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COSMETOLOGIA AVANÇADA PROGRAMA DE DISCIPLINA


COSMETOLOGIA E ESTÉTICA PRÁTICA AVANÇADA
PASSO FUNDO - 2015

Carga horária: 20h

Professora responsável:
IVONE MOSER http://lattes.cnpq.br/6858498164669095

Justificativa da disciplina no Curso


A Cosmetologia sempre esteve ligada à evolução da sociedade Humana. É uma ciência que
cuida da manutenção da eudermia e embelezamento da pele e seus anexos. A Cosmiatria ou
Cosmecêutica é uma nova tendência no Campo da Cosmetologia, faz o elo do tratamento
cosmetológico ao de enfermidades cutâneas.

Objetivo
A disciplina tem por objetivo estudar os conceitos básicos sobre cosméticos e
cosmecêuticos, informar sobre as principais matérias-primas e bases dermatológicas utilizadas
no desenvolvimento de cosméticos e relacionar a aplicação de cosméticos com a permeação
cutânea.

Metodologia
A metodologia empregada será aulas teóricas expositivas com discussão crítica, além da
proposição e análise de problemas específicos, com eventuais apresentações de seminários e
estudos dirigidos. Serão discutidas a aplicabilidade e funcionalidade dos produtos utilizados pelos
próprios alunos na vivência profissional.

E-MAIL: IVONEISABELMOSER@GMAIL.COM
FONE:041-99351263
Conteúdo Programático
1. Conceitos gerais
Cosmetologia
1.2. Cosméticos
1.3 Cosmecêuticos
1.4. Formas e fórmulas cosméticas
1.4.1 Formas cosméticas:
1.4.2 Fórmulas cosméticas:
1.5 Composições de uma formulação
2. Bases cosmetológicas
2.1 Emulsões.
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2.2 Gel
2.3 Soluções
2.4 Cremes-gel
2.5 Cremes oil free:
3. Classificação dos cosméticos de acordo com a função.
3.1 Cosméticos de limpeza da pele
3.2 Limpadores sem lipídios
3.3 Cremes de limpeza
3.4 Adstringentes
3.5 Tonificantes propriamente ditos
3.6 Esfoliantes
3.7 Agentes abrasivos
3.8 Máscaras faciais
3.9 Sais de banho
3.10 Óleos para banhos
3.11 Serum e Gomagens
4. Matérias-primas utilizadas no desenvolvimento de cosméticos
4.1 Emolientes
4.2 Hidratantes
4.3 Silicones
5. Fotoproteção solar e bronzeamento
6. Permeação cutânea
7. Ativos cosmecêuticos
7.1 Neurocosméticos
7.2 Ativos para o controle pigmentarem
7.3 Ativos utilizados em celulite
7.4 Ativos antienvelhecimentos
7.5 Ativos multifuncionais
7.6 Peelings

BIBLIOGRAFIA

BARATA, E.ªA cosmetologia. Lisboa, Escher, 1991.


BEZERRA, SV; REBELLO, T. Guia de produtos cosméticos. São Paulo, SENAC, 1996.
DRAELOS, Z.K. Cosméticos em dermatologia. Rio de Janeiro, Revinter, 1999.
FONSECA, ªPRISTA, L.N. Manual de terapêutica dermatológica e cosmetologia. São Paulo,
Rocca, 1984.
HARRIS, M.I.N.C. Pele: estrutura, PROPRIEDADES E ENVELHECIMENTO. São Paulo: SENAC.
2003.
HERNANDEZ. M;. Manual de Cosmetologia. 3 Ed.Rio de Janeiro, Revinter, 1999.
LEON ARDEU G.R. Cosmetologia aplicada. São Paulo: Medfarma. 2004.
MATHEUS, L.G; KUREBAYASHI, ªK. Fotoproteção: a radiação ultravioleta e sua influência na
pele e cabelos. São Paulo: Tecnopress, 2002.
PEYREFITEE, G.; MARTINI, M.C; CHIVOT. Cosmetologia, biologia geral, biologia da pele. São
Paulo, Andrei. 1998.
PRUNIERAS, M. Manual de cosmetologia dermatológica. 2 Ed. São Paulo. Andrei.1994.
3

VIGLIOGLIA, P.A; RUBIN, J. Cosmiatria III. Buenos Aires. Panamericana, 1997.


WILKINSON, J.B; MOORE, R.J. Cosmetología de Harry. Madrid. Diaz Santos, 1990.

PERIÓDICOS.
Cosmectic&Toiletries. São Paulo, tecnopress.
International Journal of Cosmetic Science.

1. História e Introdução à Cosmetologia


A história da cosmetologia remonta há, pelo menos, 30.000 anos. Os homens da pré-história
classificavam animais e plantas como seguros e nocivos. A humanidade descobriu muito cedo,
em sua busca por alimentos, que vários vegetais fazem mal ao organismo. Essa propriedade foi
explorada ao se extraírem venenos de animais e plantas e usá-los para caçar e guerrear. Ao
mesmo tempo que o homem das cavernas utilizava corantes naturais para tatuagens, ele
explorava o veneno de animais e toxinas de plantas para caçar. Rituais tribais praticados pelos
aborígines dependiam muito da decoração do corpo para proporcionar efeitos especiais, como a
pintura de guerra. A religião era, também, uma razão para o uso desses produtos. Cerimônias
religiosas, frequentemente empregavam resinas e unguentos de perfumes agradáveis. A queima
de incenso deu origem à palavra perfume, que no latim quer dizer “através da fumaça”.
Aparentemente os egípcios foram os primeiros usuários de cosméticos em larga escala.
Alguns minérios foram usados como sombras de olhos e rouge, assim como usavam extratos
vegetais, como a henna. Homens e mulheres usavam maquiagem, que não cumpria apenas
funções estéticas, mas higiênicas. As pinturas para os olhos eram de cor verde (malaquita) e
negra. Alguns egípcios raspavam completamente o cabelo (para evitar piolhos) e usavam
perucas. Óleos e cremes eram aplicados no cabelo e na pele como forma de hidratação num
clima seco e quente. A famosa Cleópatra se banhava com leite de cabra para ter uma tez suave e
macia, e incorporou o símbolo da beleza eterna. A maquiagem era empregada em cadáveres,
pois se acreditava que, ao ressuscitarem, precisariam estar belos. No sarcófago de Tutankamon
(1400 aC) foram encontrados cremes, incenso e potes de azeite usados na decoração e no
tratamento.
Ainda na história da cosmetologia, encontramos a rainha Elizabeth I, que viveu na Inglaterra
de 1500. Muitas fragrâncias italianas e francesas eram importadas por ela. Os tratamentos de
beleza daquela época também ofereciam riscos: as mulheres aplicavam chumbo branco e
mercúrio para obter uma pele pálida. Esses metais eram absorvidos e ocasionavam mortes. O
chumbo era misturado ao vinagre para formar uma pasta denominada “cerusa”. Esse metal
causava queda de cabelo e explicava a “moda” de testas extensas. O óleo à base de ácido
sulfúrico (corrosivo), misturado ao extrato de ruibarbo, era usado como tônico e clareador
capilar. Obviamente, também causava queda de cabelo. Batons eram feitos com uma mistura de
cochonilha (pequeno inseto) e cera de abelha. Sombras brilhosas eram feitas a partir de pó de
pérolas. Vinho tinto, leite de burra, água de chuva e até mesmo urina eram usados como
clareadores faciais.
As sardas eram indesejáveis, e um dos remédios para removê-las era a infusão de folhas de
sabugueiro com seiva de vidoeiro e enxofre. Tal mistura era aplicada à pele ao luar e removida
pela manhã com manteiga fresca. Claras de ovos batidas eram utilizadas como firmadoras da
pele. Para combater os efeitos nocivos das pastas de chumbo, máscaras faciais eram feitas à
base de raízes de aspargos e leite de cabra e aplicadas com pão morno.
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Os cabelos eram lavados a seco com argila em pó. Eram, então, escovados, para que a
oleosidade e a sujeira fossem absorvidas. Os penteados exóticos estavam na moda, e um gel
capilar era feito à base de dejetos de andorinhas e sebo de lagartixa.
Nos manuscritos de Hipócrates, considerado o pai da Medicina, já se encontravam
orientações sobre higiene, banhos de água e sol, a importância do ar puro e da atividade física.
Nesta época, século II aC, venerava-se uma deusa da beleza feminina, chamada Vênus de Milo.
Na era Romana, por volta do ano 180 dC, um médico grego chamado Claudius Galen realizou
sua própria pesquisa científica na manipulação de produtos cosméticos, iniciando assim a era
galênica dos produtos químico-farmacêuticos. Galen desenvolveu um produto chamado
Unguentum Refrigerans, o famoso Cold cream, baseado em cera de abelha e bórax.
Também nesta época surgiu a alquimia, uma ciência oculta que utilizava formulações
cosméticas para atos de magia e ocultismo. Também foi nesta época que Ovídio escreveu um
livro voltado à beleza da mulher: "Os produtos de beleza para o rosto da mulher”, onde ensina a
mulher a cuidar de sua beleza através de receitas caseiras.
Com a Idade Média vieram os anos de clausura para a ciência cosmética, um período em que
o rigor religioso do cristianismo reprimiu o culto à higiene e a exaltação da beleza, impondo
recatadas vestimentas. Esta época, também chamada de "Idade das Trevas", foi muito repressiva
na Europa, onde o uso de cosméticos desapareceu completamente, por isso também é chamada
de "500 anos sem um banho".
As Cruzadas devolveram a este período os costumes "do culto à beleza e a ternura", que se
incluíam os cosméticos e os perfumes.
Com o Renascentismo e com o descobrimento da América, no século XV, percebemos o
retorno à busca do embelezamento. Todos os costumes e hábitos de vida da época são
retratados pelos pintores, como por exemplo, a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, que retrata a
mulher sem sobrancelhas, face ampla e alva, de tez suave e delicada.
Miguelangelo também retrata, na Capela Sistina, os anjos, apóstolos, Maria - mãe de Jesus -
e outros personagens, de forma clara, jovial, cuja beleza é exaltada em sua plenitude. Porém, a
falta de higiene persiste e os perfumes são criados para mascarar o odor corporal.
Durante a Idade Moderna, séculos XVII e XVIII, nota-se a crescente evolução dos cosméticos
e também da utilização de perucas cacheadas. Neste período ainda persistiam os costumes de
não tomar banho regularmente, o que proporcionou o crescimento da produção de perfumes,
tornando-se de grande importância para a economia francesa, desde o reinado de Luiz XIV.
Contudo, o grande salto dos perfumes se deu quando Giovanni Maria Farina, em 1725,
estabeleceu-se em Colônia, na Alemanha. Lá, ele desenvolveu a famosa “água de colônia".
No final deste século, os Puritanos, liderados por Oliver Cromwell, trouxeram outro período,
no qual o uso de cosméticos e perfumes ficou fora de moda. Este, talvez, tenha sido o período
mais negro da história dos cosméticos, principalmente quando o Parlamento Inglês, em 1770,
estabeleceu que: "Qualquer mulher... que se imponha, seduza e traia no matrimônio qualquer
um dos súditos de Sua Majestade, por utilizar perfumes, pinturas, cosméticos, produtos de
limpeza, dentes artificiais, cabelos falsos, espartilho de ferro, sapatos de saltos altos, enchimento
nos quadris, irá incorrer nas penalidades previstas pela Lei contra a bruxaria... e o casamento
será considerado nulo e sem validade."
Já na Idade Contemporânea, século XIX, período Vitoriano na Inglaterra, Isabelina na
Espanha e dos déspotas esclarecidos na França pós Napoleão, os cosméticos retomaram a
popularidade.
Tomar banho não era um hábito, pois se acreditava que enfraquecia o organismo. Era
necessário usar perfumes para encobrir os odores. Todos os sabões eram perfumados com
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essência de lavanda. Na época da Revolução Francesa, as perucas e os cosméticos estavam na


moda entre homens e mulheres. Era muito comum manter o cabelo curto e sujo por baixo da
peruca, embora o xampu já tivesse sido inventado. As perucas eram feitas de lã e gordura animal
e eram altamente inflamáveis.
Foi um período rico para o surgimento de indústrias de matérias-primas para a fabricação de
cosméticos e produtos de higiene nos Estados Unidos, França, Japão, Inglaterra e Alemanha.
Estávamos presenciando o início do mercado de cosméticos e produtos de higiene no mundo.
Nos anos 50, políticas de incentivo trouxeram para o Brasil empresas multinacionais
gigantescas, como a americana Avon e a francesa L’Oréal. Essas empresas lançaram novidades
como a venda direta e produtos para o público masculino. A maquiagem básica, que se
compunha de pó-de-arroz e batom, foi se diversificando e se sofisticando.
Nos anos 90, o tempo entre a aplicação do cosmético e o aparecimento do efeito prometido
na bula diminui de 30 dias para menos de 24 horas. Surgem os cosméticos multifuncionais, como
batons com protetor solar e hidratantes antienvelhecimento. Neste início do século 21, os alfa-
hidroxiácidos, utilizados em cremes para renovar a pele, começam a ser substituídos por
enzimas, mais eficazes. Outra tendência é a descoberta de novas matérias-primas contendo
várias funções. No momento atual, as pesquisas avançam na direção da manipulação genética
para melhorar a estética.
Hoje, a indústria de cosméticos é extremamente importante dentro da economia de grande
parte dos países mais desenvolvidos, dentre os quais se inclui o Brasil, contribuindo para a
geração de empregos e a redução de desigualdades regionais, através da exploração sustentável
de várias espécies do nosso bioma, especialmente na Amazônia. A sociedade vem exigindo a
adoção de tecnologias de produção limpas, econômicas e ambientalmente corretas que, por sua
vez, requerem um enorme e entusiástico esforço de estudantes, professores, pesquisadores e
engenheiros, na Universidade e na Indústria, na busca de ingredientes diferenciados, naturais e
competitivos e de processos de formulação inovadores.
Cosmetologia é a ciência que estuda os cosméticos, abrangendo desde a concepção de
matérias-primas até a venda e aplicação dos produtos elaborados. É uma atividade
multidisciplinar envolvendo conhecimentos de física, química, biologia e algumas áreas
humanísticas.

1.1 Definições
Cosméticos: são substâncias, misturas ou formulações de aplicação local, fundamentadas
em conceitos científicos, destinados ao cuidado e embelezamento da pele humana e seus
anexos, sem prejudicar as funções vitais, causar irritações, sensibilizar ou provocar fenômenos
secundários indesejáveis, atribuídos à sua absorção.
Cosmecêuticos : nos últimos anos surgiram produtos que têm funções mais complexas do
que a limpeza ou o embelezamento. Estão sendo chamados pelos fabricantes de cosmecêuticos,
dermocosmético, cosmético funcional ou ainda cosmético de desempenho. Tratam-se de
formulações de uso pessoal que atuam beneficamente sobre o organismo, causando
modificações positivas e duráveis na saúde da pele, mucosas e couro cabeludo. São muitos
produtos diferentes, que usam muitas substâncias químicas como matérias-primas: colágeno e
elastina, cafeína, nano compósitos de ouro, retinóis, estrógenos e várias outras. Exemplos:
minoxidil a 2%, ácido retinóico e α-hidroxiácidos (com finalidade antienvelhecimento).

2. Legislação Brasileira – Órgãos e Entidades


Os órgãos e entidades relacionados à área de cosmetologia são:
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Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA (www.anvisa.com.br): criada pela lei nº


9.782, de 26/01/1999. Promove a proteção da saúde da população pelo controle sanitário da
produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive
dos ambientes, processos, insumos e tecnologias a eles relacionados.
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(www.inmetro.gov.br): criado pela lei nº 5.966, de 11/12/1973. Realiza trabalhos inerentes à
metrologia legal; fiscaliza e verifica os produtos na embalagem final.
Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (www.procon.sp.gov.br): criada pela lei nº
8.078, de 11/09/1990. Orienta os consumidores acerca de seus direitos. A lei nº 8.124, de
05/11/1992 obriga os fornecedores a manter amostras sem lacre dos produtos à venda, para
exame do consumidor.
A área da cosmetologia é regida por algumas leis básicas que estabelecem normas para
nomenclatura, fabricação e comercialização de produtos cosméticos.
Registro de produtos / nomenclatura única para ingredientes – Portaria nº 296, de
16/04/1998 (art. 1º): Para efeito de registro ou de alteração de registro de produtos de higiene
pessoal, cosméticos e perfumes, devem ser adotadas, complementarmente à nomenclatura
original, as nomenclaturas mencionadas nos itens seguintes:
1. As substâncias corantes devem estar acompanhadas do número do Color Index
correspondente.
2. Os ingredientes de origem vegetal devem estar acompanhados da denominação botânica
do Sistema Linné.
3. Para as demais substâncias, deve ser utilizada a nomenclatura do INCI (International
Nomenclature Cosmetic Ingredient).
4. No caso de substância não catalogada, deve-se utilizar nomenclatura de referência
internacional e o interessado deve apresentar à Secretaria de Vigilância Sanitária a literatura
bibliográfica correspondente.
Manual de Boas Práticas de Fabricação – Portaria nº 348, de 18/08/1997: Determina a todos
os estabelecimentos produtores de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes o
cumprimento das diretrizes estabelecidas no Regulamento Técnico – Manual de Boas Práticas de
Fabricação para Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes.
Resolução nº 79, de 28/08/2000: Lista conservantes, corantes permitidos, filtros UV
permitidos, lista restritiva e lista de substâncias de uso proibido.
Resolução RDC nº 38, de 21/03/2001: Regulamenta produtos cosméticos de uso infantil.
RDC nº 48, de 16 de março de 2006: lista as substâncias que não podem estar contidas em
formulações cosméticas, independente da concentração.
RDC nº 47, de 16 de março de 2006: traz a relação de filtros solares permitidos em
formulações cosméticas e a concentração máxima de uso permitida para cada uma delas.
RDC nº 215, de 25 de julho de 2005: compreende a lista das substancias que estes produtos
podem contar desde que obedeçam a concentração limite e condições impostas pela referida
RDC.

3. Classificação Cosmetologia
Classifica os produtos cosméticos quanto ao Grau de Risco:
Grau I (risco mínimo): Produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes que se
caracterizam por possuírem propriedades básicas ou elementares, cuja comprovação não seja
inicialmente necessária e não requeiram informações detalhadas quanto ao seu modo de usar e
suas restrições de uso, devido às características intrínsecas do produto.
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Grau II (risco potencial): Produtos de higiene pessoal, cosméticos cuja formulação possua
indicações específicas, cujas características exigem comprovação de segurança e/ou eficácia,
bem como informações e cuidados, modo e restrições de uso.

Exemplo de categorias e grau de risco:


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Também podemos classificar os cosméticos por sua função:


* Conservadores e Higiênicos: produtos para manter uma pele eudérmica como, por
exemplo, desodorante;
* Decorativos: São aqueles destinados a produzir um efeito decorativo na pele, fazendo
parte deste grupo os produtos de maquilagem de um modo geral: bases de maquilagem, batom,
blush, sombras, etc.
* Corretivos e Dermatológicos: são os cosmecêuticos, como exemplo produtos para
tratamento de linhas de expressão.

4. Composição dos Cosméticos


Qualquer cosmético tem uma composição básica: Tensoativos, Adjuvantes, Quelantes e
Sequestrantes, Excipientes, Veículo, Princípio Ativo.

4.1 Tensoativos
Substâncias naturais ou artificiais que podem reduzir a tensão superficial dos líquidos. São
constituídos por uma parte hidrofílica(H) que é um grupo químico solúvel em água de caráter
iônico; e por uma parte lipofílica(L) que é um grupo químico solúvel em óleo/gorduras; são
cadeias de hidrocarbonetos mais ou menos longas, ou estruturas derivadas, de caráter apolar.

Óleo Grupo L - apolar

Água Grupo H - polar


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Hidrofílica (H)
Lipofílica (L)

A primeira substância a ser estudada foi o sabão, produzido através de uma reação de
hidrolise de uma gordura/óleo numa solução básica resultando em glicerol e no sabão ,
propriamente dito:

Reação entre uma gordura e NaOH, produzindo sabão e glicerol

Através do estudo da molécula do sabão, estudou-se a síntese de outras moléculas que


tivessem a mesma (ou semelhante) constituição molecular, daí surgiram os tensoativos.

4.1.1 Balanço Hidrofílico-Lipofílico (valor HLB)


Os tensoativos também podem ser classificados conforme seu valor HLB, numa escala de 0
(totalmente lipofílico) a 20 (totalmente hidrofílico): É importante conhecer valor HLB, pois deste
deriva sua aplicação:
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Valor HLB Aplicação


3 – 6 Emulsionantes água/óleo (A/O)
7 – 9 Umectantes
8 – 18 Emulsionantes óleo/água (O/A)
11 – 15 Detergentes
15 – 18 Solventes

4.1.2 Mecanismo de Ação dos Tensoativos


Para entender a ação de um tensoativo vamos, primeiramente, analisar a distribuição do
tensoativo numa solução aquosa e o efeito na tensão superficial, através da seguinte
representação esquemática.
Um tensoativo, devido à dupla característica de afinidade presente na molécula, tende a se
concentrar na interface de um sistema. A molécula com a parte hidrófila orienta-se voltada para
água, e a parte hidrófoba orienta-se voltada para o ar ou outra substância que tenha pouca
afinidade com a água, como um pigmento. Esta característica de orientação da molécula é a
principal diferença dos tensoativos em relação a outros solutos, como os sais inorgânicos que
tendem a se distribuir igualmente por toda a solução.
A adição de tensoativos à água tende a saturar todas as interfaces (situações B e C), de modo
que a partir de uma concentração denominada Concentração Micelar Crítica (CMC) há a
saturação do meio e a formação de micelas (situação D). A micela é a forma que o tensoativo
assume para melhorar a estabilidade na solução colocando, voltadas para o mesmo lado, as
cadeias hidrófobas; e voltadas para a água, as cadeias hidrófilas.

4.1.3 Tensão Superficial (TS)


A tensão superficial pode ser definida como: “A energia necessária para perturbar, distender
ou perfurar uma superfície”. Para entender melhor este conceito, vamos observar o desenho
abaixo: Ao observar uma gota de líquido,
verificamos que as moléculas no interior da gota
estão envolvidas por outras moléculas da mesma
substância. As forças intermoleculares estão
equilibradas, uma vez que atuam em todas as
direções. Entre as moléculas de um fluido
existem forças de atração e repulsão, as
chamadas forças intermoleculares, como as
pontes de hidrogênio. Entretanto, as moléculas
presentes na superfície não estão totalmente
envolvidas por moléculas da mesma espécie,
estão sob efeito de uma força intermolecular
resultante, que origina a chamada Tensão Superficial (TS), que pode ser mais bem compreendida
se imaginarmos que existe uma película sobre o fluido, assim como a pele sobre o corpo. No
gráfico da TS associada à concentração de tensoativo pode-se notar o efeito de redução da TS
pela adição deste tipo de produto.
4.1.4 Função dos Tensoativos
Os Tensoativos têm diversas funções, tais como:
Molhificante ou Umectante: Uma das principais aplicações tensoativas é a umectação ou
promoção da molhabilidade.; aumentar a capacidade de espalhamento de líquidos sobre a
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superfície, tem HLB 7 a 9. Uma forma de entender melhor este conceito é analisar uma gota
sobre uma superfície, conforme figura abaixo:A gota da esquerda ilustra uma situação em que há
pouca afinidade pelo substrato, isto é, uma situação
em que a elevada TS desfavorece a molhabilidade. Na
outra gota pode-se notar que a área de contato com o
substrato é maior, indicando uma afinidade elevada.
Este fato permite concluir que a TS foi
substancialmente reduzida. O efeito tensoativo reduz
a TS da água, permitindo alcançar a molhabilidade
desejada. Portanto, o exemplo poderia estar
relacionado com água pura (1ª gota) e aditivada com
tensoativo (2ª gota).
Emulsificador: Facilita a formação de emulsões. Emulsões óleo/água (O/A) o emulsificador
deve ter caráter hidrofílico (HLB 8 – 18), mas se a emulsão for água/óleo (A/O) o emulsificador
deve ser lipofílico (HLB 3 – 6);
Detergentes: São tensoativos que têm a propriedade de umectação, remoção e dispersão da
sujeira e de emulsificador de gorduras. A ação do detergente é regulada pelo seu valor HLB (11 –
15), por exemplo: HLB baixo: maior capacidade de umectação, HLB alto: maior capacidade de
emulsionar gorduras na água e menor capacidade de umectação;
Solventes: Facilitam a coloração de partículas em suspensão;
Antisséptico: Agem sobre membrana plasmática bacteriana;
Mussificantes: Facilitam a difusão de gás em líquido.

4.1.5 Classificação dos Tensoativos


De acordo com a característica da parte hidrófila dos tensoativos, podemos dividi-los em
classes:
- Tensoativos catiônicos (substância cátion ativa): tem grupo químico carregado positivo. Os
grupos mais comuns são os grupos amínicos (frequentemente encontrados nos amaciantes);
- Tensoativos aniônicos (substância ânion ativa): tem grupo químico carregado negativo.
Seus radicais mais comuns são os grupos carboxílicos, sulfônicos e sulfatos (frequentemente
encontrados nos detergentes, umectantes, dispersantes e emulsionantes).
- Tensoativos não iônicos: não se ionizam, logo não possuem carga, podendo ser usados
juntamente com os aniônicos e catiônicos.
- Tensoativos anfóteros: doador de viscosidade e baixa irritabilidade para a pele, podendo
ser utilizado em combinação com outros tensoativos aniônicos, não iônicos e catiônicos,
dependendo do pH do meio.
Qualquer que seja a classificação, o efeito que se observa é o de conciliação entre
compostos sem afinidade, quer sejam líquidos imiscíveis, sólidos e líquidos, quer sejam líquidos e
gases, ou gases e sólidos.

