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TÝtulo: Sistema de Documentação TELEBRÁS 235-600-002

Aplicativo Série ENGENHARIA


de criaþÒo: EMISSÃO 02, MAI 1998
Data de criaþÒo: PÁG. 1 DE 23

- PRÁTICA -

PRINCÍPIOS PARA PROJETO DE PROTEÇÃO ELÉTRICA DA REDE EXTERNA


DE TELECOMUNICAÇÕES

SUMÁRIO...............................................................................................................PÁG.

1. GENERALIDADES................................................................................................ 2

2. REFERÊNCIAS...................................................................................................... 2

(A) Da TELEBRÁS................................................................................................ 2
(B) Outras............................................................................................................... 2

3. CAMPO DE APLICAÇÃO..................................................................................... 2

4. DEFINIÇÕES.......................................................................................................... 2

5. COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTO................................................................. 4

(A) Rede Aérea com Mensageiro Nu..................................................................... 4


(B) Rede Aérea sem Mensageiro Nu...................................................................... 9
(C) Rede Subterrânea / Enterrada........................................................................... 10

6. COORDENAÇÃO DE SOBRECORRENTES....................................................... 10

7. LOCALIZAÇÃO DE PROTETORES.................................................................... 14

8. VINCULAÇÃO E CONTINUIDADE.................................................................... 16

9. CRUZAMENTOS COM LINHAS DE ENERGIA ELÉTRICA............................ 17

10. CRITÉRIOS DE ATERRAMENTO....................................................................... 17

(A) Aterramento do Cabo Mensageiro................................................................... 17


(B) Aterramento da Blindagem.............................................................................. 18
(C) Aterramento Próximo a Instalações Elétricas.................................................. 21

11. OBSERVAÇÃO...................................................................................................... 23

12. APROVAÇÃO E DATA DE VIGÊNCIA.............................................................. 23


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1. GENERALIDADES

1.01 Esta prática tem por objetivo estabelecer as justificativas técnicas para os procedimentos de
proteção elétrica especificados nas referências 2.01 e 2.02.

1.02 Os procedimentos aqui descritos se aplicam genericamente a uma rede de telecomunicações


de forma a torná-la compatível com as características do ambiente externo, como o uso-mútuo de
posteação com rede de energia elétrica e a natural exposição aos efeitos das descargas atmosféricas.

1.03 Para o caso de redes de telecomunicações em situações específicas, como no caso de longos
paralelismos com linhas de energia elétrica, por exemplo, podem ser necessários procedimentos
complementares que não são tratados neste documento.

2. REFERÊNCIAS

(A) Da TELEBRÁS

2.01 SDT-235-610-604 (PADRÃO) - Projeto de Proteção Elétrica na Rede Subterrânea ou


Diretamente Enterrada.

2.02 SDT-235-610-603 (PADRÃO) - Projeto de Proteção Elétrica na Rede Aérea.

(B) Outras

2.03. The Protection of Telecommunication Lines and Equipments Against Lightning Discharges
- ITU 1974.

3. CAMPO DE APLICAÇÃO

3.01 Esta Prática se aplica às Empresas do Sistema TELEBRÁS, sendo a sua divulgação
classificada como ostensiva.

4. DEFINIÇÕES

4.01 Uso Mútuo de Posteação - utilização da mesma posteação para suportar a rede de energia
elétrica e a rede de telecomunicações.

4.02 Rede de Distribuição de Energia Elétrica - rede elétrica responsável por levar energia da
subestação de distribuição até os consumidores.

4.03 Rede Primária - rede de distribuição de energia elétrica que opera com tensões elevadas (por
exemplo, 13,8 kV) e é responsável por levar energia desde a subestação de distribuição até os
consumidores (em tensão primária) ou até os transformadores da rede secundária.

4.04 Rede Secundária - rede elétrica de distribuição que opera em baixa tensão (por exemplo,
220V) e é responsável por levar energia desde os transformadores da rede secundária até os
consumidores.
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4.05 Rede de Transmissão de Energia Elétrica - rede elétrica responsável por levar energia da
usina de geração até a subestação de distribuição.

4.06 Alimentador - parte da rede primária de distribuição cuja proteção está a cargo do disjuntor
da subestação.

4.07 Ramal - parte da rede primária distribuição cuja proteção está a cargo de equipamentos
localizados ao longo da rede (por exemplo, chaves fusíveis).

4.08 Disjuntor - equipamento de proteção da rede elétrica que abre o circuito elétrico quando
acionado pelo relé de proteção.

4.09 Religador - equipamento de proteção da rede elétrica que abre ou fecha o circuito elétrico
quando acionado pelo relé de proteção.

4.10 Chave Fusível - equipamento de proteção da rede elétrica que abre o circuito elétrico
quando a corrente que passa pelo mesmo excede a característica corrente x tempo do seu elo
fusível.

4.11 Relés de Proteção - dispositivo de proteção que tem por função comandar a abertura do
religador ou do disjuntor quando a corrente no circuito ultrapassa a sua característica corrente x
tempo.

4.12 Potência de Curto-Circuito - produto entre a tensão antes do curto-circuito e a corrente de


curto-circuito em um dado ponto da rede elétrica.

4.13 Coordenação de Isolamento - especificação dos diversos níveis de isolamento de um sistema


elétrico de forma que as descargas elétricas ocorram por caminhos pré-determinados.

4.14 Nível Básico de Isolamento - corresponde ao valor de pico de uma tensão impulsiva cuja
aplicação em um dado isolamento tenha a probabilidade de 50% de causar centelhamento.

4.15 Tensão Suportável - valor da tensão que, uma vez aplicada a um isolamento por um dado
tempo, não provoca centelhamento.

4.16 Tensão Disruptiva Assegurada - valor da tensão que, uma vez aplicada a um isolamento por
um dado tempo, provoca com certeza centelhamento.

4.17 Descarga de Superfície - arco elétrico que se forma sobre a superfície de um isolador.

4.18 Descarga Através do Solo - arco elétrico que se forma no solo (“soil breakdown”).

4.19 Coordenação de Sobrecorrentes - especificação das características dos relés de proteção, da


capacidade de condução de corrente dos condutores e das impedâncias de curto-circuito de forma
que haja o acionamento da proteção da forma mais efetiva possível e sem causar danos à rede.

