não teríamos hoje a sociologia como tal, foi neste berço filosófico que se
deram as condições de percebermos a sociedade como um grande e rico objeto
de estudo.
1.2 O início
Foi a Revolução Francesa o estopim que deu aos iluministas, filósofos que
Foi Augusto Comte quem primeiro sinalizou para o termo sociologia a fim de
esboçar uma nova ciência. Comte não fez nada muito esplêndido, apenas uma
fusão de dois conceitos, socius e logos, traduzindo, sociedade e conhecimento, que
em uma expressão única forma: sociologia. Nasce uma nova ciência, que a partir de
agora dedica-se ao estudo da sociedade, como uma aurora que traz a expressão de
uma nova situação, o positivismo, embora muitos considerem Comte como filósofo
e não um cientista social inovador. Mas a verdade é que ele superou a todos de sua
época, pois sua linha de raciocínio foi a mais coerente e promissora dentre os que
participaram desta mesma fase. Ele demonstrou estar na mesma linha dos teóricos
do século XIX, que aspiravam à estruturação de um grande sistema que abrangesse
a compreensão do passado e a interpretação do presente na civilização humana,
apontando a um futuro. Estes representaram então o idealismo. Uma ilusão óbvia.
classes, que para ele é o propulsor da história. A teoria de Marx resume-se em indicar
uma nova sociedade, na qual todos os homens tenham iguais possibilidades de
desenvolver seu potencial integralmente, em seus diferentes aspectos, construindo
um indivíduo pleno.
Marx construiu uma teoria, que foi além do social, foi também política e
econômica, conhecida por marxismo, que pode ser considerada um conceito
para definir o mundo e seu materialismo moderno. É claro que ele teve um fiel
colaborador neste processo, que foi Engels, mas este na história sempre teve um
papel coadjuvante, embora seu potencial tenha sido tão grande quanto o de Marx.
Os dois formularam diferentes contextos históricos, econômicos e sociais de
acordo com as mudanças que estavam ocorrendo naquela época, dentro de uma
visão já capitalista de sociedade. Sua teoria é muito conhecida por definir o trabalho
como sendo a expressão de vida do ser humano, é através do trabalho que ele vai
alterar e interagir com os demais indivíduos e com a natureza. Com esta definição
ele entende e propaga a ideia de que é através do trabalho que o homem pode
transformar a si.
Embora Marx seja muito criticado por suas ideias comunistas, pois ele ateve-se
e muito a este assunto, inclusive ao escrever o Manifesto Comunista, a intenção
dele era mais chocar do que propriamente defender essa ideia de comunismo. O
conceito estava muito próximo do socialismo, ele só não deu este nome por uma
questão de dúbias interpretações, pois o socialismo engendra também conceitos e
doutrinas cooperativistas e mais utópicas, porém mais tarde ele mesmo assume essa
junção dos termos.
Mas não foi só Marx que presenciou estas novas condições sociais, muitos outros
viram o capitalismo se desenvolver e salpicaram formas ideológicas que visavam
romper com esta suposta exploração do sistema. É claro que o sistema venceu; até
mesmo Marx, que teve grande força em seu discurso na época, não conseguiu frear
esta nova sociedade emergente, não porque seus conceitos e palavras não tivessem
sentido e fundamento, mas porque a própria sociedade apresentou indícios de
algo novo ainda não experimentado pelos homens, e estes queriam vivenciar estas
mudanças, embora não soubessem e não tivessem clareza suficiente para o fazer.
Com a Revolução Industrial, a organização do trabalho foi alterada, os trabalhadores
deixaram de ter o controle do processo produtivo, eles já não mais são donos dos
meios de produção, nem sequer do produto que produzem, o que eles possuem
agora é a força de trabalho, e esta passa a ser negociada com os donos dos meios
de produção, é a força de trabalho sendo vendida à burguesia. Desta forma,
estabeleceu-se um novo modelo de sociedade, baseado naqueles que vendem sua
força de trabalho e naqueles que utilizam a força de trabalho, conhecido como os
proletários e burgueses.
