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TRABALHO
autor
RICARDO MOTTA VAZ DE CARVALHO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2017
Conselho editorial roberto paes e gisele lima
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2017.
isbn: 978-85-5548-518-3
cdd 344.010269
1. O Processo do Trabalho 11
O processo do trabalho em face do CPC de 2015 17
Conflitos de competência 37
Partes e procuradores 38
Capacidade para ser parte, capacidade processual e capacidade
postulatória 38
Partes 39
Denominação 39
Deveres da parte e de terceiros 39
Procuradores 40
Prazos 47
Classificação 49
Quanto à publicidade 49
Quanto ao tempo 49
Citação 50
Via Postal 50
Edital 50
Oficial de Justiça 51
Meio Eletrônico 51
Intimação 51
Via postal ou por Oficial de Justiça 51
Intimação eletrônica 52
Intimação na audiência 52
Prazos processuais 52
Contagem do prazo 53
Princípios 56
Modalidades 57
A prova emprestada 66
As presunções jurídicas 67
As provas documentais 69
Provas periciais 69
Provas testemunhais 70
Procedimento de inquirição 71
Contradita 72
Inspeção judicial 72
Depoimento pessoal 72
As fases do processo 78
Pressupostos processuais 79
Condição da ação 80
Fases do processo 81
Audiência 86
Instrução 88
Da contestação 96
Defesa indireta processual 96
Da defesa de mérito 100
Do conteúdo de mérito 104
Reconvenção 105
Considerações gerais 105
Procedimento sumaríssimo
107
Capacidade 113
Interesse 114
Efeitos 118
Princípio da manutenção dos efeitos da sentença 118
Embargos 127
Prezados(as) alunos(as),
Bons estudos!
9
1
O Processo do
Trabalho
O Processo do Trabalho
Neste capítulo você estudará o conceito de Direito Processual do Trabalho, sua
natureza jurídica, seus princípios específicos, a organização da Justiça do Trabalho,
as devidas competências absolutas e relativas desta Justiça Especializada, assim
como atuam as partes e procuradores.
OBJETIVOS
• Identificar as peculiaridades do Processo do Trabalho e os critérios de aplicação subsidiá-
ria e supletiva do processo civil;
• Conhecer os métodos de solução dos conflitos trabalhistas;
• Analisar a organização e funcionamento da Justiça do Trabalho;
• Relacionar as regras de competência material, hierárquica e territorial e comparar com as
normas do processo civil;
• Entender como atuam as partes e procuradores nesta Justiça Especializada.
1 Na verdade a regulação das normas trabalhistas visava a proteção do trabalhador frente a dicotomia existente
entre força produtiva x capital. Desse modo a terminologia salvaguardar encontra-se equivocadamente indicando a
proteção do capitalismo, quando na verdade deveria proteger o trabalhador.
capítulo 1 • 12
Esse conflito metodológico no Direito, fazendo coabitar uma racionalidade
social em paralelo com uma racionalidade social, gerou, e ainda tem gerado, vários
problemas de afirmação e de efetividade para os direitos sociais
Nesta linha dos complicadores à aplicação concreta dos direitos sociais está
precisamente a integração dos estudos do processo do trabalho à linha dos estudos
do processo civil. Ora, o processo é instrumento de efetivação do direito material
e se o direito material ao qual o processo civil está voltado é o direito civil, com
uma lógica pretensamente liberal, é óbvio que o processo civil reflete esse senti-
mento. Estudar o processo do trabalho a partir dessa raiz é desconsiderar a própria
razão de afastar o direito do trabalho do direito civil, negando vida concreta aos
direitos trabalhistas.
Se o modelo capitalista concedeu a possibilidade do advento do direito do
trabalho, é mais que evidente que a instrumentalização desse direito não pode ser
feita pela lógica liberal que invade o processo civil.
Há, portanto, um enorme equívoco histórico e de metodologia em buscar
compreender o processo do trabalho a partir do processo civil. Mesmo partindo
da questionável divisão do Direito por ramos que não se comunicam a partir de
dois grandes grupos, o público e o privado, e, pior ainda, integrando o Direito
do Trabalho ao campo do direito privado (o que é um total absurdo, mas enfim),
o que se teria por consequência é o alinhamento do processo ao ramo do direito
material que lhe é correspondente de forma específica. Assim, mesmo com tais
pressupostos extremante reduzidos do alcance da atual fase do Direito o processo
do trabalho seria derivado do direito do trabalho e não do processo civil.
Claro que os estudos do processo evoluíram para a construção de um ramo
específico do Direito, o Direito Processual, mas se isso representou em uma época
um passo importante para construção de uma teoria voltada à melhor compreen-
são da atuação processual, desvinculada do direito material, essa preocupação dei-
xou de ser importante quando foram percebidos os riscos da consideração do
processo como ciência autônoma, compreendido como um fim em si mesmo,
retomando-se, então, o caráter instrumental do processo.
É importante não se perder a visão plena da relevância do processo como ins-
trumento de efetivação do direito material. Neste sentido, o processo do trabalho
só pode ser concebido como uma via de acesso à consagração das promessas do
Estado Social e, mais propriamente, do direito material do trabalho.
Claro que existem conquistas processuais importantes, para proteção dos ci-
dadãos do autoritarismo de Estado, estando entre elas, o contraditório, a ampla
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defesa, o juiz natural etc. Mas não se pode perder de vista que o conflito subja-
cente no processo do trabalho não se estabelece entre o cidadão e o Estado e sim
entre o capital e o trabalho que é assimétrico, em detrimento do trabalhador,
cumprindo ao Estado, precisamente, interferir nessa relação para impedir que o
poder econômico subjugue a condição humana dos trabalhadores.
A desigualdade da relação material, ademais, permite que o empregador tenha
aquilo que, na teoria processual, se denomina “autotutela”. Ou seja, o empregador
tem o poder de tutelar, por ato unilateral, o seu interesse, impondo ao empregado
determinados resultados fático-jurídicos. Se o empregado não comparece ao tra-
balho, o empregador desconta seu salário; se atrasa, mesma coisa. Se o empregado
age de modo que não atenda à expectativa do empregador este, mesmo que o di-
reito, em tese, não lhe permita fazê-lo, multa, adverte e até dispensa o empregado.
O empregador, portanto, não precisa da tutela do Estado para a satisfação de
seu interesse.
O mesmo, no entanto, não ocorre com o empregado, que diante da supres-
são de seus direitos, por ato do empregador, precisa, geralmente, se socorrer da
via processual.
Se os direitos trabalhistas são essencialmente direitos dos trabalhadores e se
o processo serve à efetivação desses direitos, resta evidenciado que o processo do
trabalho é muito mais facilmente visualizado como um instrumento a serviço da
classe trabalhadora. Trata-se de um instrumento pelo qual os trabalhadores tentam
fazer valer os direitos que entendem tenham sido suprimidos pelo empregador.
E se o processo do trabalho tem essa finalidade real, é evidente que os institu-
tos processuais trabalhistas não podem se constituir em empecilho ao propósito
do processo. Como facilitadores do acesso à ordem jurídica justa, e não como
obstáculos, os institutos processuais trabalhistas (petição inicial; distribuição do
ônus da prova; recursos; execução – hoje, cumprimento da sentença), devem ser
analisados e aplicados de modo a garantir a eficácia do Direito do Trabalho.
Para cumprimento dessa instrumentalidade não se pode ter resistência em
aplicar no processo do trabalho os princípios do Direito do Trabalho, que par-
tindo do reconhecimento da desigualdade material entre as partes, conferem ao
trabalhador uma racionalidade protetiva.Ora, se o Direito do Trabalho é protetivo
para conferir eficácia aos direitos e se os direitos trabalhistas, quando resistidos
pelo empregador, só se tornam efetivos pela via processual, é mais que evidente
que esta via, a do processo, deve se guiar pelos mesmos princípios extraídos da
capítulo 1 • 14
racionalidade protetiva, pois do contrário seria o mesmo que negar aos direitos
trabalhistas a possibilidade de realização concreta.
Por exemplo, se por incidência do princípio da irrenunciabilidade, o traba-
lhador não pode renunciar aos seus direitos, vez que um permissivo neste sentido
representaria a ineficácia plena dos direitos trabalhistas, dado o estado de depen-
dência e de submissão econômica do empregado frente ao poder do empregador,
caso se assumisse que no processo, porque ligado à lógica principiológica do pro-
cesso civil, o empregado, transformado em reclamante, pode renunciar aos seus
direitos, seria o mesmo que dizer que, de fato, o princípio da irrenunciabilidade
do Direito do Trabalho não é mais que uma solerte mentira.
O certo é que o processo do trabalho deve se guiar pelos mesmos princípios
que norteiam o Direito do Trabalho, cabendo ao juiz, como responsável pela dire-
ção do processo, imbuir-se dessa racionalidade, até porque não terá como separar,
mental e praticamente, as atuações no campo material e processual.
O processo do trabalho será tão eficiente, como instrumento de efetivação do
direito do trabalho, quanto for diligente o juiz no exercício de sua função de apli-
cador e construtor de um direito voltado à correção das injustiças e à promoção
da justiça social, sendo que a tanto está obrigado por determinação legal (vide, a
propósito, os artigos 8º, 9º e 765, da CLT).
Nesse contexto, o processo do trabalho não se volta apenas à solução do con-
flito no caso concreto, aplicando a norma ao fato. Impingi-lhe a obrigação de
implementar uma política judiciária destinada à correção da realidade, de modo a
impedir que novas agressões jurídicas, com mesmo potencial ofensivo, se realizem,
valendo lembrar que o Direito do Trabalho não é um direito individual (ainda que
a doutrina, de forma inadvertida lhe tenha cunhado esse título), constituindo,
isto sim, um arcabouço de regulação do modo de produção capitalista. O des-
cumprimento reiterado dos direitos trabalhistas desestabiliza toda a sociedade em
detrimento da própria economia.
Assim, impõe-se ao processo do trabalho não apenas conferir ao trabalhador
o que é seu por direito, na perspectiva individual, mas também gerar desestímulo
às práticas ilícitas (reincidentes) que promovam desajuste na concorrência geram
vantagem econômica indevida ao agressor, agridam a dignidade humana do tra-
balhador e tenham o potencial de provocar o rebaixamento da relevância social da
classe trabalhadora. Neste sentido, aliás, são expressos os artigos 832, § 1º. e 652,
“d”, da CLT.
capítulo 1 • 15
O Direito Material do Trabalho tem natureza profundamente diversa da dos
demais ramos do direito, porque imbuído de idealismo, não se limita a regular
a realidade da vida em sociedade, mas busca transformá-la, visando uma distri-
buição da renda nacional mais equânime e a melhoria da qualidade de vida dos
trabalhadores e de seus dependentes; por que os conflitos coletivos do trabalho in-
teressam a uma grande parcela da sociedade, e têm aspectos e repercussões sociais,
econômicos e políticos não alcançados, nem de longe, pelos litígios de outra na-
tureza; porque pressupõe a desigualdade das partes e, na tentativa de equipará-las,
outorga superioridade jurídica ao trabalhador, para compensar sua inferioridade
econômica e social diante do empregador; e porque diz respeito, é aplicado e vivi-
do pela maioria da população. O Direito Civil aproveita aos proprietários de bens;
o Direito Comercial, aos comerciantes; o Penal se aplica aos criminosos. Mas se
nem todos possuem bens, são comerciantes ou criminosos, praticamente todos
trabalham, e a maioria flagrante trabalha sob vínculo de subordinação.
O direito processual do trabalho é autônomo, pois tem campo, fundamentos
e princípios que não se confundem, ao menos em parte, com os princípios etc.,
pertinentes ao processo comum. O princípio segundo o qual o empregado goza
de mais privilégios no processo que o empregador, como se verifica, por exem-
plo, pela circunstância de fazer jus ao benefício da gratuidade processual sempre
que perceber até duas vezes o salário mínimo (não tendo outras fontes de renda
substanciais), de estar o empregador sujeito a depósito para efeito de recurso e o
empregado não, de poder este receber diferenças de salários oriundas de senten-
ças, acordo ou convenções coletivas mediante iniciativa de seu sindicato de classe,
que pode ajuizar a reclamação até mesmo sem consultar previamente a propósi-
to o associado, são peculiaridades do processo trabalhista. Outros princípios, já
consagrados pelo processo civil, apresentam características próprias no processo
trabalhista. Esta parte, inclusive, de uma premissa estranha ao processo civil, ou
seja, de que devem ser introduzidas facilidades e simplificações no processo para
atender-se à condição de economicamente fraco do empregado, de sua inferiori-
dade prática diante do empregador2.”
2 SOUTO MAIOR, Jorge Luiz . O conflito entre o novo CPC e o processo do trabalho. Disponível em:<http://
www.migalhas.com.br/arquivos/2015/7/art20150708-06.pdf>. Acesso em: 07 fev. 2017.
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O processo do trabalho em face do CPC de 2015
capítulo 1 • 17
15 do CPC/15, em face do que estatui o artigo 2º, §2º, da Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro (LINDB). Isso afasta também eventual alegação de
revogação tácita com fundamento no critério cronológico de solução de antino-
mias aparentes.
Isso porque, muito embora o CPC/15 tenha revogado expressamente o
CPC/73, o novo Código não revogou nem modificou a CLT, sendo a legislação
consolidada, neste ponto, norma especial que prevalece sobre norma geral, con-
soante o critério da especialidade adotado para a solução de conflitos das normas
jurídicas no tempo.
Além do mais, o TST entendeu haver plena compatibilidade das normas em
apreço, tanto que por força do disposto no artigo 1.046, §2º, do CPC/15, sus-
tenta-se a preservação das “disposições especiais dos procedimentos regulados em
outras leis”, dentre as quais sobressaem às normas especiais que disciplinam o
Direito Processual do Trabalho. Trata-se, no caso, da adoção de uma visão evo-
lutiva, sistemática ou ampliativa do processo trabalhista, o que para parcela da
doutrina privilegia a “teoria do diálogo das fontes”.
De outro norte, é bem verdade que a IN 39/2016 procurou identificar, neste
primeiro momento, apenas as questões mais polêmicas já enfrentadas pela dou-
trina e jurisprudência, além de outras consideradas inovadoras e relevantes para
efeito de se perquirir a respeito da compatibilidade ou não da aplicação subsidiária
ou supletiva do Código de Processo Civil de 2015 ao Processo do Trabalho.
Todavia, já existem críticas à própria constitucionalidade da IN 39/2016: A
violação aos princípios da separação dos poderes, da inércia da jurisdição e do
juiz natural (usurpação da competência do juiz natural); O desrespeito à própria
competência da União para legislar sobre direito processual (CF, artigo 22, I); E a
concessão de poder não atribuído constitucionalmente ao TST, que não detém a
legitimidade para editar instrução normativa para aprovar norma abstrata e gené-
rica (CF, artigo 111-A, § 1º).
Pensamento em sentido oposto, que parece caminhar melhor, sustenta que
a edição da regulamentação pelo TST se mostrou necessária. E isso, em verdade,
para se transmitir um mínimo de segurança jurídica aos jurisdicionados, com a
adoção de orientação a ser seguida pelos demais órgãos da Justiça do Trabalho.
Em sentido contrário, a IN 39/2016 passa a admitir no processo trabalhista
novidades como o “amicus curiae”, a distribuição dinâmica do ônus da prova, o
incidente de assunção de competência, o incidente de resolução de demandas re-
petitivas, a reclamação, a aplicação do princípio do contraditório substancial e da
capítulo 1 • 18
vedação à decisão surpresa, além do dever de fundamentação das decisões judiciais,
esses dois últimos com mitigações e adaptações trazidas na referida regulamentação.
Em conclusão, ficará a cargo do próprio TST, responsável pela uniformização
da jurisprudência, colmatar as inúmeras lacunas deixadas pela IN 39/2016, com o
propósito de conferir maior racionalidade ao sistema e, concomitantemente, velar
pelo respeito ao devido processo legal em sua acepção substancial3”.
capítulo 1 • 19
b) Princípio Inquisitório ou Inquisitivo:
Uma vez provocado, o juiz tem o poder-dever de prestar a jurisdição e solucio-
nar o mais rápido possível aquele conflito de forma justa e equânime, se utilizando
de todos os meios e diligências processuais possíveis e necessárias
Fundamentos jurídicos: Art. 765 da CLT, Art. 4º da Lei 5.584/70 (nos dissí-
dios de alçada, cujo valor da causa não ultrapasse 2 salários mínimos, caso as partes
não estejam acompanhadas de advogado, deve o juiz impulsionar o processo), Art.
852-D da CLT (no procedimento sumaríssimo, de valor da causa de no máximo
40 salários mínimos, o juiz deverá livrar o processo das provas meramente procras-
tinatórias), Art. 878 da CLT (execução trabalhista pode ser iniciada ex officio pelo
juiz; é uma característica específica da execução trabalhista).
d) Princípio da Oralidade:
Importância ainda maior no processo do trabalho é a prática dos atos proces-
suais por meio verbal. Materialização do Princípio:
Art. 846 da CLT: Primeira tentativa de conciliação logo após a abertura da primei-
ra sessão. Art. 850: Segunda proposta de conciliação, após a prática de todos os atos.
Art. 847 da CLT: Possibilidade da apresentação da defesa de maneira verbal
no prazo de vinte minutos (não é muito comum). A contestação, exceção e recon-
venção poderão ser apresentadas de maneira oral.
Art. 848 da CLT: Se refere ao depoimento pessoal das partes, dos quais o ma-
gistrado pode extrair a confissão.
Art. 795 da CLT: Protesto em audiência, muito comum em face de decisões
interlocutórias, das quais não cabe recurso.
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e) Princípio da Identidade Física do Juiz:
O juiz que instruiu o processo deve ser o que vai proferir a sentença.
A súmula 136 do TST estabelecia que o princípio da identidade física do juiz
não se aplicava ao processo do trabalho. No entanto, desde 2012 a referida súmula
foi cancelada pelo TST. Portanto, o princípio da identidade física do juiz passou
ser aplicado na seara laboral.
i) Princípio da Imparcialidade:
A pessoa tem o direito de ser julgada por um juiz imparcial, que não tenha
interesse nas partes ou no objeto do litígio.
Art. 10 da Declaração Universal dos Direitos do Homem
A constituição traz garantias e vedações aos magistrados na tentativa de evitar
parcialidade: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios (Art.
95 da CF/88).
capítulo 1 • 21
j) Princípio da Conciliação:
Art. 764 da CLT: Os dissídios individuais e coletivos submetidos a justiça do
trabalho serão SEMPRE sujeitos à conciliação.
Busca incansável do magistrado em alcançar uma solução conciliatória.
A primeira coisa que o juiz pergunta numa audiência é se há possibilidade
de acordo.
Art. 846 e 850: momentos da conciliação.
Art. 852-E (procedimento sumaríssimo): O juiz deve esclarecer às partes as
vantagens da conciliação.
Art. 831, parágrafo único: estabelece que, homologado o acordo de concilia-
ção, este passa a ser uma decisão irrecorrível para as partes.
Súmula 100, item 5, do TST: O acordo transita em julgado no momento da
homologação. Somente por ação rescisória as partes poderão tentar impugnar o
acordo homologado. Só não transita para a União, que defendendo o interesse
social, pode recorrer para fins de previdência (INSS).
m) Princípio da Proteção:
Possível tanto no Direito do Trabalho quanto no direito processual do trabalho.
Art. 844: reclamante falta na audiência, ação é arquivada, mas o trabalhador
poderá ajuizar nova reclamação trabalhista.
Súmula 212 do TST: Inversão do ônus da prova.
capítulo 1 • 22
Art. 651 da CLT: competência territorial: reclamação deverá ser proposta na
localidade de prestação de serviços, em regra.
p) Princípio da extrapetição:
O magistrado pode condenar o reclamado em pedidos que não constaram no
rol da inicial (Ex.: condenação em juros e correção monetária).
Art. 137, §§1º e 2º da CLT (juiz pode determinar as férias do trabalhador e
ao mesmo tempo pode condenar o empregador a uma multa).
Art. 467 da CLT: As parcelas incontroversas devem ser pagas em audiência,
sob pena de acréscimo de 50% pelo juiz.
Art. 496 e 497 da CLT: Na ação de reintegração, quando esta se tornar desa-
conselhável, o juiz poderá converter a reintegração em indenização, mesmo que a
parte não peça.
Portanto, o juiz pode condenar além da inicial, sem que se configure uma
sentença extra ou ultra-petita.
“A Justiça do Trabalho integra o Poder Judiciário, sendo uma das justiças fede-
rais especializadas, exercendo jurisdição em matéria de natureza trabalhista.
A Constituição Federal de 1988 manteve o modelo do sistema corporati-
vista prevendo como órgãos da Justiça do Trabalho as Juntas de Conciliação e
Julgamento compostas por um juiz togado e dois juízes classistas, sendo um repre-
sentante dos empregados e outro dos empregadores, conforme o que preceituado
no artigo 647, e alíneas, da CLT. No entanto, a Emenda Constitucional nº 24, de
9 de dezembro de 1999 extinguiu as Juntas de Conciliação e Julgamento com o
capítulo 1 • 23
escopo de retirar a representação classista da Justiça do Trabalho (até então exer-
cida pelos denominados "vogais"), criando, as Varas do Trabalho, personificadas
pelos Juízes do Trabalho.
Atualmente os órgãos da Justiça do Trabalho, conforme redação do artigo 111
da Constituição Federal são:
1. O Tribunal Superior do Trabalho
2. Os Tribunais Regionais do Trabalho
3. Os Juízes do Trabalho.
Varas do Trabalho
5 DIREITO Processual do Trabalho Justiça do Trabalho Organização e Competência. Disponível em: <http://www.
tecnolegis.com/estudo-dirigido/tecnico-judiciario-trt9-2010/direito-processual-do-trabalho-justica-do-trabalho-
organizacao-e-competencia.html>. Acesso em: 07 fev. 2017.
capítulo 1 • 24
Tribunais Regionais do Trabalho
Secretaria
capítulo 1 • 25
Diretor de Secretaria: dirige a secretaria preparando os despachos para o juiz,
cumprindo as determinações deste. (art. 712 da CLT)
Nos Tribunais Regionais também terão secretarias, dirigidas por um secretá-
rio. (art. 718 da CLT) O secretário, exercerá a mesma função que exerce o diretor
da secretaria da Vara, além de mandar os processos a conclusão do juiz presidente
e da organização e manutenção de um fichário de jurisprudência do tribunal para
consulta dos interessados.
Oficiais de Justiça
Distribuidor
Contadoria
capítulo 1 • 26
O MPT tem como “chefe” o Procurador Geral da Justiça do Trabalho. É um
dos ramos do Ministério Público da União.
O Procurador Geral do Trabalho é nomeado pelo Procurado Geral da
República entre os integrantes da Procuradoria com mais de 35 anos de idade e
cinco anos de carreira.
A Procuradoria Geral do Trabalho atua perante o TST, através do Procurador
Geral e dos subprocuradores-gerais.
Junto aos Tribunais Regionais funcionam as procuradorias Regionais do
Trabalho, compostas por procuradores regionais, nomeados por concurso público
de títulos e provas.
Todas as Procuradorias contam com os serviços de uma Secretaria6.”
Jurisdição é o poder que o juiz tem de dizer o direito nos casos concretos a
ele submetidos, pois está investido desse poder pelo Estado. “Insta salientar que
para o Direito a jurisdição é una e indivisível, entretanto esse poder decisório que
o magistrado tem deve ser repartido em competências para maior agilidade e fun-
cionamento do Judiciário Brasileiro.
Destarte, para imprimir eficiência e especialização da prestação jurisdicio-
nal foram criadas a Jurisdição Especial formada pela Justiça Trabalhista, Militar
e Eleitoral; a Jurisdição Comum composta pela Justiça Civil e Penal; a Jurisdição
Superior integrada pelos tribunais e a Inferior pelos órgãos de primeiro grau.
Assim, competência é parte da jurisdição que é conferida ao juiz pela Carta
Magna ou mediante lei, afim de que sejam dirimidas controvérsias em casos con-
cretos. Ao Juiz do Trabalho, por exemplo, é dada a competência para solucionar
causas trabalhistas conforme dispõe o art. 114 da Constituição Federal. Já à Justiça
Eleitoral compete regular todo o processo de eleições no país, que inclui alista-
mento eleitoral, cassação de registro de candidatos entre outros deveres.
Nota-se que a Constituição Federal ao atribuir a Justiça do Trabalho a com-
petência para julgar e processar os dissídios provenientes de relação de trabalho
abrangeu tanto os vínculos privados quanto os vínculos públicos de emprego o
que gerou uma incerteza quanto aos casos que seriam decididos pelos órgãos tipi-
camente trabalhistas.
