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28/12/2020 Estudando: Direito Eleitoral Básico | Prime Cursos

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Estudando: Direito Eleitoral Básico

Elegibilidade: Condições e Conceitos


4) Elegibilidade (cidadania passiva ou capacidade eleitoral passiva):

4.1) Condições de Elegibilidade:

As condições para alguém ser eleito para um cargo eletivo (elegibilidade) estão enumeradas exaustivamente
(taxativamente) no art. 14, §3º da CF/88. Estudaremos, portanto, esse parágrafo, inciso por inciso:

I- a Nacionalidade Brasileira;

Sobre esta condição devemos frisar que o inciso fala apenas de nacionalidade brasileira, ou seja, brasileiro nato
ou não (apenas nacionalizado).

Já estudamos anteriormente, uma situação, prevista na CF, que pode ser exceçãoa essa regra: a prevista no art. 12, §
1º - do Português Equiparado (fazer remissão). O português equiparado pode ser eleito no Brasil, sem ser brasileiro (português
equiparado não é sequer naturalizado, continua sendo nacional de Portugal).

Devemos também com relação a esse inciso fazer outra remissão ao art. 12, § 3º, porque traz como condição
para ser eleito para determinados cargos (Presidente da República e Vice-Presidente; Presidente da Câmara
dos Deputados; Presidente do Senado; Ministro do STF; carreira diplomática; oficial das forças armadas, Ministro
do Estado de Defesa) a necessidade de ser brasileiro nato (cargos privativos de brasileiros natos); portanto
esses cargos não podem ser exercidos nem por naturalizados nem portugueses equiparados.

Obs.: A Constituição Americana tem norma igual, exigindo que para ser Presidente e Vice-Presidenteamericano a
pessoa tenha que ser americano nato. Só que o Bush acabou de apresentar uma proposta de emenda querendo acabar com isso. Só
que o prazo para emendar a Constituição Americana é o de aprovação em todas as assembléias estaduais. A última emenda à C.
Americana, Emenda 21 começou a ser votada em 1898 e acabou de ser votada em 2001 (demorou 103 anos).

Notas Importantes sobre esse artigo (CF- art. 12, § 3º):

É importante ressaltar que não é cargo privativo de brasileiro nato, cargo de deputado federal ou senador. O
brasileiro naturalizado e até o português equiparado podem ser deputados e senadores, só não podem ser
Presidentes dessas casas legislativas. Essa exigência é feita, porque o Presidente do Senado e o Presidente da
Câmara são eventuais substitutos do Presidente da República, cargo de brasileiro nato por excelência.

Há exigência de ser brasileiro nato para ser Ministro do STF; não existe essa exigência para ser Ministro do STJ.
Tanto é que temos um Ministro no STJ que é alemão naturalizado brasileiro. A exigência de ser nato o Ministro do
STF é, também, porque o Presidente do STF pode ter que substituir o Presidente da República.

Obs.: O Fernando Henrique, quando nomeou a Ellen Grace, na verdade queria nomear para ser aprimeira ministra
do STF, a Ada Grinover, mas não pode fazê-lo porque ela é italiana.

Com relação aos diplomatas, todos os países fazem essa exigência que sejam natos.

Com relação aos militares a exigência de ser brasileiro nato se restringe aos oficiais. Poderíamos, portanto, ter
cabos, soldados e sargentos, naturalizados ou portugueses equiparados.

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Com relação ao Ministro de Estado da Defesa é a primeira vez que a CF se reporta a um cargo de ministro
específico. Porque sempre que ela se refere a ministros, fala de ministros e ministérios genericamente. Portanto,
o único ministro que tem que ser brasileiro nato, é o Ministro da Defesa. Essa exigência é porque, pela nossa CF,
é o ministro da Defesa quem coordena os comandos militares; e se os oficiais militares têm que ser natos é
evidente que o Ministro Civil que os coordena, tenha, também, que ser nato.

II) o Pleno Exercício dos direitos políticos;

Isso significa que nenhum direito político tenha sido suspenso ou perdido (vide tópicos de suspensão e perda de
direitos políticos). Temos que combinar esse artigo,portanto, com o art.15 da CF/88.

III) o Alistamento Eleitoral;

Vide o tópico de Alistamento Eleitoral. Combinar com os art. 14, § 1º, I (alistamento obrigatório) e II (alistamento
facultativo) e art.14, § 2º (alistamento proibido).

