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XAMANISMO
O Xamanismo é uma experiência mística própria de religiões primitivas, é a mais antiga prática
espiritual, médica e filosófica da humanidade, centrada na pessoa do Xamã, que se acredita
capaz de curar e de se comunicar com os espíritos. Os seus poderes se devem à técnica do êxtase,
que consiste em poder abandonar o corpo quando em estado de transe.
O Xamã tem um papel muito importante e respeitado, ele exerce as funções de curador, mago,
sacerdote, artista, médico, exorcista, condutor de almas e contador de estórias.
Os povos que admitem o Xamanismo acreditam que a doença é provocada pela perda da alma.
Assim, o Xamã deve, primeiramente, descobrir onde se encontra a alma perdida ou sequestrada
por algum espírito do mal. Para isso, inicia uma difícil e perigosa viagem ao outro mundo, com
a finalidade de resgatar a alma e devolvê-la, saudável, ao corpo do enfermo.
A prática do xamanismo estabelece contato com outros planos de consciência, a fim de obter
conhecimento, poder, equilíbrio, saúde. Propicia tranquilidade, paz, profunda concentração,
estimula o bem estar físico, psicológico e espiritual. Os rápidos resultados, introvisões de
profundo significado, o contato com realidades ocultas, a obtenção de autoconhecimento, a
busca do poder pessoal, contribuem para o interesse nas práticas.
A premissa básica é o reconhecimento que todos façam parte da Família Universal e que tudo
está interligado. O praticante compreende o "Espírito Essencial" que está dentro dele mesmo, na
natureza e em todos os seres. Ele sabe quem ele é, e como se relaciona com o Universo. O
reconhecimento do caminho da verdade vem da expansão da consciência e a compreensão que o
verdadeiro poder está dentro de cada praticante, e provém do desenvolvimento de seus próprios
dons.
Hoje, no Planeta, a vibração está mais alta do que nunca. As pessoas se preocupam cada vez
mais com o autoconhecimento e fazem a si mesmo uma pergunta: "O que eu realmente devo
fazer na vida? "Nesta busca depararn-se com barreiras, seja com relacionamentos, trabalho,
saúde, carreira e etc.
O maior obstáculo para o crescimento é a inércia, que cria a insensibilidade, pois priva o
indivíduo de novas possibilidades, cria passividade com relação à vida. Cria falta de vitalidade,
de criatividade e predispõe ao papel de vítima. A consciência se limita a fugir, a ter rnedo. A
vítima fica sempre vivendo as sombras do passado e com medo do futuro.
As práticas xamânicas compelem a mente a viver dentro do coração, até que a mente ignorante
seja destruída. Isso se manifesta quando o ser se revela espontaneamente, o antigo modo de
viver se acaba, abrindo caminho para uma forma mais consistente e inteira.
Quando se aproxima o verdadeiro propósito da alma, tudo da natureza interior vem a tona e a
pessoa entra em um processo mais rápido de transformação pessoal.
A iniciação de um Xamã é um rito de passagem espontâneo similar do homem que subiu ao céu:
ficou doente ou foi abandonado, foi socorrido por um animal (ou outro ser), foi curado por este,
dele recebeu poderes, testou-os, e foi mandado embora, para os seus com os novos poderes.
Uma pessoa que deseja entender algo sobre o xamanismo precisa primeiro experenciar a sua
própria morte, e essa é uma árdua tarefa. Mas como Indra Gurung, um xamã guru do Nepal, diz,
“sem a experiência da morte, não há xamanismo”. A pessoa que não morreu alguma vez como
ser humano, que não morreu para a sua forma de pensar e para o seu conjunto de verdades, não
pode entender nada sobre a natureza do xamanismo.
Atualmente existe à disposição urn montante de obras sobre o xamanismo, algumas com
enfoque antropológico, outras com enfoque histórico, outras com enfoque ficcional e outras
ainda com um enfoque místico que poderíamos chamar de new age. É preciso deixar claro que é
o primeiro enfoque, o antropológico, que produz a maior parte do material sobre o qual os
outros enfoques se sustentam, sendo a literatura new age aquela que mais tende a distorcer este
material em benefício de ideologias do momento.
"Apesar das numerosas reservas que atualmente se fazem a esta imponente obra",
aponta lucidamente Bernard S. D'Anglure, "ela permanece a melhor introdução ao xamanismo,
no tocante tanto aos temas abordados quanto à diversidade de tradições culturais descritas"
(1996). Apesar de a influência desta definição de xamanismo ter sido mais explícita nas
pesquisas de cunho histórico (cf.Sullivan,1988) e fenomenológico (cf.Ripinsky-Naxon, 1993),
ela também pode ser percebida em pesquisas antropológicas e etnográficas de outras
orientações, que mesmo quando não fazem referência direta à obra de Eliade adotam o
conceito de técnicas do êxtase para tratar das experiências xamânicas (cf.Langdon, 1992 e
1996). O motivo da ausência de referências explícitas a Eliade por parte dos antropólogos e
etnólogos é de fácil compreensão: Eliade é famoso por nunca ter pesquisado o xamanismo fora
das bibliotecas e, principalmente, por ter distorcido informações para que se encaixassem em
seu prometo purista e essencialista de descobrir "o verdadeiro xamanismo Siberiano".
No entanto como explicar a ampla influência, mesmo que anônima, de sua definição de
xamanismo como técnica do êxtase?
Jeremy Narby e Francis Huxley mostram isso muito bem na coletânea Shamans
Through Time: 500 Years on the Path to Knowledge:
Se há alguma coisa que mudou nos últimos cinco séculos de pesquisas sobre o
xamanismo, foi "o olhar dos pesquisadores" (Narby e Huxley, 2001).
Assim não podemos, a princípio, falar de "xamanismo" a não ser como um "tipo-ideal"
construído a partir de muitos estudos particulares de casos particulares e ainda em processo de
formação.
