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Fonte:https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2017/06/Berlinda-RB-ala-das-
carruagens-reais.jpg
Inspirado na figura de Stanislav Baudry1, o Desembargador Aureliano
de Souza e Oliveira Coutinho (futuro Visconde de Sepetiba), em 1837
cria a Companhia de Omnibus. Os veículos eram movidos a tração
animal, possuíam 2 andares e capacidade para transporta de 20 a 24
passageiros. A cidade já contava com uma população de mais de 130
mil habitantes.
1
Em 1828, Stanislav Baudry funda a Compagnie Générale des Omnibus de Paris, a
primeira empresa de transporte da história do ônibus. O transporte era
desempenhado por carroças. O primeiro ônibus movido à combustão foi desenvolvido
somente em 1895, por Karl Benz.
gondolas), em fins década de 1850. Os bondes eram um tipo de
pequenos ônibus, tracionado por animais e com capacidade para
transportar até 9 passageiros.
Fonte: https://thehousehistorian.files.wordpress.com/2015/04/shillibeers_first_omnibus.png
Fonte: http://semprerio.com.br/wp-content/uploads/sites/24/2012/04/ultimo_bonde.jpg
Sobre o transporte utilizando cavalos, diz Eric Morris (2007)2:
“Horses were absolutely essential for the functioning of the 19th century city –
for personal transportation, freight hauling, and even mechanical power – but
by the end of the century, the problem of horse pollution had reached
unprecedented heights. Experts of the day estimated that between three and
four million pounds of manure was deposited on city streets and in city stables
every day. Railroads even exacerbated the situation. Only once there was a
substitute were Americans able to leave urban horse transportation behind, and
this occurred through improvements in the internal combustion engine, the
invention of traffic rules, and smooth new asphalt street surfaces that paved the
way for the private automobile.”3
O estrume acarretava transtorno estético, e combinado à urina
emanava um mal cheiro onipresente nas vias urbanas. Também havia
o problema das moscas, vetores de doenças e responsáveis por
diversos surtos registrados na época, a exemplo de febre tifoide. Além
disso, ocorriam acidentes e congestionamentos. Dados da cidade de
Chicago mostram que em 1916 ocorreram cerca de 17 óbitos
relacionados com o cavalo, para cada 10.000 veículos puxados por
cavalos4. Pode-se afirmar, com certeza, que o transporte
propulsionado por cavalos produzia externalidades negativas em
distintas dimensões, sendo as mais importantes: a econômica, a
ambiental, a saúde, e a acessibilidade e a econômica.
2Eric Morris is an assistant professor of city and regional planning at Clemson University. This essay originally
appeared in ACCESS, a magazine reporting on research funded by the University of California Transportation Center.
3
https://thebreakthrough.org/index.php/programs/economic-growth/revolutionary-engines
4 Este valor contrasta com os 2 óbitos registrados pela cidade do automóvel em 1997 em Chicago.
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Para um aprofundamento dessa história ver o texto de Weid, Elisabeth von der, publicado pela Fundação
Casa de Rui Barbosa. A trajetória do bonde no Rio de Janeiro. 1994.
modelos de automóveis com motor a combustão interna a gasolina.
Em 1891, Santos Dumont importa de Paris o primeiro carro
motorizado. Tratava-se do um modelo Type 3 da Peugeot,
propulsionado à gasolina.
Fonte: http://www.museepeugeot.com/fr/portail.html
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a FNM no início das suas atividades produzia motores aeronáuticos radiais Wright-Ciclone de 450cv de
nove cilindros, utilizados nos aviões de treinamento militar da FAB e nos aviões do Correio.
PINAR (pioneiro da indústria brasileira) apresentado à Vargas em 1951
Fonte: http://www.lexicarbrasil.com.br
Lefebvre (1991. P. 112-113) sintetiza bem o significado do automóvel:
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Os setores eram: alumínio, cimento, construção naval e a indústria automobilística.
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De forma breve, dentre os resultados obtidos pelo GEIA, destacam-se: (i) aprovação de 6 projetos para
fabricação de caminhões (FNM, Ford, GM, International, Mercedes-Benz e Scania-Vabis); (ii) Projetos para
jipes da DKW-Vemag, Land Rover (não concretizado), Toyota e Willys-Overland; (iii) fabricação de peruas
Vemag e Volkswagen Kombi e, (iv) automóveis FNM (2000 JK), Simca (Chambord), Vemag, VW (sedã, o
Fusca) e Willys (Aero e Dauphine).
Dentro das estratégias adotadas pelo GEIA, destacam-se:
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A instrução 113 da SUMOC (que foi oriunda do Governo Café Filho) permitia a importação de maquinas
e equipamentos como investimento direto (1955). Condicionou a associação do Capital Nacional com o
Estrangeiro, ou seja, facilitava as empresas estrangerias em investir sem cobertura cambial, desde que
associadas ao capital nacional. Foi instituída no escopo de uma política ortodoxa destinada a obter
estabilização monetária, equilíbrio fiscal e externo. A referida instrução, na prática permitia que os
investidores estrangeiros internalizassem no país capitais a taxas bem mais favoráveis, e utilizassem os
cruzeiros resultantes para comprar dólares e importar equipamentos à taxa cambial da categoria
relevante (muito mais relevante e depreciada relativamente aos bens não essenciais). O subsídio
correspondia à diferença entre a taxa cambial do mercado “livre” e a taxa cambial da categoria do bem a
ser produzido pelo bem de capital importado. Foi sob a égide da instrução 113 que se instalou no Brasil a
indústria automotiva.
3.244/57). A reforma aduaneira criava um imposto sobre o valor
externo do bem convertido em cruzeiros, à taxas fixadas mensamente.