IV) o Domicílio Eleitoral na Circunscrição;

Com relação a esse inciso temos que colocar 3 questões:

(1ª) Conceito de Domicílio Eleitoral. O Domicílio Eleitoral se confunde com oDomicílio Civil?

R: Domicílio Eleitoral é um conceito distinto de Domicílio Civil.

■ Domicílio Civil (do CC) ►Local onde se estabelece residência com ânimo de adjudicar (permanecer).

■ Domicílio Eleitoral ► Segundo o art.42, parágrafo único do CE”: “ Para o efeito

da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais
de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas”. A Interpretação que é dada a esse artigo, hoje pela doutrina e
pela jurisprudência (TRE do RJ – Acórdão 26.014 de 12/04/04 (eleição de Nova Iguaçu) e Acórdão26.587(eleição de
Conceição de Macabú) são a seguinte: Para se ter um domicílioeleitoral é necessário que se verifique, pelo menos, um de três vínculos
(vínculos alternativos e não cumulativos):

1º) Vínculo Patrimonial → demonstrar que a pessoa tem patrimônio no local;

2º) Vínculo Laborativo → demonstrar que a pessoa preste trabalho no local;

3º) Vínculo Social → demonstrar que a pessoa tenha vida social no local.

Se a pessoa demonstrar apenas um desses três vínculos, ela demonstra que tem domicílio eleitoral no local. Se
não demonstrar pelo menos um desses vínculos, não demonstra que tem domicílio eleitoral no local. Devemos
reparar que o conceito é muito mais elástico que o conceito de domicílio civil.

Antigamente se discutia se o vínculo afetivo era suficiente para demonstrar domicílioeleitoral. Hoje não se considera o
vínculo afetivo, tem que ter pelo menos vínculo social, isto é, previamente antes da inscrição para o pleito, frequentar o local com
habitualidade, ter amigos lá, etc.

Obs.: Foi por não ter quaisquer desses vínculos que a inscrição de candidatura do Lindeberg Farias para prefeito
de Nova Iguaçu foi indeferida, houve recurso para o TRE que indeferiu também. Agora, a questão está e,
julgamento pelo STE; mas teoricamente ele não tem domicilio eleitoral em Nova Iguaçu e não poderia ter sido
eleito prefeito de lá. Provavelmente essa candidatura vai ser deferida porque logo que assumiu como prefeito já
ganhou o título de cidadão honorário de Nova Iguaçu, para tentar demonstrar o vínculo social pretérito (discutível,
até porque é posterior a ação, mas provavelmente uma manobra que dará certo).

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(2ª) O que seria Circunscrição? A Circunscrição pode variar conforme o tipo de eleição (ex: eleição local,
a circunscrição é menor, regional é maior e nacional é maior ainda? Ou é um conceito só?)?

R: A atual jurisprudência entende que a circunscrição muda conforme o tipo de eleição:

1) Eleição Local (Prefeito ou Vereador) ► Circunscrição significa território doMunicípio (tem que provar o
domicílio eleitoral naquele Município).

2) Eleição Regional (sendo eleitos por um Estado: (a) Governador; (b) Deputadoestadual; (c) Deputado Federal ou
(d) Senador da República) ► Circunscrição significa o território do Estado (tem que provar o domicílio eleitoral naquele Estado).

3) Eleição Nacional (Presidente da República) ►Circunscrição significa territóriobrasileiro (tem que provar
domicílio eleitoral no Brasil). È possível, através dessa interpretação, que um magnata nato no Brasil, que viva no exterior, não tenha
qualquer patrimônio aqui, mas por ter família ou até amigos aqui, vir a ser Presidente do Brasil.

(3º) Há um Prazo mínimo para que se prove esse Domicílio Eleitoral? Até quando antes do pleito pode-se
mudar o domicílio eleitoral?

R: Esse prazo existe e está fixado no art. 9º “caput” da Lei 9.504/97 (Lei Eleitoral): “Para concorrer ás
eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos,
um ano antes do pleito e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo”.

É importante, ressaltar que não é um ano antes da inscrição e sim um ano antesda eleição, o que significa dizer, que o
prazo contado da sua inscrição eleitoral é muito menor (6 meses). O individuo tem que ter seu domicílio eleitoral fixado um ano antes da
eleição. Esse é o mesmo prazo exigido para a filiação á partido político. Ele tem que ter, há um ano do pleito, seu domicílio eleitoral
fixado e sua filiação partidária deferida.