O conceito Eliadeano de "xamanismo como técnica do êxtase" tem tido uma boa
aceitação na antropologia, apesar dos problemas de seu criador, pelo simples fato de que ele dá
conta do fenômeno e é capaz de se deixar informar por cada nova descoberta feita sobre o
fenômeno. Ele se disseminou, pois conseguiu captar, mesmo que por vias equivocadas, uma
característica fundamental do fenômeno, que é a capacidade do Xamã de controlar tecnicamente
o êxtase seu e o êxtase alheio. Quanto mais se conhece os xamãs mais se percebe que é
justamente isso que os caracteriza.
Suas viagens para os mundos espirituais, seus transes, suas canções, seus mitos, seus
rituais de cura, adivinhação etc., apesar de todas as singularidades contextuais, podem ser
definidos como diferentes formas de operar um transporte para a dimensão pré-individual das
relações, com o objetivo de transformá-las de acordo com as necessidades (como quem
consegue dirigir seu próprio sonho, só que o tornando realidade), a experiência extática é
considerada a experiência religiosa por excelência, é o xamã, e apenas ele, o grande mestre do
êxtase".
Embora o xamã tenha, entre outras qualidades, a de mago, não é qualquer mago que pode ser
qualificado de xamã. A mesma precisão se impõe a propósito das curas xamânicas: todo
medicine-man cura, mas o xamã emprega um método que lhe é exclusivo. As técnicas
xamânicas do êxtase, por sua vez, não esgotam todas as variedades da experiência extática
registradas na história das religiões e na etnologia religiosa; não se pode, portanto, considerar
qualquer extático como um xamã: este é o especialista em um transe, durante o qual se acredita
que sua alma deixa o corpo para realizar ascensões celestes ou descensões infernais."
Além disso, Eliade nunca dissimulou a sua busca por um xamanismo "ideal", e para isso
empregou uma impressionante quantidade de livros e artigos, principalmente sobre o
xamanismo asiático. Por isso, quando dizia "xamanismo em si", ele se referia menos às práticas
rituais do xamã em seu contexto social particular e mais a uma "simbologia do êxtase",
- propor uma terminologia unificada, mesmo sem tê-la desenvolvido plenamente, composta
pelas noções de "xamanismo stricto sensu" e, principalmente, "técnicas do êxtase". Não se trata
aqui, portanto, de criticar a ambição de Eliade por uma definição do "fenômeno xamânico em
si" a partir de conceitos obscuros e pouco atentos à realidade etnográfica, isto já foi feito a
contento pela antropologia. Pelo contrário, partimos da constatação de que esta definição de
xamanismo se aplica com enorme propriedade às mais diversas manifestações do fenômeno,
sendo nosso objetivo, na verdade, retomá-la a partir de urna revisão crítica da própria noção de
"técnica do êxtase", tarefa esta que não foi realizada nem por Eliade e nem por mais ninguém -
o que parece surpreendente, visto que, tudo leva a crer, uma das principais causas da confusão
terminológica que assola os estudos de fenômenos classificados como "religiosos" e que finda
por comprometer a sua aplicação para além de um misticismo nebuloso, é justamente a ausência
de uma maior preocupação com o rigor conceitual.
É graças à sua capacidade de viajar para os mundos sobrenaturais e de ver os seres sobre-
humanos, deuses, demônios, espíritos dos mortos etc. que o xamã pôde contribuir de maneira
decisiva para o conhecimento da morte. É provável que grande número de características da
'geografia funerária' e que certo número de temas da mitologia da morte sejam resultado das
experiências extáticas dos xamãs. As paisagens que o xamã avista e as personagens que
encontra em suas viagens extáticas para o além são minuciosamente descritas por ele mesmo,
durante ou após o transe. Aos poucos, o mundo dos mortos vai-se tornando cognoscível, e a
própria morte acaba assumindo o valor de rito de passagem para um modo de ser espiritual."
"O xamã é curandeiro e psicopompo porque conhece as técnicas do êxtase, isto é, porque sua
alma pode abandonar impunemente o corpo e vagar por enormes distâncias, entrar nos Infernos
e subir ao Céu”.
A centralidade das "técnicas xamânicas" para esta visão do xamanismo pode ser confirmada
pela sua permanência nos estudos de Lawrence E. Sullivan (1988) sobre o "xamanismo sul
americano como técnica do êxtase".
Sullivan consegue ir muito além de Eliade naquilo que ele chamou de "total hermeneutics of the
religious condition of mankind" (Sullivan,1988), certamente por ter se beneficiado pelos
"criticismos recentes e inovações das ciências culturais, especialmente a antropologia"
(Sullivan, 1988), mas principalmente por empregar, na dimensão temporal, um esquema
tripartido (primórdios, cosmos e apocalipse), em lugar do "dualismo trágico" eliadeano entre o
"tempo histórico" e o "tempo mítico".
É importante perceber que, para Sullivan, assim como para Eliade no caso do xamanismo
siberiano, o xamã não é o único "ecstatic specialist", mas apenas "o mais importante e bem
conhecido na América do Sul", e que portanto o que o caracteriza não é o êxtase em si, mas sim
a sua especialização "no conhecimento e cuidado das almas dos outros".
O Xamã
A palavra “Xamã” deriva do tungue, idioma dos Evencos, da Sibéria e significa “Homem
Inspirado pelos Espíritos”. Como em todas as religiões primitivas, o papel do líder religioso –
repositório das tradições, conhecimento e crenças – é de vital importância.
Aceitar o chamado de ser Xamã significa acolher diversos espíritos, protetores, trabalhadores –
ou pelo menos um – como Guia Protetor, pois o Xamâ entra em comunicação direta com o
mundo espiritual.
Em geral, os xamãs são muito vinculados à sua vocação, apesar das perseguições e ameaças que
sofrem por conta do preconceito e da posição que ocupam, tendo seus objetos sagrados e
tambores queimados. Muitos foram mortos, e até recentemente em 2011, houve uma grande
perseguição aos Xamãs Peruanos, onde alguns, até hoje estão desaparecidos.
