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Nono dia (último dia de todos os encontros)

JESUS NASCE EM BELÉM (Lucas 2, 1-20; João 1, 1-18)

TODOS. – Senhor, nosso Deus, concedei-nos a vossa graça para que, auxiliados
pela intercessão de Nossa Senhora e de São José, possamos preparar- -nos dignamente
para acolher, com a alma pura e o coração generoso e sincero, a vinda do vosso Filho,
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
LEITOR 1. – Hoje é o último dia da nossa preparação para o Natal. Que vamos
fazer? Voltar os olhos e o coração, inteiramente, intensamente, para a figura de Jesus
Menino que, envolto nos paninhos que a Mãe trouxe de Nazaré, repousa sobre as palhas do
Presépio. Não sentem desejos de olhar para Ele e dizer-lhe: Meu Senhor e meu Deus!?
Porque esse Menino que vemos na manjedoura é Deus feito homem, que vem ao nosso
encontro para nos salvar. Tanto amou Deus o mundo – dizia Jesus a Nicodemos – que lhe
deu seu Filho único... Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o
mundo seja salvo por Ele.
TODOS. – Meu Senhor e meu Deus! Vós sois o Amor!
LEITOR 3. – Deixem-me proclamar bem alto que este é mesmo o coração da nossa
fé cristã! A certeza de que Deus é Amor e nos quer com loucura. Essa é a certeza que fazia
o Apóstolo São João exclamar: Deus é amor! Nisto se manifestou o amor de Deus para
conosco: em nos ter enviado o seu Filho único, para que vivamos por Ele.
TODOS. – É fantástico! O amor de Deus invisível, no Natal se faz visível, fica
perto de nós, ao nosso alcance. Está aqui, junto de nós, no Presépio!
LEITOR 1. – Vocês todos se recordam de que São João se extasiava com o Natal,
com a vinda do Verbo encarnado, e dizia: Ninguém jamais viu a Deus. O Filho único, que
está no seio do Pai, foi quem o revelou. E, cheio de júbilo por tê-lo conhecido, por ter
convivido com Ele e ter experimentado o seu carinho, exclamava: Nós o vimos com os
nossos olhos, nós o contemplamos, nós o ouvimos, nós o tocamos com as mãos...!
TODOS. – E também dizia, alto e bom som: Aquele que não ama não conhece a
Deus, porque Deus é Amor.
LEITOR 2. – Jesus é Deus feito homem, que nos ama com toda a força do seu Amor
divino e humano. É um amor grande e verdadeiro, que tem os dois sinais claros de
autenticidade. Primeiro, é uma doação plena. Amor que não se dá não é amor. Mas não é
um dar-se qualquer, é uma doação que visa o nosso bem. E aí está o segundo sinal de
autenticidade: todo o verdadeiro amor, ao dar-se, quer bem, ou seja, dá-se procurando o
bem da pessoa amada.
LEITOR 3. – E qual é o bem que Jesus nos traz? Será tão bom lembrá-lo hoje!
LEITOR 1. – Todos os bens! A vida verdadeira, e vida eterna! A felicidade que não
poderá morrer! Mas, nessa infinita riqueza de bens divinos, podemos distinguir três grandes
tesouros. O tesouro da VERDADE, que Ele nos ensina; o tesouro do CAMINHO do Céu, que
Ele abre e nos mostra; e o tesouro da VIDA nova dos filhos de Deus, que brota de seu
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Coração trespassado na Cruz. Tudo isso resumiu-o Jesus numa só frase: Eu sou o Caminho,
a Verdade e a Vida. Será que captamos a importância dessas palavras?
TODOS. – Jesus Menino, neste Natal, ensina-nos a compreender que só Tu és a
verdade, só Tu ensinas o bom caminho, só Tu nos trazes a autêntica vida.
LEITOR 1. – Consideremos, então, que Jesus nos traz, primeiro, a luz da Verdade.
Vem-me à cabeça agora o pai de São João Batista, Zacarias – o marido de Santa Isabel –,
que profetizou o nascimento de Jesus de uma maneira muito significativa. Dizia que a
ternura e misericórdia do nosso Deus nos vai trazer do alto a visita do Sol nascente, que
há de iluminar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte e dirigir os nossos passos
no caminho da paz. Desde antes de nascer, Jesus já é anunciado como o Sol, como a Luz, a
Luz da Verdade, que nos guiará para a paz, para a paz terrena e eterna.
LEITOR 2. – Não é isso também o que diz São João no prólogo do seu Evangelho?