Obs.: Por essa exigência legal, soa estanho que o Presidente do STJ, deixe de ser desembargador e já concorra
ás eleições para governador de seu Estado (Piauí); porque o Presidente do STJ não pode estar filiado a partidos
políticos e falta menos de1 ano para as eleições que ele pretende concorrer (exigência de estar filiado há 1 ano).

A mesma surpresa nos acomete ao ver o Ministro do STF querer concorrer a Presidência da República há menos
de 1 ano do pleito, se ele não pode sequer estar filiado a partido político enquanto for Ministro.

V – a Filiação Partidária;

Aqui surgem duas situações interessantes:

1ª) Filiação Partidária é proibida pela CF para membros da Magistratura (art.95, parágrafo único, III) e do
Ministério Público (art.128, § 5º, II, “e”). Esses membros, portanto, não dão satisfação a todas às condições de
elegibilidade.

Obs.: Com relação ao MP, havia exceções (podia ter filiação com o ônus de não poder exercer atividadeseleitorais
como MP, mas não podia ter atividade partidária), que foram abolidas pela Emenda 45. Antes da Emenda a alínea “e” desse artigo era
assim: “exercer atividades político-partidárias salvo exceções previstas em lei” (poderia estar filiado por lei do próprio MP). Hoje o
membro do MP não pode sequer se filiar, e quando é aprovado no concurso, se filiado, tem que se desfiliar. O membro do MP ou
Magistratura aposentado ou exonerado, por estarem afastados de suas funções, podem se filiar. Porque o objetivo da norma é que a
pessoa prejudique sua atividade judicante por sua atividade partidária.

Isso não quer dizer que magistrados e membros do MP sejam inelegíveis, embora na prática a consequência seja a mesma, eles não
satisfazem a todas as condições de elegibilidade existentes. Ser inelegível e não dar satisfação a todas as condições de elegibilidade
são coisas distintas, esse último caso é muito menos grave, porque passando a satisfazer a condição podem ser eleitos.

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2ª) O art. 14, §3º, V, da CF enseja um dos conflitos mais graves entre normas constitucionais. Porque esse inciso
exige, como condição de elegibilidade, que a pessoa esteja filiada a partido político. Se conflitarmos esse artigo
com o art. 142, §3º, V da CF: “o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos;”.
Combinando esses artigos chegamos à conclusão que o militar por não poder se filiar, não preenche todas as
condições de elegibilidade, não podendo, portanto, ser eleito. Mas se formos ler o art.14, § 8º: “O militar alistável
é elegível, atendendo as seguintes condições: I- se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da
atividade; II- se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato de diplomação, para a inatividade”, vemos que o militar é alistável e elegível , sob
algumas condições. A solução do conflito, formulada pelo STF, entre as três normas constitucionais é a seguinte:

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Temos como vimos no esquema, dois momentos cruciais: data do registro da candidatura e data da diplomação.
Até a data que tiver seu pedido de registro de candidatura deferido, até esse momento, o militar não pode e não
deve estar filiado a nenhum Partido Político. Nesse primeiro intervalo se aplica o art.142, § 3º, V da CF.

Na data em que o militar registrar a sua candidatura, isto é, na data em que tiver o seu pedido de candidatura
deferido, ele toma duas providencias: (1ª) se filia ao Partido Político (portanto, é dispensado aquele prazo de
filiação 1 ano antes do pleito) e (2ª) se afasta da sua atividade. Esse afastamento vai ter duas qualidades: (1ª) Se
tiver menos de 10 anos de serviço militar, ele só se afasta da atividade (termo técnico= afastamento da atividade
= sem soldo); (2ª) se tiver mais de 10 anos, ele ficara agregado pela autoridade superior (termo técnico=
agregamento ou agregação; que é, também, afastamento, só que com o pagamento de soldo). Nesse intervalo de
tempo se aplica, a rigor, o art. 14 § 8º, I e II parte inicial. Enquanto durar a campanha eleitoral, ele está afastado
de suas atividades militares.

Se o militar perder a eleição, ele retorna à sua atividade como militar, cancelando (dando baixa) a sua filiação
partidária, porque o art. 14, § 3º, V diz que o militar não pode estar filiado a partido.

Se o militar ganha a eleição, ele é diplomado no cargo, e a partir dessa data se aplica o art. 14, § 8º, II (parte
final), que diz que, uma vez diplomado, o militar passa para a inatividade, ou seja, tecnicamente ele passa a ser
reformado. Basta que o militar exerça um cargo para que seja reformado, ou seja, passe para a inatividade
perpétua. Tendo menos ou mais de 10 anos de serviço militar, ele será reformado, fazendo diferença o tempo que
permanecer nas Forças Armadas para o cálculo do valor do seu provento como reformado (“aposentado”).

