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A RELAÇÃO ENSINO / ESTUDO1

Nereide Saviani2

Quando se pensa em ensino, aparece logo o problema dos meios – o como ensinar – e lembra-se
imediatamente da Didática. Esta, diz respeito à instrução, ao ensino, à orientação e direção da
aprendizagem. Sua concepção varia conforme as tendências dominantes em Educação, cuja concepção
também tem relação direta com a concepção de mundo, de homem, de sociedade e está ligada às
relações predominantes em um dado momento histórico, na formação social em que se insere.
Qualquer que seja a tendência, a questão da didática tem sido associada aos meios de ensino, os
quais, dependendo da concepção de educação, ora são subordinados aos fins, ora a eles se sobrepõem.
Necessário pensar fins e meios em relação dialética – o que passa por entender que todo ensino deve
levar em consideração o aluno (a quem se destina), os objetivos (com que finalidade), os conteúdos (o
que ensinar) e os meios (como ensinar e com quais recursos – o método, as técnicas, os instrumentos,
os procedimentos).
Sem entrar na conceituação desses elementos fundamentais do ensino, gostaríamos de chamar a
atenção do/a leitor/a para algo nem sempre lembrado quando se fala em didática: a relação ensino /
estudo.
O ato de ensinar é indissociável do ato de estudar. Pode-se afirmar que, a rigor, só sabe ensinar
quem sabe estudar. Entretanto, estudar para si tem certa diferença de estudar para ensinar. Daí ser
possível alguém saber estudar e não saber ensinar. O contrário, porém (saber ensinar e não saber
estudar), já é muito difícil, para não dizer impossível.
Estudar é um ato de reflexão, é o desvelar do conhecimento elaborado. Vamos ater-nos, aqui, ao
estudo de textos. No caso, reflexão sobre ideias, desvelando-se teses, argumentos, raciocínios. O estudo
de um texto é como que um processo inverso ao da sua produção. Nesta, o autor traça um esquema (por
escrito ou apenas mental – quando o assunto é simples ou familiar) e passa a desenvolvê-lo,
fundamentando, argumentando, exemplificando, apresentando fatos etc... No estudo, o leitor mergulha
no texto de outrem, buscando captar suas ideias básicas e como estão desenvolvidas, levantando
argumentos, exemplos, fatos abordados e trabalhados pelo autor. Enfim, procura captar o seu “esquema
inicial”.
O estudo, assim definido, exige alguns passos, requer algumas condições. Estudar é mais que
ler – é meditar, refletir sobre o que se lê. Isto começa pela visão de conjunto e passa por vários retornos
ao texto – para compreensão, interpretação, problematização – até ser possível chegar-se à síntese
pessoal, ao posicionamento crítico face ao que foi lido3.
Para que o ato de ler não seja meramente receptivo, é imprescindível, ao leitor, a constante
interlocução com o autor. A disciplina no estudo, o registro organizado de anotações, observações,
comentários em torno de textos lidos, são hábitos importantes e necessários a qualquer pessoa que se
proponha a fazer um estudo aprofundado sobre um tema, uma área de conhecimento etc. E interessam
especialmente a quem se prepara para ensinar: o “destrinchar” do texto – mergulhando nele e buscando
captar o caminho percorrido pelo autor no desenvolvimento de seu raciocínio, com as necessárias

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Recomposição / adaptação de texto elaborado para o Curso de Formação de Monitores, desenvolvido pelo CES (Centro de
Estudos Sindicais), São Paulo, 1992 – originalmente sob o título: Contribuições no âmbito da Didática: algumas reflexões
sobre o ensino. Publicado, na presente versão, em: Revista do Simpeem. N. 01/2004 – pp. 37-42. Atualizado em 2011.
2
Doutora em História e Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP. Diretora de
Formação da Fundação Maurício Grabois.
3
Ver, a respeito, SAVIANI, Nereide, Como Estudar, São Paulo, 2014. Disponível em:
http://www.escolapcdob.org.br/file.php/1/materiais/pagina_inicial/Cadernos_Formacao/4_CF_Como_estudar.pdf
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anotações e sistematizações, os imprescindíveis resumos e esquemas – permite a organização das


ideias, a identificação de conceitos-chave, o estabelecimento de relações entre esses conceitos e ideias.