4.2 Adjuvantes
No século 21, as funções e a funcionalidade dos adjuvantes devem ser interpretadas de
acordo com as novas tendências do mercado farmacêutico. Os adjuvantes ou coadjuvantes são
componentes ou excipientes que são adicionados aos cosméticos para aumentar a eficiência do
produto ou modificar determinadas propriedades da solução, visando facilitar a aplicação ou
minimizar possíveis problemas. Os adjuvantes são divididos em dois grupos:
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Surfactantes: os modificadores das propriedades de superfície dos líquidos; espalhante,


umectante, detergentes, dispersantes e aderentes, entre outros.
Aditivos: óleo mineral ou vegetal, sulfato de amônio e uréia, entre outros, que afetam a
absorção devido sua ação direta sobre a cutícula.
Abaixo, exemplo dos principais adjuvantes utilizados em cosméticos:

Adjuvante Função Exemplo


Protege de microorganismos, de ação Ac. Ascórbico – Vit. C
Antioxidante catalística de metais ou químicas Tocoferol – Vit E
indesejáveis Ac. Sórbico
Aumenta a vida útil dos produtos,
BHT – Butil hidrox tolueno
impedindo o desenvolvimento de
BHA – Butil hidrox anisol
bactérias, fungos, leveduras e mofos,
Conservante Ac. Gálico
que podem causar doenças ou,
Nipagin
simplesmente, prejudicar o bom
Nipazol
aspecto do produto final.
Refere-se a tudo o que for utilizado no
sentido de degradar ou inibir a Ac. Salicílico
proliferação de microorganismos Ac. Benzóico
presentes na superfície da pele e Álcool Etílico
Antissépticos
mucosas. São substâncias usadas para Parabenos
desinfectar ferimentos, evitando ou Óleos essenciais
reduzindo o risco de infecção por ação
de bactérias ou germes.
Urucum – amarelo
Cúrcuma – amarelo
Açafrão – amarelo
Caroteno – alaranjado
Henna – marrom avermelhado
Corante natural
Clorofila- verde
Indigotina –azul
Carvão vegetal – preto
Orcinol - vermelho

Substâncias que podem ser tanto Ac. Carmínico – vermelho


Corante animal orgânicas como inorgânicas. São elas Nácar – escamas de peixes
que dão cor ao cosmético.
Talco – amarelo / marrom
Caolim – amarelo / marrom
Corante mineral Óxidos de ferro – amarelo / marrom
Argilas – marrom / cinza

Eosina – vermelho
Eritrosina – vermelho
Corante sintético Verde de malaquida -
Azul de metileno
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É um pesticida que destrói ou inibe a Ac. Deídracético


Fungicidas
ação dos fungos Ac. Undecilênico
Substância com grande capacidade
Glicerol, propilenoglicol,
de retenção de água. Mantém a
Umectantes etilenoglicol, sorbitol
umidade do produto e retarda o
ressecamento.
Estabilizantes Substâncias que aumentam a Goma adragante, gelatina, silicatos,
viscosidade do produto. bentonita
Substâncias que facilitam a emulsão
Emulsionantes Talco
e contribuem para estabilidade físico-
Base de lanolina
química da fórmula.

4.2.1 Surfactantes
São substâncias que afetam as propriedades de superfície dos líquidos, proporcionando
ajustamento mais íntimo de duas substâncias. Segundo Fleck (1993), os surfactantes podem
afetar a eficiência dos cosméticos das seguintes formas:
• Aumentam a retenção da aspersão onde as superfícies vegetais sejam de pronta
molhabilidade.
• Aumentam a retenção da aspersão em locais chaves favoráveis à penetração ou
subsequente dano.
• Aumentam a penetração por aumentar a área de contato com a pele, através de maior
espalhamento.
 Aumentam o período de penetração por atuar como umectante, mantendo as gotículas de
aspersão indefinidamente úmidas.
• Aumentam a entrada direta por diminuir a tensão superficial da solução de aspersão.
• Facilitam o movimento ao longo das paredes celulares após a entrada para o interior da
pele, por diminuir as tensões interfaciais.
• Causam desnaturação e precipitação de proteínas e inativação de enzimas.
Os surfactantes são classificados de acordo com suas principais propriedades em:
Espalhantes: são substâncias que diminuem a tensão superficial reduzindo o ângulo de
contato destas com a superfície da pele. Estes produtos proporcionam o espalhamento completo
do cosmético sobre a superfície tratada, aumentando a absorção do princípio ativo.
Molhantes (umectantes): são substâncias que retardam a evaporação da água, fazendo com
que o cosmético permaneça mais tempo na superfície tratada, aumentando a absorção do
produto aplicado. Estes produtos são importantes, principalmente em condições de baixa
umidade relativa do ar e elevada temperatura.
Aderentes: são substâncias que aumentam a aderência dos líquidos ou sólidos à superfície
da pele. Estes apresentam afinidade com a água. O aumento da aderência diminui o
escorrimento e faz com que o cosmético permaneça na superfície da pele.
Emulsificantes: são substâncias com atividade sobre a superfície do líquido, promovendo a
suspensão de um líquido em outro. Estes produtos reduzem a tensão interfacial entre dois
líquidos imiscíveis, proporcionando a formação de uma emulsão de um líquido em outro, como,
por exemplo, óleo em água, através da combinação de grupos polares com apolares dos
mesmos. Os emulsificantes também podem possuir atividade espalhante, adesiva e umectante.
Dispersantes: são substâncias que evitam a aglomeração das partículas através da redução
das forças de coesão entre as mesmas, fazendo com que as suspensões mantenham-se estáveis
14

por certo tempo. São muito importantes para manter estáveis as formulações de pós-molháveis,
evitando que as partículas sólidas se aglomerem e precipitem.
Detergentes: são substâncias com capacidade de remover sujeira da superfície da pele,
aumentando o contato do cosmético com a superfície alvo. Os detergentes também podem
possuir atividade espalhante, emulsificante e umectante.

4.2.2 Aditivos
São substâncias que aumentam a absorção dos herbicidas devido a sua ação direta sobre a
pele. Os principais aditivos são:
• Óleos: os óleos minerais ou vegetais agem dissolvendo a gordura, eliminando a barreira
que diminui a absorção dos princípios ativos e provocam o extravasamento do conteúdo da
célula. Dessa forma, constata-se que os óleos podem aumentar a absorção. Os óleos usados são
originados do petróleo (óleo mineral) e de vegetais (óleo vegetal).
 Sulfato de amônio: é um composto nitrogenado que quando dissociado forma íons de
sulfato e amônio. O íon sulfato reage com íons presentes na água, imobilizando-os e impedindo
que estes reajam com a molécula do cosmético e o íon amônio tem ação sobre a pele, rompendo
ligações e abrindo caminho para absorção do princípio ativo.
 Uréia: é um composto nitrogenado com ação sobre a pele, rompendo ligações e abrindo
caminho para absorção do princípio ativo.

4.3 Quelantes e Sequestrantes


São compostos que têm a propriedade de sequestrar íons metálicos polivalentes (cálcio,
ferro, etc.) formando duas ou mais ligações coordenadas, ou uma combinação de ligações
coordenada e iônica. Esses íons são removidos da solução em que se encontram e ligados a uma
estrutura cíclica, cuja estabilidade é notável.

Por exemplo, esse tipo de substância é importante em formulações de xampus, para evitar
que o íon cálcio interfira na produção de espuma.
Alguns quelantes são compostos importantes para a vida na Terra, como a hemoglobina e a
clorofila.
A clorofila, molécula que sustenta a vida na Terra, por ser responsável pela absorção dos
fótons da luz solar nas plantas verdes, é um quelato de Mg (magnésio).
A hemoglobina, substância fundamental à nossa vida, por ser responsável pelo transporte de
oxigênio (O2) e gás carbônico (CO2) em nosso corpo, é um quelato de Fe (ferro).

4.4 Excipientes
Substâncias geralmente inertes, adicionadas a uma prescrição, ou seja, que têm pouco ou
nenhum valor terapêutico, mas são necessárias para garantir uma consistência satisfatória para a
15

formulação. Estas incluem aglutinantes, matrizes, bases ou diluentes. Exemplos: talco


farmacêutico, amido, lactose.
Suas funções básicas são de otimizar a estabilidade, modular ou incrementar a
biodisponibilidade e otimizar o processo de manufatura.

4.5 Veículo
São preparações cosmetológicas que visam modular a distribuição uniforme dos p.a.
(princípio ativo) incorporados aos cosméticos sobre as células alvo, acelerando a rapidez de
penetração e a localização destes nos espaços intercelulares e intracelulares.
A escolha de um veículo para preparação de produtos cosméticos deve ser feita em prol da
estabilidade da formulação e das características da pele ou local de aplicação.
As principais são: suspensões, soluções, emulsão, sérum, gel, gel-creme, creme, pomada,
microesferas, lipossomas, entre outros.

4.5.1 Veículo: Solução


Soluções, entre as quais se encontram as alcoólicas, mesmo não sendo as principais
formulações utilizadas em cosméticos têm algumas vantagens, como de permanecerem
fisicamente estáveis e serem de fácil preparo.
Substâncias solubilizadas se apresentam transparentes ou translúcidas. Podem ser
solubilizadas em água, sistemas água/álcool, óleo ou em soluções de tensoativos. Exemplo são as
soluções aquosas, tônicos.
Solução aquosa ou hidro-alcoólica: possui água como veículo e pode conter álcool etílico e
outros glicóis, como propilenoglicol, glicerina e sorbitol. É a base das loções tônicas faciais e
capilares, loções pós barbear.
Tônicos: são soluções que contêm atributos de refrescância e agentes promotores de
circulação. Geralmente são soluções transparentes de baixa viscosidade.
Soluções de tensoativos: são misturas de tensoativos com propriedades de limpeza,
condicionamento, gerar espuma, conferir viscosidade e reduzir a irritação da pele. Exemplos são
os xampus, sabonetes líquidos, banhos de espuma, loções higienizantes, condicionadores
transparentes para os cabelos.

4.5.2 Veículo: Suspensão


São formas farmacêuticas com um sistema bifásico, heterogêneo, no qual uma fase interna
consiste de partículas sólidas insolúveis em água e a fase externa é constituída pelo veículo
compatível com a pele, geralmente água. Para não ocorrer separação de fases pode ser usado
tensoativos ou hidrocolóides que estabilizam a suspensão.
Do ponto de vista galênico, interessa obter suspensões que não depositem rapidamente e
que se possam reconstituir com facilidade por agitação. Interessa ainda que a redispersão
operada por agitação origine um produto de aspecto homogêneo, em que não se observe a
presença de quaisquer aglomerados de partículas.
Os principais aspectos teóricos, que devem ser considerados na preparação racional de
suspensões, são os seguintes: flutuação das partículas suspensas, velocidade de sedimentação e
forma de sedimentação.
Agentes suspensores empregados normalmente são derivados da celulose, alginatos,
líquidos viscosos, argilas, etc. As suspensões devem ser agitadas antes do uso.
São exemplos de suspensões: os géis obtidos com o uso de espessantes poliméricos, creme
esfoliante e xampus com bases perolizante e ativos anticaspa.
16

4.5.3 Veículo: Emulsão


São dispersões onde a fase dispersa é composta por gotículas de um líquido, distribuídas em
outro, no qual são imiscíveis graças à presença de tensoativos ou emulsificantes que tornam
miscíveis ambos os líquidos, como por exemplo, água e óleo. A fase dispersa também pode ser
denominada de fase interna e a fase dispersante de fase externa. Dependendo da sua
consistência as emulsões são popularmente conhecidas como loções (mais fluidas) e cremes
(mais consistentes).

4.5.3.1 Tipo de Emulsão


Podem ser:
O/A: Óleo em Água: Composta de muita água e um pouco de óleo. Essas fórmulas evaporam
se expostas ao ar. São também chamadas de “evanescentes”, desaparecem ao serem passadas
na pele.

A/O – Água em Óleo: Composta de muito óleo e pouca água.


17

São largamente empregados pela indústria cosmética pelo fato de ser o veículo ideal para int
rodução de substâncias ativas na pele, porque suas propriedades são semelhantes às da pele.
Apesar dos tensoativos proporcionarem a mistura das duas fases – aquosa e oleosa pela redução
da tensão interfacial entre ambos os líquidos, as emulsões não deixam de ser sistemas
heterogêneos e termodinamicamente instáveis, que podem se desestabilizar através da
separação das fases. Enquanto as emulsões apresentarem aspecto homogêneo, pode-se
considerar que estão dentro do prazo de validade.Fatores que podem acelerar a desestabilização
de emulsões:
– hidrólise de tensoativos em valores extremos de pH;
– destruição microbiana de seus componentes;
– processos fotoquímicos;
– eletrólitos;
– temperatura (baixa ou elevada);
– perda de água devido ao calor, má armazenagem ou uso de embalagem não
apropriada. Este fato pode levar à inversão das fases da emulsão.

Meios empregados para melhorar a estabilidade das emulsões:


– aumento da viscosidade;
– redução do tamanho das gotículas da fase interna.

A. Dois líquidos imiscíveis separados em duas fases


(I : água e II : óleo).

B. Emulsão da fase II dispersa na fase I.

C. A emulsão instável, progressivamente retorna ao seu estado inicial de fases


separadas.

D. O surfactante se posiciona na interface entre as fases I e II,


estabilizando a emulsão

4.5.4 Veículo: Sérum


Faz uma alusão ao soro sanguíneo, líquido rico em nutrientes, com
perfeita compatibilidade com nosso organismo.
É um veículo extremamente leve, conseguindo assim carregar
concentração maior de princípios ativos. Por ter sua textura fluída
facilita a penetração na pele.

4.5.5 Veículos: Gel


Sistema semissólido c/ característica coloidal, aspecto gelatinoso,
formado por dispersão de partículas pequenas num veículo líquido, que
não sedimenta, apresentando-se como uma suspensão estável. Sua
forma cosmética é viscosa, mucilaginosa, transparente ou não, que, ao
secar, deixa uma película invisível sobre a pele. Quanto menores os
tamanhos das partículas, mais transparentes são as soluções aquosas.
18

Em cosmética decorativa, dão forma a rimeis incolores e sombras.


Por não conter material graxo, os géis são indicados para peles lipídicas. Exemplos são os
géis hidratantes para pele oleosa, géis protetores solares, géis esfoliantes para a pele, géis
fixadores e modeladores para os cabelos, géis para banho, xampus géis, etc.
Substâncias que formam o gel: polímeros, que quando dispersos em meio aquoso doam
viscosidade à preparação:
– substâncias naturais: goma adraganta, pectina.
– substâncias semissintéticas ou sintéticas: carbômeros (934, 940, 960 e ultrez),
hidroxietilcelulose (HEC), carboximetilcelulose (CMC).
Carbômeros: polímeros do ácido acrílico de elevado peso molecular (PM) e c/ ligações
cruzadas. O seu poder espessante, após a dispersão em água, eleva-se com a adição de base
orgânica (TEA) ou inorgânica (NaOH), pois os grupos ácidos da cadeia polimérica são convertidos
em sua forma de sal aumentando a eficiência como espessante (a estrutura polimérica torna-se
estendida).
HEC ou Natrosol®: quando dispersa em água, a HEC forma gel denominado de não iônico.
Este tipo de gel apresenta boa compatibilidade com a maior parte das substâncias ativas,
inclusive com os ácidos (glicólico, fítico) que devido ao seu pH é incompatível com o gel de
carbômero (Carbopol®) ou gel iônico (resultado da sua neutralização até pH 6,5 – 7,5).
Aos géis devem ser acrescentados umectantes para evitar o seu ressecamento, além de
conservantes compatíveis e eficazes por causa da alta suscetibilidade à contaminação microbiana
(elevada porcentagem de água).

4.5.5.1- Composição Básica:


- Polímeros (agentes gelificantes).
- Solvente (água, álcool).
- Aditivos estabilizantes (conservantes, antioxidantes, quelantes
- Mantedor da umidade (glicerina, sorbitol, propilenoglicol).

4.5.5.2- Agentes gelificantes:


São partículas sólidas que estão unidas por pontos de adesão.
Na presença de um solvente (água), estas partículas tomam uma estrutura tridimensional e
flexível.
Pertencem ao grupo de agentes espessantes que aumentam a viscosidade da fase dispersa.
São consideradas substâncias poliméricas:
* Celulose e derivados:
- Carboximetilcelulose (aniônica).
- Hidroxietilcelulose (não iônica)
* Gomas
- Goma guar (não iônica)
- Goma xantana (aniônica)
- Geralmente as gomas são utilizadas como agentes espessantes
- Geralmente são compatíveis com ácidos.
* Polímeros sintéticos
Carboxivinílicos (carbopol).
Acrilato C10-20 (Pemulen).
19

4.5.5.3- Tipos de géis:


* Aquosos (hidrogéis): São os mais utilizados. Podem ser transparentes ou opacos, conforme
o ativo incorporado.
* Hidroalcóolicos: São utilizados quando se tem princípios ativos que se solubilizam bem no
álcool, em formulações anti-sépticas (gel sanitizante). Geralmente são géis menos viscosos do
que os aquosos.
* Oleosos: São mais raros quanto à aplicação dos produtos. São chamados de géis
hidrófobos ou lipogéis. Formados por vaselina liquida, óleos graxos e 2-5% de lipogelificantes
(derivados de sílicas e da bentonita lipofílicas, estearatos de magnésio.

4.5.6 Veículos: Mousse


Emulsão bifásica, em que a fase interna é o ar ou outro gás, e a externa é um sólido ou
líquido. Envasada sob pressão produz espuma quando a válvula é acionada.

4.5.7 Veículos: Gel-Creme


Possui um alto teor de agente gelificante e baixo teor na fase oleosa, geralmente o suficiente
para opacificar o meio. Pode veicular ativos lipo ou hidrossolúveis.
O mercado faz distinção entre um gel-creme e um creme-gel, que são direcionados
geralmente como hidratantes para pele oleosa. Ambos os produtos possuem a fase aquosa
espessada por um polímero orgânico hidrossolúvel. No entanto, um creme-gel possui uma fase
oleosa constituída de derivados graxos, que são emulsionados na fase aquosa espessada. Um
gel-creme, geralmente possui uma fase de silicone dispersa na fase aquosa espessada onde
apenas foi dado um esbranquiçamento ao gel.

4.5.8 Veículos: Creme


São emulsões O/A ou A/O de alta viscosidade e constituídas de uma fase aquosa e uma fase
oleosa líquida, que foram homogeneizadas através da utilização de um terceiro componente que
possui afinidade por ambas as fases (tensoativo).
Sua aparência geralmente é branca devido ao maior tamanho dos glóbulos oleosos
emulsionados. Exemplos são os cremes hidratantes, anti-aging, nutritivos, desodorantes,
condicionadores para os cabelos, etc.
De acordo com as substâncias utilizadas em sua formulação, destina-se à:
- Limpeza;
- Hidratação;
- Nutrição.
Os cremes de limpeza têm aspecto leitoso, resultante da dispersão de 2 fases não miscíveis
entre si na presença de uma agente tensoativo, cujo papel é facilitar a formação e a estabilização
do sistema disperso. Age retirando as impurezas e a maquiagem, ao formar um filme emoliente
que deixa a pele com textura macia e suave.

4.5.9- Veículo: Óleo


É uma mistura de matérias-primas lipídicas (oleosas). Ex: óleos de banho ou de massagem.
O óleo demaquilante geralmente é constituído por óleo mineral ou ésteres de ácidos
graxos. É indicado para pele sensível e desidratada (limpeza muito suave).
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4.5.10 – Veículo: Microesferas


São partículas esféricas micronizadas e semitransparentes. Possuem propriedades de inércia
química e física, invisibilidade, melhora na aplicabilidade do produto, insolúvel, não poroso,
toque sedoso, preenche a pele de forma uniforme e proporciona uma sensação de leveza.
Aplicações:
. Atuam como aditivos nas formulações de cosméticos, ou seja, agentes que melhoram a
textura dos materiais.
. Substituem aditivos “premium”com toque igual ou melhor. Podem ser utilizados em
batons, sombras, blushes, entre outros.
As Microesferas de Polietilenoglicol são grânulos de poliamida brancos, de diferentes
tamanhos, com propriedades de esfoliação (remove células mortas da superfície da pele) e de
limpeza.

4.5.11- Veículo: Nanospheras


São nano partículas, ou seja, estruturas poliméricas inertes, que são capazes de armazenar
em seu interior ou fixar em sua superfície os mais diversos ativos. Estes nano reservatórios
armazenam homogeneamente o princípio ativo no interior da matriz polimérica. Desta forma
obtém-se um sistema monolítico, onde não é possível identificar um núcleo diferenciado;
liberando assim o princípio ativo nele contido de modo gradativo e uniforme, cronologicamente
determinado, colocando-os à disposição do tecido cutâneo.
Previne ainda superconcentrações e potencializa a ação desejada. Exemplos:
Nanospheras de Vitamina C - tem ação de recuperar a elasticidade e firmeza da pele,
promove uniformidade no relevo cutâneo, reduz síntese de melanina e tempo de cicatrização,
melhora hidratação, possui ação antioxidante importante contra radicais livres.
Nanospheras de Vitamina E - protege as células dos radicais livres que provocam a
peroxidação dos ácidos graxos polinsaturados das membranas celulares responsáveis pelo
envelhecimento cutâneo. Apresenta uma ação anti-inflamatória, inibindo a formação de
eritemas. A vitamina E previne a perda da elasticidade cutânea e a desidratação dos tecidos, pois
aumenta a capacidade dos tecidos em reter água.

Nanospheras

Nanospheras de Vitamina A - estimula a produção de enzimas, a atividade mitótica, a


proliferação celular, a formação de colágeno e de queratina. Ela aumenta a elasticidade da pele,
auxilia na cicatrização e previne a formação de rugas e linhas.
4.5.12 – Veículo: Lipossomos
São vesículas globulares microscópicas formadas por moléculas anfifílicas (geralmente
fosfolipídios), que se organizam em forma de uma camada dupla ou de várias camadas duplas.
Essas vesículas são capazes de veicular substância hidrofílicas, anfifílicas ou lipofílicas e
apresentam a capacidade de interagir com os lipídios da pele humana, quando aplicados
topicamente, liberando as substâncias que transportam.
21

As vesículas multilamelares (c/ várias camadas duplas) tendem a liberar a substância que
carregam de modo mais prolongado que as vesículas unilamelares (uma camada dupla).

Lipossomas unilamelar e multilamelar


Os lipossomas são formados espontaneamente após a dispersão de fosfolipídios em meio
aquoso (por exemplo, fosfatidilcolina – lecitina de ovo ou de soja), dando origem a vesículas de
tamanhos variados desde micrômetros a nanômetros.

arranjo molecular da dupla camada e vesícula lipossoma


unilamelar

Os lipídeos da membrana lipossoma desempenham um papel importante na reconstituição


do filme hidrolipídico da superfície cutânea, melhorando a fluidez da membrana dos corneócitos
e assegurando a integridade do estrato córneo. O maior interesse nos lipossomas é que estes
alcançam as camadas mais profundas da epiderme. onde libera seu conteúdo diretamente na
camada basal, onde se funde com a membrana celular.
As vesículas de lipossomas devem ser evitadas em formas cosméticas como as emulsões e
preparações alcoólicas para não comprometer a sua estabilidade. Nas emulsões, os tensoativos
presentes podem desordenar os fosfolipídios ocasionando a ruptura dos lipossomas, enquanto
que o álcool pode solubilizar as camadas lipídicas dos lipossomas.
22

4.6 Neurocosméticos

Do cérebro e da medula espinhal partem nervos, que se ramificam como os galhos de uma
árvore e se dirigem a todos os pontos do organismo, incluindo a pele. Na pele, filetes nervosos
chegam à derme, aos vasos e à epiderme.
As mensagens entre o sistema nervoso e a pele se dão por meio de substâncias químicas, os
neuropeptídios, que levam o código dos pensamentos ocorridos na mente para a pele.
Em sentido inverso, a pele envia ao cérebro suas mensagens por meio de mediadores
químicos produzidos por suas células, que viajam até o sistema nervoso central pelo sangue ou
pelos nervos, lá gerando pensamentos. .
A comunicação entre mente, sistema nervoso e pele são constantes e imediatos,
provocando alterações muito sutis, na maioria das vezes invisíveis e não percebidas pelas
pessoas, como as alterações na produção do suor.
Pensamentos de tensão agem sobre o sistema nervoso central, o sistema nervoso autônomo
e o sistema endócrino, levando à produção de substâncias mensageiras de estresse.
Na pele, receptores especializados percebem estímulos produzidos nas suas células e os
transmite por meio de fibras nervosas até os gânglios e a medula espinhal, de onde são levados,
por feixes nervosos, até o tálamo. Este os envia aos centros corticais superiores encarregados de
processar as informações cognitivas.

Por nervos descendentes a informação sensorial é transportada através da medula espinhal


até os órgãos periféricos, que são acionados autonomamente. Os resultados finais são respostas
como sudação, rubor, palidez, produção de gordura e outras.

4.6.1 Comunicação pele-sistema nervoso


Do cérebro e da medula espinhal partem nervos, que se ramificam como os galhos de uma
árvore e se dirigem a todos os pontos do organismo, incluindo a pele. Na pele, filetes nervosos
chegam à derme, aos vasos e à epiderme.
As mensagens entre o sistema nervoso e a pele se dão por meio de substâncias químicas, os
neuropeptídios, que levam o código dos pensamentos ocorridos na mente para a pele.
Em sentido inverso, a pele envia ao cérebro suas mensagens por meio de mediadores
químicos produzidos por suas células, que viajam até o sistema nervoso central pelo sangue ou
pelos nervos, lá gerando pensamentos.
23

A comunicação entre mente, sistema nervoso e pele são constantes e imediatos,


provocando alterações muito sutis, na maioria das vezes invisíveis e não percebidas pelas
pessoas, como as alterações na produção do suor.
Pensamentos de tensão agem sobre o sistema nervoso central, o sistema nervoso autônomo
e o sistema endócrino, levando à produção de substâncias mensageiras de estresse.
Na pele, receptores especializados percebem estímulos produzidos nas suas células e os
transmite por meio de fibras nervosas até os gânglios e a medula espinhal, de onde são levados,
por feixes nervosos, até o tálamo. Este os envia aos centros corticais superiores encarregados de
processar as informações cognitivas.
Por nervos descendentes a informação sensorial é transportada através da medula espinhal
até os órgãos periféricos, que são acionados autonomamente. Os resultados finais são respostas
como sudação, rubor, palidez, produção de gordura e outras.