Ele era a verdadeira Luz, que vindo ao mundo ilumina todo homem... A luz resplandece
nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
TODOS. – Que pena se nós não a recebêssemos, que pena se nós não a
compreendêssemos!
LEITOR 1. – Porque a Verdade que Ele nos traz não é uma verdade qualquer: é a
única verdade-verdadeira, a única verdade que salva: a verdade sobre Deus, sobre o mundo
e sobre o homem. Só ela pode dar sentido à nossa vida.
LEITOR 2. – Eu diria que a Verdade que Ele nos ensina é como a semente na mão
do semeador. Pode cair nas pedras ou entre espinhos e morrer; ou pode cair numa boa terra
e dar fruto. Depende de nós.
LEITOR 3. – Se procurássemos acolher essa Verdade com carinho, seria uma
maravilha, seríamos como o construtor de que Jesus falava: Aquele que ouve as minhas
palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou a sua casa
sobre a rocha. Nem a chuva, nem o vento, nem as tormentas conseguiriam derrubá-la.
Porque essa verdade nos daria – como diz a Bíblia – um amor forte como a morte.
TODOS. – Concedei-nos, Senhor, que o nosso coração seja terra boa, onde a
semente da Palavra de Deus possa enraizar-se, crescer e dar muito fruto.
LEITOR 1. – Continuemos a olhar para Jesus Menino. Ele fala-nos algo mais. Diz-
nos, como víamos: Eu sou o Caminho. Toda a sua vida é exemplo e caminho para nós, é
como a sinalização da estrada que conduz a Deus, o roteiro que devemos seguir para nos
realizarmos nesta terra e na eternidade.
LEITOR 2. – É por isso que Jesus diz, muitas vezes: Segue-me!... E nos compara às
ovelhas que Ele, o Bom Pastor, conduz, entre brumas e perigos, até o lugar seguro. Ele é o
Bom Pastor que caminha adiante delas, adiante de nós...
TODOS. – Jesus, fazei com que nos decidamos a ler e meditar todos os dias o
Evangelho, para conhecer a vossa vida e seguir o vosso exemplo.
LEITOR 3. – O exemplo de Cristo é o Caminho do Amor. Assim falava São Paulo:
Caminhai no amor, segundo o exemplo de Cristo, que nos amou e por nós se entregou...
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LEITOR 2. – E como o Amor não é fumaça, nem é uma teoria, nem é só uma
paixão que arde e se evapora, tem que se manifestar na prática das virtudes. Por isso, aquele
que ama esforça-se por ser – com a graça de Deus – generoso, compreensivo, dedicado,
paciente; e também por ser constante, por ser forte na adversidade; por ser caridoso, gentil,
prestativo; por ser justo, discreto...; por dar a Deus cada dia mais amor, e aos irmãos
também. Em suma, por levar a sério a prática das virtudes.
LEITOR 3. – É verdade. Quem ama, faz, age, pratica, não fica só pensando e
sentindo. Vejam que traço do amor verdadeiro nos dá São João, o grande intérprete do
Amor de Cristo: Meus filhinhos – diz –, não amemos com palavras nem com a língua, mas
por atos e em verdade. E é claro que isso se aplica tanto ao amor a Deus como ao amor ao
próximo.
TODOS. – Nunca esqueçamos o que também nos diz São João: Temos de Deus
este mandamento: quem ama a Deus, ame também a seu irmão. Porque aquele que não
ama a seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê.
LEITOR 1. – Com o olhar sempre fixo no Menino, pensemos na terceira coisa que
Ele nos diz: Eu sou a Vida. Jesus é Deus que se faz homem, para que o homem, de uma
maneira que não há palavras para expressar, se faça “Deus”. É um pensamento que deixava
os santos pasmados, inebriados de alegria e agradecimento. Significa que Jesus nos traz a
graça divina, que nos une intimamente a Ele e nos comunica a sua própria Vida: Da sua
plenitude – diz São João – todos nós recebemos, e graça sobre graça. Pois a lei foi dada
por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
LEITOR 2. – Como conforta pensar que a graça divina, que recebemos pela
primeira vez no santo Batismo, nos transforma, comunicando-nos uma vida nova, que é –
nada mais e nada menos – uma participação na própria vida de Deus. O Novo Testamento
traz expressões belíssimas desse mistério da graça na alma. Por exemplo, São Pedro diz que
nos faz participantes da natureza divina. São João afirma que a graça – que vem sempre à
alma juntamente com o Espírito Santo – nos dá o poder de nos tornarmos filhos de Deus. E
São Paulo declara, com grande alegria, que, com a graça do Espírito Santo, não recebemos
um espírito de escravidão, para vivermos ainda no temor, mas recebemos o espírito de
adoção como filhos, pelo qual clamamos: Abbá, Pai! Papai!