Estes últimos, afoitos por lucros, são os proprietários dos meios de produção
e dos produtos, que determinam uma carga de trabalho abusiva sobre os
trabalhadores. Como tudo isso na sociedade é extremamente novo, esta separação
entre os indivíduos e suas relações de trabalho, a sociedade ainda não dispunha de
regulamentações que dessem garantias e estabelecesse parâmetros para esta relação
entre proletariado e burguesia, o que foi até mesmo pela lógica o motivo pelo qual a
burguesia aproveitou para explorar os trabalhadores sobremaneira. É como se fosse
na Idade Média, o país que perdia a guerra tornava-se escravo daquele que tinha
vencido. Por não ter nenhuma regra estabelecida, a própria burguesia tratou de fazer
a sua regra, que foi aceita socialmente, e tornou-se prática comum em todos os
lugares onde a Revolução Industrial chegava. Vejam como a maioria dos indivíduos
permitia-se ser explorada. Embora pensadores como Marx e seus contemporâneos
chamassem a atenção para esta condição degradante, os próprios indivíduos não
se atinham a estas ideias e conceitos, alguns levantes foram feitos, mas isso não
foi suficiente para parar o movimento social que surgiu, e se estabeleceu porque a
sociedade consentiu que fosse assim.
Para isso, Durkheim introduz o conceito de “fato social”, que são elementos da
vida social que existem independentemente e exercem influência sobre a ação dos
indivíduos. São modos de pensar, sentir e agir que forçam os indivíduos a se adaptarem
às regras da sociedade onde vivem. Pode-se pensar então que qualquer ação dos
indivíduos pode ser um fato social, porém Durkheim estabeleceu condições para se
categorizar um fato como social. Para ser considerado como tal, deve apresentar
três características: coercitividade, generalidade e exterioridade. A coercitividade é
a força já mencionada com a qual os padrões culturais se impõem aos indivíduos,
levando-os a cumpri-los. A exterioridade refere-se a algo que já existe exteriormente
ao indivíduo; quando ele nasce, os padrões culturais, legais e financeiros já estão
dados na sociedade em que ele vive, e pela coercitividade eles são aprendidos pelo
indivíduo. A generalidade significa que os fatos sociais nunca se referirão a um só
indivíduo, mas sempre ao grupo.
A realidade social para Weber é caótica, posto que impregnada do caos das
ações individuais. Para que o sociólogo consiga sistematizar o estudo das ações
sociais, Weber cria os tipos ideais de ação social, os quais são:
- ação tradicional: baseada nos costumes, como, por exemplo, festejar a Páscoa;
- ação racional orientada para valores: é uma ação baseada na razão e em valores
morais, como o trabalho voluntário;
- ação racional orientada para fins: ação racional realizada para obtenção de um
fim específico, como o trabalho em uma empresa.
Weber afirma que em cada tipo de sociedade, algumas destas ações são mais
valorizadas que outras e é isso que faz os grupos diferentes. Com este modelo, Weber
fez um estudo a respeito do florescimento do capitalismo na sociedade ocidental,
especialmente na Europa, descrito no ensaio “A ética protestante e o espírito do
capitalismo”. Sua pergunta era o porquê de o capitalismo não ter vicejado com tanta
força nas sociedades orientais quanto na Europa, no século XVI. Ele concluiu que o
tipo ideal de ação incentivada pela ética protestante era uma intensa valorização do
trabalho e do ascetismo para se chegar à salvação da alma. Em outras palavras, os
homens deveriam trabalhar arduamente e abdicar dos prazeres, e consequentemente
da liberalidade financeira, para purificar sua alma. Esse tipo ideal de ação favoreceu
o fortalecimento do capitalismo nos países de forte influência protestante. Weber
ressalta que não foi esta a única causa para a ascensão do capitalismo, mas que a
ética protestante foi fundamental. Assim, para ele, o capitalismo não é meramente
um sistema econômico, mas sim um processo sociocultural.
É uma época em que é possível ser não só espectador das mudanças, mas fazer
parte delas, presenciar as forças sociais, as configurações sociais, as originalidades
e os impasses contraditórios e divergentes da sociedade civil, a caracterização de
uma sociedade urbano-industrial, a classificação da burguesia e do proletariado, e a
nascente sociedade capitalista.
Tudo isso, é claro, não teria sido possível se não existissem os filósofos, que em
suas épocas davam já indícios por onde estes novos pensadores deveriam trilhar.
