o Ao ser designado por D. Duarte o Por exemplo, nas constantes CONTEXTO A PROSA como cronista DO CRONISTAdo reino, Fernão interpelações ao leitor, pelo HISTÓRICO Lopes ficou responsável FERNÃO lOPES pela redação visualismo e pelo dinamismo, não das crónicas o GÉNERO de D.Predo Crónicae D.João I. o A crónica de D. João I diz respeito a podendoDE aquiTEXTO: deixar de ser referida As suas crónicas, medieval, género dado no de entanto não se um período marcado por tensões a importância aotradiçaõ rigor e à restringiram eà literária. historiográfica simples (relata complicação a políticas devido à crise económica e plasticidade da permonorização, de crisebem acontecimentos de 1883-1835) históri- cos, por social do seculo XIV. como ao uso expressivo de ordem cronológica pelo contrário, o ESTILO: o Com a morte do rei D. Fernando, figuras como a comparação e a nela se traduz - articulação ente aa articulações objetividadeentre e a surge um problema de sucessão.. enumeração. a oconsulta de fontes objetividade subjetividade: Por estas razões, Fernão e a investigação Lopes pode o É proclamada regente, sua mulher, original presente e crítica, no associada rigor a uma da ser cumulativamente encarado D. Leonor Teles, apoiada pelo visão global, interpretativa pormenorização e estética. como o 1º grande (descrições cronista e o 1º manipulador e “astucioso fidalgo Trata-se pois, com pormenorizadas de crónicas valor que garnde historiador português. galego” Conde Andeiro (pretende refletem nãoe só oinformativo); descritivo “historiador de anexar Portugal e Castela). méritos excecionais” subjetividade presente como também na o Álvaro Pais, toma a iniciativa de o “verdadeiro narrador apreciação crítica e emotiva dos artista, matar o Conde Andeiro, escolhendo preocupado factos com a beleza relatos (interrogação da forma e retórica, D. João, Mestre de Avis para essa não frase apenas com a verdade do exclamtiva). terefa e este aceita-a.. conteúdo” - coloquialismo: interpalação do o Em termos de tor conteúdo, a qualidade o Esquema de Álvaro Pais: à mesma interlocu- (narratário), de Fernão recorrendo Texto à 2ªLopesimporatnte pessoa é visivel, do pluralno ecaso à da hora que o Mestre fosse matar o crónica reprodução apóstrefe; de D.João I,denocantigasmodo como conde, a população seria alarmada (dado os atores individuais pela com a notícia de que no paço queriam populares; uso de e palavras/ coletivos são encontrados expressões professora) ao longo de sabor da narrativa: popular e/ou o matar o Mestre. Mestre entrou no cronista realça a atuação não apenas arcaizante. palácio com homens armados e matou o Conde, aparecendo à janela a - de atores individuais visualismo (com destaque, e dinamismo: Mestre deentre articulação Avis)planosmas também gerais a mostrar que escapou à suposta cilada, atuação da (focalização própria e população, da cidade dos atores que o que levou a multidão a aclamá-lo em age como coletivos que um neatodo, consciente intervêm) e da delírio “regedor e defensor do reino” importância planos de pormenor das (incidência suas liberdadesem e o Estes factos desencadeiam responsabilidades face e/ou à necessidade grupos de personagens em lavantamentos populares. O rei de de manutenção da idependência. situações particulares); recriação Castela cerca a cidade de Lisboa. o Aoacontecimentos nível da forma, a de prosaforma cronistíca dos o O Mestre de Avis (D. João I) é de Fernão dinâmica; empregoLopes destaca-se, de recursos aclamado rei de Portugal nas cortes essencialmen-que expresivos te, conferem pelo CAPÍTULO 11 : o Vozes Algumas questôes de bradam repentinamente, de ACLAMAÇÃO DO MESTRE dentro dointerpretação Paço, dizendo que o o O pagem do palácio vai a cavalo Mestre CARGA o oQUAL está vivo e que O POLOTICA RITMO D. João DA DO gritar ao povo que estão a matar o Fernandes EPISÓDIO. NARRATIVA? (Conde Andeiro) está Mestre de Avis nos Paços da rainha. morto. -Fernão -O ritmo da Lopes cria uma narrativa atmosfera é crescente até o Os populares da cidade, ao ouvirem o A ao favorável multidão momento à aclamação pede dapara ver odoMestre Aclamação, Mestre onde dese Avis ocomo e confirmar atinge reidadeação. , o Mestre clímax Portugal, mostra-se sendo à De seguida, tal notícia, alvoraçam-se e