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DIREITO PROCESSUAL DO

TRABALHO

autor
RICARDO MOTTA VAZ DE CARVALHO

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2017
Conselho editorial  roberto paes e gisele lima

Autor do original  ricardo motta vaz de carvalho

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  gisele lima , paula r. de a. machado e aline karina


rabello

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  bfs media

Revisão linguística  bfs media

Revisão de conteúdo  hilana beserra da silva silveira

Imagem de capa  ostill | shutterstock.com

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

C331d Carvalho, Ricardo Motta Vaz de


Direito processual do trabalho / Ricardo Motta Vaz de Carvalho.
Rio de Janeiro: SESES, 2017.
168 p: il.

isbn: 978-85-5548-518-3

1. Direito. 2. Processo. 3. Trabalho. 4. Dissídio. I. SESES. II. Estácio.

cdd 344.010269

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


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Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário
Prefácio 9

1. O Processo do Trabalho 11
O processo do trabalho em face do CPC de 2015 17

Princípios no processo do trabalho 19


Função dos Princípios: 19

Organização da Justiça do Trabalho 23

Órgãos da Justiça do Trabalho 24


Varas do Trabalho 24
Tribunais Regionais do Trabalho 25
Tribunal Superior do Trabalho 25

Órgãos Auxiliares da Justiça do Trabalho 25


Secretaria 25
Oficiais de Justiça 26
Distribuidor 26
Contadoria 26

Ministério público do trabalho 26

Jurisdição e competência da justiça do trabalho 27

Competência em razão das pessoas 28

Competência em razão da matéria 30

Competência em razão da função 34

Competência em razão do lugar 35

Conflitos de competência 37

Partes e procuradores 38
Capacidade para ser parte, capacidade processual e capacidade
postulatória 38

Assistência judiciária gratuita - lei nº 5584/70 38

Partes 39
Denominação 39
Deveres da parte e de terceiros 39

A litigância de má-fé e sua caracterização (cpc, art.80) 39

Procuradores 40

Representação na justiça do trabalho (clt, art.791, §1º) 40


Honorários advocatícios (súmulas nº 219 e 329 do tst) 42

2. Processo de conhecimento trabalhista 45


Do processo de conhecimento trabalhista 46
Dos atos, termos e prazos processuais 46

Prazos 47

Comunicação dos atos processuais 48

Classificação 49
Quanto à publicidade 49
Quanto ao tempo 49

Citação 50
Via Postal 50
Edital 50
Oficial de Justiça 51
Meio Eletrônico 51

Intimação 51
Via postal ou por Oficial de Justiça 51
Intimação eletrônica 52
Intimação na audiência 52

Prazos processuais 52
Contagem do prazo 53

Das nulidades no processo do trabalho 55

Nulidade absoluta e relativa 55

Princípios 56

Modalidades 57

Pronunciamento das nulidades 58


Classificação 58

Princípios das Nulidades 60

Das provas no processo do trabalho 61


Introdução 61
Conceito de prova 61
Princípios 62
Sistemas de avaliação das provas 63
Ônus da prova 64
Fatos que não necessitam de prova 66

A prova emprestada 66

As presunções jurídicas 67

As provas documentais 69

Provas periciais 69

Provas testemunhais 70
Procedimento de inquirição 71
Contradita 72

Inspeção judicial 72

Depoimento pessoal 72

3. Dissídio Individual e o Processo do Trabalho 75


Procedimento do dissídio individual: 78

As fases do processo 78

Conceito de Dissídio Individual 78

Classificação do Dissídio Individual 79

Pressupostos processuais 79

Condição da ação 80

Fases do processo 81

Da petição inicial trabalhista 85

Representação das partes em audiência: 86


Ausência injustificada do reclamante à audiência 86

Ausência injustificada da reclamada à audiência 86

Audiência 86

Instrução 88

Fase instrutória, razões finais; sentença 90

Das defesas do réu 93

Das exceções processuais 93


Considerações gerais 93
Da exceção de incompetência em razão do lugar 94
Das exceções de impedimento e da suspeição 95

Da contestação 96
Defesa indireta processual 96
Da defesa de mérito 100
Do conteúdo de mérito 104

Reconvenção 105
Considerações gerais 105

Procedimento sumário 107

Procedimento sumaríssimo
107

4. Pressupostos ou requisitos de admissibilidade 111


Pressupostos ou requisitos de admissibilidade 112

Pressupostos recursais subjetivos 113


Legitimidade 113

Capacidade 113
Interesse 114

Pressupostos recursais objetivos 114


Recorribilidade do ato 114
Adequação 114
Tempestividade 115
Representação 116
Preparo 117

Efeitos 118
Princípio da manutenção dos efeitos da sentença 118

Efeito devolutivo 118

Efeito suspensivo 120

Efeito translativo 121

Efeito substitutivo 122

Efeito extensivo 123

Efeito regressivo 123


Fundamentos 124
Princípios Informadores 124

Pressupostos Recursais 125

Dos recursos 126

Embargos Infringentes 126

Embargos 127

Recurso de Revista 129

Recurso ordinário 131

Agravo de petição 133

Agravo de instrumento 134

Agravo regimental 136

Pedido de revisão de valor de alçada 137

Reclamação correicional 138


Embargos de declaração 140

Recurso Adesivo 141


5. Execução e dissídio coletivo de trabalho 143
Execução e dissídio coletivo de trabalho 144

Liquidação de sentença 148


Aspectos Gerais. 148

Da liquidação por cálculos. 149

Da liquidação da sentença por arbitramento. 149

Da liquidação da sentença por artigos 150

Da correção monetária e juros de mora 151

Execução provisória 151

Da execução definitiva 152

Das obrigações de dar 152

Das obrigações de fazer ou não fazer 152

Das execuções singulares e plúrimas 153

Execução e falência 153

Execução por Prestações Sucessivas 154

Princípios da Execução Trabalhista 154

Legitimidade na execução 157

Títulos executivos no processo do trabalho 158

Títulos executivos judiciais 158

Títulos Executivos Extrajudiciais 159

Recursos na execução 160


Embargos a execução 160

Agravo de petição 161

Embargos de terceiro 161

Prescrição e prescrição intercorrente 163

Dissídio coletivo de trabalho 165


Prefácio

Prezados(as) alunos(as),

A disciplina Direito Processual do Trabalho aborda as peculiaridades do pro-


cesso trabalhista visando a rápida solução dos litígios que são submetidos à Justiça
do Trabalho. Por se tratar de uma justiça especializada é necessário conhecer suas
especificidades, na medida em que a aplicação das normas do direito processual
civil exige, além de omissão celetista, a existência de compatibilidade com os prin-
cípios que regem o processo do trabalho. Para isso, é preciso conhecer as normas
processuais trabalhistas e saber que são norteadas pelos princípios da celeridade,
simplicidade, gratuidade, oralidade dentre outros, visando o andamento rápido
das causas, uma vez que tem como principal destinatário o trabalhador que é, em
regra, hipossuficiente e necessita que a tutela jurisdicional lhe seja concedida de
forma célere.
A importância dessa disciplina decorre das especificidades do processo do tra-
balho em relação ao processo civil, despertando no aluno a capacidade de estabele-
cer relações e associações, contribuindo, sobremaneira, para o seu aperfeiçoamen-
to e desenvolvimento. Sendo assim, constitui-se em importante ferramenta para
sua atuação acadêmica e profissional.

Bons estudos!

9
1
O Processo do
Trabalho
O Processo do Trabalho
Neste capítulo você estudará o conceito de Direito Processual do Trabalho, sua
natureza jurídica, seus princípios específicos, a organização da Justiça do Trabalho,
as devidas competências absolutas e relativas desta Justiça Especializada, assim
como atuam as partes e procuradores.

OBJETIVOS
•  Identificar as peculiaridades do Processo do Trabalho e os critérios de aplicação subsidiá-
ria e supletiva do processo civil;
•  Conhecer os métodos de solução dos conflitos trabalhistas;
•  Analisar a organização e funcionamento da Justiça do Trabalho;
•  Relacionar as regras de competência material, hierárquica e territorial e comparar com as
normas do processo civil;
•  Entender como atuam as partes e procuradores nesta Justiça Especializada.

“As regras de proteção aos trabalhadores surgiram como forma de tentar


salvaguardar1 o capitalismo em um momento em que se reconheceram os efeitos
nefastos da regulação de índole liberal do conflito capital x trabalho. As regras
trabalhistas, em sentido amplo, abalaram a compreensão jurídica, atingindo, in-
clusive, a própria concepção de Estado, que deixa de ser Estado Liberal para se
tornar Estado Social.
Nesse contexto, o próprio Direito Civil se transformou, falando-se, à época,
em “novo Direito Civil”. A resistência à nova ideia ainda assim foi grande e os in-
teresses econômicos se fizeram presentes para tentar preservar a liberdade ilimitada
dos negócios, mantendo inabalável o Direito Civil.
De todo modo, sendo impossível negar a emergência dos direitos sociais, a
nova racionalidade foi integrada aos “novos direitos”, o Direito do Trabalho e o
Direito Previdenciário, que seriam, para muitos, uma espécie de “tercius genius”
do direito, ao lado dos direitos público e privado.

1  Na verdade a regulação das normas trabalhistas visava a proteção do trabalhador frente a dicotomia existente
entre força produtiva x capital. Desse modo a terminologia salvaguardar encontra-se equivocadamente indicando a
proteção do capitalismo, quando na verdade deveria proteger o trabalhador.

capítulo 1 • 12
Esse conflito metodológico no Direito, fazendo coabitar uma racionalidade
social em paralelo com uma racionalidade social, gerou, e ainda tem gerado, vários
problemas de afirmação e de efetividade para os direitos sociais
Nesta linha dos complicadores à aplicação concreta dos direitos sociais está
precisamente a integração dos estudos do processo do trabalho à linha dos estudos
do processo civil. Ora, o processo é instrumento de efetivação do direito material
e se o direito material ao qual o processo civil está voltado é o direito civil, com
uma lógica pretensamente liberal, é óbvio que o processo civil reflete esse senti-
mento. Estudar o processo do trabalho a partir dessa raiz é desconsiderar a própria
razão de afastar o direito do trabalho do direito civil, negando vida concreta aos
direitos trabalhistas.
Se o modelo capitalista concedeu a possibilidade do advento do direito do
trabalho, é mais que evidente que a instrumentalização desse direito não pode ser
feita pela lógica liberal que invade o processo civil.
Há, portanto, um enorme equívoco histórico e de metodologia em buscar
compreender o processo do trabalho a partir do processo civil. Mesmo partindo
da questionável divisão do Direito por ramos que não se comunicam a partir de
dois grandes grupos, o público e o privado, e, pior ainda, integrando o Direito
do Trabalho ao campo do direito privado (o que é um total absurdo, mas enfim),
o que se teria por consequência é o alinhamento do processo ao ramo do direito
material que lhe é correspondente de forma específica. Assim, mesmo com tais
pressupostos extremante reduzidos do alcance da atual fase do Direito o processo
do trabalho seria derivado do direito do trabalho e não do processo civil.
Claro que os estudos do processo evoluíram para a construção de um ramo
específico do Direito, o Direito Processual, mas se isso representou em uma época
um passo importante para construção de uma teoria voltada à melhor compreen-
são da atuação processual, desvinculada do direito material, essa preocupação dei-
xou de ser importante quando foram percebidos os riscos da consideração do
processo como ciência autônoma, compreendido como um fim em si mesmo,
retomando-se, então, o caráter instrumental do processo.
É importante não se perder a visão plena da relevância do processo como ins-
trumento de efetivação do direito material. Neste sentido, o processo do trabalho
só pode ser concebido como uma via de acesso à consagração das promessas do
Estado Social e, mais propriamente, do direito material do trabalho.
Claro que existem conquistas processuais importantes, para proteção dos ci-
dadãos do autoritarismo de Estado, estando entre elas, o contraditório, a ampla

capítulo 1 • 13
defesa, o juiz natural etc. Mas não se pode perder de vista que o conflito subja-
cente no processo do trabalho não se estabelece entre o cidadão e o Estado e sim
entre o capital e o trabalho que é assimétrico, em detrimento do trabalhador,
cumprindo ao Estado, precisamente, interferir nessa relação para impedir que o
poder econômico subjugue a condição humana dos trabalhadores.
A desigualdade da relação material, ademais, permite que o empregador tenha
aquilo que, na teoria processual, se denomina “autotutela”. Ou seja, o empregador
tem o poder de tutelar, por ato unilateral, o seu interesse, impondo ao empregado
determinados resultados fático-jurídicos. Se o empregado não comparece ao tra-
balho, o empregador desconta seu salário; se atrasa, mesma coisa. Se o empregado
age de modo que não atenda à expectativa do empregador este, mesmo que o di-
reito, em tese, não lhe permita fazê-lo, multa, adverte e até dispensa o empregado.
O empregador, portanto, não precisa da tutela do Estado para a satisfação de
seu interesse.
O mesmo, no entanto, não ocorre com o empregado, que diante da supres-
são de seus direitos, por ato do empregador, precisa, geralmente, se socorrer da
via processual.
Se os direitos trabalhistas são essencialmente direitos dos trabalhadores e se
o processo serve à efetivação desses direitos, resta evidenciado que o processo do
trabalho é muito mais facilmente visualizado como um instrumento a serviço da
classe trabalhadora. Trata-se de um instrumento pelo qual os trabalhadores tentam
fazer valer os direitos que entendem tenham sido suprimidos pelo empregador.
E se o processo do trabalho tem essa finalidade real, é evidente que os institu-
tos processuais trabalhistas não podem se constituir em empecilho ao propósito
do processo. Como facilitadores do acesso à ordem jurídica justa, e não como
obstáculos, os institutos processuais trabalhistas (petição inicial; distribuição do
ônus da prova; recursos; execução – hoje, cumprimento da sentença), devem ser
analisados e aplicados de modo a garantir a eficácia do Direito do Trabalho.
Para cumprimento dessa instrumentalidade não se pode ter resistência em
aplicar no processo do trabalho os princípios do Direito do Trabalho, que par-
tindo do reconhecimento da desigualdade material entre as partes, conferem ao
trabalhador uma racionalidade protetiva.Ora, se o Direito do Trabalho é protetivo
para conferir eficácia aos direitos e se os direitos trabalhistas, quando resistidos
pelo empregador, só se tornam efetivos pela via processual, é mais que evidente
que esta via, a do processo, deve se guiar pelos mesmos princípios extraídos da

capítulo 1 • 14
racionalidade protetiva, pois do contrário seria o mesmo que negar aos direitos
trabalhistas a possibilidade de realização concreta.
Por exemplo, se por incidência do princípio da irrenunciabilidade, o traba-
lhador não pode renunciar aos seus direitos, vez que um permissivo neste sentido
representaria a ineficácia plena dos direitos trabalhistas, dado o estado de depen-
dência e de submissão econômica do empregado frente ao poder do empregador,
caso se assumisse que no processo, porque ligado à lógica principiológica do pro-
cesso civil, o empregado, transformado em reclamante, pode renunciar aos seus
direitos, seria o mesmo que dizer que, de fato, o princípio da irrenunciabilidade
do Direito do Trabalho não é mais que uma solerte mentira.
O certo é que o processo do trabalho deve se guiar pelos mesmos princípios
que norteiam o Direito do Trabalho, cabendo ao juiz, como responsável pela dire-
ção do processo, imbuir-se dessa racionalidade, até porque não terá como separar,
mental e praticamente, as atuações no campo material e processual.
O processo do trabalho será tão eficiente, como instrumento de efetivação do
direito do trabalho, quanto for diligente o juiz no exercício de sua função de apli-
cador e construtor de um direito voltado à correção das injustiças e à promoção
da justiça social, sendo que a tanto está obrigado por determinação legal (vide, a
propósito, os artigos 8º, 9º e 765, da CLT).
Nesse contexto, o processo do trabalho não se volta apenas à solução do con-
flito no caso concreto, aplicando a norma ao fato. Impingi-lhe a obrigação de
implementar uma política judiciária destinada à correção da realidade, de modo a
impedir que novas agressões jurídicas, com mesmo potencial ofensivo, se realizem,
valendo lembrar que o Direito do Trabalho não é um direito individual (ainda que
a doutrina, de forma inadvertida lhe tenha cunhado esse título), constituindo,
isto sim, um arcabouço de regulação do modo de produção capitalista. O des-
cumprimento reiterado dos direitos trabalhistas desestabiliza toda a sociedade em
detrimento da própria economia.
Assim, impõe-se ao processo do trabalho não apenas conferir ao trabalhador
o que é seu por direito, na perspectiva individual, mas também gerar desestímulo
às práticas ilícitas (reincidentes) que promovam desajuste na concorrência geram
vantagem econômica indevida ao agressor, agridam a dignidade humana do tra-
balhador e tenham o potencial de provocar o rebaixamento da relevância social da
classe trabalhadora. Neste sentido, aliás, são expressos os artigos 832, § 1º. e 652,
“d”, da CLT.

capítulo 1 • 15
O Direito Material do Trabalho tem natureza profundamente diversa da dos
demais ramos do direito, porque imbuído de idealismo, não se limita a regular
a realidade da vida em sociedade, mas busca transformá-la, visando uma distri-
buição da renda nacional mais equânime e a melhoria da qualidade de vida dos
trabalhadores e de seus dependentes; por que os conflitos coletivos do trabalho in-
teressam a uma grande parcela da sociedade, e têm aspectos e repercussões sociais,
econômicos e políticos não alcançados, nem de longe, pelos litígios de outra na-
tureza; porque pressupõe a desigualdade das partes e, na tentativa de equipará-las,
outorga superioridade jurídica ao trabalhador, para compensar sua inferioridade
econômica e social diante do empregador; e porque diz respeito, é aplicado e vivi-
do pela maioria da população. O Direito Civil aproveita aos proprietários de bens;
o Direito Comercial, aos comerciantes; o Penal se aplica aos criminosos. Mas se
nem todos possuem bens, são comerciantes ou criminosos, praticamente todos
trabalham, e a maioria flagrante trabalha sob vínculo de subordinação.
O direito processual do trabalho é autônomo, pois tem campo, fundamentos
e princípios que não se confundem, ao menos em parte, com os princípios etc.,
pertinentes ao processo comum. O princípio segundo o qual o empregado goza
de mais privilégios no processo que o empregador, como se verifica, por exem-
plo, pela circunstância de fazer jus ao benefício da gratuidade processual sempre
que perceber até duas vezes o salário mínimo (não tendo outras fontes de renda
substanciais), de estar o empregador sujeito a depósito para efeito de recurso e o
empregado não, de poder este receber diferenças de salários oriundas de senten-
ças, acordo ou convenções coletivas mediante iniciativa de seu sindicato de classe,
que pode ajuizar a reclamação até mesmo sem consultar previamente a propósi-
to o associado, são peculiaridades do processo trabalhista. Outros princípios, já
consagrados pelo processo civil, apresentam características próprias no processo
trabalhista. Esta parte, inclusive, de uma premissa estranha ao processo civil, ou
seja, de que devem ser introduzidas facilidades e simplificações no processo para
atender-se à condição de economicamente fraco do empregado, de sua inferiori-
dade prática diante do empregador2.”

2  SOUTO MAIOR, Jorge Luiz . O conflito entre o novo CPC e o processo do trabalho. Disponível em:<http://
www.migalhas.com.br/arquivos/2015/7/art20150708-06.pdf>. Acesso em: 07 fev. 2017.

capítulo 1 • 16
O processo do trabalho em face do CPC de 2015

Desde o advento da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo


Decreto-Lei 5.452, de 1º de maio de 1943, que passou a viger a partir do dia 10
de novembro daquele ano, o legislador já se mostrava preocupado com a falta de
disposições legais aptas a disciplinar todas e quaisquer relações individuais e cole-
tivas de trabalho nela previstas.
Tanto é verdade que, logo em seus artigos introdutórios, consagrou-se a per-
missão legislativa de que o “direito comum será fonte subsidiária do direito do tra-
balho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste”
(CLT, artigo 8º, parágrafo único). Assim, considerando que a própria legislação
consolidada há muito já reconheceu ser imperativa a aplicação de outros institu-
tos, especialmente no que se refere ao direito processual trabalhista — tanto que
previu os citados artigos 769 e 889 —, e considerando o próprio ancilosamento
de suas normas com o decurso do tempo, exigindo-se, hoje, do Estado-Juiz um
processo materialmente célere, justo e efetivo, fala-se, no atual cenário, em um
“Novo Processo do Trabalho”, sobretudo após o recente advento do Novo Código
de Processo Civil de 2015 (CPC/15).
Com a vigência do CPC/15 a partir do dia 18 de março de 2016, essa discus-
são tornou-se a principal controvérsia a ser dirimida pelos estudiosos do Direito do
Trabalho, sobretudo por força do novo artigo 15 (não existente no CPC de 1973),
que expressamente trouxe o seguinte comando legal: “Art.15. Na ausência de nor-
mas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições
deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.”.
Veja-se, portanto, que o novo Código de Processo Civil não deixa dúvidas
quanto à aplicação subsidiária — esta, no caso, considerada como técnica de
integração, na forma dos artigos 769 e 889 da CLT — e também supletiva de
suas disposições ao processo trabalhista. E ao assim dispor, a dúvida que dora-
vante remanesce se refere, uma vez mais, à questão da compatibilidade com os
preceitos celetistas, preocupação essa que sempre atormentou os operadores da
Justiça Trabalhista.
O TST na recente Resolução 203, datada de 15 de março de 2016, editou a
Instrução Normativa (IN) de 39, que passou a dispor, ainda que de forma não exaus-
tiva, sobre as normas do CPC/15 aplicáveis e inaplicáveis ao Processo do Trabalho.
Segundo as conclusões que podem ser extraídas da referida regulamentação, é
certo que as normas dos artigos 769 e 889 da CLT não foram revogadas pelo artigo

capítulo 1 • 17
15 do CPC/15, em face do que estatui o artigo 2º, §2º, da Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro (LINDB). Isso afasta também eventual alegação de
revogação tácita com fundamento no critério cronológico de solução de antino-
mias aparentes.
Isso porque, muito embora o CPC/15 tenha revogado expressamente o
CPC/73, o novo Código não revogou nem modificou a CLT, sendo a legislação
consolidada, neste ponto, norma especial que prevalece sobre norma geral, con-
soante o critério da especialidade adotado para a solução de conflitos das normas
jurídicas no tempo.
Além do mais, o TST entendeu haver plena compatibilidade das normas em
apreço, tanto que por força do disposto no artigo 1.046, §2º, do CPC/15, sus-
tenta-se a preservação das “disposições especiais dos procedimentos regulados em
outras leis”, dentre as quais sobressaem às normas especiais que disciplinam o
Direito Processual do Trabalho. Trata-se, no caso, da adoção de uma visão evo-
lutiva, sistemática ou ampliativa do processo trabalhista, o que para parcela da
doutrina privilegia a “teoria do diálogo das fontes”.
De outro norte, é bem verdade que a IN 39/2016 procurou identificar, neste
primeiro momento, apenas as questões mais polêmicas já enfrentadas pela dou-
trina e jurisprudência, além de outras consideradas inovadoras e relevantes para
efeito de se perquirir a respeito da compatibilidade ou não da aplicação subsidiária
ou supletiva do Código de Processo Civil de 2015 ao Processo do Trabalho.
Todavia, já existem críticas à própria constitucionalidade da IN 39/2016: A
violação aos princípios da separação dos poderes, da inércia da jurisdição e do
juiz natural (usurpação da competência do juiz natural); O desrespeito à própria
competência da União para legislar sobre direito processual (CF, artigo 22, I); E a
concessão de poder não atribuído constitucionalmente ao TST, que não detém a
legitimidade para editar instrução normativa para aprovar norma abstrata e gené-
rica (CF, artigo 111-A, § 1º).
Pensamento em sentido oposto, que parece caminhar melhor, sustenta que
a edição da regulamentação pelo TST se mostrou necessária. E isso, em verdade,
para se transmitir um mínimo de segurança jurídica aos jurisdicionados, com a
adoção de orientação a ser seguida pelos demais órgãos da Justiça do Trabalho.
Em sentido contrário, a IN 39/2016 passa a admitir no processo trabalhista
novidades como o “amicus curiae”, a distribuição dinâmica do ônus da prova, o
incidente de assunção de competência, o incidente de resolução de demandas re-
petitivas, a reclamação, a aplicação do princípio do contraditório substancial e da

capítulo 1 • 18
vedação à decisão surpresa, além do dever de fundamentação das decisões judiciais,
esses dois últimos com mitigações e adaptações trazidas na referida regulamentação.
Em conclusão, ficará a cargo do próprio TST, responsável pela uniformização
da jurisprudência, colmatar as inúmeras lacunas deixadas pela IN 39/2016, com o
propósito de conferir maior racionalidade ao sistema e, concomitantemente, velar
pelo respeito ao devido processo legal em sua acepção substancial3”.

Princípios no processo do trabalho

Função dos Princípios:

– Função informativa: servem de fonte de inspiração para o operador do


direito na elaboração e aplicação da lei.
– Função integradora / normativa: serve para preencher uma lacuna da lei
– Função interpretativa: Interpretar uma norma vigente se utilizando de um
princípio a fim de encontrar a solução mais eficaz para o caso.