4.20 Corrente Subsequente - corrente elétrica (geralmente de freqüência industrial) através de


um arco elétrico que foi originado por uma tensão impulsiva ("power follow").
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4.21 Resistência Equivalente - resistência para a terra vista de um dado ponto da rede. No caso
do cabo mensageiro, é o resultado das associações série e paralelo dos aterramentos do mensageiro
com a resistência própria do mesmo.

5. COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTO

5.01 A coordenação de isolamento ao longo da rede telefônica tem por objetivo impedir que as
descargas elétricas originadas por faltas da rede de energia elétrica ou por descargas atmosféricas
atinjam o núcleo dos cabos ou fios telefônicos. Isto é obtido através da instalação de isoladores com
características apropriadas em pontos estratégicos da rede, de forma que todas as sobretensões que
possam ser impostas à mesma sejam suportáveis.

(A) Rede Aérea com Mensageiro Nu

5.02 A proteção contra descargas elétricas provenientes da rede secundária de distribuição de


energia elétrica é obtida com relativa facilidade devido às baixas tensões com que operam estas
redes, usualmente 110 V, 127 V, ou 220 V nominais. O principal procedimento para se evitar estas
descargas é se observar sempre o afastamento mínimo de 60 cm entre a rede telefônica e qualquer
condutor da rede elétrica. No caso onde não for possível atender a este requisito, deve-se encapar o
trecho exposto do cabo mensageiro com o tubo TIM, conforme descrito na Prática 235-610-603.

5.03 A proteção contra descargas elétricas provenientes da rede primária de distribuição de


energia elétrica é mais complexa, uma vez que só o afastamento das redes não garante o isolamento
necessário. De qualquer modo, deve-se sempre observar uma distância mínima de 1,60 m entre a
rede primária de energia (tensões entre 600 V e 15000 V) e a rede telefônica. A necessidade de
medidas complementares se dá pelo fato de uma descarga na rede primária provocar a energização
do poste, no caso do mesmo ser metálico ou de concreto. O caminho típico de uma descarga da
rede primária através de um poste de concreto em uso mútuo é mostrado na Figura 1, onde a
descarga passa da fase da rede elétrica para a mão francesa (via arco elétrico ou falha do isolador),
desta para a ferragem do poste (perfurando a camada de concreto que a recobre) e da ferragem do
poste para o cabo mensageiro.

5.04 Como a tensão máxima que pode ser imposta à rede telefônica é a tensão fase-terra da rede
elétrica, consegue-se uma boa proteção ao se instalar isoladores entre o poste e a rede telefônica, os
quais devem ter uma tensão suportável acima deste valor. Desta forma, mesmo sendo o poste
energizado com a tensão fase-terra nominal da rede primária, esta tensão não é capaz de provocar
uma descarga para a rede telefônica. A tensão fase-terra é obtida dividindo-se a tensão fase-fase
nominal por raiz de três (1,73), o que leva a um valor máximo de 8,7 kV para a classe de tensão de
15 kV (valores eficazes).

5.05 Além das tensões de freqüência industrial, as linhas de energia também experimentam
tensões impulsivas, as quais podem ser originadas por chaveamentos de carga ou por descargas
atmosféricas, por exemplo.
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Figura 1 - Caminho Típico de uma Descarga da Rede Primária de Energia Elétrica

5.06 Do ponto de vista da rede telefônica, só são relevantes as tensões impulsivas capazes de
provocar uma descarga através do isolador da rede primária, o qual tem um nível básico de
isolamento de cerca de 100 kV. Usualmente, apenas as sobretensões originadas por descargas
atmosféricas conseguem provocar descargas na rede primária de distribuição, podendo a descarga
atmosférica incidir diretamente na linha elétrica ou nas suas proximidades. Como estas
sobretensões são aplicadas ao poste de uso-mútuo, torna-se inviável isolar a rede telefônica para
estes níveis de sobretensões.

5.07 Para se proteger a rede telefônica destas descargas, estabelece-se um caminho preferencial
que seja fora do núcleo do cabo telefônico. Isto é feito especificando-se a tensão suportável dos
isolamentos relativos ao núcleo do cabo (armário de distribuição, caixas terminais, caixas de
emendas) acima da tensão disruptiva assegurada do isolamento do cabo mensageiro. Dessa forma,
ocorre centelhamento para o cabo mensageiro e não para o núcleo do cabo telefônico. Como em
todo poste tem-se um isolador com a mesma tensão disruptiva, conclui-se que haverá
centelhamentos ao longo da rede, através dos isoladores, de forma a drenar a energia para a terra
através dos aterramentos constituídos pelas bases dos postes (no caso de postes de metal ou
concreto).

5.08 A máxima tensão que pode ser imposta ao cabo mensageiro é a tensão disruptiva assegurada
do seu isolador. A Figura 2 ilustra o processo, onde os isoladores de mensageiro podem ser vistos
como centelhadores. Neste caso, o cabo mensageiro atua efetivamente como um cabo pára-raios,
protegendo o cabo telefônico.

5.09 Como o cabo mensageiro está exposto às descargas impulsivas, todas as emendas aéreas
devem ser isoladas deste com isoladores que apresentem uma tensão suportável acima da tensão
disruptiva do isolador entre o poste e o cabo mensageiro.

5.10 Conforme descrito no item 5.04, o cabo mensageiro deve ser isolado do poste através de um
isolador cuja tensão suportável seja superior à tensão fase-terra da rede elétrica. Da mesma forma,
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todos os componentes devem ser isolados do poste e do mensageiro com isoladores que apresentem
uma tensão suportável acima da tensão disruptiva assegurada do isolador entre mensageiro e poste.

5.11 Embora algumas solicitações elétricas sejam impulsivas, esta coordenação de isolamento
pode ser feita em freqüência industrial (valores eficazes), pois testes realizados com este tipo de
isolamento mostram a existência de uma proporcionalidade entre estes valores. A preferência pela
especificação de níveis de isolamento em freqüência industrial justifica-se pela maior facilidade de
realização de ensaios.