6 ORGANIZAÇÃO da Justiça do Trabalho. Disponível em: <http://www.entendeudireito.com.br/2014/11/
organizacao-da-justica-do-trabalho.html>. Acesso em: 07 fev. 2017.
capítulo 1 • 27
Ora, o que se observa é que ao adotar o gênero relação de trabalho invés de
utilizar a espécie emprego, o dispositivo constitucional fez questão de frisar a si-
tuação daqueles trabalhadores que apesar de terem contratos de trabalho não pres-
tam atividade contínua e não são subordinados aos empregadores, como é o caso
do trabalhador temporário e trabalhador autônomo respectivamente. Porém, este
implemento serviu para regular também a situação dos denominados empregados
públicos, que apesar de prestarem serviços ao Estado, não são concursados, mas
apenas contratados pela Administração Pública para executar tais serviços. Nestes
casos o funcionário público tem relação estritamente trabalhista com o órgão ou
entidade da Administração Pública.
A Competência da Justiça Trabalhista foi repartida em razão das pessoas, da
matéria, do lugar e da função. A competência da Justiça Trabalhista em razão das
pessoas se configura no julgamento de controvérsias existentes entre trabalhadores
e empregadores. Já a competência em razão da matéria compreende questões susci-
tadas no âmbito trabalhista, excluídas relações de consumo, comerciais. Contudo,
a competência em razão do lugar institui a uma determinada Vara a apreciação
de litígios trabalhistas de acordo com o espaço geográfico pertinente. Por fim, a
competência funcional diz respeito ao exercício de tarefas específicas de cada juiz.
capítulo 1 • 28
Apesar dos avulsos não possuírem vínculo empregatício pela inexistência de
subordinação desses trabalhadores com o sindicato ou órgão de gestão de mão
de obra e muito menos com a empresa tomadora de serviços, estes são definidos
como trabalhadores, visto que realizam atividade física ou intelectual em favor de
outrem. Assim, é competente a Justiça do Trabalho também nesses casos.
Já quanto aos trabalhadores contratados por tempo determinado para aten-
der necessidade temporária de excepcional interesse público, a Justiça Trabalhista
é incompetente para julgar esses casos, pois seus contratos são de cunho admi-
nistrativo, regidos por leis especiais e dispensam o dever de licitar. No entanto,
os empregados de entidades paraestatais tais como empresas públicas, socieda-
des de economia mista e de suas subsidiárias resolverão suas questões perante o
Juiz do Trabalho, enquanto não for criado regime jurídico próprio dessas empre-
sas privadas dispondo sobre obrigações e direitos trabalhistas. (Vide art. 173 da
Constituição Federal)
A Súmula 158 do Tribunal Federal de Recursos discorre da mesma maneira:
“Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar reclamação contra empresa
privada, contratada para a prestação de serviços a administração pública.”.
Com relação aos funcionários de fundações e autarquias de direito público
estadual ou municipal será de competência da Justiça do Trabalho solucionar suas
reclamações, mas somente se adotarem o regime celetista (configurado pelo esta-
belecimento de contrato de trabalho, ausentes o concurso público e a estabilidade
proveniente de cargo público).
Também estará apto o Juiz Trabalhista para julgar reclamação de empregado
que teve o direito quanto ao quadro de carreira controvertido. Porém, não caberá à
apreciação da Jurisdição Especializada, os casos decorrentes de direitos e vantagens
estatutários no exercício de cargo em comissão.
Nas hipóteses em que os servidores públicos lato sensu são os sujeitos ativos
da reclamação trabalhista, há de se observar se estes correspondem a funcionários
públicos ou empregados públicos. Essa distinção é necessária porque, via de regra,
a expressão servidor público representa ambas as classes, sendo que funcionário
público é ocupante de cargo público, por conta de aprovação em concurso públi-
co de provas ou provas e títulos e regido por lei estatutária, não por contrato. Em
contraposição, empregado público é aquele que presta serviços a Administração
Pública mediante contrato de trabalho. Portanto, os empregados públicos serão
acolhidos pela Justiça do Trabalho diferentemente dos funcionários públicos.
capítulo 1 • 29
Alguns doutrinadores, como Mauro Schiavo (2010), não concordam com tal
posicionamento, pois consideram que todos os servidores públicos são emprega-
dos, estando presentes os elementos necessários ao vínculo empregatício, quais
sejam, a subordinação, onerosidade, habitualidade e pessoalidade na prestação de
serviços. Porém a Suprema Corte, órgão de cúpula maior do Judiciário, decidiu
d’outra forma, constatando a incompetência da justiça do trabalho para decidir
tais pleitos.
A Lei 8.112/90 instituiu o regime jurídico único (estatutário) para os servi-
dores públicos, nesse caso os funcionários públicos que foram nomeados depois
da vigência dessa lei não vão ter seus dissídios dirimidos pela Justiça Trabalhista,
porém quanto aos servidores que pleiteavam judicialmente por vantagens traba-
lhistas, anteriores à instituição dessa lei, estes terão seus processos julgados no
devido órgão, jurisdicional trabalhista (Vide Súmula 97 STJ).
Quanto à situação dos Cartórios Extrajudiciais que executam serviços nota-
riais e de registro prevê a Constituição Federal que são atividades exercidas em ca-
ráter privado e delegadas pelo Poder Público. (Constituição Federal, Vade Mecum
Rideel, 2009). Concomitantemente o art. 20 da Lei 8935/94 prevê que: “Os notá-
rios e os oficiais de registro poderão, para o desempenho de suas funções, contratar
escreventes, dentre eles escolhendo os substitutos, e auxiliares como empregados,
com remuneração livremente ajustada e sob o regime da legislação do trabalho”.
Dito isso, não resta dúvida que a competência para processar e julgar contro-
vérsias entre funcionários dos cartórios e seus titulares será da Justiça do Trabalho.
Por último, à Justiça Laboral também caberá a resolução de conflitos traba-
lhistas concernentes a atletas desportivos e seu respectivo time, tendo como requi-
sitos para tanto, o esgotamento de tentativas pela via administrativa e a ausência
de decisão após 60 dias.
capítulo 1 • 30
seriam avaliados os processos se constatados os elementos: pessoalidade, não even-
tualidade, subordinação e onerosidade. A Emenda Constitucional nº 45/2004
ampliou a competência do Juiz do Trabalho.
Desta forma, nos termos do dispositivo constitucional, compete a Justiça
Trabalhista, no âmbito material, processar e julgar: as ações que envolvam exer-
cício do direito de greve; as ações sobre representação sindical, entre sindicatos,
entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e empregadores; os mandados
de segurança, habeas corpus e habeas data quando o ato questionado envolver
matéria de sua jurisdição; os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição
trabalhista, ressalvado os conflitos de competência entre os tribunais superiores e
qualquer outro tribunal; as ações de indenização por dano moral ou patrimonial
decorrentes da relação de trabalho; as ações relativas às penalidades administrativas
impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; a
execução de ofício, das contribuições sociais arrecadadas pelos empregadores sobre
a folha de salários e demais rendimentos do trabalho, bem como das contribuições
dos segurados para custeio da Seguridade Social; outras controvérsias decorrentes
da relação de trabalho na forma da lei.
É importante ressaltar que quanto às contribuições sociais, a Justiça do
Trabalho somente será competente para ordenar sua retenção, não podendo exe-
cutá-las de fato. Percebe-se, também, que não há como considerar esse rol taxativo,
visto que o final do artigo supracitado alarga a possibilidade de discussão de outras
matérias provenientes da relação de trabalho. As Súmulas 389 e 300 do Tribunal
Superior do Trabalho, por exemplo, atribuem a Justiça Laboral a competência
para julgar demandas referentes à indenização pelo não fornecimento de guias de
seguro desemprego, assim como, ao não cadastramento do empregado no PIS.
Outrossim, a Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal prevê que
a Justiça do Trabalho é competente para julgar ações de indenização por danos
morais e patrimoniais que decorram de relação de trabalho, inclusas as questões
que ainda não tinham sido julgadas quando a Emenda Constitucional 45/2004
fora promulgada.
Vale dizer que a Justiça Laboral é responsável por julgar processos relativos a
danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho, que poderão ser
ajuizados pelo empregado ou pelos seus sucessores em face do empregador. Por
fim, cumpre destacar que a incompetência em razão da matéria é absoluta, sendo
capítulo 1 • 31
possível a sua arguição de ofício ou mediante requerimento das partes, a qualquer
tempo7.”
capítulo 1 • 32
Empregados Públicos Federais – antes de 88 eram julgados pela Justiça
Federal, e, depois, passaram a ser julgados pela Justiça do Trabalho. A partir da
Lei 8112/90, passaram a ser estatutários aqueles celetistas que trabalhavam para
União, autarquias e fundações públicas federais. Nesta ocasião, o vínculo de em-
prego mantido se rompeu e eles passaram a ter dois vínculos, um, celetista, que
deveria ser objeto de uma RT na Justiça do Trabalho e, outro, estatutário, que
deveria ser objeto de uma ação na Justiça Federal.
Súmula 97 STJ – estabelece a competência da Justiça do Trabalho para julgar
o pedido anterior ao regime jurídico único – Lei 8112/90.
Trabalhadores Temporários – artigo 37, inciso IX da CF/88. A Lei 8745/93
regrou a matéria a nível federal. Competência da Justiça do Trabalho se não hou-
ver lei específica ou seja alegada sua subversão – OJ 205 SDI 1 TST.
capítulo 1 • 33
Pré-contratação – Justiça do Trabalho (para Pinho Pedreira, Carrion, Campos
Batalha e Amauri Mascaro).
Justiça Comum – (para S.P. Martins e João de Lima Teixeira Filho. Rodolfo
Pamplona entende que é a Comum se não houve contratação depois ou se não
houve um pré-contrato escrito.)
Pós-contratação – Justiça do Trabalho (para João de Lima Teixeira Filho
Amauri, Tostes Malta, Campos Batalha e Pinho Pedreira). OBS – art. 466 CLT.
Justiça Comum (para S.P. Martins e Rodolfo Pamplona).
Dano reflexo – o dano ocorrido na esfera jurídica do herdeiro ou sucessor
como consequência do que se passou com o trabalhador. Há duas correntes.
(Justiça Comum x Justiça do Trabalho)
Complementação de Aposentadoria e de Pensão. OJ 26 SDI 1 e 106 SDI 1
do TST.
Previdência Aberta – Justiça comum
Previdência Fechada – Justiça do Trabalho. Posição de S.P. Martins, Carrion,
Russomano, Amauri e Campos Batalha.
TST tem duas súmulas sobre prescrição – 324 e 325
A competência funcional diz respeito à função que exerce cada juiz trabalhis-
ta. Na Justiça do Trabalho são distribuídos encargos aos diferentes órgãos, essas
atribuições são previstas pela Constituição Federal, pela Consolidação das Leis
Trabalhistas (lei complementar) e pelos regimentos internos de cada respecti-
vo Tribunal.
Essa modalidade de competência faz referência às funções típicas dos órgãos
trabalhistas especializados para solucionar controvérsias de caráter estritamen-
te trabalhista.
Os órgãos trabalhistas são compostos pelo juiz titular ou substituto das varas,
tribunais regionais, tribunal superior do trabalho, ministério público do trabalho,
ministro corregedor do Tribunal Superior do Trabalho. Ao juiz titular ou substi-
tuto, por exemplo, compete à execução das sentenças proferidas na vara, o despa-
cho dos recursos interpostos pelas partes, a concessão de liminar em reclamação
trabalhista nas hipóteses do art. 659 da Consolidação das Leis do Trabalho. Já aos
Juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho cabe a apreciação originária de ação
rescisória, mandado de segurança, matéria administrativa e conflitos de compe-
tência entre juízes ligados ao Tribunal Regional.
capítulo 1 • 34
Por sua vez, o Tribunal Superior do Trabalho é competente para julgar os re-
cursos de revista interpostos de decisões dos Tribunais Regionais do Trabalho, os
agravos de instrumento interpostos em razão de decisão do Presidente de Tribunal
Regional que negue seguimento a recurso de revista, os agravos regimentais e em-
bargos de declaração opostos a seus julgados.
O Ministério Público do Trabalho poderá manifestar-se em qualquer fase do
processo trabalhista, quando houver interesse público que justifique sua interven-
ção, propor ações necessárias para a defesa de menores, incapazes ou índios nas
relações trabalhistas, participar de instrução e conciliação em dissídios decorrentes
de paralisação de serviços e recorrer quando as decisões acarretarem violação da lei
ou constituição, atuar como árbitro nos dissídios trabalhistas, quando convocado
pelas partes.
O Ministro Corregedor do Tribunal Superior do Trabalho terá como atri-
buições inspecionar e apurar possíveis irregularidades cometidas no âmbito dos
Tribunais Regionais do Trabalho e decidir sobre atos praticados por Regionais e
seus Presidentes que atentarem a boa ordem processual.
capítulo 1 • 35
No entanto, essa regra disposta na constituição para privilegiar a parte hi-
possuficiente da relação, o empregado, comporta três exceções, a saber: quando
o empregado for agente ou viajante comercial; quando o empregado brasileiro
estiver trabalhando no estrangeiro e quando o empregador promove realização de
atividade fora do lugar do contrato.
Entende-se por viajante comercial, o empregado que presta serviço de vendas
em mais de um local, agindo em nome do empregador, sem se fixar em um local.
Nessa hipótese, terá competência para resolver a lide, a vara da localidade em que
a empresa tenha agência ou filial e, na falta será competente a Vara da localidade
em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima.
De acordo com o § 2º do art. 651 da Consolidação das Leis Trabalhistas a com-
petência das varas trabalhistas brasileiras estende-se nas situações onde ocorram dissí-
dios em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não
haja tratado internacional dispondo o contrário. Todavia, segundo a súmula 207 do
Tribunal Superior do Trabalho, mesmo tendo a vara trabalhista competência para so-
lucionar o conflito, será aplicada a legislação do país onde foi prestado o serviço.
A grande discussão que gira em torno dessa exceção à regra geral é a existência
da lei nº 7.064/82 que também regula a contratação e transferência de trabalha-
dores para prestar serviços no exterior. Essa legislação prevê que o empregado que
foi contratado por empresa com sede no Brasil para trabalhar no estrangeiro em
seu favor e os transferidos por empresa brasileira terão direito a legislação material
mais favorável. Nesses casos resta evidenciado o conflito de normas brasileiras.
Questiona-se qual a norma a se aplicar quando o empregado brasileiro é contrata-
do para trabalhar no exterior?
O ideal que a empresa tenha sede ou filial no Brasil para que se opere a aplica-
ção da legislação mais favorável, no caso a brasileira, pois se a empresa estrangeira
não tiver agência ou filial no Brasil, a citação terá de ser feita por Carta Rogatória
o que inviabilizará a propositura da reclamação, afinal a empresa internacional não
vai querer se submeter à decisão brasileira.
Por último, as empresas que promovem atividades fora do lugar do contrato
estão sujeitas ao ajuizamento, pelos empregados, de reclamações trabalhistas no
foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços. (Art.
651, §3º, Consolidação das Leis do Trabalho). Um exemplo que se encaixa perfei-
tamente nessa situação é a do motorista de ônibus que é contratado em Salvador,
para fazer a linha Salvador – Aracaju.
"Não se Admite o foro de Eleição no Processo do Trabalho."
capítulo 1 • 36
Conflitos de competência
capítulo 1 • 37
Partes e procuradores
§ Estar assistido pelo sindicato (ou seja, pelo Advogado daquele ente);
§ Receber até 2 (dois) salários mínimos ou, recebendo quantia superior, declarar não ter
condições de arcar com os custos do processo.
Na hipótese de assistência judiciária gratuita, serão devidos ao sindicato, caso a
pretensão do reclamante seja aceita, os honorários advocatícios de sucumbência,
conforme Súmula nº 219 do TST.
§ ATENÇÃO: a regra geral acerca dos honorários de sucumbência na Justiça do Tra-
balho não é a mera sucumbência, como no processo civil. A condenação, regra geral,
ao pagamento da parcela, somente surge quando presentes, ao mesmo tempo, os se-
guintes requisitos:
capítulo 1 • 38
Condenação do reclamado; Assistência judiciária gratuita.
§ ATENÇÃO: Na relação de emprego, a contratação de advogado particular excluiu a
condenação ao pagamento de honorários advocatícios de sucumbência, por ser neces-
sária a atuação do sindicato, o que não ocorre na relação de trabalho, já que a Súmula nº
219 do TST afirma que, nessa última hipótese, a regra é a mera sucumbência.
Partes
Denominação
capítulo 1 • 39
superior a 1% e inferior a 10%, calculada sobre o valor do pedido.. Isso é tanto
para o processo civil como para o processo do trabalho. Aplica-se uma multa de
valor fixo e caráter punitivo, visando a punir uma litigância de má de uma das
partes, A grande questão que se coloca em sede de direito processual do trabalho,
consiste em saber o seguinte: o reclamante geralmente é hipossuficiente, pessoa
desprovida de recursos. A pergunta é: cabe a aplicação da litigância de má fé em
desfavor do reclamante? A doutrina é uníssona no sentido de afirmar a aplicação
de tais medidas ao reclamante, desde que o juiz dose o valor em favor da realidade
econômica do reclamante.
Questão mais complicada, embora seja definida do ponto de vista legal, diz
respeito a litigância de má fé do advogado. Infelizmente, muitas vezes, a litigância
de má fé do empregado é motivada pelo advogado. Então surgem nessas situações
a possibilidade de se aplicar a litigância de má fé ao advogado, e não ao próprio re-
clamante, ou ao menos responder o advogado de forma solidária pela litigância de
má fé. O estatuto da OAB é expresso em dizer que os excessos do advogado serão
objeto de ressarcimento em ação própria. Não se pode imputar ao advogado a li-
tigância de má fé. Esse é o entendimento prevalecente no âmbito jurisprudencial.
Procuradores
capítulo 1 • 40
Súmula 395 do TST:
I - O instrumento de mandato precisa ter prazo determinado e cláusula estabelecen-
do a prevalência dos poderes para atuação do advogado até o final da demanda.
II – Esse item pressupõe a confiança do reclamante no advogado. O demandante
estabelece um prazo para a juntada da procuração aos autos. A juntada posterior a esse
prazo torna inválidos os atos praticados pelo advogado. Nesse caso, o advogado precisa
pedir uma nova procuração para o cliente.
Os atos praticados por advogado cujo instrumento de mandato não foi juntado
aos autos serão inválidos.
III – É direito do advogado substabelecer, independentemente de poderes específicos
para tanto.
IV – É direito do advogado substabelecer, mas não pode haver abusos. O substabele-
cimento não pode ser anterior à outorga dos poderes.
O advogado investido de mandato tácito não pode substabelecer!
OJ 200:
É inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito.
OJ 52:
A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas,
quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dis-
pensadas da juntada de instrumento de mandato.
OJ 255:
Não é condição de validade do instrumento de mandato a juntada dos atos constitutivos
da sociedade. Não é obrigatório a juntada dos atos constitutivos da sociedade.
No entanto, na procuração da empresa deve conter o nome da entidade outorgante dos
poderes (nome da empresa), nome do signatário da procuração. Ela pode juntar só a
procuração aos autos, que precisa ter esses 2 requisitos, mas repisa-se que não precisa
juntar os atos constitutivos.
OJ 255:
O art. 12, VI, do CPC não determina a exibição dos estatutos da empresa em juízo como
condição de validade do instrumento de mandato outorgado ao seu procurador, salvo se
houver impugnação da parte contrária.
Súmula 427 do TST:
Na procuração tem o nome de vários advogados a que são outorgados os poderes. A
parte junta a procuração, mas formula pedido para que as intimações e procurações
ocorram somente no nome de um deles (normalmente o dono do escritório). Se as
intimações forem feitas em nome de outro advogado, ainda que seu nome esteja na
procuração, essa comunicação será inválida, pois foi feito expresso pedido para serem
feitas em nome um único advogado diferente deste.
Exceção: se não houver prejuízo para as partes, essa comunicação poderá ser conside-
rada válida, mesmo que ocorra em nome de outro advogado diferente do que consta no
expresso pedido.
capítulo 1 • 41
Honorários advocatícios (súmulas nº 219 e 329 do tst)
capítulo 1 • 42
V – Em caso de assistência judiciária sindical ou de substituição processual
sindical, excetuados os processos em que a Fazenda Pública for parte, os ho-
norários advocatícios são devidos entre o mínimo de dez e o máximo de vinte
por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa (CPC de
2015, art. 85, § 2º)
VI – Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, aplicar-se-ão os per-
centuais específicos de honorários advocatícios contemplados no Código
de Processo Civil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 39ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
SARAIVA, Renato; LINHARES, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ª ed. São
Paulo: Jus Podivum, 2017.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª ed. São Paulo: LTr, 2017.
capítulo 1 • 43
capítulo 1 • 44
2
Processo de
conhecimento
trabalhista
Do processo de conhecimento trabalhista
Neste capítulo você estudará os atos, termos, prazos, PJe-JT- Processo Judicial
Eletrônico da Justiça do Trabalho e nulidades processuais. Estudará ainda as
Audiências Trabalhistas e o sistema de provas cabíveis na Justiça do Trabalho.
OBJETIVOS
• Atos, termos, prazos e nulidades processuais;
• Classificação;
• Comunicação dos atos;
• Prazos processuais e contagem dos prazos assim como os principais prazos trabalhistas;
• Nulidades processuais Conceito, espécies de vícios dos atos processuais, princípios e nu-
lidades no Processo do Trabalho.
• Fase probatória/Instrução Processual Ônus da prova no processo de trabalho. Meios de
prova, peculiaridades.
O art. 770 da Consolidação das Leis Trabalhistas inicia o assunto dizendo que
os atos processuais são públicos, salvo quando o interesse social permitir o con-
trário. Destaca-se que o conceito de "interesse social", embora subjetivo, pode ser
ilustrado com o assédio sexual e moral, por exemplo. São situações que demandam
a preservação das partes.
O mesmo dispositivo diz, ainda, que os atos deverão ser praticados entre às
6 e às 20 horas, em dias úteis. Portanto, LEMBRE-SE: para a prática de ATOS
PROCESSUAIS, SÁBADO É DIA ÚTIL. Lado outro, PARA A CONTAGEM
DE PRAZOS, SÁBADO NÃO É CONSIDERADO DIA ÚTIL.
O parágrafo único do art. 770 ressalva a hipótese de penhora em dia domingo
ou feriado quando expressamente autorizado pelo juiz. O termo "expressamente"
deve ser lembrado sempre! O servidor não poderá praticar a penhora em domingo
ou dia feriado "de ofício". O juiz precisa tê-lo autorizado para tanto.
Os arts. 771 a 773 da CLT tratará sobre os termos.
capítulo 2 • 46
A saber, atos diferem-se de termos, pois O TERMO É A REPRESENTAÇÃO
GRÁFICA DE UM ATO.
Art. 771 – Os atos e termos processuais poderão ser escritos a tinta, datilogra-
fados ou a carimbo.
Art. 772 – Os atos e termos processuais, que devam ser assinados pelas partes
interessadas, quando estas, por motivo justificado, não possam fazê-lo, serão firmados
a rogo, na presença de 2 (duas) testemunhas, sempre que não houver procurador legal-
mente constituído.
Art. 773 – Os termos relativos ao movimento dos processos constarão de simples
notas, datadas e rubricadas pelos secretários ou escrivães.
Prazos
capítulo 2 • 47
Atenção para a Súmula 262, também do TST, que teve redação alterada
em 2014.
SÚMULA N.º 262. PRAZO JUDICIAL. NOTIFICAÇÃO OU
INTIMAÇÃO EM SÁBADO. RECESSO FORENSE. (redação do item II alte-
rada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 19.05.2014).
I – Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primei-
ro dia útil imediato e a contagem, no subsequente.
II – O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do
Trabalho suspendem os prazos recursais.
Assim, a notificação recebida no sábado será considerada como recebida ape-
nas na segunda. "Finge-se" que não houve recebimento e o prazo é iniciado na
terça-feira (dia subsequente à segunda). Quanto ao inc. II, é necessário saber que o
recesso forense dura entre 20 de dezembro e 06 de janeiro, suspendendo os prazos
neste período.
A OJ 310 SDI-1 do TST trará os litisconsortes para este tópico.
LITISCONSORTES. PROCURADORES DISTINTOS. PRAZO EM
DOBRO. ART. 229, CAPUT E §§ 1o E 2o DO CPC DE 2015. ART. 191 DO
CPC DE 1973. INAPLICÁVEL AO PROCESSO DO TRABALHO. (atualizada
redação pela Resolução n. 208 do TST, de 19.04.2016.)