Há uma dificuldade em encontrar princípios específicos do Direito Processual


do Trabalho, uma vez que o mesmo não se encontra em um código específico, se
apresentando em uma colcha de retalhos na CLT e contando com aplicação sub-
sidiária do CPC, em caso de omissão.
a) Princípio Expositivo:
O juiz só prestará a tutela jurisdicional quando provocado. Exceção na CLT
no art. 856: Dissídio coletivo → a instância poderá ser instaurada pelo próprio
presidente do tribunal, de ofício, nos casos de dissídio coletivo de greve (razão
histórica, para que o presidente do tribunal, em caso de paralisação do trabalho,
suscite de ofício o dissídio coletivo de greve).
Outra exceção: art. 39 da CLT
Art. 39 - Verificando-se que as alegações feitas pelo reclamado versam sobre a não
existência de relação de emprego ou sendo impossível verificar essa condição pelos meios
administrativos, será o processo encaminhado a Justiça do Trabalho ficando, nesse caso,
sobrestado o julgamento do auto de infração que houver sido lavrado.
O próprio ministério do trabalho poderia encaminhar o caso direto para jus-
tiça trabalhista.
3  SOUZA CALCINI, Ricardo. Novo Código de Processo Civil causa impactos no processo do trabalho.
Disponível em:<http://www.conjur.com.br/2016-abr-28/ricardo-calcini-cpc-causa-impactos-processo-trabalho>.
Acesso em: 07 fev. 2017

capítulo 1 • 19
b) Princípio Inquisitório ou Inquisitivo:
Uma vez provocado, o juiz tem o poder-dever de prestar a jurisdição e solucio-
nar o mais rápido possível aquele conflito de forma justa e equânime, se utilizando
de todos os meios e diligências processuais possíveis e necessárias
Fundamentos jurídicos: Art. 765 da CLT, Art. 4º da Lei 5.584/70 (nos dissí-
dios de alçada, cujo valor da causa não ultrapasse 2 salários mínimos, caso as partes
não estejam acompanhadas de advogado, deve o juiz impulsionar o processo), Art.
852-D da CLT (no procedimento sumaríssimo, de valor da causa de no máximo
40 salários mínimos, o juiz deverá livrar o processo das provas meramente procras-
tinatórias), Art. 878 da CLT (execução trabalhista pode ser iniciada ex officio pelo
juiz; é uma característica específica da execução trabalhista).

c) Princípio da Concentração dos Atos Processuais:


O juiz deve tentar concentrar a maior parte dos atos processuais em uma única
audiência, para que a sentença seja prolatada o mais rápido possível.
Art. 849 da CLT: A audiência será contínua (hoje, é quase impraticável a
audiência "una", e, portanto quase todos os magistrados do trabalho costumam
partilhar a audiência em três sessões: audiência de conciliação (inaugural), audiên-
cia de instrução e audiência de julgamento. No entanto, segundo o art. 852-C,
as demandas que seguem o procedimento sumaríssimo deverão ser de fato unas).

d) Princípio da Oralidade:
Importância ainda maior no processo do trabalho é a prática dos atos proces-
suais por meio verbal. Materialização do Princípio:
Art. 846 da CLT: Primeira tentativa de conciliação logo após a abertura da primei-
ra sessão. Art. 850: Segunda proposta de conciliação, após a prática de todos os atos.
Art. 847 da CLT: Possibilidade da apresentação da defesa de maneira verbal
no prazo de vinte minutos (não é muito comum). A contestação, exceção e recon-
venção poderão ser apresentadas de maneira oral.
Art. 848 da CLT: Se refere ao depoimento pessoal das partes, dos quais o ma-
gistrado pode extrair a confissão.
Art. 795 da CLT: Protesto em audiência, muito comum em face de decisões
interlocutórias, das quais não cabe recurso.

capítulo 1 • 20
e) Princípio da Identidade Física do Juiz:
O juiz que instruiu o processo deve ser o que vai proferir a sentença.
A súmula 136 do TST estabelecia que o princípio da identidade física do juiz
não se aplicava ao processo do trabalho. No entanto, desde 2012 a referida súmula
foi cancelada pelo TST. Portanto, o princípio da identidade física do juiz passou
ser aplicado na seara laboral.

f ) Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa:


Princípio constitucional, Art. 5º, LV da CF/88. Também incide no âmbito
trabalhista, segundo o texto do próprio inciso.

g) Princípio da imediatidade ou imediação:


Permite um contato mais próximo entre o magistrado, partes e testemunhas.
O juiz é o destinatário da prova, e por isso o depoimento pessoal e as provas
devem ser apresentadas perante o juiz, é preciso haver um contato próximo para o
juiz exercer a tutela jurisdicional com mais eficiência.
Art. 342, 440 e 446, II do CPC
Art. 820 da CLT: as partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz
Ex: Juiz pode até mesmo comparecer em diligência com as partes para ver
quem está falando a verdade.

h) Princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias:


Art. 893, §1º da CLT. Súmula 214 do TST. É um princípio próprio do pro-
cesso do trabalho. Não significa que não caiba recurso contra as decisões interlo-
cutórias, mas sim que não cabe de imediato, só quando for recorrer da sentença.
No entanto, se a decisão interlocutória trouxer uma nulidade, esta deve ser ar-
guida imediatamente em que tiver que falar nos autos ou em audiência, sob pena
de preclusão (art. 794 da CLT).

i) Princípio da Imparcialidade:
A pessoa tem o direito de ser julgada por um juiz imparcial, que não tenha
interesse nas partes ou no objeto do litígio.
Art. 10 da Declaração Universal dos Direitos do Homem
A constituição traz garantias e vedações aos magistrados na tentativa de evitar
parcialidade: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios (Art.
95 da CF/88).

capítulo 1 • 21
j) Princípio da Conciliação:
Art. 764 da CLT: Os dissídios individuais e coletivos submetidos a justiça do
trabalho serão SEMPRE sujeitos à conciliação.
Busca incansável do magistrado em alcançar uma solução conciliatória.
A primeira coisa que o juiz pergunta numa audiência é se há possibilidade
de acordo.
Art. 846 e 850: momentos da conciliação.
Art. 852-E (procedimento sumaríssimo): O juiz deve esclarecer às partes as
vantagens da conciliação.
Art. 831, parágrafo único: estabelece que, homologado o acordo de concilia-
ção, este passa a ser uma decisão irrecorrível para as partes.
Súmula 100, item 5, do TST: O acordo transita em julgado no momento da
homologação. Somente por ação rescisória as partes poderão tentar impugnar o
acordo homologado. Só não transita para a União, que defendendo o interesse
social, pode recorrer para fins de previdência (INSS).

k) Princípio do “jus postulandi” da parte:


A própria parte pode postular em juízo, sem a presença de advogado.
Art. 791 e 839, a da CLT
O TST tem reduzido o alcance do “jus postulandi”, através da Súmula 425: o
“jus postulandi” limita-se às varas do trabalho, aos TRTs, não sendo aplicável aos
recursos ao TST e outros casos.

l) Princípio do duplo grau de jurisdição:


Não está expresso na CF/88. A CF não assegurou o princípio do duplo grau
de jurisdição obrigatório. Entretanto, é um princípio implícito em virtude de
Convenções Internacionais assinadas pelo Brasil. A Súmula 303 do TST regula-
menta a aplicação deste princípio na Justiça do Trabalho4.”

m) Princípio da Proteção:
Possível tanto no Direito do Trabalho quanto no direito processual do trabalho.
Art. 844: reclamante falta na audiência, ação é arquivada, mas o trabalhador
poderá ajuizar nova reclamação trabalhista.
Súmula 212 do TST: Inversão do ônus da prova.

4  Princípios no Processo do Trabalho. Disponível em: <http://resumosdireito.blogspot.com.br/2014/03/


principios-no-processo-do-trabalho.html>. Acesso em: 07 fev. 2017.

capítulo 1 • 22
Art. 651 da CLT: competência territorial: reclamação deverá ser proposta na
localidade de prestação de serviços, em regra.

n) Princípio da busca da verdade real:


O que o juiz busca no processo é a verdade dos fatos, e não a verdade mera-
mente formal ou documental (semelhança com o princípio da primazia da reali-
dade). Está consubstanciado no Art. 765 da CLT.

o) Princípio da normatização coletiva:


Possibilidade de a justiça do trabalho estabelecer o seu poder normativo, de
proferir a chamada sentença normativa de cunho obrigatório para os sindicatos
dos trabalhadores e sindicatos patronais, caso não haja o acordo entre eles. Art.
114, §1º da CF/88.

p) Princípio da extrapetição:
O magistrado pode condenar o reclamado em pedidos que não constaram no
rol da inicial (Ex.: condenação em juros e correção monetária).
Art. 137, §§1º e 2º da CLT (juiz pode determinar as férias do trabalhador e
ao mesmo tempo pode condenar o empregador a uma multa).
Art. 467 da CLT: As parcelas incontroversas devem ser pagas em audiência,
sob pena de acréscimo de 50% pelo juiz.
Art. 496 e 497 da CLT: Na ação de reintegração, quando esta se tornar desa-
conselhável, o juiz poderá converter a reintegração em indenização, mesmo que a
parte não peça.
Portanto, o juiz pode condenar além da inicial, sem que se configure uma
sentença extra ou ultra-petita.

Organização da Justiça do Trabalho

“A Justiça do Trabalho integra o Poder Judiciário, sendo uma das justiças fede-
rais especializadas, exercendo jurisdição em matéria de natureza trabalhista.
A Constituição Federal de 1988 manteve o modelo do sistema corporati-
vista prevendo como órgãos da Justiça do Trabalho as Juntas de Conciliação e
Julgamento compostas por um juiz togado e dois juízes classistas, sendo um repre-
sentante dos empregados e outro dos empregadores, conforme o que preceituado
no artigo 647, e alíneas, da CLT. No entanto, a Emenda Constitucional nº 24, de
9 de dezembro de 1999 extinguiu as Juntas de Conciliação e Julgamento com o

capítulo 1 • 23
escopo de retirar a representação classista da Justiça do Trabalho (até então exer-
cida pelos denominados "vogais"), criando, as Varas do Trabalho, personificadas
pelos Juízes do Trabalho.
Atualmente os órgãos da Justiça do Trabalho, conforme redação do artigo 111
da Constituição Federal são:
1. O Tribunal Superior do Trabalho
2. Os Tribunais Regionais do Trabalho
3. Os Juízes do Trabalho.

Há ainda 2 aspectos peculiares da Justiça do Trabalho:


1. Não há divisão em entrâncias, ou seja, não há divisões judiciárias pela
maior ou menor quantidade de processos que existam nas comarcas, como
ocorre na justiça comum estadual; e
2. Não existem órgãos especializados na primeira instância da Justiça do
Trabalho. Em virtude disso todos os juízes do trabalho julgam quaisquer
controvérsias da competência inicial do juízo monocrático5.”

Órgãos da Justiça do Trabalho

Varas do Trabalho

“A jurisdição da vara do trabalho abrange um ou mais municípios, cada vara


compõe-se de um juiz do trabalho titular e um juiz do trabalho substituto.
Compete às Varas do trabalho conciliar e julgar, em linhas gerais, os dissídios
individuais oriundos das relações de trabalho.
Os juízes do trabalho ingressam na magistratura como juízes substitutos (art.
654 da CLT) após aprovação em concurso público de provas e títulos realizado
pelo Tribunal Regional do Trabalho da região respectiva.
Art. 112 da CF – redação nova EC 45/2004 dispõe que a “lei criará varas da
justiça do trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição,
atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional
do Trabalho”.
Juízes de Direito: Nas comarcas não abrangidas pela jurisdição da Vara do
Trabalho, será atribuída competência à Juízes de Direito, com recurso ao TRT.

5  DIREITO Processual do Trabalho Justiça do Trabalho Organização e Competência. Disponível em: <http://www.
tecnolegis.com/estudo-dirigido/tecnico-judiciario-trt9-2010/direito-processual-do-trabalho-justica-do-trabalho-
organizacao-e-competencia.html>. Acesso em: 07 fev. 2017.

capítulo 1 • 24
Tribunais Regionais do Trabalho

Os Tribunais Regionais do Trabalho estão divididos por regiões. O Estado de


Santa Catarina, com sede em Florianópolis pertence a 12ª. Região.
Os Magistrados dos tribunais serão juízes do trabalho escolhidos e nomea-
dos pelo Presidente da República por promoção, alternadamente, por antiguidade
e merecimento.
Composição: No mínimo de 7 juízes (quando possível na respectiva região)
dentre brasileiros com mais de 30 (trinta) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos.
Um quinto dentre os Advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 (dez)
de exercício. (leitura dos artigos 94 e 115 da CF).

Tribunal Superior do Trabalho

Sede na Capital da República e jurisdição em todo o território nacional é a


instância superior da Justiça do Trabalho.
Composição: 27 ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 anos
e menos de 65, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação por maio-
ria absoluta do Senado Federal, sendo:
Um quinto dentre Advogados com mais de 10 anos de carreira profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de exercício.
Os demais serão Juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho oriundos da ma-
gistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior do Trabalho.
Funcionarão junto ao TST: Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento
de Magistrados do Trabalho; o Conselho Superior da Justiça do Trabalho.

Órgãos Auxiliares da Justiça do Trabalho

Secretaria, distribuidor e a contadoria.

Secretaria

Diferentemente de como se utiliza na justiça comum, na Vara do trabalho


usa-se a denominação de secretaria e não cartório. A Vara do Trabalho possui uma
secretaria que, recebe petições, faz autuações e demais serviços determinados pelo
Juiz (art. 711 da CLT)

capítulo 1 • 25
Diretor de Secretaria: dirige a secretaria preparando os despachos para o juiz,
cumprindo as determinações deste. (art. 712 da CLT)
Nos Tribunais Regionais também terão secretarias, dirigidas por um secretá-
rio. (art. 718 da CLT) O secretário, exercerá a mesma função que exerce o diretor
da secretaria da Vara, além de mandar os processos a conclusão do juiz presidente
e da organização e manutenção de um fichário de jurisprudência do tribunal para
consulta dos interessados.

Oficiais de Justiça

Desempenha os atos determinados pelo Juiz da vara do Trabalho. Regra ge-


ral fazem as citações nas execuções, mas podem também notificar testemunhas,
trazê-las à Juízo, ou fazer as citações nos processos de conhecimento onde haja
problema de endereço, e outros.
O Oficial de justiça na Vara do Trabalho e na Justiça Federal é também avalia-
dor. O prazo para o oficial de justiça cumprir o mandado é de 9 dias. A avaliação
deverá ser feita em 10 dias contados da penhora (normalmente a avaliação é reali-
zada quando efetuada a penhora).

Distribuidor

Existindo mais de uma vara na localidade, haverá um distribuidor. Os dis-


tribuidores podem fornecer recibos ou certidões da distribuição. Nos tribunais
também há distribuidor, visando distribuir o mesmo número de processos para
cada um dos juízes. Difere da Justiça comum, pois esta é por sorteio.

Contadoria

O contador faz os cálculos de juros, correção monetária e outras determi-


nações atribuídas pelo juiz. Deveria existir um contador por Vara, em algumas
regiões esta ideia já está sendo implementada.

Ministério público do trabalho

“Incumbência de defender a ordem pública, o regime democrático e os inte-


resses indisponíveis da sociedade e dos indivíduos. (art. 129 da CF)

capítulo 1 • 26
O MPT tem como “chefe” o Procurador Geral da Justiça do Trabalho. É um
dos ramos do Ministério Público da União.
O Procurador Geral do Trabalho é nomeado pelo Procurado Geral da
República entre os integrantes da Procuradoria com mais de 35 anos de idade e
cinco anos de carreira.
A Procuradoria Geral do Trabalho atua perante o TST, através do Procurador
Geral e dos subprocuradores-gerais.
Junto aos Tribunais Regionais funcionam as procuradorias Regionais do
Trabalho, compostas por procuradores regionais, nomeados por concurso público
de títulos e provas.
Todas as Procuradorias contam com os serviços de uma Secretaria6.”

Jurisdição e competência da justiça do trabalho

Jurisdição é o poder que o juiz tem de dizer o direito nos casos concretos a
ele submetidos, pois está investido desse poder pelo Estado. “Insta salientar que
para o Direito a jurisdição é una e indivisível, entretanto esse poder decisório que
o magistrado tem deve ser repartido em competências para maior agilidade e fun-
cionamento do Judiciário Brasileiro.
Destarte, para imprimir eficiência e especialização da prestação jurisdicio-
nal foram criadas a Jurisdição Especial formada pela Justiça Trabalhista, Militar
e Eleitoral; a Jurisdição Comum composta pela Justiça Civil e Penal; a Jurisdição
Superior integrada pelos tribunais e a Inferior pelos órgãos de primeiro grau.
Assim, competência é parte da jurisdição que é conferida ao juiz pela Carta
Magna ou mediante lei, afim de que sejam dirimidas controvérsias em casos con-
cretos. Ao Juiz do Trabalho, por exemplo, é dada a competência para solucionar
causas trabalhistas conforme dispõe o art. 114 da Constituição Federal. Já à Justiça
Eleitoral compete regular todo o processo de eleições no país, que inclui alista-
mento eleitoral, cassação de registro de candidatos entre outros deveres.
Nota-se que a Constituição Federal ao atribuir a Justiça do Trabalho a com-
petência para julgar e processar os dissídios provenientes de relação de trabalho
abrangeu tanto os vínculos privados quanto os vínculos públicos de emprego o
que gerou uma incerteza quanto aos casos que seriam decididos pelos órgãos tipi-
camente trabalhistas.
6  ORGANIZAÇÃO da Justiça do Trabalho. Disponível em: <http://www.entendeudireito.com.br/2014/11/
organizacao-da-justica-do-trabalho.html>. Acesso em: 07 fev. 2017.

capítulo 1 • 27
Ora, o que se observa é que ao adotar o gênero relação de trabalho invés de
utilizar a espécie emprego, o dispositivo constitucional fez questão de frisar a si-
tuação daqueles trabalhadores que apesar de terem contratos de trabalho não pres-
tam atividade contínua e não são subordinados aos empregadores, como é o caso
do trabalhador temporário e trabalhador autônomo respectivamente. Porém, este
implemento serviu para regular também a situação dos denominados empregados
públicos, que apesar de prestarem serviços ao Estado, não são concursados, mas
apenas contratados pela Administração Pública para executar tais serviços. Nestes
casos o funcionário público tem relação estritamente trabalhista com o órgão ou
entidade da Administração Pública.
A Competência da Justiça Trabalhista foi repartida em razão das pessoas, da
matéria, do lugar e da função. A competência da Justiça Trabalhista em razão das
pessoas se configura no julgamento de controvérsias existentes entre trabalhadores
e empregadores. Já a competência em razão da matéria compreende questões susci-
tadas no âmbito trabalhista, excluídas relações de consumo, comerciais. Contudo,
a competência em razão do lugar institui a uma determinada Vara a apreciação
de litígios trabalhistas de acordo com o espaço geográfico pertinente. Por fim, a
competência funcional diz respeito ao exercício de tarefas específicas de cada juiz.

Competência em razão das pessoas

A Justiça do Trabalho tem competência para dirimir conflitos entre trabalha-


dores e empregadores, que farão parte, respectivamente, do pólo ativo e passivo
da reclamação trabalhista. Desta forma, toda matéria trabalhista e decorrente de
emprego será processada e julgada perante a Justiça Laboral.
Para fins legais trabalhador é toda a pessoa natural que prestar serviços a toma-
dor. Como a relação de emprego é espécie da relação de trabalho, todas as questões
levadas a juízo pelo empregado referente às condições laborais e verbas rescisórias
devidas pelo empregador serão julgadas pelas varas trabalhistas. Quanto aos em-
pregados estão abrangidos não só os urbanos como também os rurícolas que tem
seus direitos disciplinados na Lei nº 5.889/73.
Os trabalhadores domésticos também terão seus direitos assegurados pela
Justiça do Trabalho conforme dispõe o decreto nº 71.885/73. Os trabalhadores
temporários que são contratados por empresa para prestar serviços à cliente por até
três meses também poderão pleitear por seus direitos face à Jurisdição Trabalhista.
Todavia, os conflitos entre a empresa de trabalho temporário e o cliente deverão
ser dirimidos na Justiça Comum.

capítulo 1 • 28
Apesar dos avulsos não possuírem vínculo empregatício pela inexistência de
subordinação desses trabalhadores com o sindicato ou órgão de gestão de mão
de obra e muito menos com a empresa tomadora de serviços, estes são definidos
como trabalhadores, visto que realizam atividade física ou intelectual em favor de
outrem. Assim, é competente a Justiça do Trabalho também nesses casos.
Já quanto aos trabalhadores contratados por tempo determinado para aten-
der necessidade temporária de excepcional interesse público, a Justiça Trabalhista
é incompetente para julgar esses casos, pois seus contratos são de cunho admi-
nistrativo, regidos por leis especiais e dispensam o dever de licitar. No entanto,
os empregados de entidades paraestatais tais como empresas públicas, socieda-
des de economia mista e de suas subsidiárias resolverão suas questões perante o
Juiz do Trabalho, enquanto não for criado regime jurídico próprio dessas empre-
sas privadas dispondo sobre obrigações e direitos trabalhistas. (Vide art. 173 da
Constituição Federal)
A Súmula 158 do Tribunal Federal de Recursos discorre da mesma maneira:
“Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar reclamação contra empresa
privada, contratada para a prestação de serviços a administração pública.”.
Com relação aos funcionários de fundações e autarquias de direito público
estadual ou municipal será de competência da Justiça do Trabalho solucionar suas
reclamações, mas somente se adotarem o regime celetista (configurado pelo esta-
belecimento de contrato de trabalho, ausentes o concurso público e a estabilidade
proveniente de cargo público).
Também estará apto o Juiz Trabalhista para julgar reclamação de empregado
que teve o direito quanto ao quadro de carreira controvertido. Porém, não caberá à
apreciação da Jurisdição Especializada, os casos decorrentes de direitos e vantagens
estatutários no exercício de cargo em comissão.
Nas hipóteses em que os servidores públicos lato sensu são os sujeitos ativos
da reclamação trabalhista, há de se observar se estes correspondem a funcionários
públicos ou empregados públicos. Essa distinção é necessária porque, via de regra,
a expressão servidor público representa ambas as classes, sendo que funcionário
público é ocupante de cargo público, por conta de aprovação em concurso públi-
co de provas ou provas e títulos e regido por lei estatutária, não por contrato. Em
contraposição, empregado público é aquele que presta serviços a Administração
Pública mediante contrato de trabalho. Portanto, os empregados públicos serão
acolhidos pela Justiça do Trabalho diferentemente dos funcionários públicos.

capítulo 1 • 29
Alguns doutrinadores, como Mauro Schiavo (2010), não concordam com tal
posicionamento, pois consideram que todos os servidores públicos são emprega-
dos, estando presentes os elementos necessários ao vínculo empregatício, quais
sejam, a subordinação, onerosidade, habitualidade e pessoalidade na prestação de
serviços. Porém a Suprema Corte, órgão de cúpula maior do Judiciário, decidiu
d’outra forma, constatando a incompetência da justiça do trabalho para decidir
tais pleitos.
A Lei 8.112/90 instituiu o regime jurídico único (estatutário) para os servi-
dores públicos, nesse caso os funcionários públicos que foram nomeados depois
da vigência dessa lei não vão ter seus dissídios dirimidos pela Justiça Trabalhista,
porém quanto aos servidores que pleiteavam judicialmente por vantagens traba-
lhistas, anteriores à instituição dessa lei, estes terão seus processos julgados no
devido órgão, jurisdicional trabalhista (Vide Súmula 97 STJ).
Quanto à situação dos Cartórios Extrajudiciais que executam serviços nota-
riais e de registro prevê a Constituição Federal que são atividades exercidas em ca-
ráter privado e delegadas pelo Poder Público. (Constituição Federal, Vade Mecum
Rideel, 2009). Concomitantemente o art. 20 da Lei 8935/94 prevê que: “Os notá-
rios e os oficiais de registro poderão, para o desempenho de suas funções, contratar
escreventes, dentre eles escolhendo os substitutos, e auxiliares como empregados,
com remuneração livremente ajustada e sob o regime da legislação do trabalho”.
Dito isso, não resta dúvida que a competência para processar e julgar contro-
vérsias entre funcionários dos cartórios e seus titulares será da Justiça do Trabalho.
Por último, à Justiça Laboral também caberá a resolução de conflitos traba-
lhistas concernentes a atletas desportivos e seu respectivo time, tendo como requi-
sitos para tanto, o esgotamento de tentativas pela via administrativa e a ausência
de decisão após 60 dias.

Competência em razão da matéria

Só cabe à Justiça do Trabalho solucionar as causas de cunho trabalhistas que


envolvam relação de trabalho. (Vide art. 114 da Constituição Federal, Rideel
2009). De acordo com Sergio Pinto Martins por relação de trabalho entende-se:
“... a relação jurídica entre o trabalhador e o tomador de serviços, que pode ser
física ou intelectual, com ou sem remuneração”.
Anteriormente não competia a Justiça Laboral decidir sobre causas decorren-
tes de relação de trabalho, mas de vínculos empregatícios, de tal forma que só

capítulo 1 • 30
seriam avaliados os processos se constatados os elementos: pessoalidade, não even-
tualidade, subordinação e onerosidade. A Emenda Constitucional nº 45/2004
ampliou a competência do Juiz do Trabalho.
Desta forma, nos termos do dispositivo constitucional, compete a Justiça
Trabalhista, no âmbito material, processar e julgar: as ações que envolvam exer-
cício do direito de greve; as ações sobre representação sindical, entre sindicatos,
entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e empregadores; os mandados
de segurança, habeas corpus e habeas data quando o ato questionado envolver
matéria de sua jurisdição; os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição
trabalhista, ressalvado os conflitos de competência entre os tribunais superiores e
qualquer outro tribunal; as ações de indenização por dano moral ou patrimonial
decorrentes da relação de trabalho; as ações relativas às penalidades administrativas
impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; a
execução de ofício, das contribuições sociais arrecadadas pelos empregadores sobre
a folha de salários e demais rendimentos do trabalho, bem como das contribuições
dos segurados para custeio da Seguridade Social; outras controvérsias decorrentes
da relação de trabalho na forma da lei.
É importante ressaltar que quanto às contribuições sociais, a Justiça do
Trabalho somente será competente para ordenar sua retenção, não podendo exe-
cutá-las de fato. Percebe-se, também, que não há como considerar esse rol taxativo,
visto que o final do artigo supracitado alarga a possibilidade de discussão de outras
matérias provenientes da relação de trabalho. As Súmulas 389 e 300 do Tribunal
Superior do Trabalho, por exemplo, atribuem a Justiça Laboral a competência
para julgar demandas referentes à indenização pelo não fornecimento de guias de
seguro desemprego, assim como, ao não cadastramento do empregado no PIS.
Outrossim, a Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal prevê que
a Justiça do Trabalho é competente para julgar ações de indenização por danos
morais e patrimoniais que decorram de relação de trabalho, inclusas as questões
que ainda não tinham sido julgadas quando a Emenda Constitucional 45/2004
fora promulgada.
Vale dizer que a Justiça Laboral é responsável por julgar processos relativos a
danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho, que poderão ser
ajuizados pelo empregado ou pelos seus sucessores em face do empregador. Por
fim, cumpre destacar que a incompetência em razão da matéria é absoluta, sendo

capítulo 1 • 31
possível a sua arguição de ofício ou mediante requerimento das partes, a qualquer
tempo7.”

Competência Trabalhista à luz da nova redação do artigo 114 CF (EC


45/04)
Inciso I – controvérsias decorrentes da relação de trabalho. O conceito en-
volve todas as relações contratuais em que alguém presta serviços por conta de
outrem, alienando sua capacidade de produção, em troca de dinheiro.
Estão inseridas:
A) relações de emprego;
B) autônomos (para Giglio, Amauri Mascaro e Bezerra Leite. Sergio Pinto
Martins discorda);
C) Eventuais (para Giglio, Amauri, Bezerra Leite e Athos Gusmão. S. Pinto
Martins discorda)
D) Cooperativado (para Giglio, Bezerra Leite e Athos. Amauri Mascaro discorda);
E) Representante Comercial (para Amauri Mascaro. Bezerra Leite e S. Pinto
Martins discordam art. 39 da Lei 4886)
F) Pequeno Empreiteiro, que seja operário ou artífice (para Bezerra Leite. Amauri
Mascaro discorda. S. Pinto Martins e Giglio afirmam que a competência é decor-
rente e deriva do disposto no art. 652, III da CLT)
G) Temporários (para Giglio, Amauri e S. Pinto Martins. Bezerra Leite discorda)
H) Avulso (para Amauri, Bezerra Leite e S. Pinto Martins)
I) Contrato de Transporte (para Amauri Mascaro). O art. 5º, parágrafo único da
Lei 11.442, de 05 de janeiro de 2007 seria, portanto, inconstitucional, pois fere o
artigo 114, I da CF.
J) Profissionais Liberais (S. Pinto Martins discorda (só vem para trabalhista se o
legislador ordinário disciplinar). No mesmo sentido, Athos Gusmão Carneiro e
Súmula 363 do STJ)
Obs.: O trabalho gratuito está excluído da competência da Trabalhista, salvo
para Athos Gusmão. Também são excluídas as relações de consumo e o trabalho
do presidiário (recente decisão do TST RR 1072/2007-011-06-40.4).