Figura 2 - Mensageiro Atuando como Cabo Pára-Raios

5.12 A Tabela 1 apresenta as características básicas para a coordenação de isolamento da rede


externa, a qual especifica valores tanto para a condição do isolador seco quanto na condição sob
chuva. Nesta tabela foram também incluídos os valores dos isolamentos externos dos cabos e fios
telefônicos, com o objetivo de mostrar que eles coordenam com os demais componentes da rede.

Classe de Tensão Até 15 kV De 15 a 35 kV


Isol. do Mensageiro Suportável 10 kV 25 kV
Disruptiva 25 kV 35 kV
Isol. CEV, TPF, TPA Suportável 25 kV 35 kV
Isol. Cabo Telefônico Suportável 40 kV 40 kV
Isol. Fio Externo Suportável 35 kV 35 kV
Suportável : Tensão Suportável sob Chuva; Disruptiva : Tensão Disruptiva Assegurada a Seco

Tabela 1 - Coordenação de Isolamento (Valores em kV Eficazes)


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5.13 Foram definidas duas classes de tensão para o uso-mútuo de posteação: até 15 kV e entre
15kV e 35 kV. Para redes elétricas acima de 35 kV não deve ser projetado o uso-mútuo. A Figura
3 mostra de maneira esquemática a coordenação de isolamento da rede externa.

Figura 3 - Coordenação de Isolamento da Rede Externa

5.14 Para o isolamento da cordoalha de aterramento utiliza-se um tubo de material isolante onde
a cordoalha é introduzida. O isolamento deve atender aos requisitos elétricos da Tabela 1. Para
evitar descargas de superfície, este isolamento deve ir desde a conexão da cordoalha de aterramento
com a rede, conexão esta que deve ficar afastada de no mínimo 20 cm do poste, conforme a Figura
4. Da mesma forma, o isolamento deve ir até a conexão da cordoalha com a primeira haste de
aterramento, a qual deve ficar afastada de no mínimo 2 metros da base do poste, de forma a evitar
uma descarga através do solo, conforme a Figura 4.

5.15 O cabo mensageiro deve ser isolado para a segurança pessoal, observando-se os seguintes
aspectos :

a) O tubo de isolamento de mensageiro (TIM) só atua como isolante para baixas tensões. Isto se
deve ao fato deste tubo ter um corte longitudinal para propiciar sua instalação no mensageiro.

b) A instalação criteriosa do tubo TIM é uma importante medida de prevenção de contatos


acidentais com a rede elétrica de baixa tensão e de garantia de segurança pessoal do instalador, ao
impedir que o mesmo toque no mensageiro nu enquanto trabalha na rede.
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c) Como o tubo TIM não protege o instalador contra tensões impulsivas originadas por descargas
atmosféricas, não devem ser realizados trabalhos na rede externa durante a ocorrência de
tempestades com raios.

Figura 4 - Isolamento da Cordoalha de Aterramento

5.16 Para redes em posteação de madeira, a coordenação de isolamento pode ser obtida através
da instalação de um condutor conectado à braçadeira de fixação do isolador e com a outra
extremidade enterrada no solo, conforme a Figura 5. Este condutor pode ser o mesmo do cabo
mensageiro e deve ser instalado em um poste a cada três postes de madeira consecutivos.

Figura 5 - Condutor de Proteção em Poste de Madeira

(B) Rede Aérea sem Mensageiro Nu

5.20 A coordenação de isolamento descrita anteriormente se aplica a redes de cabo espinado em


mensageiro nu. Para redes de cabo espinado em mensageiro isolado, de cabo auto-sustentado com
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mensageiro de aço (AS), cabo auto-sustentado com fibra de vidro (ASF) ou cabo espinado em
mensageiro dielétrico, tem-se condições distintas que são considerados a seguir.

5.21 Para o cabo mensageiro isolado (espinado ou auto-sustentado), deve-se considerar que:

a) O isolamento do cabo mensageiro (capa externa) deve ter uma tensão suportável sob chuva de
no mínimo 25kV.

b) Este isolamento deve ser preservado em toda extensão da rede, exceto nos pontos de fixação nos
postes.

c) Nos pontos de fixação nos postes, o isolamento do mensageiro deve ser retirado e deve ser
instalado isolador que atenda à Tabela 1 (isolamento de mensageiro).

5.22 Para o cabo ASF ou com mensageiro dielétrico, deve-se considerar que:

a) Como não tem cabo mensageiro, este cabo dispensa isoladores para sua fixação ao poste.

b) Devem ser tomados cuidados com as emendas para que as mesmas não fiquem com um baixo
isolamento em relação ao poste. Este é o caso da utilização de uma alça pré-formada para a fixação
da emenda, quando deve-se instalar isoladores de forma a preservar a coordenação de isolamento da
rede.

c) Em redes em uso-mútuo com rede elétrica secundária ou que tenha neutro, as fases da rede
elétrica secundária ou cabo neutro atuarão como "cabo pára-raios" para a rede telefônica, suprindo a
falta do cabo mensageiro metálico. No entanto, para o caso de rede em uso-mútuo com rede elétrica
primária sem neutro (três fios), recomenda-se lançar um cabo mensageiro nu acima do cabo
telefônico, o qual deve ser fixado ao poste através de isoladores que atendam à Tabela 1. Este cabo
tem a função de proteger a rede telefônica contra as descargas impulsivas, devendo ser instalado
também em posteação de uso exclusivo da companhia telefônica no caso de redes sujeitas à ação
das descargas atmosféricas (periferia de cidades ou áreas rurais). Neste último caso, o uso de
isoladores para fixação do cabo mensageiro pode ser dispensado.

5.23 Para a rede de fios externos (FE) deve-se observar as seguintes precauções de forma a
preservar a coordenação de isolamento da rede :

a) A fixação de fio externo no poste deve ser feita preferencialmente através de isolador apropriado
(tipo roldana) ou outro acessório que não danifique a capa plástica do fio.

b) As emendas de fios externos devem ficar afastadas do poste e do cabo mensageiro a uma
distância de no mínimo 20 cm, de forma a evitar a ocorrência de descargas de superfície .

c) Deve-se evitar de toda forma a realização de incisões no isolamento do fio externo para efeito de
teste da linha, o que danifica a capa do fio e cria um ponto de baixo nível de isolamento na rede.

d) Deve-se evitar a introdução do fio externo em eletrodutos metálicos (para atendimento a TP, por
exemplo), pois o atrito do fio com a borda do eletroduto provoca a ruptura do isolamento.