começam então janela, com parcial. queinivia-se adizendo Dispersão, está vivo um eritmo a servir-se das armas que têm à sua A expressão pois odescrescente, bem. “-U amatam euforiao do Mestre? povo disposição para acudir o Mestre.. Que deseja o O passa, povo éficando do Mestre? também Quem corradaestas a morte a “arraia-miúda” mais o Álvaro Pais já vem pronto para o portas” corresponde a um calma. regente “aleivosa” (adúltera), mascurto combate com uma “coifa” (parte da momento o IDENTIFICA Leonor Teles dee E diálogoseusemaliados os CARACTRERIZA que uma armadura que protegia a cabeça) e voz ATORES nãofugiridentificada reprsenta E a conseguem OS do Paço. INDIVIDUAIS um cavalo. multidão.sai o Mestre COLETIVOS. do Palácio, o Álvaro Pais traz outros fidalgos oA personagem coletiva -Os atores acompanhado decoletivos, Álvaro Pais e seus estáé o povo, armados que incitam a multidão a apresentada deaosforma anónima presente cavaleiros e em pedetodos os momentos. populares que com O ajudar o Mestre, pois era filho de D. recurso ator regressem aacasa, nomes individual comuns que pois coletivos jasefizeram destaca a na e Pedro (com D. Inês de Castro) a pronomesé que remetedopara a ideia suaconvocação parte. o Pagem Mestre, na o A multidão é tanta e tão ruidosa que de Momentos indeterminação (“a gente”,é movimentação e na doconcentração Relato circula pelas ruas principais e “outros”). Álvaro Pais e nao aclamação secundárias, atalhos e por onde passa o CONVOCAÇÃO: pagem doe na A expressão odispersão “Nom cabiam pelas é o Mestre. para chegar ao Paço, sempre com Mestre grita pela cidade que ruas oprincipaes, o RELACIONA mataram Mestre, oOS e atravessavam povo ESPAÇOS acode, Álvaro Pais à cabeça, dizendo que logares escusos, desejando cada uu FISICOS chegam a casa EM QUE de Álvaro DECORRE Pais. A matam o Mestre sem ele ter culpa de ser o COM primeiro” remetePaispara nada. AÇÃO o MOVIMENTAÇÃO: AS Álvaro PERSONAGENS e a movimentação QUE NELES SE rápida e precipitada MOVIMENTAM.. o Circula pelo povo a ideia de que fora o Pagem do Mestre saem com os do povo, aliada à ausência de D. Leonor Teles (com orientação do seus -Nas homens ruas da cidade e gritam de Lisboa pela cidade ponderação. o povo (personagem fidalgo galego com quem vivia, queencontramos é necessário acudir ao Mestre, O carácter ocoletiva) subjetivo e analítico do Conde Andeiro), mandara matar D. por ser filho edealguns D. Pedro. atores individuais cronista que interagem o CONCENTRAÇÃO: reflete-se com ono comentário o povo mesmo, como“eé junta- João Mestre de Avis. o era casotanta que eraPais. de Álvaro estranha Como cousa de espaço o Populares chegam ao palácio e veem se a Álvaro Pais e avança em se veer”temos o Palácio, que é um interior as portas fechadas, começam a gritar direção ao Paço. Para imprimir oespaço fechado, diferentes privado, ritmos onde se à pelo Mestre e a dizer que estão o MANIFESTAÇÃO: o povo chega encontra narrativa, o Mestre. o narrador recorre `a prontos a arrombar as portas ou a ao Paço e prepara-se para lá entrar. o POSSIÇÃO alternân-cia entre SUBTILmomentos DO de incendiar o Paço, já alguns populares o ACLAMAÇÃO: Mestre dirige-se à narração (rápido) e de-Quando NARRADOR. diálogoo vêm com escadas para subir às janela e mostra-se ao povo, sendo (lento) sugerindo cronista regista o acontecimentos carácter quase janelas e outros rodeiam por este aclamado (aplaudir com “cinematográfico” da escrita. históricos/factuais, apresenta ameaçadoramente o Paço. gritos de vitória) objetividade, nomeadamente quando o Armas de que se serve o povo: o DISPERSÃO: Mestre sai do Paço e afirma que Castela cercava Lisboa. Linguagem e estilo CAPÍTULO 115: o VISUALISMO E DINAMISMO: a o TRIBULAÇÕES Consideravam DA D. Leonor Teles movimen- tação e o sentir das massas adúltera (“aleivosa”) são-nos apresentados de uma forma o Para além CERCA ooOMestre povo estava disso é dito que estavam tãoaocontente poro ver todos deem Avis saber sintonia e que a rei deno pensar muito forte e real, quer através de oCaastela Mestredecidiu vivo, cercar que muitas até de bem comum, o que a ocidade recursos expressivos, como a choraram. Lisboa Estavam ordena que : todos muito a leva cronista comparação (“e assi como viuva que concluir o capítulo num tom