Servidor Público stricto sensu – Justiça Comum. O art. 240 d) da Lei


8112/90 atribuía competência para a Justiça do Trabalho, mas foi declarado in-
constitucional (ADI 492-1). De toda forma, a Lei 9527/98, revogou a disposição.
7  C. DE OLIVEIRA ROCHA, Manuela. As competências da Justiça do Trabalho. Disponível em: <https://jus.com.
br/artigos/22103/as-competencias-da-justica-do-trabalho>. Acesso em: 07 fev. 2017.

capítulo 1 • 32
Empregados Públicos Federais – antes de 88 eram julgados pela Justiça
Federal, e, depois, passaram a ser julgados pela Justiça do Trabalho. A partir da
Lei 8112/90, passaram a ser estatutários aqueles celetistas que trabalhavam para
União, autarquias e fundações públicas federais. Nesta ocasião, o vínculo de em-
prego mantido se rompeu e eles passaram a ter dois vínculos, um, celetista, que
deveria ser objeto de uma RT na Justiça do Trabalho e, outro, estatutário, que
deveria ser objeto de uma ação na Justiça Federal.
Súmula 97 STJ – estabelece a competência da Justiça do Trabalho para julgar
o pedido anterior ao regime jurídico único – Lei 8112/90.
Trabalhadores Temporários – artigo 37, inciso IX da CF/88. A Lei 8745/93
regrou a matéria a nível federal. Competência da Justiça do Trabalho se não hou-
ver lei específica ou seja alegada sua subversão – OJ 205 SDI 1 TST.

Acidente de Trabalho – ainda continua na Justiça Comum, por força da interpretação


do artigo 109, I da CF/88, não alterado mesmo após a EC 45. ≠ Súmula Vinculante 22
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização
por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por
empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de
mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.

Indenização por danos morais


Súmulas 392 do TST e 736 do STF – será de competência da Trabalhista se
a relação jurídica da qual se extrai a responsabilidade civil e o dever de indenizar
for de competência da Justiça do Trabalho, inclusive quando o pedido tem funda-
mento em normas de segurança do trabalho (EPI).
Quando há acidente do trabalho, pode haver duas indenizações (súmula 229
do STF e art. 121 da Lei 8213/91), uma decorrente do seguro obrigatório e, ou-
tra, da responsabilidade civil do empregador – artigo 7º, XXVIII da CF.
Se a indenização for acidentária, a competência é da Justiça Comum;
Se a indenização for contratual, trabalhista, a competência é da Justiça do
Trabalho.
Destaque para o julgamento do CC7204-1 MG, pelo Pleno do STF, em
2005, que reconheceu que a competência já era da JT. Porém, fixou o momento
da edição da EC 45 como o marco divisor de águas, evitando que os jurisdiciona-
dos sofressem consequências desastrosas pelo reconhecimento da competência da
Justiça do Trabalho mesmo em momento anterior à EC 45, quando a orientação
do STJ era de que a competência era da Justiça Comum.

capítulo 1 • 33
Pré-contratação – Justiça do Trabalho (para Pinho Pedreira, Carrion, Campos
Batalha e Amauri Mascaro).
Justiça Comum – (para S.P. Martins e João de Lima Teixeira Filho. Rodolfo
Pamplona entende que é a Comum se não houve contratação depois ou se não
houve um pré-contrato escrito.)
Pós-contratação – Justiça do Trabalho (para João de Lima Teixeira Filho
Amauri, Tostes Malta, Campos Batalha e Pinho Pedreira). OBS – art. 466 CLT.
Justiça Comum (para S.P. Martins e Rodolfo Pamplona).
Dano reflexo – o dano ocorrido na esfera jurídica do herdeiro ou sucessor
como consequência do que se passou com o trabalhador. Há duas correntes.
(Justiça Comum x Justiça do Trabalho)
Complementação de Aposentadoria e de Pensão. OJ 26 SDI 1 e 106 SDI 1
do TST.
Previdência Aberta – Justiça comum
Previdência Fechada – Justiça do Trabalho. Posição de S.P. Martins, Carrion,
Russomano, Amauri e Campos Batalha.
TST tem duas súmulas sobre prescrição – 324 e 325

Competência em razão da função

A competência funcional diz respeito à função que exerce cada juiz trabalhis-
ta. Na Justiça do Trabalho são distribuídos encargos aos diferentes órgãos, essas
atribuições são previstas pela Constituição Federal, pela Consolidação das Leis
Trabalhistas (lei complementar) e pelos regimentos internos de cada respecti-
vo Tribunal.
Essa modalidade de competência faz referência às funções típicas dos órgãos
trabalhistas especializados para solucionar controvérsias de caráter estritamen-
te trabalhista.
Os órgãos trabalhistas são compostos pelo juiz titular ou substituto das varas,
tribunais regionais, tribunal superior do trabalho, ministério público do trabalho,
ministro corregedor do Tribunal Superior do Trabalho. Ao juiz titular ou substi-
tuto, por exemplo, compete à execução das sentenças proferidas na vara, o despa-
cho dos recursos interpostos pelas partes, a concessão de liminar em reclamação
trabalhista nas hipóteses do art. 659 da Consolidação das Leis do Trabalho. Já aos
Juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho cabe a apreciação originária de ação
rescisória, mandado de segurança, matéria administrativa e conflitos de compe-
tência entre juízes ligados ao Tribunal Regional.

capítulo 1 • 34
Por sua vez, o Tribunal Superior do Trabalho é competente para julgar os re-
cursos de revista interpostos de decisões dos Tribunais Regionais do Trabalho, os
agravos de instrumento interpostos em razão de decisão do Presidente de Tribunal
Regional que negue seguimento a recurso de revista, os agravos regimentais e em-
bargos de declaração opostos a seus julgados.
O Ministério Público do Trabalho poderá manifestar-se em qualquer fase do
processo trabalhista, quando houver interesse público que justifique sua interven-
ção, propor ações necessárias para a defesa de menores, incapazes ou índios nas
relações trabalhistas, participar de instrução e conciliação em dissídios decorrentes
de paralisação de serviços e recorrer quando as decisões acarretarem violação da lei
ou constituição, atuar como árbitro nos dissídios trabalhistas, quando convocado
pelas partes.
O Ministro Corregedor do Tribunal Superior do Trabalho terá como atri-
buições inspecionar e apurar possíveis irregularidades cometidas no âmbito dos
Tribunais Regionais do Trabalho e decidir sobre atos praticados por Regionais e
seus Presidentes que atentarem a boa ordem processual.

Competência em razão do lugar

Inicialmente, importa salientar que a competência em razão do lugar é relati-


va, devendo ser arguida pelas partes de plano através de exceção de incompetência,
caso contrário o juízo se tornará competente para dirimir o litígio trabalhista.
A competência em razão do lugar é delimitada com base no espaço geográfico
em que atua o órgão jurisdicional. Quase sempre essa competência é instituída
aos órgãos de primeira instância da justiça do trabalho designados de Varas do
Trabalho, porém há certos casos em que o município não possui vara especializada
para dirimir conflitos trabalhistas, dessa forma a lei atribui essa árdua tarefa aos
juízes comuns.
Para facilitar o entendimento sobre competência territorial foram instituídas
algumas regras que visam à proteção do trabalhador quanto ao ajuizamento de
reclamação trabalhista. O art. 651 da Consolidação das Leis Trabalhistas traz a
regra geral a ser aplicada para definir a competência territorial, de acordo com esse
dispositivo a reclamação trabalhista deve ser proposta no último local de prestação
de serviços, mesmo que o empregado tenha sido contratado em outro local ou no
exterior. O principal intuito da norma é impedir que o empregado tenha gastos
desnecessários com a demanda, bem como tenha condições de colher as melhores
provas no local onde por último trabalhou.

capítulo 1 • 35
No entanto, essa regra disposta na constituição para privilegiar a parte hi-
possuficiente da relação, o empregado, comporta três exceções, a saber: quando
o empregado for agente ou viajante comercial; quando o empregado brasileiro
estiver trabalhando no estrangeiro e quando o empregador promove realização de
atividade fora do lugar do contrato.
Entende-se por viajante comercial, o empregado que presta serviço de vendas
em mais de um local, agindo em nome do empregador, sem se fixar em um local.
Nessa hipótese, terá competência para resolver a lide, a vara da localidade em que
a empresa tenha agência ou filial e, na falta será competente a Vara da localidade
em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima.
De acordo com o § 2º do art. 651 da Consolidação das Leis Trabalhistas a com-
petência das varas trabalhistas brasileiras estende-se nas situações onde ocorram dissí-
dios em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não
haja tratado internacional dispondo o contrário. Todavia, segundo a súmula 207 do
Tribunal Superior do Trabalho, mesmo tendo a vara trabalhista competência para so-
lucionar o conflito, será aplicada a legislação do país onde foi prestado o serviço.
A grande discussão que gira em torno dessa exceção à regra geral é a existência
da lei nº 7.064/82 que também regula a contratação e transferência de trabalha-
dores para prestar serviços no exterior. Essa legislação prevê que o empregado que
foi contratado por empresa com sede no Brasil para trabalhar no estrangeiro em
seu favor e os transferidos por empresa brasileira terão direito a legislação material
mais favorável. Nesses casos resta evidenciado o conflito de normas brasileiras.
Questiona-se qual a norma a se aplicar quando o empregado brasileiro é contrata-
do para trabalhar no exterior?
O ideal que a empresa tenha sede ou filial no Brasil para que se opere a aplica-
ção da legislação mais favorável, no caso a brasileira, pois se a empresa estrangeira
não tiver agência ou filial no Brasil, a citação terá de ser feita por Carta Rogatória
o que inviabilizará a propositura da reclamação, afinal a empresa internacional não
vai querer se submeter à decisão brasileira.
Por último, as empresas que promovem atividades fora do lugar do contrato
estão sujeitas ao ajuizamento, pelos empregados, de reclamações trabalhistas no
foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços. (Art.
651, §3º, Consolidação das Leis do Trabalho). Um exemplo que se encaixa perfei-
tamente nessa situação é a do motorista de ônibus que é contratado em Salvador,
para fazer a linha Salvador – Aracaju.
"Não se Admite o foro de Eleição no Processo do Trabalho."

capítulo 1 • 36
Conflitos de competência

Conflitos de competência ocorrem quando dois ou mais magistrados se decla-


ram competentes ou incompetentes para dirimir questão, no primeiro caso temos
um conflito positivo, no segundo um conflito negativo. Segundo a redação do
art. 805 da legislação complementar trabalhista, tanto o juiz, as partes, como o
Ministério Público poderão arguir o conflito.
Os conflitos de competência poderão ocorrer entre Varas do Trabalho e Juízes
Comuns incumbidos de jurisdição trabalhista. Nesses casos os conflitos serão re-
solvidos pelo Tribunal Regional do Trabalho da região. Quando o conflito é entre
duas varas de trabalho da mesma região os conflitos serão solucionados pelo tribu-
nal hierarquicamente superior, no caso em tela o Tribunal Regional do Trabalho
será competente.
Quando o conflito decorrer entre duas Varas do Trabalho de diferentes Regiões
e entre Tribunais Regionais do Trabalho será competente o Tribunal Superior
do Trabalho. Nas hipóteses de conflitos entre tribunais superiores ou entre es-
tes e quaisquer tribunais a competência para sanar tal situação será do Supremo
Tribunal Federal. No entanto, os conflitos de competência entre juiz do trabalho
e juiz federal serão dirimidos pelo Superior Tribunal de Justiça.
O Supremo Tribunal Federal se declarou competente para julgar conflitos de
competência entre qualquer tribunal superior e magistrados que não estejam vin-
culados a ele. Como rol exemplificativo, há o conflito entre Tribunais Superiores
do Trabalho e Juízes de Direito ou Juízes Federais. A Suprema Corte também
será competente para resolver conflitos entre o Superior Tribunal de Justiça e o
Tribunal Superior do Trabalho, por serem tribunais superiores
Quanto aos conflitos entre Tribunais Regionais do Trabalho, Tribunais
Regionais Federais ou Tribunais de Justiça, estes terão resolução pelo Superior
Tribunal de Justiça. Contudo, os conflitos entre juízes de um mesmo tribunal
serão solucionados por este, mediante o pleno ou órgão especial.
Entende-se que não há existência de conflito entre Tribunal Regional do
Trabalho e Vara do Trabalho; Tribunal Regional do Trabalho e Tribunal Superior
do Trabalho, pois preexiste uma hierarquia entre esses órgãos, coexistindo o dever
de subordinação. (Súmula 420 do Tribunal Superior do Trabalho).

capítulo 1 • 37
Partes e procuradores

Capacidade para ser parte, capacidade processual e capacidade postulatória

Capacidade para se parte: relacionada à personalidade civil, à aquisição de


direitos e obrigações.
Capacidade processual: relacionada à capacidade civil, ou seja, à possibilida-
de de realizar atos na órbita civil e, por óbvio, em processos judiciais.
Capacidade postulatória: intimamente relacionada à atuação do Advogado
(art. 133 da CRFB/88), ou seja, somente o Advogado possui tal espécie
de capacidade.
“Jus postulandi”: regra geral, o Advogado não é necessário na Justiça do
Trabalho, já que o art. 791 da CLT, recepcionado pela CRFB/88, sustenta a exis-
tência do “jus postulandi”, ou seja, do direito das partes postularem em juízo,
tanto reclamante quanto reclamado sem a presença de um advogado. Tal direito
sofreu nítida restrição com a edição da SÚMULA Nº 425 DO TST, ao afirmar
que: “O Jus postulandi” aplica-se nas varas de trabalho e nos TRTs. Ele não se apli-
ca se tratar de recursos para o TST, ou nos casos de ação rescisória, ação cautelar e
mandado de segurança no processo do trabalho”.

Assistência judiciária gratuita - lei nº 5584/70

No processo do trabalho, a Assistência Judiciária Gratuita é prestada pelo


SINDICATO ao trabalhador, independentemente de ser filiado ou não. Nos ter-
mos da Lei nº 5584/70, que regulamenta a matéria, dois são os requisitos para a
concessão do benefício:

§ Estar assistido pelo sindicato (ou seja, pelo Advogado daquele ente);
§ Receber até 2 (dois) salários mínimos ou, recebendo quantia superior, declarar não ter
condições de arcar com os custos do processo.
Na hipótese de assistência judiciária gratuita, serão devidos ao sindicato, caso a
pretensão do reclamante seja aceita, os honorários advocatícios de sucumbência,
conforme Súmula nº 219 do TST.
§ ATENÇÃO: a regra geral acerca dos honorários de sucumbência na Justiça do Tra-
balho não é a mera sucumbência, como no processo civil. A condenação, regra geral,
ao pagamento da parcela, somente surge quando presentes, ao mesmo tempo, os se-
guintes requisitos:

capítulo 1 • 38
Condenação do reclamado; Assistência judiciária gratuita.
§ ATENÇÃO: Na relação de emprego, a contratação de advogado particular excluiu a
condenação ao pagamento de honorários advocatícios de sucumbência, por ser neces-
sária a atuação do sindicato, o que não ocorre na relação de trabalho, já que a Súmula nº
219 do TST afirma que, nessa última hipótese, a regra é a mera sucumbência.

Partes

Denominação

O conceito de partes, que é exatamente aqueles que sofrem os feitos da rela-


ção processual. Existe uma denominação específica para as partes no âmbito do
processo do trabalho, devido ao fato de se adotar reclamação trabalhista como
designação para a ação trabalhista. Por que se fala em reclamação trabalhista?
Originalmente a justiça do trabalho era um órgão administrativo, e por assim ser
as postulações eram feitas sob a forma de mera reclamação. Daí consagrou-se os
termos reclamante e reclamado para designar na órbita do processo do trabalho,
respectivamente, autor e réu da demanda trabalhista.

Deveres da parte e de terceiros

Não há maiores dificuldades em relação aos deveres da parte e os efeitos da


litigância da má-fé na ótica do direito processual do trabalho. O processo civil
enumera uma série de deveres que as partes devem observar na relação processual.
Consiste dever processual, por exemplo, falar a verdade em juízo, evitar incidentes
desnecessários, não utilizar de meios ardilosos, enfim, compõe aquilo que costuma
chamar de conteúdo ético do processo. Esses deveres dizem respeito à conduta
das partes no âmbito da relação processual. O desrespeito à essas condutas leva
a chamada litigância de má fé. A litigância de má fé é uma conduta de uma das
partes, autor ou réu, reclamante ou reclamado, que implica o descumprimento
dos deveres ético processuais. Litigante de má fé é aquele que não age dentro da
boa fé processual.

A litigância de má-fé e sua caracterização (cpc, art.80)

Essa litigância de má fé tem efeitos diretos nos litigantes. O próprio CPC


no artigo 81 prevê consequências para a litigância de má fé. Uma delas é a multa

capítulo 1 • 39
superior a 1% e inferior a 10%, calculada sobre o valor do pedido.. Isso é tanto
para o processo civil como para o processo do trabalho. Aplica-se uma multa de
valor fixo e caráter punitivo, visando a punir uma litigância de má de uma das
partes, A grande questão que se coloca em sede de direito processual do trabalho,
consiste em saber o seguinte: o reclamante geralmente é hipossuficiente, pessoa
desprovida de recursos. A pergunta é: cabe a aplicação da litigância de má fé em
desfavor do reclamante? A doutrina é uníssona no sentido de afirmar a aplicação
de tais medidas ao reclamante, desde que o juiz dose o valor em favor da realidade
econômica do reclamante.
Questão mais complicada, embora seja definida do ponto de vista legal, diz
respeito a litigância de má fé do advogado. Infelizmente, muitas vezes, a litigância
de má fé do empregado é motivada pelo advogado. Então surgem nessas situações
a possibilidade de se aplicar a litigância de má fé ao advogado, e não ao próprio re-
clamante, ou ao menos responder o advogado de forma solidária pela litigância de
má fé. O estatuto da OAB é expresso em dizer que os excessos do advogado serão
objeto de ressarcimento em ação própria. Não se pode imputar ao advogado a li-
tigância de má fé. Esse é o entendimento prevalecente no âmbito jurisprudencial.

Procuradores

Representação na justiça do trabalho (clt, art.791, §1º)

No que tange à contratação de um advogado no processo do trabalho, a parte


tem o dever de juntar procuração nesse processo. Porém, mesmo sem a juntada
da procuração, a representação estará regularizada, quando o advogado acompa-
nhar a parte em audiência e requerer verbalmente que se consigne em ata a sua
constituição como procurador da parte. O juiz deve requerer a anuência da parte
representada. Precisa desses 3 requisitos para um advogado sem procuração regu-
larizar sua representação. É a chamada procuração “apud acta”, ou mandato tácito
no processo do trabalho.

capítulo 1 • 40
Súmula 395 do TST:
I - O instrumento de mandato precisa ter prazo determinado e cláusula estabelecen-
do a prevalência dos poderes para atuação do advogado até o final da demanda.
II – Esse item pressupõe a confiança do reclamante no advogado. O demandante
estabelece um prazo para a juntada da procuração aos autos. A juntada posterior a esse
prazo torna inválidos os atos praticados pelo advogado. Nesse caso, o advogado precisa
pedir uma nova procuração para o cliente.
Os atos praticados por advogado cujo instrumento de mandato não foi juntado
aos autos serão inválidos.
III – É direito do advogado substabelecer, independentemente de poderes específicos
para tanto.
IV – É direito do advogado substabelecer, mas não pode haver abusos. O substabele-
cimento não pode ser anterior à outorga dos poderes.
O advogado investido de mandato tácito não pode substabelecer!
OJ 200:
É inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito.
OJ 52:
A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas,
quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dis-
pensadas da juntada de instrumento de mandato.
OJ 255:
Não é condição de validade do instrumento de mandato a juntada dos atos constitutivos
da sociedade. Não é obrigatório a juntada dos atos constitutivos da sociedade.
No entanto, na procuração da empresa deve conter o nome da entidade outorgante dos
poderes (nome da empresa), nome do signatário da procuração. Ela pode juntar só a
procuração aos autos, que precisa ter esses 2 requisitos, mas repisa-se que não precisa
juntar os atos constitutivos.
OJ 255:
O art. 12, VI, do CPC não determina a exibição dos estatutos da empresa em juízo como
condição de validade do instrumento de mandato outorgado ao seu procurador, salvo se
houver impugnação da parte contrária.
Súmula 427 do TST:
Na procuração tem o nome de vários advogados a que são outorgados os poderes. A
parte junta a procuração, mas formula pedido para que as intimações e procurações
ocorram somente no nome de um deles (normalmente o dono do escritório). Se as
intimações forem feitas em nome de outro advogado, ainda que seu nome esteja na
procuração, essa comunicação será inválida, pois foi feito expresso pedido para serem
feitas em nome um único advogado diferente deste.
Exceção: se não houver prejuízo para as partes, essa comunicação poderá ser conside-
rada válida, mesmo que ocorra em nome de outro advogado diferente do que consta no
expresso pedido.

capítulo 1 • 41
Honorários advocatícios (súmulas nº 219 e 329 do tst)

A grande diferença reside na situação concernente aos honorários advocatí-


cios, porque em relação a eles no processo do trabalho nós temos uma regulamen-
tação diferente da do processo civil. No processo civil, o juiz ao finalizar a deman-
da condenará a parte vencida a pagar os honorários de advogado em favor da parte
vencedora entre 10% e 20% do valor da condenação. Se houver a sucumbência
recíproca, nesse caso os honorários serão rateados. O autor vai ser condenado em
razão do que perdeu e o réu em razão do que foi condenado.
No processo do trabalho, como a assistência é facultativa, não há condena-
ção em honorários advocatícios. Há apenas uma única situação prevista na nossa
legislação, por intermédio da lei 5584/70, é quando o reclamante é assistido por
sindicato de classe. Não se trata da substituição, mas da assistência jurídica presta-
da pelo sindicato. Nesta situação está a Súmula 219 do TST:

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO (alterada a redação


do item I e acrescidos os itens IV a VI em decorrência do CPC de 2015) - Res.
204/2016, DEJT divulgado em 17, 18 e 21.03.2016

I – Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários


advocatícios não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo
a parte, concomitantemente: a) estar assistida por sindicato da categoria
profissional; b) comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do sa-
lário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permi-
ta demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família.
(art.14,§1º, da Lei nº 5.584/1970). (ex-OJ nº 305da SBDI-I).
II – É cabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em
ação rescisória no processo trabalhista.
III – São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente
sindical figure como substituto processual e nas lides que não derivem da
relação de emprego.
IV – Na ação rescisória e nas lides que não derivem de relação de em-
prego, a responsabilidade pelo pagamento dos honorários advocatícios da
sucumbência submete-se à disciplina do Código de Processo Civil (arts. 85,
86, 87 e 90)

capítulo 1 • 42
V – Em caso de assistência judiciária sindical ou de substituição processual
sindical, excetuados os processos em que a Fazenda Pública for parte, os ho-
norários advocatícios são devidos entre o mínimo de dez e o máximo de vinte
por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa (CPC de
2015, art. 85, § 2º)
VI – Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, aplicar-se-ão os per-
centuais específicos de honorários advocatícios contemplados no Código
de Processo Civil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 39ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
SARAIVA, Renato; LINHARES, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ª ed. São
Paulo: Jus Podivum, 2017.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª ed. São Paulo: LTr, 2017.

capítulo 1 • 43
capítulo 1 • 44
2
Processo de
conhecimento
trabalhista
Do processo de conhecimento trabalhista

Neste capítulo você estudará os atos, termos, prazos, PJe-JT- Processo Judicial
Eletrônico da Justiça do Trabalho e nulidades processuais. Estudará ainda as
Audiências Trabalhistas e o sistema de provas cabíveis na Justiça do Trabalho.

OBJETIVOS
•  Atos, termos, prazos e nulidades processuais;
•  Classificação;
•  Comunicação dos atos;
•  Prazos processuais e contagem dos prazos assim como os principais prazos trabalhistas;
•  Nulidades processuais Conceito, espécies de vícios dos atos processuais, princípios e nu-
lidades no Processo do Trabalho.
•  Fase probatória/Instrução Processual Ônus da prova no processo de trabalho. Meios de
prova, peculiaridades.

Dos atos, termos e prazos processuais

O art. 770 da Consolidação das Leis Trabalhistas inicia o assunto dizendo que
os atos processuais são públicos, salvo quando o interesse social permitir o con-
trário. Destaca-se que o conceito de "interesse social", embora subjetivo, pode ser
ilustrado com o assédio sexual e moral, por exemplo. São situações que demandam
a preservação das partes.
O mesmo dispositivo diz, ainda, que os atos deverão ser praticados entre às
6 e às 20 horas, em dias úteis. Portanto, LEMBRE-SE: para a prática de ATOS
PROCESSUAIS, SÁBADO É DIA ÚTIL. Lado outro, PARA A CONTAGEM
DE PRAZOS, SÁBADO NÃO É CONSIDERADO DIA ÚTIL.
O parágrafo único do art. 770 ressalva a hipótese de penhora em dia domingo
ou feriado quando expressamente autorizado pelo juiz. O termo "expressamente"
deve ser lembrado sempre! O servidor não poderá praticar a penhora em domingo
ou dia feriado "de ofício". O juiz precisa tê-lo autorizado para tanto.
Os arts. 771 a 773 da CLT tratará sobre os termos.

capítulo 2 • 46
A saber, atos diferem-se de termos, pois O TERMO É A REPRESENTAÇÃO
GRÁFICA DE UM ATO.
Art. 771 – Os atos e termos processuais poderão ser escritos a tinta, datilogra-
fados ou a carimbo.
Art. 772 – Os atos e termos processuais, que devam ser assinados pelas partes
interessadas, quando estas, por motivo justificado, não possam fazê-lo, serão firmados
a rogo, na presença de 2 (duas) testemunhas, sempre que não houver procurador legal-
mente constituído.
Art. 773 – Os termos relativos ao movimento dos processos constarão de simples
notas, datadas e rubricadas pelos secretários ou escrivães.

Prazos

Começa-se a falar de prazos no art. 774 da CLT.


É necessário saber que, na sistemática processual do trabalho, os prazos são
contínuos e irreleváveis. Irreleváveis, porque o juiz não poderá desconsiderá-los
ou dilatá-los, conforme a necessidade das partes, salvo motivo de força maior.
O art. 775 estabelece que os prazos serão contados com EXCLUSÃO DO
DIA DO INÍCIO E INCLUSÃO DO DIA DO VENCIMENTO. O dia do
início, a saber, será o dia da notificação/intimação. Conquanto, o prazo não pode
começar ou terminar em um sábado, domingo ou dia feriado. Suspender-se-á a
contagem para começá-la no primeiro dia útil subsequente, conforme parágrafo
único do art. 775. É o que também dia a Súmula 310 do STF.
SÚMULA 310: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publi-
cação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na
segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no
primeiro dia útil que se seguir.
As Súmulas 16 e 427 do TST também tratam deste assunto.
Súmula nº 16: Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas
depois de sua postagem. O seu não-recebimento ou a entrega após o decurso desse
prazo constitui ônus de prova do destinatário.
Súmula nº 427: Havendo pedido expresso de que as intimações e publicações
sejam realizadas exclusivamente em nome de determinado advogado, a comunica-
ção em nome de outro profissional constituído nos autos é nula, salvo se consta-
tada a inexistência de prejuízo.

capítulo 2 • 47
Atenção para a Súmula 262, também do TST, que teve redação alterada
em 2014.
SÚMULA N.º 262. PRAZO JUDICIAL. NOTIFICAÇÃO OU
INTIMAÇÃO EM SÁBADO. RECESSO FORENSE. (redação do item II alte-
rada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 19.05.2014).
I – Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primei-
ro dia útil imediato e a contagem, no subsequente.
II – O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do
Trabalho suspendem os prazos recursais.
Assim, a notificação recebida no sábado será considerada como recebida ape-
nas na segunda. "Finge-se" que não houve recebimento e o prazo é iniciado na
terça-feira (dia subsequente à segunda). Quanto ao inc. II, é necessário saber que o
recesso forense dura entre 20 de dezembro e 06 de janeiro, suspendendo os prazos
neste período.
A OJ 310 SDI-1 do TST trará os litisconsortes para este tópico.
LITISCONSORTES. PROCURADORES DISTINTOS. PRAZO EM
DOBRO. ART. 229, CAPUT E §§ 1o E 2o DO CPC DE 2015. ART. 191 DO
CPC DE 1973. INAPLICÁVEL AO PROCESSO DO TRABALHO. (atualizada
redação pela Resolução n. 208 do TST, de 19.04.2016.)
Inaplicável ao processo do trabalho a regra contida no art. 229, caput e §§ 1o
e 2o do CPC de 2015 (art. 191 do CPC de 1973) em razão de incompatibilidade
com a celeridade que lhe é inerente.
A Fazenda Pública, todavia, permanece com o prazo em dobro.