Inaplicável ao processo do trabalho a regra contida no art. 229, caput e §§ 1o
e 2o do CPC de 2015 (art. 191 do CPC de 1973) em razão de incompatibilidade
com a celeridade que lhe é inerente.
A Fazenda Pública, todavia, permanece com o prazo em dobro.
capítulo 2 • 48
No art. 841 da CLT tem-se que, protocolada a Reclamação na Secretaria da
Vara, esta deverá notificar a parte reclamada em 48 horas. Esta notificação é equi-
valente a citação do Processo Civil8.”
“Processo nada mais é do que um procedimento animado pelo contraditório.
Procedimento nada mais é do que o encadeamento de atos processuais.
Atos processuais são ações praticadas no decorrer do processo, podendo ser
realizados pelo Estado-juiz, pelas partes ou pelos auxiliares da justiça.
Classificação
Quanto à publicidade
• Regra: público;
• Exceção: segredo de justiça para preservar interesse social (CLT, art. 770)
Quanto ao tempo
capítulo 2 • 49
A comunicação dos atos processuais consiste no meio pelo qual se dá conhe-
cimento a alguém dos atos realizados no processo.
• Realizados entre juízos:
Carta de ordem – quando há hierarquia;
Carta precatória – de uma vara para outra, quando não há hierarquia;
Carta rogatória – comunicação entre o judiciário brasileiro e estrangeiro.
99 O novo CPC traz a Carta Arbitral.
Citação
Chamamento do réu para se defender (art. 238 do NCPC diz que é o chama-
mento do réu para a inclusão no processo.
Via Postal
Na fase de conhecimento a via postal é a regra. Não necessita ser pessoal (art.
841, CLT), basta ser encaminhada ao destinatário, independente de quem receba.
Súmula nº 16 do TST. Notificação
Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua
postagem. O seu não-recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo cons-
titui ônus de prova do destinatário.
Edital
capítulo 2 • 50
Oficial de Justiça
– Processo de execução (CLT, art. 880) – a regra é a citação por oficial de justiça;
– União (LC 73/93, arts. 35, 36 e 37) – por oficial de justiça;
– MPT (art. 84, IV da LC n. 75/93) – por oficial de justiça.
Meio Eletrônico
Intimação
Para terceiros e partes se manifestarem nos autos (art. 269 ao 275, CPC);
– Diário oficial;
– Na pessoa do advogado constituído;
– Mais de um advogado e pedido expresso de intimação exclusivamente em
nome de um advogado, a intimação em nome de outro é nula (Súmula 427 do
TST);- MPT – intimação pessoal e nos autos.
– “Jus postulandi” – ou por via postal ou oficial de justiça (não admite Edital,
a não ser que tenha advogado);
– Quando o juiz determinar.
capítulo 2 • 51
Intimação eletrônica
Intimação na audiência
Prazos processuais
capítulo 2 • 52
Contagem do prazo
Interrupção
capítulo 2 • 53
Suspensão
Prazos diferenciados
capítulo 2 • 54
Das nulidades no processo do trabalho
Nulidade é vício ou defeito dos atos processuais. Para que ocorra um vício ou
defeito dos atos processuais, algum requisito de validade desse ato processual, vai
se perder. Os requisitos exigidos para que o ato seja válido são: capacidade do su-
jeito; objeto lícito e possível; manifestação livre de vontade; forma prescrita ou não
defesa em lei. O vício vai se dar pela ausência, fuga ou desobediência de algum
desses elementos. Ausente qualquer um desses, o ato se torna viciado. A nulidade,
o vício gera o prejuízo para o outro.
“Nulidade é a sanção determinada pela lei, que priva o ato jurídico de seus
efeitos normais, em razão do descumprimento das formas mencionadas na nor-
ma jurídica.
capítulo 2 • 55
Princípios
capítulo 2 • 56
– Princípio do prejuízo: prevê que não havendo prejuízo processual à parte,
a nulidade poderá ser desconsiderada.
– Princípio da convalidação: conforme previsto no artigo 795 da CLT, "as
nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais de-
verão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos".
Diante do exposto, resta claro que se as partes não a arguirem, tal nulidade deverá
ser convalidada.
Modalidades
capítulo 2 • 57
Já o artigo 796, a da CLT dispõe que a nulidade não deverá ser pronunciada
se possível à reparação da falta ou a repetição do ato, em virtude da economia pro-
cessual. Por exemplo, a fim de não ter o processo tido por nulo, sendo extinto sem
julgamento de mérito, o menor de 18 anos poderá suprir sua incapacidade trazen-
do em uma próxima audiência o responsável legal para acompanhá-lo em juízo.
A alínea b do artigo 796 da CLT, por sua vez, prescreve que a nulidade não
poderá ser pronunciada quando arguida por quem lhe tiver dado causa. Sendo
assim, caso a parte tenha dado origem a uma suspeição, por exemplo, não poderá
requerer aplicação de tal nulidade, posto que estaria se beneficiando de sua própria
torpeza.
O artigo 797 da CLT institui que "o juiz ou Tribunal que pronunciar a nuli-
dade declarará os atos a que ela se estende". Desta forma, resta claro que os atos
não afetados pela nulidade deverão ser aproveitados, em virtude da economia pro-
cessual. Sendo assim, cabe ao juiz indicar, no despacho ou na decisão, o número
das folhas do processo em que restaram considerados nulos os atos praticados.
Por fim, o artigo 798 da CLT decreta que "a nulidade do ato não prejudicará
senão os posteriores que dele dependam ou sejam consequência". Com isso, fica
demonstrado que tal artigo se assenta no princípio da utilidade, pois prevê que os
atos válidos praticados depois do ato nulo, desde que com ele não guarde relação,
deverão ser considerados.
Deverá ser pronunciada pelo juiz a nulidade apresentada no processo até sua
sentença. Estando o processo em fase recursal, tal nulidade deverá ser pronunciada
pelo tribunal ou pela turma, havendo provocação da parte neste sentido ou de
ofício, se consoante a norma de ordem pública. Se a nulidade existir na execução,
por sua vez, deverá ser declarada pelo juiz competente para tanto10.”
Classificação
capítulo 2 • 58
reclamante é um vício pequeno que pode ser corrigido, não vai gerar prejuízo para
a parte contrária).
Atos inexistentes: não geram efeito. Exemplo: contestação sem assinar.
Sentença sem assinatura do juiz.
Nulidades: são os vícios com a deformidade grande, sendo necessária a inter-
veniência, para que a nulidade seja sanada.
Irregularidade sem consequência: pequenos erros materiais que podem ser
sanados. Um equívoco na contestação, que não gere muita consequência.
Irregularidades que geram sanção extraprocessual: Exemplo: advogado
retirar o processo no fórum, permanecendo com o mesmo por mais tempo do
que o permitido. É o chamado “embargo de gaveta”. Visando enrolar o processo,
protelar o tempo, ele fica com o processo até ser intimado para devolver os autos,
mediante busca e apreensão. Se ele não devolve ou o juiz percebe que ele está
protelando o feito maliciosamente, o juiz pode tomar providência extraprocessual,
que é oficiar a OAB para que sejam tomadas providências administrativas contra
o advogado. Gera sanção extraprocessual.
capítulo 2 • 59
arguiu a nulidade da sentença, por cerceio de defesa (porque aquela testemunha
seria indispensável para sua prova). A sentença será anulada. Aquele ato processual
(a sentença) será nulo, e por consequência, haverá a invalidação do ato, sendo
necessária a oitiva da testemunha, e sendo proferida nova sentença.
Outras considerações: O sistema de nulidades do Processo do Trabalho é regi-
do por alguns princípios estampados na norma. Um não está na CLT (Princípio
da Instrumentalidade artigos 188, 248 do CPC), os outros, estão na CLT (artigos
794 a 798).
capítulo 2 • 60
contra ele, comparece à audiência na data e hora marcadas, e apresenta sua defesa.
Se ele compareceu à audiência, não há que se falar em nulidade.
4. Princípio do Interesse (artigo 796. Alínea “b” CLT): A nulidade não será
pronunciada quando arguida por quem lhe tiver dado causa. Ou seja, eu não pos-
so usar a meu favor uma irregularidade, uma prática, que eu provoquei. Não posso
arguir a meu favor, nulidade que eu dei causa.
5. Princípio da Utilidade (artigo 798 CLT): a nulidade do ato não prejudicará
os posteriores que dele dependam, ou sejam, consequências.
6. O artigo 797 da CLT é uma complementação do artigo 798 da CLT, assim,
trata do Princípio da Utilidade: O juiz ou tribunal que pronunciar a nulidade
declara os atos a que ele se estende, para que vai servir aquela nulidade, preservan-
do aquilo que foi feito de forma correta. No processo do trabalho, o prazo para
interpor recurso e/ou contra razões, é de oito dias11.”
Introdução
Conceito de prova
11 MELO FILGUEIRAS, Anna Carolina. Nulidades Processuais. Disponível em: <http://domtotal.com/direito/
pagina/detalhe/32775/nulidades-processuais>. Acesso em: 07 fev. 2017.
capítulo 2 • 61
dos dados que lhe são oferecidos e dos que pode procurar por si mesmo nos casos
em que está autorizado a proceder de ofício.
Existem cinco tendências que procuram mostrar a natureza do direito pro-
batório. A primeira teoria é a da prova como fenômeno de direito material. A
segunda é a teoria da prova como fenômeno de natureza mista, material e proces-
sual, considerando que há normas que regulam a prova fora do processo para fins
extraprocessuais e outras normas dirigidas ao juiz para que as aplique no processo.
Já a terceira teoria é a da natureza unicamente processual das normas sobre
provas, uma vez que são destinadas ao convencimento do juiz. A quarta teoria é
a da divisão das normas sobre prova em dois ramos, cada qual com sua natureza
própria, processual ou material, A quinta teoria é a das normas sobre provas per-
tencentes ao denominado direito judicial, assim entendido o direito que tenha por
objeto uma relação jurídica existente entre a justiça estatal e o indivíduo.
Princípios
capítulo 2 • 62
No que tange ao princípio da igualdade de oportunidade de prova, este ga-
rante às partes idêntica oportunidade para pedir a realização de uma prova ou de
exercitá-la.
Há também o princípio da legalidade, em decorrência do qual, se a lei prevê
uma forma específica para a produção da prova, ela não pode ser produzida de
outra maneira.
Com relação ao princípio da imediação, esse significa que não só a direção
da prova pelo juiz, mas a sua intervenção direta na instrução probatória, é mais
facilitada quando o processo é fundado na oralidade, como no caso trabalhista.
Por fim, temos o princípio da obrigatoriedade de prova, segundo o qual, sendo
a prova de interesse não só das partes, mas também do Estado, que quer o esclareci-
mento da verdade, as partes podem ser compelidas pelo juiz a apresentar no processo
determinada prova, sofrendo sanções no caso de omissão, especialmente as presun-
ções que passam a militar contra aquele que se omitiu e a favor de quem solicitou.
capítulo 2 • 63
O sistema da livre apreciação da prova, ampliativo da liberdade do juiz, é
aquele que confia a avaliação da prova ao prudente arbítrio do juiz, segundo a sua
íntima convicção, sem determinações sobre o significado ou o valor de cada prova.
Apenas, por cautela, exige, do juiz, a fundamentação, na decisão, das razões que o
levaram a atribuir a uma prova determinado valor e não outro.
Esse sistema está incorporado ao processo na França, Alemanha, Áustria,
Itália, Argentina, Estados Unidos, Inglaterra entre outros. Também o processo
brasileiro o acolhe e o juiz julga segundo a sua livre convicção, sem qualquer tarifa
de provas pela lei.
Ônus da prova
capítulo 2 • 64
comum que amplie essa inversão contra o empregado, sobretudo no que diz res-
peito à confissão ficta por
O princípio geral em matéria processual de que quem afirma um fato deve
prová-lo, presume a igualdade real e positiva das partes intervenientes na causa.
Esse princípio é quebrado por processos trabalhistas pela presumida desigualdade
econômica dos disputantes. No processo trabalhista rege a inversão probatória,
mas não em caráter absoluto, e somente nos casos taxativamente estabelecidos
pela lei, quando o empregador tem a seu cargo prestações impostas pela lei que se
reclamam e não tenham sido cumpridas.
Com base na experiência dos tribunais, surgiram algumas diretrizes, daí pode-
se falar em princípios de distribuição e presunções. Sobre distribuição do ônus
da prova os tribunais decidem que é do empregador o ônus da prova do fato
impeditivo, modificativo ou extintivo da equiparação salarial (TST, Súmula 6,
VIII), com o que é do empregado a prova dos fatos constitutivos; seguidas essas
regras, o empregado tem o ônus da prova da prestação de trabalho de igual valor
ao do paradigma, para a mesma empresa, na mesma localidade, e ao empregador
cabe demonstrar que paga igual salário ou, no caso de diferença salarial entre o
reclamante e o paradigma, a justificação por meio da prova da diferença de tempo
de função superior a dois anos, da diversidade de perfeição técnica ou da diferente
produtividade entre os dois empregados.
Quanto a presunções decidem os tribunais (Súmula 212) que o ônus de pro-
var o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviços
e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação
de emprego constitui presunção favorável ao empregado. Presume-se recebida a
notificação quarenta e oito horas depois da sua regular expedição. O seu não-re-
cebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constituem ônus de prova do
destinatário (TST, Súmula 16).
A prova da existência da relação de emprego é do empregado, porém, quando
o reclamado nega o vínculo de emprego e afirma que o trabalho foi prestado a
outro título, por se tratar de prestação de serviços autônomos, de empreitada, de
arrendamento, de parceria ou meação etc., ao reclamado cabe o ônus da prova. A
justa causa é demonstrada pelo empregador; desse modo, quando alega abandono
de emprego, incluído em nossa lei (CLT, art. 482) dentre as justas causas, cabe ao
empregador a prova do abandono.
capítulo 2 • 65
Fatos que não necessitam de prova
A prova emprestada
12 CASSEPP, Alexandre Azambuja. A Prova no Processo do Trabalho. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 25 mar.
2013. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.42601&seo=1>. Acesso em: 7 fev.
2017.
capítulo 2 • 66
de serviços, e em casos em que seja oportunizado o contraditório, para que a parte
contrária na relação processual possa se manifestar quanto à produção da prova.
Nesse sentido, um exemplo atual de utilização de prova emprestada na Justiça
do Trabalho.
Trabalho diz respeito à utilização de prova pericial emprestada nos casos em
que ocorra a desativação ou desaparecimento do local de trabalho. A esse respeito,
é possível observar a redação da OJ 278 da SDI-1 do TST, a qual estabelece que
“a realização de perícia é obrigatória para a verificação de insalubridade. Quando
não for possível sua realização, como em caso de fechamento da empresa, poderá
o julgador utilizar-se de outros meios de prova”.
Portanto, deve se ter presente a ideia central de que a utilização de provas
emprestadas encontra-se perfeitamente aceitável na seara trabalhista, bem como
nos demais ramos do direito. Contudo, sua utilização deve sempre atender aos
princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.
As presunções jurídicas
capítulo 2 • 67
Dessa forma, fica evidenciada a relevância jurídica atribuída às presunções
através desses exemplos práticos de sua incidência. Ademais, a distinção acerca de
sua relatividade ou não é o ponto central que deve sempre ser observado, especial-
mente na esfera trabalhista, a qual se configura como objeto do presente estudo.
5.4. Valoração da prova
De acordo com o sistema de valoração de provas do livre convencimento mo-
tivado, o qual vigora em nosso ordenamento jurídico, o juiz possui ampla liberda-
de para valoração da prova em observância ao princípio da persuasão racional O
artigo 765 da CLT estabelece que “os juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla
liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, po-
dendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas”.
Da mesma forma, o CPC corrobora esse entendimento ao disciplinar que “o
juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes
dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os
motivos que Ihe formaram o convencimento”.
Sendo assim, depreende-se que não há, no ordenamento jurídico brasileiro,
qualquer regra acerca da valoração da prova feita pelo magistrado, ficando este
apenas adstrito as provas presentes nos autos, sem possibilidade de julgar de acor-
do com sua íntima convicção.
Não obstante, existem situações que podem acabar trazendo dúvidas ao jul-
gador enquanto na apreciação da prova. Diante de tal situação faz-se necessária
observação de alguns critérios norteadores para a valoração da prova por parte do
magistrado, conforme assevera a melhor doutrina, quais sejam: aplicação do prin-
cípio in dúbio pro operário no processo trabalhista, não aplicação do princípio in
dúbio pro operário e total observância de decisão contra quem detinha o ônus da
prova e aplicação do princípio da persuasão racional.
Deste modo que diante dessas três possibilidades supra referidas, o entendi-
mento jurisprudencial majoritário é no sentido de não aplicação do princípio in
dúbio pro operário ao processo do trabalho, devendo o juiz decidir em casos de
dúvidas quanto à apreciação da prova, contra a parte que detinha o ônus da prova,
conforme o julgado que se segue:
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. PROVA ORAL
DIVIDIDA. DECISÃO DESFAVORÁVEL À PARTE QUE DETÉM O
ÔNUSPROBATÓRIO. Considerando a máxima da igualdade de tratamen-
to dos litigantes e a inaplicabilidade do princípio in dubio pro operário em
matéria probatória, necessário concluir que, havendo prova dividida sobre
capítulo 2 • 68
o dano moral alegado na petição inicial, o juízo deve decidir contra a parte
detentora do ônus probatório, e por consequência, impõe-se o indeferimen-
to da indenização postulada. (TRT-4 - Recurso Ordinário RO nº 0000711-
77.2011.5.04.0003 RS). Relator João Alfredo Borges Antunes de Miranda.
Data de publicação: 14/11/2013. [16].
Depreende-se, portanto, através da análise do julgado do TRT da 4ª Região,
que a valoração das provas, no processo do trabalho, deve atender aos princípios
do livre convencimento motivado e da persuasão racional. Sendo assim, torna-se
inaplicável o princípio do in dúbio pro operário ao processo trabalhista, devendo o
magistrado, em casos de dúvida, proceder seu julgamento contra a parte detentora
do ônus da prova.
As provas documentais
Provas periciais
capítulo 2 • 69
prova seja avaliada a partir de conhecimentos técnicos e científicos, conforme pre-
leciona o artigo 156 do CPC.
A CLT previa a produção de provas periciais em seu artigo 826, no qual cada
parte poderia escolher seu perito, que apenas prestava o compromisso com a ver-
dade. Todavia este dispositivo foi revogado pela Lei nº 5.584/1970, passando esta
a vigorar no ordenamento jurídico com a seguinte redação:
Art. 3º Os exames periciais serão realizados por perito único designado pelo
Juiz, que fixará o prazo para entrega do laudo.
Parágrafo único. Permitir-se-á a cada parte a indicação de um assistente, cujo
laudo terá que ser apresentado no mesmo prazo assinado para o perito, sob pena
de ser desentranhado dos autos.
Tal medida vem para que não haja divergência nas provas, o que traria confu-
são ao juiz e com isso dificuldade para julgar o caso. Sendo assim, para evitar que
haja parcialidade na produção de alguns tipos de prova, sempre que possível, os
peritos devem ser agentes do Estado, conforme descreve Lei:
Quando se tratar de exame que tenha por objeto a autenticidade ou falsi-
dade de documento (v.g., exame grafotécnico), bem como matéria de natureza
médico-legal, a escolha do perito deverá recair preferencialmente entre os ser-
vidores públicos que exerçam os correspondentes cargos técnicos nos órgãos da
Administração Pública.
Por vezes uma das partes pede que seja realizada prova pericial, todavia se o
juiz avaliar que tal prova não se faz necessária ou que será impossível produzi-la, e
até mesmo quando o elemento probatório for tão nítido que não se faz necessário
conhecimento técnico para percebê-lo, o juiz poderá indeferir o pedido de perícia,
conforme descrito no Código de Processo Civil, em seu artigo 464.
Provas testemunhais
capítulo 2 • 70
Art. 228 do código civil
Não podem ser admitidos como testemunhas:
I – Os menores de dezesseis anos;
II – Aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, não tiverem dis-
cernimento para a prática dos atos da vida civil;
III – Os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa
dos sentidos que lhes faltam;
IV – O interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes;
V – Os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro
grau de alguma das partes, por consanguinidade, ou afinidade.
Parágrafo único. Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz ad-
mitir o depoimento das pessoas a que se refere este artigo.
O parágrafo único desse dispositivo deve ser lido com destaque, pois, em
alguns casos o juiz pode abrir uma exceção e aceitar os citados anteriormente
como testemunhas.
O art. 829 da CLT prevê que o testemunho de parente até o terceiro grau civil,
amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes não terá eficácia, sendo que seu
depoimento valerá como simples informação. Porém, cumpre salientar nosso en-
tendimento de que é um tanto difícil a definição e comprovação de ‘amigo íntimo’
e ‘inimigo íntimo13’.”
Procedimento de inquirição
13 ESPÍNDULA, Francislara Delfino de Souza e Leandro dos Santos. PROVAS NO PROCESSO DO TRABALHO[1].
Revista Páginas de Direito, Porto Alegre, ano 15, nº 1282, 29 de outubro de 2015. Disponível em: http://www.tex.
pro.br/index.php/artigos/318-artigos-out-2015/7410-provas-no-processo-do-trabalho-1. Acesso em: 7 fev. 2017.
capítulo 2 • 71
As testemunhas devem comparecer à audiência independentemente de inti-
mação. Se convidadas, não comparecerem, as partes requerem ao juízo a intima-
ção judicial. Se ainda assim não comparecerem, são conduzidas coercitivamente.
Contradita
Inspeção judicial
Depoimento pessoal
capítulo 2 • 72
O depoimento pessoal do reclamante e do representante da reclamada é a
prova a ser requerida pela parte adversa, visando extrair confissão. No mínimo,
acontece uma tentativa de esclarecer as alegações feitas nas peças escritas. As de-
clarações prestadas em juízo sobrepõem-se às argumentações feitas na inicial e
na contestação.
O objetivo principal da tomada de depoimento pessoal das partes é a obten-
ção de confissão, que é a principal prova. A confissão é o reconhecimento de que
são verdadeiros os fatos alegados pela parte contrária. A confissão real é absoluta.
Diante dela, não cabe ao juiz perquirir da desimcumbência do ônus da prova;
deve acatá-la como determinante; deve ser considerada por inteiro, pois é indivi-
sível não podendo ser aceita para beneficiar uma das partes e rejeitada no que lhe
for desfavorável.
A confissão suposta ou ficta, por sua vez, é relativa. Prevalecerá enquanto não
houver elementos conflitantes nos autos, já que se trata apenas de uma presunção
de veracidade dos fatos alegados pela outra parte. Um exemplo disso é quando a
parte não comparece à audiência em que deveria prestar seu depoimento pessoal
ou, se comparecendo, recuse-se a responder ou afirme ignorar os fatos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 39ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
SARAIVA, Renato; LINHARES, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ª ed. São
Paulo: Jus Podivum, 2017.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª ed. São Paulo: LTr, 2017.
capítulo 2 • 73
capítulo 2 • 74
3
Dissídio Individual
e o Processo do
Trabalho
Dissídio Individual e o Processo do Trabalho
Neste capítulo você estará apto a identificar a existência de procedimentos
trabalhistas comuns e especiais. Ciente de que o objeto do estudo serão os pro-
cedimentos comuns: sumário/ações de alçada, sumaríssimo e ordinário, com
suas regras e peculiaridades. E, ainda, as regras sobre a audiência trabalhista,
momento oportuno de apresentação da defesa por parte da reclamada nas suas
três modalidades.
OBJETIVOS
• Procedimentos sumário ou Ações de Alçada, sumaríssimo e ordinário;
• Requisitos da petição inicial e pressupostos processuais;
• Audiência. Comparecimento das partes. Ausência do Reclamante: arquivamento;
• Ausência da Reclamada: revelia e confissão. Proposta conciliatória;
• Defesa do reclamado. Contestação. Exceção. Reconvenção.
capítulo 3 • 76
Nas causas até 40 salários mínimos a ação tramitará pelo rito sumaríssimo, com
audiência uma, onde umas das partes não pode pertencer à Administração Pública.
O dissídio individual especial ou inquérito judicial é uma modalidade de ação
trabalhista que objetiva apuração de falta grave atribuída a empregado estável,
para a rescisão judicial do contrato de trabalho. É um dissídio privativo de empre-
gador, o requerente15.