O Estar Xamã
EGO
MEDO
CLAREZA
PODER
VELHICE
O segundo inimigo é o Medo do conhecimento, porque quando se depara com tudo aquilo que
se quer conhecer, quer ter e quer saber, vê-se a sua ignorância, mas para transpor este inimigo é
necessário que se enfrente o medo e não fuja da escuridão, assim descobre-se a clareza e com
lucidez revelada, aprende que a paciência e dedicação vencem o inimigo.
O terceiro inimigo passa a ser a Clareza porque se pode parar neste estágio, pensando que já
se sabe de tudo. Porém a clareza é o sinal que começou a jornada para aprender ter a visão do
todo e assim perder o medo da escuridão, ou seja, do desconhecido e adquirir o poder de
enfrentar mais este obstáculo.
O quarto inimigo é o Poder, pois já passou pelo medo, adquiri-se a clareza e se conscientiza da
sua potencialidade, do poder que se tem e pode o Xamã parar neste estágio achando que é
poderoso o suficiente para desejar ser dono de tudo e de todos, com isto, confundir este poder,
com uma autoridade autoritária se tornando um déspota. Este é o grande momento de
transcendência porque o poder compreendido, desvinculado da virtude se torna sedutor e
destruidor, e perdermos o sentido da autoridade do conhecimento que reconhece, que somos
nada diante do todo, que é o universo. Contudo podemos passar por este estágio tendo o poder
do conhecimento e resgatar a história da humanidade quando a velhice chegar.
A TRADIÇÃO DO DAIME
RAIMUNDO IRINEU SERRA: MESTRE IMPERADOR JURAMIDAM
A GRANDE REVELAÇÃO
Nesta misteriosa noite, uma revelação aconteceu pelo que foi transmitido pelo próprio
Mestre Irineu: todos os seus discípulos sempre prestaram muita atenção nesta história, pois aqui
é o início da missão que viria levar o Daime ao mundo inteiro, marcando uma nova geração de
comunhão da antiga e sagrada tradição. Mestre Irineu estava dentro da cabana, quando um
amigo – para muitos, Antônio Costa – veio lhe trazer a informação que uma distinta senhora
apareceu em sua visão, dizendo ser Clara, alguém que lhe acompanhava desde que partiu do
Maranhão: Irineu de ninguém se lembrou, pois em sua memória só havia homens naquele navio
que zarpou de São Luís, mas perguntou ao amigo o que ela queria… ao passo que esse trazia
uma mensagem: era para Irineu tomar novamente a bebida na quarta-feira à noite, a próxima
Lua cheia, sem falta e sem indisposição, era para tomar a bebida e aguardar o efeito chegar, pois
na hora certa Clara viria pessoalmente com ele se encontrar.
Eis o início da jornada do jovem peregrino rumo ao eterno posto de Mestre Imperador
Juramidam. Nos relatos de seus discípulos, incluindo dona Percília Matos, uma das discípulas
mais influentes da Doutrina do Daime, nesta noite encantada, Mestre Irineu recebeu a inspiração
do primeiro “Hino” da Tradição, era o Lua Branca.
A CRUZ DE CARAVACA
ORIGENS NO MARANHÃO
O líder desta saga nasceu no Maranhão em 13 de julho de 1888 – dois meses após a
abolição da escravidão – na freguesia de São Sebastião de Vargem Grande – berço de devoção,
romarias e festejos populares a ‘São Raimundo Nonato’. Daniel, um homem negro, filho de
Thomás Pereira de Mattos e Anna Francisca do Nascimento Mattos, a freguesia de seu
nascimento era uma antiga feitoria de escravos… logo, as raízes africanas em sua cultura e
educação, eram mais do que latentes, e sim, centrais. As informações sobre sua vida também
são escassas, contudo, nesta pesquisa incluímos um passo além! De início já temos a
confirmação, por registros públicos, do nome de seu batismo e de sua data de nascimento.
A CHEGADA AO ACRE
Em 1905 ocorre um grande marco em sua vida: realiza pela primeira vez uma viagem
ao Acre, território recém-incorporado ao Estado brasileiro, por isso o esforço de guerra em
enviar soldados à defesa do território, uma vez que o medo do contra-ataque boliviano era
constante. Os sonhos de riqueza com a borracha eram grandes, as promessas maiores ainda, no
mínimo, era uma terra de oportunidades que via à sua frente, um lugar a ser criado… O que hoje
é a capital do Estado, naquela época era a Villa Rio Branco, um povoado cravado no meio da
floresta com um pouco mais de vinte casas às margens direita do rio Acre – e raras eram as
casas que não fossem de barro e palha: paxiúba.
O INÍCIO DA MISSÃO
Mestre Daniel chamou as Forças Armadas que vinham do céu para combater o mal
em todos os mundos, a missão recebe a patente de Exército de Jesus: seus membros, soldados
do batalhão divino para servir aos Trabalhos de Caridade: o atendimento aos necessitados que
percorriam longínquos desertos a fim de encontrar a cura – a estes nos referimos também aos
irmãos em procissão com a ‘Alma dos Mortos’, uma vez que as Obras de Caridade da Capelinha
eram dedicadas a eles pelas premissas de um Trabalho de expansão da consciência com a
incorporação de espíritos pelas raízes africanas e caboclas.
A ordem da missão já estava anunciada e determinada pelos seres de luz que
trouxeram o Livro Azul, o serviço era de redimir os sofredores e batizá-los com um nome
cristão em frente ao altar de São Francisco, os soldados celestiais amparavam as batalhas e os
aparelhos humanos eram preparados para receber os mentores e doutrinar àqueles de estirpe
rebelde – ainda presos aos mundos de sombra da ilusão. O Livro Azul é a fonte de sabedoria e
PRIMERIA IRMANDADE
Outros irmãos foram chegando à ordem, os primeiros mensageiros transmitiam as
boas novas de paz e curas, assim em treze anos a Capelinha cresceu em graças e bênçãos,
enfrentando adversidades que não eram pequenas, a exemplo simples da travessia por aquela
pinguela sobre o igarapé Fundo. Tornou-se costume levar roupas secas em sacos plásticos, pois
em muitas estações, os adeptos atravessavam as águas a nado, já que não havia outro modo.