Isso é importante para que percebamos que uma condição inafastável (condição “sine qua non”) para a
elegibilidade é a filiação a Partidos Políticos, não se afastando essa condição nem de militares. O que existe, no
caso dos militares, é uma mitigação da exigência do prazo de 1 ano de filiação antes do pleito.

Obs.: O que a CF veda é a acumulação de cargos, não a acumulação de proventos; o militar, portanto, pode
acumular seus proventos como reformado, com proventos de aposentadoria como civil.

Precisa de 8 anos de atividade legislativa federal para se aposentar, bastando apenas um mandato para Senador
(e dois mandatos para Deputado Federal), isso é possível porque o regime de previdência é específico e pode
estipular suas regras.

VI – a Idade mínima de:

a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

b) 30 anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do DF;

c) 21 anos para Deputado Federal, Estadual ou Distrital, Prefeito e Vice- Prefeito, e Juiz de Paz;

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d) 18 anos para Vereador.

Há, portanto uma idade mínima exigida que varia dos 18 aos 35 anos. É importante perceber que a pessoa só
adquire seus direitos políticos em toda plenitude (capacidade eleitoral plena) aos 35 anos, quando pode ser eleita
para qualquer cargo.

Sobre esse inciso temos algumas questões a serem colocadas:

1ª) Quando se verifica essa idade mínima exigida: no registro de candidatura ou na posse? Menor de
idade (menor de 18 anos), assistido, pode registrar candidatura para vereador, provando que na data da
posse terá 18 anos?

R: Atualmente o termo de verificação da idade é a data da posse. Isso está previsto no art.11, § 2º da Lei
9.504/97(Lei Eleitoral): “A idade mínimaconstitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é verificada
tendo por referência a data da posse”. É entendido, dessa forma porque a idade mínima é condição para exercício do cargo, e não
para concorrer a ele, e exercício do cargo só passa a haver com a posse.

Portanto, o menor de 18 anos, assistido, pode formular pedido de registro decandidatura para vereador, se provar que,
se eleito, na posse terá 18 anos.

2ª) Em casos de substituição temporária, há alguma peculiaridade com relação à idade do substituto?

R: O único autor que fala de idade mínima de substituído e idade mínima desubstituto é o prof. Joel Cândido.
Esse autor afirma que na situação de substituição, a idade mínima do substituto deve corresponder à idade mínima do
substituído.

Por exemplo, para ser Presidente da República há a exigência que a pessoa tenha idade mínima de 35 anos. O
Presidente tem como seu potencial substituto o Presidente da Câmara dos Deputados. Só que para ser deputado
a idade mínima é de21 anos; portanto, poderia um deputado federal qualquer, maior de 21 anos, vir a ser Presidente da Câmara e
tornar-se substituto do Presidente da República? Para esse autor, para ser Presidente da Câmara o deputado federal tem que ter no
mínimo 35 anos, para não correr-se o risco do Presidente da República vir a ser substituído por alguém com idade menor que a exigida
para seu cargo. O mesmo raciocínio deve ser empregado em nível estadual: para ser governador é preciso ter no mínimo 30 anos,
portanto, o Presidente da Assembléia Legislativa, que pode vir a substituir o Governador tem que ter no mínimo 30 anos (sabendo-se
que pode ser deputado estadual com 21 anos). E também deve ser empregado em nível municipal, para ser presidente da Câmara dos
Vereadores tem que ter no mínimo 21 anos (sabendo-se que pode ser vereador a partir dos 18 anos).

4.2) Causas de Inelegibilidade: (analise do tópico anterior sob o ponto de vista negativo)

(ausência de Elegibilidade)

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Diz a doutrina hoje, que inelegibilidade é um gênero que se divide em duas grandes espécies: (1) Inelegibilidade
Absoluta e (2) Inelegibilidade Relativa (Reflexa para alguns autores). A Inelegibilidade absoluta ocorre em duas
situações: (1) na situação dos inalistáveis (por motivo óbvio, se a pessoa é inalistável, consequentemente é
inelegível – se não pode ter direitos políticos ativos, não pode ter direitos políticos passivos); e (2) no caso dos
analfabetos (como já vimos, analfabeto não é inalistável, não entrando na primeira situação, porque seu
alistamento não é proibido, e sim facultativo; não obstante a isso ele é sempre inelegível).