O Processo do Trabalho também admite outras ações tipicamente cíveis e regu-
lamentadas por Leis Especiais, como as Ações Possessórias, Ação de Consignação
em Pagamento, Ação Rescisória, Mandado de Segurança etc.
• Dissídios Individuais
A reclamação trabalhista é distribuída a uma Vara do Trabalho. O Juiz, antes
mesmo de analisar a demanda, propõe uma conciliação entre as partes. Assim
determina a lei.
Frustrada a negociação, será analisada a questão e prolatada a sentença.
Da sentença proferida pelo Juiz, cabe recurso para o Tribunal Regional do
Trabalho – TRT, 2ª instância, que o julgará em uma de suas Turmas.
No TRT, a decisão (sentença) passa a ser conhecida por acórdão.
Do acórdão regional, cabe recurso para o TST. Trata-se de recurso técnico que de-
pende de uma análise prévia, pela Presidência do TRT, para ser encaminhado ao TST.
Há ainda, entre esses recursos, outros, conhecidos como recursos internos, tais
como embargos declaratórios, embargos etc.
Esgotados todos os recursos, a última decisão transita em julgado, ou seja,
torna-se definitiva e irrecorrível.
Após, os autos do processo retornam à Vara de origem, onde tem início uma
nova fase: a execução. Nessa fase são elaborados os cálculos, para que se pague o
que é devido à parte vencedora.
• Dissídios Coletivos
Os Dissídios Coletivos são ações ajuizadas pelos Sindicatos, Federações ou
Confederações, para defesa dos interesses de seus filiados.
Os Dissídios Coletivos podem ter origem no TRT, quando o regulamento
da empresa tiver observância em área territorial que não exceda a jurisdição do
Tribunal Regional, ou no TST (originário), quando esse regulamento for de âm-
bito nacional.
15 <https://professorpaulocesar.blogspot.com.br/2014/04/dissidio-individual-e-o-processo-do.html>.,
capítulo 3 • 77
Instaurado o Dissídio Coletivo no TRT, o Presidente da Corte, ou seu Vice,
fará tantas reuniões conciliatórias quantas necessárias. Em não havendo acordo,
esse dissídio virá para o TST como Recurso Ordinário em Dissídio Coletivo.
Instaurado no TST, ultrapassada a fase conciliatória, haverá sorteio do relator,
que o levará a julgamento na Sessão Especializada em Dissídios Coletivos.
A decisão do Dissídio Coletivo que verse sobre novas condições de trabalho
poderá ser estendida a todos os empregados da mesma categoria profissional, repre-
sentada pelo sindicato autor, desde que compreendida na jurisdição do Tribunal16.
As fases do processo
16 <http://www.tst.jus.br/web/acesso-a-informacao/justica-do-trabalho>.
capítulo 3 • 78
Classificação do Dissídio Individual
– Segundo os sujeitos:
Dissídio individual simples: envolve como autor um empregado, e como réu
um ou mais empregadores.
Dissídio individual plúrimo: é o litisconsórcio de dois ou mais emprega-
dos agindo contra um ou mais empregadores. Caracteriza-se pela pluralidade
de autores.
– Segundo o procedimento:
Dissídio individual comum ou ordinário: são aqueles que seguem o rito pre-
visto p/ o processo individual geral.
– Dissídios individuais especiais: existem em 4 espécies:
1. Procedimento descrito na L. 5.584/70, em seus art. 2º, §3º e §4º, cabível
nos processos de alçada, ou seja, aqueles que possuem valor da causa até dois
salários mínimos. DISCUTÍVEL SE REVOGADO TACITAMENTE PELA L.
9.957/2000.
2. Rito sumaríssimo: instituído através da L. 9.957/2000, cabível em causas de
até 40 salários mínimos.
3. Inquérito p/ apuração de falta grave17
4. Medidas cautelares e especiais do CPC: A CLT não possui cautelares descritas
em seu texto. Possui medidas de antecipação de tutela (sustação liminar de trans-
ferência de empregado e reintegração de empregado dirigente sindical). Assim, as
medidas cautelares e os procedimentos especiais previstos no CPC, quando com-
patíveis, são aplicáveis na Justiça do Trabalho.
Antes de se analisar os procedimentos, cumpre verificar os pressupostos pro-
cessuais e as condições da ação.
Pressupostos processuais
capítulo 3 • 79
Os pressupostos processuais objetivos extrínsecos (negativos, porque impe-
dem o exame do mérito) dizem respeito aos fatos impeditivos do exame sobre o
mérito. Ex. perempção, compromisso arbitral, coisa julgada, litispendência
Os pressupostos processuais subjetivos dizem respeito aos sujeitos principais
da relação processual (juiz e partes). São eles:
1. Quanto ao juiz:
a) Que se trate de órgão estatal investido de jurisdição;
b) Que o juiz tenha competência originária ou adquirida;
c) Que o juiz seja imparcial (desimpedido e insuspeito).
2. Quanto às partes:
a) Que tenham capacidade de ser parte (isto é, que sejam titulares de di-
reitos e obrigações, possuindo capacidade jurídica. Ou seja: que tenham
capacidade para figurar num dos polos da relação processual). Têm capa-
cidade de ser parte as pessoas naturais (inclusive o nascituro), as pessoas
jurídicas e as pessoas formais (ex.: massa falida, herança jacente ou vacante
e o espólio).
b) Que tenham capacidade processual (ou seja: que possuam capacidade
de estar em juízo, isto é, que possam exercer direitos e deveres processuais e
praticar de forma válida os atos processuais).
Ex.: o absolutamente incapaz é titular de direitos (tem capacidade de
ser parte) mas não pode, por si, agir no processo (não tem capacidade de
praticar atos processualmente válidos; ou seja: não tem capacidade proces-
sual), devendo atuar por meio dos representantes legais.
c) Que tenham capacidade de postular em juízo (ou seja: as partes devem
participar da relação processual através de quem tenha direito de postular
em juízo Advogados; jus postulandi na Justiça do Trabalho).
Condição da ação
capítulo 3 • 80
São condições da ação:
– Possibilidade jurídica do pedido – sua falta conduz à inépcia da petição
inicial, podendo resultar no seu indeferimento liminar. Não importa saber se o
autor é ou não titular da pretensão de direito material que afirma e invoca na ação;
importa saber se esse direito, em abstrato, está ou não amparado pelo sistema ju-
rídico, ou, se constante do ordenamento, está proibida a providência pretendida.
– Legitimidade (ou legitimação) para a causa (ou legitimatio ad causam) -
Legitimação para a causa é a possibilidade jurídica de se afirmar titular da preten-
são de direito material. Sendo a ação um direito abstrato de agir, e sendo a relação
processual autônoma, distinta da relação de direito material, não é necessário que
o titular da ação seja, verdadeiramente, o titular do direito material. A norma é de
direito processual e apenas por coincidência poderá haver identidade entre o titu-
lar do direito material e o titular da ação, embora isso ocorra na maioria dos casos.
– Interesse processual – O Estado está obrigado à prestação jurisdicional. Só
deve prestá-la, contudo, se for necessária ou útil a sua intervenção18.
Fases do processo
Fase Postulatória
Ao pleitear na Justiça do Trabalho, a pessoa natural concede o mandato (ins-
trumento materializado pela procuração) ao advogado para que este possa atuar
em todas as fases do processo. Cabe registrar, neste momento, a figura da assis-
tência judiciária para todo trabalhador pobre, prestada pelo sindicato da categoria
profissional a que pertencer o obreiro, cujo diploma legal é a Lei nº 5.584/70. A
condição de hipossuficiência do obreiro está configurada se o mesmo declarar de
18 <http://www.professorleonepereira.com.br/arquivos/_questoes.pdf>.
capítulo 3 • 81
próprio punho que é pobre, importando a falsa declaração na aplicação das penas
da lei, inexistindo necessidade de comprovação de tal condição. O sindicato atua
por meio de seu advogado na postulação dos direitos de seu filiado.
O artigo 791 da CLT inseriu o IUS POSTULANDI na Justiça do Trabalho,
permitindo que empregado e empregador reclamem sem a necessidade de advo-
gado até o final do processo. O TST editou a Súmula 425 para limitar o uso desta
faculdade nesta Justiça Especializada, onde a presença do Advogado será necessária
para a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de
competência do Tribunal Superior do Trabalho.
Na fase postulatória, o advogado, ao elaborar a petição inicial, observará os
seguintes requisitos:
I. O Juiz ou Tribunal, a que é dirigida;
II. Os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do
reclamante e do reclamado;
III. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV. O pedido com as suas especificações;
V. As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados;
VI. O valor da causa;
VII. O pedido de notificação do reclamado.
Fase Conciliatória
Na fase conciliatória (audiência inaugural), o Juiz exortará as partes para con-
ciliarem os seus objetivos com o fim de terminarem o litígio. Isto ocorrendo, será
lavrada nos autos do processo uma sentença homologada que delimitará a mani-
festação de vontade dos contraentes e extinguirá o processo.
A fase conciliatória é constantemente perseguida na Justiça do Trabalho, po-
dendo haver a conciliação sempre que as partes assim desejarem. Caso não ocorra
ajuste de vontades, o Juiz receberá do reclamado a peça denominada contestação,
onde o titular do polo passivo nega item por item do pedido inicial, aduzindo para
tanto as devidas fundamentações. A negativa na contestação não pode ser genéri-
ca existindo a necessidade processual de se contestar cada item da peça exordial.
O diploma celetista autoriza o réu a proceder sua defesa de forma oral, pois este
princípio é a pedra de toque na Justiça do Trabalho.
capítulo 3 • 82
Objeções que podem ser levantadas
Podem ser levantadas diversas objeções antes da discussão do mérito, tendo
como fim demonstrar ao Juiz que o processo em questão pode ser extinto. Tais
preliminares são19:
I. Inexistência ou nulidade de citação;
II. Inépcia da petição inicial;
III. Litispendência;
IV. Coisa julgada;
V. Conexão;
VI. Carência da ação;
VII. Continência.
capítulo 3 • 83
quantidade de três, sendo que, no caso de inquérito para apuração de falta grave
praticada pelo empregado, o número sobe para seis.
Fase Instrutória
Na fase instrutória, as provas podem ser produzidas nas formas: documentais,
testemunhais e periciais. O autor ordena o pensamento jurídico processual traba-
lhista, louvando-se, subsidiariamente, na parte processual civil que oferece amparo
legal para tal entendimento. Seguem os artigos do Código de Processo Civil:
O art. 332 orienta que “todos os meios legais, bem como os moralmente legí-
timos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade
dos fatos, em que se funda a ação ou defesa”. A literalidade do art. 334 do Código
de Processo Civil é inequívoca, pois não dependem de prova os fatos:
I. Notórios;
II. Afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III. Admitidos, no processo, como incontroversos;
IV. Em cujo favor milita a presunção legal de existência ou veracidade.
Fase Decisória
Na sentença, fase decisória serão conhecidas as bases que irão compor as for-
mas de cálculos para encontrarmos o total da condenação a ser paga pela par-
te perdedora.
Fase Recursal
Após prolatada a Sentença, as partes sucumbentes poderão interpor recurso
para a instância superior, geralmente no prazo de 8 dias, salvo se o recurso for de
natureza processual comum, quando então terá prazo específico. Após a realização
dos juízos de admissibilidade recursal, onde se verificará a presença de todos os
pressupostos extrínsecos e intrínsecos recursais, o recorrido será intimado para
apresentar contrarrazões no mesmo prazo (art. 6º, Lei 5.584/70), quando então o
recurso será enviado para apreciação e julgamento na instância superior.
capítulo 3 • 84
Fase Executória
Na fase executória, o Juiz notificará ao perdedor quanto ao valor devido e
determinará que efetue o pagamento ao vencedor em 48 (quarenta e oito) horas
ou oferecer bens à penhora.
Ação Trabalhista – pode ser escrita ou verbal – Artigos 786 e 787 da CLT
– Art. 840, §1º, CLT (Observar requisitos do art. 319, CPC). Tem que ser por es-
crito: Inquérito para apuração de falta grave (art. 853 da CLT) Dissídios Coletivos
(art. 856 da CLT). A ação trabalhista escrita deverá ser formulada em duas vias e
desde logo acompanhada dos documentos em que se fundar – art. 787 da CLT
(Sumaríssimo = todas as provas serão produzidas em audiência, ainda que não
requeridas previamente); A reclamação verbal será reduzida a termo.
Ação Trabalhista – processamento – Art. 841, CLT – “Recebida e protoco-
lada a reclamação, o escrivão ou chefe de Secretaria, dentro de 48 horas, remeterá
a segunda via da petição ou termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo,
para comparecer à audiência de julgamento, que será a primeira desimpedida,
depois de cinco dias”. NOTIFICAÇÃO – O Reclamado será notificado (citado)
via postal. Se criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á
a notificação por edital. – O Reclamante será notificado no ato da apresentação da
reclamação ou por notificação postal.
Art. 765, CLT “Os juízos e Tribunais terão ampla liberdade na direção do pro-
cesso e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar diligências
necessárias ao esclarecimento delas
Art. 769, CLT “Nos casos OMISSOS, o direito processual comum será
fonte subsidiária do processo do trabalho, EXCETO naquilo em que for
INCOMPATÍVEL com as normas desse título”
AUDIÊNCIA UNA/ÚNICA: (Art. 849, CLT e Art. 852-C, CLT)
Art. 843, caput, CLT – “Na audiência de julgamento deverão estar presen-
tes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento dos
seus representantes, salvo nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de
Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato
de sua categoria”.
capítulo 3 • 85
Representação das partes em audiência:
Revelia e confissão da matéria de fato (art. 844 da CLT). Art. 844, par. Único,
CLT – ocorrendo motivo relevante, poderá o presidente suspender o julgamento
designando nova audiência.
Audiência
capítulo 3 • 86
Fase Inicial (A.c.i.j. )
Rte. Presente ⇒ Rda. Ausente = Revelia e Confissão da Matéria Fática
Rte. Presente ⇒ Rda Presente = Tentativa de Conciliação *
Rte. Ausente ⇒ Arquivamento FIM
Tentativa de Conciliação:
Rito Ordinário: 1ª tentativa = abertura da audiência (art. 846, CLT).
Última tentativa = após apresentação das razões finais das partes (art. 850,
CLT).
Rito Sumaríssimo Em qualquer fase da audiência (art. 852-E da CLT)
Fase Conciliatória:
Art. 764, caput, CLT – Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à
apreciação da Justiça do Trabalho serão SEMPRE sujeitos à conciliação.
• 3º, CLT – É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo,
ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório
– S. 418, TST – “A concessão de liminar ou a homologação de acordo cons-
tituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do
mandado de segurança”.
Art. 831, p. único, CLT – No caso de conciliação, o termo que for lavrado
valerá como decisão irrecorrível (para as partes), salvo para a Previdência Social
(União), quanto às contribuições que lhe forem devidas.
– Art. 832, §3º, CLT – “As decisões cognitivas ou homologatórias deverão
SEMPRE indicar a natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou
acordo homologado, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo
recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso”.
Termo de Conciliação:
– Art. 832, §4º, CLT – A União será intimada das decisões homologatórias de
acordos que contenham parcela indenizatória, facultada a interposição de recurso
(recurso ordinário – fase de conhecimento / agravo de petição – fase de execução –
no prazo de 16 (dezesseis) dias – DL 779/69), relativo aos tributos que lhe forem
devidos. – Art. 831, P. Único, CLT – O acordo para as partes transita em julgado
na data da homologação. (S. 100, V, TST) e só poderá ser desconstituída por ação
rescisória – S. 259, TST.
capítulo 3 • 87
– Art. 832, §6º, CLT – O acordo celebrado após o trânsito em julgado da sen-
tença ou após a elaboração dos cálculos de liquidação de sentença não prejudicará
os créditos da União.
Instrução
capítulo 3 • 88
Ônus da prova:
Autor: Cumpre o ônus de provar o fato constitutivo do direito alegado. (art.
373, I do CPC c/c art. 818 da CLT).
Réu: Tem o ônus de provar os fatos modificativos, impeditivos e extintivos do
direito do autor (art. 373, II do CPC c/c art. 818 da CLT).
Prova Documental:
Documento é todo objeto, produto de ato humano, que representa a outro
fato ou a um objeto. O documento oferecido como prova deve ser exibido no ori-
ginal ou em certidão autenticada, exceto em se tratando de documentos comuns
às partes.
OJ 36, SDI -I, TST. INSTRUMENTO NORMATIVO. CÓPIA NÃO
AUTENTICADA. DOCUMENTO COMUM ÀS PARTES. VALIDADE – O ins-
trumento normativo em cópia não autenticada possui valor probante, desde que não
haja impugnação ao seu conteúdo, eis que se trata de documento comum às partes.
Art. 830: O documento em cópia oferecido para prova poderá ser declarado
autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. Parágrafo único
Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu será intimada para
apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao serventuário
competente proceder à conferência e certificar a conformidade entre esses documentos.
” (NR – Lei 11925 de 17 /04 /09 )
Os documentos que estão com o reclamante, devem ser juntados na inicial
(art. 787 da CLT) e os que estiverem com o reclamado devem acompanhar a de-
fesa (art. 396 do CPC). Em fase recursal, a juntada de documentos só é admitida
excepcionalmente.
Súm. 8 do TST JUNTADA DE DOCUMENTO “ A juntada de documentos
na fase recursal só se justifica quando provado o justo impedimento para sua oportuna
apresentação ou se referir a fato posterior à sentença. ”
Lei 9 .800 /99 – fac -símile para prática de atos processuais – 5 dias para juntar
o original. Súm. 387 TST.
Instrução:
Meios de prova: Depoimento pessoal x interrogatório. – Art. 848 da CLT
– diz que: “terminada a defesa, seguir-se – á a instrução do processo, podendo o
presidente, ex. ofício ou a requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar
os litigantes”. § 1 º – Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes retirar
capítulo 3 • 89
-se, prosseguindo a instrução com o seu representante. § 2 º – Serão, a seguir,
ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver. – O art. 139, VIII do
CPC diz que o juiz pode, de ofício, determinar o comparecimento pessoal das
partes para fins de interrogá-la sobre fatos da causa. Diz, ainda, o art. 385 do CPC
que quando o juiz não determinar compete a cada parte requerer o depoimento
pessoal da outra.
Depoimento Pessoal
Finalidade do depoimento pessoal é obter a confissão real, que é a rainha das
provas. Goza de presunção absoluta, enquanto que a confissão ficta gera presunção
apenas relativa. Ocorre a confissão ficta quando a parte intimada não comparecer,
ou comparecendo, se recusar a depor, hipótese em que o juiz lhe aplicará a pena de
confissão (art. 385, § 2 º do CPC) SÚM. 74 do TST. Art. 849, CLT – A audiência
de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior,
concluí -la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a
primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.
Audiência
Ausência reclamante audiência inicial Art. 844, CLT – arquivamento = extin-
ção sem resolução do mérito.
S. 9, TST – A ausência do reclamante, quando adiada a instrução após contestada
ação em audiência não importa em arquivamento do processo.
S. 74, I, TST – Aplica -se a confissão à parte que, expressamente, intimada com
aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria
depor.
Art. 385, §§ 1 º e 2º, CPC – § 2 º – Se a parte intimada não comparecer ou
comparecendo se recusar a depor, o juiz lhe aplicará a pena de confissão.
Confissão:
1. A confissão não abrange matéria de direito.
2. A confissão ficta tem que ser analisada em confronto com a prova pré-consti-
tuída nos autos, não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas
posteriores – Súm. 74, II do C. TST
capítulo 3 • 90
3. A vedação à produção de provas posteriores pela parte confessa somente a ela
se aplica, não afetando o exercício pelo magistrado, do poder/dever de conduzir o
processo (Súm. 74, III, do C . TST).
4. A confissão não abrange fatos que lei exige a prova técnica. Ex.: insalubridade
e periculosidade – art. 195, § 2º, CLT e OJ nº 278, SDI -I, TST – é obrigatória a
prova pericial para comprovar a insalubridade e periculosidade.
Prova testemunhal
Testemunha = Trata-se de terceiro em relação à lide que vem prestar depoi-
mento sobre fatos de que teve conhecimento, salvo menores de 18 anos, amigos
íntimos, inimigos de quaisquer das partes, parentes até terceiro grau civil, incapa-
zes ou suspeitos, que tenham interesse no desfecho da lide. Não prestarão com-
promisso, e seu depoimento valerá com simples informação. (art. 829 da CLT c/c
447, § 2, I do CPC).
Súmula nº 357, TST – Não torna suspeita a testemunha o simples fato de
estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador.
capítulo 3 • 91
Art. 822, CLT – As testemunhas não poderão sofrer qualquer desconto pelas fal-
tas ao serviço, ocasionadas pelo seu comparecimento para depor, quando devidamente
arroladas ou convocadas. Art. 823, CLT – Se a testemunha for funcionário civil ou
militar, e tiver de depor em hora de serviço, será requisitada ao chefe da repartição para
comparecer à audiência marcada. Art. 824, CLT – O juiz ou presidente providenciará
para que o depoimento de uma testemunha não seja ouvido pelas demais que tenham
de depor no processo.
Prova Pericial
Prova pericial – ocorre quando a prova de determinado fato depender de co-
nhecimentos técnicos ou científicos. Perícia – O juiz indica um técnico que possa
fazer o exame dos fatos objeto da causa, alheios ao seu conhecimento. OJ 165 da
SDI do TST = artigo 195 da CLT não faz distinção entre médico e engenheiro
do trabalho. O perito passou a ser designado pelo juiz (art. 3º, Lei nº 5.584/70
– revogando tacitamente o art. 826 da CLT). Prova tarifada = a insalubridade e
a periculosidade só podem ser provadas por perícia, regra geral (art. 195 CLT). –
OJ – 278 da SDI-I do TST.
Inspeção Judicial
Inspeção Judicial – A finalidade da inspeção judicial é esclarecer o juiz sobre
fato de interesse da causa, a respeito de pessoa ou coisas, podendo ser realizada em
qualquer fase do processo.
Sentença
Terminativa – provimento judicial que, sem apreciar o mérito, extingue o pro-
cedimento no primeiro grau de jurisdição (art. 485 CPC). Definitiva – ato pelo
qual o juiz resolve o mérito, sem, contudo, extinguir o processo (art. 487 CPC).
– As partes serão intimadas da sentença na própria audiência em que é proferida
(art. 852 da CLT). No caso de revelia o revel será intimado na forma do art. 841,
§1º da CLT (notificação postal).
capítulo 3 • 92
Das defesas do réu
Considerações gerais
A consolidação trata das exceções processuais nos artigos 799 e seguintes, as-
sim redigido:
“Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com
suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência.
§1º As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa.
§1º Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas,
se terminativas de feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las
novamente no recurso que couber da decisão final”.
Incialmente cumpre salientar que o CPC de 2015 não prevê mais esta forma
de defesa do Réu, o que poderá acarretar a sua extinção também na Justiça do
Trabalho, uma vez que pela ótima do CPC as incompetências absolutas e relativas
serão alegadas como preliminares de mérito na Contestação e o impedimento e a
suspeição através de petições incidentais.
No parágrafo primeiro, o artigo se refere às exceções como forma de defesa em
sentido amplo. Esta divergência, como se viu, reflete-se em como devem ser opos-
tas estas exceções, já que a CLT, no artigo 799 e seguintes, omitiu-se neste aspecto.
De toda sorte, tem-se consagrado a apresentação das exceções em sentido es-
trito (incompetência relativa, suspeição e impedimento), em peça apartada, não
sendo este um tratamento rigoroso já que o processo laboral se reveste de certa
capítulo 3 • 93
informalidade, considerando que a defesa do réu poderá ser verbal (847 CLT)
e neste caso será reduzida a termo na própria audiência. Já a incompetência em
razão da matéria e das pessoas, devem ser apresentadas como preliminares de con-
testação, conforme se destacará no momento oportuno.
capítulo 3 • 94
A incompetência em razão do lugar é relativa, deve ser arguida, sob pena de
prorrogação da competência (artigo 114), e o foro onde foi proposta a ação passa
a ser competente.
capítulo 3 • 95
CLT). Poderá, o vencido, em preliminar do recurso, manifestar sua inconformi-
dade (art. 799, §2o da CLT).
O juiz poderá dar-se por suspeito ou impedido, alegando motivos pessoais ou
de foro íntimo.
O artigo 653, alínea c, atribui à própria vara do trabalho a competência para
processar e julgar as exceções opostas contra seus membros. Até a emenda cons-
titucional nº 24/99, que extinguiu os juízes classistas, tinha-se que, interposta a
exceção contra um dos membros, o juiz tido como suspeito participava do próprio
julgamento e, se procedente, convocaria seu suplente (art. 802, §1o da CLT) -
diferentemente do que ocorre no cível, os autos não eram remetidos ao Tribunal.