(C) Rede Subterrânea / Enterrada


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5.2.4 As emendas dos cabos telefônicos subterrâneos que distarem menos de 20 metros de um
aterramento de energia elétrica devem ser isoladas da estrutura da caixa subterrânea, com o
objetivo de evitar que os potenciais de solo produzidos pelo aterramento injetem correntes
indevidas na rede telefônica. Nestes casos, deve ser feita uma vinculação provisória por ocasião de
trabalho nas emendas.

5.25 No caso de cabos telefônicos diretamente enterrados, deve ser instalado um condutor de
guarda em paralelo com o cabo, a cerca de 15 cm do mesmo, considerando-se os seguintes
aspectos:

a) A função deste condutor é equalizar os potenciais de solo por ocasião da incidência de uma
descarga atmosférica próxima ao cabo, evitando com isso a perfuração da sua capa.

b) A ação deste condutor de guarda é essencialmente a mesma do cabo mensageiro aéreo, com a
exceção de que o mesmo não está sujeito às correntes de freqüência industrial.

c) De acordo com a referência 2.05, não se deve vincular a blindagem do cabo telefônico com o
condutor de guarda.

6. COORDENAÇÃO DE SOBRECORRENTES

6.01 A coordenação de sobrecorrentes entre a rede telefônica e a rede elétrica tem por objetivo
assegurar que uma falta fase-terra que envolva a rede telefônica seja detectada pela proteção contra
sobrecorrentes da rede elétrica e que a energia dissipada na rede telefônica durante o tempo de
energização da falta seja suportável pelos condutores da mesma.

6.02 A detecção de faltas originadas pelo contato com a rede secundária de distribuição de
energia elétrica é muito difícil, razão pela qual deve-se observar os seguintes critérios no
isolamento da rede de telecomunicações :

a) A dificuldade se deve ao fato da rede secundária operar com elevadas correntes de carga e com
uma proteção contra sobrecorrentes que só detecta uma falta pela magnitude da corrente.

b) Considere-se o circuito composto por um transformador de 112 kVA (alta potência) e tensão 220
V. A sua corrente nominal de carga é 294 A, correspondendo a uma carga com impedância fase-
neutro de 0,43 . Para que uma falta fase-rede telefônica possa ser detectada pela chave fusível que
protege o transformador, a resistência equivalente da rede telefônica para a terra deve ser bem
inferior à este valor, o que é inviável. De fato, apenas a resistência de 30m de cabo mensageiro
(um vão de postes urbanos) já supera este valor .

c) Um eventual contato da rede secundária com o cabo mensageiro não configura um curto-circuito
fase-terra para a chave fusível do transformador, podendo o cabo mensageiro ficar energizado. Para
que o instalador não corra o risco de choque elétrico ao trabalhar nos pontos de distribuição, os
mensageiros devem ser isolados nas emendas aéreas com o tubo TIM de forma que o mesmo não
seja acessível para suas mãos. Devem ser tomados cuidados de segurança pessoal quando do
manuseio do cabo mensageiro, o que inclui o uso de luvas isolantes e um teste prévio para se
detectar uma eventual energização.

6.03 Como foi visto, o único condutor da rede telefônica acessível a uma descarga elétrica é o
cabo mensageiro, o qual pode ser energizado por uma tensão impulsiva que supere a tensão
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suportável do isolador entre o mensageiro e o poste. Neste caso, a tensão impulsiva pode abrir
caminho para a corrente de freqüência industrial, configurando uma descarga da rede elétrica. Para
se obter a coordenação de sobrecorrentes, deve-se observar os seguintes critérios :

a) Para que a proteção da rede elétrica detecte esta descarga como uma falta fase-terra é necessário
que a corrente de falta seja suficiente para sensibilizar os dispositivos de proteção contra
sobrecorrentes. Isto é obtido estabelecendo-se um valor máximo de resistência equivalente do cabo
mensageiro em relação à terra, de forma que a corrente de curto-circuito seja sempre superior à
máxima corrente de ajuste dos relés de proteção.

b) A corrente de ajuste dos relés de proteção varia em uma ampla faixa, sendo função
principalmente do nível de desbalanceamento da rede, isto é, quanto mais desbalanceada é a rede
(maior corrente de carga pela terra) maior é o ajuste da corrente de sensibilização do relé. Além
disso, a corrente de falta em um dado ponto da rede é função não apenas da resistência equivalente
da rede telefônica, mas também da impedância da rede elétrica desde a subestação até o ponto de
falta. Portanto, a máxima resistência equivalente só pode ser obtida deterministicamente se
considerarmos o pior caso.

c) Segundo os relatórios das concessionárias de energia brasileiras, a empresa que opera com o
maior desbalanceamento (80 A), utiliza 200 A como ajuste de detecção de faltas para terra.
Considerando-se o circuito da Figura 6 como um caso extremo de um alimentador que possa ser
protegido com tal ajuste de corrente, obtém-se um valor conservativo de 20  como o máximo para
a resistência equivalente do cabo mensageiro.

Figura 6 - Alimentador Longo

6.04 Além da corrente de ajuste do relé da subestação, o outro dado importante no projeto da
proteção da rede elétrica é a impedância de falta, a qual é calculada ao longo da rede e tem por
objetivo permitir a coordenação entre os diversos dispositivos de proteção. Quando da elaboração
de um projeto de rede de distribuição, a concessionária calcula em diversos pontos da rede dois
tipos de curto-circuito para terra. O primeiro é um curto franco para terra, onde a resistência de
falta é nula. Este valor serve para determinar tempo máximo de energização da falta de forma a
não danificar os condutores da rede. O outro curto-circuito é calculado como tendo uma impedância
de falta de valor arbitrado, o qual serve para coordenar os dispositivos de proteção e promover a
atuação do dispositivo que estiver imediatamente a montante da falta. Visando a coordenação de
sobrecorrentes, deve-se observar os seguintes critérios :
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a) Embora este valor de impedância de falta também varie de empresa para empresa, existe uma
tendência em padronizar o valor de 13 , o qual é atendido pela maioria das empresas. Desta
forma, estabelece-se 13  como o valor máximo a ser obtido para a resistência equivalente do cabo
mensageiro, de forma que o mesmo apresente para a rede elétrica uma resistência para a terra
dentro dos valores projetados.

b) A faixa entre 13 e 20  é considerada como margem de segurança para a operação, tendo por
objetivo prever variações da resistência equivalente provocada por eventos tais como:
- flutuação sazonal das resistências de aterramento;
- corrosão eventual de hastes ou conexões;
- desconexão de aterramentos do mensageiro por acidente ou vandalismo.