4.6.2 Mensageiros químicos na pele


Substâncias caracterizadas como neurotransmissor, neuropeptídios e neurônios, cuja
secreção é regulada por estímulos diversos, inclusive por processos mentais, têm sido
identificados na pele.
Cada uma tem diferentes efeitos e, em conjunto, seus efeitos se alteram a cada instante.
Substância P, somatostatina, peptídeo intestinal vasoativo (VIP), neuropeptídios Y, neurocinina
A, galanina, dinorfina, endorfinas, peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP) são alguns
dos mensageiros químicos observados na pele.
Entre elas, a substância P tem definido papel na provocação ou na manutenção das lesões
de psoríase e está provavelmente envolvida na ligação entre o estresse e a psoríase.
Hoje, sabe-se que o estresse pode provocar coceira, exacerbar doenças inflamatórias,
retardar a cicatrização de feridas e levar à inflamação neurogênica.
Uma experiência levada a efeito por Eva Milena J. Peters e colaboradores, Universidade
Charité, de Berlim, mostrou como a inervação da pele se modifica sob estresse. Os pesquisadores
submeteram um grupo de ratos a estresse por produção de um som na frequência de 300 hertz,
em intervalos regulares quatro vezes por minuto. Esse grupo foi comparado a outro, que não
recebeu o som estressante.
Foi verificado, nos ratos estressados, aumento, na derme, do número de fibras nervosas, sob
a forma de terminações livres ou inervando vasos sanguíneos. Também foi observado maior
número de contatos entre fibras nervosas e mastócitos, além de outras características indicativas
de dano à pele.
Os autores concluem que a exposição ao estresse leva a um "estado de alerta" da pele com
exaltação da capacidade de resposta do sistema imunitário local. Este fato é potencialmente
benéfico no indivíduo sadio, mas agrava estado doentio da pele nos quais a inflamação
neurogênica tem papel significativo.
Essa demonstração tem importante consequência para a terapêutica de certas dermatoses,
aquelas consideradas psicossomáticas, e aquelas cujo curso é influenciado pelo estresse. Se há
alterações da distribuição e do funcionamento dos nervos da pele, o tratamento tem que levar
em consideração esse fato, porque ele faz parte do quadro clínico.
Não é mais o caso de considerar-se que o estresse é ruim, mas não é preciso fazer nada
contra ele ou, no máximo, prescrever um calmante. É preciso realmente interferir nas
elaborações mentais e dar apoio para a criação de pensamentos que suprimam estas reações e a
produção de neuromediadores inflamatórios.
24

Como se sabe da observação clínica, muitos pacientes obtêm melhora simplesmente quando
se desligam das preocupações. Com os novos dados, que vêm surgindo das pesquisas, pode-se
admitir que recursos psicológicos e outros, que simplesmente promovam o relaxamento e a
tranquilidade, têm efetiva ação na diminuição da inflamação neurogênica e na degranulação dos
mastócitos e, portanto, na facilitação da cura de dermatoses agudas ou no controle de
dermatoses crônicas, como a psoríase e a dermatite atópica.

4.6.3 Cosmética
As mais recentes pesquisas na área cosmética demonstraram o papel das endorfinas na
vitalidade da pele.
Conhecidas como “Hormônio da felicidade”, trata-se de moléculas produzidas pela hipófise
e hipotálamo, cuja ação está relacionada com a modulação do humor, com a analgesia
endógena, com a melhora da performance geral do organismo e com a sensação de bem-estar. A
produção de endorfinas ocorre mediante estímulos endógenos ou exógenos. Destes últimos, os
mais conhecidos são a ingestão de chocolate, a prática de exercícios físicos e a exposição ao sol.
São muito comuns os comentários de que uma pessoa feliz apresenta boa aparência, pele
viçosa e radiante. E esse fato é um dos fundamentos que levaram a pesquisa sobre o papel das
endorfinas na pele. Os resultados de estudos recentes sobre este assunto são surpreendentes e
podem ajudar a explicar porque a pele fica tão bonita quando estamos felizes: a pele tem
receptores para as endorfinas, chamados receptores opióides. As endorfinas interagem com
esses receptores e exercem importantes efeitos, sendo capazes de estimular a proliferação de
fibroblastos, promoverem a migração de queratinócitos e acalmar a pele, melhorando a sua
aparência como um todo.
As pesquisas sobre o papel das endorfinas na pele estimularam o surgimento de um novo
conceito, uma nova tendência na dermatologia e cosmetologia: a neurocosmético.
A neurocosmético é a evolução da era cosmética sensorial. Ela é baseada na aplicação de
substâncias que atuam no organismo de forma semelhante aos neuromediadores endógenos,
exercendo efeitos benéficos para a saúde e beleza da pele e anexos epidérmicos como cabelos e
unhas.
A neurocosmético explora os aspectos fisiológicos da felicidade, ou seja, pesquisa e busca
mimetizar os efeitos positivos que o estado de felicidade e bem-estar causam na pele e
estruturas relacionadas.
Conhecidos os efeitos benéficos das endorfinas sobre a pele, logo se imaginariam as
aplicações que essas substâncias podem ter em produtos dermocosmetológicos. Porém, as
legislações sanitárias européias e brasileiras não permitem o emprego de hormônios em
cosméticos e, dessa forma, a aplicação de endorfinas neste tipo de produto torna-se inviável.
Como se sabe, a pele é ricamente inervada. Portanto as fibras nervosas estão intimamente
relacionadas com as células cutâneas (queratinócitos, células imunes, fibroblastos, adipócitos,
etc.), contribuindo para a homeostase do tecido.
Muitas fibras sensitivas se encontram na camada superficial da epiderme. Assim, os
ingredientes cosméticos podem acessar facilmente o sistema nervoso neurossensorial. Esta
camada é a que sofre maior exposição ao estresse ambiental, como a poluição, radiação
ultravioleta, vento, calor ou frio.
A homeostase é mantida através de diversos processos biológicos: tanto as células nervosas
produzem neuromediadores que atingem alvos específicos na superfície de células cutâneas,
quanto os mediadores produzidos pelas células cutâneas regulam as funções metabólicas das
células nervosas.
25

Os queratinócitos da camada basal produzem NGF (Nerve Growth Factor) ou fator de


crescimento neuronal, o qual é responsável pela sobrevivência e bom funcionamento da célula
neuronal. O NGF é capaz de proteger também queratinócitos e melanócitos da apoptose
induzida pela radiação ultravioleta.
Os fatores endógenos e exógenos causam danos irreparáveis ao sistema nervoso cutâneo.
Assim, quanto mais cedo forem iniciadas a proteção e a estimulação, mais tempo tem o
organismo de continuar em equilíbrio.
O neurônio nasce como uma célula morfologicamente não distinta e com o estímulo do NGF
ele se diferencia, sendo caracterizado pela formação de dendritos. Depois da célula já
diferenciada, a ausência do NGF deixa a célula neuronal desprotegida, o que pode levar à morte
celular. As células neuronais são muito sensíveis ao estresse oxidativo, pois possuem baixo nível
de enzimas antioxidantes e alta dependência da respiração mitocondriana. Além disso, elas não
são renováveis. Quando um neurônio morre, a rede neuronal se adapta à nova situação, visando
restabelecer a comunicação entre as células. Porém, como não há substituição de neurônios,
essa rede torna-se cada vez mais ineficiente.
Assim, o NGF é responsável pela manutenção da resposta sensorial. Participa dos processos
inflamatórios por regulação da síntese de neuropeptídio pós-inflamatórios.

4.6.3.1 Ativos com ação neurocosmético


Calmosesine (SEDERMA – Distribuidor: Croda): Lipopeptídeo com a sequência N-Acetil-
Tirosil-Arginil-Hexadecil. Éster solubilizado em um excipiente hidroglicólico. Tem ação de
estimular a liberação de pró-endorfinas, oferecendo um efeito estimulante sobre a pele, e
inibindo as contrações musculares responsáveis pelo aparecimento das rugas de expressão.
Concentração usual: 3,0%
Endorphin (POLYTECNO – Distribuidor: Vital Especialidades): é um complexo etnobotânico
composto por polifenóis de cacau e da flor de Tephrosia purpurea. A Tephrosia é uma planta
exótica de origem subtropical, tradicionalmente utilizada na Índia por suas propriedades
medicinais. Em Madagascar, ela é conhecida como a “Cura das 150 enfermidades”. Na medicina
ayurvérica ela é empregada no tratamento de dermatites e irritações cutâneas. Os principais
constituintes desta planta são os oligossacarídeos ciceritol e estaquiose. O cacau vem sendo
muito utilizado por suas propriedades antioxidantes na indústria cosmética. Tem ação de agir
sinergicamente estimulando a liberação de beta-endorfinas pelos queratinócitos, promovendo o
efeito de relaxamento. Concentração usual: 3,0% a 8,0%
Enteline 2 (SECMA – Distribuidor: Chemyunion / DEG): Ativo que reduz eritemas, pruridos e
descamações provenientes de exposição solar excessiva, poluição e estresse. Tem ação
suavizante, reduz descamações, tensão, eritema e irritação da pele. Concentração usual: 2,0% a
3,0%
Happybelle-PE (Mibelle – Distribuidor: Galena): é um ingrediente ativo composto por um
complexo de fitoendorfinas do Vitex agnus castus com ciclodextrinas, complexo este
encapsulado em lipossomas. Para garantir a estabilidade do complexo lipossomado e conferir a
ação antioxidante à matéria-prima, foi acrescida à composição uma nanoemulsão composta por
tocoferol e tetraisopalmitato de ascorbila. O duplo sistema de vetorização, além de proteger o
ingrediente ativo (as fitoendorfinas), promove ultrapenetração, permite certo controle de
liberação do ativo, e ainda confere propriedade hidratante, graças à estruturação dos lipossomas
e nanopartículas. Tem ação de estimulação da proliferação de fibroblastos, estimulação da
26

migração de queratinócitos, revitalização, hidratação e suavização de rugas. Concentração usual:


1,0% a 2,0%
Neuroxyl (POLYTECNO – Distribuidor: Vital Especialidades): é uma associação de
neuropeptídeos com propriedades neurotróficas e neuroprotetoras e antioxidantes, que
aumentam a sensibilidade cutânea prejudicada pelo processo de envelhecimento. Possuem
analogia estrutural com os neuromediadores expressos pela pele, com a capacidade de atingir
receptores específicos na membrana celular dos neurônios. Tem ação de reequilibrar a função
imunológica, mantém as trocas celulares em equilíbrio, recuperando a aparência do tecido.
Controlam o processo de pigmentação cutânea e a hidratação. Concentração usual: 1,0% a 3,0%

4.7 Princípio Ativo


São substâncias que possuem uma ação definida quando aplicadas sobre a pele e/ou
cabelos.
Os princípios ativos podem ser de origem vegetal, animal e biotecnológico.
Ativos de origem vegetal: extratos vegetais isolados ou associados, vegetais marinhos,
proteínas e aminoácidos vegetais, associação de aminoácidos e extratos vegetais

Ativos de origem animal: colágeno, elastina, placenta, cerebrosídeos e ceramidas,


glicoaminoglicanas (ácido hialurônico).

Ativos biotecnológicos: colágeno de origem marinha, ácido hialurônico bio, lipossomas


baseados em lecitinas vegetais, incrementadores do metabolismo celular substituindo a
placenta, antioxidante de origem marinha.
4.7.1 P.A. Origem Vegetal
São cosméticos naturais, ou seja, aqueles que dão preferência, sempre que possível, a ativos
de origem vegetal visando suas propriedades benéficas com total inocuidade para o consumidor
final.
Um cosmético não pode ser exclusivamente elaborado com substâncias de origem vegetal. É
tecnicamente inviável a não utilização de conservantes, antioxidantes e sequestrastes de origem
sintética, pois isso acarretará um produto facilmente contaminado por micro-organismos que
poderão causar sérios danos ao usuário.

CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS ATIVOS VEGETAIS


Classificação Função P.A. Vegetal
São os que agem sobre os poros e folículos da hamamelis,
ADSTRINGENTE pele, provocando a sua constrição, reduzindo omorango,
seu maçã verde,
diâmetro e controlando, desta forma, a sudoreseromã,
e avideira, sálvia,
secreção sebácea. arnica, limão, etc.
urucum,
TINTORIAIS São os que vão dar cor aos cosméticos
beterraba, henna, etc.
São substâncias macromoleculares, que crescem
algas, pepino,
EMOLIENTES / em contato com a água, proporcionando um líquido
abacate, amêndoa
UMECTANTES viscoso que forma um filme sobre a pele protegendo-
doce, malva, etc.
a do meio ambiente
Destina-se a limpar a pele de escamas, crostas,extrato de coco e
DETERGENTES
para seguidamente possibilitar o tratamento da milho
pele.
27

São os que agem ativando a circulação periférica,


ESTIMULANTE / alecrim, calêndula,
estimulando o metabolismo cutâneo, com
TONIFICANTE guaraná, etc.
consequente tonificação local.
acetato de alumínio,
Impedem o crescimento dos microrganismos e
ANTISSÉPTICOS azul metileno, ac.
porventura os aniquilam.
salicílico, etc.
Atenua ou elimina o estado inflamatório da pele,
flavonóides,
ANTI-INFLAMATÓRIO se esse estado for de origem infecciosa ele só irá
fenólicos,
desaparecer com apropriada medicação tópica.
álcool benzílico,
ANALGÉSICOS Diminuir dor lidocaína,
etc.
Produtos que provocam vermelhidão na pele cânfora, arnica,
RUBEFACIENTE com a finalidade de ativar nicotinato de metila, etc.
a atividade microcirculação sanguínea.
alantoina,
CICATRIZANTE Ação cicatrizante e antibacteriana
alcalóides, ginseng, etc.
Visa reduzir a produção de secreção seborréica
ionil, selsun
ANTISSEBORRÉICOSpelas glândulas de pele e
ouro,etc.
couro cabeludo
4.7.2 P.A. Origem Animal
A utilização dos P.A. de origem animal é antiga, existem relatos do uso de óleos retirados de
animais já nos primórdios da história do homem. Os egípcios se destacaram no seu uso em
cosméticos e medicamentos, vários princípios ativos foram extraídos de animais.
Composição complexa dos tecidos animais (proteínas, triglicérides, material fibroso, etc). O
isolamento de princípios ativos puros a partir destes materiais é relativamente difícil,
concentrados comuns são satisfatórios para uso oral, no entanto, alguns produtos obtidos a
partir de animais devem ser usados por via parenteral, como por exemplo, heparina e insulina.
É necessário que tenham elevado teor de pureza e sejam apirogênicos, estéreis e isentos de
contaminantes. A extração dos princípios ativos animais são executadas nas mais variadas
operações unitárias. Ex: destilação a vácuo, filtração, etc;
Colágeno: é uma proteína em forma de fibra com função estrutural. Os extratos de colágeno
para fins cosméticos são obtidos a partir de pele de animais jovens, geralmente, bovinos.
A utilização cosmética de colágeno como ativo provém da suposição de que poderia induzir
a elaboração de novas fibras colágenas solúveis na derme, resultando em maior turgecência da
pele devido à propriedade de reter água deste tipo de colágeno. No entanto, após muitas
pesquisas constatou-se que sua ação é apenas superficial onde, por afinidade com as proteínas
(queratina) da pele, fica aderida e passa a exercer sua ação hidratante por retenção de água.
Forma-se, assim, um filme aquoso sobre as camadas mais externas da epiderme, o que impede
que haja uma perda de água transepiderme das camadas mais profundas, resultando na
turgecência tão desejada; ou seja, seu efeito é somente hidratar a pele.
Elastina: também é uma proteína em forma de fibra, porém mais delicada, é responsável
pela elasticidade da pele. Assim como o colágeno é o suporte da hidratação da pele, a elastina é
o suporte da elasticidade. Porém, a elasticidade da pele depende muito mais do estado da
quantidade de água retida pelo colágeno dérmico do que de seu conteúdo de elastina. Com o
envelhecimento, ocorre uma degeneração das fibras elásticas, conhecida como flacidez.
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Como ativo cosmético, tal como o colágeno, a elastina possui propriedades de


substantividade e retenção de água, melhorando a flexibilidade e, consequentemente, a
elasticidade. Os extratos de elastina são obtidos também de pele de bovinos .
Glicosaminoglicana: ou mucopolissacarídeos ácidos são moléculas de açúcares ligados a
proteínas. São encontradas no cimento intercelular (substância gelatinosa que preenche os
espaços entre as células da maioria dos tecidos, incluindo cartilagens, tendões e pele).
O ácido hialurônico é uma glicosaminoglicana de alto peso molecular, responsável pela
retenção de água no cimento intercelular, funcionando como uma verdadeira esponja molecular,
que forma um filme delgado, transparente, não-gorduroso e que só é perceptível por sua ação
lubrificante, alisante e suavizante.
É obtido a partir de cristas de galo onde o hormônio testosterona promove a sua formação.
Outra fonte pode ser o cordão umbilical humano.
Placenta: A placenta é um órgão que regula todas as trocas entre o organismo materno e o
feto, desenvolvendo-se totalmente nos primeiros três meses de gravidez. É um tecido rico em
hormônios, vitaminas, enzimas, aminoácidos, íons e outros ativos. Por isso, durante muito tempo
foi utilizado em produtos cosméticos devido às suas propriedades: ativadora, oxigenante e
estimulante, como ativo nutritivo.
No tratamento de queimaduras, sua ação na pele é a de fechar a região e evitar a perda de
líquido, além de desinflamar e ajudar na cicatrização, evitando parcialmente a infecção.

A preparação dos extratos placentários é feita a partir de placentas animais e humanas.


Ceramidas: O extrato córneo é composto de queratinócitos diferenciados como os
corneócitos - células mortas cheias de queratina e lipídeos, principalmente localizadas nos
espaços intercelulares, em estruturas e em bicamadas. Estas camadas múltiplas promovem a
função de barreira e se constituem, predominantemente, de ceramidas, colesterol e ácidos
graxos.
As ceramidas naturais da pele possuem uma configuração estereoquímica específica, sendo
compostos opticamente ativos de difícil reprodução e síntese.
Os cerebrosídeos e as ceramidas ocorrem principalmente na camada externa das
membranas celulares. Ambas possuem capacidade de retenção de água. No entanto, estudos
constataram que as propriedades de retenção de água na camada córnea dependem,
predominantemente, da presença e da quantidade de ceramidas.
Ativo Função Aplicação %
cremes hidratantes e contorno dos
Ácido hialurônico Hidratante 1-5
olhos
ação protetora e
Aminoácidos da seda cremes, loções, maquilagem 1-5
hidratante
Aminoácidos do leitehidratante e emoliente cremes nutritivos e infantis 2,5-10
Placenta ação regeneradora cremes e produtos capilares 1-5
retém água, dá
Elastina cremes, géis e loções hidratantes 1-10
elasticidade
Colágeno sustenta a pele cremes nutritivos e hidratantes 2-10
Reticulina ação regeneradora cremes e loções 1-5
Queratina ação protetora xampus, sabonetes, cremes 1-5
29

4.7.3 P.A – Biotecnológicos


É uma área da pesquisa que se ocupa da transformação ou tratamento de materiais de
origem biológica; trata do aproveitamento dos micro-organismos como agentes de degradação e
síntese. É o cultivo de células animais ou vegetais com a função específica de produção de um
determinado produto. Exemplos: produção de álcool nas destilarias, antibióticos e vitaminas na
indústria farmacêutica, queijos e iogurtes na indústria.
Têm algumas vantagens adicionais como alto grau de pureza (acima de 95%), qualidade
constante (padronizadas e controladas), constante disponibilidade e economia (alta produção,
baixo custo). Exemplo:
Ácido Hialurônico Biotecnológico-> obtido por fermentação a partir de bactérias
selecionadas, idêntico ao do organismo animal, mantém suas características altamente
hidrofílicas. Quando aplicado sobre a pele forma uma película viscoelástica não-oleosa, com
capacidade de retenção de água similar ao processo que ocorre na matriz dérmica, conferindo
turgor, elasticidade e maciez.

4.7.4 Vitaminas que tratam a pele


Constituem um grupo de ativos extremamente importantes para os produtos de tratamento
do rosto, em funções de suas propriedades exibidas. Exemplos:
Vitamina A: reguladora do processo de queratinização. É encontrada no fígado dos animais e
nos vegetais, na forma de pró-vitamina. Também pode ser obtida sinteticamente. Atua como um
potente antioxidante e neutralizante de radicais livres, favorece a regeneração celular cutânea e
o processo de queratinização normal da pele. A vitamina A é extremamente fotossensível,
podendo provocar manchas. É preciso máxima proteção solar possível.
O ácido retinóico, um derivado da vitamina A, é aplicado topicamente e atua principalmente
aumentando a atividade enzimática e o metabolismo das células cutâneas, funções que se
encontram diminuídas na pele desvitalizada. Existem dois isômeros (derivados) do ácido
retinóico:

* Trans ou tretonoína: vem sendo usada na recuperação de peles envelhecidas e


* Cis ou isotretinoína: além do uso tópico, vem sendo usada via sistêmica no tratamento de
acne. Sua ação reduz a produção de sebo, diminuindo o tamanho das glândulas sebáceas,
alterando a morfologia e a capacidade secretora das células. Em produtos cosméticos usa-se
ésteres (função álcool) de vitamina A, que tanto podem ser palmitato ou acetato. Como o
palmitato é mais estável do que o acetato, tem sido mais empregado em formulações
cosméticas.
Vitamina C: antioxidante e estimulador da produção de colágeno, o mais conhecido é o
ácido ascórbico.
O ácido ascórbico hidrossolúvel e seus derivados lipossolúveis e o palmitato de ascorbila
constituem dois antioxidantes potentes, que evitam os processos peroxidativos da
metabolização das gorduras e a formação dos radicais livres. Retardam os danos causados pela
radiação UVA e também conseguem reduzir o eritema causado pelos raios UVB.
Possui atividade clareadora, pois inibe o processo de melanogênese. Uma de suas grandes
virtudes, na área da cosmética, é ser um co-fator essencial na formação e função do colágeno. Já
existem provas suficientes de seus efeitos benéficos na recuperação da pele envelhecida e
também na manutenção de uma pele jovem e saudável.
30

Vitamina E: atualmente em grande evidência internacional, é utilizada na concentração de


5% normalmente. Considerada como excelente agente antirradical livre, atuando, protegendo e
regenerando as camadas da pele. Sua principal ação está na capacidade de impedir a oxidação
dos lipídeos insaturados presentes na pele, retardando, assim, o processo de envelhecimento.
Possui também efeito umectante, a ação benéfica em lesões provocadas pela radiação
ultravioleta, a ação protetora contra a fotossensibilidade, ação anti-inflamatória e
hipoalergênica.
A vitamina E é usada de duas formas na cosmetologia: esterificada: a forma presente na
natureza, exemplo: óleo de germe de trigo e outros óleos vegetais e não-esterificada é a forma
mais ativa, conhecida como tocoferol. Esta substância é bastante instável, ou seja, oxida-se e
escurece quando exposta à luz e ao ar. Por esta razão, costuma-se fazer uma reação química do
tocoferol com o ácido acético, a fim de formar o éster acetato de tocoferol, que apresenta maior
estabilidade em formulações cosméticas.
Embora existam 4 tipos de tocoferóis, o mais abundante na natureza e o mais ativo é o alfa-
tocoferol e o produto sintético mais empregado em formulações cosméticas é o acetato de alfa-
tocoferol.
A associação de vitaminas E e C é bastante eficiente. A radiação UV deixa como sequelas a
formação de radicais livres. Para neutralizá-los, a vitamina E toma a forma de radical livre,
regenerando-se, em seguida, pela vitamina C. Assim, mantém o efeito benéfico da vitamina E por
muito mais tempo.
Vitamina F (ácidos graxos essenciais): o nome vitamina F é uma denominação antiquada,
que agrupa os ácidos graxos não saturados essenciais (não formados no organismo humano).
Não são aminas e, por isso, deixaram de ser considerados como sendo vitaminas. Os ácidos
graxos essenciais são usados principalmente nos cosméticos de uso tópico e servem para
promover um efeito antiqueratinizante. É encontrada principalmente no óleo de milho, de
girassol, de soja, de caroço de uva, de germe de trigo, nos óleos de oliva e de peixes, e destes,
principalmente, nos de água fria.

4.7.5 PRINCÍPIOS ATIVOS ESPECÍFICOS


Blend de ativos, que agem sinergicamente visando alcançar o efeito desejado. Assim, o
mercado oferece complexos vegetais, vitamínicos, associações de proteínas com extratos, entre
outros. Exemplos:
- Complexo antiadiposidade: extrato de bile, extrato de Hedera helix e um éster de ácido
tartárico e polioxietilenoglicol.
- Complexo antirradical livre natural: óleo de germe de trigo, óleo de rosmarinus, acetato de
vitamina E e vitamina F (ativo usado no Nutritivo Florrimon)
- Complexo anti-idade de lipossomas de vitaminas E e C: Associando os efeitos benéficos e
sinérgicos das vitaminas.
- Complexo suavizante de rugas e estimulador de formação de elastina, colágeno e ácido
hialurônico: Acetato de farnesila e outros ésteres de farnesol.
Existem ainda ativos tradicionais com nova tecnologia, maior eficiência e maior inocuidade,
como por exemplo:
Arbutin: glicosídeo de hidroquinona natural encontrado em vegetais como pêssego, pera,
outras plantas japonesas e principalmente nas folhas de uva ursi (Arctostaphilos uva ursi).
Potente agente despigmentante com reduzida irritabilidade.
Iodotrat: iodo amínico totalmente estável e não-tóxico pois não origina iodo livre, ou seja,
não exerce acão hormonal e sistêmica. Atua diretamente sobre o tecido adiposo, onde estimula
31

o metabolismo da gordura estagnada ao ativar enzimas lipolíticas diminuindo, assim, o


sufocamento tecidual, aumentando o fluxo nutricional e desintoxicando o organismo.
A seguir temos os P.A mais utilizados nos principais distúrbios faciais
Distúrbio Facial Princípio Ativo Descrição
Ácido glicirrízico Anti-inflamatório, descongestionante
Ácido glicólico Queratolítico
Ácido salicílico Queratolítico
Agrião Antiacnéico, antisseborréico
Alantoína Regeneradora, queratolítica
Alfa bisabol Anti-inflamatório, calmante
Azuleno Anti-inflamatório
Apricot Esfoliante físico
Aloe vera Hidratante, ação regeneradora
Bardana Adstringente, calmante
Calêndula Cicatrizante, anti-inflamatório
Camomila Calmante, anti-inflamatório
A Cânfora Calmante, anti-inflamatório
c Clindamicina Atua como agente bacteriostático
n Eritromocina Tem ação bacteriostático
e Triclosan/ irgasan Bactericida
Hamamélis Adstringente
Peróxido de benzoíla Esfoliante e inibe o crescimento de P. acnes
Própolis Antimicrobiano, anti-inflamatório
Microesferas de polietilenoglicolEsfoliante físico
Resorcina Esfoliante químico
Sulfato de zinco Adstringente, antisséptico
Sílica Esfoliante
Tretinoína/ac. retinóico Esfoliativo químico
Absorve os ácidos graxos insaturados, antisseborréico
Takallophane

Ácido glicólico Esfoliante químico


D
Ácido Kójico Despigmentante natural
i
Antipollon HT Clareador por absorção de melanina pré-formada
s
Arbutin Inibe a atividade da tirosinase
c
Dihidroxiacetona-DHA Simulador de bronzeado
r
Essência bergamota Calmante, antiparasitário e cicatrizante
o
Hidroquinona Inibe a atividade da tirosinase
m
Melawhite® Inibe a tirosinase no estágio inicial da melanogênese
i
Psoralênicos Uso tópico sistêmico
a
VC- PMG Inibe a tirosinase; atua antirradicais livres
Oligoelemento: selênio Oxidante, bloqueando os radicais livres
R Regula o fluxo sebáceo e, junto com a vitamina A, é responsável pela
Oligoelemento: zinco
u renovação celular. Possui propriedades calmantes e antirradicais livres
g Regula as trocas celulares e participa da síntese de neuromediadores
Oligoelemento: cálcio e magnésio
a (que carregam mensagens entre as células e a pele)
32

s Oligoelemento: manganês Função antirradicais livres e estimula elastina e colágeno


Promove a regeneração dos tecidos, hidratação intensa, antirradicais
Oligoelemento: silício
livres, antiglicosilação

5. Classificação dos cosméticos de acordo com sua função:


Limpeza da Pele (Cleasers)
Limpar a pele significa remover sujidades provenientes de poluição, resíduos cosméticos,
secreções naturais e células córneas em descamação.
Formas de limpar a pele:
 Uso de solventes orgânicos
 Uso de substâncias lipofílicas
 Uso de tensoativos (detergentes e sabões)
5.1 REQUISITOS
 Possuir detergência moderada.
 Espalhar-se facilmente.
 Bom poder de arraste.
 Ser ligeiramente antisséptico.
 pH compatível com o cutâneo.
 Fácil eliminação.