Comunicação dos atos processuais

No processo do trabalho, a citação e a intimação comumente vistas na área


cível, aqui são todas chamadas de NOTIFICAÇÃO. Na fase de conhecimento, a
notificação é, em regra, remetida via postal com Aviso de Recebimento (AR).
A súmula 16, citada acima, presume recebida a notificação 48 horas após
a postagem, ficando a parte com o ônus de provar que a notificada não recebeu
o documento.

capítulo 2 • 48
No art. 841 da CLT tem-se que, protocolada a Reclamação na Secretaria da
Vara, esta deverá notificar a parte reclamada em 48 horas. Esta notificação é equi-
valente a citação do Processo Civil8.”
“Processo nada mais é do que um procedimento animado pelo contraditório.
Procedimento nada mais é do que o encadeamento de atos processuais.
Atos processuais são ações praticadas no decorrer do processo, podendo ser
realizados pelo Estado-juiz, pelas partes ou pelos auxiliares da justiça.

Classificação

Quanto à publicidade

•  Regra: público;
•  Exceção: segredo de justiça para preservar interesse social (CLT, art. 770)

Quanto ao tempo

•  Regra: das 6h às 20h, em dias úteis, – só excluímos domingos e feriados;


99 Não significa que a parte possa realizar atos nesse horário. Deve respeitar
o horário de expediente.
99 Sábado é considerado dia útil para atos processuais – pode-se fazer penhora
por exemplo, mas não é incluído na contagem de prazo).

•  Exceção penhora: domingos e feriados desde que devidamente autorizado;


99 O novo CPC permitirá penhora aos domingos sem autorização;

•  Audiência: 8h às 18h (máximo 5 horas seguidas), salvo atos urgentes;


•  Expediente forense: norma interna do TRT;
•  Meio eletrônico: até às 24 horas (horário do município a que foi dirigida
a petição);
•  Os atos e termos (redução por escrito dos atos praticados no processo) po-
derão ser escritos à tinta, datilografados ou a carimbo (art. 771, CLT);

8  FRANCO, Monica. PROCESSO DO TRABALHO: ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS. Disponível


em:<https://br.portalprofes.com/monicafranco/blog/processo-do-trabalho-atos-termos-e-prazos-processuais>.
Acesso em: 07 fev. 2017.

capítulo 2 • 49
A comunicação dos atos processuais consiste no meio pelo qual se dá conhe-
cimento a alguém dos atos realizados no processo.
•  Realizados entre juízos:
Carta de ordem – quando há hierarquia;
Carta precatória – de uma vara para outra, quando não há hierarquia;
Carta rogatória – comunicação entre o judiciário brasileiro e estrangeiro.
99 O novo CPC traz a Carta Arbitral.

•  Realizado entre o juízo e outros.

Citação

Chamamento do réu para se defender (art. 238 do NCPC diz que é o chama-
mento do réu para a inclusão no processo.

Via Postal

Na fase de conhecimento a via postal é a regra. Não necessita ser pessoal (art.
841, CLT), basta ser encaminhada ao destinatário, independente de quem receba.
Súmula nº 16 do TST. Notificação
Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua
postagem. O seu não-recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo cons-
titui ônus de prova do destinatário.

Edital

– Fase de conhecimento: quando a parte criar embaraço ou não encontrada.


Daí faz citação por meio do diário oficial.
– Fase de execução: a parte deverá ser procurada duas vezes no prazo de 48
horas e não ser encontrada.
99 Incabível no rito sumaríssimo (CLT, art. art. 852-B, II) – não se admite
a citação por edital, pois necessariamente deve apresentar o endereço correto do
réu. Em uma prova mais elaborada pode ser questionada a constitucionalidade em
função de acesso ao empecilho ao acesso ao judiciário.

capítulo 2 • 50
Oficial de Justiça

– Processo de execução (CLT, art. 880) – a regra é a citação por oficial de justiça;
– União (LC 73/93, arts. 35, 36 e 37) – por oficial de justiça;
– MPT (art. 84, IV da LC n. 75/93) – por oficial de justiça.

Meio Eletrônico

– Lei nº 11.419/2006 – citações e intimações por meio eletrônico;


– Resolução 136/2014 CSJT.
99 Processo eletrônico: Todas citações e intimações por meio eletrônico,
Inclusive a Fazenda Pública.
– Quando der acesso a íntegra do processo é considerada vista pessoal.
99 Novo CPC contempla, evidentemente, a citação eletrônica, impondo que
as empresas públicas e privadas ficam obrigadas a manter cadastro junto aos sis-
temas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e
intimações. Ficam excluídas as microempresas e empresas de pequeno porte (art.
246).

Intimação

Para terceiros e partes se manifestarem nos autos (art. 269 ao 275, CPC);
– Diário oficial;
– Na pessoa do advogado constituído;
– Mais de um advogado e pedido expresso de intimação exclusivamente em
nome de um advogado, a intimação em nome de outro é nula (Súmula 427 do
TST);- MPT – intimação pessoal e nos autos.

Via postal ou por Oficial de Justiça

– “Jus postulandi” – ou por via postal ou oficial de justiça (não admite Edital,
a não ser que tenha advogado);
– Quando o juiz determinar.

capítulo 2 • 51
Intimação eletrônica

– Intimação via e-mail (processo judicial eletrônico)

Intimação na audiência

– Decisões proferidas na audiência;


– Revelia: haverá notificação via postal da sentença (art. 852, CLT).
Notificação – no processo do trabalho é usado esse termo de forma mais am-
pla, podendo ser citação ou intimação.

Prazos processuais

•  Peremptórios – prazos fatais, não podem ser alterados por vontade


das partes;
•  Dilatórios – alterado por vontade das partes + antes do vencimento + que
haja motivo legítimo;
•  Impróprios – não produz efeitos processuais. Como regra prazos dirigidos
ao juiz;
•  Próprios – aquele que uma vez descumprido gera um efeito processual:
– Preclusão temporal – em decorrência de ter ultrapassado o lapso temporal,
perde o direito de praticar o ato processual.
– Preclusão consumativa – usa o prazo. Ex: interpõe o recurso no segundo
dia e percebe que esqueceu alguma coisa. Daí já não pode fazer mais nada.
– Preclusão lógica – impede que atos posteriores sejam incompatíveis com
atos anteriores. Ex: desiste do recurso aceitando a decisão judicial. Depois não
pode protocolar recurso.
•  Regra: prazo legal, a própria lei estabelece. Se não existir o juiz irá estabelecer;
•  Ausência: juiz define quando não há prazo legal;
•  Sem prazo legal, nem definição do juiz = 5 dias;
•  Prazo Procedimento Sumaríssimo – ciência laudo pericial (art. 852-H,
par. 6º, CLT) – 5 dias para ambas as partes.

capítulo 2 • 52
Contagem do prazo

Art. 775 – Os prazos estabelecidos neste Título contam-se com exclusão do


dia do começo e inclusão do dia do vencimento, e são contínuos e irreleváveis,
podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente necessário pelo juiz
ou tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente comprovada.
Parágrafo único – Os prazos que se vencerem em sábado, domingo ou dia
feriado, terminarão no primeiro dia útil seguinte.
•  Data da ciência: exclui esse dia (dia do susto);
•  Data do vencimento: inclui;
•  Início e término devem ser dias úteis.
•  Audiência de julgamento (súmula 197, TST) – se o juiz definir uma data
com audiência para julgamento, as partes serão consideradas intimadas indepen-
dentes de comparecimento.
Deve ser interpretada com a sumula 30 do TST, que diz que após audiência
de julgamento o juiz tem 48h para juntar a decisão nos autos. Se juntar no prazo
também não precisará intimar as partes. Nesse caso, o dia do susto passa a ser o dia
da juntada da decisão, sendo que o prazo começa a contar no próximo dia útil. Se
o juiz não juntar no prazo de 48h, deverá intimar as partes.
Se o final do prazo cai num sábado, será prorrogado para o próximo dia útil
subsequente (segunda-feira, se não for feriado);
Se a intimação (dia do susto) for na sexta-feira, começaria a contar no sábado,
mas como não pode ser utilizado, será contado a partir de segunda. Para efeito de
contagem de prazos, o sábado, domingo e feriados serão inúteis.
Se receber intimação no sábado (penhora), o dia do susto será o próximo com
expediente forense (súmula 262, TST)
99 O novo CPC não conta os prazos de fins de semana e feriados continuamente.
•  Regra: prazos contínuos e irreleváveis (art. 775, CLT). No entanto em algu-
mas situações os prazos podem ser:

Interrupção

Recomeça a contagem com o prazo integral. Ex: embargos de declaração –


interrompe o prazo dos recursos. Depois da intimação da decisão dos embargos o
prazo será reiniciado.

capítulo 2 • 53
Suspensão

Retoma a contagem de onde parou.


99 Recesso (natureza jurídica de férias) e férias coletivas (Súmula. 262
do TST).

Prazos diferenciados

– Contestar (4x) — Recorrer (2x)


– Pessoa jurídica de direito público que não explorem atividade econômica;
– EBCT (Correios);
– Ministério Público do Trabalho;
99 Novo CPC só fala em prazo em dobro – Nesse caso irá atingir o MPT que
tem prazo regido pelo CPC atual, pois a pessoa de direito público tem regramento
pelo decreto 779/69 que dá o prazo em quádruplo entre a intimação e a designa-
ção de audiência.
– Contrarrazões: inaplicável.
– Litisconsórcio e procuradores distintos (OJ 310 do TST) – Inaplicável art.
229 do CPC

Contagem no processo eletrônico

– Realizada no dia da consulta (dia útil)


– Não havendo consulta em 10 dias corridos: presume realizada a intimação
(Lei 11.419/06, art. 5º, § 3º).
Contagem dos 10 dias corridos:
– Início: dia seguinte ao da disponibilização no sistema, independente de ser
dia útil.
– Final: décimo dia a partir do dia inicial, desde que haja expediente ou no
primeiro dia útil subsequente (o décimo dia será o dia do susto, a contagem
inicia realmente no próximo dia útil9).”

9  DOS ATOS, termos e prazos processuais. Disponível em: <https://rodrigotrt4.wordpress.com/processo-do-


trabalho/dos-atos-termos-e-prazos-processuais/>. Acesso em: 07 fev. 2017.

capítulo 2 • 54
Das nulidades no processo do trabalho

Nulidade é vício ou defeito dos atos processuais. Para que ocorra um vício ou
defeito dos atos processuais, algum requisito de validade desse ato processual, vai
se perder. Os requisitos exigidos para que o ato seja válido são: capacidade do su-
jeito; objeto lícito e possível; manifestação livre de vontade; forma prescrita ou não
defesa em lei. O vício vai se dar pela ausência, fuga ou desobediência de algum
desses elementos. Ausente qualquer um desses, o ato se torna viciado. A nulidade,
o vício gera o prejuízo para o outro.
“Nulidade é a sanção determinada pela lei, que priva o ato jurídico de seus
efeitos normais, em razão do descumprimento das formas mencionadas na nor-
ma jurídica.

Nulidade absoluta e relativa

A nulidade absoluta é imposta quando determinado ato fere norma funda-


mentada no interesse público, de ordem pública absoluta. As partes não tem o
poder de dispor em relação a um interesse público e, se assim o fizerem, restará
configurada a nulidade absoluta, ou seja, mesmo estando as partes de acordo com
o ato praticado, versando este sobre norma de interesse público, de ordem pública
absoluta, estará presente tal nulidade. Esta nulidade compromete todo o proces-
so. Como exemplo de fato que acarretaria a nulidade absoluta podemos citar as
regras de competência funcional. Caso as partes não observem tais regras haverá
a nulidade absoluta. Desta forma, se o juiz não decretar esta nulidade de ofício, o
processo estará viciado pela nulidade absoluta e, por isso, não poderá ser apreciado
pelo juízo incompetente.
Já a nulidade relativa representa um vício sanável, posto que decorre da ofensa
ao interesse da parte, isto é, quando a norma desrespeitada tiver por base o inte-
resse da parte e não o público. Sendo assim, esta nulidade desaparecerá se a parte
interessada sanar o vício que a determina. Por exemplo, não estando a parte devi-
damente representada, o juiz designará um prazo para que este vício seja sanado e,
o sendo, o processo prosseguirá normalmente.

capítulo 2 • 55
Princípios

Os princípios aplicados as nulidades são os princípios originários da teoria


geral do processo, sendo instituídos como:
– Princípio da legalidade: a nulidade depende do que está previamente pre-
visto em lei e que, por isso, deve ser observado. Desta forma, a lei encarrega-se de
prever a penalidade decorrente da violação de norma não observada. Conforme o
próprio princípio estabelece, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo,
senão em virtude de lei. Como exemplo, podemos citar o artigo 247 do CPC, o
qual prevê que serão nulas as citações e intimações que não respeitarem as pres-
crições legais.
– Princípio da finalidade: estabelece que o importante é que o ato praticado
atinja sua finalidade, permitindo, em alguns casos, por isso, que este seja valida-
do mesmo diante da inobservância das formas. Por exemplo, se o réu não citado
comparece na audiência para defesa, não comina a nulidade, pois o ato processual
atingiu sua finalidade.
– Princípio da economia processual: desde que não resulte prejuízo às partes
e que não seja expressamente previsto sua nulidade absoluta, deverão ser aprovei-
tados no máximo os atos praticados, mesmo se provenientes da não-observância
da forma legal.
– Princípio do aproveitamento da parte válida do ato: o processo deve ser
anulado em parte, possibilitando que, sempre que possível, a parte válida do ato
seja aproveitada, até mesmo por economia processual.
– Princípio do interesse de agir: a nulidade não se configurará se a parte não
a requerer. Este princípio deve ser observado somente quando a forma prevista
que acarreta nulidade não decorre de norma fundada em interesse público, mas
sim fundada em interesse particular.
– Princípio da causalidade: haverá a nulidade desde que configurada a causa
e seu consequente efeito. Sendo assim, só poderão ser aproveitados os atos não
afetados por esta causa.
– Princípio da lealdade processual: tem como base o artigo 77 do Código de
Processo Civil, que prevê que as partes e seus procuradores devem proceder com
lealdade e boa-fé no processo. Diante disso, entende-se que a nulidade deve ser
arguida na primeira oportunidade que a parte tiver de falar nos autos, sob pena
de preclusão.

capítulo 2 • 56
– Princípio do prejuízo: prevê que não havendo prejuízo processual à parte,
a nulidade poderá ser desconsiderada.
– Princípio da convalidação: conforme previsto no artigo 795 da CLT, "as
nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais de-
verão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos".
Diante do exposto, resta claro que se as partes não a arguirem, tal nulidade deverá
ser convalidada.

Modalidades

A Consolidação das Leis Trabalhistas prevê as nulidades no processo do traba-


lho em seus artigos 794 a 798, conforme demonstrado a seguir.
O artigo 794 da CLT fundamenta-se no princípio do prejuízo, pois prevê que
só haverá nulidade diante do prejuízo das partes. O prejuízo a que se refere este
artigo é o processual, referente a defesa, principalmente de direito material, finan-
ceiro ou econômico. Estabelece ainda que a nulidade só decorrerá de "manifesto"
prejuízo, sendo que se entende por manifesto aquele prejuízo certo e indiscutível.
Por exemplo: a citação é pressuposto para a validade do processo, no entanto, se
mesmo assim o reclamado comparece à audiência para apresentar defesa, não deve
mais ser discutida a nulidade da citação, uma vez que ela atingiu seu objetivo.
Como já visto anteriormente, o artigo 795 da CLT, dispõe que "as nulida-
des não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão
argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos".
Assim sendo, deverá ser convalidada a nulidade quando não arguida pela parte na
primeira oportunidade de falar nos autos. O momento oportuno para sua conva-
lidação, portanto, é a audiência, as razões finais ou, ainda, se à parte for dada vista
dos autos em cartório. Em segundo momento, deverá ser arguida tal nulidade em
preliminar de recurso.
O §1° deste mesmo artigo trata da incompetência absoluta em razão do lugar
da propositura da ação e, por isso, determina que serão nulos os atos decisórios
em decorrência desta nulidade. O processo do trabalho determina que as partes
não poderão escolher o local onde desejam que a ação seja proposta, posto que
esta deverá ser intentada no último local da prestação de serviços do empregado.
Conforme estabelece o §2°, também do artigo em questão, sendo a incompe-
tência em razão da matéria ou das pessoas, o juiz ou Tribunal deverá determinar a
remessa dos autos à autoridade competente, expondo os motivos de sua decisão.

capítulo 2 • 57
Já o artigo 796, a da CLT dispõe que a nulidade não deverá ser pronunciada
se possível à reparação da falta ou a repetição do ato, em virtude da economia pro-
cessual. Por exemplo, a fim de não ter o processo tido por nulo, sendo extinto sem
julgamento de mérito, o menor de 18 anos poderá suprir sua incapacidade trazen-
do em uma próxima audiência o responsável legal para acompanhá-lo em juízo.
A alínea b do artigo 796 da CLT, por sua vez, prescreve que a nulidade não
poderá ser pronunciada quando arguida por quem lhe tiver dado causa. Sendo
assim, caso a parte tenha dado origem a uma suspeição, por exemplo, não poderá
requerer aplicação de tal nulidade, posto que estaria se beneficiando de sua própria
torpeza.
O artigo 797 da CLT institui que "o juiz ou Tribunal que pronunciar a nuli-
dade declarará os atos a que ela se estende". Desta forma, resta claro que os atos
não afetados pela nulidade deverão ser aproveitados, em virtude da economia pro-
cessual. Sendo assim, cabe ao juiz indicar, no despacho ou na decisão, o número
das folhas do processo em que restaram considerados nulos os atos praticados.
Por fim, o artigo 798 da CLT decreta que "a nulidade do ato não prejudicará
senão os posteriores que dele dependam ou sejam consequência". Com isso, fica
demonstrado que tal artigo se assenta no princípio da utilidade, pois prevê que os
atos válidos praticados depois do ato nulo, desde que com ele não guarde relação,
deverão ser considerados.

Pronunciamento das nulidades

Deverá ser pronunciada pelo juiz a nulidade apresentada no processo até sua
sentença. Estando o processo em fase recursal, tal nulidade deverá ser pronunciada
pelo tribunal ou pela turma, havendo provocação da parte neste sentido ou de
ofício, se consoante a norma de ordem pública. Se a nulidade existir na execução,
por sua vez, deverá ser declarada pelo juiz competente para tanto10.”

Classificação

Irregularidades: Meras irregularidades, vícios que têm leve deformação,


podendo ser facilmente corrigidos (deformação pequena que não gera grandes
efeitos no processo. Exemplo: quando você se equivoca na data de admissão do
10  NULIDADES no processo trabalhista. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAvuMAC/
nulidades-no-processo-trabalhista>.Acesso em: 07 fev. 2017 e MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do
Trabalho - Doutrina e prática forense. 25ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 2006.

capítulo 2 • 58
reclamante é um vício pequeno que pode ser corrigido, não vai gerar prejuízo para
a parte contrária).
Atos inexistentes: não geram efeito. Exemplo: contestação sem assinar.
Sentença sem assinatura do juiz.
Nulidades: são os vícios com a deformidade grande, sendo necessária a inter-
veniência, para que a nulidade seja sanada.
Irregularidade sem consequência: pequenos erros materiais que podem ser
sanados. Um equívoco na contestação, que não gere muita consequência.
Irregularidades que geram sanção extraprocessual: Exemplo: advogado
retirar o processo no fórum, permanecendo com o mesmo por mais tempo do
que o permitido. É o chamado “embargo de gaveta”. Visando enrolar o processo,
protelar o tempo, ele fica com o processo até ser intimado para devolver os autos,
mediante busca e apreensão. Se ele não devolve ou o juiz percebe que ele está
protelando o feito maliciosamente, o juiz pode tomar providência extraprocessual,
que é oficiar a OAB para que sejam tomadas providências administrativas contra
o advogado. Gera sanção extraprocessual.

Outro exemplo: juiz demorando a proferir sentença. Pode-se buscar auxilio à


Corregedoria de Justiça. Ambos os exemplos apresentados geram efeitos para fora
do processo: punição para o advogado e punição para o juiz.
Irregularidade que gera ato inexistente: não gera efeito. Exemplo: contesta-
ção sem assinar. Sentença sem assinatura do juiz, recurso sem assinatura.
Irregularidade que gera nulidade: é o vício com a deformidade grande, sendo
necessária interveniência da norma, para que a nulidade seja sanada. Dependendo
da nulidade, só pode ser suscitada pela parte, e dependendo da extensão dela, pode
ser até declarada de oficio. Isso vai depender da natureza da nulidade. Nulidade
relativa só a prova pode fazer. Já a absoluta, o juiz pode declarar de ofício.
Saneamento dos vícios: Dependendo da extensão, o vício pode ser saneado
das seguintes maneiras:
1. Ignorado;
2. Gerar sanção extraprocessual;
3. Ser objeto de correção (pode ser corrigido);
4. Invalidado

Exemplo de invalidação: quando você alega a nulidade da sentença, dizendo


que o juiz não quis ouvir uma testemunha. Você arguiu a preliminar do recuso,

capítulo 2 • 59
arguiu a nulidade da sentença, por cerceio de defesa (porque aquela testemunha
seria indispensável para sua prova). A sentença será anulada. Aquele ato processual
(a sentença) será nulo, e por consequência, haverá a invalidação do ato, sendo
necessária a oitiva da testemunha, e sendo proferida nova sentença.
Outras considerações: O sistema de nulidades do Processo do Trabalho é regi-
do por alguns princípios estampados na norma. Um não está na CLT (Princípio
da Instrumentalidade artigos 188, 248 do CPC), os outros, estão na CLT (artigos
794 a 798).

Princípios das Nulidades

1. Princípio do Prejuízo ou da Transcendência: (artigo 794 CLT): A declara-


ção de nulidade só vai ser viável se gerar manifesto prejuízo (de ordem processual,
dentro do processo; não de ordem material) às partes litigantes. Esse ato gera um
efeito maléfico para uma das partes. É um ato passível de nulidade.

2. Princípio da Convalidação ou Preclusão: (artigo 795): O disposto neste


artigo serve para as nulidades relativas. A parte tem que arguir a nulidade na
primeira oportunidade. Porque o § 1º nos diz: “Deverá, entretanto, ser declarada
“ex officio”, a nulidade fundada em incompetência de foro (aquele no que tange
à matéria ou à pessoa; ou seja, incompetência da Justiça do Trabalho). Nesse caso,
serão considerados nulos os atos decisórios”.
Incompetência absoluta, o juiz pode declarar de oficio. Já a incompetência
relativa, deverá ser suscitada pela parte, na primeira oportunidade. Se a nulidade
relativa não for suscitada na primeira oportunidade, aquele ato estará convalidado.
Por exemplo: a exceção de incompetência em razão do lugar. Tem que ser arguido
na primeira oportunidade. Caso não o seja, o direito é precluso, aquele juízo fica
prevento (fica prorrogada a competência para aquele juízo), e ele vai apreciar o
processo até o final, e a parte não pode mais se insurgir alegando a incompetência.
O parágrafo 2º nos diz: “O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente de-
terminará, na mesma ocasião, que se faça remessa do processo, com urgência, à
autoridade competente, fundamentando sua decisão”.

3. Princípio da Economia Processual (artigo 796, alínea “a” CLT): A nulida-


de não será pronunciada quando for possível suprimir-se a falta ou repetir-se o ato.
Exemplo: o sujeito é citado no endereço errado, mas fica sabendo da ação movida

capítulo 2 • 60
contra ele, comparece à audiência na data e hora marcadas, e apresenta sua defesa.
Se ele compareceu à audiência, não há que se falar em nulidade.
4. Princípio do Interesse (artigo 796. Alínea “b” CLT): A nulidade não será
pronunciada quando arguida por quem lhe tiver dado causa. Ou seja, eu não pos-
so usar a meu favor uma irregularidade, uma prática, que eu provoquei. Não posso
arguir a meu favor, nulidade que eu dei causa.
5. Princípio da Utilidade (artigo 798 CLT): a nulidade do ato não prejudicará
os posteriores que dele dependam, ou sejam, consequências.
6. O artigo 797 da CLT é uma complementação do artigo 798 da CLT, assim,
trata do Princípio da Utilidade: O juiz ou tribunal que pronunciar a nulidade
declara os atos a que ele se estende, para que vai servir aquela nulidade, preservan-
do aquilo que foi feito de forma correta. No processo do trabalho, o prazo para
interpor recurso e/ou contra razões, é de oito dias11.”

Das provas no processo do trabalho

Introdução

“Os meios de produção de provas encontram-se disponíveis às partes para


que possam, de forma ampla, demonstrar em juízo todos os fatos e evidências que
almejam, bem como fundamentar-se nas mais diversas das vezes, com o sentido de
influenciar o convencimento do julgador.

Conceito de prova

Provar significa formar a convicção do juiz sobre a existência ou não de fatos


relevantes no processo. É o conjunto de motivos produtores da certeza, a confor-
midade entre nossas idéias e os fatos constitutivos do mundo exterior e a demons-
tração legal da verdade de um fato.
Outros doutrinadores sustentam que provar é demonstrar a verdade de
uma proposição, mas em seu significado decorreu de uma operação mental
de comparação.
Sob esse prisma, a prova judicial é a confrontação da versão de cada parte, com
os meios produzidos para aboná-la. O juiz procura reconstituir os fatos valendo-se

11  MELO FILGUEIRAS, Anna Carolina. Nulidades Processuais. Disponível em: <http://domtotal.com/direito/
pagina/detalhe/32775/nulidades-processuais>. Acesso em: 07 fev. 2017.

capítulo 2 • 61
dos dados que lhe são oferecidos e dos que pode procurar por si mesmo nos casos
em que está autorizado a proceder de ofício.
Existem cinco tendências que procuram mostrar a natureza do direito pro-
batório. A primeira teoria é a da prova como fenômeno de direito material. A
segunda é a teoria da prova como fenômeno de natureza mista, material e proces-
sual, considerando que há normas que regulam a prova fora do processo para fins
extraprocessuais e outras normas dirigidas ao juiz para que as aplique no processo.
Já a terceira teoria é a da natureza unicamente processual das normas sobre
provas, uma vez que são destinadas ao convencimento do juiz. A quarta teoria é
a da divisão das normas sobre prova em dois ramos, cada qual com sua natureza
própria, processual ou material, A quinta teoria é a das normas sobre provas per-
tencentes ao denominado direito judicial, assim entendido o direito que tenha por
objeto uma relação jurídica existente entre a justiça estatal e o indivíduo.