6.05 Levantamentos de campo têm mostrado que cerca de 2/3 da rede em uso-mútuo têm chaves
fusíveis como dispositivos de proteção da rede elétrica. Os elos fusíveis mais utilizados têm suas
características de corrente x tempo mostradas na Figura 7, onde também são dadas as
características dos cabos mensageiros de 4,8 mm e 6,4 mm de diâmetro. A faixa hachurada de cada
mensageiro corresponde aos limites de danos perceptíveis e de fusão, ou seja, abaixo da faixa
nenhum dano pode ser observado no mensageiro (ou no cabo nele espinado), enquanto acima da
mesma o mensageiro se funde. Como pode ser observado pela Figura 7, os elos fusíveis
proporcionam boa coordenação com os cabos mensageiros.

Figura 7 - Coordenação com Chaves Fusíveis

6.06 Cerca de 1/3 da rede em uso-mútuo se dá com alimentadores, ou seja, redes elétricas que
têm como dispositivo de proteção equipamentos (disjuntores, religadores) que são acionados por
relés. Para a coordenação com estes equipamentos, deve-se observar os seguintes aspectos :

a) O esquema da atuação típico de um relé de proteção da rede primária de distribuição é uma ou


duas atuações extremamente rápidas (0,1 a 0,2 s) e uma atuação relativamente longa (0,5 a 5 s).

b) As atuações rápidas consistem em tentativas de eliminar a falta sem interromper o fornecimento


de energia. Isto se dá porque 4 em cada 5 faltas da rede elétrica envolvem arco elétrico. Ao
desenergizar a falta, mesmo que por uma fração de segundo, o arco elétrico se extingue e a rede
volta a operar normalmente. Essa é a essência da operação de religamento.
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c) A atuação posterior, relativamente longa, só é realizada para faltas sustentadas e tem por objetivo
energizar a falta até que o dispositivo imediatamente a montante da mesma atue (por exemplo, uma
chave fusível).

6.07 Como um curto-circuito que envolve o cabo mensageiro é essencialmente via arco e a
resistência equivalente do mensageiro para a terra garante uma baixa relação X/R (circuito
resistivo), tem-se uma grande probabilidade que o arco seja extinto na primeira passagem da
corrente por zero (um semi-ciclo). No entanto, caso o arco seja mantido pela corrente subsequente
de freqüência industrial, a extinção do mesmo ficará a cargo do religador. Este caso é mostrado na
Figura 8, onde se observa que as curvas dos cabos mensageiros coordenam perfeitamente com até
três religamentos rápidos sucessivos. O limite imposto para a corrente (linha tracejada na Figura 8)
corresponde à ação da resistência equivalente do mensageiro.

Figura 8 - Coordenação com Relés de Religamento

6.08 Para finalizar a análise da coordenação de sobrecorrentes, cabe aqui considerar a ocorrência
de eventos raros, porém possíveis, nos quais tem-se uma falta sustentada do alimentador primário
que envolve o cabo mensageiro. Este é o caso de uma queda da fase do alimentador diretamente no
cabo mensageiro ou da ruptura mecânica simultânea dos isoladores da rede elétrica e do cabo
mensageiro, por exemplo.

6.09 Neste caso, a coordenação de sobrecorrentes terá de ser feita com a operação lenta de
religamento, já que os religamentos rápidos não terão sucesso em eliminar a falta. Em uma falta
deste tipo, a energia dissipada na rede é função da resistência equivalente do cabo mensageiro, da
potência de curto-circuito no ponto de falta e do ajuste do relé que irá desenergizar a rede.
Considerando-se conservativamente uma potência de curto-circuito infinita para a rede elétrica e
uma resistência equivalente de 10  para o cabo mensageiro, verifica-se que haverá danos na rede
caso o tempo de energização da falta ultrapasse cerca de 1 segundo. Conclui-se, portanto, que a
ocorrência ou não de danos na rede dependerá do ajuste do relé responsável por desenergizar a
falta. Isto pode ser visto na Figura 9, onde se tem curvas características dos relés usualmente
utilizados em distribuição de energia. Cabe observar que cada relé comporta ajustes que variam a
sua curva de atuação, sendo os valores da Figura 9 dados apenas a título de exemplo.
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Figura 9 - Coordenação com Relés de Tempo

7. LOCALIZAÇÃO DE PROTETORES

7.01 Na junção de cabo aéreo com subterrâneo, não é necessário se instalar protetores contra
sobretensões. No entanto, deve-se vincular solidamente as blindagens dos cabos e aterrá-las neste
ponto. As justificativas para tais procedimentos são descritas a seguir :

a) Via de regra, as sobretensões de origem atmosférica são induzidas no cabo aéreo e se propagam
em direção à transição para o cabo subterrâneo.

b) Ao chegar na transição, a sobretensão passa para o cabo subterrâneo, mas permanece em modo
comum. Por exemplo, considere-se uma tensão induzida de 70kV de pico. Esta tensão está aplicada
entre blindagem e terra (e não entre blindagem e pares) e se propaga em direção à transição,
conforme a Figura 10.a. Como a impedância característica (de modo comum) da blindagem é cerca
de 400 , tem-se uma corrente de 175 A associada à sobretensão.

c) A única tensão que é experimentada entre os pares e a blindagem corresponde à queda de tensão
na resistência da blindagem (impedância de transferência), que é da ordem de 1/km, levando a
cerca de 175 V por cada km percorrido pela corrente.

d) Uma vez que a sobretensão atinge a transição, ela experimenta uma impedância bem menor,
correspondendo ao paralelo do aterramento (30 ) com a impedância característica do cabo
subterrâneo (aprox. 50 ).