5.2 CLASSIFICAÇÃO
 Sabonetes em barra e líquidos.
 Loção de limpeza isenta de lipídios (limpadores sem lipídios)
 Esfoliantes
 Agentes abrasivos
 Mascaras tonificante
5.2.1 SABONETES EM BARRA
Quimicamente podem ser chamados de sabões que representam compostos químicos
formados pela reação de um ácido graxo com um álcali.
Na seleção rigorosa dos óleos e gorduras utilizados influenciarão no custo e nas
propriedades do sabão. Um bom sabão é produzido com uma mistura de óleos e gorduras.
Os sabões de sódio são mais duros, os de potássio mais solúveis em água e os de
trietalonamina menos alcalinos.
Como a grande maioria tende a alcalinidade (80%), a alta detergência os torna mais
irritantes para a pele. E na grande maioria das vezes são desaconselháveis para peles secas e
sensíveis.
Os sabonetes glicerinados são exemplos de formulações que diminuem a quantidade de
sabão na fórmula, a composição restante é formada por agentes solubilizantes (glicerina, álcool,
propilenoglicol), corantes, fragrâncias e açúcar para aumentar a transparência.

5.2.2 SABONETES LÍQUIDOS


Não são considerados como verdadeiros sabões (sais de ácidos gordos), mas misturas de
tensoativos detergentes, agentes emolientes, anti-sépticos e aromatizantes em geral. São
elaborados a partir de sabões de potássio numa concentração de 15 a 20%. Entretanto
atualmente este tipo de formulação quase não leva sabão em sua formula. Os sabonetes líquidos
são formulados apenas com misturas de tenso ativos sintéticos, ou derivados de produtos
naturais.
33

5.2.3 Loções de Limpeza


São produtos líquidos que limpam quando aplicados sobre a pele (seca ou umedecida),
esfregados para produzir espumas, enxugados ou evaporam-se sem enxágüe.
Estes produtos contêm água, glicerina, substâncias detergentes e umectantes. Geralmente
deixam uma película umedecida fina.
Geralmente é usada para remoção de maquiagem, limpeza diária da face, ou previamente
em procedimentos estéticos.

5.2.4 Cremes de limpeza


São cremes geralmente oleosos, utilizados para limpeza da pele seca.

5.2.5. Adstringentes
Usado para remover óleo e produzir uma sensação tonificada. Geralmente os utilizados para
pele oleosa por terem um teor alcoólico maior.
Em produtos para acne são utilizadas substâncias antissépticas como triclosan e substâncias
esfoliantes.

5.2.6 Tonificantes propriamente ditos


São sempre produtos com teor alcoólico menor ou isentos de álcool quando comparados
com os adstringentes. Podem ser utilizadas substâncias refrescantes (mentol). Podem melhorar
permeação cutânea. Em alguns casos melhorar a hidratação.
Tipos de Cosméticos Tonificantes:
- Águas cosméticas.
- Soluções hidroalcoólicas.
- Loções.
- Máscaras faciais.

5.2.7 Esfoliantes
São considerados basicamente adstringentes com adição de substancias como: hamamelis,
ácido salicílico.
O objetivo destes produtos e remover as células mortas da superfície da pele e auxiliar na
renovação natural da pele.
Agentes abrasivos: são esfoliantes mecânicos. Utilizam grânulos abrasivos numa base
cosmética. Estes grânulos geralmente são constituídos por gotas de polietileno, fragmento de
semente e frutas.
Os agentes abrasivos são eficazes no controle do excesso de gordura e remoção do tecido
córneo escamativo.
Inconvenientes: podem causar danos epiteliais se for utilizado com muita força.

5.2.8 Máscaras faciais


São preparações cosméticas cuja consistência é variada. Destinam-se a aplicação sobre o
rosto, pescoço, colo. Costas, mãos, pés.
Utiliza-se em camada espessa, com tempo determinado de permanência, onde geralmente
uns de seus componentes líquidos evaporam deixando uma camada de outro produto aderente
a pele.
34

A RDC 211 Classifica as mascaras corporais e faciais como formulações de risco grau 1, desde
que elas não sejam indicadas para peles acneicas, com finalidade de peeling químico e/ou outros
benefícios.
Forma de aplicação →depende do profissional e da forma farmacêutica da máscara.

5.2.7.1 Características:
 Suavizantes e sem arenosidade
• Secagem rápida
• Produção de limpeza da pele
• Inócuas

5.2.7.2. Objetivo
• Limpar, tonificar, estimular, acalmar, rejuvenescer, nutrir, antissépticas, hidratar, anti-
irritantes, queratolíticas, clareadoras, adstringentes.

5.2.7.3 Ativos incorporados:


• Pós absorventes ou adsorventes (argila, kaolim, CaCO3)
• Umectantes (glicerol, propilenoglicol)
• Gelificantes (resinas ou alginatos)
• Adstringentes (alume, tanino)
• Extratos vegetais
• Óleos essenciais
• Colágena / elastina.

5.2.7.4 Máscaras de porcelana


Trata-se de uma máscara em pó (gesso), endurece após ser aplicada. São oclusivas. Exerce
um efeito psicológico.
Deve ser homogeneizado com água ou uma solução Tonica apropriada no momento da
aplicação, uma camada mais ou menos espessa é aplicada com a ponta dos dedos ou pincel,
ocluindo a pele. Recomenda-se usar uma forração de gaze previamente para ser mais fácil a sua
retirada. Cuidado redobrado com a superfície pilosa da pele, pois pode provocar traumatismos.
Pode-se aplicar por sobre outro produto.

5.2.7.5 Máscaras em pó
São dispersões de ativos num veiculo sólido pulverizado como o talco ou a argila.
Deve ser homogeneizado com água ou uma solução Tonica apropriada no momento da
aplicação, uma camada mais ou menos espessa é aplicada com a ponta dos dedos ou pincel,
ocluindo a pele.
Após algum tempo o liquido dispersante evapora e posteriormente o pó deverá ser retirado
do local com água ou Tonico
Este tipo de veiculo é indicado para procedimentos adstringentes, redutores de oleosidade,
clareadoras (em tese) e esfoliantes

5.2.7.6 Máscaras a base de ceras


Não são mais utilizadas. Compostas por cera de abelha. A cera é aquecida e algumas vezes
aplicada diretamente na face. Geralmente eram utilizadas para pessoas com pele seca.
35

5.2.7.7 Máscaras a base de vinil


São populares para uso domésticos. São formadas por substancias formadoras de películas
(álcool polivinilico). Apos a evaporação do veiculo, uma película flexível de vinil permanece na
face. São apropriadas para todos os tipos de pele. A evaporação do veiculo cria uma sensação
refrescante e o enrugamento da mascara com a secagem pode dar a impressão de que a pele
esta apertando.

5.2.7.8 Máscaras hidrocoloidais ou Máscaras plásticas


Estas máscaras são formadas por gomas (gomas de celulose, xantana) e umectantes. Deixa
na pele uma sensação de pele suave e criam a sensação da pele apertando quando a água
evapora e a máscara seca. Possui um bom efeito psicológico de estiramento e agradável
sensação refrescante.
São utilizadas em formulações redutoras de oleosidade, esfoliantes, adstringentes e
calmantes.

5.2.7.9 Máscara à base de Argila


São conhecidas como máscaras em pastas ou pacotes de lama. São formadas por argila.
Podem ser apresentadas sob a forma pó ou suspensões em veiculo semi-sólido. As argilas fixam
considerável quantidade de água; óleos e corpos gordurosos por adsorção ou absorção. Podem
ser usadas com a propriedade secativa, clareadora (em tese), adstringentes e antissépticas.
Origem das Argilas
Provêm da desintegração do granito.
São formadas de silicato de Alumínio
Variedades
-Argila Vermelha: contém traços de óxido de Ferro.
-Argila Verde: Contém traços de cloreto ferroso.
- Argila branca: argilas naturais, compostas por diversos componentes minerais.
-Colin: silicato de Alumino puro.
-Montomorilhonita: argila especial.
-Bentonita: Variedade da montomorilhonita

5.2.7.10 Outras Máscaras


Máscara de ouro.
Máscara de diamante.
Mascara de pérola.
Mascara de prata.
São considerados produtos exóticos, porem sem comprovação científica. O único efeito
destes produtos na pele é o glamour de usar uma mascara facial elaborada com material nobre,
e o efeito do ativo incorporado à mesma que não maioria das vezes não é citada na publicidade,
na maior parte das vezes são os hidratantes.
Têm-se ainda as máscaras de chocolate, neste caso pode-se admitir que exista um
fundamento.
O chocolate possui riqueza em material graxo que lubrifica e oclui a pele, melhora a
hidratação deixa-a mais macia e suave ao toque. A idéia de que os polifenóis funcionem como
ativos neste tipo de produto não condizem com a realidade, pois os mesmos só existem no cacau
in natura, e não no processado
36

Conclusão:
1. Usar no mínimo uma vez por semana.
2. Tempo de aplicação de 10 a 25 minutos.
Efeitos desejados:
- Ação de limpeza →Usar ativos absorventes e desincrustantes.
- Ação Normalizadora de secreções →Usar produtos absorventes e normalizadores de
equilíbrio ácido-base.
- Ação hidratante → Usar umectantes e princípios ativos que favoreçam a hidratação.
- Ação estimulante e fortalecedora → Melhorada pelo efeito oclusivo e pela vasodilatação
gerada.
- Ação alisadora e remodeladora → Usar princípios ativos tensores.

Os princípios ativos mais utilizados em cada tipo de máscara são:


Tipo de máscara Princípios ativos
Bórax, bicarbonato de sódio, TEA (trietanolamina), pH levemente
Detergente
alcalino, vitamina B6
Cloridróxido de alumínio ou zircônio, alúmen, titânio, glicina, ácido
Adstringentelático, sais de zinco, extratos vegetais de hamamélis, agrião, bardana, sálvia,
castanha-da-índia
Extratos vegetais de camomila, tília, mucílagos, azuleno, cânfora,
Calmante
caseína, calêndula, alantoína
Vitaminas A e E, óleos vegetais, proteínas (colágeno, elastina,
Nutritiva
albumina)
Peróxido de zinco ou magnésio, ácido cítrico e lático, perborato de
Clareadora
cálcio
Refrescante Mentol
Anti-inflamatória Alfa bisabol, betaexina, própolis, azuleno, ácido glicirrízico
Antiedematosa Extratos de arnica, centelha asiática
Hidratante Extratos de aveia, aloe vera, aminoácidos
Ácido lático (1%), ácido salicílico (2,5%), enzimas papaína e bromelina
Queratolítica
(4%)
Umectante Propilenoglicol, glicerina

6. Sais de Banho
6. 1 Conceitos
São cosméticos sólidos utilizados para limpar, tonificar, esfoliar e perfumar a pele durante o
banho. Alguns deles são quelantes de cálcio.
Os sais de banho podem ser fabricados na forma de pós, cristais ou comprimidos
efervescentes.

6.2 Componentes
Cloreto de sódio.
Sulfato de Magnésio.
Lauril sulfato de sódio.
Corantes.
Essências.
37

6.3 Sais efervescentes


São constituídos geralmente por uma mistura de um acido orgânico (cítrico, fumárico,
succinico) com bicarbonato ou carbonato de sódio. A escolha do acido orgânico depende do seu
custo, pka, solubilidade em água. Em relação aos carbonatos, o bicarbonato de sódio produz
mais C02 porque requer apenas um próton para ser neutralizado.

7. ÓLEOS PARA BANHOS

7.1 Composição
Formados por misturas de óleos, ésteres graxos, alcoóis graxos líquidos, essências e
corantes. Repositores do manto hidrolipídico principalmente após o banho. Promovem maciez
ao toque e hidratação por mecanismo oclusivo.
Podem ser consideradas soluções lipofílicas. Pode ser usado um único óleo, mistura de
diferentes tipos de óleos, ou ainda a mistura de agentes lipofílicos e óleos.
Para melhorar o sensorial é usado o silicone e ésteres emolientes que promovem também
melhor espalhabilidade do produto

8. RELEMBRANDO A ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE


A pele humana é formada por três camadas:
- Epiderme: camada mais externa, constituída de tecido epitelial pavimentoso estratificado,
composto principalmente de queratinócitos, as células epiteliais especializadas responsáveis pela
renovação, coesão e barreira da epiderme. Tem a espessura de 0,004 a 0,15 mm, sendo que é
mais espessa nas palmas e plantas dos pés devido a camada lúcida presente nessas regiões.
A epiderme é recoberta por uma fina camada de gordura que impermeabiliza a pele contra a
entrada de água e mantém seu pH entre 3.5 e 5.0, protegendo-a do ataque de micro-
organismos, chamada de manto hidrolipídico. Mesmo sendo uma camada de células mortas, ela
impede a penetração dos micro-organismos e a desidratação das células vivas que estão logo
abaixo.
A epiderme é formada por vários estratos de células epiteliais e outras células, sendo:
* Estrato basal ou germinativo: localizado na lâmina basal, sendo a camada mais profunda,
que fica logo acima da derme; é responsável pela regeneração das células epidérmicas, ou seja,
pela produção de queratinócitos, sendo considerada a camada com a maior atividade mitótica.
A morfologia dos queratinócitos varia conforme a camada onde se localizam, na camada basal
são colunares e cuboidais e apresentam grandes núcleos e citoplasmas basofílicos. Estão
alinhados perpendicularmente na membrana basal e ancorados por estruturas especiais como os
hemidesmossomos. Em circunstâncias normais o tempo de renovação epidérmica
(queratinócitos) é de aproximadamente quatro semanas e as células da camada basal (células
tronco) são as responsáveis pela regeneração da epiderme através da divisão mitótica.
* Estrato espinhoso ou Malpighiano: é a camada mais grossa da epiderme. As células nesta
camada chegam por migração da camada basal, perdendo sua adesão à lâmina basal e se
aderindo a outros queratinócitos. São células justapostas, em formas poliédricas, fortemente
aderidas. Os queratinócitos da camada espinhosa são poligonais, de núcleos centrais,
citoplasmas eosinofílicos com expansões que contém filamentos de queratina (tonofilamentos).
Ocasionalmente também podem ocorrer mitoses na camada espinhosa, pois há ocasionais
células mães.
38

* Estrato granuloso: é caracterizada pela presença de grânulos de queratohialina entre os


filamentos de queratina; consiste em 3-5 camadas de queratinócitos achatados. Esta é a camada
mais superficial em que as células ainda possuem núcleo. Na camada granulosa os
queratinócitos apresentam-se achatados, com núcleo central e cheios de grânulos basófilos
(queratohialinos). A espessura da camada granular em condições normais é proporcional à
camada córnea.
* Estrato lúcido: presente nas áreas mais espessas da pele. É constituída de uma delgada
lâmina de células eosinofílicas e translúcidas.
* Estrato córneo: células em contínuo processo de descamação; área abiótica, ou seja, são
células anucleadas e sem organelas. Tem espessura de 0,075 a 0,15 mm. Há uma camada de
células de orientação horizontal com citoplasmas repletos de queratina, que formam o estrato
córneo. Exerce a função de barreira, sendo formada por queratinócitos e lipídios localizados
principalmente no espaço intercelular (ceramidas, ácidos graxos livres e colesterol).
Conteúdo lipídico: formam a membrana celular que circunda as células, além de
concentrarem-se na fase extracelular (espaço intercelular), sendo fundamentais para a retenção
de água no estrato córneo, controlam, portanto, a perda transepidérmica da água, mantendo a
maciez e elasticidade da pele. O envelhecimento e agressões ambientais resultam numa
diminuição da capacidade do estrato córneo em reter o seu conteúdo de umidade ideal,
tornando a pele seca e rugosa. A quantidade ingerida de água também é um fator que interfere
no estado de hidratação da pele.

Existem outros integrantes da epiderme como:


Células de Langerhans: são células móveis e dendríticas responsáveis pela imunovigilância
cutânea. Têm a função de captar, processar e apresentar os antígenos aos linfócitos T.
Representam 3-6% de todas as células epidérmicas. Contém um marcador citoplasmático
específico, os grânulos de Birbeck, que se originam do processo de endocitose. Na microscopia
de luz as células de Langerhans podem ser demonstradas por técnicas histoenzimáticas como a
ATPase.
Melanócitos: são responsáveis pela síntese de melanina, o principal pigmento da pele.
Correspondem a cerca de 5% das células epidérmicas, localizam-se na camada basal e seus
prolongamentos dendríticos transferem melanina para cerca de 36 queratinócitos. Há um
melanócito para cada 4-10 queratinócito da camada basal. Há variação étnica da pigmentação
39

que se deve à atividade do melanócito e não ao aumento do número destas células. Nas
colorações de rotina (hematoxilina-eosina) os melanócitos aparecem na camada basal com
núcleos basofílicos e citoplasmas claros, porém podem ser reconhecidos mais facilmente por
colorações especiais que revelam melanina como a de Fontana-Masson ou por imunoistoquímica
(anticorpos que reconhecem antígenos específicos) Melan-A, HMB-45 e S100.
Células de Merkel: localizam-se na camada basal e unem-se aos queratinócitos por meio dos
desmossomos. São mais frequentes nos lábios e na pele das mãos e dos dedos.
Parecem ser receptores táteis, pois estão frequentemente em contato com axônios sensoriais
da derme, através das suas junções de sinapse. Podem ser facilmente reconhecidos na
microscopia eletrônica pela presença de grânulos citoplasmáticos neurossecretores. Também
podem ser evidenciados pela coloração especial de Uranafina e pela imunoistoquímica, através
dos seguintes marcadores: Citoqueratina Nº 20 (CK20), enolase neurônio específica,
cromogranina, sinaptofisina e moléculas de adesão de células neurais (N-CAM).
- Derme: é um tecido conectivo, irregular e denso, composto de colágeno, elastina e
glicosaminoglicanos. A derme apresenta espessura variável de acordo com a região observada,
contém extensiva vascularização, neurônios, músculo liso e fibroblastos. Sua superfície é
irregular, observando-se saliências, as papilas dérmicas, que acompanham as reentrâncias
correspondes da epiderme. As papilas aumentam a área de contato da derme com a epiderme,
reforçando a união entre essas duas camadas. As papilas são mais frequentes nas zonas sujeitas
a pressões e atritos. É a principal barreira mecânica da pele. Sua rede de fibras elásticas funciona
para suportar a epiderme e ligar à hipoderme.
A derme possui elementos neuronais para percepção de toque, dor, coceira e temperatura.
Os corpúsculos de Meisser residem na camada papilar e funcionam como mecano receptores na
percepção do toque. Os corpúsculos de Pacini são encontrados na porção profunda da derme e
são responsáveis pela sensação de pressão.
É constituída por duas camadas, de limites poucos distintos: a papilar (superficial), e a
reticular (mais profunda).
Camada papilar: é delgada, constituída por tecido conjuntivo frouxo que forma as papilas
dérmicas. Nesta camada foram descritas fibrilas especiais de colágeno, que se inserem por um
lado da membrana basal e pelo outro penetram profundamente na derme. Essas fibrilas
contribuem para prender a derme à epiderme.
Camada reticular: é mais espessa, constituída por tecido conjuntivo denso.
As duas camadas possuem fibras elásticas, que dão elasticidade à pele. A maioria das fibras
dérmicas são de colágenos, principalmente os tipos I e III, responsáveis pelo mecanismo de
resistência da pele. As fibras elásticas são responsáveis pela propriedade retrátil da pele, podem
ser visualizadas pela coloração especial (orceina). Na papila dérmica elas são finas e na derme
reticular ficam mais espessas.
As fibras reticulínicas visualizadas com coloração especial de prata consistem
bioquimicamente em fibras de colágeno (tipos I e III) e fibronectina. As macromoléculas são
encontradas entre as fibras e células dérmicas e mais abundantemente na papila dérmica e ao
redor dos anexos cutâneos. Bioquimicamente são glicoproteínas e proteoglicanas (principal
componente é ácido hialurônico). Essas substâncias não são visualizadas em exames de rotina,
mas são coradas pela coloração especial (alcian blue).
Além dos vasos sanguíneos e linfáticos, e dos nervos, também são encontrados na derme as
seguintes estruturas, derivadas da epiderme: folículos pilosos, glândulas sebáceas glândulas
sudoríparas.
40

- Hipoderme: é composta de tecido conectivo frouxo com um grande número de células


adiposas. A hipoderme confere insulação, absorção de impacto, estoque de energia e
flexibilidade. Também contém o maior número de vasos sanguíneos da pele. Muitos dos anexos
epidérmicos se estendem até a hipoderme.

Eles são uma fonte de queratinócitos quando a epiderme é destruída por abrasão ou
queimadura. Dependendo da região e do grau de nutrição do organismo, a hipoderme poderá
ter uma camada variável de tecido adiposo, que quando desenvolvida constitui o panículo
adiposo. O panículo adiposo modela o corpo. É uma reserva de energia e proporciona proteção
contra o frio.

Manto hidrolipídico: durante o processo da maturação, os lipídios da epiderme têm contato


com outras gorduras resultando na formação da matriz intercelular. A matriz envolve todas as
células da pele e participa da estrutura básica do tecido cutâneo. A composição dos lipídios é
diferente em cada camada da pele. A maior diferença está no nível polar do lipídio (fosfolipídios).
Nas camadas da epiderme encontram-se 45% de lipídios, diferentes do estrato córneo aonde a
porcentagem de lipídios não passa de 5%. A classe maior dos lipídios são ceramidas, acido graxo
e colesterol.
A mistura destes lipídios é importante na formação das fases lamelares que passam de
hexagonal para fase cristalina. Os lipídios encontrados na superfície da epiderme têm importante
participação na preservação das funções orgânicas da pele.
Fornecem para a pele brilho e regulam a perda de água, isto se deve à migração de lipídios
pelas capas. O triglicerado (lipídio) é transformado pelas enzimas em acido graxo e tem uma
função protetora da pele. Esta gordura é então incorporada pela barreira hidrolipídico do estrato
córneo, participando na proteção da perda de água transdérmica. A falta de acido graxo implica
na desidratação do tecido cutâneo. Além do ácido graxo existem outros complexos de lipídios
que participam na formação do manto hidrolipídico.
A peroxidação dos lipídios e uso de sabonetes ou detergentes, deteriora e diminui a
porcentagem das gorduras essenciais na pele. Isto se reflete na função da barreira hidrolipídica.
Os danos se revertem na perda da água transdermicamente. Ocorrem mudanças nas baixas
camadas da pele que afetam diretamente as células basais.
Os danos do manto hidrolipídico referem-se à perda da água e mudança na estrutura da
matriz intercelular.
O manto hidrolipídico pode ser reparado com uso de vetores com componentes similares
aos lipídios encontrados na superfície da capa córnea. Uma outra estrutura do manto
hidrolipídico mantém contato com substâncias vindas do exterior, é a camada chamada de
manto ácido, resultante da combinação das secreções das glândulas sudoríferas e sebáceas.
A função do manto ácido é inibir a propagação de bactérias e fungos. A acidez também
mantém a força protéica do queranocito, mantendo uma coesão entre eles. Quando a superfície
é alcalina, a queratina perde a sua propriedade protéica. O uso de certos sabonetes, que mudam
a acidez para alcalinidade, prejudica a pele que fica "aberta" para infecção, irritação,
desidratação e notável flacidez.
O manto hidrolipídico e o manto ácido são constituídos de vários materiais: corneocitos ricos
em queratina, lipídios que participam do cimento intercelular, substâncias minerais (magnésio
cobre, cálcio como traços) substâncias orgânicas como uréia, aminoácidos e elementos
hidrossolúveis.
41

A função desta capa é a permeabilidade seletiva. É normal a hidratação mover-se do estrato


basal até o estrato córneo e migrar para a superfície. O manto hidrolipídico é responsável em
não deixar a água sair ou entrar demais dentro da capa córnea.

O MANTO HIDROLIPÍDICO MANTEM O EQUILIBRIO HÍDRICO

O MANTO HIDROLIPÍDICO COMPROMISSADO

8.1 Potencial Hidrogeniônico: pH


Assim como todo o organismo, a pele também necessita manter um equilíbrio ácido-base.
O pH da pele é levemente ácido devido aos ácidos acético, propiônico, caprílico, láctico,
cítrico, ascórbico, que são produtos da evaporação do suor. Esse pH é mais ácido onde existe
transpiração, como na virilha, nas axilas e entre os dedos dos pés, devido à secreção de sais. Por
isso, o pH dos desodorantes é o maior dentre todos os cosméticos, estando próximo a 7.0. A
pele, as unhas e os cabelos, formados por queratina, são atacados por álcalis fortes (substâncias
ou soluções aquosas), ocorrendo a quebra da estrutura dimensional da proteína. Por isso, os
cosméticos destinados para a pele possuem pH em torno de 5.0.
Com o avançar da idade o pH da pele torna-se cada vez mais neutro, ficando assim mais
suscetível ao crescimento de bactérias devido à acidez reduzida. A pele enfraquece e como
consequência surgem as deficiências que levam às rugas, flacidez e manchas
Escala de pH
42

Pele Normal – pH fisiológico: Aspecto liso, macia, aveludada, elástica, poros pouco visíveis.
Comum apenas em crianças e em pessoas jovens.

O caráter ácido, básico ou neutro de uma substância é identificado através de indicadores,


que consiste em juntar à solução um indicador que confere o caráter ácido ou básico de uma
substância, adquirindo coloração diferente; ex: fenolftaleína, papel indicador universal. A escala
pH varia de 0 a 14, onde o termo médio desta escala é 7, indica que a substância é neutra, abaixo
de 7, dizemos que são ácidas e acima de 7, que são básicas ou alcalinas, esta medição pode ser
feita por escala de cores (papel) e aparelho (pHmetro).