A inelegibilidade Relativa ocorre em 4 hipóteses: (1) Mandato Eletivo (quando a pessoa já é titular de mandato
eletivo, não se discutindo a possibilidade de ser eleitopara outro mandato ao mesmo tempo); (2) Vínculo de Afinidade,

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Casamento, e Parentesco (causa mais discutida nos dias de hoje); (3) Serviço Militar (o militar na ativa é inelegível); (4) Causas Legais
(previstas em lei).

Basicamente são três as diferenças entre inelegibilidade absoluta e relativa:

1ª) Inelegibilidade Absoluta se refere a qualquer cargo eletivo, não podendo serflexibilizada, ou seja, não podendo
ser relativizada (ex: é inelegível para tal cargo, mas é elegível para outro).

2ª) Essa Inelegibilidade Absoluta decorre de uma característica do candidato, o candidato é que inelegível (é
inalistável ou é analfabeto).

3ª) A Inelegibilidade Absoluta está enumerada exaustivamente na Constituição(não existem, como na Relativa, as
causas legais; porque as causas são todas constitucionais).

Portanto a Inelegibilidade Absoluta se refere a qualquer cargo eletivo, decorre de uma característica do
candidato e está enumerada taxativamente na Constituição.

A contrario senso, Inelegibilidade Relativa (1ª) é relativa a apenas alguns cargos eletivos; (2ª) decorre de
uma circunstância da eleição (ex: naquela eleição apessoa tem um vínculo de parentesco, naquela eleição a pessoa já tem
um mandato ou está na ativa no serviço militar); (3ª) está enumerada exemplificativamente na CF, tanto é que existem causas
legais (causas que as leis fazem menção).

Os fundamentos constitucionais para essas espécies de inelegibilidade são:

■ Inelegibilidade Absoluta, tanto a por ser o candidato inalistável, quanto por ser analfabeto → art.14 § 4º.

■ Inelegibilidade Relativa: = Mandato Eletivo → art. 14 § 5º.§7º.

= Vínculo de Afinidade, Parentesco ou casamento → art.14

= Serviço Militar → art. 14 § 8º

= Causas Legais → art. 14 § 9º c/c LC. 64/90.

Anteriormente já falamos sobre as situações de inelegibilidade absoluta (inalistáveis e analfabetos), sobre a inelegibilidade relativa com
relação aos militares e com relação às causas legais (inelegibilidade legal). Agora falaremos sobre as duas questões pendentes, muito
perguntadas em concursos: Inelegibilidade por vínculo e inelegibilidade durante mandatos eletivos. As questões jurisprudências mais
modernas englobam essas situações.

Teríamos que analisar casos concretos, como o do Governador Alckmin, que substitui o Gov. Mario Covas,
quando ficou doente, o sucedendo, depois de sua morte e depois foi eleito Governador de São Paulo (3
mandatos consecutivos?). Teríamos que analisar também, o caso da Rosinha, esposa do ex-governador
Garotinho. E outros casos concretos.

4.2.1) Mandato Eletivo:

Segundo o art. 14, § 5º: “O Presidente da República, os Governadores de Estado edo Distrito Federal, os Prefeitos e
quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente”, chefes do
Poder Executivo Federal, Estadual, do DF e Municipal, não só os titulares, como aqueles que os houver substituído ou sucedido poderão
ser reeleitos uma vez só. Esse art. 14 § 5º é um dos belos exemplos na Constituição de Ponderação do legislador constitucional: porque
a Constituição permite reeleição, mas permite reeleição uma vez só. Parece ter havido nessa norma a Ponderação de dois princípios:
de um lado o Princípio Republicano (todo o poder político é temporário) e de outro lado o Princípio da Eficiência da Administração
Pública (para a Administração ter eficiência, é necessário uma certa continuidade, e talvez 4 anos seja pouco tempo para se alcançar às

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metas de eficiência pretendidas). Uma reeleição só permite que o poder continue temporário, mas com tempo suficiente para ser
eficiente e cumprir suas metas.

Existem 3 questões importantes sobre esse tópico:

1ª Questão – O próprio artigo faz uma diferença entre Substituição e Sucessão:

■ Sucessão ► É sempre definitiva (só os vices são sucessores do Presidente, do Governador e do Prefeito).

■ Substituição ► É sempre temporária (no caso do Presidente são substitutos o Vice- Presidente, o Presidente
da Câmara, do Senado e do STF; no caso Governador são substitutos o seu vice, o Presidente da Assembléia e
o Presidente do STJ; com relação ao Prefeito são substitutos o seu vice e o Presidente da Câmara e até o
Presidente do Tribunal de Contas no RJ também o é).