Após a emenda constitucional, criou-se uma nova situação: nas varas em que atua
apenas um juiz togado, considerando que, no processo laboral, não cabe nenhuma
espécie de recurso contra decisões interlocutórias, as exceções de impedimento e
suspeição deverão ser julgadas por um único membro (juiz do trabalho).
As exceções de suspeição e impedimento devem ser remetidas e julgadas pelo
Tribunal. Não se pode descartar também a possibilidade da convocação de outro
juiz para julgar essas exceções. Enquanto não for aclarado este ponto pela dou-
trina e jurisprudência ou ainda pela alteração do dispositivo legal, haverá posi-
ções conflitantes quanto à autoridade que irá julgar as exceções de impedimento
e suspeição.
Se, no entanto, a exceção for oposta contra o juiz de direito que atua na juris-
dição trabalhista residualmente (art. 802, §2o), este será substituído na forma da
organização judiciária local. Contudo, o julgamento desta exceção será realizado
pelo Tribunal Regional do Trabalho, que é competente para revisar as decisões
daquele magistrado em grau de recurso ordinário.
Resta ainda salientar que a CLT apenas se referiu ao impedimento do juiz em
relação às partes, não citando o envolvimento ou parentesco do juiz em relação aos
advogados. A suspeição e o impedimento, da mesma forma que no cível, aplica-se
ao órgão do Ministério Público, ao serventuário da justiça, ao perito, ao intérprete
(art. 148 do CPC).
Da contestação
capítulo 3 • 96
tutela jurisdicional pretendida pelo autor mediante inutilização do processo, ou
seja, o meio, do instrumento de que ele se valeu, sem que se ofereça oportunidade
para composição da lide, isto é, sem apreciação do mérito pelo juiz.
As defesas processuais se subdividem em peremptórias e dilatórias:
São peremptórias as que, uma vez acolhidas, levam o processo à extinção,
como a de inépcia da inicial, ilegitimidade de parte, litispendência, coisa julgada,
perempção, etc. Aqui o vício processual é tão profundo que o inutiliza como ins-
trumento válido para obter a prestação jurisdicional.
São dilatórias as defesas processuais que, mesmo quando acolhidas, não pro-
vocam a extinção do processo, mas apenas causam ampliação ou dilação do curso
do procedimento.
Quando se alega nulidade da citação, incompetência do juízo, conexão de
causas, deficiência de representação da parte ou falta de autorização para a causa,
ou ausência de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar, em
todos estes casos, a defesa provoca apenas uma paralisação temporária do curso
normal do procedimento, enquanto o obstáculo processual não seja removido.
Incompetência absoluta
capítulo 3 • 97
De acordo com o novo CPC as incompetências relativas e absoltas agora são
alegadas como preliminares de mérito na contestação. Não há na doutrina qual-
quer divergência quanto à forma de oposição, tanto a incompetência em razão
da matéria, como em razão das pessoas, sendo unânime o entendimento de que
estas devem ser apresentadas como preliminar de mérito e o juiz irá conhecê-las
na sentença.
Ambas as formas, em que pese a possibilidade de serem arguidas pelas partes,
por se tratarem de incompetência absoluta (artigo 795, §1o da CLT), devem ser
declaradas ex ofício, pois ensejam a nulidade dos atos decisórios praticados por
magistrado incompetente.
Incapacidade da parte
Nas ações trabalhistas, o maior de dezoito anos de idade poderá exercitar ple-
namente seu direito de ação, sem necessidade de assistência. Os menores de dezoi-
to anos, recaem na regra geral, necessitando de assistência, que poderá ser prestada
pelos pais ou responsáveis, ou pelo Ministério Público do Trabalho.
Coisa julgada
capítulo 3 • 98
de causa de pedir; por confusão entre o pedido e a fundamentação, ou ainda por
absoluta contradição entre a fundamentação e o pedido, o juiz, reconhecendo a
existência deste defeito processual, deve extinguir o processo nos termos do art.
267. Isto porque a CLT, sendo omissa neste aspecto, passa a se utilizar subsidia-
riamente desse instituto.
Tem-se ainda como argumento o fato de que, na justiça do trabalho, é confe-
rido as partes o jus postulandi. Observe-se o que preceitua o art. 791 da CLT c/c
súmula 425 do TST: Os empregados e empregadores poderão reclamar pessoal-
mente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar suas reclamações até o final.
Por força deste dispositivo, os juízes trabalhistas são tolerantes ao examinar os as-
pectos processuais na peça vestibular. Somados a este fator, tem-se que a CLT, em
seu art. 840, §1o da CLT, ao enumerar os requisitos da peça inicial, faz isto com
simplicidade, requerendo que conste a autoridade a quem é dirigida, a qualifica-
ção das partes e uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido,
a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
Pelos argumentos aduzidos e tendo-se em vista a aplicação supletiva do CPC,
considerando o binômio já gizado (omissão e compatibilidade) o instituto da
inépcia será aplicado, ao processo laboral, apenas quando impossibilitar a defesa
do reclamado.
capítulo 3 • 99
Não sendo acolhida a impugnação ao valor da causa, quando arguida em con-
testação, caberá à reclamada, no oferecimento das razões finais (art. 850 da CLT),
insurgir-se, novamente, quanto ao valor da causa e, em não sendo acolhido, será
cabível o pedido de revisão, em 48 horas, ao Presidente do TRT, conforme Lei
5.584/70, art. 2o, §1o e 2o, que decidirá sem suspensão do processo.
Da defesa de mérito
Da prescrição e da decadência
capítulo 3 • 100
No que concerne à extinção do pacto laboral, o prazo quinquenal, que visa à
revisão dos créditos trabalhistas, é contado da proposição da ação (cinco anos para
trás) e essa deverá ser proposta até dois anos da extinção do contrato de trabalho
(dois anos para frente). Decorridos esses dois anos, o empregado perde o poder
de exigir tais pretensões. Interessante ressaltar que existem causas impeditivas da
prescrição, que obstam a ocorrência desta em virtude de um fato relevante. A me-
noridade ou a incapacidade absoluta são exemplos de causa impeditiva, inteligên-
cia dos artigos 440 da CLT e 5o do Código Civil Brasileiro, respectivamente. A
lei impõe ao menor uma assistência para ingressar em juízo. Como essa assistência
poderá ser negada, pelo pai ou responsável, a prescrição passa a contar do dia em
que o empregado completar 18 anos até um dia antes de completar vinte anos,
quando passa a intentar ação trabalhista em prazo similar ao de qualquer trabalha-
dor maior, isto é, dois anos.
Ressalte-se que há casos em que a prescrição pode ser suspensa ou interrom-
pida. Na suspensão soma-se o tempo anterior (já transcorrido), ou seja, uma vez
iniciada a contagem do prazo prescricional, surge um fato relevante que paralisa
a contagem do prazo. Ultrapassado este impedimento, o restante do prazo volta a
ser contado. É o caso, por exemplo, da ausência no país para prestação de serviço
público para a União, Estados e Municípios, a prestação de serviço militar em
tempo de guerra e, mais recentemente, das comissões de conciliação prévia (art.
625-G), em que o prazo prescricional para o ajuizamento da reclamatória fica
suspenso a partir da provocação da comissão, recomeçando a fluir, pelo que resta,
a partir da tentativa frustrada ou do esgotamento do prazo de 10 dias (625-F) para
realização da sessão de tentativa de conciliação.
Na interrupção a contagem recomeça do marco zero, isto é, desconsidera-se
o prazo já transcorrido, iniciando-se nova contagem. Tem-se que a interrupção
deva ser provocada pela parte. É o caso, por exemplo, do ajuizamento de uma
reclamatória trabalhista em que o reclamante não tenha comparecido na primeira
audiência e esse aforamento servirá como causa interruptiva da prescrição (súmula
- 268 TST).
A prescrição, conforme estatui o CPC, tem-se consagrado sua arguição como
preliminar, por questões eminentemente práticas, mas deverá o Juiz conhecê-la
de ofício. Trata-se também de uma questão de economia processual, pois, sendo
aceita essa preliminar, ou seja, estando prescritos os pedidos constantes na inicial,
evidentemente o Juiz não terá que analisar os demais itens, extinguindo o processo
com julgamento do mérito.
capítulo 3 • 101
A prescrição é matéria que só pode ser alegada na instância ordinária, ou seja,
pode ser alegada a qualquer tempo, desde que não atinja a instância extraordinária.
Isso porque o adjetivo extraordinário é reservado para os recursos cujo cabimento
está adstrito a controvérsias referentes a questões de direito e não de fato, como
por exemplo, o recurso de revista e os embargos que são julgados pelo Tribunal
Superior do Trabalho.
Destarte, se a reclamada não arguir a prescrição na contestação, poderá fazê-la
ainda nas razões finais ou como prefacial do recurso ordinário. Para Mário Ribeiro
do Valle[30], caberia a arguição até mesmo em sede de sustentação oral. Contudo,
se a reclamada não arguir a prescrição, não pode o Juiz, de ofício pronunciá-la.
Em que pese a súmula 153 do TST ter consagrado o entendimento supra
citado, este não se mostra totalmente pacificado. Por força do art. 336 do CPC,
aplicado supletivamente ao processo trabalhista, tem-se que, se o réu não argui a
prescrição juntamente com a defesa (em audiência inaugural), este direito torna-
se precluso. Esta é uma corrente minoritária que se refere apenas para ilustrar
este estudo.
A decadência no processo laboral, a exemplo da prescrição, é fenômeno que
opera a perda de direitos, podendo, no entanto, ser declarada de ofício pelo magis-
trado. A decadência extingue o direito e é estabelecida em função deste. Assim, o
objeto da decadência é o direito diverso da prescrição, pois nesta o objeto é a ação.
Diferentemente do prazo prescricional, o decadencial, via de regra vinculado a
direitos de natureza potestativa, começa a fluir desde o aperfeiçoamento do direito
atingido, ou seja, desde o seu nascimento. Pressupõe, portanto, que, embora tenha
nascido o direito, este não se tornou efetivo pela falta de exercício do autor.
Mister salientar também que, diferentemente da prescrição, a decadência não
se suspende ou interrompe. É dependente de prazo legal, daí poder ser conhecida
de ofício de magistrado
No processo trabalhista, exemplifica-se com o prazo de 30 dias que tem o em-
pregador para ajuizar o inquérito de apuração de falta grave do empregado estável,
a fim de justificar a despedida deste. Também o prazo de dois anos para ingresso
da ação rescisória, este por aplicação supletiva do CPC.
Da compensação e da retenção
capítulo 3 • 102
tem o fim de atingir o resultado concreto da ação. Tanto na compensação, como
na retenção, quer a reclamada apresentar um obstáculo às pretensões do reclaman-
te. Contudo, não estará a negar os fatos constitutivos do direito do autor ou as
consequências dos fatos articulados.
O art. 767 da CLT dispõe que a compensação deve ser arguida como matéria
de defesa, logo sujeita-se a preclusão, caso não alegada em audiência.
A Súmula 18 do TST, ao referir-se sobre este instituto, diz que só se admite
a compensação com débitos do empregado de natureza trabalhista, exigindo ho-
mogeneidade na natureza dos créditos a compensar, tal qual no direito civil. No
entanto, na justiça trabalhista, não se exige que a liquidez desses créditos, como
ocorre na esfera cível.
A retenção, diversamente da compensação, não trata propriamente da extin-
ção de um direito. Coloca-se, mais propriamente, como um meio de garantir a
satisfação de um crédito que a reclamada entende ter.
A doutrina trabalhista aponta o exemplo clássico da retenção das ferramentas
do obreiro, pela alegação de que este causou dano ao patrimônio do empregador,
dolosa ou culposamente. Se foi culposa, a retenção só será admitida caso houver
previsão contratual expressa (art. 462, §1o da CLT).
Da perempção
capítulo 3 • 103
Do conteúdo de mérito
A contestação tem como fim delimitar o objeto litigioso, que deverá manter-se
inalterado no decorrer do processo.
Reza o artigo 841 do diploma trabalhista que, recebida e protocolada a recla-
mação, o escrivão ou chefe da secretaria, dentro de 48 horas, remeterá a segunda
via da petição ao reclamado. Na Justiça do Trabalho, a citação inicial, que é o ato
pelo qual o réu toma ciência de que contra ele foi proposta uma ação, podendo se
defender caso desejar, vem acompanhada da notificação para comparecimento à
audiência e nela é que o reclamado apresentará a sua defesa.
Esta notificação deverá respeitar um prazo mínimo de cinco dias entre a data
do recebimento pelo reclamado e a data da audiência. É o chamado quinquídio
legal. Difere da justiça civil, em que o prazo para apresentação da defesa começa
a contar da juntada do aviso de recebimento (se este for o meio de citação). No
processo laboral, presume-se recebida a notificação quarenta e oito horas depois
de sua regular expedição (Súmula 16 do TST).
Destarte, a resposta do réu na Justiça trabalhista, é ato concentrado na audiên-
cia, consoante já se frisou, ao contrário da justiça cível em que a defesa do réu é
ato cartorial.
A audiência trabalhista é una, porém, com a impossibilidade de realizar-se a
instrução dos processos em um único dia, consagrou-se sua divisão em audiência
inaugural e audiência de prosseguimento ou de instrução. Será, no entanto, na
audiência inaugural que o juiz fará a primeira tentativa de conciliação e serão ofe-
recidas a defesa (sentido amplo) e as provas que se pretende produzir.
Desta forma, presentes as partes, a audiência se inicia com a proposta de con-
ciliação aos litigantes. Se inexitosa, serão concedidos vinte minutos para que a
reclamada apresente oralmente sua defesa, reduzida a termo; na prática, este pro-
cedimento é substituído pela defesa escrita (art. 847 da CLT).
Partindo do princípio de que a contestação delimita o objeto litigioso, todo
fato que não for contestado será tido como incontroverso e em tese, dispensa pro-
va. Dessa forma devem-se contestar todos os pedidos feitos pelo reclamante. Os
que não forem contestados, serão presumidos como verdadeiros.
Na contestação, a reclamada poderá assumir diferentes posturas. Primeiramente,
poderá negar os fatos articulados na peça exordial, como constitutivos do direito
do autor, por exemplo, que o reclamante não realizava horas-extras; ou admitir
a ocorrência dos fatos apresentados, porém atribuindo-lhe outra consequência
capítulo 3 • 104
jurídica, isto é, opondo-se quanto às suas consequências, v.g. que o reclamante
laborava no horário extraordinário, contudo este horário foi pactuado em con-
venção coletiva de trabalho; ou ainda poderá reconhecer, no todo ou em parte, o
direito do autor, v.g. que realmente ele cumpria aquele horário de trabalho, mas
que a empresa não tinha meios de quitar este adicional e, neste caso, incidirá o art.
467 da CLT, pois o reclamado estará reconhecendo o pedido do autor. Segundo
este dispositivo toda a parcela salarial que não sofrer controvérsia, por meio da
contestação, é devida em dobro, se não for paga na audiência inicial.
A contestação deve reportar-se a cada um dos pedidos. Não se admite a cha-
mada contestação genérica, sendo, portanto, a negativa geral ineficaz. Resulta daí
que nem mesmo a negativa quanto ao reconhecimento do vínculo empregatício
isenta a reclamada de contestar, especificamente, os demais pedidos. Visto que, se
reconhecido tal vínculo, seu direito de defesa estaria precluso e os fatos não con-
testados, conforme já se viu, serão presumidos verdadeiros.
Ainda pelo princípio da concentração, aplicado ao direito do trabalho, este é
o momento da apresentação das provas (documentos - art. 396 do CPC), salvo as
de maior complexidade, como a prova pericial e testemunhal. Este entendimento,
porém, alcança apenas aqueles documentos considerados imprescindíveis à regular
constituição da relação laboral, sub judice. Impõe salientar que aplica-se, subsi-
diariamente, o art. 397 do CPC concernente a documentos novos, sendo lícito
às partes juntá-los a qualquer tempo, quando destinados a fazer prova de fatos
ocorridos depois dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram produzidos
nos autos.
Um último aspecto deve ser frisado. Refere-se ao que dispõe o art. 830 da
CLT, o qual impõe que os documentos devem ser apresentados no original ou
cópia autenticada. Na prática tanto o reclamante como o reclamado comparecem
à audiência portando os originais a fim de suprir tal exigência legal. Contudo, a
impugnação somente quanto à forma tem sido mitigada, tendo os tribunais o
entendimento de que o conteúdo deve prevalecer sobre a forma.
Reconvenção
Considerações gerais
Como se viu, o réu pode apresentar vários meios de defesa, atacando o pro-
cesso ou o mérito da demanda, porém sempre conservará a posição de réu. A
capítulo 3 • 105
reconvenção, a seu turno, inverte esta posição e o réu (reclamado) passa a ser
autor. Isso porque na reconvenção as posições se invertem.
A reconvenção é ação autônoma movida pela reclamada contra o reclamante,
oferecida simultaneamente na contestação
A citada autonomia encontra limite, porém, no artigo 343, § 2o do CPC, ou
seja, a conexidade da reconvenção com a ação principal ou com o fundamento da
defesa, entendendo-se que a extinção da ação principal não obsta o prosseguimen-
to da reconvenção.
No processo trabalhista, a reconvenção é a ação do reclamado em face do re-
clamante promovida no bojo da reclamatória em que está sendo demandado. Não
se trata, portanto, de ação acessória, mas sim de ação autônoma, tanto assim que,
se houver desistência da reclamatória, a reconvenção correrá normalmente. Deve
ser aplicado, dessa feita, o disposto no art. 343 do CPC: a desistência da ação,
ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao prosseguimento
da reconvenção.
Sendo uma ação do reclamado contra o reclamante deverá observar todos os
requisitos que a lei exige para a propositura de uma ação autônoma, tais como os
pressupostos processuais. Exige-se também identidade de procedimentos, isto é, a
jurisprudência não admite reconvenção no rito sumaríssimo.
Pode-se depreender que a reconvenção é um contra-ataque da empresa re-
clamada, buscando a reparação de algum dano, de alguma perda causada pelo
reclamante ainda enquanto empregado.
No direito do trabalho, podemos exemplificar figurando a hipótese em que o
empregado, às expensas de seu empregador, cursa uma pós-graduação no exterior,
comprometendo-se expressamente que, ao final deste curso, irá manter seu con-
trato de trabalho por mais três anos. Se o empregado, ao término do curso, extin-
gue seu contrato de trabalho, não cumprindo com o avençado e ainda ingressando
em juízo pleiteando verbas rescisórias, o empregador poderá reconvir, exigindo os
valores despendidos.
A ação reconvencional, a exemplo da compensação, só abrange obrigações
decorrentes do vínculo laboral. Só que a compensação jamais pode ultrapassar o
valor do crédito compensado20.
20 <http://www.tex.pro.br/home/artigos/159-artigos-jul-2001/6280-defesa-do-reu-na-justica-do-trabalho>
capítulo 3 • 106
Procedimento sumário
Procedimento sumaríssimo
capítulo 3 • 107
Desde o ajuizamento da ação até o dia da audiência / sentença, não pode
passar de 15 dias.
Nos casos, por exemplo, em que é pedido adicional de insalubridade, é obri-
gatória a produção de prova pericial. Portanto, como o juiz só conhece a demanda
na audiência UNA, ele interrompe a audiência até que seja produzida a respectiva
prova pericial, e na nova audiência, já com a prova, ele irá proferir a sentença.
Lembrando que, se a audiência for interrompida, a continuação da audiência
tem que se dar em até 30 dias.
Portanto, o prazo MÁXIMO para o procedimento sumaríssimo é de 45 dias.
Dessa sentença que extingue o processo sem resolução do mérito, cabe recur-
so ordinário para o TRT.
Provas no procedimento sumaríssimo:
– Prova testemunhal:
A sistemática é diferente do procedimento ordinário.
No procedimento ordinário, o número máximo de testemunhas é de 3.
No procedimento sumaríssimo, o número máximo de testemunhas é de 2.
No procedimento ordinário:
capítulo 3 • 108
As testemunhas precisam comparecer independentemente de notificação ou
de intimação.
Se não comparecerem, o juiz adiará a audiência para uma nova data e determi-
nará a intimação da testemunha. Se intimada, e ela ainda assim não comparecer,
o juiz adiará de novo a audiência, e agora ela precisa comparecer, porque o juiz irá
determinar a sua condução coercitiva, e condenará o reclamante no pagamento de
multa, se não tiver uma justificativa.
Não há, no processo do trabalho, rol de testemunhas (tanto no ordinário,
quanto no sumaríssimo). O reclamante não precisa arrolar as testemunhas.
No procedimento sumaríssimo:
As testemunhas também precisam comparecer independentemente de notifi-
cação ou intimação.
Mas o juiz só adiará a audiência se comprovado o convite (Ex.: a parte apre-
senta uma carta, um email etc., comprovando o convite da testemunha).
Se comprovar o convite, o juiz intima a testemunha.
Se intimar e não comparecer, o juiz adia de novo a audiência e determina a
condução coercitiva.
DICA: Cuidado para não pular as fases!
– Prova pericial:
É possível sim no procedimento sumaríssimo.
Art 852-H, em seu par 4º, estabelece que a prova pericial será produzida
quando decorrer de uma imposição da lei (Ex.: pedido de adicional insalubridade
e periculosidade) ou for exigida para a prova do fato (Ex.: quando o reclamante
alega doença do trabalho).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 39ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
SARAIVA, Renato; LINHARES, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ª ed. São
Paulo: Jus Podivum, 2017.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª ed. São Paulo: LTr, 2017.
capítulo 3 • 109
capítulo 3 • 110
4
Pressupostos
ou requisitos de
admissibilidade
Pressupostos ou requisitos de
admissibilidade
OBJETIVOS
• Teoria Geral dos Recursos no Processo do Trabalho;
• Princípios, efeitos e normas aplicáveis aos recursos trabalhistas;
• Pressupostos de admissibilidade objetivos/extrínsecos e subjetivos/intrínsecos;
• Recursos em espécie: Embargos de declaração, Recurso ordinário, Recurso de Revista;
• Embargos para o TST, Agravo de Instrumento, Agravo de Petição e Recurso Adesivo.
Recursos
É o remédio jurídico necessário e suficiente para provocar o reexame de de-
terminada decisão, pelo órgão prolator e/ou pelo órgão superior ao prolator dessa
decisão, com o fim de anulá-la ou reformá-la, do que decorre o prolongamento
do direito de ação do recorrente, que se traduz em sobrevida para sua pretensão
de direito material.
Devem ser observados para que o recurso interposto seja conhecido alguns
pressupostos ou requisitos de admissibilidade:
Num primeiro momento serão estudados os pressupostos genéricos, válidos
para todos os recursos, e, em uma segunda oportunidade, os pressupostos especí-
ficos de determinadas espécies recursais, como o prequestionamento e a existência
de divergência jurisprudencial, comuns aos recursos de natureza extraordinária.
capítulo 4 • 112
Pressupostos recursais subjetivos
Legitimidade
Por derradeiro, vale frisar que o perito não tem legitimidade para recorrer con-
tra a parte da decisão que fixa seus honorários. Para expressar seu inconformismo,
pode o perito, tão somente, valer-se do mandado de segurança. Isso ocorre porque
o perito, enquanto auxiliar do juízo, exerce uma função pública, o que não se
identifica com o interesse necessário para a interposição do recurso.
Capacidade
Além de ter legitimidade, o recorrente deve ser plenamente capaz, nos termos
dos arts. 3º, 4º e 5º do Código Civil, no momento de interposição do recurso.
capítulo 4 • 113
Interesse
Recorribilidade do ato
No direito processual laboral são irrecorríveis “as sentenças proferidas nas cau-
sas de alçada (Lei n. 5.584/1970, art. 2º, § 4º), os despachos de mero expediente
(art. 1001 do NCPC) e as decisões interlocutórias (CLT, art. 893, § 1º, e Súmula
n. 214 do TST).
Caso o juízo a quo verifique, portanto, que o ato contra o qual se insurge o
recorrente encontra-se entre os elencados, deve inadmiti-lo. Nas mesmas circuns-
tâncias deve o juízo ad quem não conhecê-lo.
Adequação
capítulo 4 • 114
Não obstante, a interposição de espécie recursal inadequada não resulta, de
plano, na inadmissibilidade do recurso, tendo em vista que pode ser adotado o
princípio da fungibilidade para admitir a espécie interposta equivocadamente,
desde que estejam presentes os requisitos necessários à admissão da espécie correta
(como prazo e instrução adequados), que o erro não tenha sido grosseiro e que o
recorrente não tenha procedido com má-fé ao usar a espécie inadequada.