Qualquer cosmético criado para fornecer um princípio ativo para

Tira de papel

pHmetro
a pele ou para o organismo precisa vencer a proteção lipídica, que pode ser removida por
solventes ou por agentes alcalinos. A partir do momento em que a proteção lipídica é rompida,
as substâncias contidas nos cosméticos podem ser adsorvidas na superfície da pele ou serem
absorvidas pelos poros até a derme, podendo entrar na circulação sanguínea periférica,
chegando a outras regiões do corpo. Essa propriedade permite que nano partículas de vacinas,
fármacos ou outros princípios ativos encapsuladas por biopolímeros ou por outros compostos
inócuos possam ser aplicadas na pele e, através dela e da circulação do sangue, possam chegar
até os órgãos de interesse.
A cada banho, a cobertura lipídica é removida pela água, regenerando-se diariamente. O pH
alcalino dos sabões e sabonetes emulsiona essas gorduras, dispersando-as em água e facilitando
a sua remoção.
No estado normal, a superfície da epiderme tem sempre reação ácida. É muito importante
preservar o manto ácido da pele que se comporta como uma barreira em relação à penetração
de micro-organismos e fungos, que toleram mal a acidez.
Existe uma propriedade na pele chamada efeito tampão, que permite, em caso de alteração,
repor rapidamente o pH fisiológico. A manutenção desse valor de pH protege a pele da
instalação de micro-organismos (fungos, bactérias).
O uso de sabonetes altera o manto ácido da pele, favorecendo e agravando uma série de
disfunções. Daí a importância do uso de sabonetes líquidos corretamente formulados, que
possuem pH adequado e ativos que minimizam o efeito desengordurante dos detergentes e
formam uma película de lubrificação e proteção, que melhora o tato e controla o efeito rebote
fisiológico compensatório.
43

8.2 Permeabilidade Cutânea


É a capacidade que a pele tem de deixar passar, seletivamente, certas substâncias, em
função de sua natureza química ou de determinados fatores.
A pele tem permeabilidade seletiva, a qual é determinada por condições físico-químicas
naturais, a viscosidade, as extensas ligações de colágeno, os apêndices da pele, a idade,
doenças... Portanto, a ação dos princípios ativos liberados dependerá da anatomia da área
tratada, da hidratação da pele, da presença de gordura, da saúde ou patologia da pele, do
metabolismo, e do paciente.
Quanto à permeabilidade, a pele classifica-se em:
• permeável: de modo geral, a pele é permeável aos gases verdadeiros, substâncias voláteis
(éter), que atravessam a pele por difusão.
• relativamente permeável: a pele é relativamente permeável a determinadas substâncias
lipossolúveis, como hormônios, esteróides, vitamina D e provavelmente vitamina A. Também os
derivados fenólicos (resorcina, hidriquinona e o próprio fenol) são absorvidos em graus variados.
• praticamente impermeável: a pele é relativamente permeável a eletrólitos, proteínas e
carboidratos. Por exemplo, a penetração de sais é desprezível, a menos que sejam ionizados. A
impermeabilidade das proteínas e carboidratos se deve ao tamanho de suas moléculas e à sua
pouca lipossolubilidade. Essa dificuldade pode ser contornada através de reações de hidrólise e
subsequente ionização.
A penetração e permeação cutânea podem ser avaliadas por técnicas in vitro, envolvendo
condições experimentais de maior reprodutibilidade e de realização relativamente facilitada. Os
resultados obtidos nestes ensaios são de extrema importância para a caracterização dos sistemas
de liberação de princípios ativos veiculados em formas cosméticas ou farmacêuticas de aplicação
tópica, avaliando a passagem destes através ou na pele e permitem reduzir ou eliminar o
emprego e sacrifício de animais de experimentação, pois os estudos in vitro podem ser
conduzidos com o emprego de membranas sintéticas e mudas de pele de cobra.
As vias de penetração da pele podem ser consideradas:
• transepidérmica: embora a penetração seja muito lenta, em função da grande extensão
do órgão (a pele), essa via de penetração tem importância considerável. Pode ser intercelular ou
extracelular.

• transanexiais: são considerados as zonas de melhor penetrabilidade e, mesmo perfazendo


cerca de 1%, têm grande importância. São: 1- estrato córneo - via intercelular e via intracelular;
2- canais pilosebáceos e 3- ductos sudoríparos.
44

A penetração de substâncias pelo estrato córneo ocorre por difusão passiva, conforme 1ª
Lei de Fick, ou seja, a velocidade de difusão (V) é diretamente proporcional ao coeficiente de
difusão do ativo no veículo, ao coeficiente de partilha entre a membrana e o meio que contém a
substância a difundir (Pc), á superfície da membrana (S) e a diferença de concentração nos dois
lados daquela e inversamente proporcional à espessura da membrana:
V = K x Pc x S x dC
dX
Alguns fatores afetam a penetração cutânea dos princípios ativos, como por exemplo:

• Espessura da epiderme – quanto mais espessa, menor a penetração


• Idade – em idosos, a penetração de ativos é mais fácil
• Falta de hidratação
• Área aplicada
Fatores biológicos• Região
e pouco vascularizada
fisiológicos • Substâncias muito diferentes encontradas na pele
• Problemas circulatórios
• Lipossolubilidade e estado de dissociação (conforme pH do veículo e pH
do local da aplicação);
• Pele lipídica ou alipídica
• Peso molecular alto – moléculas grandes
• Solubilidade do ativo na formulação
• Concentração do ativo – ativo de difícil penetração
• Temperatura baixa
Fatores físicos e
• Clima frio e seco
químicos
• Viscosidade do veículo
• Tempo e intensidade de fricção
• Tempo de contato
• Veículos miscíveis com o sebo

A síntese da permeabilidade cutânea é maior para substâncias lipossolúveis como, por


exemplo, vitamina D e esteróides. É impermeável aos eletrólitos e a baixa viscosidade e menor
tamanho da partícula melhoram a permeação do P.A. Manter a camada córnea hidratada facilita
a permeabilidade, e vale lembrar que as preparações cosméticas destinam-se à penetração do
ativo apenas nas estruturas superficiais da pele.
45

8.2.1 Promotores de absorção


Os fatores que facilitam a permeação cutânea são apresentados na tabela a seguir:
• Espessura da epiderme: quanto menos espessa, maior a permeação
(substância queratolítico)
• Fluxo sanguíneo: quando hiperêmica, a pele se torna mais permeável
(massagem)
Fatores biológicos e
• Regiões com grande número de orifícios pilosebáceos ou muito
fisiológicos
vascularizada e mucosas são mais permeáveis
• Capacidade de associação: substâncias que a pele já possui penetram
mais facilmente
• pH da pele: a alcalinidade aumenta a permeação cutânea
• Peso molecular baixo: moléculas pequenas
• Emulsão O/A: maior quantidade de água, maior penetração
• Estado de ionização do produto a ser aplicado
Fatores físicos e
• Concentração do ativo de fácil permeabilidade
químicos
• pH alcalino
• Temperatura elevada
• Clima quente e úmido
• Poder de penetração e liberação de ativos: lipossomas, nanosferas e
fitossomas
Veículos
• Poder lipossolvente: o desengorduramento da pele melhora a
penetração, pois retira a barreira lipídica
Traumáticos • Se a pele estiver alterada, a penetração será facilitada

Com o objetivo de favorecer a atividade de certos princípios ativos nos estratos viáveis da
pele, existe a necessidade do emprego de promotores de penetração cutânea nas preparações,
envolvendo o estudo das características químicas e físico-químicas da substância ativa e a
seleção adequada dos componentes do veículo, com intuito de permitir a liberação do ativo.
A função da barreira exercida pela pele, em especial o estrato córneo, promove dificuldades
na penetração e permeação cutânea de componentes ativos cosméticos ou terapêuticos. Uma
estratégia reconhecidamente efetiva para favorecer a passagem de substâncias através da pele é
o emprego de promotores de penetração. Uma vasta gama de substâncias químicas foi avaliada
para utilização, como promotores de penetração cutânea, todavia, a incorporação em veículos
cosméticos ou farmacêuticos é restrita devido à elucidação limitada de seus mecanismos de
ação, que se apresentam, comumente, complexos.
Promotores de penetração cutânea são compostos químicos que interagem com a pele e são
passíveis de elevar o fluxo de difusantes através desta membrana biológica. Devem acarretar na
redução reversível da resistência ou efeito barreira do EC sem provocar alterações prejudiciais às
células viáveis da epiderme. Esses compostos devem manter características de serem inócuo,
atóxico, não irritante, não alérgico, química e fisicamente compatível com o princípio ativo e
excipientes, aceitável cosmeticamente, insípido, incolor, facilmente metabolizável, de efeito
reversível e com boas propriedades solventes.
Os compostos mais conhecidos são:
• terpenos;
• pirrolidonas (N-metil-2-pirrolidona, 2-pirrolidona, ácido pirrolidono-carboxílico, sendo este
último constituinte do FHN);
46

* azona ou laurocapramo (dodecilazacicloheptano): apresenta efeito sinérgico com o


propilenoglicol (PG);
• ácidos graxos e ésteres (ácido oléico, palmitoléico, linoléico);
• solventes apróticos (DMF, DMA, DMSO, DCMS): são solúveis tanto em H2O, etanol, como
em éter e HCCl3;
- DMF: dimetilformamida;
- DMSO: dimetilsulfóxido;
- DMA: dimetilacetamida e
- DCMS: decil-metilsulfóxido;
• dissolventes alcoólicos (etanol, propilenoglicol);
• uréia (FNH), ácido salicílico (efeito queratolítico);
• enzimas (fosfolipases, papaína);
• tensoativos (aumentam o transporte de moléculas polares e apolares).
Outros promotores de absorção: lauramida de hexametileno, N,N-dietiltoluamida. A
literatura também cita o emprego de ciclodextrinas e seus derivados para otimizar a permeação
cutânea (aumentam a solubilidade de ativos em preparações tópicas – soluções aquosas e
emulsões).
Métodos físicos para aumentar a penetração:
• iontoforese: envolve a liberação de compostos químicos com cargas através da membrana
da pele, usando campo elétrico (o ativo deve estar na forma iônica).
• sonoforese: emprego de ultrassom de alta frequência.

9. Lendo as Embalagens
Os rótulos dos produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes devem conter instruções
indispensáveis relativas à sua utilização, bem como toda a indicação ou informação adequada.
Embalagem Primária:
É o envoltório ou recipiente em contato direto com o produto. Deve conter as seguintes
informações:
Rótulo: identificação impressa ou litografada, dizeres pintados ou gravados, decalco sob
pressão, aplicados diretamente sobre recipientes, vasilhames, invólucros, envoltórios ou
qualquer outro protetor das embalagens.
Nome / grupo / tipo: designação do produto para distingui-lo de outros, ainda que da
mesma empresa ou fabricante, da mesma espécie, qualidade ou natureza.
Marca: elemento que identifica um ou vários produtos do mesmo fabricante e os distingue
de produtos de outros fabricantes, segundo a legislação de propriedade industrial.
Composição / ingredientes
Advertências e restrições de uso: listas de substâncias de informe obrigatório na rotulagem.
47

Modo de uso (se for o caso)

Embalagem secundária:
É o envoltório destinado a conter a
embalagem primária. Deve apresentar as
seguintes informações:
 Nome do produto e grupo / tipo a que
pertence, quando não implícito no nome
 Marca
 Número de registro / resolução
 Lote ou partida
 Prazo de validade (mês / ano)
 Conteúdo
 País de origem
 Fabricante / importador
 Domicílio do fabricante /importador
 Modo de uso (se for o caso)
 Advertências / restrições de uso(se for o
caso)
 Rotulagem específica (conforme Decreto
79.094/77)
 Composição / ingredientes
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 Inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ)


 Finalidade do produto, quando não implícita no nome
Significado Importante:
* Dermatologicamente testado: Avaliado em humanos sob controle de médico
dermatologista, para verificar potencial de reações cutâneas.
* Oftalmologicamente testado: Avaliado em humanos em condições de uso, sob controle de
médico oftalmologista, para verificar potencial de reações oftálmicas.
* Clinicamente testado: Avaliado em humanos em condições de uso, sob controle de médico
dermatologista e eventualmente de outro especialista, para verificar potencial de reações.
* Não comedogênico: Avaliado em humanos para observar o potencial de formar comedões.
* Não acnegênico: Avaliado em humanos para observar o potencial de formar ou piorar
espinhas/acne.
* Produto para pele sensível: Avaliado em indivíduos que apresentem sintomas
característicos de um quadro de pele sensível.
* Hipoalergênico: Produto com menor potencial de causar reações alérgicas; o termo não é
recomendado pelo FDA pois todo o produto cosmético em tese, não deve ter potencial
sensibilizante.
* Produto Infantil: Produto apropriado para uso na pele, cabelos e mucosas infantis,
conforme legislação brasileira.
* Parabenos: são conservantes que apresentam propriedades estrogênicas. São identificados
como: parabens, methylparaben, ethylparaben, propylparaben e butylparaben.
* Formol: conservante que contribui para o aparecimento de cancro induzido pela radiação
ultravioleta. São identificados como: quatérnium-15, diazolidinil hora, imidazolidinil uréia e
DMDM hidantoína.
* Propilenoglicol: diluente de outras substâncias, pode desencadear irritação de pele. São
identificados como: propylene glycol.

10. Fotoproteção
Quando as pessoas se expõem ao sol prolongadamente sem proteção, sujeitam-se às
radiações solares.
Alem dos riscos de câncer de pele, a radiação solar é responsável pelo envelhecimento
extrínseco da pele, ao qual denominamos foto envelhecimento. O uso do filtro solar deve ser
concomitante a qualquer protocolo de tratamento anti-aging. E mesmo com o uso constante do
FPS, a exposição solar deve ser moderada.
Os efeitos em curto prazo do foto envelhecimento da pele:
- inflamação das estruturas subdérmicas (pode ser observado na microscopia).
- eritema, manchas hiperpigmentadas, alterações vasculares. (pode ser observado no exame
físico).
Os efeitos em longo prazo do foto envelhecimento da pele:
- alteração do DNA, quebra de colágeno e outras estruturas da matriz extracelular. (pode ser
observado na microscopia).
- telangectasias, rugas, elastose flacidez, tumores benignos e malignos (pode ser observado
no exame físico).
A primeira coisa que aparece após a exposição solar é o eritema, seguido do espessamento
da camada córnea, da queimadura solar e das lesões pré-cancerosas.
49

As radiações solares consistem em um espectro contínuo de três zonas fundamentais:


ultravioleta, luz invisível e infravermelha. Quanto maior a radiação solar, mais alta é a
penetração na pele.

O espectro solar que alcança a superfície terrestre consiste em energia eletromagnética de

comprimento de onda entre 285 e 1800 nm.


A principal radiação causadora de eritema, bronzeado, envelhecimento da pele e certos
tipos de câncer é a luz ultravioleta, de comprimento de onda entre 290 e 400 nm.
Abaixo desses limites quase não há passagem de luz ultravioleta, pois ela não atravessa a
camada de ozônio da atmosfera.
Os raios infravermelho estão na faixa de 700 a 1500 nm e são responsáveis pela elevação da
temperatura corporal (sensação de calor) e estimulação da sudorese. A luz visível está na faixa de
400 a 700 nm.

10.1 Radiação
50

Ultravioleta
A radiação ultravioleta representa o componente com maior poder energético do espectro
solar. Classifica-se em UVA, UVB e UVC, como detalhado a seguir:
UVA (320 nm - 400 nm)
 Representa cerca de 5,5% da radiação solar total que atinge a Terra;
• Responsável pelo bronzeamento direto (pigmentação dourada), devido à foto-oxidação da

forma leuco da melanina (bronzeamento mais duradouro);


• Atua na camada superior da pele;
• Ação eritematosa fraca;
• Maior efeito bronzeador situa-se em 340 nm;
• Penetra até a derme e
• Responsável pelo envelhecimento precoce.
UVB (290 - 320 nm)
 Representa somente 0,5% da radiação solar que atinge a Terra;
• Penetra apenas na epiderme;
• Responsável pelo eritema (queimadura) que se maximiza de 6 a 20 horas após a exposição;
• Responsável pelo bronzeamento indireto e tardio;
• Causa câncer de pele;
• Antirraquitismo e
• Melhora o aspecto emocional.
UVC (200 - 290 nm)
 Filtrada pela camada de ozônio da atmosfera;
• Denominada radiação germicida;
• Altamente eritematogênica e prejudicial aos tecidos vivos e
• Pode ser obtida artificialmente.

Ângulo de Incidência:
* Radiação UV B: maior incidência das 10h00 - 15 h.
* Radiação UVA: maior incidência 06h30m-17h30minhs.
51

* 12h00m todas as radiações são potentes.


Reflexão do meio ambiente (segundo a superfície):
* Neve: reflete 80% das radiações.
* Areia: reflete 20% das radiações.
* Água: reflete 10% das radiações.
* Grama: reflete 3% das radiações.
* Asfalto: reflete 2% das radiações.
* O guarda-sol de algodão deixa passar 5% da radiação.
* O guarda sol de poliéster: deixa passar 60% da radiação.
10.2 Fotoproteção Natural da Pele

O sol representa um benefício necessário à saúde, pois ativa a circulação e estimula a


produção de vitamina D (necessária aos dentes e ossos). Os raios solares, entretanto, penetram
profundamente na derme, deixando a pele seca, enrugada e com manchas senis, o que aumenta
a possibilidade de câncer de pele tanto nas peles claras como nas peles morenas.
O primeiro fator de proteção solar é a melanina, que, quando estimulada pela luz solar,
protege os núcleos dos queratinócitos, evitando a sua morte. A melanina é um filtro que reflete
parte da radiação ambiental e absorve outra parte para produção de calor e para desempenhar a
função metabólica que produz vitamina D.
Melanogênese é o processo pelo qual se dá a formação da melanina, que é produzida no
interior dos melanócitos. A melanina sai da camada basal, sendo transportada até a epiderme
pelos queratinócitos. O ácido urocânico, uma substância existente no suor, também absorve as
radiações. Após a radiação, os melanossomos se reagrupam ao redor dos núcleos, protegendo o
núcleo do material genético das células. A melanina neutraliza a ação de radicais livres.
Os principais mecanismos de proteção natural
da pele são:
• Pigmentação da pele (bronzeamento) =
aumento do conteúdo de melanina na epiderme,
• Espessamento da camada córnea e
• Suor: presença do ácido urocânico.

10.3 Protetor Solar


Os mecanismos naturais de proteção da pele
não são suficientes para defendê-la adequadamente
dos efeitos danosos das radiações solares; daí a
necessidade de uso de protetores solares. Os filtros
solares protegem a pele das agressões da radiação
dos raios solares, evitando o envelhecimento
prematuro da pele e a destruição gradual de sua elasticidade.
Segundo seu mecanismo de ação, os filtros solares podem ser:
• Físicos ou Inorgânicos: têm origem mineral, são conhecidos como bloqueador solar,
contêm maior quantidade de dióxido de titânio, Formam uma barreira sobre a pele, refletindo,
dispersando e absorvendo a luz UV. Na reflexão/dispersão, a luz incidente nas partículas
inorgânicas é redirecionada de volta ou espalhada por vários e diferentes caminhos. Este
processo é responsável pela translucência e opacidade das partículas de filtros orgânicos
aplicadas sobre a pele.
52

Deixam uma camada branca sobre a pele, devido ao excesso de TiO2. Não são irritantes
(materiais inertes). A principal vantagem dos filtros físicos é que os mesmos raramente irritam a
pele. A desvantagem, contudo, é cosmética: a maioria dos produtos que contém filtros físicos
deixa a pele com resíduos brancos. Felizmente, atualmente contamos com filtros físicos de
tamanho muito reduzido (conhecidos como “nano partículas”). Essas “nanopartículas” permitem
a formulação de produtos quase transparentes.

Todos são Protetor Físico, as duas últimas são em


nanopartículas.

• Químicos ou Orgânicos: possuem na sua estrutura um anel benzênico que interage com a
radiação UV promovendo a conversão da radiação UV absorvida pela pele, que é danosa, e com
comprimentos de ondas curtas, em radiações menos danosas e com comprimento de onda mais
longo. São representados pela avobenzona, octilmetoxinamato etc. Proporcionam formulações
transparentes (não deixam a pele com resíduos brancos), geralmente são oleosos e podem
causar alergias em algumas pessoas.
53

Os filtros solares químicos devem:


• absorver as radiações UVA e UVB
(280-360 nm);
• manter a estabilidade química;
• ser inodoros, insípidos e incolores;
• apresentar boa tolerância pelas
mucosas;
• ser compatíveis com os ingredientes
e veículos usados em cosméticos;
• ter pouca ou nenhuma solubilidade
em água.
Por outro lado, não devem ser tóxicos, irritantes ou sensibilizantes e não podem, em
hipótese alguma, manchar roupas ou produzir descolorações.

Os principais ingredientes dos filtros solares são moléculas aromáticas conjugadas com
grupos carbonil. Essa estrutura geral permite à molécula absorver raios ultravioleta de alta
energia e liberar a energia como raios de baixa energia, desse modo prevenindo o ultravioleta,
que é danoso à pele, de atingi-la.
Os filtros solares químicos são classificados em: UVA, UVB e amplo espectro. Exemplos:
derivados de PABA, salicilatos, cinamatos, benzofenonas e outros.

10.3.1Fator de Proteção Solar (FPS)


O Fator de Proteção Solar (FPS) é uma classificação atribuída pelo FDA (Food and Drug
Administration), relativamente ao grau de proteção dos protetores solares à radiação UVB. Dá
uma indicação de quanto tempo uma pessoa pode permanecer ao sol sem se queimar. A regra é:
quanto mais clara for a pele, mais alto deve ser o FPS.

Comparação de Protetores Solares Mais Conhecidos


54

O FPS 15 filtra 93,3% da radiação ultravioleta B, enquanto o FPS 30 evita 96,7%. Ainda não é
possível se proteger 100%, porém com valores mais altos se consegue um aumento do espectro
de proteção. O FPS é definido como:

FPS=dose eritemática mínima da pele protegida com protetor solar


dose eritemática mínima da pele desprotegida

Os filtros solares convencionais não bloqueiam o UVA tão efetivamente quanto o UVB, e
mesmo taxas de FPS acima de 30 podem significar baixos níveis de proteção contra UVA, de
acordo com um estudo realizado em 2003, feito por pesquisadores. De acordo com outro estudo
realizado em 2004, o UVA também causa danos ao DNA das células da pele, aumentando o risco
de ocorrer melanoma maligno. Até mesmo alguns produtos rotulados como "proteção contra o
amplo espectro UVA/UVB", não provêm boa proteção contra raios UVA. A melhor proteção
contra o UVA é provida por produtos que contêm óxido de zinco, avobenzona e mexoryl®. O
dióxido de tiánio provavelmente provê boa proteção, mas não cobre todo espectro do UVA.
Os fatores de proteção solar podem ser influenciados por:
• veículos nos quais os filtros estão dispersos; bloqueadores físicos refletem a radiação,
aumentando o fator de proteção solar;
• alguns derivados vegetais, como alecrim, amor-perfeito, óleo de café verde, macela e
camomila, entre outros, que são absorvedores moderados da radiação ultravioleta (no máximo
fator 4).
Tipos de Produtos Solares :
* Bronzeadores: Produtos que apresentam FPS 2-4.
* Protetores solares: Produtos que apresentam FPS 8-15.
* Bloqueadores: Produtos que apresentam FPS 15-30.
O FPS ajuda na escolha do produto mais adequado a cada tipo de pele:

Nível de proteção:
Fototipos de peleComportamento da pele à radiação solar
queimadura solar FPS

Pouco sensível Raramente apresenta eritema


Baixo 2<6
Sensível
Moderadamente apresenta eritema Alto 6 <12
Muito sensível Facilmente apresenta eritema
Alto 12 < 20
Extremamente sensível
Sempre apresenta eritema
Muito alto 20

Os protetores solares são denominados bronzeadores, bloqueadores e moderadores,


dependendo do FPS que apresentam.
Os protetores solares apresentam-se em diversas formas cosméticas:
55

Emulsão Óleo
• Forma cosmética mais popular • Forma cosmética mais antiga
• Filme uniforme solar sobre a pele • Excelente estabilidade (somente uma fase)
• Filme mais espesso sobre a pele • Filme transparente e fino sobre a pele (FPS
• Filme não-transparente sobre a pele baixos)
• Mais barata (FPS altos) • Alto custo (não contém água)
• A maioria dos filtros solares usados são • Pode interagir com a embalagem
lipossolúveis • Dificuldade de atingir altos FPS
Gel Stick
•Facilmente removido pela água e transpiração
• Mais usado nos lábios e nariz
• Filme não-uniforme sobre a pele
(cobre uma pequena área com uma única
• Gel aquoso: usa apenas filtros hidrossolúveis
aplicação)
ou solubilizante para os lipossolúveis, que em altas
• Em geral composto por filtros solares oleosos,
concentrações são irritantes e encarecem a
ceras e petrolato
formulação (gel transparente)
• Resistente à água
• Gel oleoso: mesmas características dos óleo

10.4 Bronzeamento

Pigmentação direta: é induzida pela radiação UVA sobre a melanina já formada na pele.
Pigmentação indireta: começa de 48-72horas e dura no máximo 7 dias.
A pigmentação tardia começa 48-72 horas e atinge o máximo de 7 dias.
É mantido por exposições repetidas do UV.
O bronzeamento tardio é resultado da produção de nova melanina, associado ao tamanho
do melanócito, produção de melanossomas.