Este elemento na narrativa da comunidade representa um turbilhão de mensagens e símbolos,
que cada um possa apreender dele, aquilo que melhor lhe expressa o legado do passado… o
legado do sagrado.
São Francisco das Chagas, além de depositário da fé devocional, configurava-se no
quadro de significados do rito de Frei Daniel como o verdadeiro protetor da ordem e da
comunidade, sendo dele a missão de conduzir cada passo dos devotos, rumo à salvação aos pés
do Senhor. Um santo pessoal e partícipe dos desafios íntimos de cada um… um santo humano
que compreendia os sentimentos humanos, inclusive àqueles relacionados ao que na Barquinha,
convencionou-se chamar de pecado: pela fé, São Francisco é quem abençoa cada irmão a
cumprir com firmeza todas as “Santas Romarias”, perdoando as culpas e dando a salvação.
A UNIÃO DO VEGETAL
Com a licença… do tempo, viemos narrar estas palavras – cumprindo com o propósito
de investigação em amor à sabedoria. Nada mais nos falta, a não ser dar curso ao que já está em
curso e assim avançar no caminho de análise e reflexão a respeito da historicidade do ‘Rito de
Comunhão da Ayahuasca’ no Brasil, por isso traçaremos, nestas simples páginas, a narrativa
que for possível sobre a formação da União do Vegetal, a terceira tradição forjada nas fornalhas
dos seringais.
Este peregrino é José Gabriel da Costa e suas pegadas iniciaram-se na Bahia de Todos
os Santos: em 10 de fevereiro de 1922 nasceu no povoado Coração de Maria, filho de Manuel
Gabriel da Costa e Prima Feliciana da Costa.
ORIGENS DA BAHIA
José Gabriel da Costa nasceu na fazenda “Pedra Nova”, no município “Coração de
Maria” – próximo a Feira de Santana, Estado da Bahia.
INICIAÇÃO À AYAHUASCA
Muitos foram os caminhos percorridos entre as lidas diárias e os trabalhos do Sultão
das Matas, ressaltando o valor de uma sabedoria singular ao compreender que “os maior erros
da pessoa tá na cabeça”… na mente que faz um neófito acreditar que algum ‘mau’ pode cair
sobre si – desprezando em seu interior as potências universais de vida. Nos ritos para
“desmanchar feitiços”, o Pai de Terreiro trabalhava com noções de psicologia social, capazes de
promover um estado mental renovado, superando os temores de feitiços ou traumas de uma
experiência árdua e causticante. O terreno dos seringais promovera seus “estados de terror e
morte”, torturas físicas e mentais, a resistência brotou pelas mãos dos sábios que se ocultavam
nas florestas sagradas do Caldeirão da Ayahuasca. Assim a cultura híbrida dos caboclos
lentamente penetrou na jornada de Gabriel, seu terreiro em “Órion” vivenciou a experiência do
sincretismo africano e indígena, ao incorporar a força dos tambores da Bahia de Todos os
Santos, invocava a herança cultural da pajelança.
O Mestre Gabriel quando ele, é… bebeu o Vegetal pela primeira vez, foi
dado pelo Mestre chamado Chico Lourenço. Uma vez ele se encontrou
com Chico Lourenço num barracão do seringal chamado Guarapari. E o
Chico Lourenço na época ele tava batendo um pandeiro e cantando
toada, que ele gostava de cantar. E o Mestre Gabriel se aproximou, que
uma pessoa tinha falado pra ele que ele era um mestre que dava o
Vegetal. E ele chegou perante o mestre, que era o Chico Lourenço, e
perguntou: “Você dá o mariri?”. Ele falou: “Dou sim!”. Mestre Gabriel:
“Eu tô querendo beber”. Aí ele falou: “Pronto! Na hora que você
quiser”. Então naquela época no seringal, 1° de Abril era feriado. Que
era o dia da mentira, o pessoal seringueiro, brincava um com o outro
sobre mentira. Ele disse: “Chico então faz o seguinte, a semana que vem
é um feriado, que é 1° de Abril, se você quiser ir dar o Vegetal você vai
dar lá na minha colocação”. E o Chico Lourenço: “Não… eu vou!”. E o
Chico Lourenço foi para o seringal Barro Alto, nessa época ele morava
lá, e nós fomos para colocação chamada Capinzal. Quando foi dia 1° de
Abril, nós ficamos aguardando o Chico Lourenço, que era um dia que
ninguém trabalhava e a hora que ele tinha marcado pra chegar… para
dar o vegetal, já tava tarde. E aí tinha uma pessoa que se chamava Chico
Paiva. O Chico Paiva disse: “Ah Gabriel! O Chico Lourenço não vem
não, rapaz! Hoje é 1° de Abril, ele deve estar mentindo por aí!”. Mestre
Gabriel falou: “Não, mas ele ficou de vir!”. Quando já foi já pra umas
sete horas da noite, o Chico Lourenço chegou com o mariri num saco
que chamou “saco de seringa”. Aí foi aquela alegria né, o Chico
Lourenço trouxe o vegetal. Aí ele tomou banho, jantou, aí quando foi
oito horas… que os ‘mestre da curiosidade’ naquele tempo já oito horas
eles já atendiam nesse horário. Aí ele: “Vamos beber o Vegetal”. Já
usava também uma mesa na frente dele, a mesa era até de sacupemba,
ANIMAL DE PODER
Cada animal possui uma essência, e assim cada um possui sua própria medicina
e sabedoria.
SIMBOLOGIA ANIMAL
RESGATE DE ALMA 1
Sinais que uma pessoa perdeu seu poder são problemas crônicos de saúde, sempre
adoecendo com diversas coisas...
Geralmente temos que buscar o velho animal que volte para ajudar.