Obs.: Toda a prova oral pergunta o rol de sucessores de Presidente da República. Mas não existe rol, porque
sucessor do Presidente, só o Vice-Presidente. O que existe é rol de substitutos (Vice-Presidente, Presidente da
Câmara, do senado e do STF).

2ª Questão: O STF acabou de julgar o Caso do Alckmin:

1º Mandato (?) 2º Mandato 3º Mandato

4 anos 4 anos 4 anos

----------------------------------------- --------------------------------------Sucessão do Covas ---------------------


Substituição do Covas em seu 1º em seu 2º Mandato (como seuVice,quando Covas ----------
Mandato (alguns diasquando Covas morreu) Eleito
fazia tratamento) Governador de
SP (titular)

A questão que chegou ao STF foi a seguinte: Alckmin, como vice de Covas, o substitui em seu primeiro em vários
momentos, porque foi quando Covas se descobriu doente e começou a fazer tratamento. Depois o sucedeu, em
seu segundo mandato, quando Covas, veio a falecer. Poderia Alckmin ter sido eleito para Governador ou essa
eleição não poderia ocorrer por se tratar de seu 3º mandado consecutivo?

R: No RE 366.488 (Caso Alckmin) o STF entendeu que embora a CF em seu art.14 §5º fale em substituição e
sucessão, deve ser entendido apenas como sucessão. Nãose computa qualquer intervalo de tempo como substituto,
para fins de mandato para impedir reeleição, ou seja, só o período em que foi sucessor é contado como mandato.

Essa interpretação da CF não foi literal; o STF usou o princípio da razoabilidade para interpretar, porque não seria
razoável, que quem substitui o outro em apenas alguns momentos, não podendo nessas esparsas ocasiões
implementar o seu modo de governo, não possa ter direito, se eleito, a manter sua administração por um período
de 8 anos, o que assegurado a qualquer candidato.

Portanto, o Alckmin poderia ter assumido o mandato como Governador de SP porque o 1º Mandato em que
substitui Covas não se conta. Teria, portanto, com esse último, apenas dois mandatos consecutivos, o que é
permitido pela CF. Agora, ele não pode ser candidato ao Governo de SP (nem qualquer pleito estadual, como
deputado estadual, deputado federal ou senador), por isso quer se eleger Presidente da República (pleito
nacional). Poderia se candidatar também a Prefeito de SP (pleito municipal).

Obs.: Se o Governador morrer assume o Vice, mas se o Vice morrer, logo após, é realizada nova eleição(eleição
indireta).

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Em Niterói o Prefeito atual inicialmente sucedeu o Prefeito anterior e foi eleito, posteriormente como titular. Nesse
caso considera-se o período de Sucessão como 1º mandato e a eleição como titular como reeleição, portanto 2º
mandato (e último consecutivo).

3ª Questão: Se exige desincompatibilização (renuncia 6 meses antes do pleito) para fins de reeleição? O
Lula se quiser ser reeleito tem que se desincompatibilizar do cargo de Presidente 6 meses antes do novo pleito?
O Alckmin teria que ter se desincompatibilizado do cargo de Governador, para concorrer a Presidência da
República?

R: Segundo o art. 14 § 6º: “Para concorrerem a outros cargos, O presidente da República, os Governadores de
Estado e do Df e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito”.
Portanto, chefes do executivo, se visam reeleição (para o mesmo cargo) não precisam abandoná-lo 6 meses
antes do pleito, mas se visam ser eleitos para outro cargo, tem que renunciar ao anterior pelo menos 6 meses
antes do pleito. O Alckmin que era Governador de São Paulo e agora vai concorrer a outro cargo (presidência da
República) tem que renunciar seis meses antes do pleito. Já o Lula que é candidato à reeleição não precisa
renunciar antes do pleito (desincopatibilização).

Em relação ao legislativo não se exige desincompatibilização como no executivo.

Os membros do legislativo (deputado ou senador), apenas se licenciam do seu cargo, concorre a um cargo do
executivo e, se não for eleito, volta para seu cargo no legislativo e cumpre o resto do seu mandato (ex: a
Senadora Heloisa Helena concorrendo à Presidência da República).