10.4.1 Autobronzeador / Bronzeador Simulatório


Os autobronzeadores escurecem a pele sem que haja necessidade de exposição direta ao
sol. Promovem uma reação química com as proteínas da pele, dando origem ao bronzeado.
Uma molécula que tem apresentado particular interesse para esse tipo de produto é a
Dihidroxiacetona (DHA). A DHA dá origem a produtos fortemente corados, quando aplicados na
pele em solução aquosa ou hidro-alcoólica, originando coloração que se desenvolve em
intervalos de duas a seis horas e permanece de quatro a seis dias sem apresentar toxicidade.
Esse escurecimento da pele é independente da melanogênese e resulta da combinação da
DHA com os ácidos aminados da pele e com o aparecimento de compostos chamados
melanoidenos.
Argenina é um dos aminoácidos da epiderme que mais rapidamente reage com DHA. As
formulações baseadas nessas substâncias apresentam muitas vezes associada à filtros protetores
porque essa coloração pela DHA é só aparente e não oferece nenhuma proteção à penetração
dos raios UV.
A tolerância cutânea do DHA tem degradação bastante rápida (2 a 6 vezes por mês) e é
conveniente recorrer a lotes recentes, evitando a utilização de produtos inativos.
Atualmente, existem nanosferas e ciclodextrinas de DHA, que permitem uma liberação
gradual do ativo, evitando manchas na pele. A associação com urucum tem proporcionado um
bronzeado mais avermelhado e não tão amarelo.
56

Algumas matérias primas destinadas a formulações de cosméticos para acelerar e/ou


prolongar o bronzeado.
 ACTIOBRONZE ® - complexo vegetal hidrolisado de colágeno e tirosina. . Aumenta e
prolonga o processo de bronzeamento natural através de estímulos da formação da melanina,
concentração usual 2%
 BIOTAN ® - tirosina e carboximetil teofilina metilsilanol, peptídeos do colágeno.
Concentração usual 5%
 TYR-OL ® - oleoil tirosina, acelera a velocidade de bronzeamento mesmo na presença
de filtros solares. Concentração usual: 1 a 3%
O principio dos aceleradores baseia-se no aumento do substrato para a enzima tirosinase. A
aplicação tópica de tirosina aumenta a reserva extra deste aminoácido na pele para ativar, ou
manter a síntese de melanina após irradiação solar. Este processo aumenta e/ou prolonga o
bronzeado com menos exposição solar.
A associação da tirosina com a vitamina B2, um ativador foto-oxidativo, intensifica o
processo oxidativo da tirosina.
A pigmentação da pele é um processo bioquímico lento e que só pode ser observado após 3
ou 4 exposições ao UV. Portanto a aplicação tópica destes produtos necessita mais que uma
exposição solar para apresentar resultados. Seu ponto mais positivo é a possibilidade da exclusão
a exposição aos raios UV.
Existem os bronzeadores por via oral que são produtos à base de caroteno, cujo
aparecimento não é muito recente. Não foram muito bem aceitos pelas autoridades, por serem
facilmente considerados medicamentos.
As necessidades diárias de vitamina A ou ainda de pró-vitamina B (caroteno puro ou
carotenóides) são de 5.000 UI no adulto e 1.500 UI na criança.
Seguindo a posologia preconizada de vitamina A, seria o dobro do normal, considerando a
ingestão de carotenóide alimentar, que é bastante inferior à indicada pela Organização Mundial
de Saúde.
Cosmético Pós Sol: A pele sofre inúmeras agressões causadas pelo excesso de UV, e
apresenta um processo inflamatório local. Inicia-se com um eritema, em apenas 2 a 8 horas após
a exposição ao sol, e alcança sua magnitude em 24 a 36 horas.
Este excesso de radiação leva a uma maior formação de radicais livres na pele que atacaram
as membranas biológicas, DNA e proteínas que compõe o tecido de sustentação da pele.
Compromete também a atividade enzimática e produtora de substancias que eliminam os
radicais livres, deixando assim a pele mais desamparada em questões de proteção.
Os cosméticos e cosmecêuticos pós sol, devem conter ativos que hidratem a pele,
neutralizem os radicais livres, possuam efeito antiinflamatório, sejam emolientes e produzam um
aumento na resistência imunológica da pele.
Certas vitaminas podem ajudar neste processo:
- vitamina A, vitamina C, vitamina E, pró-vitamina B5, carotenóides e vitamina F.
Os flavonóides são outra categoria de ativos, pois atuam contra os radicais livres (chá verde
– “epicatequinas”, folha de oliveira “oleuropeina”, ginkgo biloba,
Isoflavonas, aloe vera, beta-glucanas, tamarindus, uréia, alfa bisabolol, PCA-NA, alfa
bisabolol, e também algumas formulações acrescidas de manteigas vegetais e diversos óleos
(manteiga de cupuaçu, óleo de buriti, óleo de castanha do Brasil, óleo de milho).
57

11. Como manter a pele da Face Eudérmica


Para maior eficácia no tratamento cosmético, é necessário seguir várias etapas, contínuas e
complementares:

2. Tonificação
• Reduz o tamanho dos poros
(ação adstringente)
• Firma a pele
• Restabelece o pH cutâneo
• Ajuda a retirar resíduos de
1. Higienização (limpeza)
produtos de limpeza
• Remove células mortas
• Retira impurezas
• Controla secreções
sebáceas 3. Hidratação
• Abre os poros • Evita a perda
de umidade

4. Nutrição
• Repõe nutrientes
substâncias
recuperadores do
manto hidrolipídico,
protetora da pele
11.1 Higienização
Os cosméticos de higienização são produtos que não devem penetrar na pele, nem ser
absorvidos por ela. Deve permanecer sobre a pele tempo bastante para eliminar da superfície
epidérmica toda a variedade de contaminantes, como secreção sebácea, impurezas, células
mortas, maquilagem, detritos etc., arrastando, emocionando ou solubilizando.
A água é uma das principais substâncias usadas na limpeza da pele; sozinha, porém, é
ineficaz, principalmente contra a oleosidade.
Os cosméticos destinados à higienização da pele podem ser apresentados em diversas
formas: sabonete líquido ou sólido, óleos, gel, cremes e leite de limpeza ou loção.
Loções para limpeza da pele e abertura dos óstios: pH alcalino e loções tônicas após
limpeza: pH ácido (para que a pele retorne ao seu pH natural, entre 5,5 e 6,0).
Devem apresentar as seguintes características:
• ter detergência moderada;
• não ser muito fluidos nem muito espessos, para que possam ser espalhados facilmente
sobre a pele;
• possuir ação somente no nível da epiderme;
• não ser irritantes nem sensibilizantes;
• ser ligeiramente antissépticos;
• ter pH ácido, neutro ou ligeiramente alcalino (pH de 4-8,5) e
• ser de fácil eliminação.
58

11.2 Tonificação
Os cosméticos de tonificação devem:
• eliminar os resíduos da emulsão de limpeza;
• restaurar o pH MAIS PROXIMO DO fisiológico;
• evitar a desidratação e o ressecamento;
• favorecer a reepitelização;
• reduzir o tamanho dos poros e
• reduzir as secreções sebáceas.
O tônico complementa o processo de limpeza, ao mesmo tempo em que amacia a superfície
da pele. Serve para fechar os poros e preparar a pele para receber os benefícios do hidratante.
As impurezas da pele são compostas de materiais hidrossolúveis, lipossolúveis e insolúveis.
Os tônicos e todos os produtos de higienização devem reunir condições para eliminá-los.
O tônico pode ter várias especialidades, dependendo do princípio ativo e de sua formulação
básica:
• adstringente;
• calmante e
• descongestionante.
O tônico é formado por um sistema hidroalcoólico, cujo teor de álcool etílico pode chegar
até 70% em determinados casos.
As formulações de tônicos podem conter, por exemplo:
• agentes antissépticos: triclosan, enxofre, piritionato de zinco, derivados da raiz de alcaçuz
(glicirrinato de amônio; ácido 18B-glicirrético), timol, própolis, ácido salicílico.
• extratos vegetais e marinhos: agrião, alecrim, algas marinhas, arnica montan, bardana,
calêndula, confrei, ginseng, hamamélis, malva, própolis, sálvia, tília.
• corretor de pH e reguladores cutâneos: ácido cítrico, ácido lático, capriloilglicina.
• princípios ativos calmantes e umectantes: alantoína, alfa bisabolol, pantenol, alga
Enteromorpha compressa.
A aplicação dos produtos tônicos geralmente é feita com algodão, em movimentos circulares
e suaves. Essa ação serve para retirar os últimos resíduos deixados pela loção de limpeza.
Em todos os casos de aplicação, o produto não deve ser usado na área dos olhos.

11.3 Hidratação
Hidratantes são matérias-primas higroscópicas intracelulares, ou seja, substâncias que
intervêm no processo de reposição do teor de água da pele de maneira ativa, por isso se
diferenciam dos umectantes.
A desidratação e a diminuição da elasticidade ocorrem quando a perda de água do extrato
córneo é maior do que a sua reposição. A hidratação se faz durante o dia, após a limpeza e a
tonificação.
Os cosméticos hidratantes são aqueles que se propõem a deixar a pele macia e suave.
Possuem pH ligeiramente ácido, próximo do pH da pele.
A xerose ou xerodermia, ou ainda pele seca pode se manifestar em qualquer individuo
durante a vida. O comprometimento da barreira córnea eleva a perda de água através da pele,
isso pode aumentar a liberação de citoquinas que por sua vez induzem o inicio do processo
inflamatório e o eczema.
Normalmente as peles secas estão associadas à menor presença de lipídeos secretados pela
glândula sebácea, enquanto a hidratada pode estar acompanhada de uma maior presença de
lipídeos.
59

A pele se mantém hidratada graças à presença de lipídeos secretados pelas glândulas


sebáceas, a matriz lipídica intercelular na camada córnea, ao fator natural de hidratação, a
presença e integridade dos corneodesmossomas (complexo protéico contido no envelope dos
corneócitos formado pelas proteínas DESMOGLEÍNA, CORNEODESMOSINA E PLACOGLOBINA)
responsáveis pela coesão dos mesmos na camada córnea e as aquaporinas.
A hidratação da camada córnea fisiológica depende e varia de acordo com os seguintes
fatores:
 Umidade externa
 Transporte de água das camadas mais inferiores da pele para as mais externas
 Velocidade do processo de queratinização da epiderme
 Velocidade de evaporação da água para o meio externo
 Quantidade, qualidade e composição do manto hidrolipídico ou também
chamado de emulsão epicutânea que corresponde à quantidade de lipídeos cutâneos, água e
fator de hidratação natural da pele.
Todo o produto secretado pelas glândulas sebáceas é rico em ácidos graxos, triglicérides,
esqualeno e ceras, e é distribuído sobre a camada córnea formando um filme lipofílico que
dificulta a saída da água e também a sua evaporação.
Pode-se observar durante a infância uma redução desta secreção, por conseqüência
tronando a pele mais seca, e também o mesmo acontece no envelhecimento.
Contudo na adolescência ou puberdade o processo se inverte pelo aumento da secreção
hormonal que controla a produção sebácea, e a pele torna-se mais oleosa, mas não por isso será
mantido a hidratação adequada.
Durante a transformação dos queratinócitos em corneócitos na camada córnea, são
produzidos nos espaços intercorneocitários uma mistura de lipídeos (40% CERAMIDAS; 20%
ÁCIDOS GRAXOS; 25% COLESTEROL; SULFATO DE COLESTEROL + FOSFOLIPÍDIOS +
GLICOCERAMIDAS “concentrações não indicadas”) que correspondem a 11% da camada córnea,
os mesmos se organizam mantendo a união entre os corneócitos porem com alternância de
domínios hidrofílicos e lipofílicos. Sendo que os hidrofílicos é que são capazes de manter a
ligação da água na camada córnea aumentando sua retenção nesta região.
Os hidratantes são substâncias que possuem a função de manter ou restituir a homeostase
da pele.
O objetivo principal de um cosmético hidratante é manter e aumentar o nível hídrico
superficial, que em condições ideais é de 20% a 30%.
Durante o inverno as peles jovens e envelhecidas tendem a diminuir as concentrações de
ceramidas e de ácidos graxos, daí o aparecimento de dermatites atópicas, visíveis como eczemas
secos e pruriginosos.
Também mulheres tabagistas e menopausadas tendem a apresentar este tipo de condição,
devido à diminuição do estrogênio circulante.
Outro parâmetro é a manutenção e/ou reposição da quantidade de lipídios presentes na
pele.
Se as enzimas proteolíticas tiverem seus níveis e atividades diminuídas à degradação dos
corneodesmossomas não ocorrerá de maneira eficiente, tornando a pele mais espessa e com
menor hidratação.
Encontramos também na epiderme o fator de hidratação natural da pele que é responsável
por 30% da hidratação da camada córnea.
O FHN atua como uma esponja retendo água na camada córnea.
60

A pele se manifestará seca quando o conteúdo de água total na camada córnea estiver
abaixo de 10%.
As formulações de hidratantes podem conter, por exemplo:
• produtos de ação semi-oclusiva: óleos vegetais (abacate, amêndoas, jojoba, macadâmia),
óleos minerais (vaselina, parafina), ácido hialurônico (por ser uma molécula grande, não penetra
na pele, formando um filme protetor que evita perda de água transepidermal), gorduras e ceras
vegetais (manteiga de muru-muru, manteiga de karité, cera de arroz).
• produtos umectantes: propilenoglicol, sorbitol, glicerina, pantenol.
• produtos hidro-repelentes: os derivados de silicone formam um filme permeável que
permite as trocas entre fluidos com a pele.
Entre os princípios ativos hidratantes, temos:
Ácido Lático: trata-se de um AHA extraído do leite; possui ações semelhantes às do ácido
glicólico, como a descamação e a hidratação. Responde também como um corretor de pH.
Algas Marinhas: possuem os seguintes nutrientes: vitaminas, sais minerais, proteínas, iodo,
polissacarídeos. Por apresentarem gomas / mucilagens, agem contra o envelhecimento da
camada córnea, promovendo tonificação e principalmente hidratação (3 a 10%).
Extração da alga Uva lactuca: inibidor da elastase, sendo um potencializador da energia
celular.
Extração da alga Codium Tomentosum: aporte de betahidroxiácidos, agente de hidratação
profunda e prolongada.
Extração da alga Macrocystis pyrifera: reduz a formação de metaloproteinases, aumenta a
síntese de fibras colagênicas, elastina, fibronectina e glicosaminoglicanas.
Aminoácidos: unidades formadoras das moléculas de proteína (colágeno, elastina etc).
Quando aplicados sobre a pele, são capazes de penetrar na epiderme, podendo até atingir a
derme em alguns casos, já que seu peso molecular é baixo. Têm ação hidratante.
Aveia: rica em proteínas, vitaminas do complexo A, B e E, enzimas, sais e cálcio, ferro, sódio
e potássio (1 a 5%), atua como hidratante, emoliente e revitalizante.
Glicídeos: compostos orgânicos derivados de alcoóis polihídricos.
Híaluronato de Sódio: substância de origem sintética, tem ação hidratante.
Lactato de Amônio: substância química utilizada na cosmética como hidratante.
Metislanol manuronate (Algisium C): este silanol aumenta a resistência da membrana celular
e hidrata biologicamente.
NMF (Normal Moisturizing Factor): reprodução do fator de hidratação natural, de origem
sintética.
Óleo de Semente de Uva: rico em vitamina E, tem ação antioxidante. Presente em
formulações de óleo para banho, loções e cremes para prevenção de estrias.
PCA-Na (ácido pirrolidina carboxílico): utilizado em loções e cremes hidratantes, tem
propriedades higroscópicas.
Sulfato de Condroitina: mucopolissacarídeo presente nos tecidos cartilaginosos de
mamíferos, onde se encontram o ácido hialurônico e o colágeno. Sua função é hidratar, gerando
aumento da elasticidade da pele. É encontrado em géis e cremes, na concentração de 1 a 5%.
Uréia: hidratante, estimulante da regeneração celular.
Silicone: é o nome genérico utilizado para muitas classes de compostos organo-silicone,
representado pelo siloxano (Si-O) como cadeia principal, ligados por grupamentos orgânicos
(metila...)

Provém do quartzo que representa 26% da crosta terrestre


61

Foram utilizados em cosméticos em 1950.


Estão presentes em 43% das formulações cosméticas. Foram introduzidos na área cosmética,
devido às propriedades sensoriais. Silicone mais comum é o dimeticone.
Oferecem benefícios sensoriais (redução de pegajosidade, sedosidade, melhoram o
desempenho das formulações,são utilizados em todos os produtos cosméticos.

Variedades de Silicones:
Ciclometicones.
Dimeticones.
Blends de silicones (dimeticone, ciclometicone...).
Elastômeros de silicones
Dimeticones copolióis, feniltrimeticones, amodimeticoines, microemulsões de silicones.

A) Ciclometicones (ciclosiloxano)
Polidimetilsiloxanocíclico, conhecido como: silicone volátil. Por apresentar baixa tensão
superficial, são muito utilizados como agentes de espalhamento.
São utilizados para reduzir pegajosidade em emulsões e géis.
Utilizados em antitranspirantes e aerosóis.

B) Dimeticones (polidemetilsiloxano)
Apresentam cadeia linear.
Não são voláteis.
São insolúveis na água
Promovem bom espalhamento.
Utilizados também como lubrificantes de válvulas e sprays de embalagem

C) Dimeticonol
Goma linear de silicone.
Insolúvel em água; volátil.
Proporcionam brilho e toque sedoso aos produtos.
Comercialmente estão na forma de emulsão.
Podem formar pontes de hidrogênio com a proteína do cabelo (efeito build up)

D) Dimeticone copoliol (silicone polieter)


São copolímeros do dimeticone
Reação é feita com óxido de etileno ou propileno.
Proporcionam brilho à formulação, reduz pegajosidade

E)Feniltrimeticone
São silicones em que o grupamento metil é substituído pelo fenil.
Apresenta características hidrofóbicas.
Possui alto índice de refração.
Apresenta boa espalhabilidade.
62

F) Amodimeticone
São silicones em que o grupo metil é substituído por aminas secundárias e primárias.
No grupamento polar das aminas apresentam substantividade com as proteínas do cabelo.

11.4 Nutrição

Os produtos nutritivos contêm ativos que levam nutrientes para a pele, a fim de promover a
regeneração, a conservação e a proteção, prevenindo o envelhecimento cutâneo.
Como o processo de mitose celular é maximizado durante as primeiras horas da manhã, a
nutrição da pele deve ser feita durante a noite, com vistas a repor os componentes lipídicos do
manto córneo. Entre os princípios ativos nutritivos, temos:
Aminoácidos de trigo ligados à cadeia graxa
Palmítica (LIPACIDE PVB): estimulam a síntese de proteínas totais, Têm efeito nutriente e
abastecedor das células, com elementos que estão ausentes ou insuficientes.
Aminoácidos do leite: produtos obtidos através das transformações do leite. Possuem ação
nutritiva, hidratante e emoliente.
Utilizados em cremes nutritivos e produtos infantis.
Lipoproteínas de trigo, amêndoas e aveia: têm ação reestruturante do estrato córneo,
diminuindo as descamações.
Lipossoma Sod: substância de ação antirradicais livres. Funciona como reconstituinte da
camada córnea. Utilizado em gel nutritivo.
Proteína de Soja: estimula a regeneração celular.
Proteosilane C: este silanol age como regenerador do tecido conjuntivo; ativa a multiplicação
de fibroblastos, prevenindo o envelhecimento cutâneo.

Óleos Vegetais:
• Óleo de abacate: nutritivo, revitalizante; usado em cremes e óleos para massagem.
• Óleo de damasco: regenerativo; utilizado em cremes nutritivos, bronzeadores e
demaquilantes.
• Óleo de gergelim: de aspecto transparente amarelo-ouro, usado em cremes hidratantes e
nutritivos, de limpeza facial, batons e loções bronzeadoras.
• Óleo de macadâmia: usado em cremes ou loções hidratantes e nutritivos, previne o
envelhecimento cutâneo.
• Óleo de prímula: usado em cremes e loções para as mãos, nutritivos, demaquilantes e na
prevenção de eczemas.
• Óleo de rosa mosqueta: cicatrizante, utilizado para queimaduras em cremes nutritivos.

Sistema de Liberação progressiva:


• Ciclodextrinas de vitaminas A, C, E, F: moléculas de açúcares que funcionam como vetores
das vitaminas, garantindo sua liberação gradual e maximizando a atividade regeneradora.
• Vitamina E ou tocoferol: capaz de combater os radicais livres, assim como a peroxidação de
ácidos graxos. Encontrada em cremes nutritivos e pós-sol.

11.5 Escolha do Produto Cosmético segundo o tipo de pele


A escolha correta do produto cosmético deve estar de acordo com o tipo de pele para
garantir a eficácia do tratamento.
63

Limpeza Tonificação Hidratação Nutrição


• creme • loção tônica
• creme-gel • creme-gel
pele normal • leite de limpeza para pele normal
• creme nutritivo • creme nutritivo
(eudérmica) (oleosidade sistema
(emulsão O/A) (emulsão O/A)
moderada) aquoso)
• leite de limpeza
• loção tônica • gel hidratante • gel nutritivo
Pele oleosa • gel
adstringente • creme-gel • creme-gel
(lipídica) • loção de limpeza
(sist. hidroalcoólico)
• séruns • séruns
oil-free
• creme • loção tônica • creme hidratante• creme nutritivo
Pele seca
• leite de limpeza para pele seca oclusivo oclusivo
(alipídica)
(boa oleosidade)
(sistema aquoso) (emulsão A/O) (emulsão A/O)
• loção tônica
• sabonete líquido
Pele antisséptica • gel hidratante • gel nutritivo
• loção de limpeza
Acnéica / adstringente oil-free oil-free
oil-free
(sist. hidroalcoólico)
Pele Segue tratamento intensivo semelhante ao de pele seca, com atenção
envelhecida especial para intensa proteção solar diurna (FPS-30) e nutrição noturna.

12. Cosmetologia na HLDG

12.1 Introdução
A etimologia nos ajuda a compreender o significado do termo hidrolipodistrofia ginóide:
hidro, relativo à água; lipo, relativo à gordura; distrofia, desordem nas trocas metabólicas do
tecido; ginóide, respectivamente, mulher e forma. Assim, hidrolipodistrofia ginóide (HLDG)
refere-se a alterações no panículo adiposo subcutâneo, determinante do formato corporal da
mulher, com perda do equilíbrio histofisiológico e hídrico local.
Várias outras expressões são utilizadas para definir o conjunto de alterações que ocorrem na
derme e na tela subcutânea: lipodistrofia ginóide, fibroedema ginóide ou paniculopatia
fibroesclerótica. O termo “celulite” tem gerado grande controvérsia desde seu emprego inicial
em 1928, porque o sufixo “ite” significa inflamação, a qual não está presente nas alterações
observadas nesta patologia. Embora inadequado, o termo continua amplamente difundido entre
leigos e mídia.

12.2 Cosméticos no tratamento da HLDG


A HLDG é uma condição multifatorial, em que as variáveis se somam para determinar a
64

presença e o grau da doença. Assim, para alcançar o melhor resultado possível, o tratamento
também deve ser múltiplo. Graus avançados de celulite (III e IV) requerem grandes esforços
terapêuticos e ainda assim o resultado final pode ser pobre. Graus mais leves obtêm melhores
respostas, mas, com a permanência dos fatores causais e a interrupção da terapêutica, correm o
risco de recidiva, ou seja, voltar ao estado anterior ou até mesmo piorar.
Mesmo assim os cosméticos não devem ser vistos como métodos de tratamentos, e sim
como auxiliares nos tratamentos terapêuticos, ou ainda, como manutenção de resultados.
As formulações desses cosméticos devem conter ativos para realizar três tarefas básicas: a
lipólise, ativador da microcirculação sanguínea e a reestruturação dos tecidos.
1. Na lipólise, os ativos estimulam enzimas a reduzir a reserva de triglicerídeos. Nesta nova
categoria de ativos estão a cafeína e a teofilina – extraídas do café, chá, guaraná, cacau e mate.
2. Ativador da microcirculação sanguínea, os ativos facilitam a reabsorção dos líquidos
intersticiais e eliminam as toxinas. Incluem os extratos vegetais de castanha-da-índia, ginkgo
biloba e hera, que atuam diretamente sobre os vasos, facilitando o retorno venoso; além disso,
são antiedematosos.
3. Na reestruturação, os ativos induzem à reorganização do tecido conjuntivo através da
regeneração celular do tecido danificado. Os ativos indicados são: silanóis (compostos de
hidrogênio e silício) in vitro são capazes de diminuir a taxa de degradação de fibras elásticas e
colágenas da derme e o extrato de centelha asiática é formado quimicamente por asiaticosídeo
(40%), ácido madecássico (30%) e ácido asiático (30%), derivados triterpênicos que estimulam a
síntese de colágeno e outras proteínas de sustentação da pele. A centelha asiática também
estimula a microcirculação.