TODOS.– Sim! Jesus, o nosso Redentor, é a fonte de toda a graça. Aquele que
tiver sede, venha a mim e beba, dizia... E nos prometia derramar sem medida na nossa
alma o Espírito Santo, o Amor de Deus em pessoa, que vem para nos santificar.
LEITOR 1. – Na verdade, Jesus é o manancial de onde brotam as sete fontes pelas
quais nos vem principalmente a graça do Espírito Santo: os sete Sacramentos. Cada um
deles nos une a Deus (e aos irmãos) de uma maneira própria. O Batismo transforma-nos em
filhos de Deus; a Crisma dá-nos a força do Espírito Santo para sermos fiéis soldados de
Cristo e apóstolos; a Reconciliação ou Confissão cura a alma doente e ressuscita a que está
morta pelo pecado; a Eucaristia une-nos intimamente ao Sacrifício redentor de Jesus, que se
faz Alimento, Vida da nossa alma e companhia de Amigo no Sacrário; o sacramento da
Ordem faz com que os que recebem a ordenação sacerdotal sejam instrumentos vivos de
Cristo sacerdote, ajudados pelo ministério sagrado dos diáconos; o Matrimônio implanta a
poderosa semente da graça e do amor de Deus no amor dos esposos e dos pais; e a Unção
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dos Enfermos é a mão carinhosa de Jesus, que nos ergue da doença, ou – quando é o caso –
nos encaminha definitivamente para o Céu.
LEITOR 2. – E, assim, os sete Sacramentos, juntamente com as virtudes e com a
força poderosa da oração – que é a respiração vital da alma do cristão – vão-nos
identificando com Cristo, vão-nos transformando espiritualmente nEle, fazem com que
pensemos como Cristo, sintamos como Cristo, amemos como Cristo, vivamos como Cristo.
Esta é a vida dos cristãos, a vida dos filhos de Deus que se identificam com Jesus.
TODOS. – Que este Natal seja, para nós, um novo nascimento, uma nova
descoberta da grandeza e da beleza de sermos filhos de Deus!
LEITOR 1. – Não acham que agora é um bom momento para nos perguntarmos,
diante de Jesus Menino: “Eu vivo como filho de Deus? A minha oração é oração de filho,
cheia do abandono e da confiança dos filhos muito amados? Posso dizer que o meu temor é
filial, ou seja, que não temo que Deus me abandone ou me castigue, mas temo só magoá-lo,
ofendê-lo? Cumpro os mandamentos com carinho de filho, ou com a má vontade do
escravo forçado? Tenho delicadezas de afeto filial para com Deus, para com Nossa
Senhora...? Enfim, eu poderia pôr o adjetivo filial em tudo o que penso, sinto e faço?...
TODOS – Seria tão bom que, neste ano, o Natal nos envolvesse totalmente no
Amor de Deus, tal como uma grande luz envolveu os pastores, na noite em que Jesus
nasceu! A glória do Senhor refulgiu ao redor deles...
LEITOR 1. – Se quisermos, será assim. É um desejo muito bom para pôr aos pés de
Jesus, agora que vamos encerrar a nossa Novena. Em cada Natal, Deus chega muito perto
de nós. Em cada Natal, Jesus – ultrapassando as barreiras do tempo – leva-nos para junto do
Presépio. Em cada Natal, Maria, a Mãe, oferece-nos o Menino, sob o olhar sorridente de
José. Em cada Natal, Jesus também sorri para nós, e nos pergunta: “Será agora? Será desta
vez...? Confia – diz-nos –, eu estou aqui para te ajudar”. Sim, em cada Natal, uma grande
luz brilha para nós. Em cada Natal, há uma esperança que desponta. Cada Natal, em suma,
pode ser para nós um novo nascimento. É isso que agora, concluindo a Novena, pedimos
com muita fé a Jesus, pela intercessão de Maria, sua Mãe e Mãe nossa, e de São José. Que
assim seja! Que Deus nos conceda a todos um santo e feliz Natal!

TODOS.– Ó Deus onipotente, agora que a nova luz do vosso Verbo Encarnado
invade o nosso coração, fazei que, neste Natal, manifestemos alegremente nas nossas ações
o que brilha pela fé e pelo amor nas nossas almas. Por Cristo, nosso Senhor.

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