alegres. -oselogioso. homens Comrecolhemefeito,a maior no parteo final, rei nom tinha”), quer através do apelo o Em “maravilha de veer”, o autor de cronista mantimentos possíveis, menciona a superioridade às sensações ou do uso de verbos de expressa a sua opinião -os do rei de Castela suas lavradores e as (“tamfamílias alto e mov. (subjetividade) entram na cidade cercada poderoso senhor como he elrei de com todos (“ A gente começou a sse juntar a o Oos povo desejava tanto que alguns o seus pertences Castela, com tamta (havendo multidam de elle, e era tanta (...) Nã cabiam pellas Mestre fosse neciam quegentes”), perma- o seu rei nas que lheuma vilas, ruas principaes, e atravessavam mas apenas com o pediam queordens: vezobjetivo apoiavam Castela) lagres escusos”, “Huuas vinham com de realçar a postura da o“-Que nos mandoes Começa-se a fazer,a senhor? preparar cidade de Lisboa que, perante defesa da um feixes de lenha, outras tragiam Que queresmuros cidade: que façamos?” (muralhas) e torres carqueyja”) adversário tão feroz, está (77) “guerrecida contra elle de gemtese e protegidas por “senhores Mais informação capitães”, darmas”. “fidalgos e cidadãoes (capitulo 11) honrados”, “besteiros e homens d Linguagem e estilo o SENSAÇÕES AUDITIVAS: ´armas. O Mestre mostra-se o REGISTO COLOQUIAL: evidente - Verbos como “bradar” preocupado com a guarda da cidade e nos apelos do leitor e no uso da 2ª -“Soaram as vozes do arroido” / “Ai ele próprio passa a revista durante a pessoa do plural, a transição da eram ouvidos broados de desvainadas noite (comportamento digno de cantiga ao reproduzir uma maneiras” / “era o arroido atam louvar). linguagem popular e carregada de grande que se nom entendiam uus o Fala-se depois da defesa ao nível das insinuações, contribiu também para com os outros” portas da cidade: quantas eram, quem o tom coloquial. o SENSAÇÕES VISUAIS: as vigiava e os cuidados que tinham o DISCRIÇÃO VIVA E - Verbos como “chorar” de ter. DINÂMICA: os preparativos de -“Se moveram todos com mãoa o Passava-se para a ribeira, zona onde defesa são apresenta- dos com armada” / “portas do Paço que eram foram construídas estacas para minúcia, redorrendo a pormenores carrados” impedir e/ou facultar a passagem dos (quantificação), o vocabulá- rio o Em “assi como viuva que rei nom castelhanos. téncico e a recursos expressivos, tiinha” era como se o povo fosse a o Ainda relativamente à defesa, refere- como a enumeração (“foram feitos mulher do Mestre (por o admirarem se a construção de um muro à volta fortes caramanchoões de madeira, tanto), e se o Mestre moresse o povo das muralhas da cidade e a ajuda as os quaaes eram bem fornecidos ficava viúvo. mulheres, que sem medo, apanham descudos e lamças e dardos e o O povo queria que o Mestre pedras pelas herdades e entoam beestas de torno”) e a adjetivação assegurasse o trono. cantigas a louvar Lisboa. o O povo achava que as portas do Paço o A prepósito da construção desse Algumas questôes de CAPÍTULO 148: FOME EM interpretação LISBOA o CONTEXTO HISTÓRICO A QUE o Estando a cidade cercadas, os o DEo O desespero QUE éFORMA tal que há Aaté SE REFEREM OS ACONT. mantimen- tos começaram a faltar RELATADOS. -Os rumores de que o Mestre AFIRMAÇÃO DAvai por causa da quantidade de pessoas acontecimentos relatados no capítulo expulsar da cidadeCOLETIVO CONSCIÊNCIA todos os que que estavam dentro das muralhas de referem-se ao cerco de Lisboa, foi ESTÁ não têmPRESETE que comer. Porém NESTE esse Lisboa alvo por parte do rei de Castela rumor é desmentido. EXCERTO.? - Na o Alguns procurarm alimentos fora da (1384). Tratava-se pois, de um o O capitulo atitude heroica termina com umque da população, forte cidade e iam de barco, à noite acontecimento referente à crise se prepara apelo ao para o cerco leitor, de forma da representante buscar trigo, correndo perigo. política de 1283-1385, que empenhada “geeraçam e valorosa, que depois consciente veo” e que o As esmolas também começaram a culminaria com a aclamação do da sua é responsabilidade na luta pela apelido de bem-aventurado, faltar e já não há como socorrer aos Mestre de Avis como rei de manutenção pois nãoda independência. teve que padecer os pobres. Então estabelece-se quem Portugal, 1385. sofrimentos descritos. deve