Os insumos não disponíveis no país eram isentos enquanto a
importação dos bens tradables produzidos no âmbito doméstico eram
fortemente taxados.10
“em 1957, sete empresas produziam conforme normas do GEIA: FNM, Ford,
GM, Mercedez-Benz, Vemag, Volkswagen e Willys. Em 1958 a Internacional
Harvester (...); no ano seguinte a Toyota e a Simca. Em 1960, (...) a Scania.
Das onze empresas, três eram controladas pelo capital nacional (Vemag, FNM
e Willys Oveland), duas eram joint ventures com 50% de participação
(Mercedes-Benz e Simca) e as demais eram de capital estrangeiro. ”
10
Segundo Rangel (1981) a criação de uma reserva de mercado e o controle do preço da mão de obra
para as empresas transnacionais teria criado as condições para a formação de oligopólios em
determinados setores da economia. Tais ações teriam sido centrais para o processo de industrialização
nacional. Corrobora com Rangel o entendimento de Guimaraes (1980) de que a estratégia de recuperação
da indústria era calcada nos padrões operacionais do oligopólio diferenciado.
surgem os consórcios para vendas de automóveis, modalidade de
comercialização que abrangeu o financiamento de cerca de 70% dos
veículos em 1968 (Luedmann, 2003).
Gráfico 1
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A isenção de impostos incidia sobre a importação de: I) bens de capital; ii) partes, peças, componentes
e matérias-primas, observados alguns limites; 1) deviam ser inferiores a 1/3 do valor das exortações,
deduzidas as importações sob qualquer regime especial (drawback); e adicionadas às importações sob
regime especial, não deviam ultrapassar o valor de 50% do valor exportado. A contrapartida da empresa
beneficiária era manter um certo volume de exportações durante um período, com a manutenção de um
determinado nível de investimento e com a aquisição de um valor mínimo de equipamentos de produtos
de terceiros (autopeças).
No final da década de 1970, em decorrência da crise do petróleo, foi
incentivada a produção de veículos com motores a álcool. A produção
inicia-se em 1979 e tem estratégia de ocupar paulatinamente espaço
na venda de veículos. A crise energética e a opção pelos investimentos
em energia e o PROALCOOL contribuíram para sustentar tal política.
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Cadernos do Leste:
http://www.igc.ufmg.br/portaldeperiodicos/index.php/leste/article/view/795/588
No início dos anos 1980, em razão da profunda crise que se instalava,
a produção automotiva readequou sua estratégia de mercado,
destinando parte da produção para o exterior (Gráfico 2). Da mesma
maneira, o segmento de autopeças (Gráfico 3) que, também,
intensificou as vendas para o mercado de reposição.
Gráfico 2
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Entre 1989 a 1999, de 38 mil empresas de autopeças no mundo, restaram apenas 8 mil. (Luedmann,
2003, p. 139)
novo regime automotivo14, reduzindo as tarifas de importação sobre
veículos, autopeças e insumos industriais. Entre 1989 e 1999, a
participação das importações no consumo aparente de autopeças teria
passado de 5% para 32,5%. Estima-se para o período de 1994 a 1999
uma desnacionalização de cerca de 70% da indústria de autopeças.
14
O Regime Automotivo foi instituído através da MP 1,235 d 15/12/1995 e pelo Decreto 1.761, de
27/12/1995. Posteriormente regulamentado pelo Decreto 2072/1996 e pela Lei 9449/1997. Entre os
objetivos estabelecidos pelo Regime Automotivo, estava aumentar a produção de 1,8 milhões para 2,5
milhões até o ano 2000.
15
Sobre o tema diz Kupfner (1998, p.58): “as condições internas aos investimentos eram adversas, mas a
proteção à indústria impedia a ameaça à sobrevivência das empresas, desestimulando a realização de
gastos em elevação da produção e atualização tecnológica”.
HENKIN (2015), distingue dois processos vivenciados pela indústria
automotiva entre 1989 e 2013. O período de 1989 a 2003 teria sido
marcado pela reestruturação produtiva do setor. Não obstante às
adversidades macroeconômicas, a exposição das subsidiárias
automotivas á concorrência externa, através da redução dos Impostos
sobre importação de veículos16, acabou induzindo a modernização do
parque industrial. O Gráfico 4 mostra a evolução dos licenciamentos de
veículos importados entre 1989 e 2016. O bom desempenho das
vendas de veículos importados em fins de 1990 e início dos anos 2000,
e o potencial de mercado, contribuiu para que as montadoras
passassem a enxergar o País de forma promissora para investimentos
e a instalação de novas unidades fabris.
Gráfico 4
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A tarifa de importação de veículos foi reduzida em 50 pontos percentuais, passando de 85% em 1990
para 35% em 1993. Em setembro/1994 atingiu a alíquota de 20% e de 32% em fevereiro/1995.
Posteriormente, foi praticada a Tarifa Externa Comum do Mercosul, (inicialmente de 70%), que retorna a
20% em 1995.
novas montadoras no mercado e a intensificação de investimentos das
montadoras tradicionais, visando não perderem mercado para os
entrantes. Conforme pode ser visto no Gráfico 5, a produção nacional
de veículos totalizava 955 mil em 1989, 2,12 milhões em 2004 e 3,7
milhões em 2013. O status da indústria instalada também muda a
partir de 2004, quando o País se credencia como plataforma de
desenvolvimento de produtos e de fabricação e distribuição regional de
automóveis.
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O PAC implicou medidas orientadas para elevação dos investimentos em infraestrutura no período
2007-2010. O setor público foi o grande promotor destes investimentos.
adensamento da cadeia produtiva de veículos no país, o novo regime
automotivo.