O princípio da fungibilidade deve ser observado com maior razão no processo
trabalhista, notadamente porque nessa seara admite-se o jus postulandi das partes
(pregadores e empregados) em hipóteses de recurso interposto na instância ordi-
nária, em conformidade com o texto sumulado no Enunciado n. 425 do TST:
JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. Res.
165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às
Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação
rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência
do Tribunal Superior do Trabalho.
Vale destacar que não há a possibilidade de adotar o princípio da fungibili-
dade para os recursos interposto pelo Ministério Público, especialmente em razão
da notória especialização de seus órgãos e de sua função de protetor da ordem
jurídica, que tornam incompreensível a interposição de recurso evidentemente
inadequado ou manejado com má-fé.
Tempestividade
capítulo 4 • 115
TRABALHO (DJ 11.08.2003). A regra contida no art. 229 do NCPC é inaplicá-
vel ao processo do trabalho, em face da sua incompatibilidade com o princípio da
celeridade inerente ao processo trabalhista.
A contagem desses prazos ocorre em conformidade com a regra insculpida no
art.1003 do NCPC, segundo a qual o termo inicial dos prazos recursais é a data
da prolação da sentença, nas hipóteses em que ela é proferida em audiência, exceto
nos casos de revelia e nos casos em que a ata de audiência, com a respectiva sen-
tença, não é juntada aos autos dentro de quarenta e oito horas. Nessas hipóteses as
partes deverão ser intimadas pessoalmente, em conformidade com os arts. 841, §
1º, 851, § 2º e 852 da CLT.
Por fim, vale lembrar que a interposição do recurso antes do início do prazo
não é admitida pelo TST, que entende pela extemporaneidade dessa hipótese, nos
termos da OJ n. 357, da SDI-1, verbis:
RECURSO. INTERPOSIÇÃO ANTES DA PUBLICAÇÃO
DO ACÓRDÃO IMPUGNADO. EXTEMPORANEIDADE. NÃO
CONHECIMENTO (cancelada em decorrência da sua conversão na Súmula nº
434) – Res. 178/2012, DEJT divulgado em 13, 14 e 15.02.2012. É extemporâ-
neo recurso interposto antes de publicado o acórdão impugnado.
Representação
capítulo 4 • 116
Preparo
capítulo 4 • 117
o INSS. As entidades fiscalizadoras do exercício profissional, no entanto, estão
obrigadas ao pagamento das custas. Essa é a dicção do art. 790-A da CLT.
Além desses entes, a massa falida (Súmula n. 86 do TST) e os sindicatos nas
ações coletivas, salvo em caso de comprovada má-fé (art. 87 do CDC) também são
isentos do pagamento das custas processuais.
Da mesma forma que no depósito recursal, nas custas o recolhimento deve ser
feito no mesmo prazo do recurso. Além disso, o recolhimento a menor das custas
arbitradas na sentença recorrida resulta na deserção do recurso, nos termos da OJ
n. 140 da SDI-1 do TST.
Por fim, vale destacar que no processo do trabalho, diferente do processo co-
mum, a multa por litigância de má-fé não precisa ser recolhida juntamente com as
custas processuais como forma de garantir admissão do recurso. No processo civil
a matéria é tratada no art. 96 do NCPC. Já no processo laboral, a matéria deve ser
analisada em conformidade com a OJ n. 409 da SDI-1.
Efeitos
O art. 899 da CLT preceitua que os recursos serão interpostos por simples
petição e terão, em regra, efeito meramente devolutivo. Daí decorre o princípio
enfocado, princípio da manutenção dos efeitos da sentença, pois, ao prever como
exceção o efeito suspensivo dos recursos trabalhistas, a legislação prestigia a manu-
tenção dos efeitos da decisão objurgada. Disso decorre a possibilidade aberta, em
regra, ao credor de executar provisoriamente a sentença.
Não obstante a regra no direito processual laboral seja a presença unicamente
do efeito devolutivo, importa tratar também dos outros efeitos que, como exce-
ções, podem caracterizar a interposição das diferentes espécies recursais.
Efeito devolutivo
capítulo 4 • 118
contrarrazões e exercer adequadamente seus direitos ao contraditório e à ampla
defesa, indispensáveis à estrutura dialética do processo.
Nesse cenário, não pode ser literal a interpretação do art. 899 da CLT, na parte
em que possibilita a interposição de recurso por simples petição. Tal dispositivo
tem seu fundamento no princípio da simplicidade, que informa o processo tra-
balhista. Não obstante, os princípios constitucionais do contraditório e da ampla
defesa devem prevalecer em face do princípio infraconstitucional da simplicidade
e por isso a interpretação gramatical da norma enfocada deve ser afastada.
Admitir o recurso por simples petição também abre espaço para recursos
meramente procrastinatórios, que violam outro princípio caro ao direito pro-
cessual, o da boa-fé, que deve nortear a relação entre os integrantes da relação
jurídico-processual.
Além disso, a hipótese ora confrontada e albergada pelo art. 899 do texto con-
solidado inviabiliza a delimitação das questões já decididas e transitadas em julga-
do. Somente por meio das razões recursais torna-se possível definir quais questões
serão devolvidas à apreciação do órgão recursal e quais foram alcançadas pela coisa
julgada, em decorrência da resignação das partes com a decisão proferida. Aqui
também outro princípio processual sofre abalos, o da segurança jurídica, pois sem
as razões recursais a parte contrária não consegue saber em quais pontos da deci-
são impugnada seu direito será garantido em face da ausência de inconformismo
do recorrente.
Feitas essas considerações principiológicas, vale lembrar que, em regra, apenas
os pontos impugnados nas razões recursais serão objeto de análise do órgão ad
quem, competente para julgar o recurso, isto é, será devolvida à apreciação do
órgão recursal apenas aquelas questões jurídicas delimitadas no recurso interposto
por uma das partes, em conformidade com o brocardo tantum devolutum quan-
tum appellatum.
Todavia, essa regra geral que informa o efeito devolutivo pode ser mitigada
em razão de sua apreciação em extensão e em profundidade, o que decorre das
regras insculpidas nos §§ 1º e 2º do art. 155 do Código de Processo Civil. Tais
dispositivos, embora tratem da apelação cível, valem, em regra, para os recur-
sos trabalhistas.
A análise do efeito devolutivo em sua extensão decorre do § 1º acima referido,
segundo o qual “serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal
todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as
tenha julgado por inteiro”. Vê-se do exposto que o juízo recursal deve apreciar as
capítulo 4 • 119
matérias suscitadas nas razões de recurso ainda que tais matérias não tenham sido
apreciadas pelo juízo recorrido e contra essa omissão não tenham sido interpostos
embargos declaratórios. Portanto, a extensão do efeito devolutivo diz respeito à
quantidade de matérias que devem ser apreciadas pelo tribunal ad quem.
Por outro lado, a profundidade do efeito devolutivo relaciona-se com a quali-
dade das matérias apreciadas na instância recursal. Seu permissivo legal encontra-
se no § 2º do art. 1013 do NCPC, cuja redação dispõe que “quando o pedido ou
a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação
devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais”. Não obstante, a Súmula n.
393 do TST indica o § 1º da norma processual comentada como base legal do
efeito devolutivo em profundidade:
RECURSO ORDINÁRIO. EFEITO DEVOLUTIVO EM
PROFUNDIDADE. ART. 1013, § 1º DO NCPC (redação alterada pelo Tribunal
Pleno na sessão realizada em 16.11.2010) - Res. 169/2010, DEJT divulgado em
19, 22 e 23.11.2010. O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário,
que se extrai do § 1º do art. 1013 do NCPC, transfere ao Tribunal a apreciação
dos fundamentos da inicial ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que
não renovados em contrarrazões. Não se aplica, todavia, ao caso de pedido não
apreciado na sentença, salvo a hipótese contida no § 3º do art. 1013 do NCPC.
Com efeito, o exame profundo possibilitado pelo efeito devolutivo permite ao
tribunal ad quem apreciar questões já examinadas na decisão recorrida, mas não
analisadas em todos os seus fundamentos. Portanto, o exame em profundidade
não se direciona a matérias não apreciadas na sentença, mas a matérias apreciadas
na sentença, mas indeferidas com fundamento em apenas um dos vários argumen-
tos tecidos pela parte. Em outras palavras, não se relaciona com a quantidade de
matérias recursais, mas com a qualidade de determinada matéria recursal.
Efeito suspensivo
capítulo 4 • 120
conferidas em despacho do Presidente do Tribunal Superior do Trabalho”. A res-
peito dessa norma, o TST editou a Súmula n. 279. De acordo com o enunciado
sumular a cassação do efeito suspensivo, pelo tribunal superior, concedido em face
de determinada sentença normativa tem seus efeitos retroagidos à data em que o
efeito suspensivo foi concedido.
Outra exceção admitida no processo trabalhista diz respeito ao uso de ação caute-
lar para obter efeito suspensivo em recurso ordinário interposto contra sentença que
defere antecipação de tutela. Tal entendimento ressai da Súmula 414, item I, do TST.
Efeito translativo
capítulo 4 • 121
Vale lembrar que, em regra, o efeito translativo cabe apenas nos recursos de
natureza ordinária, tendo em vista que os recursos de natureza extraordinária de-
pendem de prequestionamento, isto é, de prévia manifestação da parte, o que não
se verifica nas hipóteses de efeito translativo. Todavia, é possível admitir esse efeito
em sede de recurso de revista, conforme já decidiu o TST:
EMBARGOS. PRELIMINAR DE NULIDADE DO V. ACÓRDÃO DA
C. TURMA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DECISÃO QUE AFASTA A
PRESCRIÇÃO E APRECIA O MÉRITO DA DEMANDA. Não fica caracte-
rizada supressão de instância quando a C. Turma afasta a prescrição e analisa o
restante do mérito, uma vez que para apreciação do mérito da lide só é necessário
que a causa esteja madura, prescindindo de exame sobre a questão de direito.
Muito embora o § 3º do art. 515 do Código de Processo Civil trate apenas do efei-
to translativo dos recursos nas hipóteses de extinção do processo sem julgamento
de mérito, o entendimento se aplica com maior razão aos casos em que há julga-
mento de mérito, como no caso de decretação de prescrição. (...) Processo: RR
- 71440-83.2003.5.17.0121 Data de Julgamento: 20/03/2007, Relator Ministro:
Aloysio Corrêa da Veiga, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data
de Publicação: DJ 30/03/2007.
Efeito substitutivo
capítulo 4 • 122
V – A decisão proferida pela SBDI, em sede de agravo regimental, calcada
na Súmula nº 333, substitui acórdão de Turma do TST, porque emite juízo de
mérito, comportando, em tese, o corte rescisório. (ex-OJ nº 133 da SBDI-2 - DJ
04.05.2004)
Efeito extensivo
Esse efeito é aplicável nos casos de litisconsórcio unitário, tendo em vista que
nessa hipótese a decisão do juízo recursal deve se estender a todos os litisconsortes.
Essa é a dicção do art. 1005 do NCPC, que prevê uniformidade na decisão para
todos os litisconsortes nos casos em que existir interesse comum.
Efeito regressivo
21 <https://camilamarcolino.jusbrasil.com.br/artigos/448930775/recursos-trabalhista>.
capítulo 4 • 123
Fundamentos
a) Jurídicos
A possibilidade de erro, ignorância ou má-fé do juiz ao julgar.
A oportunidade do reexame da sentença por juízes a mais experientes ou de
reconhecimento merecimento.
A uniformização da interpretação da legislação.
b) Psicológicos:
A tendência humana de não se conformar com apenas uma decisão. É o que
se costuma dizer: vencido, mas não convencido.
A possibilidade da reforma da decisão de um julgamento injusto.
Princípios Informadores
Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias
não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:
capítulo 4 • 124
g) Vedação da Reformatio in Pejus
Pressupostos Recursais
I. Objetivos:
a) Previsão legal: as partes somente podem utilizar-se os recursos previstos em
lei.
– No processo do trabalho são os previstos no art. 893 da CLT: ordinário, de
revista, embargos, agravo de instrumento e de petição.
b) Adequação ou cabimento: o ato a ser impugnado deve ensejar o apelo esco-
lhido pelo recorrente.
c) Tempestividade: os recursos dever ser interpostos no prazo previsto em lei.
Nos casos dos trabalhista o prazo é de 8 (oito) dias.
d) Preparo: é composto pelas custas e/ou depósito.
– As custas serão pagas pelo vencido.
– A parte deverá fazer o pagamento das custas mediante DARF.
– Para a empresa recorre é preciso que seja garantido o juízo com o deposi-
to recursal.
– O depósito recursal é feito na conta vinculada do FGTS do empregado.
Inexistindo conta vinculada, a empresa deverá abrir conta em nome do emprega-
do para esse fim, ou fazer depósito em conta à disposição do juízo que renda juros
e correção monetária.
capítulo 4 • 125
II. Subjetivos
a) Legitimidade: somente aquele que teve sentença que lhe foi desfavorável, no
todo ou em parte, poderá recorrer. O art. 996 do NCPC dispõe que poderão o
terceiro interessado, a parte, e a Procuradoria do Trabalho.
– Das decisões proferidas em dissídio coletivo que afete empresa de serviço
público, ou, em qualquer caso, das proferidas em revisão, poderão recorrer, além
dos interessados, o Presidente do Tribunal e a Procuradoria da Justiça do Trabalho
(art. 898 da CLT).
– O Ministério Público do Trabalho pode recorrer das decisões da Justiça do
Trabalho, quando entender necessário, tantos nos processos em que for parte,
como naqueles em que oficiar como fiscal da lei.
b) Capacidade: é necessário que as partes tenham capacidade para estar em juí-
zo. Não havendo capacidade da pessoa num certo momento, ela também não
poderá recorrer.
c) Interesse: na interposição do recurso, a parte tem que demonstrar interesse.
– O terceiro também tem que mostrar interesse para recorrer.
Dos recursos
Embargos Infringentes
O Artigo 356 do R.I.T.S.T., prescreve que cabe o recurso ora sob análise, de
decisões não unânimes proferidas pelas Seções Especializadas (Dissídio Coletivo
e Individual), no prazo de oito dias, nos processos de competência originária do
TST, quer em Dissídio Coletivo, quer em Ação Rescisória.
Por sua vez, a Lei nº 7.701/88 fixa competência para as duas Seções
Especializadas julgar originariamente Ação Rescisória.
Então a Seção Especializada de Dissídio Coletivo do TST é competente para
julgar Embargos Infringentes face decisão em Dissídio Coletivo e Ação Rescisória
proveniente de Dissídio Coletivo de competência originária.
E a Seção Especializada em Dissídios Individuais é competente para julgar
Embargos Infringentes devido decisão em Ação Rescisória de sua competência
originária.
capítulo 4 • 126
Dois são os pressupostos específicos do recurso:
Decisão não unânime (1) e que não esteja em consonância com o precedente
jurisprudencial do TST, nem com súmula de sua jurisprudência dominante (2).
A ausência de unanimidade diz respeito a cada cláusula impugnada no recur-
so, vez que, os Embargos Infringentes serão restritos à matéria objeto do recurso.
O prazo de interposição é de oito dias, garantido igual prazo para o embarga-
do oferecer contrariedade, sendo submetido ao juízo de admissibilidade do Juiz
Presidente do TST, que em caso de serem inadmitidos cabe o Agravo Regimental
que será julgado pela própria Seção Especializada.
As Seções Especializadas do TST julgam originariamente o Dissídio Coletivo
e a Ação Rescisória e em última instância julgam os Embargos Infringentes, in-
clusive o Agravo Regimental, caso tenha sido negado seguimento àquele recurso.
Em caso de acordo homologado pela Seção Especializada de Dissídio Coletivo,
em sua competência originária, caberá recurso de Embargos Infringentes, tendo le-
gitimidade apenas o Ministério Público do Trabalho em defesa da Ordem Pública.
Se a decisão prolatada pelas Seções Especializadas do TST, em sua competên-
cia originária, for unânime e não ocorrer violação à Lex Fundamentallis, nenhum
outro recurso será admissível, nem mesmo o recurso Extraordinário.
Embargos
capítulo 4 • 127
o juízo "a quo", para que se tenha condições de mensurar se ocorreu a alegada
violação de lei federal ou da Constituição Federal ou interpretação divergente.
Comprovação da divergência - Necessário que seja transcrita nas razões re-
cursais, a ementa do acórdão indicado como paradigma e a indicação precisa da
fonte oriunda de um repositório idôneo de jurisprudência, isso no caso de dissídio
jurisprudencial, e para a hipótese de violação literal de texto de lei, a indicação
precisa da lei ou dispositivo constitucional violado.
O juízo de admissibilidade primeiro é realizado pelo Presidente da Turma, e
caso denegado seguimento para a Seção Especializada de Dissídio Individual, a
quem cabe julgar os Embargos, a parte pode interpor Agravo Regimental.
O prazo é de oito dias para interposição dos Embargos, sendo garantido igual
prazo para o recorrido oferecer as contrarrazões.
Interessante observar que, se a questão deduzida em juízo for decidida pela
Junta de Conciliação e Julgamento de forma a afrontar a Constituição Federal, os
Embargos permitem que seja realizado cinco julgamentos da mesma matéria, a saber:
• Junta de Conciliação e Julgamento julga violando dispositivo da Constituição
Federal;
• Tribunal Regional do Trabalho em decisão de recurso Ordinário mantém
a sentença;
• Turma do Tribunal Superior do Trabalho em decisão de recurso de Revista
confirma as decisões anteriores;
• Seção Especializada em Dissídio Individual do Tribunal Superior do
Trabalho, em Embargos mantém o julgado em recurso de Revista;
• Supremo Tribunal Federal, em Recurso Extraordinário julga a decisão pro-
latada em Embargos, porque a decisão afronta a Constituição Federal.
capítulo 4 • 128
Contudo, a legislação somente se refere a Embargos que serão interpostos
quando ocorrer violação de preceito de lei federal ou da Constituição, ou a decisão
for divergente conforme acima delineado.
Recurso de Revista
capítulo 4 • 129
Salvo se a decisão recorrida estiver em consonância com Enunciado de Súmula
de jurisprudência uniforme do TST.
Não cabe recurso de Revista quando a divergência (dissidência jurisprudencial),
for entre a decisão hostilizada do Tribunal Regional com decisão de Turmas do TST.
E o recurso de Revista também pode ser interposto quando a decisão do
Tribunal Regional, em recurso Ordinário, afrontar literalmente dispositivo de lei
federal ou da Constituição da República Federativa do Brasil.
Outro cabimento do recurso de Revista será em decisão do Tribunal Regional,
em Agravo de Petição, quando a decisão violar diretamente a Constituição Federal.
Exigível o depósito recursal no recurso de Revista, como garantia do cumpri-
mento da decisão, quadruplicando o valor, sendo que, quando a Revista for em
decorrência de decisão em Agravo de Petição, não é exigido o depósito recursal,
posto que o juízo já estará garantido, desde os Embargos à Execução, através dos
bens que foram objeto do ato de constrição, salvo se tiver havido elevação do valor
do débito, de acordo o que giza a alínea "c", item IV, da Instrução Normativa nº
03 de 03/03/93, do C. TST.
Haverá de ser observado a hipótese do vencedor em Primeiro Grau ser ven-
cido no Segundo Grau em recurso Ordinário. Se interpuser recurso de Revista
deverá recolher as custas e se empregador o depósito prévio, devido a inversão da
sucumbência.
O prazo é de oito dias para interposição do recurso, como também para apre-
sentar a contrariedade.
Pressupostos específicos de admissibilidade do recurso de Revista são:
Prequestionamento – Para que se conheça da Revista é necessário que tenha
ocorrido o prequestionamento, ou seja, que a questão tenha sido posta para o juí-
zo "a quo", para que se tenha condições de mensurar se ocorreu a alegada violação
de lei federal ou da Constituição Federal ou interpretação divergente.
Comprovação da divergência – Necessário que seja transcrita, nas razões
recursais, a ementa do acórdão indicado como paradigma e a indicação precisa da
fonte oriunda de um repositório idôneo de jurisprudência, isso no caso de dissídio
jurisprudencial, e para a hipótese de violação literal de texto de lei, a indicação
precisa da lei ou dispositivo constitucional violado.
Quaestio juris – Somente matéria de direito será devolvida ao Tribunal "ad
quem", sendo vedada devolver matéria fática ou probatória. Conforme asseverou
o Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Dr. VANTUIL ABDALA, "se os
fatos estiverem narrados pelo Regional nada impede que, embora a matéria seja
capítulo 4 • 130
fática, a questão seja reexaminada pelo Tribunal Superior, mas não para dizer se
ocorreu ou não ocorreu esse fato, porque isso aí cabe ao Regional dizer. Isto era
matéria de prova. Mas simplesmente para dizer que partindo desse fato o Tribunal
aplicou mal a lei. Por isso os fatos têm importância".
O Juiz Presidente do Tribunal Regional que prolatou a decisão em recurso
Ordinário (ou em Agravo de Petição) atuará como juízo de admissibilidade que
será repetido pelo Ministro Relator de uma das Turmas do TST.
A competência das Turmas do Tribunal Superior é julgar o Recurso de Revista;
o Agravo de Instrumento quando o Presidente do Regional denegar seguimento
ao recurso de Revista; o Agravo Regimental quando o Ministro Relator denegar
prosseguimento ao recurso de Revista e Embargos de Declaração opostos aos acór-
dãos proferidos nesses três recursos.
Do despacho do Juiz Presidente do Regional que nega seguimento ao recurso
de Revista cabe Agravo de Instrumento, e do despacho do Ministro Relator do
TST que não admite a Revista cabe Agravo Regimental, sendo que ambos os
Agravos (Instrumento e Regimental) serão julgados pela Turma do TST a qual
competia proferir a decisão do recurso obstruído.
No tocante ao efeito que o recurso de Revista é recebido, prevalece a regra
geral dos recursos trabalhistas, que é o efeito devolutivo, todavia, o Art. 896, §
2º, da CLT, atribui à autoridade recorrida (Presidente do Regional), emprestar o
efeito suspensivo ao recurso de Revista.
Recurso ordinário
capítulo 4 • 131
• Ação civil pública;
• Impugnação à investidura de Juiz Classista de JCJ;
• Ação cautelar.
O prazo para interpor o recurso Ordinário é de oito dias e também para con-
trarrazoar, sendo que a matéria deduzida no recurso Ordinário pode ser de fato ou
de direito, bem como questão de prova.
O recorrente pode limitar o alcance da devolutividade, desde que indique
expressamente os pontos que pretende recorrer, sendo então recurso parcial, o que
determina o trânsito em julgado do restante da sentença.
É inexistente o recurso Ordinário interposto por preposto do empregador ou
do substituto do empregado, na audiência.
No Dissídio Individual, o Juiz Presidente da Junta de Conciliação e Julgamento
exerce o juízo de admissibilidade, e, se negado seguimento, enseja a interposição
do Agravo de Instrumento.
Quando o recurso Ordinário for interposto de decisão de Regional, face a
dissídio coletivo, ou ação rescisória, ou mandado de segurança devido a dissídio
coletivo, a competência para julgar o recurso Ordinário é, em última Instância, da
Seção Especializada de dissídio Coletivo do TST.
Quando o recurso Ordinário for interposto de decisão da Regional face ao
dissídio individual de sua competência originária (ação rescisória e mandado de
segurança), a competência para julgar o Ordinário é, em última Instância, da
Seção Especializada em Dissídios Individuais.
Assim, o juiz Presidente do Regional exerce o juízo de admissibilidade "a quo"
e o Ministro Relator o juízo de admissibilidade "ad quem".
No Dissídio Individual o efeito em que o recurso Ordinário é recebido será
sempre o devolutivo e no dissídio coletivo, conforme a observação feita anterior-
mente, o Art. 7º, § 2º, da Lei nº 7.701/88, que prevê a faculdade do Presidente
do Tribunal Superior do Trabalho emprestar efeito suspensivo a recurso Ordinário
interposto de decisão proferida pela Seção Normativa dos Tribunais Regionais do
Trabalho, que terá validade pelo prazo improrrogável de 120 dias, contados da
publicação do Acórdão - Art. 9º, Lei nº 7.701/88.
Cabe reproduzir a observação feita anteriormente. A Lei nº 4.725/65, § 3º,
Art. 6º concedia efeito suspensivo ao recurso Ordinário em dissídio coletivo.