Com relação ao § 5º do art. 14 é interessante fazermos uma menção ao direito comparado americano, que tem
uma norma semelhante a essa, com uma importante diferença. Pela Constituição Americana, o Presidente
Americano só pode se reeleito uma única vez. Depois dessa reeleição, ele nunca mais pode ser eleito para a
Presidência da República, ou seja, ele é vitaliciamente inelegível. No Brasil O Presidente depois de reeleito, não
pode ser novamente reeleito para mandato subseqüente, mas pode ser eleito saltando uma eleição. Podemos ter
um Presidente da República no Brasil eleito 10, 15, 20 vezes. Isso acontece com qualquer chefe do executivo (ex:
Prefeito do RJ já foi eleito 3 x).

4.2.2) Vínculo de Afinidade, Casamento ou Parentesco:

Previsto no art.14 § 7º da CF: São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador
de Estado ou Território, do DF, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos sei meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

Obs.: onde está escrito substituído leia-se também sucedido.

Território de Jurisdição não significa território físico. A interpretação que a Jurisprudência dá hoje a território de
jurisdição é território para o mesmo tipo de pleito (para o mesmo tipo de pleito nacional, estadual e municipal).
Mesmo que esse pleito se realize num mesmo território físico. Ou seja, um filho de um Governador de Estado
pode se candidatar a prefeito de um município do mesmo Estado (o município pertence ao mesmo Estado, mas o
pleito é outro, um é estadual e o outro é municipal).

Esse parágrafo engloba três casos concretos:

1º Caso: Caso Garotinho► A cônjuge do ex-governador do Estado, Garotinho, concorreu ao mesmo cargo do
marido no mandato imediatamente posterior ao dele. Ela poderia ter sido eleita? Ela poderia ser candidata a sua
própria reeleição?

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Porque o STJ entendeu que a Rosinha era elegível, e no mesmo pleitoentendeu que o deputado Jorge Murad, cunhado do
governador do Maranhão era inelegível?

R: Pelo acórdão do TSE, o cônjuge, consangüíneo ou afim pode ser candidato para o mesmo cargo na eleição
subseqüente a do cônjuge, consangüíneo ou afim, desde que atendidas duas condições cumulativas: (1) Que o
titular tenha deixado o cargo seis meses antes do pleito (tenha havido desincompatibilização = renúncia); (2) Que
o titular esteja no seu primeiro mandato.

No Rio o Garotinho estava no seu primeiro mandato e renunciou a ele 6 mesesantes do pleito; então a sua cônjuge foi
considerada elegível. No Maranhão a governadora renunciou 6 meses antes do pleito, mas já estava no seu segundo mandato, pois
havia sido reeleita; portanto seu cunhado foi considerado inelegível.

Vai ser feito uma consulta ao TSE este mês de março, para ver se a GovernadoraRosinha é elegível para reeleição e se
seus parentes consangüíneos ou afins também oseriam. Se seguirmos o raciocínio do TSE no acórdão previamente citado, podemos
deduzir que ele negará a possibilidade da reeleição da Rosinha e de qualquer parente seu ou afim. A única interpretação possível para o
acórdão é que a Rosinha foi eleita como se o Garotinho tivesse sido reeleito. Se ele for eleito agora nesse pleito teríamos três mandatos
consecutivos desse núcleo familiar, o que é vedado constitucionalmente– perpetuação não pode. Portanto, agora, ela ele e
toda a família e afins são inelegíveis para o pleito estadual, poderiam se candidatar para o pleito municipal ou
federal.

Obs.: D. Marisa poderia se candidatar a pleito estadual ou municipal, mesmo Lula sendo candidato à reeleição a
Presidência; porque se tratam de pleitos diversos.

2º Caso: Caso Vizeu ► Vizeu é um Município do Pará, onde a prefeita que havia sido eleita e reeleita tinha união
homo afetiva (ou homo erótica) com outra senhora, que por sua vez, foi candidata à eleição de deputada. Poderia
ter sido candidata ou não, já que a vedação para o mesmo pleito, no caso estadual, fala em cônjuge, não citando
união estável (companheiro) e muito menos união homo afetiva (parceiro)? Qual é a extensão dessa
inelegibilidade? Poderia ser estendida tanto para a União estável quanto homo afetivo (interpretação extensiva da
Constituição)? A norma pretende impedir que apenas a família se mantenha no poder ou que pessoas que
possuam relação de afeto permaneçam no poder?