As vezes ele pode estar preso, ser roubado, além de ter decidido partir.
Esses detalhes serão explicados detalhadamente mais adiante no curso, à medida que
formos progredindo na arte da cura xamânica.
Às vezes pode acontecer também de uma pessoa estar sofrendo de uma intrusão
espiritual, pois toda doença possui uma identidade espiritual. As vezes quando
jornadeamos até o corpo de um cliente podemos encontrar um réptildentelado, um bicho
de forma repugnante ou assustadora. Ou seja, a doença irá se manifestar de forma
repulsiva para o "xamã", que está a procurar a causa.
Existem também vários meios de tratar isso e serão também abordados mais adiante.
Mas essas intrusões espirituais não são espíritos malignos, são espíritos deslocados no
corpo do paciente. Por exemplo, uma aranha dentro de sua casa... Ela não é maligna, ela
está apenas deslocada, ou seja, lá dentro ela pode te atacar, te morder, mas retirando a
aranha e devolvendo para fora da casa, ela estará de volta ao local aonde pertence, não
te fará mal.. Nessas doenças os espíritos intrusos "acreditam" que o corpo do paciente é
a casa deles. Colocando de volta ao seu lugar, ela ficará neutralizada. Técnicas para isso
serão dadas mais tarde.
Mas outro fator da pessoa ficar doente é a perda da alma. A alma pode ter fugido
assustada para fora (escolhido partir), ter sido perdida, até mesmo "roubada". Pessoas
que perderam a alma se descrevem como dissociadas e muitas vezes não se lembram de
determinados segmentos de suas vidas. Depressão crônica, tendências suicidas, doenças
crônicas, desânimo e falta de alegria na vida são também sinais de perda de alma.É
doloroso emocionalmente a pessoa ser fragmentada, dissociada, e não se sentir parte da
vida.
Quando falamos em perda de alma falamos em perdas parciais de alma. Uma pessoa em
estado de como já pode estar experimentando uma perda total de alma. No coma a alma
pode estar tentando passar por cima da morte e tornar-se perdida, as vezes pode haver
questões não-resolvidas na realidade comum que impedem a pessoa de fazer essa
transição. Talvez a alma não saiba como voltar para o corpo. Em qualquer caso, a perda
da alma já é quase completa e a pessoa é incapaz de atuar na realidade comum.
Mas o diagnóstico de fato do que está acontecendo vem de nosso animal de poder.
Nunca tomamos nossas próprias decisões no trabalho; trabalhamos com o poder do
universo, nunca usamos nossa energia pessoal, nossa própria energia.
Pedimos ao nosso animal de poder para que ele veja o que o paciente preciso neste
momento, qual é o problema ou questão dele. Ele vai nos mostrar o que acontece com o
paciente: perda de alma, ou energia intrusa, ou perda/roubo/falta do animal de poder
desse cliente, amarras energéticas/implantes, ou seja, o diagnóstico será dado por nosso
animal de poder.
Como no caso agora estamos tratando de RESGATE DE ALMA, nosso animal de poder
é quem nos levará ao local das partes de alma que irão voltar naquele momento (não
significa que sejam todas as partes) e nos guiará sobre o que fazer.
Resgate de Alma 2
Quando os xamãs jornadeiam, vai através do tambor (ao vivo ou através de CD), em
estado alterado de consciência, buscar as partes de alma que estão prontas para retornar
naquele momento.
Existem outros tipos de instrumentos que podem criar esse estado de transe, mas o
tambor é o mais utilizado.
Usualmente os xamãs levam nas jornadas suas "sacolas de medicina" (medicine bag),
contendo cristais, ervas, objetos mágicos, pós, bolas de luz. Essas medicines bags
podem ser "vestidas no astral" antes de começar a jornada, e o que vai ser retirado dela
pode surgir no momento da necessidade, além das coisas que usualmente leva. Por
exemplo, posso encontrar a parte de alma de alguém ferida, e nesse momento retirar um
unguento do astral, um pó curativo, aquilo que precisar no momento.
Usualmente vai nosso animal de poder, mas podemos sentir necessidade no momento de
levar outros animais, além de mestres, guardiões, e espíritos auxiliares. Não há uma
regra fixa, o "xamã" deve ter sua intuição e sensibilidade aguçada para sentir no
momento aquilo ou aqueles, que necessita. Mas a presença de seu animal de poder é
obrigatória.
Resgate de alma 3
A escolha em retornar deve partir da própria alma, uma vez que ela aprenda, fique
sabendo, o quanto a situação original mudou. Explico à parte perdida que as coisas
mudaram desde sua infância, ou desde o momento onde teve origem sua "fuga".
Explicamos que a pessoa, da qual ela faz parte, está num outro momento, precisa muito
dela, e agora possui muito mais controle sobre sua vida.
PARTILHANDO
De uma maneira geral, costumo partilhar com o cliente vários detalhes do que vivenciei
em minha jornada.
Se não sei se um cliente está ciente de incesto ou violência sexual em sua formação, eu
não deveria partilhar nenhuma informação sobre abuso que recebo na jornada. Posso me
referir à sua idade apenas.Geralmente quando partilho uma cena ou imagem de uma
jornada, mesmo sem entrar em detalhes, o cliente sente profunda ressonância. Mesmo
quando o que relatamos seja uma fantasia para o cliente ou não faça sentido algum a
nível consciente, a informação terá efeitos calmantes e de transformação. ESTE É UM
DOS MISTÉRIOS DO TRABALHO.
"Vou partilhar com você o que vi em minha jornada ao encontrar essas suas partes de
alma. A informação pode ser precisa, fazer todo o sentido para você, e você pode se
reconhecer de fato no relato, mas a informação também pode não fazer sentido nenhum
a você, e seu consciente não reconhecer nada do que vou relatar. É que às vezes a
informação me vem como símbolo, fantasia e não é mesmo para o consciente saber.
Fique tranquilo que vai funcionar de todo modo".
Regate de alma 4
A JORNADA
Coloco o paciente deitado, e me preparo interiormente. Perto de mim fica a maracá, que
vai selar cada sopro, e um aparelho onde o CD de tambor vai tocar.
Quando me sinto pronta deito ao lado do paciente, tocando nossos pés, quadris, ombros
e dando as mãos.
E vou seguindo meu animal em busca das partes, ou parte, de alma. Conforme vou
resgatando e tomando nos braços as partes, pergunto a meu animal se ainda há mais
alguma para resgatar. Às vezes a própria parte de alma que está sendo resgatada avisa
que há mais uma a ser buscada. Não há uma regra geral e fixa, estejam sempre
confiantes, abertos, relaxados e conectados com o animal de poder e o momento.
Quando todas as partes foram resgatadas, retorno, sento e vou soprar todas as partes
juntas, em cada um dos seguintes chakras: plexo solar, coração e coronário. Após soprar
em cada local, selo com a maracá, tendo essa intenção interna bem firme.
Após soprar e selar, digo suavemente:"Bem vindo em casa novamente". E deixo meu
cliente descansando alguns minutos, ou até sentir que ele abre os olhos e pode estar
querendo ouvir o relato.
Sinta o momento de começar a partilha.
Resgate de alma 5
APÓS O RESGATE
Antigamente, nas antigas comunidades nativas, de onde se originou essa prática de cura
milenar, toda a comunidade apoiava a pessoa "necessitada de cura", aquele que
precisava "ser curado". Todos se envolviam nesse processo e se responsabilizavam por
ajudar.
E nessa técnica, tão importante quanto o resgate das partes, é o depois do resgate. Como
fazer então?
Falo com o cliente sobre isso que mencionei acima e digo que agora a responsabilidade
é totalmente e individualmente sua apenas. Para isso sugiro chegar em casa e conversar
com as partes que voltaram, demonstrando sua alegria em tê-las de volta e,
principalmente, se comprometendo em estar atento aos chamados e necessidades dessas
partes, principalmente se responsabilizando por mantê-las integradas e presentes. Pode
ser feito um ritual de celebração. Alguns gostam e fazer bolos e "festinhas" se as partes
eram crianças, outros fazem um banho ritualístico, outros apenas mantêm essa conexão,
acendem velas, levam suas partes para caminhar na natureza.
Diga ao cliente para sentir em seu coração qual o procedimento a ser feito. E se as
partes não se sentirem realmente conectadas haverá risco de saírem novamente, e o
resgate dessa vez será muito mais complicado.
É sempre bom indicar um floral para ser tomado imediatamente após o resgate. Gosto
muito do RESCUE, e geralmente recomendo 4 gotas 7 vezes ao dia.
O cliente pode não sentir nada no dia do resgate nem nos dias seguintes. Mas pode
sentir também tristeza, angústia, sensação de inadequação, de "estranheza". Aviso que
todas essas sensações e sentimentos podem ocorrer, pois essas partes vieram de um
momento não muito pleno, acolhedor ou feliz de sua vida. Mesmo que as recordações
não sejam claras, a estranheza ocorre porque essas partes de alma não pertencem ao
momento presente, mas vieram de um passado, e estão se encaixando agora. Realmente,
são partes "estranhas" a esse momento presente. E o cliente vai ter que continuar
conversando com elas para que se integrem plenamente.
Em casos mais intensos, sugiro uma massagem, ofurô, andar na natureza, mas estou
sempre aberta a receber seus telefonemas e conversar, dar suporte, ouvir suas
necessidades do cliente.
.
Usualmente não faço resgates seguidos. Um intervalo de 1 mês é necessário, até suas
partes estarem integradas. Mas esse intervalo não é fixo, nem rígido, depende de cada
pessoa. Tenho a sensibilidade de sentir isso. Se ficar na dúvida, peça informações a seu
animal de poder e confie em seu coração.
Resgate de alma 6
Resgatei uma moça Helena dessa caverna. Seus pais se separaram quando tinha 5 anos
de idade e sua mãe era uma alcoólatra. Ela sabe que perdeu a capacidade de confiar
naquela idade e que isso afetou sua capacidade de experimentar intimidade com alguém.
Quando relato que a garotinha disse que a raiva da Helena adulta tinha a intenção de
proteger a Helena garotinha, ela compreende (foi o que ocorreu na jornada).
Nessa jornada fui a um nível árido e vazio. Não havia um pontinho verde ou qualquer
coisa viva. Meu animal de poder caminhava comigo pela terra macia, sentindo o vazio
total do lugar. Lentamente nos aproximamos da boca de uma caverna, situada numa
montanha, com pedras caídas ao redor. Havia um negror no breu da caverna. Senti que
estava na Caverna das Crianças Perdidas, um dos lugares mais capazes de partir o
coração em todos os mundos interiores. No meio da escuridão podia distinguir as
silhuetas de centenas de crianças de todas as raças amontoadas na caverna. Centenas de
olhos enormes e tristes - castanhos, azuis, negros - fixam de longe. São crianças
perdidas, não desejadas, assustadas. Sempre esperando.
Descrevi a caverna para que possam sentir a energia que rola por lá.Provavelmente a
descrição nunca será idêntica, mas é essa a energia de vazio, solidão, abandono, medo,
tristeza, não serem desejadas....
Resgate de alma 7
Já deu para perceber, em nossas partes práticas, que a maioria de nós teve mais de uma
de suas almas perdidas. Experimentamos uma série de dores, traumas, dificuldades, em
diferentes períodos de vida, causando a partida de muitos pedaços de nossa essência.
Quantas partes podemos perder? Isso realmente depende do indivíduo e de sua história.
As pessoas perdem a si mesmo e ficam mais fora do que dentro de si mesmas.
Quando a teimosa Luiza de 13 anos não quis retornar comigo à realidade comum, sua
enérgica parte de 5 anos foi quem convenceu a parte mais velha a vir conosco.
Com Silvio, que vi sofrendo abuso sexual (já falei para o cuidado ao relatar isso...),
relatei que via alguma coisa aos 7 anos... "Lembra de algo?" Somente quando ele me
contou ter sofrido de abuso por parte do tio, então continuei a inserir detalhes.
Outra cliente, Catarina, não tinha lembrança de seus 4 anos, por esse motivo não
partilhei o que vi de abuso em minha jornada...
Uma pessoa só pode fazer retornar um certo número de partes de alma de cada vez. A
razão para isso é simples. Quando a alma retorna, ela vem com toda a dor que
experimentou ao partir. As lembranças que circundam o trauma ou o momento que foi
triste ou doloroso, com frequência tardam um instante para voltar. Por isso quando o
animal de poder diz que por agora basta, nossa busca termina naquele momento. Como
já falei antes, o cliente muitas vezes não experimenta emoções ou sensações tristes,
pode ocorrer apenas uma estranheza, uma sensação esquisitae algumas vezes, nem isso.
Resgate de Alma 8
Às vezes constatamos que uma alma pode ter sido roubada por outra pessoa.
Ouço sobreviventes de incesto que nada sabem de xamanismo dizendo "Meu pai roubou
minha alma" ou "Aquele homem roubou minha alma"
Por falta de um termo melhor, uso a palavra "ladrão" para uma pessoa que rouba alma.
Mas é empregada sem julgamento ou censura.
O roubo de alma é com frequência perpetrada por ignorância, em vez de uma intenção
de prejudicar. O roubo de alma é um conceito difícil de ser entendido por muitos de nós.
Por que alguém praticaria o que equivale a um grande furto num nível humano? Como
explicar isso? E como podemos tomar uma atitude de compaixão na questão do roubo
de alma?
Na maioria dos casos de roubo de alma o ladrão é também uma vítima de roubo de
alma.
Trazer a alma de volta e educar o cliente acerca do conceito de roubo e perda de alma
evita que este comportamento seja passado para gerações futuras.
Mas por que se rouba a alma de outra pessoa? Uma das razões é o poder. O ladrão
invejaria o poder da pessoa e tentaria tomar este poder para uso pessoal, colocando o
ladrão na posição de poder sobre a vítima.
É triste, mas muito comum que uma pessoa que se sinta impotente mude para uma
atitude de poder sobre alguém.
Por exemplo, se um pai sente-se impotente porque é incapaz de criar inteireza em sua
própria vida, ele poderia tender ao roubo de alma de seu jovem e indefeso filho, por
estupro, ou batendo na criança, ou amedrontando muito, ou em sua esposa.
Desta forma é como se dissesse "Sou mais poderoso que você". Ainda assim está
criando um falso senso de Eu interior, do Self.
Em nossa sociedade a palavra "poder" é entendida pela maioria de nós como "poder
sobre" outra pessoa.
As duas palavras parecem seguir juntas. Como as pessoas geralmente não fazem idéia
do que significa o poder pessoal, a maioria dos clientes, em especial as mulheres, não
sabe como evitar a perda de seu poder pessoal para outra pessoa.
Esta falta de compreensão do poder anda de mãos dadas com o roubo da alma. Uma
pessoa que esteja disposta a dar seu poder pessoal para outra torna-se vulnerável ao
roubo de alma. Crianças, que em geral não sabem se proteger fisicamente, são as mais
suscetíveis de ter suas almas roubadas.
Outra razão para o roubo de alma é a crença errônea de que a essência, vitalidade e
poder de uma pessoa possam ser usados por alguém mais.
Por exemplo, uma mulher cuja alma foi roubada por sua mãe aos 3 meses de idade. A
mãe via tanta paz e energia no bebê que sentia que se pudesse ter apenas uma parte
desta criança restauraria sua própria vitalidade.
Um padrão comum observado é que clientes que têm sua alma roubada em tenra idade
tendem a serem crianças com doenças constantes ou crônicas. Perdem parte de sua
Resgate de alma 9
Num divórcio ou rompimento de uma relação sem comum acordo, a parte magoada
pode tentar permanecer ligada com a alma do ex-companheiro. Mas o que isto faz com a
outra pessoa é que puxa sua força vital, deixando-lhe uma sensação de estar sendo
drenada, e interfere com a capacidade de criar novas situações de nutrição em sua
própria vida. Há ainda uma conexão ou vínculo com o ex-amante e uma falta de
liberdade de criar novas opções para ambos.
Quando uma pessoa morre, ela poderia estar solitária por ter sido deixada para trás pelo
ser amado. Aqui, novamente, é possível para o defunto levar consigo a essência da
pessoa viva. O efeito desse tipo de perda é tal qual se a alma tivesse sido levada pelo ex-
amante: fadiga, incapacidade de criar novos e amorosos relacionamentos.
Davi veio numa condição física extremamente frágil. Estava com uma coleção de
infecções. Quando falou sobre si, disse que pouco antes de ficar doente, sua garota,
Suzana, cometera suicídio.
Fiz uma jornada diagnóstica para ver o que seria útil para Davi a esta altura. Fui até meu
animal de poder que me disse claramente que a alma de Davi tinha sido roubada pela
namorada dele. Voltei de minha jornada e fiz as preparações habituais para um resgate
de alma, deixando Davi e eu prontos.
Começando a jornada fui parar no Mundo do Meio, parando numa floresta, cheia de
árvores, chão coberto de folhas secas, que faz muito barulho quando ando. Chego a uma
árvore onde Davi está amarrado com uma corda. Ele parece muito desolado e abatido
espiritualmente, sua cabeça pende para um lado, e não há muita vitalidade.Sinto uma
Meu animal pula na minha frente criando à nossa volta um campo de força que ela é
incapaz de transpor Ela repetidamente investe contra o campo, com raiva, mas continua
impedida. Por fim, quando já está cansada, cuidadosamente baixamos o campo de força
e chegamos perto dela. Procuro expandir amor em sua direção (às vezes podemos tirar
bolas de luz de nossa "bolsinha xamânica" ou do astral), e ela rompe em lágrimas e
começa a soluçar.
É Suzana.
- "Sabe que você está morta?" - pergunto e ela responde que sim.
Então lhe explico que posso ajudá-la a se mudar para um lugar confortável, cheio de luz
e paz, se lhe agradasse vir comigo.
"Mas você deve liberar a alma de Davi, ou não pode se mudar para lá"
"Nunca!" ela resiste.
Sinto que vai ser difícil, olho para meu animal de poder e ele diz para eu continuar
falando.
E eu continuo dizendo que Davi está morrendo na realidade comum porque ela mantém
a alma dele cativa.
Ela retruca que é isso mesmo que quer, que ele morra, para vir ficar junto dela.
Sinto dentro de mim frustração e irritação contra essa atitude dela, mas não posso
prejudicar Suzana. Todas as coisas devem retornar ao seu devido lugar, lembram-se?
Retiro de minha bolsinha um cristal de quartzo lindo, que me ocorreu naquele momento,
e dei a ela. Ela adora essa luz cintilante que começa a rodopiar em seu redor, e fica
muito embebida de luz.
Daí proponho levá-la para um lugar onde a luz brilha o tempo todo, e ela se interessa em
ir, quer saber como.
Peço que devolva a alma de Davi que a levarei. E ela olha para o cristal, para Davi, e
então para mim, e finalmente ela concorda.
Desamarro Davi da árvore, ele cai no chão, imóvel, com a respiração entrecortada. Peço
que meu animal de poder o proteja e o cure. Ponho Suzana em meus braços e flutuamos
para cima e para fora daquele lugar, através do espaço, até vermos uma luz ceganteà
distância.
Sei que não posso ir mais além.
"Suzana, vá até a luz" - nesse momento eu a impulsiono para a direção daquela luz e
observo-a desaparecendo naqueles raios luminosos.
Retomo o caminho de volta até onde deixei Davi. Sua condição crítica já melhorou
muito e nesse instante aparece um tigre dizendo que quer ajudar Davi.
Resgate de Alma 10
Resgatar uma alma roubada às vezes pode ser complicado. Tipicamente, ladrões de
alma acreditam que sua sobrevivência depende da força vital de outra pessoa. (isso não
é a nível consciente). Usualmente eles não concordam em devolver a alma, ou estão tão
apegados à pessoa que não deixam a alma ir. Ainda assim, na prática xamânica, deve-se
agir de acordo com a harmonia do universo, o que significa que ninguém pode
prejudicar uma pessoa que roubou a alma de outra. Nas jornadas costumamos deparar
com 2 meios comuns para resgatar almas roubadas.
Quando se olha xamanicamente para o "ladrão", vê-se que ele também sofre de perda da
alma. Portanto, um meio realmente eficaz de lidar com esta questão talvez seja fazer um
resgate de alma para o ladrão, que uma vez recupere seu poder pessoal e vitalidade, não
terá mais necessidade de usar alguém mais.
O segundométodo de libertar uma alma é usar uma forma de trapaça. Por exemplo, meu
animal de poder distrairia o ladrão enquanto pego a alma. Este tipo de resgate me
provoca um conflito interior, porque também não podemos prejudicar esse ladrão.
Lembrem-se da lei de causa e efeito.Saber que o ladrão também sofre do mesmo mal me
aperta o coração, então devemos evitar fazer essa prática.
Para isso, efetue, com seu animal de poder, uma jornada até o circulo dos Mestres,
Sábios e Guardiões.
Pergunte se tem permissão nesse momento de entrar no Mundo dos Mortos. Caso tenha,
receba também seu véu ou manta, tanto faz, da Invisibilidade, para poder entrar lá.
Nessa mesma jornada, mesmo não recendo autorização, você deve receber sua roupa
xamânica e sua bolsinha xamânica, que possui "todas as possibilidades".
Recebendo autorização, agradeça, pegue o manto da invisibilidade, a roupa e a bolsinha,
e retorne. Não recebendo autorização, pegue sua roupa, bolsinha e retorne, sabendo que
essa negativa não dura para sempre, ela se refere a esse momento. E não queira
desobedecer, porque, já falamos, somos apenas canal do universo que atua através de
nós, e somos sempre guiados e protegidos por esses mesmos Mestres e Guias.
Ocasionalmente a alma do cliente pode ter sido roubada por espíritos malévolos ou
mesmo pelos mortos, que em geral a carregam para a Terra dos Mortos. (não são os
amados e parentes, ou pessoas conhecidas, amadas e abandonadas que roubaram a
alma). Quando isso acontece, o cliente parece ter morrido embora possa ser curado pelo
xamã, cuja própria alma entra na Terra dos Mortos com grande risco para resgatar a
alma do cliente.
Para resgatar almas da Terra dos Mortos você deve estar muito bem, ser forte e
habilidoso. Ao entrar lá, você precisa andar furtivamente, se tornar invisível, não ser
notado em hipótese alguma, e lutar se for preciso.
Uma das jornadas à Terra dos Mortos foi assim: vou para lá seguindo meu animal de
poder e já vestindo minha capa da invisibilidade.
Tento me acalmar o máximo possível porque para caminhar despercebida por lá tenho
que assumir o modo de alguém que morreu.
Referências Bibliográficas
2005.
KING, Kahili Serge, Xamã Urbano. 1ª edição. São Paulo: Vida e Consciência. 2010.
WHITAKER, Cordel Kay. A Iniciação de um Xamã. 1ª edição. Rio de Janeiro: Record. 1991.
ARTESE, Léo. O Espírito Animal. 1ª edição. São Paulo: C. Roka. 2001. SCULLY, Nick.
CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito. 1ª edição. São Paulo: Palas Athena. 1986.
LEVI, Eliphas. Dogma e Ritual de Alta Magia. 1ª edição. São Paulo: Pensamento. 1896.
http://www.xamanismo.com.br/Universo/SubUniverso1186617496
http://historiadaayahuasca.net/s/