Fichamentos diversos, envolvendo as principais obras de referência para as matérias a serem


ensinadas, são de extrema valia para a organização de planos de cursos, de aulas e outras atividades
(palestras, seminários, sessões de estudo dirigido etc), bem como para a confecção e aquisição do
material didático (visual, auditivo, audiovisual) e para a seleção de técnicas e procedimentos, segundo a
natureza daquilo que será ensinado, as características dos alunos e de acordo com as disponibilidades.
A escolha dos recursos, porém, exige clareza daquilo que de fato se vai ensinar – o que não se obtém
senão com um estudo aprofundado, sistematizado, organizado, disciplinado e documentado.
Importante e necessária para qualquer estudante, a documentação é imprescindível para os
professores. Abrange desde o arquivo de anotações (de aulas, palestras, reuniões, leituras etc) a
fichamentos mais elaborados. Obviamente, a organização torna-se muito mais prática, quando se
dispõe de um microcomputador e, melhor ainda, quando se dominam técnicas de biblioteconomia. No
entanto, é possível garantir-se uma documentação funcional com recursos mais simples, como o
registro em folhas soltas, perfuradas e arquivadas em pastas (tipo “A-Z” ou arquivo universitário) ou,
ainda, em fichas de cartolina, dispostas numa caixa.

Organização das anotações4

Ao assistir aulas, palestras, conferências, ao participar de reuniões, debates, sessões de estudo


coletivo, ou mesmo ao fazer leituras individuais, costumamos anotar ideias, exemplos, segundo o que
mais nos chama a atenção ou a partir do que é recomendado pelo professor / coordenador. Essa prática
é necessária, mas devemos ter claro que, por maior que seja nossa habilidade para anotar, muitas ideias
acabam ficando truncadas. Assim, três recomendações são importantes:

1. mais que o texto do expositor, é necessário anotar as ideias principais, e estar atento para o contexto
da exposição (o desenvolvimento do raciocínio, os exemplos apresentados, as ilustrações etc);
2. as anotações devem ser retomadas, recorrendo-se a instrumentos pessoais de pesquisa (dicionários,
glossários, manuais) e a obras básicas de referência (bibliografia indicada), buscando-se:
- complementar, precisar, aprofundar, corrigir – ideias, conceitos, informações, dados etc;
- recompor o texto, anotando, acrescentando esclarecimentos necessários à sua melhor
compreensão.
3. os elementos principais, os que exigirão maior aprofundamento, os que merecem ser reforçados etc,
deverão ser passados para as fichas de documentação.

Podem-se destacar três tipos de fichamento:

a) FICHAMENTO TEXTUAL – é o que capta a estrutura do texto, percorrendo a seqüência


do pensamento do autor e destacando: ideias principais e secundárias; argumentos,
justificações, exemplos, fatos etc., ligados às ideias principais. Traz, de forma racionalmente
vizualizável – em itens e, de preferência, incluindo esquemas, diagramas ou quadros
sinópticos – uma espécie de “radiografia” do texto.
b) FICHAMENTO TEMÁTICO – reúne elementos relevantes (conceitos, fatos, ideias,
informações) do conteúdo de um tema ou de uma área de estudo, com título e subtítulos
destacados. Consiste na transcrição de trechos de texto estudado ou no seu resumo, ou,

4
Cf. SEVERINO, Antonio Joaquim, Metodologia do Trabalho Científico, S. Paulo, Cortez/Aut. Assoc., 12a. ed., 1985,
vários trechos.
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ainda, no registro de ideias, segundo a visão do leitor. As transcrições literais devem vir
entre aspas e com indicação completa da fonte (autor, título da obra, cidade, editora, data,
página). As que contêm apenas uma síntese das ideias dispensam as aspas, mas exigem a
indicação completa da fonte. As que trazem simplesmente ideias pessoais não exigem
qualquer indicação.
c) FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO – consiste em resenha ou comentário que dê ideia do
que trata a obra, sempre com indicação completa da fonte. Pode ser feito também a respeito
de artigos ou capítulos isolados, a arquivado segundo o tema ou a área de estudo. O
fichamento bibliográfico complementa a documentação textual e temática e representa um
importante auxiliar do trabalho de estudantes e professores.