Eram formas muito simples de sociologia, devido também à condição simples da
sociedade, então não poderiam elaborar conceitos sociológicos em uma sociedade
que ainda não existia. Entre esses renomados filósofos são referências Montesquieu,
Vico e Rousseau e Kant, esses buscavam compreender as manifestações sociais de
acordo com a sociedade em que estavam vivendo, que ainda eram muito simples
em suas relações. O mundo moderno veio através das revoluções, como foi dito, e
transformaram todos os conceitos, que passaram a ser objeto de reflexão enquanto
estavam ocorrendo.
Diante de todo este cenário, é evidente que a revolução social está no eixo
central de todas as linhas e tendências da sociologia. A preocupação eminente é
compreender, explicar ou erradicar, em todo o mundo. À medida que conseguiam
avançar na compreensão das condições revolucionárias, eram bastante ousados
para expandir suas observações e atuação também nas demais regiões do globo,
como nas Américas e na Ásia. Naturalmente, as revoluções não são as mesmas, com
os mesmos ideais, causando por isso um interesse maior, num primeiro momento.
Tenta-se uma explicação sob a ótica da revolução burguesa, tentando também
uma outra ênfase sobre a revolução popular, operária, camponesa. São situações
que desafiam os pensadores, a inflexibilidade fica por conta da análise da revolução
social, que é a forma mais natural de se conhecer a sociedade, as forças sociais que
governam e seus movimentos sociais como um todo.
Seção 2
Sociologia no Brasil
Agora que tivemos um primeiro contato com a sociologia dos grandes
pensadores, conhecemos o berço sociológico, que foi a filosofia, estamos prestes
a conhecer como isso tudo chegou à nossa realidade brasileira, uma vez que todo
o processo de construção desse conhecimento se deu na Europa, como fomos
influenciados e a partir de quando começamos a enxergar nossa realidade, como e
com os mesmos princípios sociológicos que na Europa.
2.1 No Brasil
Em todos esses anos a Sociologia foi banida do ensino e de forma muito velada
algumas reflexões eram realizadas às escondias, período muito difícil para a sociedade,
que ficou sendo servida por condições extremamente avessas aos conceitos
filosóficos que deram corpo à sociologia. Após esse período volta a sociologia, que
é reconhecida como ciência e como tal se propõe a estudar as relações sociais e,
a partir da sociedade, tentar entender as relações individuais. Os eixos filosóficos da
sociedade já estão todos redefinidos, e agora o social é que deve ser estudado para a
compreensão do indivíduo em suas relações com os outros indivíduos.
Octávio Ianni foi um ícone em sua época e nas vindouras, sua capacidade intelectual
era formidável, embora sua época tenha sido lá no início - ele é nascido em 1926 -,
sua capacidade perceptiva e sua perspicácia quanto às condições sociais no Brasil lhe
davam uma invejável capacidade de estabelecer aspectos quanto às condições sociais
e políticas da época, de acordo com seu conhecimento acumulado e seu interesse
em estabelecer conceitos, foi um farol para os seus sucessores. Além disso, seus
estudos não ficaram só no contexto Brasil, ele procurou ampliar seus conhecimentos
para as questões mundiais da globalização e sua dominação imperialista.
7) a América Latina; reconhece o processo pelo qual a América Latina está passando
e alerta para o não atrelamento de nossos costumes com os ideais latino-americanos;
Este nome é considerado o criador da sociologia crítica no Brasil, sua vasta obra
evidencia as questões indígenas, uma vez que esta é uma característica genuinamente
brasileira, possui mais de 50 obras publicadas.
Sua sociologia tem estilo analítico e crítico, redescobriu com seu método peculiar
a pesquisa sociológica no país. Dentro do cenário nacional, não é errôneo afirmar que
Florestan transformou a maneira de se realizar a investigação sociológica. Ele é um
contemporâneo, pois seu falecimento se deu em 10 de agosto de 1995, em São Paulo.
Ele era considerado não só um cientista social, mas também um professor, pois seu
objeto de pesquisa tendeu sempre para a educação, é dele a frase: "Em nossa época,
o cientista precisa tomar consciência da utilidade social e do destino prático reservado
a suas descobertas".
2.4 O ressurgimento
Passamos a fase ruim, com a abertura política nos anos 80 o país retoma sua
identidade social. Durante a ditadura, muitos intelectuais foram aposentados e
impedidos de realizar suas atividades. Houve uma estagnação interna, alguns dos que
conseguiram sair do país vez ou outra faziam publicações autônomas no exterior.
Com esta abertura, muitos motivados pelo desejo ávido de fazer sociologia adentram
as carreiras políticas.