e) Neste ponto, observa-se que uma parte da energia é absorvida pela terra (11%), uma parte é
refratada para a rede subterrânea (6%) e o restante é refletido de volta para a rede aérea (83%). A
energia que se propaga em modo comum na rede subterrânea corresponde a uma tensão de 6,3 kV e
uma corrente de 125 A. Considerando-se que o cabo subterrâneo tem 1 /km de resistência de
blindagem e cerca de 3 km de extensão, conclui-se que a máxima tensão entre pares e blindagem
será cerca de 375 V, o que é perfeitamente suportável pelo cabo. A Tabela 2 fornece as tensões
disruptivas para diversos tipos de cabos.
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Figura 10 - Transição Aéreo-Subterrânea

7.02 De fato, as maiores tensões se desenvolverão no interior do cabo aéreo, mas dificilmente
chegarão perto da sua tensão disruptiva, considerando-se que estes cabos têm usualmente o
isolamento de polietileno (cabo CTP). No entanto, se não houver a continuidade de blindagem
entre os cabos (Figura 10.b.), a tensão refratada para a rede subterrânea será aplicada no interior do
cabo, provocando a ruptura do seu isolamento, o qual é usualmente de papel (cabo CT).

CABO PAR/PAR PAR/BLIND. BLIND/TERRA


CT 1,7 2,4 50
CTP 25 16 50

Tabela 2 - Tensões Disruptivas de Cabos (em kV Eficazes)

7.03 A mesma análise feita no item anterior se aplica no caso de uma transição entre cabos e fios,
com a diferença de que neste caso não se tem blindagem no fio (fio nu, fio FALI, fio FE, etc.). Para
que a sobretensão induzida não seja aplicada no interior do cabo, é necessário instalar um protetor
contra sobretensões (operando de 300V a 500V) entre o par e a blindagem do cabo.
Adicionalmente, recomenda-se fazer um aterramento de blindagem neste ponto de forma a reduzir
a energia transmitida para a blindagem do cabo, conforme a Figura 11.a.

7.04 No caso de linhas de fios muito longos, é conveniente se instalar um protetor a 400 metros
da junção, de forma a atenuar a descarga conduzida para o protetor da junção, conforme Figura
11.c. Isto é necessário porque estas linhas estão sujeitas a descargas atmosféricas diretas, as quais
podem injetar correntes extremamente elevadas na junção entre fio e cabo e, superando a
capacidade de condução de corrente do protetor, danificar o cabo.

7.05 Como a tensão suportável por uma linha de fio nu (ou FALI) pode ser bem superior à
tensão disruptiva do fio FE, recomenda-se a instalação de protetores na junção destas linhas, caso a
linha de fio nu (ou FALI) exceder 400 metros, conforme Figura 11.d.
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Figura 11 - Localização de Protetores

8. VINCULAÇÃO E CONTINUIDADE

8.01 Como decorrência do critério adotado para a coordenação de isolamento da rede, nenhuma
vinculação poderá ser feita entre mensageiro e blindagem, sendo que estes condutores passam a
constituir circuitos distintos. No entanto, é importante manter sempre a continuidade elétrica de
cada um dos circuitos (mensageiro e blindagem).

8.02 A manutenção da continuidade do cabo mensageiro decorre do critério de aterramento


adotado, o qual visa obter uma resistência equivalente ao longo de todo o circuito. Dessa forma , é
interessante que os mensageiros de diferentes cabos sejam vinculados entre si, no caso destes serem
instalados na mesma posteação. Também no caso de cabos de rotas adjacentes (mesmo que de
Seções de Serviço distintas), é interessante se lançar um trecho de mensageiro para fazer a
interligação, desde que o mesmo não exceda a 100 metros e exista facilidade para a sua instalação.

8.03 A continuidade da blindagem tem vários objetivos, os quais podem ser agrupados em
relativos à proteção e à interferência. No caso de interferência, cabe ressaltar que mesmo um mau
contato do conector de blindagem (que usualmente não é crítico para a proteção) já deteriora de
forma significativa os níveis de ruído do cabo. Dessa forma, ressalta-se que deve ser feita a
continuidade da blindagem com conectores que efetivamente mantenham o circuito contínuo, como
condição para manter o ruído nos pares em níveis reduzidos. Esta continuidade de blindagem inclui
a transição da rede aérea para a subterrânea .
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8.04 Na galeria de cabos, as blindagens deverão ser vinculadas entre si e conectadas à malha de
aterramento da estação, de forma a assegurar a equipotencialidade entre estes condutores.

8.05 Nas caixas subterrâneas, as luvas devem ser vinculadas entre si em intervalos de
aproximadamente 500 m, com o objetivo de reduzir as possíveis diferenças de potenciais entre as
mesmas.

8.06 A blindagem de um cabo telefônico diretamente enterrado não deve ser vinculada ao
condutor de blindagem (cabo guarda) enterrado em paralelo ao cabo telefônico. Este procedimento
possibilita a utilização da capa isolante do cabo telefônico na proteção do mesmo. No entanto, tanto
a blindagem quanto o condutor de blindagem devem ser mantidos contínuos em toda a sua
extensão.

9. CRUZAMENTOS COM LINHAS DE ENERGIA ELÉTRICA

9.01 Os cabos telefônicos ou linhas de fios deverão cruzar uma linha de transmissão de energia
elétrica formando um ângulo o mais próximo possível de 90, de forma a minimizar os
acoplamentos capacitivo e indutivo entre as linhas.

9.02 Os cabos telefônicos aéreos ou linhas de fios deverão cruzar uma linha de transmissão de
energia elétrica preferencialmente através de uma travessia subterrânea ("dips"), com o objetivo de
se evitar a possibilidade da queda de uma fase da linha elétrica sobre a linha telefônica. Caso o
estado de conservação da linha elétrica seja bom o suficiente para garantir que uma ruptura da fase
ou queda de torre seja um evento com uma probabilidade reduzida de ocorrer, pode-se realizar
travessias aéreas.