A orientação do estudo

O professor orienta o estudo dos alunos quando trabalha com informações, ideias, conceitos, de
forma organizada, sistematizada, metódica, remetendo para a leitura de textos, dirigindo essa leitura
através de questões, voltando aos textos para a discussão das dúvidas e para a síntese das ideias e
conceitos principais. Essa orientação será tanto mais eficaz quanto mais organizado é o trabalho do
professor, desde seu próprio estudo até o momento propriamente dito das aulas (ou outras atividades),
que devem ser cuidadosamente planejadas.
Não é demais lembrar que um bom planejamento possibilita ao professor:
- organizar com antecedência seu trabalho, a fim de prever dificuldades e evitar improvisações;
- distribuir os temas e as atividades em relação ao tempo disponível e segundo sua importância;
- providenciar os recursos disponíveis e prever o momento em que serão utilizados e de que maneira;
- definir formas de acompanhar o trabalho dos alunos, verificar seu aproveitamento e reorientá-los,
quando necessário.
Vê-se, por essas considerações, que as atividades, disciplinas, cursos, não devem encerrar-se em
si mesmos. Ao contrário, precisam sistematizar os principais conceitos, informações, ideias, mostrando
suas inter-relações, ilustrando sua presença em textos e contextos diversos, possibilitando a sua
incorporação / apropriação pelo aluno, mediante questionamentos e polemizações e, com isto,
oferecendo ao aluno condições de continuar esse processo através do estudo individual.
Com efeito, ensino e estudo são indissociáveis: tanto porque para ensinar é preciso saber
estudar, como porque ensinar implica, necessariamente, orientar para o estudo.
Nessa relação ensino / estudo, algumas preocupações são importantes:
- Para ensinar uma matéria ou tema, é preciso conhecê-la/o e isto exige, entre outros quesitos, o
domínio de obras que abordem as diferentes temáticas, preferencialmente sob formas
diversificadas. Sem o estudo da bibliografia básica pertinente, esse conhecimento corre o risco de
tornar-se superficial e inconsistente.
- O estudo de um texto exige que se vá além do que está escrito, ou seja, é preciso entender o
contexto de sua produção, que inclui informações sobre seu/s autor/es. O/a professor/a deve
considerar isto não só no seu próprio ato de estudar, mas também na orientação do estudo dos
alunos.
- Na aula, quando o(a) professor(a) coloca textos à disposição dos alunos, é preciso que saiba
organizar suas principais ideias (convergentes, divergentes ou complementares) e se planeje para
trabalhá-los com os alunos, de modo a propiciar-lhes meios de entendê-los, interpretá-los, para
poderem criticá-los e tomar posição pessoal sobre seu conteúdo.
- Ao fazer uma exposição, o/a professor/) está, de certa forma, apresentando um “texto” seu (ainda
que constando de resumo de vários textos estudados). Preparar uma aula guarda alguma semelhança
com o ato de preparar um texto: exige coerência, organização, argumentação.
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A orientação de estudo de textos requer atividades diversas, relacionando-se leitura, escrita e


fala. Para tanto, é necessário apresentar questões e situações-problema para os alunos responderem /
resolverem (oralmente ou por escrito, individualmente ou em grupos), com diferentes finalidades e
“desafios”. Assim, na exploração de fatos, ideias, conceitos, argumentos, exemplos etc de um texto ou
conjunto de textos, convém que se procure desenvolver operações, tais como :
- Observação / identificação – através de questões que peçam para localizar (destacar, transcrever).
- Comparação – estabelecer relações (de semelhança, diferença, abrangência, pertinência): dentro de
um mesmo texto; em dois ou mais textos.
- Síntese – resumir pontos principais do texto como um todo; de parte de um texto; de um assunto
dado, presente em diferentes textos ou em partes diferentes de um mesmo texto.
- Classificação – ordenar em categorias, segundo critérios definidos pelo professor ou pelo próprio
aluno.
- Generalização / extrapolação – relacionar com outros contextos ou situações.
- Interpretação / crítica – comentar, expressar opinião própria sobre o assunto, fazer apreciações,
emitir juízo pessoal.
Para que os alunos possam responder adequadamente a uma questão que exija síntese, por
exemplo, é preciso que tenham a ideia do texto como um todo e, portanto, que tenham feito um estudo
do mesmo – o que não se restringe a uma única leitura. O mesmo deve ser dito em relação a outros
tipos de questão, especialmente as que exijam generalização, interpretação e crítica: impossível
respondê-las sem um “mergulho” no texto, sob pena de deturpar as ideias do autor e tomar posições
superficiais e inconsistentes sobre o tema.

Os meios

Como já dissemos, o como ensinar envolve o método – isto é, a trajetória para se garantir a
compreensão e apropriação de conhecimentos – e requer técnicas, procedimentos, recursos, que devem
ser definidos de acordo com os objetivos a atingir, o público a que se destina (devidamente
caracterizado), o currículo (conteúdo a ser trabalhado) e conforme as disponibilidades.
Sempre que se pensa em recursos, requer-se a presença de material audiovisual. Quando se
pensa em técnicas, lembra-se logo da dinâmica de grupo. Em geral, na ausência do primeiro elemento e
no desconhecimento do segundo (ou dificuldades para desenvolvê-lo), entende-se que dificilmente se
conseguirá um bom ensino. Sem dúvida, é preciso lutar para que a escola seja dotada de material
variado e em quantidade suficiente e que os professores tenham acesso às diversas técnicas de ensino e
às formas adequadas de desenvolvê-las. No entanto, convém evitar a superestimação dos meios em
detrimento dos fins.
Na verdade, todo professor sabe que, muitas vezes, a riqueza do material acaba sendo
subaproveitada ou mal empregada, quando não se conhecem as características, experiências e
necessidades dos alunos, ou não se domina o conteúdo a ser trabalhado, ou, mesmo dominando-o, não
se sabe organizá-lo para desenvolvê-lo em situações de ensino-aprendizagem. Em contrapartida, a
ausência de material tem sido, muitas vezes, compensada pela presença dos demais elementos
mencionados.
Por exemplo, algo duramente criticado, desprezado, nos meios educacionais, é a aula
expositiva. No entanto, ela tem permanecido o modo preponderante de ensino: por ser o mais comum e,
aparentemente, mais fácil, ou mais condizente com a forma pela qual são organizadas as escolas (em
termos de tempo e espaço, distribuição dos alunos em séries etc.), ou pela falta de outros recursos. Mas
– justiça seja feita – na formação de novos conceitos, na sistematização de ideias, na iniciação do aluno
num determinado tipo de estudo, a exposição desempenha importante papel. Em alguns casos, pode-se
dizer que dificilmente outra técnica ou dinâmica substitui uma boa exposição. O problema não está na
aula expositiva em si mesma. A questão é dar boas aulas e alterná-las com outras atividades.
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A aula

Convém assinalar que a aula deve ser entendida como parte de um todo, um curso, por exemplo.
No processo de ensino-aprendizagem, é um momento dado de encontro entre professor e alunos, em
que o primeiro organiza, sistematiza informações, dados, ideias, conceitos etc, a partir de experiências
anteriores e apontando para aprofundamentos, novos estudos, aplicações práticas etc. É exatamente este
fazer parte de um processo – com a garantia de alguém para organizar e sistematizar, com a visão de
continuidade e acompanhamento – o que caracteriza uma aula e não, como querem crer alguns, o fato
de ser uma exposição.
Dependendo da situação, a aula pode, por exemplo, ser uma discussão (geral ou em grupos)
coordenada e sistematizada / sintetizada pelo professor, abrangendo ou não uma exposição. Pode,
também, consistir na realização de atividades / exercícios pelos alunos (coletiva ou individualmente),
com o acompanhamento do professor.
Por mais didática que seja, uma exposição pode se configurar como palestra, conferência, não
como aula: quando desligada do contexto, sem a preocupação com a continuidade, o acompanhamento,
a sistematização. Esta visão de continuidade – em que a sistematização e o acompanhamento são
fatores indispensáveis – deve ser levada em conta na organização de cursos, na definição dos
programas dos componentes curriculares, no planejamento das aulas. É um trabalho necessário a todo
professor, na sua disciplina, em cada turma, a partir de planejamento coletivo, envolvendo a equipe
escolar como um todo.
A ausência de um planejamento conjunto e da integração dos professores – no diagnóstico, na
seleção de conteúdos e meios para desenvolvê-los, na troca de experiências e informações sobre o
processo, no replanejamento – , faz com que o desenvolvimento da programação se configure, quando
muito, como séries de palestras ou conferências. Ou seja, como tratamento geral de temas e assuntos,
ficando as “pontes” por conta dos alunos, que nem sempre se encontram em condições de estabelecer
relações, perceber nexos. Com isso, dificulta-se a interpretação, a crítica, a aplicação prática.
Para a organização de um curso e para cada aula especificamente, alguns requisitos devem ser
atendidos:
- Identificação de conceitos relevantes da matéria a ser trabalhada.
- Identificação do que os alunos precisam dominar para aprender o conteúdo a ser desenvolvido.
- Diagnóstico do que os alunos já sabem, de suas experiências e dificuldades.
- Seleção de textos que os abordem, e que estejam de acordo com as características e necessidades da
turma.
- Preparo de atividades para o trabalho com os conceitos e para a exploração dos textos, incluindo-se
aquisição / confecção do material necessário.
- Previsão de formas de acompanhamento dos alunos e avaliação de seu aproveitamento.
Eis algumas “dicas” para o desenvolvimento de uma aula:
1. Apresentar claramente cada ideia:
- tomando o cuidado de empregar vocabulário compatível com o linguajar dos alunos (sem abrir mão
de apresentar termos científicos e técnicos – de preferência, levando-os a consultar o dicionário);
- utilizando exemplos e ilustrações para explicar termos mais complexos ou menos comuns.
2. Garantir condições para o entendimento e assimilação de informações, dados, ideias, enunciados etc:
- apresentando-os de forma organizada;
- retomando explicações;
- dizendo as mesmas coisas com outras palavras, ou utilizando novos exemplos (de preferência,
estimulando os alunos para que tentem fazê-lo);
- ilustrando com figuras, gráficos, desenhos.
4. Verificar, a cada novo conceito a ser apresentado ou assunto a ser tratado, se os alunos entenderam
o que já foi explicado:
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- fazendo perguntas;
- apresentando situações-problemas;
- estimulando os alunos a perguntar, explicar, exemplificar.
5. Sintetizar cada tema e estimular para futuros aprofundamentos:
- fazendo uma revisão do que foi trabalhado, com destaque para conceitos-chaves e ideias,
informações, dados fundamentais;
- retomando e apresentando novos exemplos e ilustrações;
- indicando novos textos e apresentando formas de aprofundar os conhecimentos sobre os assuntos
tratados (isto é, orientando para o estudo individual).
Não convém que a aula se restrinja ao uso da palavra, à atividade oral, ainda que com a
participação de todo o grupo. É preciso garantir situações em que, além de ouvir e falar, os alunos
possam ler e escrever palavras, frases, textos; observar e elaborar figuras, desenhos, gráficos, mapas,
maquetes; realizar tarefas variadas. Tais situações podem ser propiciadas por meio de diferentes
recursos, tais como: quadro de giz (ou o quadro branco), cartazes, álbuns, mapas, slides, filmes, discos,
textos diversos, recortes de revistas e jornais, material veiculado nas redes sociais etc
Quanto às atividades, podem ser desenvolvidas individualmente, em pequenos grupos ou
envolvendo toda a turma, e compreendem estudo dirigido, painéis, debates, seminários, dramatizações,
jogos etc.
Não é demais repetir que recursos e técnicas são meios para viabilizar o processo de ensino e
aprendizagem e, portanto, devem estar de acordo com os objetivos a atingir e o público a que se
destinam.

Lembrete importante

Embora se fale tanto em “dom”, em “vocação” para o magistério, a verdade é que não se nasce
professor. Lecionar exige conhecimentos, capacidades e habilidades formados / aperfeiçoados na
conjugação do estudo com a prática. É normal que os professores encontrem dificuldades, que podem
ser maiores ou menores, dependendo de sua experiência em coordenar grupos, do conhecimento que
têm das características dos alunos, do domínio da matéria de ensino. A presença / ausência de tais
fatores tende a interferir (positiva / negativamente) mais que a presença / ausência de eventuais
qualidades pessoais, como desenvoltura, descontração, desinibição etc. Estas, aliás, também vão se
desenvolvendo, com a experiência.
Mesmo professores bastante experientes costumam enfrentar dificuldades quando trabalham
com turmas novas, quando tratam, pela primeira vez, de um dado assunto ou quando utilizam técnicas /
recursos que ainda não dominam. O trabalho coletivo, com oportunidades de estudo e troca de
experiências entre os professores, tem sido bastante fértil na proposição / preparação de procedimentos
didáticos diversificados e na discussão de dificuldades e levantamento de formas adequadas para saná-
las.

São Vicente, julho de 2011.

Nereide Saviani

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