Com a abertura política nos anos 80, o país busca retomar sua identidade
social. Durante o regime militar, muitos intelectuais foram aposentados
e impedidos de lecionar, outros foram exilados ou se exilaram por
espontânea vontade.
Pasmem os senhores, mas o partido que mais se beneficiou com essa nova
atuação dos cientistas sociais foi o PT (Partido dos Trabalhadores), os renomados e
reconhecidos internacionalmente buscaram engajar-se na política do PT. Com essa
nova forma social, os intelectuais deram uma relevante importância para este período
histórico do fim da ditadura, tratava-se de uma integração de teorias sociais e práticas
políticas, já estabelecidas e testadas em países no exterior, que estes intelectuais
trouxeram para a nossa sociedade, agora como representantes políticos. O ápice
foi em 1988, com a promulgação da nova Constituição do Brasil, a sétima em vigor,
porém a única com o emblema de “cidadã”, como descrito por Ulysses Guimarães.
Seção 3
Atualmente já estamos no século XXI e a sociologia tem se tornado cada vez mais
interdisciplinar e plural, com sinais de diversificação própria da globalização e a cada
vez maior de grande multiplicação nos objetos de estudos.
Esta sociologia que hoje conhecemos é uma ciência muito complexa, não só para
a realidade brasileira, mas na sociedade brasileira ela apresenta uma particularidade.
Embora apresente um método sistemático científico, foi somente no início da
década de 30 que o pensamento sociológico surgiu com este formato de ciência
para nossa sociedade, tanto que nas ideias abolicionistas e republicanas, o losango
que aparece em nossa bandeira é símbolo do positivismo europeu, trazido por estes
idealizadores no final do século XIX.
Quando a sociologia volta à grade curricular do Ensino Médio, pode-se dizer que
foi um êxtase e o coroamento dos esforços empreendidos pelas múltiplas forças
dos sociólogos que vinham, ao longo de décadas, enfatizando a necessidade de
se ensinar teorias e conceitos que expliquem as ações sociais, para que a nação
seja consciente de seus desafios, e que os mesmos possam ser superados através
de medidas científicas e não através de anarquias e movimentos vazios, trazer a
reflexão sociológica ao conhecimento dos cidadãos para torná-los mais cultos, mais
capazes, mais atentos às mudanças sociais no Brasil daqui para a frente.
Para o sociólogo Tavares dos Santos, sua visão aponta para uma tendência neste
século XXI, para o movimento de “translação conceitual”, que seria uma espécie de
classificação das categorias geradas pela formação e reprodução das sociedades
capitalistas com características atuais, na direção de outras categorias emergentes do
interior das sociedades contemporâneas. Este novo movimento vai estabelecendo as
condições para a emergência de um outro saber sociológico, já capaz de reconstruir
intelectualmente a contextualização do novo século, com indicativos de uma nova
Vimos que nos dias atuais a sociologia é bastante teórica, e com estes
apontamentos é possível que sejamos capazes de entender a construção do
pensamento sociológico, com as influências próprias do século XX. Embora a
sociedade brasileira apresente condições muito peculiares, nossas influências
metodológicas são em bases muito consistentes das ciências sociais, então não há
como distorcer uma trajetória capaz de identificar quem são os organismos e os
principais fatores epistemológicos da reflexão.
o estudo das ações sociais, ele cria os tipos ideais de ação social.
( ) Marx ideologicamente acreditava que o proletariado seria capaz
de evoluir em sua condição social e chegar por si a uma condição
onde os trabalhadores seriam organizados a ponto de eles
mesmos estabelecerem o que seria para o bem da coletividade,
rompendo com o domínio burguês.
( ) Ele afirma que os fatos sociais são assimilados pelo pensamento,
se não forem vistos como coisas podem ter sua análise enviesada
pela ideologia de quem os estuda, pois o sociólogo também sofre
a coerção dos fatos sociais.
Referências
Objetivos de aprendizagem:
- Analisar a questão da ética e da moral no campo filosófico e sociológico;
- Relacionar a questão da moral e da ética com a docência.
- Refletir sobre o campo de luta em que se insere a disciplina de
Sociologia no Ensino Médio.