ser posto Nota fora da cidade: as o REFERE AS DELIGÊNCIAS Tópicos de análise pessoas miseráveis, os que não o “O que formosa coisa de se ver!” é TOMADAS PARA PREPARAR A o Mais uma combatem , asvez,prostitutas o capítulo inicia-se e os DEFESA DO CERCO: -Para uma apóstrofe que demonstra com uma interpretação do leitor judeus. preparar a defesa do cerco, subjetividade. Era um grande (“Estando a os o Inicialmente, cidadecastelhanos assi cercada procedeu-se à recolha e à exército, com muitos homens e na maneira acolhem estas gentes,que mas ja quando ouviste”), preservação de mantimentos. Para diziam te conseguido cercar a atravésque percebem da qual tal atose estabelece se devia uma à alé disso, repararam-se muros da cidade de Lisboa, de modo a fome,ponte tambèmcomeles o capítulo anteriordoe se os expulsam cidadee as torres foram cobertas por defendê-la do inimigo. Diziam transmite seu acampamento. uma ideia de caramachoões e apetrechados com também, que há muito tempo que continuidade o Na cidade há carênciae de de ligação todo o tipo a um armas variadas. A sua guarda foi não se via um cerco tão grande e de dos centros nevrálgicos alimentos milho, da confinada a membros da nobreza. com tanta gente. (trigo, narrativa: vinho....). o cerco O preço dosde mesmos Lisboa.. é o EXPLICITA O VALOR o Mais elevado e,umaporvez, o protagonismo isso, hábitos é os texto EXPRESSIVO DA Delimitação do ENUMERAÇÃO (ultimo parágrafo) oalimentares das gentes 1ª PARTE: mudam dee atéLisboa preparativos hápara quem (ator a procure apenas1que coletivo) grãoes de trigo na - A enumeração evidencia a defesa (linhas a 8) vivem momentos o terra ou quempor atrozes beba tantada causa daáguafome queque quantidade e variedade de armas 2ª PARTE: defesa cidade acabeassola por morrer. a cidade, devido ao grande existentes na torre, vindas de origens (linhas 9 a 85) o A carne nº de e os pessoas ovos sãoque outros nela deversificadas (armas da cidad, de o 3ªPARTE: harmonia (linhas 86 a acolheram.. alimentos em falta, muito caros. senhores, de capitães). Sugere-se 91) o As ocrianças Num estilonão têm vivoo que comer e o e emotivo com este recurso expressivo, que andam pela cidade cronista a pedir, narra e asdescreve, mães devido ao empenho coletivo, a não pormenorizadamen-te o cidade estava bem preparada para o têm leite para os seus sofrimento da filhos e veem- a população: cerco iminente e confiante nos morrer. procura arriscada de trigo, à noite relativamente ao sucesso da defesa. o Toda a cidade está envolta num Tópicos de analise (continuação) o A imagem deste sofrimento torna-se ainda mais viva quando o cronista Linguagem e estilo apresenta pormenores, como por o RIGOR DO PORMENOR: exemplo, p preço exurbitante de patente, por exemplo, na alguns alimentos. descrição detalhada dos que o Perante este excerto, o narrador saíam à noite de barco e iam mostra-se solitário e pretende busucar trigo, na informação mesmo comover / sensibilizar os precisa sobre o preço de alguns leitores.. Por isso, dirige-lhes por alimentos. (parágrafo 5) mais do que uma vez, perguntas o CONJUNGAÇÃO DE PLANOS: retóricas carregadas de intensidade por um lado, é-nos dado um plano (destaque para a última ). geral da cidade (parágrafo 1), por o O Mestre de Avis aparece-nos neste outro lado são-nos apresentados capítulo como o chefe que tem de planos de pormenor, por exemplo, tomar decisões, algumas difíceis quando aa atenção se foca nos até, a bem da comunidade, como a pobres, nos que foram expulsos expulsão dos inaptos. Por outro da cidade, nos homens e moços lado, mostra-se solidário com as cheios de fome que esgravatavam suas gentes. a terra). Delimitação do texto o COLOQUIALISMO: muito o INTRODUÇÃO (llinha 2-10): evidente nas interrogações apresentação do contexto histórico retóricas e no uso do imperativo, em que se situam os acontecimentos no último parágrafo, combinado relatados, articulação com a com a comparação (“Hora informação apresentada no capítuo anterior. o DESENVOLVIMENTO (linha11- 81):apresen- tação de forma rigorosa e pormenoriza- da, dos acontecimentos relativos à falta de alimentos na cidade, durante o cerco. o CONCLUSÃO (linha 84-94): comentário final do cronista, focando a situação trágica da cidade durante o cerco.