10 CRITÉRIOS DE ATERRAMENTO

(A) Aterramento do Cabo Mensageiro

10.01 O critério básico de aterramento do cabo mensageiro é fornecer uma resistência equivalente
para a terra igual ou inferior a 13  quando da implantação da rede. Esta resistência equivalente é
função das resistências de aterramento individuais, da resistência do mensageiro (/km) e da
configuração da rede (número e localização de aterramentos). São com estes três parâmetros que se
tem de atuar para se obter a resistência equivalente da forma mais eficiente possível. A seguir é
feita uma descrição destes parâmetros :

a) Os valores das resistências de aterramento individuais são limitados pela resistividade do solo e
pelo o número de hastes que é economicamente viável cravar. Em geral, este valor fica entre 15  e
60 , embora existam solos em que estes valores só são obtidos à custa de muito esforço.

b) O valor de resistência do cabo mensageiro varia de 10 a 15 /km para o mensageiro de 4,8 mm.
Estas variações se dão devido às características dos aços utilizados.

c) A configuração da rede é determinada pela distribuição espacial dos assinantes, sendo mais fácil
obter uma dada resistência equivalente em uma rede em malha do que em uma rede em linha, por
exemplo.
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10.02 O método simplificado para o projeto dos aterramentos é descrito a seguir :

a) O método simplificado trabalha com parâmetros conservativos, isto é, ele parte da hipótese que a
configuração da rede é linear (rede em linha) e que o mensageiro utilizado tem um elevado valor
de resistência (15 /km).

b) Com base nestas hipóteses, é construída a Tabela 3, onde o projetista escolhe o máximo valor de
resistência de aterramento por ponto e o diâmetro do cabo mensageiro. Com base nestes
parâmetros, a Tabela 3 fornece a máxima distância entre aterramentos e o número mínimo de
aterramentos.

c) Por exemplo, para 30  por ponto e um mensageiro de 6,4 mm de diâmetro, deve-se projetar
aterramentos de forma que a distância máxima entre os mesmos seja 700 m e a rede tenha no
mínimo 3 aterramentos.

R 15  30  60 
D (m) L (m) N L (m) N L (m) N
4,8 1500 2 400 3 200 7
6,4 2600 2 700 3 360 7
9,5 4400 2 1100 3 560 7

L : Distância máxima entre aterramentos N : Número mínimo de aterramentos

Tabela 3 - Aterramento do Cabo Mensageiro

10.03 O método computacional para o projeto dos aterramentos é descrito a seguir :

a) O método computacional utiliza o Programa RESEQ e permite ao projetista descrever toda a sua
rede no computador, a partir de um diagrama esquemático.

b) Ao operar com este método, o projetista pode alterar o valor e a localização dos aterramentos
individuais e calcular a resistência equivalente ao longo da rede através do programa.

c) Além disso, ele pode operar no modo automático, onde apenas fornece ao computador o valor de
resistência por ponto com o qual pretende trabalhar e o programa faz automaticamente a seleção
dos locais de instalação dos aterramentos da forma mais eficiente possível.

(B) Aterramento da Blindagem

10.04 A indução magnética é originada por correntes nas linhas de energia elétrica as quais
induzem tensões nas linhas telefônicas. Essas correntes (e as tensões por elas induzidas) são
usualmente de freqüência industrial e suas harmônicas ímpares superiores, cujas amplitudes tendem
a decrescer com o aumento da freqüência. As tensões induzidas se manifestam tanto em modo
comum (em relação à terra) quanto em modo diferencial (entre os fios A e B do par). As tensões de
modo comum estão associadas com a segurança das pessoas e dos equipamentos, enquanto que as
tensões de modo diferencial causam interferência com o sinal de comunicação. A influência do
aterramento da blindagem na indução magnética é descrita a seguir :
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a) Visando reduzir a tensão de modo comum, um cabo telefônico deve ter suas extremidades
aterradas com baixos valores de resistências de aterramento. No entanto, para as redes locais de
telecomunicações, as reduções que se conseguem com os aterramentos viáveis de se obter na prática
não são relevantes. A Figura 12 mostra o fator de blindagem para um cabo típico da rede local,
onde se observa que a redução na tensão induzida para baixas freqüências não é significativa. Por
outro lado, as redes locais usualmente não apresentam mais do que alguns volts de tensão induzida,
sendo tecnicamente desnecessário (e economicamente inviável) projetá-las com um baixo fator de
blindagem para a freqüência industrial (60 Hz).

b) Para o caso de cabos submetidos a fortes induções, devido a excessivos paralelismos com linhas
elétricas desbalanceadas, deve-se aplicar medidas corretivas específicas em função das
características das linhas. Para o caso geral de que trata este documento, não se justifica especificar
o aterramento de blindagem em função da indução longitudinal (modo comum).

Figura 12 - Fator de Blindagem

c) A tensão induzida transversal (modo diferencial) é função do desbalanceamento do cabo


telefônico (diferença nos valores de capacitância e resistência entre fios de um par) e da corrente
que percorre a blindagem. Neste sentido, o procedimento de aterramento ideal para blindagem do
cabo é mantê-la contínua e aterrada apenas na estação telefônica, pois desta forma a corrente que a
percorre é nula.

d) No entanto, o procedimento de se aterrar a blindagem nas pontas dos cabos aéreos e na transição
do cabo aéreo para o subterrâneo não compromete o nível de ruído da rede. Isto se dá porque as
correntes que são usualmente induzidas na blindagem não são suficientes para alterar
significativamente o potencial desta em relação ao aterramento da central. Nos casos onde o nível
de ruído é elevado, deve-se verificar a continuidade da blindagem ao longo da rede aérea e
subterrânea.

10.5 A indução elétrica é causada por tensões nas linhas elétricas que induzem tensões nas linhas
telefônicas através do acoplamento capacitivo. A influência do aterramento da blindagem na
indução elétrica é descrita a seguir :
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a) Para proteger as linhas telefônicas das tensões eletricamente induzidas, basta que se garanta um
caminho para que a blindagem do cabo escoe as correntes induzidas para a terra. No caso de fios, a
continuidade do circuito através da central de comutação até o aterramento da estação também
garante uma atenuação significativa da tensão induzida.

b) Casos críticos como longos paralelismos com linhas de transmissão de energia são tratados com
medidas corretivas específicas, as quais fogem do escopo deste documento.