Introdução à unidade
Caros alunos, nesta unidade, “Valores morais e éticos”, vocês serão levados
a analisar a questão da ética e da moral tanto no campo filosófico quanto no
campo sociológico. Esta reflexão nos dará a possibilidade de entendermos como
estes valores contribuem para pensarmos a questão da docência, nossa escolha
profissional. A união da teoria e da prática é imprescindível ao professor e, mais
ainda, ao professor de Sociologia. Buscaremos relacionar a ética e a moral à
docência, especificamente à prática profissional do professor de Sociologia.
Ademais, esta unidade possibilitará que vocês compreendam um pouco o campo
de lutas em que a Sociologia se insere como disciplina na Educação Básica.
Diante de nossa realidade atual, onde muitas vezes não sabemos como lidar
com nossos alunos em sala de aula, onde a violência e o desrespeito ao professor
parecem ser a regra, ainda é possível falarmos de ética?
Seção 1
A ética de Sócrates foi pouco desenvolvida, mas outro filósofo, Aristóteles, pôde
dar uma maior sofisticação ao termo. Na filosofia se faz necessário pensar a ética fora
do campo da religião. Sócrates pensou o bem moral fora do pensamento religioso de
seu tempo, à luz da racionalidade e não dos costumes.
Com efeito, tanto o termo "ética" como o termo "moral" possuem suas raízes
etimológicas ligadas aos "costumes". No dicionário básico de filosofia (JAPIASSU;
MARCONDES, 2001, p.69), lemos que o termo "ética" deriva do vocábulo grego
"ethos", que significa costumes, espaço da convivência humana. No mesmo dicionário
notamos que o termo "moral", por sua vez, remonta ao vocábulo latino "morus" (ou
"moris" no plural), que significa costume(s) (JAPIASSU; MARCONDES 2001, p. 134).
Assim, se fôssemos considerar apenas a origem etimológica dos termos, haveríamos
de concordar que a ética e a moral são a mesma coisa, pois ambas lidam com
questões ligadas aos costumes.
Ademais, devemos lembrar que tanto um termo quanto o outro são usados ora
como substantivo, ora como adjetivo, o que colabora para certa confusão acerca dos
seus significados. Aqui, obviamente, nos interessam suas definições substantivas.
Qual critério Sócrates elege como guia da ação humana? A resposta é bem simples,
considerando que se trata de um filósofo. O conhecimento, afirma Sócrates, é o único
guia capaz de levar o homem à felicidade, ou seja, à vitória contra os revezes causados
pelas paixões, pelos desejos e temores que nos assombram constantemente. Se
considerarmos as lições atribuídas a Sócrates, haveremos de concordar que nem a
tradição - por mais antiga que seja -, nem o ambiente político da cidade são capazes
de fornecer os valores que guiarão o homem rumo à realização plena de sua natureza
racional. O conhecimento é a mais elevada forma de excelência (areté), isto é, a virtude
no mais alto grau (REALE, 1990, p. 89).
É preciso a autocrítica (só sei que nada sei), a autoanálise (conhece-te a ti mesmo),
ou seja, a busca pelo conhecimento da natureza humana para que cheguemos a uma
velhice feliz. Sócrates elabora, portanto, uma ética de cunho racionalista.
A filosofia moral de Platão (428-348 a. C.), por seu turno, está intimamente ligada à
sua teoria política, isto é, o seu ideal de homem não pode ser descolado do seu ideal
de sociedade (REALE, 1990). Embora concorde com seu mestre que o conhecimento
racional é o mais elevado dos bens, ele não o recomenda a todos os homens. Talvez
por sua ascendência aristocrática, Platão deixa a entender que nem todos os homens
nascem para a atividade do pensamento, para ter uma vida filosófica. Existem alguns
"tipos humanos" e cada qual possui a sua virtude, a sua forma de excelência (areté).
o filósofo estabelece que a ética é a ciência que tem por finalidade identificar o que
é o bem do homem, considerando sua natureza racional, e os meios para se realizá-
lo. Essa perspectiva que busca o fim ou a finalidade da vida humana é denominada
teleologia (doutrina dos fins), tal que atribui-se a Aristóteles a elaboração de uma ética
teleológica (ABBAGNANO, 2007, p. 380).
fim último da vida feliz. Nós sabemos que ele é o nosso bem primeiro e congênito;
dele partimos em qualquer ação de escolha e de rejeição, e a ele nos reportamos ao
julgarmos todo bem como base nas afeições assumidas como norma" (EPICURO,
apud NICOLA, 2005, p. 108).