Posteriormente foi revogada pela Lei nº 7.788/89, Art. 7º, passando a viger
que não mais caberia efeito suspensivo ao recurso Ordinário em dissídio coletivo.
capítulo 4 • 132
Mais tarde, o Art. 7º da Lei nº 7.788/89 foi revogado pelo Artigo 14 da Lei
nº 8.030/90.
Contudo, face a impossibilidade de REPRISTINAÇÃO, o recurso Ordinário
em dissídio coletivo não teve readquirido o seu efeito suspensivo.
Interessante esclarecer que a Medida Provisória nº 1.488 - 18, de 29/11/96,
que dispõe sobre medidas complementares ao Plano Real e dá outras providências,
e que vem sendo reeditada a cada mês, desde a implantação do retrocitado plano,
prevê no Artigo 14 que o recurso interposto de decisão normativa da Justiça do
Trabalho terá efeito suspensivo, na medida e extensão conferidas em despacho do
Presidente do Tribunal Superior do Trabalho.
Assim, passa a viger a regra de que o recurso interposto de sentença normativa
terá efeito suspensivo, além do devolutivo.
Agravo de petição
capítulo 4 • 133
Contudo, a sentença que julga os Artigos provados é sempre agravável, embo-
ra existam vozes abalizadas que discordam, devido ao fato de o juízo ainda não se
encontrar garantido.
Se o método na liquidação for pelo procedimento do Artigo 879, § 2º, da
CLT (separação dos atos de acertamento com os de constrição), as decisões profe-
ridas na liquidação têm natureza de sentença definitiva ou terminativa, desafiando
Agravo de Petição. Isso por força da separação dos atos de acertamento e de cons-
trição, o que faz que a liquidação tenha contraditório e seu julgamento esgote a
discussão da liquidação.
Registre-se que existem posições divergentes, no tocante ao cabimento do
Agravo de Petição quando a liquidação for pelo método do Artigo 879, § 2º,
porque o juízo ainda não estaria garantido. Sendo que caberia após o julgamento
dos Embargos de Execução.
Pressuposto específico do Agravo de Petição é que sejam delimitados justifica-
damente as matérias objeto da impugnação, bem como sejam indicados os valores
impugnados.
Não tem efeito suspensivo, e o prazo para interposição é de oito dias, como
também para ser oferecida a contra - minuta, sendo que o Juiz Presidente da Junta
de Conciliação e Julgamento atua como juízo de admissibilidade. Denegado se-
guimento, cabe a interposição de Agravo de Instrumento.
Cabe recurso de Revista da decisão em Agravo de Petição quando ocorrer
ofensa direta à Constituição Federal.
Agravo de instrumento
capítulo 4 • 134
Isso se deve, para que se possa ser examinado pelo juízo "ad quem" se a con-
duta do juízo "a quo" teve amparo legal, ou traduziu ato arbitrário ao denegar
seguimento ao recurso.
É recurso de retratação, eis que, pode o juízo "a quo" modificar o despacho
agravado, o efeito é somente devolutivo, e o prazo para ser interposto é de oito
dias, bem como para oferecer contra - minuta.
Caso o juiz que prolatou o despacho agravado impedir o curso do Agravo de
Instrumento, enseja a interposição da Reclamação Correicional.
Não requer preparo, e a autoridade "ad quem" para conhecer do recurso é a
mesma que teria competência para conhecer o recurso cujo seguimento foi negado.
Havendo nos autos principais recursos de ambas as partes, e se um deles foi
denegado o seguimento, o Agravo de Instrumento interposto, devidamente pro-
cessado, será remetido juntamente com os autos do recurso recebido.
Com a petição que interpõe o Agravo de Instrumento o Agravante anexará
obrigatoriamente cópia autenticada do despacho agravado, da certidão da intima-
ção do despacho agravado e procuração do advogado do Agravante, e, facultativa-
mente, outras peças para instruir o recurso, conforme giza a Instrução Normativa
do TST nº 06 de 08/06/96.
Cabe esclarecer que, a Lei nº 9.139, de 30/11/95 alterou dispositivos da Lei
nº 5.869, de 11/01/73, que institui o Código de Processo Civil, no que concerne
ao procedimento do Agravo de Instrumento.
Basicamente, a reforma tem por escopo eliminar o uso do Mandado de
Segurança para dar efeito suspensivo ao Agravo de Instrumento, eis que, com a
nova redação do Artigo 527, inciso II faculta ao relator atribuir efeito suspensivo
a este recurso, além de, dinamizar o rito do Agravo de
Diante do Artigo 769 da Consolidação das Leis Trabalhistas, nos casos omis-
sos o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do
trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas processuais
trabalhistas.
E, vislumbra-se que não existe omissão, posto que, os Artigos 893 e 897,
"b", § § 2º e 4º da Consolidação das Leis Trabalhistas, bem como, a Instrução
Normativa nº 06, do C. TST regulam a matéria.
Outrossim, o dispositivo que faculta ao relator emprestar efeito suspensivo ao
Agravo de Instrumento é incompatível com as normas processuais trabalhistas,
face a regra geral no sistema recursal laboral, de que o recurso terá somente efei-
to devolutivo.
capítulo 4 • 135
Inclusive, o novo rito do Agravo de Instrumento, que o tornou mais célere no
atingimento das suas finalidades, também não se aplica ao processo laboral, devido
o processamento encontrar-se disciplinado na supracitada Instrução Normativa,
que, inclusive, imprime uma maior celeridade.
O agravante terá que depositar a título de preparo a metade do valor do recur-
so principal que deseja destrancar, nos termos do art. 899, § 7º da CLT.
Agravo regimental
capítulo 4 • 136
A interposição do Agravo de Regimental caberá quando dos despachos:
• Do Presidente do Tribunal, dos Presidentes do Órgão Especial, das Seções
Especializadas, de Turmas ou dos Relatores, forem contrários às disposições
regimentais;
• Do Corregedor Regional ou Vice Corregedor Regional violar expressa dis-
posição legal ou regimental;
• Dos Relatores que decretarem a extinção dos processos que lhes tenham
sido distribuídos e concederem ou denegarem liminares em mandado de seguran-
ça ou ações cautelares.
capítulo 4 • 137
Então cabe, no prazo de quarenta e oito horas, a partir da ciência do despacho
do Juiz Presidente que manteve ou alterou o valor de alçada, a interposição do
recurso de PEDIDO DE REVISÃO DE VALOR DE ALÇADA, dirigido ao Juiz
Presidente do Regional que terá competência para julgar referido remédio recur-
sal, que não terá efeito suspensivo.
Processa-se INAUDITA ALTERA PARS, ou seja, não tem o contraditório,
vedado qualquer oportunidade de intervenção da parte adversa do recorrente. É
de se questionar se os dispositivos da Lei nº 5.584/70 que não prevê o contraditó-
rio para essa espécie recursal foram efetivamente recepcionados pela Constituição
da República Federativa do Brasil, de 1988, que assegura no Artigo 5º, inciso LV,
o contraditório aos litigantes em processo judicial.
É recurso de retratação, porque admite a reconsideração da decisão pelo pró-
prio juiz que a proferiu.
A importância básica da fixação do valor de causa para efeito de alçada é para
determinar-se o cabimento, ou não, de recurso, visto que, quando o valor da causa
não exceder dois salários mínimos nenhum recurso caberá da decisão proferida,
salvo se versar sobre matéria constitucional.
O cabimento do recurso de Pedido de Revisão do Valor de Alçada se dá contra
o despacho que recebeu ou recusou impugnação ao valor fixado para efeito de
alçada, e não contra a fixação diretamente.
Interessante esclarecer que a regra geral de que no processo trabalhista das de-
cisões interlocutórias não cabe nenhum recurso imediatamente, é quebrada pelo
recurso ora sob análise, eis que a decisão do Juiz Presidente que mantém ou altera
o valor da causa, para efeito de alçada, tem natureza jurídica de interlocutória.
Reclamação correicional
capítulo 4 • 138
decidir as reclamações contra atos atentatórios da boa ordem processual praticados
pelos Tribunais Regionais e seus Presidentes.
Daí conclui-se que cabe:
• Correição Parcial contra ato de Junta de Conciliação e Julgamento, cuja
competência para julgar é do Juiz Presidente do Regional.
• Reclamação Correicional contra ato dos Juízes do Regional e seu Presidente,
cuja competência para julgar é do Ministro Corregedor do Tribunal Superior do
Trabalho.
capítulo 4 • 139
diretamente ao juiz da causa, no prazo de cinco dias, com o pagamento dos emo-
lumentos, sob pena de deserção, previsto manifestação da parte contrária, no mes-
mo prazo de cinco dias.
É possível, ao juiz da causa, a retratação e em caso de manutenção do des-
pacho objeto da reclamação, a encaminhará ao Juiz Corregedor Regional com as
informações que entender cabíveis, em autos apartados.
Compete ao Juiz Corregedor Regional decidir reclamações contra atos aten-
tatórios à boa ordem processual, praticados pelos Juízes de Primeira Instância,
quando não existir recurso específico ou não for caso de mandado de segurança,
cabendo Agravo Regimental dessa decisão.
Quando for o caso de Reclamação Correcional sobre Juízes de Direito in-
vestidos de Jurisdição Trabalhista, será processada perante o Juiz Corregedor do
Tribunal Regional do Trabalho, quanto à matéria jurídico trabalhista, e será pro-
cessada perante o Juiz Corregedor do Tribunal de Justiça, mediante solicitação
do Tribunal Regional do Trabalho, quanto à matéria disciplinar emergente da
correição.
Embargos de declaração
capítulo 4 • 140
Na suspensão do prazo recursal, quando cessado o motivo que ensejou a sus-
pensão, a contagem é reiniciada e o tempo anterior já transcorrido, antes da sus-
pensão, é totalmente aproveitado.
Os Embargos de Declaração têm como pressuposto específico que a decisão
seja OBSCURA, CONTRADITÓRIA e/ou OMISSA.
Limita-se, a título de pressuposto, a verificação de legitimidade, representa-
ção, tempestividade e não exige preparo.
Processa-se INAUDITA ALTERA PARS, e sem opinativo do Ministério
Público do Trabalho, e a autoridade recorrida é a mesma que prolatou a decisão
embargada, sendo, portanto, recurso não devolutivo.
O prazo para sua interposição é de cinco dias e não cabe o contraditório, ou
seja, não existe previsão para a parte contrária apresentar manifestação, todavia,
o Supremo Tribunal Federal decidiu que, quando for dado efeito modificativo à
decisão embargada, devido omissão do julgado, será cabível o contraditório, aca-
tando, assim, preceito constitucional.
Recurso Adesivo
capítulo 4 • 141
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 39ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
SARAIVA, Renato; LINHARES, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ª ed. São
Paulo: Jus Podivum, 2017.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª ed. São Paulo: LTr, 2017.
capítulo 4 • 142
5
Execução e dissídio
coletivo de trabalho
Execução e dissídio coletivo de trabalho
Neste último capítulo serão abordadas as regras gerais e especiais que regem
a execução trabalhista, em especial o fato de a CLT possuir poucos artigos sobre
a execução, razão pela qual prevê a aplicação da lei de execução fiscal que, por
sua vez, prevê a incidência do CPC de forma subsidiária, fatos que geram muitas
controvérsias. É importante destacar que os recursos trabalhistas, por terem efeito
apenas devolutivo, permitem a execução provisória, o que imprime maior celeri-
dade no trâmite processual. Estudará ainda os diferentes meios de impugnação da
execução, o momento próprio para sua apresentação e os requisitos necessários
para seu exercício. Além disso, deve conhecer os recursos cabíveis na execução.
Por fim, o aluno aprenderá a identificar as espécies de dissídios coletivos, a
sua tramitação e distinções dos dissídios individuais. É preciso ainda saber que a
Ação de Cumprimento visa apenas o cumprimento de normas coletivas, que não
há execução nos dissídios coletivos, mas sim, cumprimento.
OBJETIVOS
• Execução Trabalhista: Regras gerais; Execução provisória e definitiva;
• Liquidação de sentença: cálculos, arbitramento, artigos, perícia para cálculos complexos;
• Citação do executado;
• Penhora: bens penhoráveis e bens impenhoráveis;
• Meios impugnativos da execução: Embargos à Execução; Impugnação à Sentença de Li-
quidação; Embargos de Terceiros; Embargos à Penhora; Exceção de pré-executividade;
• Recursos na execução;
• Trâmites finais da execução: venda do bem em hasta pública; arrematação; adjudicação
e remição;
• Dissídios Coletivos. Conceito e Poder Normativo da Justiça do Trabalho; Classificação;
Competência; Partes; Requisitos da petição inicial; Conciliação; Sentença normativa; Ação
de Cumprimento.
capítulo 5 • 144
A execução trabalhista é considerada um dos grandes gargalos da Justiça, com
taxa de congestionamento de 70%. Em muitos casos, mesmo assinado um acordo,
algumas empresas deixam de cumpri-lo. Em outras situações, as partes divergem
quanto ao valor da dívida e apresentam uma série de recursos para contestar os
cálculos, o que atrasa a conclusão dos processos. E, mesmo depois de impedidas
de questionar os valores, algumas empresas se utilizam de artimanhas para tentar
escapar do pagamento.
Algumas simplesmente fecham as portas, dificultando a localização do de-
vedor por parte da Justiça. Quando não são encontrados bens do devedor para
o pagamento da dívida, o processo vai para um arquivo provisório. “É uma fase
intermediária entre o processo estar caminhando e ele ter terminado”, explica
o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (DF/TO)
João Amílcar Pavan, que é presidente da Comissão Nacional da Efetividade da
Execução Trabalhista. Até 2017cerca de 800 mil processos trabalhistas estão em
arquivos provisórios no Brasil22.
O processo executivo justrabalhista do ordenamento jurídico pátrio pode ser
conceituado como o meio de se efetivar a obrigação decorrente de pretensão for-
mulada judicialmente em fase de conhecimento que foi reconhecida pelo Estado
através da tutela jurisdicional formando um título executivo judicial ou decorren-
te de obrigação contida em título executivo extrajudicial.
Sabe-se que para uma obrigação ser executada ela deve ser certa (não estar
sujeita a alteração, através de um recurso ou uma revogação da decisão concedida
em sede de tutela provisória de urgência), líquida (quando há valor ou objeto in-
dividualizado) e exigível (não sujeita a termo ou condição).
As modalidades de execução são as que têm por base um título executivo
judicial e extrajudicial. Os títulos judiciais vêm definidos no art. 876 da CLT e
515 do NCPC, já os títulos executivos extrajudiciais estão previstos no art. 876 da
CLT e 784 do NCPC. Nos processos executivos de títulos judiciais a competência
para o processamento é da vara que conheceu do processo de conhecimento (art.
877-A, CLT), já nos títulos extrajudiciais a competência será da vara que teria a
competência para o caso se fosse realizado o processo de conhecimento.
22 <http://www.csjt.jus.br/noticias1/-/asset_publisher/By5C/content/reportagem-especial-entenda-
o-que-e-a-execucaotrabalhista?redirect=%2Fnoticias1%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_By5C%26p_p_
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andOperator%3Dtrue%26cur%3D19>.
capítulo 5 • 145
Vale abrir um parêntese para explanar que a execução pode ser provisória ou
definitiva. Ela é provisória quando o título executivo é provisório, v. G., quando
há uma sentença de procedência dos pedidos, mas sobre ela ainda não tenha se
operado a res judicata (coisa julgada), ou seja, o trânsito em julgado. Definitiva
será a execução de sentença em que já se operou o trânsito em julgado ou quando
o título for extrajudicial (Sumula nº 317 do STJ).
Quanto às responsabilidades, na execução elas podem ser sintetizadas, a priori,
em quatro espécies: (1) a do devedor principal, (2) a do sócio, (3) a do devedor
subsidiário e (4) a do grupo econômico.
O devedor principal é o tomador do serviço laboral que se vincula com o
trabalhador através do contrato de trabalho ou da prestação de serviço. Responde
como legitimado passivo em uma eventual demanda justrabalhista.
A responsabilização do sócio da empresa só é possível se houver a desconside-
ração da personalidade jurídica, nos termos do art. 28, § 5º do CDC e art. 133
do NCP que tratam, respectivamente, da teoria objetiva (menor) - em que basta a
mera comprovação da inexistência de bens da empresa para se atingir o patrimô-
nio do sócio - e do incidente de desconsideração da personalidade jurídica.
A responsabilidade do devedor subsidiário está prevista na Súmula nº 331 do
col. TST que prevê a obrigação que tem o tomador de serviço com empregado de
empresa prestadora de serviço, desde que este empregado preste serviços direta-
mente ao tomador. Se o tomador de serviço for pessoa privada, basta o mero ina-
dimplemento das obrigações trabalhistas para que o tomador seja responsabiliza-
do. Se, porém, o tomador for a Administração Pública, além do inadimplemento
deve haver conduta culposa in vigilando. Vale esclarecer que, somente haverá essa
responsabilização se o tomador for incluído no polo passivo da demanda justraba-
lhista durante a fase de conhecimento.
Por derradeiro, quanto às responsabilidades, nos termos do art. 2º § 2º da
CLT, cada empresa que faça parte de grupo econômico, mesmo que haja perso-
nalidade jurídica própria, é considerada responsável solidária com as outras que
o compõem. Neste caso, a responsabilização do devedor solidário permanecerá
independentemente de a empresa executada ser ou não incluída no polo passivo
da reclamação trabalhista na fase de conhecimento.
Após o trânsito em julgado da decisão dar-se-á início ao incidente de
Liquidação de sentença, nos casos de sentenças condenatórias e naqueles em que
a obrigação não seja líquida. Esse procedimento de liquidação pode se dar (i) por
cálculos aritméticos, (ii) por arbitramento e (iii) por artigos, podendo ser feito por
contador judicial, por perito nomeado pelo juiz ou ainda pelas partes.
capítulo 5 • 146
Realizada a liquidação, o juiz manda intimar a União para se manifestar e
ainda, se entender necessário, procede a intimação das partes. Ultrapassado o pra-
zo sem impugnação do laudo, o juiz emite decisão interlocutória homologando
o laudo.
Como na justiça do trabalho o processo não é sincrético (aquele em que a
execução é uma fase processual) após o incidente de liquidação judicial (em caso
de execução de título judicial) o devedor deve ser citado. O juiz expede o mandado
de citação, penhora e avaliação e o devedor tem três opções: pode ficar inerte; pode
realizar o pagamento da dívida; e pode nomear bens à penhora ou garantir o juízo,
caso tenha o interesse em ajuizar embargos à execução. Não realizado o pagamento
no prazo legal de 48 horas (art. 880, CLT) o oficial de justiça irá penhorar os bens
do devedor. Se, porém, houver a garantia do juízo, o devedor terá o prazo de 5 dias
para ajuizar os embargos à execução.
Caso sejam apresentados embargos à execução e, sendo-lhe concedido o efeito
suspensivo, o processo será suspenso (art. 921, II, CPC). Não havendo esse efeito
suspensivo, os procedimentos executivos serão realizados através das seguintes hi-
póteses: (1) apropriação de frutos e rendimentos, (2) arrematação ou alienação e
(3) adjudicação. Pode ainda ocorrer a remição da dívida (pagamento) dando fim
à execução. A arrematação e/ou a alienação podem dar-se por hasta pública (nas
modalidades “praça” para bens móveis e “leilão” para bens imóveis) ou por leilão
judicial (que pode ser eletrônico ou presencial).
Por derradeiro, a extinção da obrigação pode se dar pelas hipóteses do art. 924
do CPC, das quais destacamos como principal a satisfação da obrigação através do
pagamento (inciso II). O pagamento pode ocorrer à vista ou na forma parcelada
prevista nos arts. 895 e 916 do CPC.
Quando o réu é a fazenda pública, o procedimento toma outros rumos. Após
a decisão homologatória da liquidação a Fazenda poderá realizar o pagamento
através do Precatório ou da Requisição de Pequeno Valor (RPV). Esta quando
a dívida for menor que 60 salários mínimos no caso de o réu ser a União, 40
salários mínimos se o réu é Estado ou o DF e ainda 30 mínimos quando o réu
é Município. Já o regime de precatório está previsto no art. 100 da CRFB para
pagamento de dívidas com valor superior a 60 salários mínimos, ao qual se aplica
as regras de preferência aos que têm 60 anos ou mais e àqueles que têm crédito de
natureza alimentar23.
23 <https://www.passeidireto.com/arquivo/1000497/dir_processual_trabalho_analista>.
capítulo 5 • 147
Liquidação de sentença
Aspectos Gerais
Dispõe o art. 879 da CLT que sendo ilíquida a sentença exequenda, orde-
nar-se-á, previamente, a sua liquidação, que poderá ser efetivada por cálculo, por
arbitramento ou artigos. Deverá ser observado que na liquidação não se poderá
modificar os limites da coisa julgada material e nem os seus termos.
Se o cálculo for efetuado primeiramente pelo contador da Vara, se abrirá prazo
para as partes e para o INSS, para que se manifestem sobre os mesmos, no prazo
sucessivo de 10 dias. A abertura deste prazo é uma faculdade do Juiz. Isto porque,
a partir da Lei 10.035/00, deverá o setor de cálculos ou as partes, em anexo, apre-
sentar planilha discriminativa dos valores devidos a título de I.R. e INSS, parte do
empregado e do empregador, além das contribuições de terceiros.
A não impugnação aos cálculos oferecidos pelo contador do juízo importará
na aplicação da pena de preclusão, consoante termos contidos no art. 879 da CLT,
observadas as alterações determinadas pela Lei 10.035/00. A liquidação de sen-
tença, promovida na fase de acertamento, seja em sede de execução definitiva ou
provisória, tem por escopo converter o objeto da condenação em números deter-
minados, transformando a obrigação indeterminada em obrigação determinada.
A liquidação é um ato preparatório para a execução, tendo como natureza jurídica
a declaração que ali se emite sobre a certeza do limite do valor a ser executado ou
do perfil da dívida.
Assim, fixa-se o quantum debeatur por meio de liquidação de sentença. Só
após a sentença de liquidação é que o processo executório, propriamente dito, se
iniciará, a partir do mandado de citação e penhora ou só de citação, consoante
for o caso. Se na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, de imediato,
poderá se iniciar a execução com relação ao valor já conhecido, abrindo-se a fase
de acertamento com relação ao valor desconhecido.
Tal procedimento não fere a lógica cronológica dos atos processuais, já que pa-
ralelamente o processo irá transcorrer normalmente, sem prejuízo para as partes.
Isto ocorre também quando uma das obrigações da coisa julgada refere-se a uma
obrigação de fazer ou não fazer, correndo o processo simultaneamente, observan-
do-se os procedimentos já mencionados. Tal permissão encontra-se inscrita no §
2º do Art. 783 do NCPC, aplicável ao processo do trabalho. Ordinariamente a
fase de acertamento inicia-se através de ato do Juiz, que despacha para que o con-
tador ou o autor ou o perito liquide o feito.
capítulo 5 • 148
Contudo, mormente no caso de execuções provisórias, poderá o autor postu-
lar pelo início da fase de acertamento. Caso não o faça, autoriza os arts. 526 e 527
do NCPC que o réu solicite ao Juiz que determine a liquidação do feito.
Mais uma vez a CLT é omissa, aplicando-se o disposto no art. 606 do CPC,
que assim dispõe: “ Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: determinada
pela sentença ou convencionada pelas partes e o exigir a natureza do objeto da
liquidação.”. Entendemos que este modo de liquidação tem como pressuposto
de legitimidade a natureza do objeto a ser liquidado e a presença de uma pessoa
com conhecimentos especializados. Neste caso, o juiz nomeará o experto, sendo
capítulo 5 • 149
admitida a presença de assistentes indicados pelas partes, as quais apresentarão os
seus quesitos, sem exclusão daqueles que o juiz houver por bem formular.
Apresentado o laudo, as partes terão prazo de 10 dias para se manifestarem
sobre o seu conteúdo. Será concedida vista ao perito sobre as impugnações ofere-
cidas, para que se manifeste em 10 dias. Prestados os devidos esclarecimentos, as
partes terão vistas sobre os mesmos, podendo se manifestar no prazo de 05 dias.
Após, o processo estará concluso para o juiz, que não se encontra vinculado
aos termos do laudo, podendo rejeitá-lo e determinar nova apuração ou impugnar
alguma parte do laudo. Ao tomar esse caminho estará lavrando uma sentença
provisória sobre a liquidação, fixando os termos de suas discordâncias e concor-
dâncias. Refeito o laudo, novamente as partes e o INSS terão vistas sobre os novos
cálculos apresentados.