13. Peeling
Tem objetivo de promover a renovação celular, de forma progressiva, estimulando a
regeneração natural dos tecidos. Os peelings podem ser muito superficiais, superficiais, médios e
profundos, dependendo da região da pele que atinge.
O peeling pode ser físico (peeling de cristal ou diamante, esfoliante, etc.), biológico, vegetal
(gomagem), químico (ácidos) ou laser (resurfacing).
O peeling físico esfoliante consiste na aplicação de cosméticos que contêm substâncias
abrasivas para remover células mortas e aumentar a permeação cutânea, preparando para a
absorção de outros princípios físicos. Atua por atrito.
Os principais agentes esfoliantes são:
• apricot (pó de caroço de damasco);
• diatomáceas (algas);
• polietileno (microesferas de plástico) e
• sílica (quartzo).
No peeling biológico emprega-se enzimas proteolíticas que hidrolisam a queratina,
diminuindo a espessura da camada córnea. As mais utilizadas são papaína e bromelina.
Já o peeling vegetal – gomagem consiste em massagens circulares de géis que, evaporado o
seu veículo, formam grumos que carregam as células mortas, deixando a pele suave e limpa.
A origem dos peelings químicos data de muitos anos, sendo primeiramente documentados
em 1941, quando Eller e Wolf empregaram a escarificação e peeling cutâneo no tratamento de
cicatrizes. Mackee e Kerp utilizaram técnica semelhante em 1903. Em 1960, Ayres, Baker e
Gordon introduziam o que se chama da era moderna dos peelings químicos. A partir de 1986, com
Brody e Hailey, se iniciou a utilização de peelings seriados ou peelings combinados.
O peeling químico consiste na aplicação sobre a pele de um agente que destrói, esfolia as
65

camadas superficiais da pele. Esta substância pode variar sua composição e potencial, seja ele
terapêutico ou irritativo.
Os peelings químicos causam a descamação e a renovação da pele, com destruição química
das células epidérmicas. Esses procedimentos aceleram a renovação celular cutânea e
proporcionam uma melhora formidável à pele, através de diversos agentes químicos.
Referente à concentração do peeling, é a porcentagem de ácido que é empregada na
solução do produto acabado e determina a potência do produto. A potência é relativa quanto
maior a concentração, maior a potência e, por consequência, maior a atividade queratolítica
(descamação), e também maior probabilidade de reações adversas.
Portanto, quanto menor a concentração, menor a potência, o que se subentende por menor
descamação e também menor probabilidade de reações adversas. A intensidade desse peeling
ácido segue as seguintes indicações:

Nível do Peeling Camadas atingidas Problemas Tratáveis


manchas muito superficiais, aspereza, pele sem
Nível 1 Camadas superiores da
brilho, pele descamativa , pele "seca", peles
Peeling Muito Superficial
epiderme
"cansadas" e "maltratadas"
Nível 2 Manchas superficiais, aspereza, rugosidades
Epiderme
Peeling Superficial finas, acne ativa
Nível 3 – Epiderme, derme papilar e
Rugas, manchas, cicatrizes de acne, sulcos
Peeling Médio derme reticular
Nível 4 Envelhecimento total da pele, cicatrizes de acne
Epiderme, derme reticular
Peeling Profundo muito profundas

Mas é importante
saber que, para aumentar
ou diminuir a potência da
concentração,
é preciso observar a
interferência
do pH adotado na
formulação.
O pH (potencial

hidrogeniônico) é a quantidade de H+ e OH- existente em determinado meio e designa o nível de


acidez, neutralidade ou alcalinidade do meio em questão.
Quanto menor o pH, mais ácido será o produto e quanto maior o pH, menos ácido.
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O pH é que determina o nível de disponibilidade de um ácido na pele, ou seja, quanto da


concentração deste ácido é realmente aproveitada pela pele.
Existem alguns fatores que influenciam na profundidade e na consequente resposta do
peeling químico, como:
* Preparo da pele (pré-peeling);
* Tipo de pele do paciente;
* Integridade da epiderme (como ocorreu a higienização);
* Localização anatômica da descamação;
* Agente esfoliante;
* Número de camadas aplicadas e
* Duração do contato com a pele.
Seguem os agentes esfoliantes mais empregados no pré-peeling:

* Ácido Kójico: É considerado por vários autores o despigmentante que possui o melhor
desempenho despigmentante X segurança. Podendo ser utilizado inclusive durante o dia.
Concentração usual: 2-10%.
* Ácido Azeláico: Ação antibacteriana e despigmentante por inibição da tirosinase.
Concentração usual: 5-20%.
* Ácido Salicílico: agente queratolítico, com aspecto claro, transparente e homogêneo.
Provoca um ardor intenso nos primeiros 2-3 minutos da aplicação, que corresponde à
precipitação dos sais; após a precipitação a dor diminui e não há mais penetração. O produto não
é neutralizado, devendo ser lavado. Pode ser realizado semanalmente, e é especialmente
indicado para peles oleosas e acnéicas. Não deve ser realizado em pacientes alérgicos ao ácido
acetilsalicílico. Atua reduzindo a espessura do estrato córneo e a oleosidade. Concentração usual:
1-14%.
*Ácido Ascórbico e derivados da vitamina C: Promovem aumento da firmeza e elasticidade da
pele, apresentando ainda ação antirradicais livres e redução da melanogênese. Diversas opções
disponíveis:
**AA2g Ácido ascórbico 2 glicosado: Contém vitamina C estabilizada com glicose. Não
precisa armazenar em geladeira. Concentração usual: 4%.
**Talasferas de Vitamina C: Contém vitamina C armazenada em talasferas, que protegem a
vitamina C da oxidação e facilitam o seu transporte para as camadas mais profundas da epiderme.
Concentração usual: 2-10%.
**VC-PMG: Fosfato de ascorbil magnésio, contendo vitamina C complexada e hidrossolúvel.
Concentração usual: 2-10%.
** Ascorbosilane C: Vitamina C ligada à estrutura do silanol (silício orgânico), estável em
meios ácidos. Concentração usual: 3-5%.
* Hidroquinona: Despigmentante Clássico. Concentração usual: 2-4%.
* Arbutin e outros derivados da hidroquinona: atuam na inibição da tirosinase, promovendo a
despigmentação. Diversas opções disponíveis comercialmente. Alfa-arbutin, é considerado 20
vezes mais potente que o seu derivado análogo, o Beta-arbutin ou Arbutin Cristal. Concentração
usual: Alpha-arbutin: 2%.
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Seguem os agentes esfoliantes mais empregados no peeling químico realizado em


consultório:
* TCA (ácido tricloracético): o melhor resultado é obtido através do ácido tricloracético,
aplicado não só nas pálpebras, mas também no restante do rosto. A ação desse ácido produz
considerável alisamento das linhas e melhora global da pele. A única restrição é que ele só pode
ser aplicado em peles bem claras, não sendo recomendado para peles negras, pardas ou
morenas. O tratamento prevê aplicações de seis em seis meses. Concentração usual 25 a
65%.USO MÉDICO
* Ácido retinóico: (Vitamina A ácida), promove a descompactação da camada córnea,
diminuição no espessamento epidérmico e aumenta a síntese do colágeno; indicado para o
tratamento do fotoenvelhecimento, portanto atua em patologias onde há hiperqueratinização e
é também associado a agentes despigmentantes. Concentrações 0,01% a 0,1% em cremes ou gel
para uso pelo próprio paciente e em concentrações mais elevadas de 1 a 5% para uso em
consultório, As aplicações poderão ser feitas a cada 28 semanas, a descamação inicia-se em
torno do 2º e 3º dia pós-peeling. Durante todo o período do tratamento, e posteriormente, é
necessário o uso do filtro solar e também de cremes hidratantes.
* Resorcina: é o melhor tipo de peeling para eliminar cicatrizes e manchas decorrentes da
acne. A pasta com resorcina não arde muito e, depois de alguns dias da aplicação, provoca a
descamação da pele, que pode durar de alguns minutos ou até horas, em função da gravidade do
problema e da sensibilidade da pele. Geralmente é necessária mais de uma sessão. Concentração
usual: 1 A 14%.
* Alfa-Hidroxiácidos (AHA's): Pertencem ao grupo de ácidos orgânicos de cadeia não muito
ampla, que tem em comum o grupo HIDRÓXIDO em posição ALFA. O mais simples (e o da
molécula de menor tamanho, muito importante na hora da penetração pela pele) é o ácido
glicólico de 2 carbonos.
Há várias moléculas na pele que intervêm controlando o grau de descamação: retinóico, os
AHA's e os Alfa-acetoxiácidos (AAA), que são os antagonistas naturais dos AHA's; destes, com
exceção dos AHA's, tendem a aumentar o grau de descamação, entretanto os AHA's tendem a
diminuí-lo.
Este processo dependerá, em último caso, da força de coesão que existe entre os
corneócitos: uma maior coesão intercorneocitária, menor o grau de descamação e vice-versa.
Na baixa dose de AHA, as cadeias são ligeiramente separadas e o AHA aumenta a ponte e a
união, não se rompe. Assim o número de Pontes de Hidrogênio e a Plasticidade - Hidratação é
melhorada: Efeito Fílmico
Na dose mais alta de AHA (70% GLICÓLICO PURO) as cadeias se rompem, se separam e
aumentam rapidamente a descamação, quer dizer, produz-se a separação - efeito esfoliante:
efeito refinador.
Fontes naturais de AHA:
* Ácido Glicólico: concentração usual de 5 a 70%. Tem sido utilizado como esfoliante da
epiderme em concentrações de 5 a 10% (nessa concentração, é utilizado em cosméticos). Atua
diminuindo a adesão dos corneócitos. Exemplos: Cana de açúcar, beterraba, uva, alcachofra e
abacaxi.
* Ácido Lático: Fermentação bacteriana da glicose. Além de ser um AHA, faz parte da
composição do fator de hidratação natural da pele, sendo um importante fator de hidratação
cutânea. O ácido láctico oferece o mesmo benefício de outros AHAs, através da promoção da
descamação, além de outros benefícios. Concentração de 7 a 20%.
* Ácido Mandélico: O ácido mandélico é um AHA, derivado de um extrato de amêndoas
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amargas. Ele pode ser utilizado em substituição a outros AHAs, como o ácido glicólico, por
exemplo, para pacientes com pele mais sensível. A molécula do ácido mandélico é maior que a
molécula do ácido glicólico e por esta razão penetra lentamente. O Ácido Mandélico é um dos
AHA´S de maior peso molecular, favorecendo um efeito uniforme, o que também minimiza os
transtornos comuns da aplicação de AHA`S sobre a pele. Apresenta semelhança química com o
ácido salicílico, com sua ação antisséptica só muda as atividades do Alfa-Hidroxiácidos.
Concentração usual 5 a 40%
* Fenol - fórmula de Baker: é um peeling de exclusividade médica. Penetra profundamente
até no nível da derme reticular, sendo assim indicado para rugas profundas, periorais e para
tratar a queratose mais severa. A sua principal desvantagem é a sua cardiotoxidade,
nefrotoxidade e depressora do sistema nervoso central; havendo a necessidade de ser realizado
em ambiente hospitalar devido à obrigatoriedade de sedação por ser muito dolorida para o
paciente.
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* Solução de Jessner: Solução alcoólica que mistura um ácido lático, resorcina e ácido
salicílico. Apresenta coloração clara, com cheiro característico. Sua aplicação provoca discreto
avermelhamento e ardor, e com várias passadas o eritema torna-se intenso, podendo chegar a
um "frost" verdadeiro. Proporciona leve descamação nos

dias subsequentes ao peeling. Também devem ser evitados pelos alérgicos ao ácido
acetilsalicílico.

*Easy-Peel: É o mais novo dos peelings, constituído por uma solução de TCA, de
concentração inferior a 15% e um creme terapêutico que se aplica depois da esfoliação. Não se
pode utilizar, nem antes e nem depois do peeling, álcool e acetona para a higiene, pois se corre o
risco da esterificação de Fisher, ao permitir uma penetração mais importante do produto
esfoliante. USO MÉDICO
Esta esterificação de Fisher consiste em um álcool, somado à um ácido orgânico, dar um
éster - o grupo -OH da água vem do ácido. É uma reação reversível.
A solução esfoliante pode ser aplicada inclusive sobre a pele não higienizada e até sobre a
maquilagem. Ao finalizar a aplicação da solução, deixa secar e aplica o creme terapêutico, que
não é retirado. A frequência de peeling é semanal, consecutivo por um total de quatro semanas.
Algumas complicações pós-peeling químico que poderão ocorrer:
 Hiperpigmentação pós-peeling (pós-inflamatória): pela falta de cuidados com
exposição solar nas primeiras semanas. Para tratar esta situação deverá ser utilizada substância
despigmentante, diariamente à noite e às vezes realização de um novo peeling de resorcina.
 Queimaduras: pouco frequentes, e mais observadas ao uso do fenol, podendo
gerar sequelas hipocrômicas
 Cicatrizes: Deve-se postergar ao máximo a retirada das crostas nos dez primeiros
dias pós-peeling, evitando-se desta forma escoriações, feridas e consequentemente manchas ou
cicatrizes. A crosta inicial protege nos primeiros dias a pele nova e só deve ser retirada pele
médico, nunca pelo próprio paciente ou por seus familiares.
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 Dermatite de contato irritativa ou alérgica: prescrever anti-inflamatórios tópicos à


base de arnica, camomila ou Aloe vera, e nos casos mais intensos hidrocortisona 0,10%;
raramente há necessidade de usar antibióticos.
 Infecção: pouco frequente no peeling superficial e muito superficial

14. Substâncias Ionizáveis


Muitos compostos são formados de unidades estruturais carregadas positiva e
negativamente, chamados íons. Quando esses compostos são colocados em uma solução
apropriada, dissociam-se dentro deles componentes polares, ou seja, eletricamente carregados,
que assumem uma carga positiva ou negativa.
Quando em estado carregado, cada íon pode ser influenciado por um campo elétrico criado
dentro da solução. Os íons positivamente carregados são chamados de cátions, serão atraídos
para o polo negativo, são chamados de cátodo, e repelidos do polo positivo. Os íons carregados
negativamente (ânions) serão atraídos para o ânodo e repelidos do cátodo. A repulsão
eletrostática de cargas iguais é a força motriz para iontoforese.
Quando as drogas ionizam em solução, a porção de drogas da molécula assumirá uma carga
negativa ou positiva, enquanto algum grupo do lado iônico assumirá a carga oposta. A
identificação da polaridade da droga determina a polaridade do eletrodo usado para conduzir os
íons na direção dos tecidos. As drogas positivas são colocadas sob o eletrodo positivo (ânodo) e
as negativas são colocadas sob o eletrodo negativo (cátodo). O eletrodo que contém ou
sobrepõe a droga é tipicamente referido como o eletrodo “ativo” ou “de distribuição”, com o
eletrodo oposto muitas vezes chamado de eletrodo “de retorno” ou “dispersivo”.
Essa dissociação facilita a passagem do principio ativo para a pele, pela membrana celular e
pelos folículos pilosebáceos, permitindo melhor absorção e penetração.
Sabemos que substâncias com cargas iguais se repelem e substâncias com cargas opostas se
atraem; portanto iremos ionizar o produto com o polo de mesma
carga, estamos provocando uma repulsão entre o produto e o
eletrodo e uma atração entre o produto e o organismo, facilitando sua
penetração.
Geralmente os produtos utilizados são ampolas nutritivas à base
de uréia, colágeno, elastina, extrato placentário, DNA, vitamina C,
entre outros.

14.1 Melanges
Melange é um gel constituído basicamente por um veículo de
acoplamento acústico e elétrico, permeantes químicos, surfactantes,
princípios ativos nanosferizados, que possibilitam sua fácil permeação
e ação retardada na pele, realizando um "time triggering", ou seja, possibilita a difusão e ação do
princípio ativo somente ao atingir a derme, minimizando assim sua captação ao atravessar a rede
capilar sanguínea, possibilitando longo perfil temporal de biodisponibilidade local (com
concentração uniforme em toda a área tratada), além de conservantes.
Cada princípio ativo terá um mecanismo de ação diferente, como por exemplo:
Mecanismo de ação:
* lnibidores da Fosfodiesterase
Algisium C: Aumenta a resistência da membrana celular, a ação dos radicais livres, protege
contra a glicação, estimula a formação de novo colágeno, tem poder de hidratação e ativa a
lipólise.
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Aminofilina: Estimula a lipólise dos ácidos graxos armazenados nos adipócitos pela inibição
da fosfodiesterase, elevando indiretamente os níveis de AMPc que estimula a lipólise.
Cafeisilane: Na sua composição a cafeína estimula a lipólise
L Carnitina: Conhecido carreador bioquímico que ajuda o ácido graxo a transpassar a
membrana até a mitocôndria, diminuindo a lipogênese.
Triac: Inibidor da fosfodiesterase nos adipócitos.
* Bloqueadores dos receptores alfa-2 adrenérgicos (anti-lipolíticos)
Yoiombina: Antagonista alfa 2- seletivo que bloqueia o adreno receptor liberando os
receptores beta-1, aumentando os efeitos lipolíticos; a mobilização dos ácidos graxos ocorre pela
ação da adrenalina ou da noradrenalina em 2 tipos de receptores : beta-1, beta-2, beta-3 e alfa-
2.
* Coadjuvantes lipolíticos
Cynara: Sua composição química favorece a síntese das coenzimas NAD/NADPH2 e
NADPN/NADPH2 que exercem controle sobre a lipólise.
Celulinol: Diminui e previne a deposição extracelular de colágeno na matriz conjuntiva,
auxiliando na fluidificação, com efeito descongestionante.
Adipol: Composto por Extrato de Bile e Ester do Ácido Tartárico, tem ação fluidificante dos
depósitos adiposos e termogênica.
* Agentes Eutróficos Matriciais
Asiaticosídeo: Estimula a recomposição das fibras colagênica esclerosadas por estimulação
dos fibroblastos, regula permeabilidade dos microvasos sanguíneos e linfáticos.
Extrato Glicólico de Centella Asiática: Normalizador da permeabilidade dos vasos sanguíneos
e linfáticos
Hidroxiprolisilane: Reestruturante das fibras de colágeno, restaura a elasticidade; normaliza
a atividade capilar, atua na reabsorção de edemas.
* Agentes Enzimáticos
Hialuronidase: Degradação do ácido hialurônico
Thiomucase: Degradação das condroitinas
* Vasoprotetores
Biorusol: Favorece a reabsorção de edemas diminuindo a fragilidade capilar e favorecendo a
microcirculação periférica, anti-inflamatória e vasoprotetora.
Escina: Aumenta a permeabilidade capilar, favorecendo a absorção de edemas e penetração
cutânea, normalizando os processos inflamatórios.
Ginkgo Biloba: Normaliza a microcirculação: efeito vasoprotetor, indicado nos tratamentos
das microvarizes.
* Vasodilatadores Periféricos
Buflomedil: Atua a nível de parede celular, produzindo assim uma vasodilatação passiva da
artéria com um aumento do seu diâmetro, aumentando assim a irrigação.
* Tonificante Facial
DMAE: Atua na junção neuromuscular aumentando os níveis de acetilcolina, aumentando a
contração muscular.
Elastinol: Mistura de oligossacarídeos que hidratam e aumentam em 11% a espessura da
epiderme em poucas semanas, revertendo os sinais do fotoenvelhecimento.
Genisteína: Possui ação símile à hormonal, estimulando os receptores celulares e a
formação de colágeno. Sua principal função é a de proteção mutagênica induzido pelo
ultravioleta.
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Oligomix: Oligoelementos reestruturantes e ativadores do metabolismo celular e das


enzimas protetoras contra os radicais livres
Acido Alfa Lipolítico: Aumenta o aporte do oxigênio celular, tem ação antioxidante com
propriedade de ser hidrossolúvel e lipossolúvel.

15. Ativos para o Controle de Pigmentação


A alteração do sistema pigmentar pode estar relacionada ou não com o envelhecimento, ou
alguma perturbação do melanócito. Alguns ativos obtidos sinteticamente, por biotecnologia ou
através de extratos de planta são capazes de diminuir a pigmentação por diversos mecanismos,
sendo o principal a inibição da tirosinase.
Segundo dados da literatura, mais de 90% das pessoas com mais de 50 anos de idade podem
apresentar a pele da face mãos e colo hiperpigmentadas, podendo com isso afetar sua auto-
estima e também a sua qualidade de vida.
A melanina é formada a partir de uma reação bioquímica que envolve o aminoácido tirosina
e a enzima tirosinase. Trata-se de uma reação de melanogênese, que ocorre dentro dos
melanossomas, que por sua vez são formados dentro dos complexos de Golgi.
A melhora da hiperpigmentação dependerá do tipo e intensidade da mesma. Os cuidados
cosméticos,quando possíveis,consistem em usar protetor solar, clareadores e procedimentos
cosmiátricos como: laser e peelings.
Os ativos despigmentantes utilizados podem agir da seguinte forma:
a) Por inibição da tirosinase, enzima chave na síntese de melanina;
b) diminuição dos melanócitos funcionais;
c) Supressão das reações inflamatórias, tais como precursores da melanina na reação da
melanogênese;
d) Uso de antioxidantes de precursores da melanina na reação da melanogênese;
e) Esfoliação dos queratinócitos carregados de melanina.

15.1 Disfunções pigmentares mais usuais


SARDAS OU EFÉLIDES :
Pequenas manchas normalmente com diâmetro inferior a 0,5 cm, cor acastanhada, podem
aparecer a partir dos 3 anos de idade em áreas expostas ao sol. Ocorrem especialmente em
indivíduos de pele e olhos claros. Nas sardas o numero de melanócitos não aumenta, o que
ocorre é um aumento da produção de melanina e dos melanossomas.

CLOASMA E MELASMA:
Caracteriza-se por manchas acastanhadas de limites imprecisos que ocorrem na face e
raramente nos braços e no colo.
Apresenta característica simétrica, sendo mais comum na região centro facial, malar, fronte,
queixo, lábios superiores. Pode exarcebar pela exposição solar, gravidez, certas drogas
antiepilépticas e contraceptivos orais, apesar do estrógeno não ser considerado isoladamente
agente causador, somente quando associado ao progestógeno. As peles com melasma podem
apresentar aumento de atividade dos recpetores para estrógenos, tornando-as mais sensíveis a
esta classe de hormônios.
Na gestação a hiperpigmentação é acelerada pela maior produtividade dos hormônios que
estimulam a melanogênese, como o estrógeno, a progesterona e o ACTH, este é muito
semelhante ao hormônio que estimula naturalmente a melanogênese, o hormônio estimulante
de melanócitos (MSH), do qual o nível sérico apresenta aumento na gestação e não sofre
73

redução no pós parto. As manchas que surgem nesta fase da vida podem regredir
espontaneamente após o parto desde que seja estimulada a lactação, e durante todo o processo
a gestante não tenha se exposto ao sol sem proteção.
Cerca de 70% dos casos de melasma e cloasmas são considerados epidérmicos, 10%
dérmicos, e 20% mistos.
HIPERPIGMENTAÇAO PÓS-INFLAMATÓRIA.
Ocorre predominantemente em fotótipos mais altos na conseqüência de um processo de
restabelecimento de uma inflamação como a acne, dermatite de contato, dermatite atópica e
outros traumas e podem persistir meses. As causas destas hiperpigmentações são as citoquinas
liberadas no processo inflamatório que estimulam a melanogenes.
HIPERPIGMENTACOES POR REACÕES FOTOTÓXICAS E FITODERMATOSES
Esta reação é causada pelo contato com substancias fotossensibilizantes e
subseqüente exposição ao sol. No inicio o local fica apenas vermelho. Logo mais evolui para uma
resposta inflamatória, que pode mesmo resultar numa ferida bolhosa na área exposta ao sol.
Posteriormente desenvolve-se no local uma hiperqueratose e hiperplasia melanocitótica,
causando a hiperpigmentação. A mesma reação pode ser ocasionada pelo uso de medicamentos
sistêmicos ou tópicos associados ao sol, ou de certas plantas e alimentos em conjunto com o sol.
Medicamentos que podem causar hiperpigmentação por reação fototóxica:
- fluoroquinolonas, griselfulvina, cetoconazol, sulforamidas, tetraciclinas trimetropim,
methotrexato, vinblastina, fluorouracil, coal tar, furosimida, hidroclorotiazida, benfluorotiazida,
diltiazem, imipramina, fenotiazinas, quinidina, ibuprofeno, cetoprofeno, naproxeno, psoralenos,
fenilbutasona etretinato, isotretinoina, acido acetilsalicílico e outros.
Medicamentos que podem causar hiperpigmentação sem exposição ao sol:
- amiodarona, amitriptilina, ciclofosfamida, minociclina, fenotiazina, zidovudina e outros
Plantas que podem causar fitodermatoses e fitodermatites:
- limão, angélica, folha de figo, aipo, cenoura, bergamota, anis, balsamo do peru, alecrim e
outros.
LENTIGOS
São manchas pequenas e circunscritas com um ou mais milímetros de diâmetro. Coloração
acastanhada, encontradas em áreas expostas ao sol. Também conhecidas como manchas senis.
Resultam do acumulo de exposição solar durante toda a vida. Geralmente aparecem após os 50
anos de vida. No lentigo a hiperpigmentação basal é maior que e mais intensa que no melasma, e
pode vir acompanhada de hiperqueratose localizada, o que dificulta sua remoção.

HIPERPIGMENTAÇAO PERIORBITAL
É uma hiperpigmentação localizada na região periocular devido o aumento da
melanina na epiderme. Tem origem genética sem possibilidade de reversão.
A melhora da hiperpigmentação dependera do tipo e da intensidade bem como da causa.
Os cuidados consistem no uso do FPS, clareadores, despigmentantes, e acima de tudo
persistência.
Os cuidados devem ser constantes. Não se devem interromper os tratamentos e as recidivas
são constantes. CONTUDO É MUITO BAIXA A MELHORA CLINICA

15.2 Ativos Utilizados:


Hidroquinona
Um dos ativos mais utilizados e usados como despigmentante desde 1961.
Seu efeito despigmentante é devido à inibição da tirosinase.
74

Concentração de uso Brasil: 2-10% ( CONTUDO PODEMOS SUBSTITUI-LA PELA AZELAICO


20%)
Japão: proibido; Estados Unidos: 2% (OTC).
É um despigmentante de ação imediata, tem boa penetração na pele e é indicada no
tratamento de sardas, lentigo senil e hiperpigmentação pós-inflamatória.
Os mecanismos de ação estão relacionados com:
- Inibição competitiva da atividade da tirosinase, impedindo a transformação da
tirosina em DOPA,
- Inibição da síntese de DNA e RNA pelo melanócito,
- Decomposição de parte da melanina formada,
- De forma mais lenta pode degradar os melanossomas e destruir os melanócitos
(efeito citotóxico).
Como principal efeito adverso tem-se: irritação da pele, eritema (ocasionalmente),
hipopigmentação e despigmentação reversível.
Na área farmacêutica, a Hidroquinona é comumente associada ao ácido retinóico (RETIN A),
ácido salicílico, corticóides e alfa hidroxiácidos.
Os veículos Hidroalcóolicos são os mais indicados. Entretanto, em concentrações acima de
3%%, deve-se dar preferência às emulsões.
Mequinol®
(Metoxifenol, monometil éter de hidroquinona)
É análogo químico da hidroquinona, com menor incidência de efeitos indesejáveis
Concentração de uso: 2-4%
Arbutin
Heterosídeo (hidroquiinona- D--glucopiranosídeo, cuja parte não glicídica é a hidroquinona,
reduz a atividade da tirosinase, impedindo a produção de melanina.
Pode ser encontrado na Uva ursi (uva ursina) ou obtido por síntese química.Concentração
usual de 1 a 3%
Ácido Kójico®
Obtido através da fermentação do arroz. O mecanismo de ação se dá por inibição não
competitiva da tirosinase através da quelação de íons cobre.
Concentração usual: 10%
A associação do acido kojico com o acido glicólico potencializa o efeito despigmentante.
O acido kojico oxida em altas temperaturas e presença de luz.
Não deve ser associado a outros despigmentantes do tipo VC-PMG.
Vitamina C e derivados
O ácido ascórbico (vitamina C) deve ser utilizado na forma levógira, não ionizada para ser
permeada. Em pH 3,5 encontra-se na forma não ionizada. A concentração de uso deve ser entre
10-20%. Sua associação a esfoliantes químicos intensifica sua ação despigmentante. Apesar de
ser hidrofílico permeia muito bem na pele após a aplicação.
Derivados da Vitamina C
Fosfato de ascorbil magnésio (VCPMG)- capaz de liberar L-ácido ascórbico livre nas camadas
mais profundas da epiderme, controla a melanogenese, previne o envelhecimento e promove o
clareamento de manchas superficiais.
Incompatível com Hidroquinona, melfade, carbopol, AHA’s, retionoico, azelaico, kójico,
fítico,
Porem compatível com: adenin, Iris-iso, Structurine, antipollon, D-Pantenol,
Concentração usual: 1,0 a 3,0%
75

pH: 7,0 a 7,5


Ácido ascórbico 2 – glucosado (AA2G) – vitamina C estabilizada com glicose. Atua sobre os
radicais livres, aumenta a síntese de colágeno, atua também com despigmentante leve para
manchas senis e foto dano solar. Concentração usual: 2%. pH: 5,0 a 7,0
Palmitato de ascorbila.: são estáveis em pH neutro ou alcalino. Permeiam a pele, são
hidrolisados por fosfatases, liberando o ácido ascórbico reduzido. O ácido ascórbico e derivado
atua como despigmentantes por um mecanismo redutor. Revertem as reações de oxidação que
convertem a dopa em melanina. Incompatível com óleo, luz visível e ultravioleta, metais
pesados, oxigênio e temperaturas altas. Recomenda-se usar embalagem opaca para proteger a
formulação. Concentração usual: 3,0 a 4,0%. pH: 4,0 a 7,0
Éster de vitamina C – ascorbato mineral. Forma não acida da vitamina C dissolvida em meio
neutro que retém 90% de acido ascórbico ativo. Compatível com os extratos glicólicos de Ginkgo
Biloba, Ginseng, Green Tea, Aloe vera, óleos de borragem e girassol,
Concentração usual: 1,0 a 2,0% cremes faciais clareadores.
Activesphere C – é o VC-PMG englobado em microesferas de colágeno marinho, recoberto
pro glicosaminoglicanas, possui ação prolongada, cerca de 12 horas. Incrementa a retenção de
água e aumenta a elasticidade da pele; Concentração usual: 1,0 a 10%. pH: 7
Nanosferas de vitamina C – ácido ascórbico nanosferizados ou biovetorizado. Concentração
usual: 0,5 a 2,0%. pH: 7
Thalasferas de vitamina C – é a vitamina C-PMG micro encapsulada e revestida por colágeno
marinho, sulfato de condroitina marinho, em concentração de 20% (uso consultório).
Concentração usual: 5% uso residencial
Ácido Fítico®
Está presente em cereais integrais. É um quelante com alta capacidade de quelar cátions
polivalentes, entre eles o cobre e ferro. Concentração de uso: 0,5-2% Para uso residencial. Para
uso consultório 4%.
Ácido Azelaico
Ácido 1,7-dicarboxílico de cadeia linear saturada, normalmente utilizado nos tratamentos de
acne. É um inibidor competitivo das enzimas de oxi-redução, portanto pode ser empregado nos
casos de melasma e hiperpigmentação pós-inflamatória. Concentração: 15-20%.
De acordo com a CATEC, parecer numero 1, de junho de 2005, esta substancia esta proibida
em formulações cosméticas independente da concentração.
Ácido Glicirrízico
Coadjuvante do tratamento de despigmentação. É um derivado do alcaçuz. Apresenta
propriedades antiinflamatórias e antialergênicas. Pode ser usado em produções para dermatites,
anti-vermelhidões, anti-alergênicas. Incompatível com carbopol.
Concentrações usuais: 0,1 a 0,3%. pH: 3, para se atingir pH neutro associar a glicirrizinato
dipotássico.
Antipollon HT ® (silicato de alumínio)
Obtido através do extrato da raiz de Glycerrhiza inflata. Absorve a melanina depositada na
pele (co-despigmentante). Concentração de uso: 1-4%
Nano White®
Lipossomas que veiculam o arbutin (substituto da hidroquinona). Este despigmentante atua
através de dois mecanismos: inibição da tirosinase e por meio de ação antioxidante. Muito
utilizado para o tratamento de manchas e sardas. Concentração de uso: 2-5%
76