Princípios

A prova, em processo trabalhista, submete-se aos princípios fundamentais


que seguem.
O primeiro deles é o princípio da necessidade da prova, segundo o qual os
fatos de interesse das partes devem ser demonstrados em juízo, não bastando a
simples alegação, pois a prova deve ser a base e a fonte da sentença. O juiz deve
julgar de acordo com o alegado e provado, porque aquilo que não consta no pro-
cesso não existe no universo jurisdicional, nem mesmo o conhecimento pessoal
que do fato possa ter o juiz.
Há também o princípio da unidade da prova, que, embora possa ser constituí-
da de diversas modalidades, forma uma só unidade a ser apreciada em conjunto,
globalmente.
Outro princípio importante é o da lealdade ou probidade da prova, pois há
um interesse geral em que não seja deformada a realidade, e as partes devem co-
laborar para que a vontade da lei possa ser exercida pelo órgão judicial sem vícios
decorrentes de uma impressão calcada em falsas realidades. Esse princípio nem
sempre vem sendo observado no processo trabalhista em especial quanto à auten-
ticidade de documentos.
Significa o princípio da contradição que a parte contra a qual é apresentada
uma prova deve gozar da oportunidade processual de conhecê-la e discuti-la, in-
clusive impugná-la, pelos meios processuais adequados. Esta é a razão pela qual se
diz que não há prova secreta.

capítulo 2 • 62
No que tange ao princípio da igualdade de oportunidade de prova, este ga-
rante às partes idêntica oportunidade para pedir a realização de uma prova ou de
exercitá-la.
Há também o princípio da legalidade, em decorrência do qual, se a lei prevê
uma forma específica para a produção da prova, ela não pode ser produzida de
outra maneira.
Com relação ao princípio da imediação, esse significa que não só a direção
da prova pelo juiz, mas a sua intervenção direta na instrução probatória, é mais
facilitada quando o processo é fundado na oralidade, como no caso trabalhista.
Por fim, temos o princípio da obrigatoriedade de prova, segundo o qual, sendo
a prova de interesse não só das partes, mas também do Estado, que quer o esclareci-
mento da verdade, as partes podem ser compelidas pelo juiz a apresentar no processo
determinada prova, sofrendo sanções no caso de omissão, especialmente as presun-
ções que passam a militar contra aquele que se omitiu e a favor de quem solicitou.

Sistemas de avaliação das provas

Entende-se por avaliação ou apreciação da prova a operação mental que


tem por fim conhecer o mérito ou valor de convicção que possa ser deduzida do
seu conteúdo.
A avaliação da prova comporta dois momentos que se completam: o primeiro
é o conhecimento, pelo qual se opera a representação mental do objeto do mundo
exterior da subjetividade do intérprete, pelos meios de percepção do sujeito. O se-
gundo é o juízo de valor formulado a respeito desse objeto representado na mente
do sujeito. Essa última etapa nada mais é que um juízo crítico de conjunto sobre
o significado da prova.
Na apreciação da prova, a lei assegura maior ou menor liberdade ao juiz, daí
os dois sistemas jurídicos fundamentais de apreciação da prova: o sistema da prova
formal e o sistema da livre apreciação.
Segundo o sistema da prova formal, também denominado da tarifa legal e da
prova legal, mais restritivo da liberdade do juiz, somente são produzidas e aprecia-
das as provas de acordo com as expressas determinações da lei. Há uma enumera-
ção taxativa de provas não permitindo a inclusão de outras. A conclusão do juiz
sobre o valor da prova não está totalmente sobre seu controle, porque a valorização
dessas provas é feita pela lei.

capítulo 2 • 63
O sistema da livre apreciação da prova, ampliativo da liberdade do juiz, é
aquele que confia a avaliação da prova ao prudente arbítrio do juiz, segundo a sua
íntima convicção, sem determinações sobre o significado ou o valor de cada prova.
Apenas, por cautela, exige, do juiz, a fundamentação, na decisão, das razões que o
levaram a atribuir a uma prova determinado valor e não outro.
Esse sistema está incorporado ao processo na França, Alemanha, Áustria,
Itália, Argentina, Estados Unidos, Inglaterra entre outros. Também o processo
brasileiro o acolhe e o juiz julga segundo a sua livre convicção, sem qualquer tarifa
de provas pela lei.

Ônus da prova

Existe ônus da prova quando um determinado comportamento é exigido da


parte para alcançar um fim jurídico desejado.
Desta forma, ônus da prova é a responsabilidade atribuída à parte para pro-
duzir uma prova e que, uma vez não desempenhada satisfatoriamente, traz, como
consequência, o não-reconhecimento, pelo órgão jurisdicional, da existência do
fato que a prova se destina a demonstrar.
O ônus da prova é atribuído a quem alega a existência de um fato: a prova
das alegações incumbe à parte que as faz (CLT, art. 818). Assim, compete ao em-
pregador que despede por justa causa a prova desta. Os pagamentos efetuados ao
empregado têm de ser provados pelo empregador, o que abrange salários, remune-
ração das férias, do repouso semanal, verbas rescisórias etc.
Há discussão doutrinária, com alguns reflexos na jurisprudência sobre o ônus
da prova.
Parte da doutrina propõe a adoção de um sistema de presunções legais mi-
litando a favor do empregado e que comportariam contraprova do empregador.
Outra parte, invocando a finalidade social da legislação trabalhista, susten-
ta que a despedida do empregado deve ser considerada sempre injusta, caben-
do ao empregador a prova dos fatos impeditivos do prosseguimento da relação
de emprego.
Por fim há quem sustenta que, sendo a inversão do ônus da prova em favor do
empregado uma das características do direito processual do trabalho, não se deve
aplicar subsidiariamente, no processo do trabalho, norma de direito processual

capítulo 2 • 64
comum que amplie essa inversão contra o empregado, sobretudo no que diz res-
peito à confissão ficta por
O princípio geral em matéria processual de que quem afirma um fato deve
prová-lo, presume a igualdade real e positiva das partes intervenientes na causa.
Esse princípio é quebrado por processos trabalhistas pela presumida desigualdade
econômica dos disputantes. No processo trabalhista rege a inversão probatória,
mas não em caráter absoluto, e somente nos casos taxativamente estabelecidos
pela lei, quando o empregador tem a seu cargo prestações impostas pela lei que se
reclamam e não tenham sido cumpridas.
Com base na experiência dos tribunais, surgiram algumas diretrizes, daí pode-
se falar em princípios de distribuição e presunções. Sobre distribuição do ônus
da prova os tribunais decidem que é do empregador o ônus da prova do fato
impeditivo, modificativo ou extintivo da equiparação salarial (TST, Súmula 6,
VIII), com o que é do empregado a prova dos fatos constitutivos; seguidas essas
regras, o empregado tem o ônus da prova da prestação de trabalho de igual valor
ao do paradigma, para a mesma empresa, na mesma localidade, e ao empregador
cabe demonstrar que paga igual salário ou, no caso de diferença salarial entre o
reclamante e o paradigma, a justificação por meio da prova da diferença de tempo
de função superior a dois anos, da diversidade de perfeição técnica ou da diferente
produtividade entre os dois empregados.
Quanto a presunções decidem os tribunais (Súmula 212) que o ônus de pro-
var o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviços
e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação
de emprego constitui presunção favorável ao empregado. Presume-se recebida a
notificação quarenta e oito horas depois da sua regular expedição. O seu não-re-
cebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constituem ônus de prova do
destinatário (TST, Súmula 16).
A prova da existência da relação de emprego é do empregado, porém, quando
o reclamado nega o vínculo de emprego e afirma que o trabalho foi prestado a
outro título, por se tratar de prestação de serviços autônomos, de empreitada, de
arrendamento, de parceria ou meação etc., ao reclamado cabe o ônus da prova. A
justa causa é demonstrada pelo empregador; desse modo, quando alega abandono
de emprego, incluído em nossa lei (CLT, art. 482) dentre as justas causas, cabe ao
empregador a prova do abandono.

capítulo 2 • 65
Fatos que não necessitam de prova

Os fatos alegados no processo dependem de prova para a sua aceitação. No


entanto, nem todos os fatos precisam ser provados.
Independem de prova os fatos confessados pela parte, muito embora em nosso
direito a confissão possa ser infirmada por prova em contrário.
Também os fatos presumidos legalmente não necessitam de prova. São ti-
dos como existentes, sendo dispensável qualquer demonstração da sua ocorrência;
cabe, no entanto, prova da sua inocorrência.
Não precisam ser provados, ainda, os fatos cuja prova é proibida pela lei, por
razões de ordem moral ou de outra natureza.
Igualmente, independem de prova os fatos já declarados mediante sentença
transitada em julgado, porque já foram apreciados e reconhecidos judicialmente.
Igualmente, não precisam ser provados os fatos públicos e notórios, cujo conhe-
cimento seja geral. É notório o fato certo para a generalidade das pessoas fora da
lide, ainda que concretamente no processo seja discutido. Os doutrinadores dão
como exemplos de fatos notórios um grande acontecimento político, a distância
entre dois lugares conhecidos etc.
Esses critérios estabelecidos doutrinariamente são confirmados, de um modo
geral, pelo CPC, ao dispor que não dependem de prova os fatos notórios, afir-
mados por uma parte e confessados pela outra parte, admitidos, no processo,
como incontroversos, e em cujo favor milita presunção legal de existência ou de
veracidade12.”

A prova emprestada

“A utilização da prova emprestada encontra amparo nos princípios da instru-


mentalidade das formas e da economia e celeridade processual, bem como seu uso
deve ser pautado nos princípios do contraditório, da ampla defesa, da legalidade
e da proibição das provas ilícitas. No entanto, deve-se ater que a utilização desse
meio de prova encontra muita resistência em nosso ordenamento jurídico.
A jurisprudência trabalhista vem entendendo pela admissibilidade da prova
emprestada nos casos em que exista contemporaneidade com a época de prestação

12  CASSEPP, Alexandre Azambuja. A Prova no Processo do Trabalho. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 25 mar.
2013. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.42601&seo=1>. Acesso em: 7 fev.
2017.

capítulo 2 • 66
de serviços, e em casos em que seja oportunizado o contraditório, para que a parte
contrária na relação processual possa se manifestar quanto à produção da prova.
Nesse sentido, um exemplo atual de utilização de prova emprestada na Justiça
do Trabalho.
Trabalho diz respeito à utilização de prova pericial emprestada nos casos em
que ocorra a desativação ou desaparecimento do local de trabalho. A esse respeito,
é possível observar a redação da OJ 278 da SDI-1 do TST, a qual estabelece que
“a realização de perícia é obrigatória para a verificação de insalubridade. Quando
não for possível sua realização, como em caso de fechamento da empresa, poderá
o julgador utilizar-se de outros meios de prova”.
Portanto, deve se ter presente a ideia central de que a utilização de provas
emprestadas encontra-se perfeitamente aceitável na seara trabalhista, bem como
nos demais ramos do direito. Contudo, sua utilização deve sempre atender aos
princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.

As presunções jurídicas

As presunções, no âmbito dos meios de prova, estão ligadas às suposições


quanto à existência e veracidade de determinados fatos, ou mesmo, acerca da va-
lidade de certos documentos. A presunção pode encontrar seu supedâneo na lei,
em experiências anteriores e até mesmo em costumes. O objeto desse tópico diz
respeito tão somente às presunções fundadas na lei, ou seja, as presunções jurídicas
que tanto podem ser absolutas ou relativas.
As presunções absolutas, também denominadas de presunções jure et de jure,
são presunções das quais não se admite prova em contrário. Presume-se aqui uma
verdade absoluta e inafastável. Um exemplo, comumente utilizado pela doutrina
no que tange à presunção absoluta, diz respeito ao artigo 482, “d” da CLT, o qual
assegura a dispensa por justa causa para o empregado condenado criminalmente
com trânsito em julgado.
Já no que diz respeito às presunções relativas, também denominadas presun-
ções juris tantum, admitem-se as provas em sentido contrário. Aqui não existe
uma verdade absoluta, pois, qualquer meio de prova pode ser hábil em elidir as
presunções relativas. Como exemplo, a Súmula 12 do TST assevera que “as ano-
tações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não geram
presunção juris et de jure, mas apenas juris tantum”.

capítulo 2 • 67
Dessa forma, fica evidenciada a relevância jurídica atribuída às presunções
através desses exemplos práticos de sua incidência. Ademais, a distinção acerca de
sua relatividade ou não é o ponto central que deve sempre ser observado, especial-
mente na esfera trabalhista, a qual se configura como objeto do presente estudo.
5.4. Valoração da prova
De acordo com o sistema de valoração de provas do livre convencimento mo-
tivado, o qual vigora em nosso ordenamento jurídico, o juiz possui ampla liberda-
de para valoração da prova em observância ao princípio da persuasão racional O
artigo 765 da CLT estabelece que “os juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla
liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, po-
dendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas”.
Da mesma forma, o CPC corrobora esse entendimento ao disciplinar que “o
juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes
dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os
motivos que Ihe formaram o convencimento”.
Sendo assim, depreende-se que não há, no ordenamento jurídico brasileiro,
qualquer regra acerca da valoração da prova feita pelo magistrado, ficando este
apenas adstrito as provas presentes nos autos, sem possibilidade de julgar de acor-
do com sua íntima convicção.
Não obstante, existem situações que podem acabar trazendo dúvidas ao jul-
gador enquanto na apreciação da prova. Diante de tal situação faz-se necessária
observação de alguns critérios norteadores para a valoração da prova por parte do
magistrado, conforme assevera a melhor doutrina, quais sejam: aplicação do prin-
cípio in dúbio pro operário no processo trabalhista, não aplicação do princípio in
dúbio pro operário e total observância de decisão contra quem detinha o ônus da
prova e aplicação do princípio da persuasão racional.
Deste modo que diante dessas três possibilidades supra referidas, o entendi-
mento jurisprudencial majoritário é no sentido de não aplicação do princípio in
dúbio pro operário ao processo do trabalho, devendo o juiz decidir em casos de
dúvidas quanto à apreciação da prova, contra a parte que detinha o ônus da prova,
conforme o julgado que se segue:
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. PROVA ORAL
DIVIDIDA. DECISÃO DESFAVORÁVEL À PARTE QUE DETÉM O
ÔNUSPROBATÓRIO. Considerando a máxima da igualdade de tratamen-
to dos litigantes e a inaplicabilidade do princípio in dubio pro operário em
matéria probatória, necessário concluir que, havendo prova dividida sobre

capítulo 2 • 68
o dano moral alegado na petição inicial, o juízo deve decidir contra a parte
detentora do ônus probatório, e por consequência, impõe-se o indeferimen-
to da indenização postulada. (TRT-4 - Recurso Ordinário RO nº 0000711-
77.2011.5.04.0003 RS). Relator João Alfredo Borges Antunes de Miranda.
Data de publicação: 14/11/2013. [16].
Depreende-se, portanto, através da análise do julgado do TRT da 4ª Região,
que a valoração das provas, no processo do trabalho, deve atender aos princípios
do livre convencimento motivado e da persuasão racional. Sendo assim, torna-se
inaplicável o princípio do in dúbio pro operário ao processo trabalhista, devendo o
magistrado, em casos de dúvida, proceder seu julgamento contra a parte detentora
do ônus da prova.

As provas documentais

As provas que são produzidas através de documentos, no processo trabalhista


encontram seu amparo na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) em seus ar-
tigos 777, 780, 787, 830 e se necessário, subsidiariamente dentro do Código de
Processo Civil (CPC). Documento é o meio idôneo utilizado como prova material
da existência de um fato, abrangendo não só os escritos, mas também os gráficos,
as fotografias os desenhos, reproduções cinematográficas, etc.
Em se tratando de cópias de provas documentais na Justiça do Trabalho, as
mesmas serão autenticadas pelo advogado, sob sua responsabilidade, conforme é
preconizado na CLT, em seu artigo 830, e só quando necessário será solicitado que
a parte que os pediu, apresente os originais.
Diversas provas só podem ser comprovadas através de documentos escritos.
Conforme o artigo 464, da CLT, a comprovação de pagamento de salário só pode
se dar através de prova documental, não sendo aceita pelo juiz a prova testemunhal.
Da mesma forma ocorre com a comprovação das horas extras (art. 59, CLT).
Outro ponto a ser citado, não menos importante, é o caso do registro de
entrada e saída dos funcionários que deve ser registrado de maneira manual, me-
cânica ou eletrônica. (Art. 74, § 2º, da CLT).

Provas periciais

A produção da prova pericial, no processo do trabalho, poderá ser requerida


pela parte ou determinada pelo juiz quando o mesmo julgar necessário que uma

capítulo 2 • 69
prova seja avaliada a partir de conhecimentos técnicos e científicos, conforme pre-
leciona o artigo 156 do CPC.
A CLT previa a produção de provas periciais em seu artigo 826, no qual cada
parte poderia escolher seu perito, que apenas prestava o compromisso com a ver-
dade. Todavia este dispositivo foi revogado pela Lei nº 5.584/1970, passando esta
a vigorar no ordenamento jurídico com a seguinte redação:
Art. 3º Os exames periciais serão realizados por perito único designado pelo
Juiz, que fixará o prazo para entrega do laudo.
Parágrafo único. Permitir-se-á a cada parte a indicação de um assistente, cujo
laudo terá que ser apresentado no mesmo prazo assinado para o perito, sob pena
de ser desentranhado dos autos.
Tal medida vem para que não haja divergência nas provas, o que traria confu-
são ao juiz e com isso dificuldade para julgar o caso. Sendo assim, para evitar que
haja parcialidade na produção de alguns tipos de prova, sempre que possível, os
peritos devem ser agentes do Estado, conforme descreve Lei:
Quando se tratar de exame que tenha por objeto a autenticidade ou falsi-
dade de documento (v.g., exame grafotécnico), bem como matéria de natureza
médico-legal, a escolha do perito deverá recair preferencialmente entre os ser-
vidores públicos que exerçam os correspondentes cargos técnicos nos órgãos da
Administração Pública.
Por vezes uma das partes pede que seja realizada prova pericial, todavia se o
juiz avaliar que tal prova não se faz necessária ou que será impossível produzi-la, e
até mesmo quando o elemento probatório for tão nítido que não se faz necessário
conhecimento técnico para percebê-lo, o juiz poderá indeferir o pedido de perícia,
conforme descrito no Código de Processo Civil, em seu artigo 464.

Provas testemunhais

Testemunha é um terceiro em relação a lide que vem prestar depoimento em


juízo, por ter conhecimento dos fatos narrados pelas partes.
A testemunha é a maneira mais insegura de se produzir provas, porém se
tornou muito usada na justiça do trabalho, já que por vezes é a única maneira do
reclamante fazer prova referente às suas alegações. Isso ocorre, pois, na maioria dos
casos os mesmos não têm acesso a documentos que ficam em poder da empresa.
Entretanto, algumas pessoas são impedidas de ser testemunha na justiça do traba-
lho, conforme estabelece o art. 228 do Código Civil, sendo elas:

capítulo 2 • 70
Art. 228 do código civil
Não podem ser admitidos como testemunhas:
I – Os menores de dezesseis anos;
II – Aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, não tiverem dis-
cernimento para a prática dos atos da vida civil;
III – Os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa
dos sentidos que lhes faltam;
IV – O interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes;
V – Os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro
grau de alguma das partes, por consanguinidade, ou afinidade.

Parágrafo único. Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz ad-
mitir o depoimento das pessoas a que se refere este artigo.
O parágrafo único desse dispositivo deve ser lido com destaque, pois, em
alguns casos o juiz pode abrir uma exceção e aceitar os citados anteriormente
como testemunhas.
O art. 829 da CLT prevê que o testemunho de parente até o terceiro grau civil,
amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes não terá eficácia, sendo que seu
depoimento valerá como simples informação. Porém, cumpre salientar nosso en-
tendimento de que é um tanto difícil a definição e comprovação de ‘amigo íntimo’
e ‘inimigo íntimo13’.”

Procedimento de inquirição

“As testemunhas são ouvidas depois do depoimento das partes, também


por meio do juiz, primeiro as do autor, depois as do réu, salvo inversão do ônus
da prova.
O juiz formula as perguntas, depois o advogado da parte cuja testemunha está
sendo ouvida e, finalmente, o mesmo direito cabe ao advogado da parte contrária.
É providenciado para que o depoimento de uma testemunha não seja ouvido
pelas demais que tenham de depor no processo.

13  ESPÍNDULA, Francislara Delfino de Souza e Leandro dos Santos. PROVAS NO PROCESSO DO TRABALHO[1].
Revista Páginas de Direito, Porto Alegre, ano 15, nº 1282, 29 de outubro de 2015. Disponível em: http://www.tex.
pro.br/index.php/artigos/318-artigos-out-2015/7410-provas-no-processo-do-trabalho-1. Acesso em: 7 fev. 2017.

capítulo 2 • 71
As testemunhas devem comparecer à audiência independentemente de inti-
mação. Se convidadas, não comparecerem, as partes requerem ao juízo a intima-
ção judicial. Se ainda assim não comparecerem, são conduzidas coercitivamente.

Contradita

As testemunhas impedidas ou suspeitas devem ser contraditadas até antes do


início do depoimento na audiência. Se a testemunha nega os fatos que lhe são
imputados na contradita, a parte pode prová-los por meio de documentos ou
testemunhas, até três.
Admitida a contradita, a testemunha é dispensada e substituída.

Inspeção judicial

É um reconhecimento ou uma diligência processual, com o fim de obter pro-


vas, mediante uma verificação direta. Tem por finalidade permitir ao juiz esclare-
cimentos sobre fato de interesse da causa.
Nela, o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase
do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que
interesse à decisão da causa14.”

Depoimento pessoal

A fase de instrução do processo começa com o interrogatório das partes, o que


está disposto no art. 848 da CLT, como segue:

“Não havendo acordo, seguir-se-á a instrução do processo, podendo o


presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz classista, interrogar
os litigantes”.

Os depoimentos pessoais serão iniciados pelo reclamante e, em seguida, será


tomado o da reclamada. Se intimado, não comparecerem, reclamante e reclamada,
àquele, se o fato era constitutivo, entende-se que não o provou; enquanto que esta,
se o fato era impeditivo, modificativo ou extintivo, conclui-se que não fez a prova.
14  CASSEPP, Alexandre Azambuja. A Prova no Processo do Trabalho. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 25 mar.
2013. Disponivel em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.42601&seo=1>. Acesso em: 7 fev.
2017.

capítulo 2 • 72
O depoimento pessoal do reclamante e do representante da reclamada é a
prova a ser requerida pela parte adversa, visando extrair confissão. No mínimo,
acontece uma tentativa de esclarecer as alegações feitas nas peças escritas. As de-
clarações prestadas em juízo sobrepõem-se às argumentações feitas na inicial e
na contestação.
O objetivo principal da tomada de depoimento pessoal das partes é a obten-
ção de confissão, que é a principal prova. A confissão é o reconhecimento de que
são verdadeiros os fatos alegados pela parte contrária. A confissão real é absoluta.
Diante dela, não cabe ao juiz perquirir da desimcumbência do ônus da prova;
deve acatá-la como determinante; deve ser considerada por inteiro, pois é indivi-
sível não podendo ser aceita para beneficiar uma das partes e rejeitada no que lhe
for desfavorável.
A confissão suposta ou ficta, por sua vez, é relativa. Prevalecerá enquanto não
houver elementos conflitantes nos autos, já que se trata apenas de uma presunção
de veracidade dos fatos alegados pela outra parte. Um exemplo disso é quando a
parte não comparece à audiência em que deveria prestar seu depoimento pessoal
ou, se comparecendo, recuse-se a responder ou afirme ignorar os fatos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 39ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
SARAIVA, Renato; LINHARES, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ª ed. São
Paulo: Jus Podivum, 2017.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª ed. São Paulo: LTr, 2017.

capítulo 2 • 73
capítulo 2 • 74
3
Dissídio Individual
e o Processo do
Trabalho
Dissídio Individual e o Processo do Trabalho
Neste capítulo você estará apto a identificar a existência de procedimentos
trabalhistas comuns e especiais. Ciente de que o objeto do estudo serão os pro-
cedimentos comuns: sumário/ações de alçada, sumaríssimo e ordinário, com
suas regras e peculiaridades. E, ainda, as regras sobre a audiência trabalhista,
momento oportuno de apresentação da defesa por parte da reclamada nas suas
três modalidades.

OBJETIVOS
•  Procedimentos sumário ou Ações de Alçada, sumaríssimo e ordinário;
•  Requisitos da petição inicial e pressupostos processuais;
•  Audiência. Comparecimento das partes. Ausência do Reclamante: arquivamento;
•  Ausência da Reclamada: revelia e confissão. Proposta conciliatória;
•  Defesa do reclamado. Contestação. Exceção. Reconvenção.

O Dissídio Individual caracteriza-se pela existência de pretensão pessoal do


litigante. Assim, mesmo que haja mais de um postulante, um autor ou um recla-
mante, haverá um dissídio individual simples.
Quando a CLT for omissa, isto é, não existir norma regulamentadora, deve
o intérprete socorrer-se da Legislação Comum desde de que compatível com os
princípios processuais trabalhistas, ressaltando a existência da Lei 5.584/70 que
regulamentou em muitos pontos o Processo do Trabalho.
O dissídio individual pela natureza do conflito, independentemente do nú-
mero de litigantes, ou seja, ainda que haja diversos reclamantes, desde que as pre-
tensões sejam pessoais e exclusivas, o dissídio individual será simples, porém, por
envolver mais de um autor, formando-se um litisconsórcio ativo, é denominado
de plúrimo.
Contudo, é imperioso destacar que o Juiz pode limitar o número de litigantes
caso se convença da dificuldade de tramitação e processamento da demanda.
Há no processo do trabalho um procedimento especial chamado Ação de
Alçada cujo valor dado à causa não ultrapasse duas vezes o salário mínimo vigente,
e do qual não cabe recurso, salvo se versar sobre matéria constitucional, regula-
mentado no art. 2º da Lei 5.584/70.

capítulo 3 • 76
Nas causas até 40 salários mínimos a ação tramitará pelo rito sumaríssimo, com
audiência uma, onde umas das partes não pode pertencer à Administração Pública.
O dissídio individual especial ou inquérito judicial é uma modalidade de ação
trabalhista que objetiva apuração de falta grave atribuída a empregado estável,
para a rescisão judicial do contrato de trabalho. É um dissídio privativo de empre-
gador, o requerente15.
O Processo do Trabalho também admite outras ações tipicamente cíveis e regu-
lamentadas por Leis Especiais, como as Ações Possessórias, Ação de Consignação
em Pagamento, Ação Rescisória, Mandado de Segurança etc.

•  Dissídios Individuais
A reclamação trabalhista é distribuída a uma Vara do Trabalho. O Juiz, antes
mesmo de analisar a demanda, propõe uma conciliação entre as partes. Assim
determina a lei.
Frustrada a negociação, será analisada a questão e prolatada a sentença.
Da sentença proferida pelo Juiz, cabe recurso para o Tribunal Regional do
Trabalho – TRT, 2ª instância, que o julgará em uma de suas Turmas.
No TRT, a decisão (sentença) passa a ser conhecida por acórdão.
Do acórdão regional, cabe recurso para o TST. Trata-se de recurso técnico que de-
pende de uma análise prévia, pela Presidência do TRT, para ser encaminhado ao TST.
Há ainda, entre esses recursos, outros, conhecidos como recursos internos, tais
como embargos declaratórios, embargos etc.
Esgotados todos os recursos, a última decisão transita em julgado, ou seja,
torna-se definitiva e irrecorrível.
Após, os autos do processo retornam à Vara de origem, onde tem início uma
nova fase: a execução. Nessa fase são elaborados os cálculos, para que se pague o
que é devido à parte vencedora.

•  Dissídios Coletivos
Os Dissídios Coletivos são ações ajuizadas pelos Sindicatos, Federações ou
Confederações, para defesa dos interesses de seus filiados.
Os Dissídios Coletivos podem ter origem no TRT, quando o regulamento
da empresa tiver observância em área territorial que não exceda a jurisdição do
Tribunal Regional, ou no TST (originário), quando esse regulamento for de âm-
bito nacional.

