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Cardiopatia no cão idoso: o que devemos saber?

Todo cardiopata tem insuficiência cardíaca?


A insuficiência é quando o órgão não consegue manter as funções primordiais (débito cardíaco, fração de
ejeção). Com isso se uma cardiopatia não altera esse fator a resposta é não.

Todo cardiopata deve ser tratado?


Não. Nem todos os cardiopatas são beneficiados com uso de medicações, as quais são mais adequadas para as
fases mais adequadas para melhorar a qualidade de vida do paciente.

Em geral nós tratamos o cardiopata?


Nem sempre tratando o paciente conseguimos promover a cura da cardiopatia. Geralmente as medicações
promovem um controle da doença, mas o paciente continua cardiopata.

Sinais clínicos indicadores de cardiopatia

Dispneia

Ao se auscultar o paciente ouve-se sopro, indicativo da doença mixomatosa valvar mitral (é a principal
cardiopatia). Insuficiência na válvula necessariamente forma sopro.
Esse paciente é dividido em quatro estágios:

 A – Ainda não tem a doença, mas tem suscetibilidade a vir a apresentar. Algumas raças entram nessa
classificação. Não são cardiopatas, ainda. Essa classificação serve para que adotemos a conduta de
avaliação dessa doença nessas raças.
 B -- Paciente já cardiopata portador da DVCM sem ICCE (esquerda).
B1 – paciente que ainda não tem aumento de coração ou têm aumento muito pequeno. Por convenção,
esse paciente não deve ser tratado ainda.
B2 – tem remodelamento cardíaco considerável. Por consenso esse paciente deve ser tratado já com
Pimobendan (0,25mg/kg BID) para retardar a chegada ao estágio C + Dieta (hipossódica e hipercalórica
pois o cardiopata tende a perder peso).
IECA (inibidor) – sem consenso.
Espironolactona e Benazepril – remodelamento cardíaco menor.

Critérios para ser B2

ECO: AE/AO > 1,6 e VE normalizado > 1,7


Aumento tanto de átrio quando de ventrículo esquerdo

Raio X: VHS>10,5. Provavelmente é B2, isso porque esse exame não é sensível para detectar cardiomegalia.

 C- Portadores de DVCM com ICCE (RX e ECO tem sinais). As convenções são bem definidas: realizar a
terapia quádrupla.
Furosemida – 1-2mg/kg BID até 4-6mg/kg TID.
Inibidor de ECA (ver creat 3-7 depois do início)
Pimobendam 0,25 mg/kg BID (intervalo entre alimento e medicação de no mínimo 1h. Com alimento há
queda de absorção).
Espironolactona – prevenção da fibrose miocárdica.
Em pacientes com estágio C agudo – furosemina a cada ! até 6-8 mg/kg em 3h ou infusão contínua> 0,66
mg/kg/h. + Pimobendam + sedação e oxigênio.
 D – Portadores de DVCM e ICCE refratária ao tratamento. As crises de edema pulmonar continuam
frequentes mesmo com tratamento.
Furosemida TID ou dobro da dose, substituir o VO por SC (monitorar FR em 12-48h para avaliar a função e
a desidratação)
Torasemida: custo maior. Obtêm efeito equivalente. Exige controle da FR (fusão renal).
Espironolactona (se ainda não usa)
Punções, drenagem de ascite
Dieta hipossódica desde que não diminua apetite.
Em D agudo – 2mg/kg adicional ou infusão 1mg/kg/h até 4h (vai ter aumento de creatinina)
Monitorar e ventilar se necessário
Vasodilatadores – fornecer mais espaço para o sangue circular e não acumular no pulmão.

Em estágio C e D não se submete o paciente ao raio X (opacicidade pulmonar)

O raio X é o padrão ouro para identificação da congestão pulmonar para avaliar a passagem do estágio B para o
C.
Em ultrassom também é possível (identificação das linhas B)

O quadro DVMC é necessariamente clínico.

O ecocardiograma é o exame de escolha para avaliar a anatomia e a função cardíaca, pois é possível ver as
válvulas, o miocárdio, etc. Ele na maioria das vezes fecha o diagnóstico.
É também usado para avaliar as classes funcionais e avaliar o índice das disfunções sistólicas (funcionamento das
válvulas) e também a hipertensão pulmonar.
O refluxo de sangue é indicado pelo colorido. O tamanho do coração também pode ser observado bem como a
dinâmica das válvulas.
No doppler é possível observar o refluxo sanguíneo.

A classificação da classe funcional é realizada por:

 Índices de remodelamento: B1XB2


 Cavidade VE (normal: VE/PV0,294 até 1,7 é normal). Essa conta serve para padronizar os portes. Se tiver
normal o paciente é B1. Se tiver acima segue os passos.
 AO/VE e remodelamento.

Além disso, o ECO fornece índices que demonstram a congestão pulmonar:

 Disfunção diastólica (estágio C)


 E/TRIV – relaxamento isovolumétrico (normal até 2,5). Estágio C se for acima.
 Dilatação de veias pulmonar (aumento de pressão pulmonar). Estágio C

Se o paciente tiver esses sinais, ele é classificado como estágio C.

Síncope

A síncope pode ter outras causas não cardíacas.


Motivos cardíacos:

 Edema pulmonar, que ocasiona queda na oxigenação do SNC.


 Arritmias: podem ou não apresentar na cardiopatia. O diagnóstico é feito pela auscultação onde se cria a
suspeita. O eletrocardiograma muitas vezes é possível diagnosticar a arritmia, mas as vezes no momento
do exame ela não aprece. Nesse caso deve-se usar o Holter 24h.
Bradiarrtimias (deve aumentar FC com anticolinérgicos, agonistas adrenérgicos, marca-passo artificial) ou
Taquiarritmias (deve-se fazer o monitoramento) .
As arritmias só são tratadas quando elas prejudicam o funcionamento cardíaco (desmaios, por exemplo).
O tratamento medicamento é complicado porque possui efeito variáveis e transitórios.
 Hipertensão pulmonar (aumento de pressão na vasculatura pulmonar)
1ª – pouco relevante.
2ª – ECCE, patologias respiratórias, dirofilariose.
Sildenafil - vasodilatação pulmonar. Após Eco.
 Tamponamento cardíaco.
Desenvolvimento de efusão pleural. A neoplasia pode ser uma causa provável. Não usar diurético antes
da drenagem por que pode desidratar e gerar síncopes.
Tosse

A tosse não necessariamente indica edema. Ela ocorre por contra da compressão da traqueia pelo aumento de
AE. A tosse gerada é mecânica.
Se o animal não tem aumento de AE deve-se descobrir o que está causando a tosse, não adianta fornecer
diurético. Fazer o raio X nesse caso, pode haver pontos radiopacos que demonstram broncopatia (bronquite) ou
colapso de traqueia. No caso da compressão usar anti tossígenos para minimizar (codeína, Antux –
Levodropropizina)
No raio X vê-se a sombra da estrutura, por isso deve-se tomar alguns cuidados pois pode não ser o que parece. O
posicionamento do animal na mesa também pode mimetizar o diagnóstico.
Técnica e causa.

Caquexia cardíaca

Pode haver anorexia o que é um problema visto que as necessidades energéticas são maiores. Isso porque como
o coração tem dificuldade em mandar sangue para os tecidos, esses têm aumento de necessidade energética.
Recomenda-se por isso uma dieta hipocalórica.

Pode haver no cão com anorexia e emagrecimento a ativação de citocinas.

Suporte vitamínico e mineral – Geripet, suplemento com aa e vitaminas.

Ácidos graxos essenciais (sobretudo os ômegas 3 – EPA e DHA).

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