Clariskin®
Extrato de gérmen de trigo. Inibe a ação da tirosinase. Inibem também a síntese da
eumelanina (pigmento de cor escura). Concentração usual: 5-8%.
Ácido Retinóico
Auxilia na despigmentação pelo processo de esfoliação. Aumenta a síntese de colágeno. Suas
formulações oxidam facilmente. Proibido seu uso em formulações cosméticas industriais. Não
usar em lactentes e gestantes. Concentrações usuais: 0,01 a 0,05% ou 1 a 5%. pH: 4,5 a 6,5
Alfa-hidroxiácidos
Atuam como esfoliantes por processos químicos, aumentando a renovação da epiderme e
uniformizando a pigmentação da pele.
Produtos naturais
Dermawhite®
É uma mistura de ácido ferúlico (inibidor da tirosinase), ácido glucônico, ácido cítrico e
extrato das folhas de Walteria Indica, rica em flavonóides e ácido fenólico. Reduz a pigmentação
através da inibição das enzimas específicas do metabolismo da melanina, quelante dos íons
cobre, e leve esfoliação pelo ácido cítrico.Concentração de uso: 2-5%
Comparado a hidroquinona ele apresenta menor eficiência, porem com a vantagem de
apresentar boa tolerância cutânea mesmo em usos prolongados.
Vegewhite
Ativo natural que consiste em uma associação sinérgica de uva ursi, mendronheiro, alcaçuz e
ácido Kójico
Melaslow
É o extrato de tangerina japonesa padronizado com 0,3% de tiramina, um inibidor da
melanogênese.
Melawhite ®
Inibidor da tirosinase minimiza a formação de melanina, sardas manchas senis. Pode ser
usado na gestação. Concentração: 2-5%.
Laktokine fluid®
Citoquinas do leite. Tem ação revitalizante, minimiza o estresse celular. Atua na regulação
das vias melanocitárias através do estímulo negativo na produção da melanina. Tem ação
também antiinflamatória. Concentração de uso: 2-5%

MECANISMOS DE AÇAO RESUMIDO DOS ATIVOS DESPIGMENTANTES, SUAS


CONCENTRAÇOES DE USO, Phs RECOMENDADOS E NOMES COMERCIAIS

ATIVO CONCENTRAÇAO
DESCRIÇAO pH MECANISMO DE AÇAO
COSMÉTICO DE USO
Ácido ascórbico 2-
AA2G® 1-2% 5-7 Redutor
glucosídeo
Ácido ascórbico Ácido ascórbico 1-15% 3- 3,5 Redutor
Ácido azelaíco Ácido azelaíco 15-20% <4 Inibidor da tirosinase
Inibidor não competitivo da
Ácido fítico Ácido fitíco 2-5%
tirosinase
Inibição não competitiva da
Ácido kójico Ácido kójico 1-5% 3-5
tirosinase e redutor
Ácido salicílico Ácido salicílico Max. 2% 3-3,5 Esfoliante
Alfa- Ácido glicólico, láctico,
Max. 10% 3,5 a 4 Esfoliante
hidroxiácidos cítrico, mandélico, málico
Extrato aquoso de Inibe a atividade da tirosinase e
Algowhite ® 1-10% 2-9
Ascophyllum nodosum da proliferação dos melanócitos,
77

apresenta ação antioxidante.


Silicato sintético de
Antipollon HT® 1-5% 4-8 Absorção da melanina
alumínio
Hidroquinona – D- Inibição competitiva da
Arbutin 1-3% 5-8
glucopiranosídeo tirosinase
Asafoetida Extrato de
2% 3,5- 5,5 Inibidor da tirosinase
extract férula assafoetida
Pectinato de ascorbil
Ascorbosilane® 3-4% 4-6,5 Redutor
metilsilanol
Extrato de Saxisfraga
sarmentosa, vitis vinifera,
Biowhite® 1-4% 5-6 Inibidor da tirosinase e esfoliante
Morus bombycis root,
scutellaria baicalensis root
Ácido ferúlico, ácido
glucônico, ácido cítrico, e
Dermawhite NF
extrato de Waltheria (rico 0,5 -2% 5,5-5,5 Inibidor da tirosinase e esfoliante
LS9410 ®
em flavonóides, taninos e
ácido fenólico)
Extrato de Extrato de raiz de Inibidor da tirosinase,
0,5 – 2% 5,0-5,5
licorice® Glycyrrhiza antiinflamatório e antioxidante
Hidroquinona Hidroquinona 1-10% <5,5 Inibição competitiva da tirosinase
Diacetil boldina (DAB) em Estabilização da tirosinase em
Lumiskin® 4% 6
triglicérides sua forma inativa

16. Cosméticos para Acne


A acne é uma inflamação do folículo pilo sebáceo.
Atualmente o desenvolvimento e a comercialização de produtos para esta patologia
recebem o titulo de:
- coadjuvantes
- auxiliares
- ou mesmo preventivos.
Fisiopatologia
A) Hiperplasia da glândula sebácea por fatores hormonais.
B) Hiperqueratinização do folículo pilo sebáceo.
C) Proliferação do Propionibacterium acnes
D) Respostas imunes.
Fatores exógenos e endógenos que pode agravar a acne
a) Obstrução mecânica.
b) Exposição ocupacional.
c) Medicamentos
d) Cosméticos comedogênicos e emolientes oclusivos.
e) Estresse.
f) Causas endócrinas.
g) Alimentação.
h) Menstruação.
O Tratamento da acne não apresenta consenso na literatura medica, na tentativa de
direcionar a terapêutica a revista JAMA, revisão sistemática sobre o assunto analisou:
29 estudos duplos cegos que resultaram em:
 Redução de comedões em 40 a 70% com ácido retinóico.
78

 Acne de grau moderado usa de retinóides associado ao uso de antimicrobianos


 Quadro de acne grau grave: uso de antibióticos e isotretinoina oral.
Ainda observa-se atualmente o tratamento de acne grau leve a moderado com o uso do
laser, luz intensa pulsada.
De forma genérica observa-se o uso de tratamentos:
A) Medicamentoso
B) Cosméticos
Resumo das principais formulações auxiliares no tratamento da acne:

SINTOMATOLOGIA ESTRATÉGIA PARA O TRATAMENTO


Uso de substancias NORMALIZADORAS da secreção sebácea –
adstringentes. Não basta remover o excesso de sebo da pele com
desengordurantes. É preciso diminuir essa secreção. Isso não deve
ser realizado com agentes agressivos, o que poderá contribuir para
OLEOSIDADE uma intensificação do processo inflamatório da pele e
EXCESSIVA hipersecreção sebácea rebote. O emprego dessa estratégia alem de
tratar a principal causa da acne, contribui para redução gradativa do
tamanho dos poros. Nessa categoria entram os ativos que
bloqueiam a ação da enzima 5-alfa-redutase.

Uso de substancias ESFOLIANTES que favorecem uma uniformidade


da capa córnea desobstruindo os folículos obstruídos. O emprego
de ácidos lipossolúveis confere afinidade com pele oleosa e
principalmente pelo folículo obstruído. Como exemplo, podemos
HIPERQUERATOSE
relembrar a ação dos retinóides e beta-hidroxiacidos. O uso de
FOLICULAR
esfoliantes físicos também é indicado com cautela. Em ambos os
casos a formulação deve ser suave a fim de controlar o processo
inflamatório e assim, diminuir a incidência de acne rebote.

A HIGIENE com produtos específicos contribui para retardar o


crescimento dessas bactérias. Os tônicos mais simples compostos
por ácidos suaves podem contribuir grandemente para o controle
CRESCIMENTO DE do crescimento dessas bactérias. Somente a redução do pH sobre a
P. ACNES E S. pele cria meio inóspito para proliferação de bacteriana. Nesta
EPIDERMIS categoria são indicados ácidos orgânicos suaves que também
poderão auxiliar na redução da hiperqueratose, e ativos naturais
que funcionem como antibióticos.

O uso dês substancias ANTIIFLAMATÓRIAS do tipo corticóide-free,


PROCESSO que alem de diminuir o eritema e a dor do paciente, podem
INFLAMATÓRIO diminuir a oleosidade excessiva da pele.
79

16.1 Principais ativos para Acne


ACNEBIOL®:
Composto de ácido salicílico, acetilmetionato de zinco, salicilato de dimetilsilanodiol, extrato
de aloe vera, extrato de lúpulo, extrato de pepino, extrato de limão, elastina, colágeno
hidrolisado.
Simultaneamente normaliza a oleosidade excessiva, inibe o processo inflamatório e controla
a hiperqueratinizaçao da pele oleosa. Concentração usual: 4 – 8%
ANTI-OIL SPHERES ®
Microsferas de sílica de alta capacidade de absorção de óleo cerca de 3 vezes o seu peso.
São responsáveis pela textura acetinada das formulações e melhora do deslizamento do produto
sobre a pele, diminuindo a sensação de pegajosidade. Concentrações usuais: 1 – 2%. pH: 5 a 7%
AZELOGLICINA®
Derivado do acido azelaico, e a associação com o aminoácido glicina diminuiu a
alergenicidade e também potencializou as propriedades antiacnes desse ativo.
Confere ação despigmentante, normalizadora da secreção sebácea, esfoliante,
antibacteriana e antiinflamatória. Concentração usual: 3 – 10%
pH de estabilidade: 5 a 11, portanto não é aconselhado seu envolvimento com os AHA’S e
com o Kójico.
BETAPUR ®
Ativo capaz de estimular a produção de peptídeos antibacterianos naturalmente secretados
na pele é conhecido como Defensinas, sendo que a principal é a β-Defensina. Sua estimulação é
baseada na estimulação microbiana. Concentração usual: 1 – 2%. pH; predominantemente
neutro
CUTIPURE ®
Inibidor da enzima 5-lipoxigenase, o que confere uma ação sebonormalizadora, também
possui efeito antiinflamatório e antimicrobiano.
Em estudos realizados com o uso de CUTIPURE após 1 semana:
- reduziram 17,5% os comedões
- 24% as pústulas
Concentrações de uso: 3 – 5%
pH: 4,5 a 6,5
EPICUTIN TT®
Ciclodextrinas de óleo de melaleuca. Ativo praticamente inodoro, antimicrobiano,
antiinflamatório e absorvedor da oleosidade da pele. Após a liberação do óleo de melaleuca as
ciclodextrinas ficam livres para encapsular outras moléculas hidrofóbicas em seu interior, sendo
capazes de reduzir a quantidade de sebo da pele. Concentrações usuais: 5 – 10%. pH 4,5 a 5,5
GLYCOSAN SALICÍLICO ®
Encapsulado molecular de ácido salicílico. Proporciona liberação progressiva e maior
biodisponibilidade para o efeito queratolítico e antiacnes inerentes ao acido salicílico,
minimizando o potencial sensibilizante sobre a pele. Concentrações usuais: 1 – 5%. pH: 5,5
ZINCIDONE ®
Pidolato de zinco. Apresenta atividade antisseborreica, reduzindo a excreção das glândulas
sebáceas, devido à inibição de 5-alfa-redutase, enzima que catalisa as transformações dos
esteróides. Tem efeito bactericida, bacteriostático e fungicida. Concentrações usuais: 1 a 10%.
pH 5,5
80

Cosméticos Antienvelhecimento:
O envelhecimento cutâneo pode ser intrínseco ou cronológico e intrínseco, ou foto
envelhecimento.
O envelhecimento intrínseco ocorre lentamente e nas áreas protegidas do sol. As rugas são
mais profundas.
O foto envelhecimento sobrepõe o envelhecimento intrínseco, as alterações são
perceptíveis nas áreas expostas ao sol (face, pescoço). Mais de 85% das rugas são devido à
exposição ao sol. Com o envelhecimento cutâneo, ocorre diminuição dos queratinócitos,
afinamento da pele e os lipídios intercelulares como ceramidas, ácidos graxos, têm seus níveis
reduzidos. O número de melanócitos diminui. Entretanto nas áreas expostas, os mesmos
tornam-se mais ativos.
Na derme ocorre a diminuição dos fibroblastos. Também se verifica a diminuição da
glucosamina, ácido hialurônico. O colágeno torna-se menos solúvel e compacto. A micro
circulação também é afetada, as paredes dos vasos tornam-se menos resistentes.
Fatores que interferem no processo de envelhecimento:
 Radiação UV
 Temperatura; tanto o calor excessivo quanto o frio, aceleram o processo de
envelhecimento da pele, porém de maneiras diferentes. Altas temperaturas desnaturam as
proteínas e o DNA celular, enquanto que as baixas temperaturas dificultam a circulação, induzem
ao ressecamento e a descamação da pele.
 Radicais livres e espécies reativas de oxigênio: com o avanço da idade ocorre uma
maior produção de radicais livres e há também uma diminuição da capacidade antioxidante
natural do organismo.
 Tabaco e poluição: ao produzirem radicais livres, aceleram o processo de
envelhecimento. O cigarro é visto como indutor da elastose cutânea, e diminui a circulação
arterial periférica.
 Perda rápida e drástica de peso corporal: as reduções das células adiposas de forma
acelerada e drástica ocasionam a ptose das estruturas da pele, favorecendo o aspecto debilitado
e flácido da mesma.
 Patologias: presenças de enfermidades podem refletir na intensidade e velocidade do
processo de envelhecimento.
 Comportamento e hábitos de vida: influencia de forma direta o processo.
 Carga hormonal – estrogênio: o envelhecimento decorre também do declínio
hormonal. Esteticamente observa-se uma pele mais seca, redução da barreira córnea, diminuição
do colágeno, formação de rugas e ptose da pele.
 Cor da pele: Fitzpatrick mais altos oferecem maior proteção contra a radiação solar,
por isso apresentam menor efeito de foto envelhecimento.

17. Ativos utilizados no envelhecimento cutâneo


ATIVOS COM AÇÃO SOBRE A MUSCULATURA SUPERFICIAL.
ARGIRELINE®
Hexapeptídeo que atenua a contração muscular através da diminuição de
neurotransmissores. Composto por aminoácidos como o acido glutâmico, metionina e arginina.
Concentração usual: 3-10%
MYOXINOL®
Extrato hidrolisado de Hiscus esculetos. Bloqueia os canais de cálcio pré-sináptico,
impedindo a liberação de acetilcolina. Concentração usual: 0,5-2%.
81

DMAE/ (Dimetilaminoetanol)
Precursor da acetilcolina, utilizado topicamente possui ação tensora; aumento da firmeza da
pele. Sua finalidade é colinérgica. É também um potente estabilizador antioxidante de
membranas. Concentração usual: 3-15%
LIFTILINE®
Combinação de proteínas do trigo de alto peso molecular que proporciona efeito tensor.
Concentração usual: 3-5%

PENTACARE®
Proteína hidrolisada do glúten de trigo. Formação de filme tensor que estica e suaviza a pele.
Concentração usual: 2 a 5%. pH: 7
RAFFERMINE®
Frações especiais de soja. Promove produção de fibras do colágeno. Estimula a contração da
elastase; estimula a retração dos fibroblastos. Portanto é um excelente firmador dérmico.
Concentração usual: 2- 5%

ATIVOS MULTIFUNCIONAIS
COENZIMA Q10
Conhecida como Ubiquinona, é uma substância lipofílica encontrada em altos níveis na
epiderme. Sua principal função é servir como antioxidante, reduzindo os radicais livres.
ÁCIDO ALFA LIPÓICO
É um potente antioxidante capaz de penetrar na pele. Elimina espécies reativas de oxigênio,
interage com outros antioxidantes como a VIT. C, VIT. E, e glutadiona. Repara danos oxidativos
causados pelos raios ultravioletas, evita produção de citoquinas (substancias pós inflamatórias)
que danificam as células. Porem pode causar dermatite de contato e irritação na pele
sensível.Concentração usual: 1 a 5%. pH: 4 a 6

LINHA FRULIX (EXTRATOS DE FRUTAS) Abacaxi, Amora, banana, cacau, cupuaçu, framboesa,
mamão, manga, melão, morango, pitanga, maracujá, acerola, uva.
Em geral estes ativos têm função: adstringentes, hidratantes, revitalizantes, antioxidante.
EXTRATO DE CAVIAR:
Produzido a partir do caviar do peixe Beluga. Possui aminoácidos, e é rico em proteínas e
sais minerais, bem como ácidos graxos.
Apresenta propriedades emolientes, revitalizantes. Deve ser usado em peles secas e
danificadas, reconstituindo assim o manto hidrolipídico. Concentração usual: em cremes: 1 a 4%,
5% em loções e 1 a 5% em xampus. pH: em torno de 5,8 a 6 para corpo e rosto.
LIPOAMINOÁCIDOS (SEPILIFT®)
Mistura de ácidos graxos (ácido palmítico) com um aminoácido (hidroxiprolina). Possui ação
firmante e anti-aging.
COMPLEXO LIPOSSOMADO (AMELIOX®):
Complexo lipossomado contendo, carnosina, silimarina e tocoferol. Carnosina (dipeptídio
que se liga facilmente às fibras do colágeno, prevenindo o endurecimento das fibras de glicação.
Silimarina: flavonóide obtido da Silybum marianum, altamente eficaz na ruptura de radicais
livres.
Tocoferol: antioxidante. Concentração de uso: 2%
ELASTINOL ®:
82

É uma combinação balanceada de dois oligopolissacarídeo, um deles é rico em alfa-L-fucose


e o outro em alpha-l rhamnose.
Função: minimizar os processos antiinflamatórios (rhamnose)
Facilita a integração célula-célula, atuando na manutenção da homeostase.
Essa combinação age na derme e na epiderme, promovendo redensificaçao dessas camadas
através do estimulo de proliferação celular e estimulo da síntese de colágeno. É incompatível
com natrosol.
Pode ser associado a filtros solares químicos e físicos, antiinflamatórios, VIT. C, VIT E, AHA’S,
clareadores, hidratantes e umectantes. Concentração usual: 1 a 5%
HALOXYL®
Possui uma substância chamada matrikins (mensageiro de reparação e reestruturação
cutânea, que reforçam a firmeza e tonicidade dos olhos.
Possui também substâncias que ativam a eliminação dos pigmentos responsáveis pela
coloração escura e inflamação ao redor dos olhos.
TAMANOL® (ÓLEO DE TAMANOL)
Antiinflamatório, regenerador pós-cirúrgico.
VITAMINAS
A, E, C, complexo B(D-Pantenol), F
Atuam como reparadoras celulares, antioxidantes e hidratantes.
ÁCIDO LACTOBIÔNICO
É um ácido orgânico, obtido a partir da oxidação química ou microbiana da lactose.
Sua estrutura molecular assemelha-se às da gluconolactona.
Possui ação antioxidante, hidratante, rejuvenescedora, cicatrizante. Concentração usual: 2 A
10%
pH: peelings: 2,5 a 4

TRETINOÍNA (Ácido Retinóico) 5%


Aumento das mitoses com a produção de novos queratinócitos. Aumento da produção de
glicosaminoglicanas. Aumenta a produção de colágeno. Fortalece a matriz dérmica.
Inconvenientes
Eritemas, ressecamento, esfoliação queimação e prurido. Embora muitas destas reações
sejam esperadas.
AHAS
Representam: ácido málico ou mandélico, glicólico.
Promovem esfoliação e epidermólise.
Clareamento da pele pela ação esfoliativa.
Melhora a tolerância da pele e potencializa a ação de outras substâncias.

18. Formulações para área dos olhos


As pálpebras têm função biológica de proteção do globo ocular, e sofrem as mesmas
agressões da pele como a irradiação ultravioleta e a ação de radicais livres. Devido às grandes
particularidades, ocorrem alterações próprias e características únicas, tais como bolsas de
gordura, manchas, edemas, rugas.
As rugas ocorrem devido à desidratação decorrente da ausência de glândulas sebáceas, e
também pela ação do músculo orbicular que age como uma cinta muscular comprimindo as
estruturas, nos cantos externos dos olhos. histologicamente esta região é mais fina quando
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comparada co outras regiões do rosto, sendo, portanto um acometimento natural tais


disfunções.
As manchas conhecidas como olheiras são divididas em 2 tipos básicos:
- aquela que ocorre mudança de cor, principalmente nas pálpebras inferiores, com
envolvimento de pigmentos de hemossiderina e melanina; decorrentes da estase do lago venoso
local. Os vasos provocam discretas hemorragias e a hemossiderina permanece na pele causando
na pele uma tatuagem natural. O edema pode ser cíclico e muitas vezes podem representar uma
disfunção renal, piorando ao acordar pela situação horizontal corporal e redistribuindo os
volumes circulantes no organismo no decorrer do dia.
O paciente atópico, com forte tendência alérgica, tanto na parte respiratória, como na pele
(dermatites) é mais propenso a ter este tipo de distúrbio, cujo aspecto piora em cada crise da
doença.
Os principais fatores que levam ao aparecimento das olheiras e que podem intensificar uma
condição pré-existente:
1- componentes genéticos
2- estresse físico e emocional
3- poucas horas de sono
4- exposição ao sol e radiação UV
5- envelhecimento cronológico
6- reações alérgicas e atópicas
7- hipertensão arterial
8- insuficiência renal
9- excesso de álcool
10- excesso de sal
11- tabagismo
12- má alimentação
13- alterações hormonais (períodos menstruais, contraceptivos e reposição hormonal)
14- afecções respiratórias
- aquelas em que a pele esta flácida ou com bolsas de gordura. As bolsas de gordura
aparentes ocorrem com o aumento da idade e devem-se a flacidez da cinta ocular. A etiologia do
acumulo de gordura subcutânea e a conseqüente formação de bolsa ainda permanece sem
esclarecimento. Contudo alguns estudos revelam que as desordens microcirculatórias associadas
às disfunções do metabolismo endócrino causam alterações na matriz extracelular e
conseqüentemente transformações estruturais no tecido adiposo subcutâneo, por sua vez o
aumento no volume dos adipócitos na região resulta em uma compressão prejudicial dos vasos
sangüíneos locais, comprometendo a microcirculaçao, essas bolsas funcionam como
amortecedores dos olhos permitindo adaptação da visão ao se movimentar sua retirada é
comumente cirúrgica e apenas parte dela é retirada ou reposicionada para melhora estética do
olhar.

Alguns ativos utilizados em formulações para os olhos


BIOSKINUP® CONTOUR
Modula os processos inflamatórios responsáveis pela produção das olheiras e edema na
região periorbital (in vitro).
Concentração usual: 2 a 5%
DERMATAN SULFATO®
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Antiedematoso, regenerados, fibrinolítico e vasodilatador. Tratam de forma compatível as


principais causas das olheiras. É um glicosaminoglicano obtido através do tecido conectivo de
porcos por um processo seletivo que garante ausência de proteínas e outras moléculas, ou seja,
dimuinui-se dessa maneira o risco de processos alérgicos.
Concentração usual: 0,2 a 2%
NODEMA®
Tetrapeptídeo de ação descongestionante e drenante, eficiente no combate a bolsa na
região periorbital, promove uma aumento da elasticidade e suavidade das rugas
Concentração usual: 3 a 10%

ENTENDENDO ATIVOS COADJUVANTES NO TRATAMENTO DE ESTRIAS


Interpretadas como lesões atróficas da pele, manifestada pela redução de atividade dos
fibroblastos na produção da matriz extracelular de boa qualidade e por rupturas de fibras já
existentes.
O sucesso do tratamento é maior, quanto mais jovem for à estria.
O tratamento tem por objetivo eliminar o tecido fibroso, substituindo por células novas,
restabelecendo a elasticidade e o aspecto saudável da pele.
Para tal é necessário o uso de esfoliantes, hidratantes e estimuladores de colágeno.
Os ativos que apresentam melhores resultados em termos de substâncias ácidas: ácido
glicólico e o retinóico.
Os hidratantes funcionam como suplementos cuja reposição é capaz de retardar a atrofia
cutânea e a instalação de novas estrias.
SUBSTÂNCIAS MAIS UTILIZADAS NO DESENVOLVIMENTO DE HIDRATANTES FISIOLÓGICOS
- Esqualeno
- Fosfolipídios (principal fonte: lecitina de soja)
- Colesterol
- Uréia
- Lactatos
- Ceramidas
- Ácidos graxos (em especial o oléico, linolênico e linoléico presentes em óleos vegetais)
- Triglicérides
Associado aos hidratantes é possível empregar-se substancias com ação redensificante ou
preenchedores “de dentro pata fora”, no intuito de aumentar a produção da matriz extracelular,
pois terão fundamental importância na cicatrização das estrias. Então se justifica o uso de anti-
aging.
AOSAINE®:
Elastina marinha de ação antielastase, aumenta a produção protéica e acelera a regeneração
celular.
Concentração usual: 0,4 – 2%

HIDROXYPROLISILANE CN®:
É um silanol reagido com uma hidroxiprolina de origem biotecnológica. Regenera os tecidos
e melhora a cicatrização cutânea.
Pode ser usado durante a gestação após o terceiro mês de gravidez.
Concentrações usuais: 0,4 – 6%

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