15 <https://professorpaulocesar.blogspot.com.br/2014/04/dissidio-individual-e-o-processo-do.html>.,

capítulo 3 • 77
Instaurado o Dissídio Coletivo no TRT, o Presidente da Corte, ou seu Vice,
fará tantas reuniões conciliatórias quantas necessárias. Em não havendo acordo,
esse dissídio virá para o TST como Recurso Ordinário em Dissídio Coletivo.
Instaurado no TST, ultrapassada a fase conciliatória, haverá sorteio do relator,
que o levará a julgamento na Sessão Especializada em Dissídios Coletivos.
A decisão do Dissídio Coletivo que verse sobre novas condições de trabalho
poderá ser estendida a todos os empregados da mesma categoria profissional, repre-
sentada pelo sindicato autor, desde que compreendida na jurisdição do Tribunal16.

Procedimento do dissídio individual:

Denominação dos dissídios individuais em processo do trabalho:


•  Processo trabalhista;
•  Dissídio trabalhista;
•  Reclamação trabalhista;
•  Ação trabalhista.

As fases do processo

•  Fase postulatória: da propositura da ação até a defesa;


•  Fase probatória/instrutória: momento de realização de provas;
•  Fase decisória: o órgão jurisdicional profere seu juízo de valor;
•  Fase recursal;
•  Fase executória: execução forçada da sentença.

Conceito de Dissídio Individual

É o processo judicial através do qual o Estado concilia ou decide os litígios


entre empregado e empregador singularmente considerados. A finalidade da rela-
ção jurídica é dupla e sucessiva. Primeiro conciliar; não ocorrendo a primeira, há
então o julgamento.

16  <http://www.tst.jus.br/web/acesso-a-informacao/justica-do-trabalho>.

capítulo 3 • 78
Classificação do Dissídio Individual

– Segundo os sujeitos:
Dissídio individual simples: envolve como autor um empregado, e como réu
um ou mais empregadores.
Dissídio individual plúrimo: é o litisconsórcio de dois ou mais emprega-
dos agindo contra um ou mais empregadores. Caracteriza-se pela pluralidade
de autores.
– Segundo o procedimento:
Dissídio individual comum ou ordinário: são aqueles que seguem o rito pre-
visto p/ o processo individual geral.
– Dissídios individuais especiais: existem em 4 espécies:
1. Procedimento descrito na L. 5.584/70, em seus art. 2º, §3º e §4º, cabível
nos processos de alçada, ou seja, aqueles que possuem valor da causa até dois
salários mínimos. DISCUTÍVEL SE REVOGADO TACITAMENTE PELA L.
9.957/2000.
2. Rito sumaríssimo: instituído através da L. 9.957/2000, cabível em causas de
até 40 salários mínimos.
3. Inquérito p/ apuração de falta grave17
4. Medidas cautelares e especiais do CPC: A CLT não possui cautelares descritas
em seu texto. Possui medidas de antecipação de tutela (sustação liminar de trans-
ferência de empregado e reintegração de empregado dirigente sindical). Assim, as
medidas cautelares e os procedimentos especiais previstos no CPC, quando com-
patíveis, são aplicáveis na Justiça do Trabalho.
Antes de se analisar os procedimentos, cumpre verificar os pressupostos pro-
cessuais e as condições da ação.

Pressupostos processuais

A doutrina costuma dividir os pressupostos processuais em objetivos e subje-


tivos. Os objetivos são ainda divididos em intrínsecos (ou positivos) e extrínsecos
(ou negativos).
Os pressupostos processuais objetivos intrínsecos (positivos, porque permitem
a instauração da instância, isto é, estão aptos a provocar a quebra da inércia da
jurisdição) dizem respeito à subordinação do procedimento às normas legais. Ex.:
petição inicial apta; e citação realizada conforme a lei.
17 <https://professorpaulocesar.blogspot.com.br/2014/04/dissidio-individual-e-o-processo-do.html>.

capítulo 3 • 79
Os pressupostos processuais objetivos extrínsecos (negativos, porque impe-
dem o exame do mérito) dizem respeito aos fatos impeditivos do exame sobre o
mérito. Ex. perempção, compromisso arbitral, coisa julgada, litispendência
Os pressupostos processuais subjetivos dizem respeito aos sujeitos principais
da relação processual (juiz e partes). São eles:

1. Quanto ao juiz:
a) Que se trate de órgão estatal investido de jurisdição;
b) Que o juiz tenha competência originária ou adquirida;
c) Que o juiz seja imparcial (desimpedido e insuspeito).

2. Quanto às partes:
a) Que tenham capacidade de ser parte (isto é, que sejam titulares de di-
reitos e obrigações, possuindo capacidade jurídica. Ou seja: que tenham
capacidade para figurar num dos polos da relação processual). Têm capa-
cidade de ser parte as pessoas naturais (inclusive o nascituro), as pessoas
jurídicas e as pessoas formais (ex.: massa falida, herança jacente ou vacante
e o espólio).
b) Que tenham capacidade processual (ou seja: que possuam capacidade
de estar em juízo, isto é, que possam exercer direitos e deveres processuais e
praticar de forma válida os atos processuais).
Ex.: o absolutamente incapaz é titular de direitos (tem capacidade de
ser parte) mas não pode, por si, agir no processo (não tem capacidade de
praticar atos processualmente válidos; ou seja: não tem capacidade proces-
sual), devendo atuar por meio dos representantes legais.
c) Que tenham capacidade de postular em juízo (ou seja: as partes devem
participar da relação processual através de quem tenha direito de postular
em juízo Advogados; jus postulandi na Justiça do Trabalho).

Condição da ação

A ação é um direito abstrato de agir. Para o exame das condições da ação o


juiz não precisa indagar se o direito material alegado existe ou não. Condições
da ação não são requisitos de existência de uma ação, mas de seu exercício
legítimo, de modo a possibilitar uma decisão sobre o mérito. A falta de qualquer
das condições da ação leva à extinção do processo, sem apreciação do mérito, por
carência de ação.

capítulo 3 • 80
São condições da ação:
– Possibilidade jurídica do pedido – sua falta conduz à inépcia da petição
inicial, podendo resultar no seu indeferimento liminar. Não importa saber se o
autor é ou não titular da pretensão de direito material que afirma e invoca na ação;
importa saber se esse direito, em abstrato, está ou não amparado pelo sistema ju-
rídico, ou, se constante do ordenamento, está proibida a providência pretendida.
– Legitimidade (ou legitimação) para a causa (ou legitimatio ad causam) -
Legitimação para a causa é a possibilidade jurídica de se afirmar titular da preten-
são de direito material. Sendo a ação um direito abstrato de agir, e sendo a relação
processual autônoma, distinta da relação de direito material, não é necessário que
o titular da ação seja, verdadeiramente, o titular do direito material. A norma é de
direito processual e apenas por coincidência poderá haver identidade entre o titu-
lar do direito material e o titular da ação, embora isso ocorra na maioria dos casos.
– Interesse processual – O Estado está obrigado à prestação jurisdicional. Só
deve prestá-la, contudo, se for necessária ou útil a sua intervenção18.

Fases do processo

É de suma importância que sejam indicadas as fases do processo, para que


fiquem delimitadas as áreas de atuação na relação jurídica processual, resultando
em perfeita aplicação pelos envolvidos. São elas:
I. Postulatória;
II. Conciliatória;
III. Instrutória;
IV. Decisória;
V. Recursal;
VI. Executória.

Fase Postulatória
Ao pleitear na Justiça do Trabalho, a pessoa natural concede o mandato (ins-
trumento materializado pela procuração) ao advogado para que este possa atuar
em todas as fases do processo. Cabe registrar, neste momento, a figura da assis-
tência judiciária para todo trabalhador pobre, prestada pelo sindicato da categoria
profissional a que pertencer o obreiro, cujo diploma legal é a Lei nº 5.584/70. A
condição de hipossuficiência do obreiro está configurada se o mesmo declarar de
18  <http://www.professorleonepereira.com.br/arquivos/_questoes.pdf>.

capítulo 3 • 81
próprio punho que é pobre, importando a falsa declaração na aplicação das penas
da lei, inexistindo necessidade de comprovação de tal condição. O sindicato atua
por meio de seu advogado na postulação dos direitos de seu filiado.
O artigo 791 da CLT inseriu o IUS POSTULANDI na Justiça do Trabalho,
permitindo que empregado e empregador reclamem sem a necessidade de advo-
gado até o final do processo. O TST editou a Súmula 425 para limitar o uso desta
faculdade nesta Justiça Especializada, onde a presença do Advogado será necessária
para a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de
competência do Tribunal Superior do Trabalho.
Na fase postulatória, o advogado, ao elaborar a petição inicial, observará os
seguintes requisitos:
I. O Juiz ou Tribunal, a que é dirigida;
II. Os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do
reclamante e do reclamado;
III. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV. O pedido com as suas especificações;
V. As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados;
VI. O valor da causa;
VII. O pedido de notificação do reclamado.

Fase Conciliatória
Na fase conciliatória (audiência inaugural), o Juiz exortará as partes para con-
ciliarem os seus objetivos com o fim de terminarem o litígio. Isto ocorrendo, será
lavrada nos autos do processo uma sentença homologada que delimitará a mani-
festação de vontade dos contraentes e extinguirá o processo.
A fase conciliatória é constantemente perseguida na Justiça do Trabalho, po-
dendo haver a conciliação sempre que as partes assim desejarem. Caso não ocorra
ajuste de vontades, o Juiz receberá do reclamado a peça denominada contestação,
onde o titular do polo passivo nega item por item do pedido inicial, aduzindo para
tanto as devidas fundamentações. A negativa na contestação não pode ser genéri-
ca existindo a necessidade processual de se contestar cada item da peça exordial.
O diploma celetista autoriza o réu a proceder sua defesa de forma oral, pois este
princípio é a pedra de toque na Justiça do Trabalho.

capítulo 3 • 82
Objeções que podem ser levantadas
Podem ser levantadas diversas objeções antes da discussão do mérito, tendo
como fim demonstrar ao Juiz que o processo em questão pode ser extinto. Tais
preliminares são19:
I. Inexistência ou nulidade de citação;
II. Inépcia da petição inicial;
III. Litispendência;
IV. Coisa julgada;
V. Conexão;
VI. Carência da ação;
VII. Continência.

Quanto ao inciso I, tem-se como certo que o seu não-cumprimento devida-


mente comprovado enseja a nulidade da citação.
Ocorre o contido no inciso I quando a petição inicial tem tantas irregulari-
dades na sua construção que impossibilitam ao julgador o entendimento ao que
se pretende quanto ao pedido da peça vestibular. No tocante ao item I, surge no
mundo jurídico com a repetição da mesma ação envolvendo as mesmas causas da
ação anterior. Caracterizada a litispendência, deve a ação ser extinta sem julga-
mento de mérito. Dá-se a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente
ajuizada e cuja sentença tenha transitado em julgado não sendo permitido mais
qualquer recurso.
Entende-se por conexão quando uma ação guarda uma estreita relação com
outra ação. Pelo fato processual de já estar em curso a primeira ação, a segunda
tem os autos remetidos para o primeiro Juiz que conheceu da prioritária ação. Diz-
se, portanto, que o primeiro Juiz está prevento, ou seja, prevenido contra qualquer
ação ajuizada que tenha similitude com a que tramita em sua jurisdição.
Na definição de coisa julgada, registra-se a impossibilidade da ação prosperar
em face de uma das partes alegar que a outra não tem condições da ação. E por
derradeiro no item VII, teor do art. 104 do Código do Processo Civil, a continên-
cia ocorre “quando duas ou mais ações têm profunda identidade quanto às partes e
a causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras”.
O Juiz, após esta fase, já estará devidamente consciente dos destinos do pro-
cesso e marcará a segunda audiência, dirigindo-se para a fase instrutória. Neste
passo processual, tomará o depoimento das partes e suas testemunhas, limitados à
19  <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAwRsAG/direito-processual-trabalho-vestcon>.

capítulo 3 • 83
quantidade de três, sendo que, no caso de inquérito para apuração de falta grave
praticada pelo empregado, o número sobe para seis.

Fase Instrutória
Na fase instrutória, as provas podem ser produzidas nas formas: documentais,
testemunhais e periciais. O autor ordena o pensamento jurídico processual traba-
lhista, louvando-se, subsidiariamente, na parte processual civil que oferece amparo
legal para tal entendimento. Seguem os artigos do Código de Processo Civil:
O art. 332 orienta que “todos os meios legais, bem como os moralmente legí-
timos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade
dos fatos, em que se funda a ação ou defesa”. A literalidade do art. 334 do Código
de Processo Civil é inequívoca, pois não dependem de prova os fatos:
I. Notórios;
II. Afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III. Admitidos, no processo, como incontroversos;
IV. Em cujo favor milita a presunção legal de existência ou veracidade.

Ao iniciar a instrução, o juiz, ouvidas as partes, fixará os pontos controvertidos


sobre que incidirá a prova. Terminada a instrução processual, as partes podem
aduzir razões finais no prazo de dez minutos para cada uma. Após as razões finais
o Juiz renova a proposta de conciliação.

Fase Decisória
Na sentença, fase decisória serão conhecidas as bases que irão compor as for-
mas de cálculos para encontrarmos o total da condenação a ser paga pela par-
te perdedora.

Fase Recursal
Após prolatada a Sentença, as partes sucumbentes poderão interpor recurso
para a instância superior, geralmente no prazo de 8 dias, salvo se o recurso for de
natureza processual comum, quando então terá prazo específico. Após a realização
dos juízos de admissibilidade recursal, onde se verificará a presença de todos os
pressupostos extrínsecos e intrínsecos recursais, o recorrido será intimado para
apresentar contrarrazões no mesmo prazo (art. 6º, Lei 5.584/70), quando então o
recurso será enviado para apreciação e julgamento na instância superior.

capítulo 3 • 84
Fase Executória
Na fase executória, o Juiz notificará ao perdedor quanto ao valor devido e
determinará que efetue o pagamento ao vencedor em 48 (quarenta e oito) horas
ou oferecer bens à penhora.

Da petição inicial trabalhista

Ação Trabalhista – pode ser escrita ou verbal – Artigos 786 e 787 da CLT
– Art. 840, §1º, CLT (Observar requisitos do art. 319, CPC). Tem que ser por es-
crito: Inquérito para apuração de falta grave (art. 853 da CLT) Dissídios Coletivos
(art. 856 da CLT). A ação trabalhista escrita deverá ser formulada em duas vias e
desde logo acompanhada dos documentos em que se fundar – art. 787 da CLT
(Sumaríssimo = todas as provas serão produzidas em audiência, ainda que não
requeridas previamente); A reclamação verbal será reduzida a termo.
Ação Trabalhista – processamento – Art. 841, CLT – “Recebida e protoco-
lada a reclamação, o escrivão ou chefe de Secretaria, dentro de 48 horas, remeterá
a segunda via da petição ou termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo,
para comparecer à audiência de julgamento, que será a primeira desimpedida,
depois de cinco dias”. NOTIFICAÇÃO – O Reclamado será notificado (citado)
via postal. Se criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á
a notificação por edital. – O Reclamante será notificado no ato da apresentação da
reclamação ou por notificação postal.
Art. 765, CLT “Os juízos e Tribunais terão ampla liberdade na direção do pro-
cesso e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar diligências
necessárias ao esclarecimento delas
Art. 769, CLT “Nos casos OMISSOS, o direito processual comum será
fonte subsidiária do processo do trabalho, EXCETO naquilo em que for
INCOMPATÍVEL com as normas desse título”
AUDIÊNCIA UNA/ÚNICA: (Art. 849, CLT e Art. 852-C, CLT)
Art. 843, caput, CLT – “Na audiência de julgamento deverão estar presen-
tes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento dos
seus representantes, salvo nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de
Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato
de sua categoria”.

capítulo 3 • 85
Representação das partes em audiência:

Empregador: É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou


qualquer outro preposto que tenha conhecimento dos fatos, e cujas declarações
obrigarão o preponente (art. 843, §1º da CLT).
Empregado: Se por doença ou qualquer outro motivo ponderoso, devida-
mente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, po-
derá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou
pelo seu sindicato. (art. 843, §2º da CLT).
Preposto: Deve ser, necessariamente, empregado da Reclamada (art. 843,
§1º, CLT) salvo quanto à Reclamação Trabalhista de empregado doméstico e mi-
croempresa ou empresa de pequeno porte (art. 54, Lei Complementar 123/06
(Súmula nº 377 do TST).

Ausência injustificada do reclamante à audiência

Arquivamento (art. 844 da CLT) ⇒ Extinção do processo sem resolução de


mérito, exceto: S.9, TST

Ausência injustificada da reclamada à audiência

Revelia e confissão da matéria de fato (art. 844 da CLT). Art. 844, par. Único,
CLT – ocorrendo motivo relevante, poderá o presidente suspender o julgamento
designando nova audiência.

Audiência

Ausência reclamante audiência inicial Art. 844, CLT – arquivamento = extin-


ção sem resolução do mérito.
1. 9, TST – A ausência do reclamante, quando adiada a instrução após con-
testada ação em audiência não importa em arquivamento do processo
2. 74, I, TST – Aplica-se a confissão à parte que, expressamente, intimada
com aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual
deveria depor.

capítulo 3 • 86
Fase Inicial (A.c.i.j. )
Rte. Presente ⇒ Rda. Ausente = Revelia e Confissão da Matéria Fática
Rte. Presente ⇒ Rda Presente = Tentativa de Conciliação *
Rte. Ausente ⇒ Arquivamento FIM

Tentativa de Conciliação:
Rito Ordinário: 1ª tentativa = abertura da audiência (art. 846, CLT).
Última tentativa = após apresentação das razões finais das partes (art. 850,
CLT).
Rito Sumaríssimo Em qualquer fase da audiência (art. 852-E da CLT)

Fase Conciliatória:
Art. 764, caput, CLT – Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à
apreciação da Justiça do Trabalho serão SEMPRE sujeitos à conciliação.
•  3º, CLT – É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo,
ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório
– S. 418, TST – “A concessão de liminar ou a homologação de acordo cons-
tituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do
mandado de segurança”.
Art. 831, p. único, CLT – No caso de conciliação, o termo que for lavrado
valerá como decisão irrecorrível (para as partes), salvo para a Previdência Social
(União), quanto às contribuições que lhe forem devidas.
– Art. 832, §3º, CLT – “As decisões cognitivas ou homologatórias deverão
SEMPRE indicar a natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou
acordo homologado, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo
recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso”.

Termo de Conciliação:
– Art. 832, §4º, CLT – A União será intimada das decisões homologatórias de
acordos que contenham parcela indenizatória, facultada a interposição de recurso
(recurso ordinário – fase de conhecimento / agravo de petição – fase de execução –
no prazo de 16 (dezesseis) dias – DL 779/69), relativo aos tributos que lhe forem
devidos. – Art. 831, P. Único, CLT – O acordo para as partes transita em julgado
na data da homologação. (S. 100, V, TST) e só poderá ser desconstituída por ação
rescisória – S. 259, TST.

capítulo 3 • 87
– Art. 832, §6º, CLT – O acordo celebrado após o trânsito em julgado da sen-
tença ou após a elaboração dos cálculos de liquidação de sentença não prejudicará
os créditos da União.

OJ. 376, SDI-I, TST. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ACORDO


HOMOLOGADO EM JUÍZO APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO
DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR
HOMOLOGADO. É devida a contribuição previdenciária sobre o valor do acordo
celebrado e homologado após o trânsito em julgado de decisão judicial, respeitada a
proporcionalidade de valores entre as parcelas de natureza salarial e indenizatória
deferidas na decisão condenatória e as parcelas objeto do acordo.
SÚM. 100, TST – V – O acordo homologado judicialmente tem força de decisão
irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em
julgado na data da sua homologação judicial. SÚMULA 259, TST. Só por ação rescisó-
ria é impugnável o termo de conciliação previsto no parágrafo único do art. 831, da CLT.
OJ 132, SDI-II, TST. AÇÃO RESCISÓRIA. ACORDO HOMOLOGADO.
ALCANCE. OFENSA À COISA JULGADA Acordo celebrado – homologado judicial-
mente – em que o empregado dá plena e ampla quitação, sem qualquer ressalva, alcança
não só o objeto da inicial, como também todas as demais parcelas referentes ao extinto con-
trato de trabalho, violando a coisa julgada, a propositura de nova reclamação trabalhista.

Instrução

Instrução Processual: A instrução é fase do processo de conhecimento em


que são colhidas as provas que o juiz irá se basear para proferir a sua decisão. A
instrução está regulada, basicamente, nos artigos 818 a 830 da CLT. Aplicamos,
também, o CPC de forma subsidiária, na forma do art. 769 da CLT.
Conceito = PROVA é o meio lícito para demonstrar a veracidade ou não
de determinado fato, com a finalidade de convencer o juiz acerca ou não de sua
existência.
Meios de prova: é o modo pelo qual a parte pretende demonstrar a veracidade
dos fatos em juízo. Ex.: depoimento pessoal; testemunhal ; prova documental;
perícia e a inspeção judicial .

capítulo 3 • 88
Ônus da prova:
Autor: Cumpre o ônus de provar o fato constitutivo do direito alegado. (art.
373, I do CPC c/c art. 818 da CLT).
Réu: Tem o ônus de provar os fatos modificativos, impeditivos e extintivos do
direito do autor (art. 373, II do CPC c/c art. 818 da CLT).

Prova Documental:
Documento é todo objeto, produto de ato humano, que representa a outro
fato ou a um objeto. O documento oferecido como prova deve ser exibido no ori-
ginal ou em certidão autenticada, exceto em se tratando de documentos comuns
às partes.
OJ 36, SDI -I, TST. INSTRUMENTO NORMATIVO. CÓPIA NÃO
AUTENTICADA. DOCUMENTO COMUM ÀS PARTES. VALIDADE – O ins-
trumento normativo em cópia não autenticada possui valor probante, desde que não
haja impugnação ao seu conteúdo, eis que se trata de documento comum às partes.
Art. 830: O documento em cópia oferecido para prova poderá ser declarado
autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. Parágrafo único
Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu será intimada para
apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao serventuário
competente proceder à conferência e certificar a conformidade entre esses documentos.
” (NR – Lei 11925 de 17 /04 /09 )
Os documentos que estão com o reclamante, devem ser juntados na inicial
(art. 787 da CLT) e os que estiverem com o reclamado devem acompanhar a de-
fesa (art. 396 do CPC). Em fase recursal, a juntada de documentos só é admitida
excepcionalmente.
Súm. 8 do TST JUNTADA DE DOCUMENTO “ A juntada de documentos
na fase recursal só se justifica quando provado o justo impedimento para sua oportuna
apresentação ou se referir a fato posterior à sentença. ”
Lei 9 .800 /99 – fac -símile para prática de atos processuais – 5 dias para juntar
o original. Súm. 387 TST.

Instrução:
Meios de prova: Depoimento pessoal x interrogatório. – Art. 848 da CLT
– diz que: “terminada a defesa, seguir-se – á a instrução do processo, podendo o
presidente, ex. ofício ou a requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar
os litigantes”. § 1 º – Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes retirar

capítulo 3 • 89
-se, prosseguindo a instrução com o seu representante. § 2 º – Serão, a seguir,
ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver. – O art. 139, VIII do
CPC diz que o juiz pode, de ofício, determinar o comparecimento pessoal das
partes para fins de interrogá-la sobre fatos da causa. Diz, ainda, o art. 385 do CPC
que quando o juiz não determinar compete a cada parte requerer o depoimento
pessoal da outra.

Depoimento Pessoal
Finalidade do depoimento pessoal é obter a confissão real, que é a rainha das
provas. Goza de presunção absoluta, enquanto que a confissão ficta gera presunção
apenas relativa. Ocorre a confissão ficta quando a parte intimada não comparecer,
ou comparecendo, se recusar a depor, hipótese em que o juiz lhe aplicará a pena de
confissão (art. 385, § 2 º do CPC) SÚM. 74 do TST. Art. 849, CLT – A audiência
de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior,
concluí -la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a
primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.

Audiência
Ausência reclamante audiência inicial Art. 844, CLT – arquivamento = extin-
ção sem resolução do mérito.
S. 9, TST – A ausência do reclamante, quando adiada a instrução após contestada
ação em audiência não importa em arquivamento do processo.
S. 74, I, TST – Aplica -se a confissão à parte que, expressamente, intimada com
aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria
depor.
Art. 385, §§ 1 º e 2º, CPC – § 2 º – Se a parte intimada não comparecer ou
comparecendo se recusar a depor, o juiz lhe aplicará a pena de confissão.

Fase instrutória, razões finais; sentença

Confissão:
1. A confissão não abrange matéria de direito.
2. A confissão ficta tem que ser analisada em confronto com a prova pré-consti-
tuída nos autos, não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas
posteriores – Súm. 74, II do C. TST

capítulo 3 • 90
3. A vedação à produção de provas posteriores pela parte confessa somente a ela
se aplica, não afetando o exercício pelo magistrado, do poder/dever de conduzir o
processo (Súm. 74, III, do C . TST).
4. A confissão não abrange fatos que lei exige a prova técnica. Ex.: insalubridade
e periculosidade – art. 195, § 2º, CLT e OJ nº 278, SDI -I, TST – é obrigatória a
prova pericial para comprovar a insalubridade e periculosidade.

Prova testemunhal
Testemunha = Trata-se de terceiro em relação à lide que vem prestar depoi-
mento sobre fatos de que teve conhecimento, salvo menores de 18 anos, amigos
íntimos, inimigos de quaisquer das partes, parentes até terceiro grau civil, incapa-
zes ou suspeitos, que tenham interesse no desfecho da lide. Não prestarão com-
promisso, e seu depoimento valerá com simples informação. (art. 829 da CLT c/c
447, § 2, I do CPC).
Súmula nº 357, TST – Não torna suspeita a testemunha o simples fato de
estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador.

ORDINÁRIO ⇒ ATÉ 3 PARA CADA PARTE – Art. 821, CLT

Sumaríssimo ⇒ ATÉ 2 PARA CADA PARTE – Art. 852-H, § 2º, CLT

INQUÉRITO JUDICIAL ⇒ ATÉ 6 PARA CADA PARTE – Art. 821, CLT

As testemunhas comparecerão à audiência independente de intimação. As que


não comparecerem serão intimadas, ex ofício, ou a requerimento da parte, ficando
sujeita à condução coercitiva, além de multa, caso, sem motivo justificado, não
atender à intimação (art. 825, CLT).
Exceção: SUMARÍSSIMO – Só será deferida a intimação da testemunha que,
COMPROVADAMENTE convidada, deixar de comparecer. Não comparecendo
a testemunha intimada, o juiz poderá determinar sua imediata condução coerciti-
va. (art. 852-H, §3º, CLT)
Art. 819, CLT – O depoimento das partes e testemunhas que não souberem falar
a língua nacional será feito por meio de intérprete nomeado pelo juiz ou presidente. §
1º – Proceder-se-á da forma indicada neste artigo, quando se tratar de surdo-mudo,
ou de mudo que não saiba escrever. 2º – Em ambos os casos de que este artigo trata, as
despesas correrão por conta da parte a que interessar o depoimento.

capítulo 3 • 91
Art. 822, CLT – As testemunhas não poderão sofrer qualquer desconto pelas fal-
tas ao serviço, ocasionadas pelo seu comparecimento para depor, quando devidamente
arroladas ou convocadas. Art. 823, CLT – Se a testemunha for funcionário civil ou
militar, e tiver de depor em hora de serviço, será requisitada ao chefe da repartição para
comparecer à audiência marcada. Art. 824, CLT – O juiz ou presidente providenciará
para que o depoimento de uma testemunha não seja ouvido pelas demais que tenham
de depor no processo.