Dois aspectos dessas teorias éticas que valem a pena destacar são, primeiramente,
a apologia da amizade por parte do epicurismo, e a seguir, a defesa do cosmopolitismo
da parte dos estoicos. A primeira torna-nos parte de uma "comunidade de iguais", ao
passo que a segunda nos torna "cidadãos do mundo", capazes de assimilar valores
de culturas estrangeiras, ao mesmo tempo que exportamos valores, e manter com
elas um produtivo contato. A comunidade de iguais, ao seu modo, nos liberta das
obrigações e dos problemas da vida comunitária - burocracia, por exemplo. Esse
tipo de comunidade nos transporta para um ambiente de prazer físico e intelectual,
inserido no qual a subjetividade encontra espaço para a sua realização.
Tomás de Aquino, por sua vez, recusa a concepção segundo a qual o Mal é algo,
uma entidade. Ele o entende como parte da natureza, no sentido da imperfeição ou
da corrupção das coisas criadas, que podem ser perecíveis e imperfeitas. No tratado
sobre o homem, Tomás de Aquino discute o livre-arbítrio em termos da liberdade do
ato voluntário, enquanto escolha racional. Para ele, o livre-arbítrio decorre da própria
racionalidade humana e é um pressuposto da ética enquanto possibilidade de escolha
daquilo que é bom em detrimento do que é mau. (MARCONDES, 2007, p. 59)
ciência tenta dar conta dos novos padrões de comportamento, valores e normas que
passam a reger a vida em sociedade. Neste sentido, teremos análises sobre as normas
e regras de comportamento gerais da sociedade moderna, com Durkheim; teremos
análises das especificidades da origem do capitalismo no Ocidente com o papel da
ética protestante em Weber; e as ideologias construídas pela sociedade capitalista
(normas, valores etc.) analisados por Marx.
Desta forma, veremos na próxima seção como a Sociologia, através dos chamados
clássicos (Durkheim, Weber e Marx), analisa as questões que envolvem os valores
morais e éticos.
Seção 2
Para entender mais sobre o assunto, leia a obra de Émile Durkheim, “Da
divisão do trabalho social”. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
A questão da moral foi muito debatida e analisada por Durkheim ao longo de suas
obras. Para o autor, os fatos morais são fenômenos como outros, “isto é, que a moral
era um sistema de fatos realizados, ligados ao sistema total do mundo, e é a partir dessa
premissa que ele tenta tratar os fatos da vida moral a partir do método das ciências
positivas” (MELO, 2009, p. 9). A análise desenvolvida pelo autor sobre a divisão social
do trabalho está totalmente relacionada com a moral, na medida em que o que dá a
coesão, o consenso social, é a solidariedade social (fenômeno moral).
Assim sendo, para Durkheim, a moral acaba revelando o quanto dos outros há em
nós, de todos os outros! Ou seja, as representações coletivas que construímos social
e historicamente são exteriores aos indivíduos e podem assumir diferentes estágios,
dependendo da evolução da sociedade. Lembram que vimos aqui que pensar em
moral em Durkheim deve passar pela questão da solidariedade social? Pois, então!
Para Durkheim, dependendo do estágio em que a sociedade se encontre, você
pode observar um maior ou menor grau de compartilhamento de valores, ou seja,
em sociedades ditas primitivas, com pouca diferenciação social, os valores, normas,
são compartilhados e a consciência coletiva é maior (o que Durkheim chamou de
solidariedade mecânica).
Essa nova postura frente à acumulação de riquezas é vista por Weber como o
“espírito do capitalismo”, cuja origem está na religião, ou seja, as normas, valores e
crenças que determinam a vida em sociedade no capitalismo possuem origem no
protestantismo, em especial o puritanismo. Os primeiros capitalistas eram, em sua
maioria, puritanos.
Para Marx e Engels, as ideias de uma época são sempre as ideias das classes
dominantes. Assim sendo, as regras de comportamento, as leis, as normas no interior
do capitalismo, servem para reproduzir esta lógica de exploração e dominação. As ideias
de família, educação, trabalho, etc. são construídas a partir do modo de produção a que
se insere. Desta forma, devem ser vistas e analisadas a partir da perspectiva de classes.
Este paradoxo descrito na citação acima vale tanto para Marx quanto para Engels.