Obs.: O STJ, na opinião do professor Guilherme, falhou ao tratar a união homo afetiva como união estável,
porque a CF em seu art. 226 § 3º fala de “união estável entre homem e mulher como entidade familiar, devendo a
lei facilitar sua conversão em casamento”. Nos parece que a união afetiva merece a mesma tutela constitucional
que a união estável, só que a única falha do STJ foi atribuir a união afetiva a qualidade de união estável, por
serem ,como a própria constituição prova, coisas diversas. Não é união estável, porque a CF fala entre homem e
mulher e essa união não tem diversidade de sexos; e a união homo afetiva não pode ser convertida em
casamento, objetivo do § 3º, porque o código civil impede.

É interessante que se a esposa morre o marido continua tendo vínculo parental com os sogros. Essa relação não
se rompe com a morte do elo entre os dois, a esposa.

R: Segundo o STF estende-se o conceito de cônjuge compreende também o companheiro da união estável e o
parceiro da união homo afetiva. A vedação estende- se a todos. Interpretou o § 7º como união afetiva, mesmo
que essa união afetiva não gere vínculo familiar.

Politicamente a interpretação do STF foi perfeita, porque o que se quer impedir é aperpetuação do poder de
determinado núcleo de pessoas, que mantêm uma relação afetiva. Mas juridicamente a interpretação foi horrorosa (absurdo jurídico),
porque normas que restringem direitos (norma que restringe direito político – participar de pleito) só podem ser interpretadas
restritivamente e nunca extensivamente. E mais extensiva que essa interpretação do STF impossível!

https://www.primecursos.com.br/openlesson/10125/103443/ 9/10
28/12/2020 Estudando: Direito Eleitoral Básico | Prime Cursos

3º Caso: Caso de Ipubi: Ipubi é um município em que a prefeita eleita e reeleita. Em seu segundo mandato houve
separação judicial do marido, e o ex-marido passa a concorrer como candidato a prefeito; isso é fraude? Havendo
separação judicial ou divórcio no segundo mandato, trata-se de fraude eleitoral? Porque no segundo mandato o
cônjuge já é inelegível, salvo se o vínculo de casamento for desfeito. A presunção de fraude nesse caso é
absoluta ou relativa (admite prova em contrário)?

Obs.: O STF considerou inconstitucional a aplicação da Emenda 52 art.2º (fim da verticalização) para esse pleito.
O texto da Emenda é tão ruim que nela está disposto que a emenda se aplica a eleição de2002. Portanto nessa atual
eleição é obrigatório a verticalização: as Alianças federais devem ser repetidas em Estados e Municípios. Isso prejudicou o Garotinho
que queria sair como candidato a Presidência da República pelo PMDB, porque se o PMDB tiver candidatura própria para Presidente
terá que ter candidato próprio para todos os estados e municípios, prejudicando as alianças nesses locais.

Imaginemos que o Garotinho, por não poder ser mais candidato a Presidente, queira se candidatar ao Governo
do Rio, mas casado com Rosinha ele é inelegível. Então 6 meses antes do pleito eles se separam judicialmente.
Ele poderia se candidato. A presunção de fraude seria absoluta e relativa?

R: O STF quando julgou o caso Ipubi manteve sua jurisprudência numa parte e modificou em outra. Manteve a
seguinte parte: Separação de fato não rompe essa impossibilidade de elegibilidade, ou seja, os separados de fato
se mantêm inelegíveis,como se ainda casados fossem. Essa inelegibilidade continua até que haja separação judicial ou divorcio.
Não basta ter rompido o vínculo conjugal (separação de fato), e necessário o rompimento da sociedade conjugal.

Para o STF havendo separação judicial ou divorcio no 2º mandato, a presunçãode fraude à eleição é relativa, podendo
ser elidida por provas em contrário.

No caso de Ipubi a fraude foi elidida por dois motivos:

(1º) Havia prova nos autosque já havia separação de fato no fim do primeiro mandato da prefeita; portanto, fica claro, que não era
intenção deles separarem-se para viabilizar eleição (ela tinha naturalmente direito a reeleição e ele a eleição), ou seja, a separação não
tinha intenção de prejudicar o pleito;

(2º) O ex-marido concorreu à eleição com o sogro (que era inelegível por ser pai da prefeita reeleita, mas só foi candidato porque sua
candidatura não foi impugnada), eram os dois únicos candidatos à prefeitura de Ipubi, caracterizando que a separação não foi para
favorecer o ex-marido, já que prejudicaria o próprio pai, e que o núcleo familiar não estava disputando o pleito, posto que estivesse
dividido. Quem ganhou foi o sogro.

https://www.primecursos.com.br/openlesson/10125/103443/ 10/10

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