Prova Pericial
Prova pericial – ocorre quando a prova de determinado fato depender de co-
nhecimentos técnicos ou científicos. Perícia – O juiz indica um técnico que possa
fazer o exame dos fatos objeto da causa, alheios ao seu conhecimento. OJ 165 da
SDI do TST = artigo 195 da CLT não faz distinção entre médico e engenheiro
do trabalho. O perito passou a ser designado pelo juiz (art. 3º, Lei nº 5.584/70
– revogando tacitamente o art. 826 da CLT). Prova tarifada = a insalubridade e
a periculosidade só podem ser provadas por perícia, regra geral (art. 195 CLT). –
OJ – 278 da SDI-I do TST.

Inspeção Judicial
Inspeção Judicial – A finalidade da inspeção judicial é esclarecer o juiz sobre
fato de interesse da causa, a respeito de pessoa ou coisas, podendo ser realizada em
qualquer fase do processo.

Trâmites Finais do Processo


– Encerrada a instrução cada parte tem até 10 minutos para razões finais orais.
– Após o juiz fará a última tentativa obrigatória de conciliação – Art. 850
da CLT

Sentença
Terminativa – provimento judicial que, sem apreciar o mérito, extingue o pro-
cedimento no primeiro grau de jurisdição (art. 485 CPC). Definitiva – ato pelo
qual o juiz resolve o mérito, sem, contudo, extinguir o processo (art. 487 CPC).
– As partes serão intimadas da sentença na própria audiência em que é proferida
(art. 852 da CLT). No caso de revelia o revel será intimado na forma do art. 841,
§1º da CLT (notificação postal).

capítulo 3 • 92
Das defesas do réu

No processo trabalhista cabe, à semelhança da justiça cível (artigo 335


do CPC), as seguintes defesas do réu, as quais serão desenvolvidas nos próxi-
mos tópicos:
1. Exceções Processuais
a) Incompetência relativa, em razão do lugar
b) Impedimento e Suspeição
2. Contestação
3. Reconvenção

Das exceções processuais

Considerações gerais

A consolidação trata das exceções processuais nos artigos 799 e seguintes, as-
sim redigido:

“Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com
suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência.
§1º As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa.
§1º Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas,
se terminativas de feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las
novamente no recurso que couber da decisão final”.

Incialmente cumpre salientar que o CPC de 2015 não prevê mais esta forma
de defesa do Réu, o que poderá acarretar a sua extinção também na Justiça do
Trabalho, uma vez que pela ótima do CPC as incompetências absolutas e relativas
serão alegadas como preliminares de mérito na Contestação e o impedimento e a
suspeição através de petições incidentais.
No parágrafo primeiro, o artigo se refere às exceções como forma de defesa em
sentido amplo. Esta divergência, como se viu, reflete-se em como devem ser opos-
tas estas exceções, já que a CLT, no artigo 799 e seguintes, omitiu-se neste aspecto.
De toda sorte, tem-se consagrado a apresentação das exceções em sentido es-
trito (incompetência relativa, suspeição e impedimento), em peça apartada, não
sendo este um tratamento rigoroso já que o processo laboral se reveste de certa

capítulo 3 • 93
informalidade, considerando que a defesa do réu poderá ser verbal (847 CLT)
e neste caso será reduzida a termo na própria audiência. Já a incompetência em
razão da matéria e das pessoas, devem ser apresentadas como preliminares de con-
testação, conforme se destacará no momento oportuno.

Da exceção de incompetência em razão do lugar

A exceção de incompetência será oferecida como meio de defesa em audiência,


devidamente instruída e indicado o juízo para o qual se declina, o exceto poderá
oferecer resposta na própria audiência, se assim desejar, ou abrir-se-á vista dos
autos por 24 horas improrrogáveis (art. 800 da CLT).
O andamento do processo ficará suspenso (art. 799 da CLT) até a decisão.
Frise-se que esta decisão poderá ser proferida na mesma audiência, quando não
comportar prova e as partes assim o desejarem; ou na primeira audiência ou sessão
que se seguir (art. 800 da CLT), caso, por exemplo, necessitar ser instruída.
Segundo o artigo 653, alínea d), a Vara do Trabalho será competente para
julgar as exceções de incompetência que lhes forem opostas. Acolhida a exceção de
incompetência em razão do lugar, o Juiz remeterá os autos à autoridade competen-
te, com decisão fundamentada. Desta decisão não caberá recurso imediato, por se
tratar de decisão interlocutória e porque, no processo trabalhista, visando à celeri-
dade e simplificação processual, não existe recurso contra decisões que ocorrerem
no curso do processo – diferentemente do cível em que se pode interpor agravo
de instrumento. Reforça este entendimento o artigo 799, §2o da CLT que nos diz
que das decisões sobre as exceções não caberá recurso de imediato, salvo nos casos
contidos na Súmula 214 do TST:

SUM-214 DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE (nova redação) - Res.


127/2005, DJ 14, 15 e 16.03.2005
Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias
não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:

a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial


do Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para
Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o
disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

capítulo 3 • 94
A incompetência em razão do lugar é relativa, deve ser arguida, sob pena de
prorrogação da competência (artigo 114), e o foro onde foi proposta a ação passa
a ser competente.

Das exceções de impedimento e da suspeição

O art. 801 da CLT, trata das causas de impedimento e suspeição do magistra-


do, quer seja o juiz do trabalho, quer o juiz de direito nas localidades em que atua
na jurisdição trabalhista. Esse artigo visa a proteger o princípio da imparcialidade
do juiz. O CPC deverá ser utilizado supletivamente nos artigos
A doutrina entende que a suspeição se refere a motivos de foro íntimo do
julgador (subjetivo), elencados nas alíneas a, b, e d do citado artigo (inimizade
pessoal, amizade íntima, interesse particular na causa). Já a alínea c, que se refere
ao parentesco por consanguinidade ou afinidade até terceiro grau, é motivo de
ordem pública (objetivo), sendo causa de impedimento.
O impedimento é mais grave do que a suspeição, visto que o primeiro é insa-
nável, podendo ser levantado a qualquer tempo sem sofrer preclusão e podendo,
inclusive, ser motivo de ação rescisória; ou seja, uma vez arguida, a sentença será
rescindida, mesmo que transitada em julgado. Os atos praticados serão nulos (nu-
lidade absoluta). A suspeição, por sua vez, como o próprio parágrafo único do
art. 801 impõe, necessita de provocação da parte, convalidando-se caso esta pra-
ticar algum ato que consinta na pessoa do suspeito (Juiz). Passado esse momento
sem arguição da parte não há o que se falar em nulidade de seus atos. Ocorreu a
aceitação pela inércia (parágrafo único do art. 801). Poderá, no entanto, arguir
novamente suspeição, se fundada em motivo superveniente.
As exceções de impedimento e suspeição, que são consideradas pela doutrina
como defesa indireta do processo devem ser arguidas em peças apartadas, con-
soante já foi gizado.
Apresentada a suspeição, devidamente instruída, o Juiz ou Tribunal marcará
audiência de instrução e julgamento no prazo de 48 horas, para a instrução e jul-
gamento da exceção (art. 802 CLT).
Julgada procedente a exceção, será convocado o juiz substituto, para atuar até
o final da ação (art. 802, §1o da CLT).
Sendo improcedente, o julgamento será terminativo do incidente, não caben-
do de imediato recurso, por se tratar de decisão interlocutória (art. 893, §1º da

capítulo 3 • 95
CLT). Poderá, o vencido, em preliminar do recurso, manifestar sua inconformi-
dade (art. 799, §2o da CLT).
O juiz poderá dar-se por suspeito ou impedido, alegando motivos pessoais ou
de foro íntimo.
O artigo 653, alínea c, atribui à própria vara do trabalho a competência para
processar e julgar as exceções opostas contra seus membros. Até a emenda cons-
titucional nº 24/99, que extinguiu os juízes classistas, tinha-se que, interposta a
exceção contra um dos membros, o juiz tido como suspeito participava do próprio
julgamento e, se procedente, convocaria seu suplente (art. 802, §1o da CLT) -
diferentemente do que ocorre no cível, os autos não eram remetidos ao Tribunal.
Após a emenda constitucional, criou-se uma nova situação: nas varas em que atua
apenas um juiz togado, considerando que, no processo laboral, não cabe nenhuma
espécie de recurso contra decisões interlocutórias, as exceções de impedimento e
suspeição deverão ser julgadas por um único membro (juiz do trabalho).
As exceções de suspeição e impedimento devem ser remetidas e julgadas pelo
Tribunal. Não se pode descartar também a possibilidade da convocação de outro
juiz para julgar essas exceções. Enquanto não for aclarado este ponto pela dou-
trina e jurisprudência ou ainda pela alteração do dispositivo legal, haverá posi-
ções conflitantes quanto à autoridade que irá julgar as exceções de impedimento
e suspeição.
Se, no entanto, a exceção for oposta contra o juiz de direito que atua na juris-
dição trabalhista residualmente (art. 802, §2o), este será substituído na forma da
organização judiciária local. Contudo, o julgamento desta exceção será realizado
pelo Tribunal Regional do Trabalho, que é competente para revisar as decisões
daquele magistrado em grau de recurso ordinário.
Resta ainda salientar que a CLT apenas se referiu ao impedimento do juiz em
relação às partes, não citando o envolvimento ou parentesco do juiz em relação aos
advogados. A suspeição e o impedimento, da mesma forma que no cível, aplica-se
ao órgão do Ministério Público, ao serventuário da justiça, ao perito, ao intérprete
(art. 148 do CPC).

Da contestação

Defesa indireta processual

A defesa dirigida contra o processo, defesa de conteúdo meramente proces-


sual, é chamada defesa indireta. Indireta, porque ela visa a obstar a outorga da

capítulo 3 • 96
tutela jurisdicional pretendida pelo autor mediante inutilização do processo, ou
seja, o meio, do instrumento de que ele se valeu, sem que se ofereça oportunidade
para composição da lide, isto é, sem apreciação do mérito pelo juiz.
As defesas processuais se subdividem em peremptórias e dilatórias:
São peremptórias as que, uma vez acolhidas, levam o processo à extinção,
como a de inépcia da inicial, ilegitimidade de parte, litispendência, coisa julgada,
perempção, etc. Aqui o vício processual é tão profundo que o inutiliza como ins-
trumento válido para obter a prestação jurisdicional.
São dilatórias as defesas processuais que, mesmo quando acolhidas, não pro-
vocam a extinção do processo, mas apenas causam ampliação ou dilação do curso
do procedimento.
Quando se alega nulidade da citação, incompetência do juízo, conexão de
causas, deficiência de representação da parte ou falta de autorização para a causa,
ou ausência de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar, em
todos estes casos, a defesa provoca apenas uma paralisação temporária do curso
normal do procedimento, enquanto o obstáculo processual não seja removido.

Incompetência absoluta

A incompetência absoluta do juízo, tratada neste tópico, refere-se à matéria


e às pessoas. É entendida pela doutrina como defesa indireta processual dilatória.
A CRFB/88 no seu art. 114, estabelece a competência da Justiça Trabalhista.
Contudo, não define a competência em razão da matéria, referindo-se apenas aos
litígios que ocorram entre trabalhadores e empregadores, o que faz entender que
invoca, para definir a competência em razão da matéria, as pessoas por ela tute-
ladas. Ainda define, no mesmo dispositivo, em relação à matéria, que a justiça
especializada tratará de outras controvérsias da relação de trabalho.
A Justiça do Trabalho é competente para conciliar e julgar as demandas en-
tre empregado e empregador, compondo as lides relativas à relação de emprego,
tendo, via de regra, como norte o trabalho subordinado. Apresentando também
competência para julgar as lides daqueles que não firmaram contratos de trabalho
em sentido estrito, como por exemplo os pequenos empreiteiros, os aprendizes,
os avulsos, os temporários, etc., estes em virtude de sua debilidade econômica.
Pode-se perceber que o critério de competência material esbarra na figura do tra-
balhador, definindo aquela em razão desta.

capítulo 3 • 97
De acordo com o novo CPC as incompetências relativas e absoltas agora são
alegadas como preliminares de mérito na contestação. Não há na doutrina qual-
quer divergência quanto à forma de oposição, tanto a incompetência em razão
da matéria, como em razão das pessoas, sendo unânime o entendimento de que
estas devem ser apresentadas como preliminar de mérito e o juiz irá conhecê-las
na sentença.
Ambas as formas, em que pese a possibilidade de serem arguidas pelas partes,
por se tratarem de incompetência absoluta (artigo 795, §1o da CLT), devem ser
declaradas ex ofício, pois ensejam a nulidade dos atos decisórios praticados por
magistrado incompetente.

Incapacidade da parte

Nas ações trabalhistas, o maior de dezoito anos de idade poderá exercitar ple-
namente seu direito de ação, sem necessidade de assistência. Os menores de dezoi-
to anos, recaem na regra geral, necessitando de assistência, que poderá ser prestada
pelos pais ou responsáveis, ou pelo Ministério Público do Trabalho.

Coisa julgada

Impende salientar que o instituto da coisa julgada é plenamente aplicável às


lides trabalhistas, tendo a CLT, no seu artigo 836, norma que veda aos órgãos do
Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas.
Cumpre, porém ressaltar que a conciliação trabalhista, efetuada no curso da
demanda, tem força de coisa julgada (art. 831, parágrafo único da CLT), ressalva-
das as parcelas previdenciárias, que, embora estejam no bojo da conciliação, não
podem ser acordadas pelas partes. A Lei 10.035/00, que acrescentou o §3o e 4o
no artigo 832 da CLT, exige que as decisões homologatórias indiquem a natureza
jurídica das parcelas indenizatórias constantes no acordo, inclusive o limite de
responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição previdenciária,
devendo o INSS ser intimado, via postal, dessas decisões.

Inépcia da petição inicial

Requerida pela reclamada a declaração de inépcia da inicial e a consequente


extinção do processo, sem julgamento de mérito por falta de pedido; por falta

capítulo 3 • 98
de causa de pedir; por confusão entre o pedido e a fundamentação, ou ainda por
absoluta contradição entre a fundamentação e o pedido, o juiz, reconhecendo a
existência deste defeito processual, deve extinguir o processo nos termos do art.
267. Isto porque a CLT, sendo omissa neste aspecto, passa a se utilizar subsidia-
riamente desse instituto.
Tem-se ainda como argumento o fato de que, na justiça do trabalho, é confe-
rido as partes o jus postulandi. Observe-se o que preceitua o art. 791 da CLT c/c
súmula 425 do TST: Os empregados e empregadores poderão reclamar pessoal-
mente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar suas reclamações até o final.
Por força deste dispositivo, os juízes trabalhistas são tolerantes ao examinar os as-
pectos processuais na peça vestibular. Somados a este fator, tem-se que a CLT, em
seu art. 840, §1o da CLT, ao enumerar os requisitos da peça inicial, faz isto com
simplicidade, requerendo que conste a autoridade a quem é dirigida, a qualifica-
ção das partes e uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido,
a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
Pelos argumentos aduzidos e tendo-se em vista a aplicação supletiva do CPC,
considerando o binômio já gizado (omissão e compatibilidade) o instituto da
inépcia será aplicado, ao processo laboral, apenas quando impossibilitar a defesa
do reclamado.

Impugnação do valor da causa

A CLT, ao enumerar os requisitos da inicial, não se refere, expressamente, ao


valor da causa. No rito ordinário, o valor da causa é exigência da Lei 5.584/70 e
também pela aplicação subsidiária do CPC. O atual CPC prevê que a impugnação
deverá também ser alegada como preliminar de mérito na contestação.
É muito importante o valor atribuído à causa, pois este é que definirá a alçada
no processo trabalhista (Lei 5.584/70, art. 2o e 4o). Reclamatórias com valores in-
feriores a dois salários mínimos não poderão recorrer ao duplo grau de jurisdição,
salvo se versarem sobre matéria Constitucional. Este é o chamado rito sumário da
Justiça do Trabalho (art. 2o, §3o da Lei 5584/70). Mister também que este valor
corresponda àquilo que o reclamante pretende realmente receber do reclamado,
atentando para o princípio da lealdade processual e da boa-fé; portanto, deve re-
fletir o real conteúdo econômico dos pedidos e a não intenção do reclamante de
restringir os meios recursais postos à disposição do empregador. Se esse valor não
puder ser apurado, far-se-á uma estimativa.

capítulo 3 • 99
Não sendo acolhida a impugnação ao valor da causa, quando arguida em con-
testação, caberá à reclamada, no oferecimento das razões finais (art. 850 da CLT),
insurgir-se, novamente, quanto ao valor da causa e, em não sendo acolhido, será
cabível o pedido de revisão, em 48 horas, ao Presidente do TRT, conforme Lei
5.584/70, art. 2o, §1o e 2o, que decidirá sem suspensão do processo.

Da defesa de mérito

Da defesa indireta de mérito

Da prescrição e da decadência

A maioria da doutrina e da jurisprudência acolhem o entendimento, segundo


o qual a causa da prescrição é o interesse público, visando a paz social, para outros,
a prescrição é uma espécie de castigo que o estado impõe àquele que por inércia faz
perdurar uma demanda, sendo, portanto, negligente com seus interesses.
No âmbito trabalhista encontra-se a base legal da prescrição na CF/88, art. 7º,
XXIX. Reza o citado dispositivo:
“Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com
prazo prescricional de cinco anos, para trabalhadores urbanos e rurais, até o limite
de dois anos após a extinção do contrato”.
A prescrição a que se refere o citado dispositivo é a extintiva ou liberatória, que
se rege pelo princípio da actio nata – segundo o qual a prescrição fulmina o direito
a pretensão e não o direito propriamente dito. Daí entender-se que é preciso que
exista uma lesão de direito para que se inicie a contagem do prazo prescricional.
Caracterizando-se esta violação, nasce a pretensão jurídica e o direito de ingressar em
juízo requerendo a tutela judicial. Assim, a prescrição pressupõe um direito nascido
e efetivo, mas que é atingido pela inércia do titular. Esta lesão pode ocorrer no curso
da relação trabalhista ou, ao final, com a extinção do contrato de trabalho.
Se a lesão de direito ocorreu com o contrato de trabalho em andamento, a jus-
tiça trabalhista tem admitido protesto judicial, a fim de interromper a prescrição e
garantir direitos. Esse protesto previne os efeitos da prescrição, muito embora não
seja contencioso, não havendo defesa nem audiência. Há apenas a distribuição e a
notificação do empregador e a devolução do protesto ao reclamante.

capítulo 3 • 100
No que concerne à extinção do pacto laboral, o prazo quinquenal, que visa à
revisão dos créditos trabalhistas, é contado da proposição da ação (cinco anos para
trás) e essa deverá ser proposta até dois anos da extinção do contrato de trabalho
(dois anos para frente). Decorridos esses dois anos, o empregado perde o poder
de exigir tais pretensões. Interessante ressaltar que existem causas impeditivas da
prescrição, que obstam a ocorrência desta em virtude de um fato relevante. A me-
noridade ou a incapacidade absoluta são exemplos de causa impeditiva, inteligên-
cia dos artigos 440 da CLT e 5o do Código Civil Brasileiro, respectivamente. A
lei impõe ao menor uma assistência para ingressar em juízo. Como essa assistência
poderá ser negada, pelo pai ou responsável, a prescrição passa a contar do dia em
que o empregado completar 18 anos até um dia antes de completar vinte anos,
quando passa a intentar ação trabalhista em prazo similar ao de qualquer trabalha-
dor maior, isto é, dois anos.
Ressalte-se que há casos em que a prescrição pode ser suspensa ou interrom-
pida. Na suspensão soma-se o tempo anterior (já transcorrido), ou seja, uma vez
iniciada a contagem do prazo prescricional, surge um fato relevante que paralisa
a contagem do prazo. Ultrapassado este impedimento, o restante do prazo volta a
ser contado. É o caso, por exemplo, da ausência no país para prestação de serviço
público para a União, Estados e Municípios, a prestação de serviço militar em
tempo de guerra e, mais recentemente, das comissões de conciliação prévia (art.
625-G), em que o prazo prescricional para o ajuizamento da reclamatória fica
suspenso a partir da provocação da comissão, recomeçando a fluir, pelo que resta,
a partir da tentativa frustrada ou do esgotamento do prazo de 10 dias (625-F) para
realização da sessão de tentativa de conciliação.
Na interrupção a contagem recomeça do marco zero, isto é, desconsidera-se
o prazo já transcorrido, iniciando-se nova contagem. Tem-se que a interrupção
deva ser provocada pela parte. É o caso, por exemplo, do ajuizamento de uma
reclamatória trabalhista em que o reclamante não tenha comparecido na primeira
audiência e esse aforamento servirá como causa interruptiva da prescrição (súmula
- 268 TST).
A prescrição, conforme estatui o CPC, tem-se consagrado sua arguição como
preliminar, por questões eminentemente práticas, mas deverá o Juiz conhecê-la
de ofício. Trata-se também de uma questão de economia processual, pois, sendo
aceita essa preliminar, ou seja, estando prescritos os pedidos constantes na inicial,
evidentemente o Juiz não terá que analisar os demais itens, extinguindo o processo
com julgamento do mérito.

capítulo 3 • 101
A prescrição é matéria que só pode ser alegada na instância ordinária, ou seja,
pode ser alegada a qualquer tempo, desde que não atinja a instância extraordinária.
Isso porque o adjetivo extraordinário é reservado para os recursos cujo cabimento
está adstrito a controvérsias referentes a questões de direito e não de fato, como
por exemplo, o recurso de revista e os embargos que são julgados pelo Tribunal
Superior do Trabalho.
Destarte, se a reclamada não arguir a prescrição na contestação, poderá fazê-la
ainda nas razões finais ou como prefacial do recurso ordinário. Para Mário Ribeiro
do Valle[30], caberia a arguição até mesmo em sede de sustentação oral. Contudo,
se a reclamada não arguir a prescrição, não pode o Juiz, de ofício pronunciá-la.
Em que pese a súmula 153 do TST ter consagrado o entendimento supra
citado, este não se mostra totalmente pacificado. Por força do art. 336 do CPC,
aplicado supletivamente ao processo trabalhista, tem-se que, se o réu não argui a
prescrição juntamente com a defesa (em audiência inaugural), este direito torna-
se precluso. Esta é uma corrente minoritária que se refere apenas para ilustrar
este estudo.
A decadência no processo laboral, a exemplo da prescrição, é fenômeno que
opera a perda de direitos, podendo, no entanto, ser declarada de ofício pelo magis-
trado. A decadência extingue o direito e é estabelecida em função deste. Assim, o
objeto da decadência é o direito diverso da prescrição, pois nesta o objeto é a ação.
Diferentemente do prazo prescricional, o decadencial, via de regra vinculado a
direitos de natureza potestativa, começa a fluir desde o aperfeiçoamento do direito
atingido, ou seja, desde o seu nascimento. Pressupõe, portanto, que, embora tenha
nascido o direito, este não se tornou efetivo pela falta de exercício do autor.
Mister salientar também que, diferentemente da prescrição, a decadência não
se suspende ou interrompe. É dependente de prazo legal, daí poder ser conhecida
de ofício de magistrado
No processo trabalhista, exemplifica-se com o prazo de 30 dias que tem o em-
pregador para ajuizar o inquérito de apuração de falta grave do empregado estável,
a fim de justificar a despedida deste. Também o prazo de dois anos para ingresso
da ação rescisória, este por aplicação supletiva do CPC.

Da compensação e da retenção

A compensação é um instituto de direito material, sendo arguida como preli-


minar na peça contestacional, mas ainda como defesa indireta de mérito, ou seja,

capítulo 3 • 102
tem o fim de atingir o resultado concreto da ação. Tanto na compensação, como
na retenção, quer a reclamada apresentar um obstáculo às pretensões do reclaman-
te. Contudo, não estará a negar os fatos constitutivos do direito do autor ou as
consequências dos fatos articulados.
O art. 767 da CLT dispõe que a compensação deve ser arguida como matéria
de defesa, logo sujeita-se a preclusão, caso não alegada em audiência.
A Súmula 18 do TST, ao referir-se sobre este instituto, diz que só se admite
a compensação com débitos do empregado de natureza trabalhista, exigindo ho-
mogeneidade na natureza dos créditos a compensar, tal qual no direito civil. No
entanto, na justiça trabalhista, não se exige que a liquidez desses créditos, como
ocorre na esfera cível.
A retenção, diversamente da compensação, não trata propriamente da extin-
ção de um direito. Coloca-se, mais propriamente, como um meio de garantir a
satisfação de um crédito que a reclamada entende ter.
A doutrina trabalhista aponta o exemplo clássico da retenção das ferramentas
do obreiro, pela alegação de que este causou dano ao patrimônio do empregador,
dolosa ou culposamente. Se foi culposa, a retenção só será admitida caso houver
previsão contratual expressa (art. 462, §1o da CLT).