Em seguida o juiz, concordando com a reforma operada, irá lavrar a sentença
de liquidação. Se aceito o laudo, integralmente pelo juiz, será lavrada a sentença de
liquidação definitiva, passível, porém, de ser reformada pelos embargos à execução.
Tal forma de liquidação encontra-se inserida nos arts. 608 e 609 do CPC.
A liquidação por artigos se processa sempre quando, para determinar o valor da
condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo.
Tem-se que esta definição carrega uma imprecisão, já que entendemos que
a liquidação por artigos se dará sempre que a sentença não trouxer elementos
definidores para a elaboração dos cálculos, necessitando de uma melhor apuração
na fase de acertamento. Por exemplo, o autor postula horas extras e a sentença
reconhece este direito, mas não define a jornada, em função da prova que é con-
traditória quanto a extensão da mesma. Neste caso, o juiz determinará audiência
de liquidação, na qual as partes poderão apresentar novas provas, e, em sentença
provisória de liquidação, fixará o limite da jornada a ser observada para os cálculos
das horas extras.
Contudo, não se admite na liquidação por artigos, a prova de fatos que a
sentença não reconheceu. Caso contrário, estaria a se admitir a violação da coisa
julgada. Se for o autor que postular a liquidação por artigos, deverá declarar quais
os fatos que a justificam ou fato novo, sob pena do juiz indeferir essa forma de
procedimento, se bem que poderá suprimir essa omissão. Desta petição a parte
contrária terá vista para se manifestar no prazo de cinco dias. Após a sentença de
liquidação, o juiz poderá determinar que as partes apresentem seus cálculos, autor
capítulo 5 • 150
e réu. Se o réu omitir-se de se manifestar sobre os cálculos apresentados pela parte
adversa, o juiz poderá homologar o cálculo apresentado, podendo, entretanto, o
réu opor embargos à execução.
Todavia, se o cálculo for elaborado diretamente pelo contador da Vara e as
partes não se manifestarem sobre o mesmo, no prazo de 10 dias, estará precluso o
momento de fazê-lo em outra oportunidade.
Execução provisória
Esta se procede sempre que ainda não houver se constituído a coisa julgada
material e processual, podendo a parte interessada requerer a extração da “Carta
de “Sentença”, com a finalidade de tornar mais ágil o processo executório. Deverá
juntar todas as peças necessárias à execução e esta deverá caminhar até a garantia
integral do juízo ou mesmo julgamento dos embargos à execução e agravo de
petição, se for o caso, não importando tal modo de execução em transferência de
patrimônio do executado para o exequente ou terceiros, até que se forme a coisa
julgada material e processual.
Contudo, como no processo do trabalho é comum a existência de vários ob-
jetos na lide e que tenham sido reconhecidos em sentença e/ou acórdão regio-
nal, aqueles que não forem objeto de recurso estão alcançados pela coisa julgada
capítulo 5 • 151
material, sendo a execução promovida, neste particular, definitiva, o que garante
ao credor receber a parte incontroversa que lhe cabe, com os descontos pertinentes
ao INSS e I.R.
Todavia, se a garantia do juízo constituir-se em penhora, aí haverá impos-
sibilidade de alienação do bem, impossibilitando para o credor receber a parte
incontroversa.
A execução provisória é admitida nos seguintes casos: a) do recurso extraor-
dinário regularmente recebido (arts. 995 e 1031, § 3º do NCPC); b) do agravo
de instrumento contra despacho que denega recurso extraordinário (Art. 1042 do
NCPC); c) do recurso de revista recebido com efeito devolutivo ou do agravo de
instrumento sobre o despacho que lhe nega seguimento; d) de agravo regimental
contra despacho denegatório dos embargos opostos às decisões das turmas do
TST; e) do recurso ordinário aceito com efeito devolutivo ou do agravo de instru-
mento sobre o despacho que lhe nega seguimento. Depois do trânsito em julgado
da sentença de mérito, a execução torna-se definitiva.
Da execução definitiva
capítulo 5 • 152
Pode, entretanto, eventualmente, determinar a coisa julgada que o emprega-
dor não realize determinado ato, como por exemplo: o autor requer o reconheci-
mento judicial do seu direito de permanecer em uma das residências pertencentes
à empresa e destinadas aos seus funcionários, em função de cláusula contratual ou
normativa que lhe assegure a permanência durante certo prazo na mesma, após a
resilição do seu contrato de trabalho, por saber que a outra parte pretende entrar
com uma ação de despejo contra o mesmo, sendo o direito reconhecido.
Execução e falência
Não nos resta dúvida que juridicamente a falência enseja uma execução única
coletiva contra o sujeito passivo. Trata-se da hipótese de formação de litisconsór-
cio necessário, consoante previsão contida no §2º do art. 7º da Lei das Falências.
Segundo tal regra jurídica, é indivisível o juízo da falência e, por isso mesmo,
competente para conhecer e julgar todas as ações propostas contra a massa falida.
A vis attractiva do juízo falimentar, contudo, tendo em vista entendimento
doutrinário, não é absoluta, compreendendo tão somente as ações que a própria
Lei das Falências regula e os processos incluídos na Justiça Comum.
Assim, as ações trabalhistas continuam a ser conhecidas e julgadas pela Justiça
do Trabalho. Contudo, transitada em julgado a ação trabalhista e tendo esta natu-
reza condenatória, o crédito, a partir do momento em que é definido em sentença
de liquidação e cumprido o mandado de citação da Massa Falida, através do seu
síndico, será devidamente habilitado no Juízo Falimentar. Lá, o teor da sentença
trabalhista não poderá ser atacado, mas poderá o síndico, em nome da Massa
Falida, propor embargos à execução, nos termos do art. 884 da CLT, sem, contu-
do, precisar garantir o juízo.
No juízo falimentar, como de resto, o crédito trabalhista prefere a qualquer
outro tipo de crédito. Até porque esta preferência encontra-se prevista em Lei
Complementar – Código Tributário Nacional -, dentro do seu art. 186. Entretanto,
capítulo 5 • 153
esta preferência haverá de ser submetida ao concurso de credores, respeitando-se
o princípio da indivisibilidade da falência, não sendo possível o prosseguimento
da execução com a constrição de bens da Massa Falida pela Justiça do Trabalho.
Trata-se tal interpretação de uma aplicação mais justa do princípio da preferência
de créditos em concurso de credores, pelo qual o Juízo Falimentar haverá primeiro
de agraciar os créditos trabalhistas com o fruto da alienação dos bens da Massa
Falida, seguindo-se os créditos oriundos de tributos devidos e, assim por diante.
Mas se a penhora do bem for realizada antes da decretação da falência da exe-
cutada pelo juízo falimentar, a execução deverá prosseguir normalmente. Nesta hi-
pótese se a decretação acontecer quando os bens penhorados pela Vara já estiverem
com praça designada, mediante publicação por edital, o produto da arrematação
reverterá para a Massa Falida( § 1º do art. 24 da Lei das Falências). Mas se tal fato
acontecer após a arrematação dos bens, a massa receberá tão somente o que sobrar.
O crédito trabalhista deverá ser corrigido até o dia da sua efetiva liquidação
(art. 39 da Lei 8.177/91). Se o empregador optar por elidir a falência deverá pagar
o crédito dos seus trabalhadores corrigidos e com juros de mora(Súmula 29 do
STJ).
Algumas obrigações que ficam a cargo do devedor, se resolvem com uma única
prestação. Entretanto, existem aquelas que são contínuas e que devem ser efetua-
das periodicamente, sendo, portanto, chamadas de prestações sucessivas.
Interessante mencionar que este tipo de execução encontra harmonia com o
princípio da celeridade e da simplicidade do processo trabalhista, pois possibilita
ao credor cobrar todas as prestações inadimplidas em uma só execução.
O presente assunto encontra amparo nos artigos 890, 891 e 892 da CLT.
Princípios da Execução
• Autonomia na Execução Trabalhista e Princípios Informativos
Aproveita-se para comentar que a autonomia da execução é uma questão que
não encontra uniformidade na doutrina, havendo posicionamentos diferentes, há
quem entenda ser a execução mera fase no processo do trabalho, acompanhando
dessa forma o rito do Processo Civil. A fundamentação para tal entendimento está
capítulo 5 • 154
baseada na execução se processar nos mesmos autos originários; poder ser promo-
vida de ofício e se iniciar através de notificação da intimação e não citação como
em um processo autônomo, pois para essa parte da doutrina apesar da CLT trazer
redação de citação no artigo 880, na verdade ocorre é uma intimação.
Porém o entendimento que prevalece na doutrina é que execução ocorre em
um processo autônomo, a redação artigo 880 da CLT traz de forma expressa o
termo citação, o que acaba ratificando esse entendimento. Outro argumento utili-
zado refere-se à redação do artigo 876 da CLT, que ao tratar de títulos executivos
extrajudiciais demonstram a existência de um processo autônomo, pois não have-
rá a fase de conhecimento em tais casos, como explica Saraiva.
capítulo 5 • 155
• Princípio da Utilidade do Credor.
Esse princípio tem como escopo evitar execuções infrutíferas, que não possam
trazer ao credor a satisfação de sua pretensão, ou seja, quando o patrimônio do
executado for insuficiente, essa não será realizada. Nesse sentido é a redação do
artigo 659 no seu parágrafo segundo.
Tem-se nos parágrafos 2° e 3° do artigo 40 da Lei n° 6.830/1990 a determina-
ção para arquivamento da execução, quando transcorrido um ano de suspensão do
processo, sem que tenha se encontrado o devedor ou sem que se tenha encontrado
bens destes passíveis de penhora.
• Princípio da Especificidade
Saraiva afirma que este princípio é encontrado na redação dos arts. 809 e 816
do NCPC, tendo o fito de possibilitar ao credor além do recebimento de perdas e
danos o valor da coisa, ou o pagamento de terceiros para a realização da obrigação
de fazer.
capítulo 5 • 156
• Princípio do Não-Aviltamento do Devedor
Esse é um princípio que encontra guarita na Constituição Federal, que de-
fende a dignidade da pessoa humana, e que por consequência irradia a legislação
infraconstitucional, de forma que no art. 833 do NCPC se tem um rol de bens
impenhoráveis, para que dessa forma possa ser respeitado tal princípio.
Legitimidade na execução
capítulo 5 • 157
necessária a prova de fatos novos, tendo a exigência da iniciativa do credor ou dos
outros legitimados, como afirma Renato Saraiva.
Quando se fala que qualquer legitimado poderá promover a execução, leia-se
credor, devedor, Ministério Público e o rol dos elencados no artigo 567 do Código
de Processo Civil.
capítulo 5 • 158
Conforme o parágrafo único do art. 831 da CLT, onde reza: ”No caso de
conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para
a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas” os acordos
homologados pela Justiça do Trabalho adquirem força executiva, pois no ato da
homologação, configura-se o trânsito em julgado.
Com a nova sistemática dos títulos executivos, e com a lei 11.232/2005, que
revogou o art. 584 do CPC, o processo civil passou a reconhecer, por força do
art. 515 do NCPC, os seguintes títulos executivos judiciais:
I. A sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação
de fazer, não fazer, entregar coisa certa ou pagar quantia;
II. A sentença penal condenatória transitada em julgado;
III. A sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua
matéria não posta em juízo;
IV. A sentença arbitral;
V. A sentença estrangeira, homologada pelo Supremo Tribunal de Justiça;
VI. O formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante,
aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.
No art. 515 do NCPC, esclarece que nos casos dos incisos II, IV e VI, o man-
dado inicial – art. 475-J – abrangerá a ordem de citação do devedor, no juízo civil,
para liquidação ou execução, de acordo com o caso.
capítulo 5 • 159
três títulos executivos extrajudiciais no processo do trabalho, são eles: os termos
de compromisso de ajustamento de conduta com conteúdo obrigacional firmados
perante o Ministério Público do Trabalho; os termos de conciliação com conteúdo
obrigacional celebrados perante a Comissão de Conciliação Prévia e as certidões
de dívida ativa decorrentes de multas aplicadas aos empregadores pelos órgãos de
fiscalização do trabalho (art.114, VII da CF/88 c/c art. 784 do NCPC).
Recursos na execução
Embargos a execução
capítulo 5 • 160
após a homologação, através de embargos à execução, apesar de ser entendimen-
to minoritário.
Conforme o art. 884, §1° da CLT nos embargos a execução a matéria de de-
fesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação
ou prescrição da dívida, ou seja, não há possibilidade de se discutir matérias já
decididas no processo de conhecimento, apenas existe a possibilidade de alegar
matéria superveniente a sentença. Existe ainda a prerrogativa de alegar a nulida-
de da sentença, por falta ou nulidade da citação, se a ação tiver corrido à revelia
do executado.
Faz-se necessário lembrar que o juiz julgará na mesma sentença o embargo
proposto pelo executado como a impugnação proposta pelo exequente, impugna-
ção esta, referente ao embargo. A competência para esse julgamento é a mesma da
execução trabalhista.
Dessa decisão que dará provimento ou não ao embargo de execução cabe agra-
vo de petição para o Tribunal Regional do Trabalho no prazo de oito dias.
Os embargos não serão recebidos se propostos fora do prazo legal e se a maté-
ria de defesa versar sobre pontos já decididos.
Agravo de petição
Embargos de terceiro
Com relação aos embargos de terceiro existe omissão por parte da CLT, como
solução aplica-se subsidiariamente o CPC, com as devidas adequações. Como
principal objetivo os embargos de terceiros vem assegurar a proteção da posse ou
da propriedade de quem, não sendo parte no ato processual, sofre na posse de seus
bens em decorrência de atos de apreensão judicial o esbulho ou turbação, pela
penhora, o depósito, o arresto, o sequestro, a alienação judicial.
capítulo 5 • 161
Através dos embargos de terceiro o embargante visa a manter ou restituir a
posse do bem que indevidamente encontra-se sob o poder da justiça, aplica-se o
que dispõe o art. 674 do NCPC a fim de garantir a posse no bem que venha a
sofrer esbulho ou turbação ou mesmo fazer retornar sua posse ao seu proprietário
aquele bem objeto de apreensão judicial.
Os embargos de terceiro podem ser ajuizados incidentalmente tanto no pro-
cesso de conhecimento como quanto no de execução.
Os embargos de terceiros no processo de conhecimento tem lugar enquanto
não transitar em julgado a sentença ou o acórdão, no processo de execução a ação
pode ser ajuizada até cinco dias após a arrematação, adjudicação ou remissão, mas
sempre antes da respectiva carta, conforme preceitua o art. 675 do NCPC.
A causa dos embargos de terceiro é retirar dos bens de terceiro da constrição
indevida perpetrada pelo Estado (Juiz), e por envolver em seu bojo a tutela posses-
sória, poder-se também inserir ao seu conceito a característica interdital, tem ainda
como característica nos embargos de terceiro é a sua natureza mandamental, pois a
eficácia do provimento judicial tem como escopo a determinação da manutenção
ou reintegração da posse do bem constrito, retirando-o da esfera do processo.
Segundo a lei o conceito de terceiro embargante refere-se a aquele não figure
no processo como parte, vem a ele defender seus bens em função do seu título de
propriedade, ou em razão da qualidade da sua posse, não podem sofrer a indevida
constrição judicial.
Nos embargos de terceiros estes são distribuídos por dependência aos autos do
processo, onde se deu a origem ao ato de constrição, já ao contrário dos embargos
do devedor estes devem ser processados em autos apartados.
A doutrina divide-se em relação a competência quando a execução é feita para
a precatória, dividindo-se correte a favor do juízo deprecante e outra a favor do
juízo deprecado.
Objetivando nortear essa discussão o TST editou a súmula 419, pacificando o
entendimento de que na execução, “por carta precatória, os embargos de terceiro
serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência
para julgá-lo é do juízo deprecante, salvo se versarem, unicamente, sobre vícios ou
irregularidades da penhora, avaliação ou alienação dos bens praticados pelo juízo
deprecado, em que competência será deste último.
Na inicial dos embargos de terceiro devem obedecer aos gerais contidos no
art. 319 do NCPC.
capítulo 5 • 162
Visto a singularidade e autonomia, a ação de embargos de Terceiro, possui
causa pedir diferente da ação principal, o legislador processual deu um tratamento
específico na medida em que o retirou da esfera do procedimento comum ordiná-
rio e o colocou no livro dos procedimentos especiais do CPC.
O prazo para o embargado oferecer sua resposta será de 10 dias contados da
intimação, observando o que preceitua o art.915 do NCPC:
Não sendo contestado o pedido, presumir-se-ão aceitos pelo requerido, como
verdadeiros, os fatos alegados pelo requerente (arts. 334 e 344 do NCPC); caso
em que o juiz decidirá dentro em cinco dias.
Havendo nova audiência, no caso em que o embargado ofereceu resposta e
resistência aos embargos, o embargante não está obrigado a apresentação de rol de
testemunhas, mas sendo estes oferecidos no processo de execução faculta às partes
a apresentação de testemunhas.
No caso de convencido o juiz da prova, poderá acolher liminarmente os em-
bargos de terceiro, expedindo mandado de manutenção da posse ou a restituição
ao embargante. Fincando o embargante neste caso no calção do bem até que se
julgue o mérito definitivo dos embargos.
Feita a instrução, ou se esta for desnecessária, o juiz proferirá sentença, jul-
gando procedente ou improcedente o pedido da ação de embargos de terceiro24.
A prescrição é prevista pelo sistema jurídico brasileiro por uma razão bem
simples: somos obrigados a conviver com um fato natural, por vezes indesejado,
mas, contudo, impossível de se evitar e que afeta a todos nós, qual seja, o trans-
curso do tempo.
Desta forma, não praticado o ato em um determinado espaço temporal, per-
de-se o direito de acionar e/ou movimentar o Poder Judiciário diante do transcur-
so do prazo previsto em lei. É o fenômeno jurídico da prescrição.
Coube assim ao direito e à ciência do direito, através de enunciados legais e
normas jurídicas deles extraídas, delimitar um espaço razoável de tempo em que
as relações jurídicas devem ser extintas ante o decurso do prazo previsto pelo or-
denamento jurídico.
O objetivo maior é evitar que os conflitos se eternizem, prestigiar a segu-
rança jurídica e garantir a estabilidade das relações sociais, impossibilitando a
24 <http://webartigos.com/artigos/execucao-trabalhista/99087>.
capítulo 5 • 163
imprescritibilidade dos direitos subjetivos que decorrem das mais variadas relações
surgidas no contexto social e a insegurança jurídica que decorreria de tal situação.
A prescrição intercorrente é aquela ocorrida durante o curso de um processo
de execução, em que a inércia do credor poderá acarretar na decretação judicial da
ocorrência da prescrição intercorrente e na extinção da ação executiva.
Deve ser extinta execução trabalhista paralisada por mais de cinco anos.
A Lei Federal nº 11.051, de 2004, acrescentou ao artigo 40 da Lei Federal nº
6.830, de 1980, a Lei de Execuções Fiscais, o seu parágrafo quarto que prevê a
ocorrência da prescrição intercorrente "se da decisão que ordenar o arquivamento
tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública,
poderá de ofício reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato".
A partir daí, pelo menos quanto aos créditos tributários, não restaram mais
dúvidas sobre a possibilidade de se extinguir a execução fiscal quando o processo
executivo ficar paralisado por mais de cinco anos.
Contudo, na seara da Justiça do Trabalho, com fundamento na Súmula nº
114 do Tribunal Superior do Trabalho, o entendimento que vinha sendo reite-
radamente aplicado pelos juízos de primeira e segunda instância trabalhistas era
mesmo pela inaplicabilidade da prescrição intercorrente na execução trabalhista.
Deve-se aplicar subsidiariamente à execução trabalhista o que determina o
artigo 7º, XXIX, da Constituição Federal, que consagra o prazo prescricional de
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais cobrarem seus créditos trabalhis-
tas, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho e também o
próprio artigo 40, parágrafo 4º, da Lei Federal nº 6.830, de 1980.
Desta forma, a prescrição intercorrente é aplicada a execução trabalhista, pois
se na fase de conhecimento houver inércia do reclamante o juiz extinguirá a rela-
ção jurídica do processo sem resolução do mérito, porém nesta fase não há prescri-
ção intercorrente, sendo certo que, apenas será aplicada no processo de execução,
ou seja, após o trânsito em julgado.
Ainda, o artigo 884, 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) deixa
claro que em sede de embargos à execução a matéria de defesa será restrita às alega-
ções de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou, inclusive, da própria
prescrição do crédito trabalhista.
Não se pode deixar de expor que a própria redação da Súmula nº 114 do TST
teve como fonte a anterior redação do artigo 40 da Lei de Execuções Fiscais, sen-
do que esta redação foi modificada pela Lei Federal nº 11.051, de 2004, que lhe
acrescentou o parágrafo 4º, anteriormente trazido.
capítulo 5 • 164
Como se não bastasse, o próprio Supremo Tribunal Federal prestigiou este
entendimento ao consolidá-lo na Súmula nº 327.
capítulo 5 • 165
Pois se trata de ação trabalhista, apresenta condições de ação a ser atendidas,
sob as penas de extinção do feito, sem julgamento do mérito, ante a disposição do
art. 485 do NCPC.
– O dissídio coletivo de natureza jurídica, como toda ação, pressupõe a exis-
tência de um processo. Para a formação regular deste necessário analisar o conflito
coletivo sob o prisma dos pressupostos processuais e das condições da ação. Os
dissídios jurídicos visam a interpretação de uma norma preexistente, sendo ela le-
gal, costumeira ou oriunda de acordo, convenção ou dissídio coletivo. Tem como
objetivo a criação ou alteração de normas jurídicas, mas tão somente declarar o
sentido, a aplicação ou a interpretação de uma norma já existente.
DA COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR UM DISSÍDIO
COLETIVO: A competência para processar, conciliar e julgar os dissídios cole-
tivos é dos Tribunais, sendo compreendidos os Tribunais Regionais do Trabalho
(TRT), por sua Seção Especializada, nos conflitos que envolvam partes com atua-
ção limitada à sua base territorial. E a competência será do Tribunal Superior
do Trabalho (TST), quando a demanda extrapolar a jurisdição de um Tribunal
Regional. Artigo 866 da CLT:
Art. 866 - Quando o dissídio ocorrer fora da sede do Tribunal, poderá o presidente,
se julgar conveniente, delegar à autoridade local as atribuições de que tratam os arts.
860 e 862. Nesse caso, não havendo conciliação, a autoridade delegada encaminhará
o processo ao Tribunal, fazendo exposição circunstanciada dos fatos e indicando a so-
lução que lhe parecer conveniente.
O papel do Ministério Público está na Lei Complementar 75/93, em seu
artigo 83 e inciso IX, estabelece que, ao Ministério Público do Trabalho, compete
promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da
paralisação de serviços de qualquer natureza.
Art. 83. Compete ao Ministério Público do Trabalho o exercício das seguintes
atribuições junto aos órgãos da Justiça do Trabalho:
IX - promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da
paralisação de serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos proces-
sos, manifestando sua concordância ou discordância, em eventuais acordos firmados
antes da homologação, resguardado o direito de recorrer em caso de violação à lei e à
Constituição Federal.
→ Dissídios originários acorrem quando inexistem normas coletivas ante-
riores que tratem a respeito das questões a serem debatidas em juízo.
capítulo 5 • 166
Quando inexistentes ou em vigor normas e condições especiais de traba-
lho, com a criação de condições especiais de trabalho, conforme o art. 867 da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
→ Os dissídios de revisão ou revisionais são destinados a reformular ou
reconsiderar decisões proferidas sobre condições de trabalho, desde que haja, no
mínimo, um ano de vigência da aplicação daquela sentença. As circunstâncias fáti-
cas se modificaram e aquelas condições não mais atendem aos interesses da classe.
→ De extensão, quando a Justiça visa estender as condições de trabalho a
outros trabalhadores (art. 868 a 871 da CLT).
→ Dissídio coletivo de greve, ocorrendo a paralisação, o Tribunal do
Trabalho declara se a paralisação é abusiva ou não. Sendo abusiva, o empregador
tem o poder de dispensar o grevista por justa causa.
Tem legitimidade para instauração desse dissídio o empregador, o sindicato
patronal e o sindicato de empregados. O presidente do Tribunal e o Ministério
Público do Trabalho têm legitimação, conforme previsão do art. 856 da CLT, e o
Parquet ainda tem legitimidade para a instauração de instância em caso de greve
em atividades essenciais em que esteja envolvido interesse da coletividade
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Saraiva, 2017
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 39ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
SARAIVA, Renato; LINHARES, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ª ed. São
Paulo: Jus Podivum, 2017.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª ed. São Paulo: LTr, 2017.
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ANOTAÇÕES
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