Podemos afirmar que grande parte das pessoas que se vinculam à teoria marxista,
o faz por motivos morais. Entretanto, o socialismo de Marx não se baseia em uma
exigência moral subjetiva, mas em uma teoria da história. Para ele, a sociedade
capitalista como está não representa o fim da história, muito pelo contrário, o modo
de produção capitalista cria alguns pressupostos materiais de uma futura sociedade
socialista e do comunismo. Esta análise não pretende ser um julgamento moral,
mas antes, demonstrar as contradições iminentes ao modo de produção capitalista
(BOTTOMORE, 2001, p. 142).
Para Émile Durkheim, aprender a ser professor não é simplesmente preparar aulas
e provas. É aprender a agir na vida como professor, relacionar-se com os outros a
partir desta profissão, ou seja, aprender a agir de acordo com o que a sociedade
Por outro lado, nos resta questionar como a educação neste contexto social pode
contribuir com a emancipação humana, livrá-lo da opressão social (RODRIGUES,
2007, p. 31).
Seção 3
Veja, aluno, por que, afinal, houve um aumento nos cursos de Licenciatura em
Ciências Sociais ou Sociologia no Brasil nos últimos anos? Vocês mesmos estão
inseridos nesta conjuntura! Quais os interesses por detrás da entrada e retirada da
Sociologia no Ensino Médio? Qual o papel político do professor de Sociologia?
Estas e outras questões serão debatidas nesta terceira seção. Buscarei relatar
algumas experiências de sala de aula como professora de Sociologia do Ensino Médio.
Espero que gostem!
Com esta lei a Sociologia é implementada no Ensino Médio, mas fica a cargo
das escolas (ou resoluções estaduais) determinar o número de aulas respectivo. No
Paraná, onde sou professora, prioriza-se a equidade das disciplinas no Ensino Médio,
então esta possui duas aulas semanais por turma.
Mas vocês podem estar se perguntando: o que devemos ensinar aos alunos
do Ensino Médio com a Sociologia? A Sociologia deve, como disciplina, seguir
determinadas orientações e diretrizes curriculares. De acordo com as Orientações
Curriculares para o Ensino Médio Nacionais (OCN, 2006), a Sociologia deve
modificar os modos de pensar, questionar as concepções de mundo, de economia,
de sociedade. Trazer a historicidade aos fenômenos sociais, desnaturalizando-os,
problematizar, gerar estranhamento. O papel da sociologia, portanto, é humanizar
o homem.
Na escola em que leciono Sociologia aqui em Londrina, Paraná (C.E. Hugo Simas),
conto com a ajuda dos alunos bolsistas do PIBID. Este ano estamos propondo que
os alunos construam o grêmio estudantil na escola. O PIBID é um programa do
governo federal MEC, que visa ao incentivo à formação docente. Meu vínculo é
como supervisora do PIBID pela UEL (Universidade Estadual de Londrina).
a) como ideologia.
b) como revolucionária.
c) como reprodutora das ideias dos dominados.
d) como conhecimento.
Referências
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2007.
ARAUJO, S. M.; BRIDI, M. A.; MOTIM, B. L. Sociologia. São Paulo: Scipione, 2013.
BOTTOMORE, T. Dicionário do pensamento marxista. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática Editora, 2000.
DURKHEIM, É. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 1995a.
____________. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1995b.
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de Filosofia. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2001.
JOHNSON, A. G. Dicionário de Sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
MARCONDES, D. Textos Básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007.
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MELO, M. F. A moral em Durkheim. XIV Congresso Brasileiro de Sociologia 28
a 31 de julho de 2009 Grupo de Trabalho: Teoria Sociológica, Rio de Janeiro (RJ),
2009. Disponível em: <http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&so
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br%2Fportal%2Findex.php%3Foption%3Dcom_docman%26task%3Ddoc_download%
26gid%3D3683%26Itemid%3D170&ei=R4VVazDHPi1sQTtp4L4DQ&usg=AFQjCNEqD
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MORA, J. F. Dicionário de Filosofia. Trad. António José Massano e Manuel Palmeirim.
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MORAES, A. C.; GUIMARAES, E. F.; TOMAZI, N. D. OCNS - Orientações Curriculares
Nacionais: Sociologia. Brasília: Ministério da Educação, 2006.
NICOLA, U. Antologia ilustrada de Filosofia: das origens à idade moderna. Trad. Maria
Margherita de Luca. São Paulo: Editora Globo, 2005.
OUTHWAITE, W. Dicionário do pensamento social do século XX. Rio de Janeiro: