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perguntas

Publicado em NOVA ESCOLA 17 de Novembro | 2020

Retomada presencial

Para entender o ensino híbrido


em 14 perguntas
Conheça a proposta do modelo, suas características e como ele se dá na
prática. Tire suas dúvidas
Paula Salas

Crédito: Getty Images

Em 2020, o novo coronavírus mudou o jeito de existirmos em comunidade: uso obrigatório de máscara
para sair na rua, isolamento social, escolas vazias, professores ensinando a distância por meio de
tecnologia e de materiais impressos. Depois de uma longa temporada de ensino remoto e com a
expectativa de uma vacina em 2021, um novo caminho começa a ser mapeado pelas escolas para dar
conta do desafio do retorno presencial: o ensino híbrido.

O termo não foi criado neste ano, mas diante do desafio do retorno, ele ganha força na agenda
docente. Como o próprio nome sugere, se trata de um modelo de ensino em que a aprendizagem é
obtida mesclando formatos: neste caso, modelos mais tradicionais de propostas escolares (como a
leitura de materiais de texto e aulas expositivas) são combinadas com formatos mais inovadores (como
discussões coletivas e atividades de pesquisa prática) e, ao longo do processo, há tanto atividades
offline quanto propostas digitais.

Para te ajudar a entender os conceitos que definem esse modelo de ensino, preparamos 14 respostas
sobre o tema. Confira e entenda mais:

1. O que é ensino híbrido?


Conceitualmente, o ensino híbrido é considerado um programa educacional em que o aluno aprende
uma parte pelo ensino online, em que ele controla o tempo, lugar, modo e/ou ritmo estudo. A outra
parte dos estudos acontece em um ambiente físico (fora de sua casa) sob a mediação de alguém (o
professor, neste caso).

Como usar ideias do ensino híbrido em Alfabetização


Confira neste Nova Escola Box como desenvolver uma série de habilidades de leitura e escrita utilizando
estratégias típicas de ensino híbrido, como sala de aula invertida.

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2. Quais são as principais características do ensino híbrido?


O modelo híbrido mescla estratégias presenciais com on-line, coloca o aluno como protagonista da
aprendizagem, transforma o professor em mediador do conhecimento, e permite a personalização do
ensino de forma a atender melhor às necessidades individuais de aprendizagem dos alunos.

3. Quais os benefícios do ensino híbrido?


O ensino híbrido se relaciona muito com a forma como aprendemos: "Falar em Educação híbrida
significa partir do pressuposto de que não há uma única forma de aprender e, por consequência, não
há uma única forma de ensinar. Existem diferentes maneiras de aprender e ensinar", explicam Lilian
Bacich e José Moran neste artigo. Dessa forma, é um modelo que amplia as formas que o aluno tem
para atingir aquele conhecimento. Além disso, permite o desenvolvimento de habilidades transversais
ao currículo como autonomia e protagonismo na construção do conhecimento.

4. Quais as transformações que o ensino híbrido traz para a Educação?


Os especialistas apontam que o futuro da Educação, que foi acelerado pela pandemia e o ensino
remoto, deve nos levar para modelos híbridos e mais flexíveis de ensino. Essa mudança é significativa
para a relação entre o aluno e professor. O aluno se torna protagonista do processo de construção do
conhecimento ao assumir que parte da aprendizagem se dá no percurso individual do aluno e na
relação que ele desenvolve com o todo, na escola. Nesse contexto, o professor assume o papel de
mediador da aprendizagem e instiga o desenvolvimento de habilidades que guiem os estudantes na
construção do conhecimento. Propostas interdisciplinares, metodologias ativas e a presença das
ferramentas tecnológicas também ganham um maior destaque e colaboram para a execução dos
modelos híbridos.

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Neste curso, a formadora e especialista em metodologias ativas Lilian Bacich apresenta estratégias, como sala de
aula invertida e rotação por estação de aprendizagem, que promovem maior engajamento dos alunos por meio de
uma participação mais ativa na construção de conhecimento.

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5. Qual é o papel do professor no ensino híbrido?


Apesar do estudante ganhar protagonismo e autonomia, o professor não perde sua importância. Ele
continua sendo uma peça fundamental para a construção do conhecimento. Ele é mediador de todo o
processo de aprendizagem dos alunos. Com as dinâmicas dos modelos híbridos, o professor tem mais
tempo para dedicar a tirar as dúvidas e fazer um acompanhamento próximo e individualizado,
possibilitando a personalização do ensino – um dos objetivos do ensino híbrido.

6. Quais são os modelos de ensino que são possíveis no ensino híbrido?


Há dois modelos híbridos: os sustentados, mais próximos do tradicional, isto é, requerem menos
modificações na forma tradicional de ensino, e os disruptivos, que representam uma quebra em
relação a forma anterior de trabalhar, ou seja, requerem modificações mais significativas na forma de
trabalho do professor e da escola. Conheça os modelos sustentados e disruptivos, respectivamente,
nas perguntas 7 e 8.

7. Quais são os modelos sustentados?


Os três modelos mais conhecidos são chamados de:

- Sala de aula invertida


Neste formato, o professor envia previamente para os alunos estudarem o conteúdo que será
trabalhado em sala de aula. Assim, os alunos usam o espaço da casa para fazer leitura de materiais e
terem o contato inicial com o tema e, na escola com o professor e a turma, tiram dúvidas, resolvem
atividades e aplicam aquele conhecimento de forma prática. Há, portanto, uma inversão do que
acontece tradicionalmente na escola e em casa, de onde surge o nome do modelo: sala de aula
invertida.

- Laboratório rotacional
A turma é dividida em dois grupos. Uma parte realiza atividades de forma autônoma, com apoio de
ferramentas digitais, e o outro fica em sala com o professor e tem a oportunidade de trabalharem mais
próximos tirando dúvidas.

- Rotação por estações


Este modelo prevê que a sala seja dividida em estações de aprendizagem com propostas diferentes
mas que sejam complementares entre si. Os alunos circulam por cada estação e o professor atua como
mediador e intervém quando necessário.

Como o Ensino Híbrido pode inspirar as aulas de Matemática


Conheça estratégias de ensino híbrido, especialmente a sala de aula invertida, como fonte de inspiração para
planejar aulas de Matemática no ensino remoto ou semi-presencial no Fundamental 2.

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8. Quais são os modelos disruptivos?


São aqueles que representam uma ruptura maior com o formato da sala de aula tradicional. Entre os
principais modelos aparecem:

- Rotação individual
Aqui, as necessidades de cada aluno ganham destaque. O planejamento do professor é focado nas
demandas dos alunos, o que significa, que ele irá produzir atividades variadas considerando a
heterogeneidade da turma e os alunos com perfis ou necessidades semelhantes desenvolverão
propostas focadas no seu grupo. Este modelo pode ser interessante em turmas com alunos com
diferentes níveis de aprendizagem.

- Flex
Semelhante a como algumas escolas trabalharam durante o ensino remoto, neste modelo os alunos
recebem roteiros digitais. Uma parte das atividades são realizadas acompanhado pelo professor e
outras ele trabalha em projetos com os colegas ou em uma atividade off-line. Aqui misturam-se
momentos individuais e outros que são coletivos on-line

- À la carte
Este modelo é o que mais foge da realidade da Educação brasileira. Nele, o aluno escolhe e organiza os
seus estudos a partir de seus interesses e objetivos, com optativas. No modelo à la carte, pelo menos
uma das disciplinas é realizada on-line.

- Virtual aprimorado (ou virtual enriquecido)


Todas as disciplinas acontecem on-line e o estudante vai presencialmente apenas para realizar
projetos e discussões com base naquilo que foi visto online. Quando estão na escola, é também o
momento de verificar como anda a aprendizagem dos alunos.

9. Todos esses modelos são possíveis na realidade brasileira?


Sim. Segundo Fernando Mello Trevisani, pesquisador, consultor educacional e professor da pós-
graduação em Metodologias Ativas do Instituto Singularidades, todos são possíveis de serem
implementados. Entretanto, o indicado é começar pelos modelos sustentados (explicados na pergunta
7), porque são os mais próximos da prática do professor e do modelo de escola atual, ou seja,
requerem menos modificações na prática. No entanto, com a retomada gradual, é possível que sejam
necessários aderir modelos disruptivos, pela necessidade de aproveitar melhor o tempo de
aprendizagem em casa e lidar com diferentes níveis de aprendizagem dentro das turmas. Por isso, é
interessante conhecer as diferentes opções de modelos e verificar quais podem ser as mais adequadas
dentro da sua realidade.

10. Se a escola está mesclando ensino remoto com presencial, ela está praticando o ensino
híbrido?
Não. Para ser ensino híbrido é preciso que o trabalho realizado no presencial e no remoto dialoguem,
ou seja, é preciso ter um planejamento estratégico. Isto é, seguir metodologias híbridas. É preciso
garantir o cumprimento das características apresentadas nas perguntas 1 e 2.

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11. Transmitir para os alunos que estão em casa as aulas que estão acontecendo
presencialmente pode ser considerado um modelo de ensino híbrido?
Também não. A transmissão simultânea das aulas presenciais para quem segue no ensino remoto
integra um planejamento híbrido da retomada presencial das atividades escolares, mas não é um
modelo de ensino híbrido. Este modelo é mais do misturar ensino presencial e remoto, ou dar acesso à
aula para os alunos que estão a distância. Para ser um modelo híbrido é preciso garantir o
cumprimento das características apresentadas nas perguntas 1 e 2.

12. Quais ferramentas utilizar para o ensino híbrido?


As ferramentas utilizadas para o ensino remoto podem ser aproveitadas para o ensino híbrido.
Durante a pandemia, NOVA ESCOLA realizou diversas reportagens e cursos explicando como utilizar
ferramentas como o Google Drive, Flipboard, Padlet, Instagram, Facebook e outras que invadiram o
planejamento escolar. Se quiser se aprofundar sobre recursos tecnológicos que podem te ajudar neste
novo desafio, baixe gratuitamente nosso guia com mais de 100 dicas para planejar e inovar nas aulas
no ensino híbrido ou remoto.

13. O ensino híbrido é obrigatório para o retorno presencial?


Não, ele não é obrigatório. Cabe a cada rede, escola e professor considerar práticas e formas de ensino
e aprendizagem que considerem o desafio de suas turmas. No entanto, o ensino híbrido pode ser bem
aproveitado com escolas que estejam fazendo escalonamento dos alunos - entenda aqui como
funciona - para evitar aglomerações na retomada presencial.

14. É preciso planejar atividades diferentes para quem está presencialmente e on-line?
No ensino híbrido existe um planejamento complementar daquilo que deve ser aprendido no
presencial e o que deve ser contemplado no virtual. Dessa forma, é necessário ter um planejamento
específico para cada ação, mas as duas aprendizagem devem se conectar.

PARA SABER MAIS


VÍDEOS
Palestra de Lilian Bacich sobre ensino híbrido
Canal no Youtube Ensino Híbrido: aqui encontrará diversos vídeos que apresentam o modelo
híbrido.
ARTIGOS
Aprender e ensinar com foco na educação híbrida, por Lilian Bacich e José Moran.
Metodologias ativas e modelos híbridos na educação, por José Moran
LIVROS
Ensino Híbrido: Personalização e tecnologia na Educação, de Adolfo Tanzi Neto, Fernando De
Mello Trevisani e Lilian Bacich.
Blended: Usando a Inovação Disruptiva para Aprimorar a Educação, de Heather Staker e Michael
B. Horn

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