10.6 Embora o projeto da rede tenha sido dimensionado com o objetivo de evitar que as correntes
originadas por contatos com a rede elétrica penetrem no núcleo do cabo telefônico, o aterramento
da blindagem também atua como uma proteção de retaguarda para este evento, a qual é descrita a
seguir :

a) Caso algum evento leve à ocorrência de uma falta da rede de energia cuja corrente atinja o
núcleo do cabo, a blindagem deve oferecer uma impedância para a terra inferior ao limite de
resistência equivalente especificado para o mensageiro, de forma a propiciar o rápido desligamento
da rede elétrica.

b) Este tipo de evento ocorre no caso de falha do isolamento da rede, onde o aterramento da
blindagem constitui uma proteção de retaguarda.

c) A obtenção de baixos valores de resistência equivalente da blindagem é relativamente fácil,


devido à baixa resistência das blindagens dos cabos e à grande malha composta pela rede
subterrânea. Estudos realizados mostram que, em uma área urbana, a resistência equivalente para a
terra da blindagem do cabo primário no armário de distribuição é da ordem de 1 . Dessa forma,
mesmo que o cabo lateral tenha vários quilômetros de extensão, ainda assim a sua resistência
equivalente é inferior a 13 .

10.7 Embora todas as outras fontes de perturbação tenham sido consideradas na especificação do
aterramento de blindagem, são as descargas atmosféricas que determinam o procedimento a ser
adotado, o qual é descrito a seguir :

a) O primeiro aterramento de blindagem é especificado na transição da rede aérea para a rede


subterrânea. O valor de 30  é um valor obtido com relativa facilidade na rede externa e promove
uma boa atenuação na tensão induzida.

b) Os aterramentos nas pontas dos cabos têm por objetivo definir um circuito longitudinal fechado
para a circulação de correntes de blindagem, de forma a minimizar as tensões induzidas nos pares
dos assinantes. Observe-se que neste caso o fator de blindagem é bem eficaz devido às altas
freqüências envolvidas em uma descarga atmosférica. A Figura 12 mostra o fator de blindagem
para as freqüências típicas de uma descarga atmosférica.

c) Também foram especificados aterramentos nos locais de instalação de protetores, conforme


analisado anteriormente. O objetivo destes aterramentos é limitar a corrente injetada na blindagem
pela linha de fios.

(C) Aterramentos Próximos a Instalações Elétricas


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10.8 A ocorrência de um curto-circuito fase-terra em uma linha de energia cujo transformador é


aterrado na subestação leva à circulação de corrente pela malha de aterramento desta. Esta
circulação de corrente dá origem a um perfil de potencial no solo que circunda a subestação. A
Figura 13 mostra um caso típico de uma subestação de transformação. A seguir são dados os
critérios a serem observados para o aterramento da rede de telecomunicações nestas condições :

100

75 SUBESTAÇÃO

ÁREA = 8000 m2

V (%) 50

25

0
0 50 100 150 200 250 300
Distância (m)

Figura 13 - Perfil de Potencial da Malha de Aterramento de uma Subestação de Energia

a) Caso uma linha telefônica tenha aterramentos próximos à subestação, a elevação de potencial do
solo leva à circulação de correntes estranhas que podem causar danos na linha telefônica.

b) Define-se uma área de influência de 250 metros em torno da subestação onde não devem ser
construídos aterramentos da rede de telecomunicações. Este área de influência é função das
dimensões da malha de aterramento da subestação, da resistividade do solo, das potências de curto-
circuito das linhas elétricas e do número de cabos neutro e pára-raios conectados à malha.

c) A definição do valor de 250 metros como o afastamento mínimo da subestação baseou-se em


critérios conservativos. Em casos onde esta restrição for crítica, pode-se calcular a distribuição de
potencial no solo e determinar a distância a partir da qual o mesmo cai abaixo de 300 V, como
forma de definir a área de influência.

10.9 Os aterramentos da rede de telecomunicações nunca deverão ser projetados onde houver
aterramento da rede elétrica, devendo ser mantido um afastamento mínimo de 20 metros entre os
aterramentos. Para tal, basta que não se projete o aterramento da rede telefônica no poste que tenha
aterramento da rede elétrica. As justificativas para este procedimento são dadas a seguir :

a) O afastamento mínimo do aterramento da rede elétrica está condicionado aos potenciais de solo
criados pela passagem de corrente através do mesmo. O valor de 2 metros de afastamento já é
suficiente para uma haste de 2,4 metros. A Figura 14 mostra os potenciais de solo causados por
uma haste vertical.
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b) O valor de 20 metros adotado justifica-se porque, em geral, não se sabe as dimensões nem a
direção de construção do aterramento da rede elétrica.

100

HASTE CIRCULAR
75
ALTURA = 240 cm
RAIO = 1,3 cm

V (%) 50

25

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Distância (m)

Figura 14 - Perfil de Potencial de uma Haste

10.10 Como foi visto, um poste em uso-mútuo com rede de energia elétrica pode ser energizado
por um curto-circuito. Dessa forma, o cabo de descida de aterramento da rede de telecomunicações
deve ser isolado do poste até uma distância de 2 metros no solo, de forma a evitar a ocorrência de
uma descarga através do solo. A Figura 15 mostra o perfil de potencial relativo a um poste circular
de metal ou concreto.
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100

POSTE CIRCULAR
75
PROFUNDIDADE = 150 cm
RAIO = 17 cm

V (%) 50

25

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Distância (m)

Figura 15 - Perfil do Potencial de um Poste Circular de Concreto

11 OBSERVAÇÃO

11.01 Quaisquer comentários, sugestões, críticas ou outro tipo de informação relacionados com o
presente documento devem ser dirigidos à Divisão de Desempenho de Rede de Acesso e
Terminações do Departamento de Desempenho e Qualidade da Planta da TELEBRÁS ou à Divisão
de Serviços de Integridade da Rede do Departamento de Serviços Tecnológicos e Conformidade do
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD) da TELEBRÁS.

12 APROVAÇÃO E DATA DE VIGÊNCIA

12.01 Este documento foi aprovado pelo Gerente do Departamento de Desempenho e Qualidade
da Planta, por delegação do Diretor de Rede da TELEBRÁS, em de de 1998, entrando
em vigor a partir desta data.

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