Da perempção

Perempção, no direito processual civil, é tipificada pelo fato e o autor abando-


nar a causa por mais de trinta dias, não promovendo os atos e diligências que lhe
competir, ensejando a extinção do processo sem julgamento do mérito.
Neste caso, a lei processual civil aplica uma penalidade bastante grave ao au-
tor, ou seja, se por três vezes incorrer no abandono da causa, sua negligência lhe
acarretará a impossibilidade de intentar nova ação, pelo mesmo objeto contra o
réu. Facultando-lhe, contudo, que formule suas alegações em defesa, se acionado.
No diploma celetista, a penalidade é mais branda. Os artigos 731 e 732 es-
tabelecem que, uma vez apresentada a reclamação verbal ao distribuidor, se o re-
clamante deixar de comparecer no prazo de cinco dias, para reduzi-la a termo,
ou, intentada a reclamatória, deixar de comparecer a audiência por duas vezes
seguidas, perderá o direito de ação pelo prazo de seis meses. A consolidação não
impede, definitivamente, o direito de ação do reclamante, porque, após o decurso
desse prazo, se não houver ocorrido a prescrição, ele poderá ingressar com nova
ação contra o reclamado.

capítulo 3 • 103
Do conteúdo de mérito

A contestação tem como fim delimitar o objeto litigioso, que deverá manter-se
inalterado no decorrer do processo.
Reza o artigo 841 do diploma trabalhista que, recebida e protocolada a recla-
mação, o escrivão ou chefe da secretaria, dentro de 48 horas, remeterá a segunda
via da petição ao reclamado. Na Justiça do Trabalho, a citação inicial, que é o ato
pelo qual o réu toma ciência de que contra ele foi proposta uma ação, podendo se
defender caso desejar, vem acompanhada da notificação para comparecimento à
audiência e nela é que o reclamado apresentará a sua defesa.
Esta notificação deverá respeitar um prazo mínimo de cinco dias entre a data
do recebimento pelo reclamado e a data da audiência. É o chamado quinquídio
legal. Difere da justiça civil, em que o prazo para apresentação da defesa começa
a contar da juntada do aviso de recebimento (se este for o meio de citação). No
processo laboral, presume-se recebida a notificação quarenta e oito horas depois
de sua regular expedição (Súmula 16 do TST).
Destarte, a resposta do réu na Justiça trabalhista, é ato concentrado na audiên-
cia, consoante já se frisou, ao contrário da justiça cível em que a defesa do réu é
ato cartorial.
A audiência trabalhista é una, porém, com a impossibilidade de realizar-se a
instrução dos processos em um único dia, consagrou-se sua divisão em audiência
inaugural e audiência de prosseguimento ou de instrução. Será, no entanto, na
audiência inaugural que o juiz fará a primeira tentativa de conciliação e serão ofe-
recidas a defesa (sentido amplo) e as provas que se pretende produzir.
Desta forma, presentes as partes, a audiência se inicia com a proposta de con-
ciliação aos litigantes. Se inexitosa, serão concedidos vinte minutos para que a
reclamada apresente oralmente sua defesa, reduzida a termo; na prática, este pro-
cedimento é substituído pela defesa escrita (art. 847 da CLT).
Partindo do princípio de que a contestação delimita o objeto litigioso, todo
fato que não for contestado será tido como incontroverso e em tese, dispensa pro-
va. Dessa forma devem-se contestar todos os pedidos feitos pelo reclamante. Os
que não forem contestados, serão presumidos como verdadeiros.
Na contestação, a reclamada poderá assumir diferentes posturas. Primeiramente,
poderá negar os fatos articulados na peça exordial, como constitutivos do direito
do autor, por exemplo, que o reclamante não realizava horas-extras; ou admitir
a ocorrência dos fatos apresentados, porém atribuindo-lhe outra consequência

capítulo 3 • 104
jurídica, isto é, opondo-se quanto às suas consequências, v.g. que o reclamante
laborava no horário extraordinário, contudo este horário foi pactuado em con-
venção coletiva de trabalho; ou ainda poderá reconhecer, no todo ou em parte, o
direito do autor, v.g. que realmente ele cumpria aquele horário de trabalho, mas
que a empresa não tinha meios de quitar este adicional e, neste caso, incidirá o art.
467 da CLT, pois o reclamado estará reconhecendo o pedido do autor. Segundo
este dispositivo toda a parcela salarial que não sofrer controvérsia, por meio da
contestação, é devida em dobro, se não for paga na audiência inicial.
A contestação deve reportar-se a cada um dos pedidos. Não se admite a cha-
mada contestação genérica, sendo, portanto, a negativa geral ineficaz. Resulta daí
que nem mesmo a negativa quanto ao reconhecimento do vínculo empregatício
isenta a reclamada de contestar, especificamente, os demais pedidos. Visto que, se
reconhecido tal vínculo, seu direito de defesa estaria precluso e os fatos não con-
testados, conforme já se viu, serão presumidos verdadeiros.
Ainda pelo princípio da concentração, aplicado ao direito do trabalho, este é
o momento da apresentação das provas (documentos - art. 396 do CPC), salvo as
de maior complexidade, como a prova pericial e testemunhal. Este entendimento,
porém, alcança apenas aqueles documentos considerados imprescindíveis à regular
constituição da relação laboral, sub judice. Impõe salientar que aplica-se, subsi-
diariamente, o art. 397 do CPC concernente a documentos novos, sendo lícito
às partes juntá-los a qualquer tempo, quando destinados a fazer prova de fatos
ocorridos depois dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram produzidos
nos autos.
Um último aspecto deve ser frisado. Refere-se ao que dispõe o art. 830 da
CLT, o qual impõe que os documentos devem ser apresentados no original ou
cópia autenticada. Na prática tanto o reclamante como o reclamado comparecem
à audiência portando os originais a fim de suprir tal exigência legal. Contudo, a
impugnação somente quanto à forma tem sido mitigada, tendo os tribunais o
entendimento de que o conteúdo deve prevalecer sobre a forma.

Reconvenção

Considerações gerais

Como se viu, o réu pode apresentar vários meios de defesa, atacando o pro-
cesso ou o mérito da demanda, porém sempre conservará a posição de réu. A

capítulo 3 • 105
reconvenção, a seu turno, inverte esta posição e o réu (reclamado) passa a ser
autor. Isso porque na reconvenção as posições se invertem.
A reconvenção é ação autônoma movida pela reclamada contra o reclamante,
oferecida simultaneamente na contestação
A citada autonomia encontra limite, porém, no artigo 343, § 2o do CPC, ou
seja, a conexidade da reconvenção com a ação principal ou com o fundamento da
defesa, entendendo-se que a extinção da ação principal não obsta o prosseguimen-
to da reconvenção.
No processo trabalhista, a reconvenção é a ação do reclamado em face do re-
clamante promovida no bojo da reclamatória em que está sendo demandado. Não
se trata, portanto, de ação acessória, mas sim de ação autônoma, tanto assim que,
se houver desistência da reclamatória, a reconvenção correrá normalmente. Deve
ser aplicado, dessa feita, o disposto no art. 343 do CPC: a desistência da ação,
ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao prosseguimento
da reconvenção.
Sendo uma ação do reclamado contra o reclamante deverá observar todos os
requisitos que a lei exige para a propositura de uma ação autônoma, tais como os
pressupostos processuais. Exige-se também identidade de procedimentos, isto é, a
jurisprudência não admite reconvenção no rito sumaríssimo.
Pode-se depreender que a reconvenção é um contra-ataque da empresa re-
clamada, buscando a reparação de algum dano, de alguma perda causada pelo
reclamante ainda enquanto empregado.
No direito do trabalho, podemos exemplificar figurando a hipótese em que o
empregado, às expensas de seu empregador, cursa uma pós-graduação no exterior,
comprometendo-se expressamente que, ao final deste curso, irá manter seu con-
trato de trabalho por mais três anos. Se o empregado, ao término do curso, extin-
gue seu contrato de trabalho, não cumprindo com o avençado e ainda ingressando
em juízo pleiteando verbas rescisórias, o empregador poderá reconvir, exigindo os
valores despendidos.
A ação reconvencional, a exemplo da compensação, só abrange obrigações
decorrentes do vínculo laboral. Só que a compensação jamais pode ultrapassar o
valor do crédito compensado20.

20  <http://www.tex.pro.br/home/artigos/159-artigos-jul-2001/6280-defesa-do-reu-na-justica-do-trabalho>

capítulo 3 • 106
Procedimento sumário

Está previsto na L5584/70, e não na CLT.

As causas sujeitas ao procedimento sumário também são denominadas de dis-


sídios de alçada.
São aquelas em que o valor da causa é de até 2 salários mínimos.
São causas de única instância.
De uma sentença no processo sumário não cabe RO, RR, embargos ao TST.
Só cabe o recurso extraordinário, diretamente ao STF, quando houver viola-
ção à constituição.

Procedimento sumaríssimo

Está previsto na CLT, quase todo, nos art 852-A e seguintes.


Aplica-se aos dissídios individuais cujo valor não exceda a 40 vezes o salário
mínimo vigente na data do ajuizamento da ação.
DICA: Provas costumam colocar “data do término do contrato do trabalho”,
o que está incorreto.
Não se aplica aos dissídios coletivos!
O procedimento sumaríssimo não se aplica à administração direta, autárquica
e fundacional.
Dizer que não se aplica à administração indireta é INCORRETO, pois ele
pode sim ser aplicado às empresas públicas ou sociedade de economias mistas. Ele
não se aplica, na administração indireta, às autarquias e fundações públicas.
DICA: Toda vez que estiver vendo empresa pública e sociedade de economia
mista, é como se estivesse vendo o particular.
A audiência é UNA.
Tudo, até a sentença, acontecerá em uma única data.
A causa tem que ser julgada, em regra, em até 15 dias.
Excepcionalmente, a audiência pode ser interrompida em algumas situações, e
uma vez interrompida o seu prosseguimento e a solução do litígio podem ocorrer
em no máximo mais 30 dias.
Ajuizada a reclamação trabalhista, ela é distribuída para uma das varas.
Quando chega a essa vara, automaticamente é enviada uma notificação para
que as partes compareçam à audiência. O juiz não tem contato com a reclamação,
ele só terá acesso a essa reclamação na audiência.

capítulo 3 • 107
Desde o ajuizamento da ação até o dia da audiência / sentença, não pode
passar de 15 dias.
Nos casos, por exemplo, em que é pedido adicional de insalubridade, é obri-
gatória a produção de prova pericial. Portanto, como o juiz só conhece a demanda
na audiência UNA, ele interrompe a audiência até que seja produzida a respectiva
prova pericial, e na nova audiência, já com a prova, ele irá proferir a sentença.
Lembrando que, se a audiência for interrompida, a continuação da audiência
tem que se dar em até 30 dias.
Portanto, o prazo MÁXIMO para o procedimento sumaríssimo é de 45 dias.

Requisitos da Petição Inicial no Sumaríssimo (Art 852-B da CLT):


– Pedido certo ou determinado, e sempre líquido.
Por ser certo, deve indicar o bem da vida pretendido (Ex.: horas extras).
Por ser determinado, deve apontar a quantidade ou a qualidade dos bens (Ex.:
2 horas extras).
Por ser líquido, deve apontar o QUANTUM postulado. O pedido precisa ser
SEMPRE líquido!!!
– O reclamante deve fornecer o nome e o endereço corretos do reclamado.
Não há citação por edital no procedimento sumaríssimo.
A citação será realizada por correio, por isso é que precisa indicar nome
e endereço.
A inobservância desses requisitos da petição inicial leva ao arquivamento do
processo (extinção do processo sem resolução do mérito) e a condenação do recla-
mante no pagamento de custas processuais.
Obs.: Não faz coisa julgada material, pode ajuizar a ação de novo normalmente.

Dessa sentença que extingue o processo sem resolução do mérito, cabe recur-
so ordinário para o TRT.
Provas no procedimento sumaríssimo:

– Prova testemunhal:
A sistemática é diferente do procedimento ordinário.
No procedimento ordinário, o número máximo de testemunhas é de 3.
No procedimento sumaríssimo, o número máximo de testemunhas é de 2.
No procedimento ordinário:

capítulo 3 • 108
As testemunhas precisam comparecer independentemente de notificação ou
de intimação.
Se não comparecerem, o juiz adiará a audiência para uma nova data e determi-
nará a intimação da testemunha. Se intimada, e ela ainda assim não comparecer,
o juiz adiará de novo a audiência, e agora ela precisa comparecer, porque o juiz irá
determinar a sua condução coercitiva, e condenará o reclamante no pagamento de
multa, se não tiver uma justificativa.
Não há, no processo do trabalho, rol de testemunhas (tanto no ordinário,
quanto no sumaríssimo). O reclamante não precisa arrolar as testemunhas.
No procedimento sumaríssimo:
As testemunhas também precisam comparecer independentemente de notifi-
cação ou intimação.
Mas o juiz só adiará a audiência se comprovado o convite (Ex.: a parte apre-
senta uma carta, um email etc., comprovando o convite da testemunha).
Se comprovar o convite, o juiz intima a testemunha.
Se intimar e não comparecer, o juiz adia de novo a audiência e determina a
condução coercitiva.
DICA: Cuidado para não pular as fases!

– Prova pericial:
É possível sim no procedimento sumaríssimo.
Art 852-H, em seu par 4º, estabelece que a prova pericial será produzida
quando decorrer de uma imposição da lei (Ex.: pedido de adicional insalubridade
e periculosidade) ou for exigida para a prova do fato (Ex.: quando o reclamante
alega doença do trabalho).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 39ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
SARAIVA, Renato; LINHARES, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ª ed. São
Paulo: Jus Podivum, 2017.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª ed. São Paulo: LTr, 2017.

capítulo 3 • 109
capítulo 3 • 110
4
Pressupostos
ou requisitos de
admissibilidade
Pressupostos ou requisitos de
admissibilidade

Neste capítulo você estudará os pressupostos de admissibilidade dos recursos


e as peculiaridades existentes na Justiça do Trabalho no que tange ao depósito
recursal e o pagamento das custas processuais. Vai conhecer os entendimentos do
TST sobre os temas. O aluno precisa conhecer ainda as regras gerais e especiais
dos embargos de declaração, recurso ordinário, adesivo e agravo de petição e de
instrumento, bem como os entendimentos do TST sobre os temas.

OBJETIVOS
•  Teoria Geral dos Recursos no Processo do Trabalho;
•  Princípios, efeitos e normas aplicáveis aos recursos trabalhistas;
•  Pressupostos de admissibilidade objetivos/extrínsecos e subjetivos/intrínsecos;
•  Recursos em espécie: Embargos de declaração, Recurso ordinário, Recurso de Revista;
•  Embargos para o TST, Agravo de Instrumento, Agravo de Petição e Recurso Adesivo.

Recursos
É o remédio jurídico necessário e suficiente para provocar o reexame de de-
terminada decisão, pelo órgão prolator e/ou pelo órgão superior ao prolator dessa
decisão, com o fim de anulá-la ou reformá-la, do que decorre o prolongamento
do direito de ação do recorrente, que se traduz em sobrevida para sua pretensão
de direito material.

Pressupostos ou requisitos de admissibilidade

Devem ser observados para que o recurso interposto seja conhecido alguns
pressupostos ou requisitos de admissibilidade:
Num primeiro momento serão estudados os pressupostos genéricos, válidos
para todos os recursos, e, em uma segunda oportunidade, os pressupostos especí-
ficos de determinadas espécies recursais, como o prequestionamento e a existência
de divergência jurisprudencial, comuns aos recursos de natureza extraordinária.

capítulo 4 • 112
Pressupostos recursais subjetivos

Os pressupostos subjetivos referem-se aos atributos do recorrente, classifica-


dos como legitimidade, capacidade e interesse.

Legitimidade

A legitimidade recursal é a habilitação legal dada a determinada pessoa, natu-


ral ou jurídica, para recorrer de certa decisão judicial, como regra, é conferida às
partes que atuaram no processo, ao Ministério Público, enquanto parte ou custus
legis, e a terceiros prejudicados pela decisão recorrida.
Com relação aos terceiros prejudicados, vale lembrar que eles devem demons-
trar a existência de interdependência entre o seu interesse jurídico, e não o mera-
mente econômico, e a relação jurídica posta ao crivo do juiz.
Com relação aos terceiros prejudicados, as hipóteses em que eles podem inter-
por recurso na seara trabalhista:
1. O sucessor ou herdeiro (CLT, arts. 10 e 448);
2. A empresa condenada solidária ou subsidiariamente (CLT, art. 2º, § 2º; TST,
súmula n. 331, IV)
3. O subempreiteiro, o empreiteiro principal ou o dono da obra (CLT, art. 455);
4. Os sócios de fato nas sociedades não juridicamente constituídas, além das
pessoas físicas e jurídicas, por força de normas de direito civil, que se vinculem à
parte que figurou na demanda (CCB, art. 265);
5. Os litisconsortes e assistentes (simples ou litisconsorciais);
6. O substituto processual.

Por derradeiro, vale frisar que o perito não tem legitimidade para recorrer con-
tra a parte da decisão que fixa seus honorários. Para expressar seu inconformismo,
pode o perito, tão somente, valer-se do mandado de segurança. Isso ocorre porque
o perito, enquanto auxiliar do juízo, exerce uma função pública, o que não se
identifica com o interesse necessário para a interposição do recurso.

Capacidade

Além de ter legitimidade, o recorrente deve ser plenamente capaz, nos termos
dos arts. 3º, 4º e 5º do Código Civil, no momento de interposição do recurso.

capítulo 4 • 113
Interesse

O interesse recursal repousa no binômio utilidade/necessidade. A necessidade


relaciona-se à imprescindibilidade do recurso para o sucesso da pretensão do re-
corrente, indeferida pela sentença impugnada. A utilidade refere-se à permanência
do gravame imposto ao recorrente pela decisão atacada, ou seja, que o objeto
da ação não tenha se perdido, por exemplo, pela satisfação espontânea por parte
do recorrido.
O interesse recursal, enquanto requisito de admissibilidade, é tratado como
sucumbência. Torna-se necessário tratar com cuidado essa relação entre interesse
e sucumbência, pois a parte vitoriosa pode interpor recurso para ver analisado pe-
dido seu que, embora procedente, não foi examinado sob todos os fundamentos
alegados, o que pode fazer com respaldo na extensão e profundidade que carac-
terizam o efeito devolutivo dos recursos trabalhistas, que ainda serão objeto de
estudo deste trabalho:

Pressupostos recursais objetivos

Os pressupostos objetivos dizem respeito aos aspectos extrínsecos dos recur-


sos, quais sejam a recorribilidade do ato, a adequação, a tempestividade, a repre-
sentação e o preparo.

Recorribilidade do ato

No direito processual laboral são irrecorríveis “as sentenças proferidas nas cau-
sas de alçada (Lei n. 5.584/1970, art. 2º, § 4º), os despachos de mero expediente
(art. 1001 do NCPC) e as decisões interlocutórias (CLT, art. 893, § 1º, e Súmula
n. 214 do TST).
Caso o juízo a quo verifique, portanto, que o ato contra o qual se insurge o
recorrente encontra-se entre os elencados, deve inadmiti-lo. Nas mesmas circuns-
tâncias deve o juízo ad quem não conhecê-lo.

Adequação

Além da recorribilidade do ato impugnado, o recurso interposto deve ser ade-


quado à decisão confrontada, tendo em vista que cada espécie de decisão desafia
uma espécie de recurso legalmente previsto.

capítulo 4 • 114
Não obstante, a interposição de espécie recursal inadequada não resulta, de
plano, na inadmissibilidade do recurso, tendo em vista que pode ser adotado o
princípio da fungibilidade para admitir a espécie interposta equivocadamente,
desde que estejam presentes os requisitos necessários à admissão da espécie correta
(como prazo e instrução adequados), que o erro não tenha sido grosseiro e que o
recorrente não tenha procedido com má-fé ao usar a espécie inadequada.
O princípio da fungibilidade deve ser observado com maior razão no processo
trabalhista, notadamente porque nessa seara admite-se o jus postulandi das partes
(pregadores e empregados) em hipóteses de recurso interposto na instância ordi-
nária, em conformidade com o texto sumulado no Enunciado n. 425 do TST:
JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. Res.
165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às
Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação
rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência
do Tribunal Superior do Trabalho.
Vale destacar que não há a possibilidade de adotar o princípio da fungibili-
dade para os recursos interposto pelo Ministério Público, especialmente em razão
da notória especialização de seus órgãos e de sua função de protetor da ordem
jurídica, que tornam incompreensível a interposição de recurso evidentemente
inadequado ou manejado com má-fé.

Tempestividade

O prazo para recorrer é peremptório, isto significa que a interposição fora do


prazo (intempestiva) acarreta a preclusão do direito de recorrer da parte interessada.
No processo do trabalho, o prazo para recorrer é de oito dias (art. 6º da Lei n.
5.584/1970), exceto para os embargos de declaração, cujo prazo é de cinco dias
(art. 897-A da CLT).
Tanto as pessoas jurídicas de direito público quanto o Ministério Público têm
prazo em dobro para recorrer (art. 188 do CPC). O mesmo não pode ser afirmado
para as hipóteses de litisconsortes com diferentes procuradores, embora o art. 229
do NCPC confira também neste caso prazo recursal em dobro. Tal impossibilidade
decorre do entendimento adotado pela OJ n. 310 da SDI-1 do TST, assim redigida:
LITISCONSORTES. PROCURADORES DISTINTOS. PRAZO EM
DOBRO. ART. 229 DO NCPC. INAPLICÁVEL AO PROCESSO DO

capítulo 4 • 115
TRABALHO (DJ 11.08.2003). A regra contida no art. 229 do NCPC é inaplicá-
vel ao processo do trabalho, em face da sua incompatibilidade com o princípio da
celeridade inerente ao processo trabalhista.
A contagem desses prazos ocorre em conformidade com a regra insculpida no
art.1003 do NCPC, segundo a qual o termo inicial dos prazos recursais é a data
da prolação da sentença, nas hipóteses em que ela é proferida em audiência, exceto
nos casos de revelia e nos casos em que a ata de audiência, com a respectiva sen-
tença, não é juntada aos autos dentro de quarenta e oito horas. Nessas hipóteses as
partes deverão ser intimadas pessoalmente, em conformidade com os arts. 841, §
1º, 851, § 2º e 852 da CLT.
Por fim, vale lembrar que a interposição do recurso antes do início do prazo
não é admitida pelo TST, que entende pela extemporaneidade dessa hipótese, nos
termos da OJ n. 357, da SDI-1, verbis:
RECURSO. INTERPOSIÇÃO ANTES DA PUBLICAÇÃO
DO ACÓRDÃO IMPUGNADO. EXTEMPORANEIDADE. NÃO
CONHECIMENTO (cancelada em decorrência da sua conversão na Súmula nº
434) – Res. 178/2012, DEJT divulgado em 13, 14 e 15.02.2012. É extemporâ-
neo recurso interposto antes de publicado o acórdão impugnado.

Representação

A representação diz respeito à regularidade dos atos processuais privativos de


advogado realizados no processo.
Em regra, tendo em vista o ius postulandi das partes no processo laboral, os
recursos não devem ser subscritos por advogado. Todavia, se o advogado interpu-
ser recurso como representante da parte, deve ter procuração nos autos. Inclusive,
tal procuração não pode ser juntada depois da interposição do recurso, tendo em
vista que o ato de interposição não é considerado urgente, nos termos da Súmula
n. 383 do TST.
Não obstante, a Súmula n. 425 do TST passou a limitar o ius postulandi das
partes às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, isto é, passou a
exigir a presença de advogado nas ações rescisórias, nas ações cautelares, nos manda-
dos de segurança e nos recursos de competência do Superior Tribunal do Trabalho.
Ademais, nas lides que não envolvem relação de emprego, levadas à competên-
cia da Justiça do Trabalho após a Emenda Constitucional 45, exige-se a subscrição
por advogado, em conformidade coma Instrução Normativa n. 27/2005 do TST.

capítulo 4 • 116
Preparo

O preparo corresponde ao recolhimento e à comprovação do respectivo paga-


mento das custas processuais e do depósito recursal.
O depósito recursal, necessário para que o recurso não seja considerado deser-
to, é peculiar ao processo do trabalho e tem natureza jurídica de garantia do juízo
recursal, além de ser exigível apenas do empregador, nas ações em que há conde-
nação pecuniária. Portanto, serve para garantir uma futura execução, no caso de
sucumbência do empregador recorrente.
No prazo de interposição do recurso, o depósito recursal deve ser feito na
conta do FGTS do empregado ou, pelo menos, em conta bancária, desde que o re-
corrente comprove o depósito na forma da IN n. 18 do TST, que estabelece como
requisitos do depósito recursal “o nome do recorrente e do recorrido; o número do
processo; a designação do juízo por onde tramitou o feito e a explicação do valor
depositado” autenticada pelo banco recebedor.
A interposição do recurso antes do término do prazo legal não impede a rea-
lização do depósito recursal até o fim desse prazo, salvo nos casos de agravo de
instrumento, para os quais o § 7º do art. 899 da CLT exige a comprovação do
depósito recursal no ato de interposição do recurso.
Na fase de execução, em regra, o depósito recursal não é exigível, pois o juízo
já encontra-se garantido com a penhora. O depósito recursal será necessário na
execução apenas nos casos em que houver elevação do valor do débito, para com-
pensar esse acréscimo.
Por último, vale destacar que, em regra, o empregador não pode se furtar ao
pagamento do depósito recursal. No entanto, se o empregador provar que ne-
cessita da justiça gratuita, por ser uma família ou uma entidade filantrópica, por
exemplo, sem condições financeiras para arcar com o depósito recursal, o benefí-
cio pode ser concedido. Essa opinião, contudo, não é unânime nem na doutrina
nem na jurisprudência
De outra banda, as custas processuais devem ser pagas pelo sucumbente, no
âmbito recursal, daquele contra quem a sentença recorrida foi proferida.
Diferente do depósito recursal, o empregado deve arcar com o pagamento das
custas processuais, salvo se for beneficiário da justiça gratuita, nos termos do art.
789 da CLT.
Por outro lado, são isentas do pagamento das custas processuais as pessoas
jurídicas de direito público interno e o Ministério Público do Trabalho, bem como

capítulo 4 • 117
o INSS. As entidades fiscalizadoras do exercício profissional, no entanto, estão
obrigadas ao pagamento das custas. Essa é a dicção do art. 790-A da CLT.
Além desses entes, a massa falida (Súmula n. 86 do TST) e os sindicatos nas
ações coletivas, salvo em caso de comprovada má-fé (art. 87 do CDC) também são
isentos do pagamento das custas processuais.
Da mesma forma que no depósito recursal, nas custas o recolhimento deve ser
feito no mesmo prazo do recurso. Além disso, o recolhimento a menor das custas
arbitradas na sentença recorrida resulta na deserção do recurso, nos termos da OJ
n. 140 da SDI-1 do TST.
Por fim, vale destacar que no processo do trabalho, diferente do processo co-
mum, a multa por litigância de má-fé não precisa ser recolhida juntamente com as
custas processuais como forma de garantir admissão do recurso. No processo civil
a matéria é tratada no art. 96 do NCPC. Já no processo laboral, a matéria deve ser
analisada em conformidade com a OJ n. 409 da SDI-1.

Efeitos

Princípio da manutenção dos efeitos da sentença

O art. 899 da CLT preceitua que os recursos serão interpostos por simples
petição e terão, em regra, efeito meramente devolutivo. Daí decorre o princípio
enfocado, princípio da manutenção dos efeitos da sentença, pois, ao prever como
exceção o efeito suspensivo dos recursos trabalhistas, a legislação prestigia a manu-
tenção dos efeitos da decisão objurgada. Disso decorre a possibilidade aberta, em
regra, ao credor de executar provisoriamente a sentença.
Não obstante a regra no direito processual laboral seja a presença unicamente
do efeito devolutivo, importa tratar também dos outros efeitos que, como exce-
ções, podem caracterizar a interposição das diferentes espécies recursais.

Efeito devolutivo

O efeito devolutivo relaciona-se intimamente com o princípio da dialeticida-


de ou da discursividade, que define a necessidade de fundamentação dos recursos
e impede a interposição genérica, por simples petição, sem motivação ou razões
recursais. Isso porque somente as razões permitem à parte recorrida formular suas

capítulo 4 • 118
contrarrazões e exercer adequadamente seus direitos ao contraditório e à ampla
defesa, indispensáveis à estrutura dialética do processo.
Nesse cenário, não pode ser literal a interpretação do art. 899 da CLT, na parte
em que possibilita a interposição de recurso por simples petição. Tal dispositivo
tem seu fundamento no princípio da simplicidade, que informa o processo tra-
balhista. Não obstante, os princípios constitucionais do contraditório e da ampla
defesa devem prevalecer em face do princípio infraconstitucional da simplicidade
e por isso a interpretação gramatical da norma enfocada deve ser afastada.
Admitir o recurso por simples petição também abre espaço para recursos
meramente procrastinatórios, que violam outro princípio caro ao direito pro-
cessual, o da boa-fé, que deve nortear a relação entre os integrantes da relação
jurídico-processual.
Além disso, a hipótese ora confrontada e albergada pelo art. 899 do texto con-
solidado inviabiliza a delimitação das questões já decididas e transitadas em julga-
do. Somente por meio das razões recursais torna-se possível definir quais questões
serão devolvidas à apreciação do órgão recursal e quais foram alcançadas pela coisa
julgada, em decorrência da resignação das partes com a decisão proferida. Aqui
também outro princípio processual sofre abalos, o da segurança jurídica, pois sem
as razões recursais a parte contrária não consegue saber em quais pontos da deci-
são impugnada seu direito será garantido em face da ausência de inconformismo
do recorrente.
Feitas essas considerações principiológicas, vale lembrar que, em regra, apenas
os pontos impugnados nas razões recursais serão objeto de análise do órgão ad
quem, competente para julgar o recurso, isto é, será devolvida à apreciação do
órgão recursal apenas aquelas questões jurídicas delimitadas no recurso interposto
por uma das partes, em conformidade com o brocardo tantum devolutum quan-
tum appellatum.
Todavia, essa regra geral que informa o efeito devolutivo pode ser mitigada
em razão de sua apreciação em extensão e em profundidade, o que decorre das
regras insculpidas nos §§ 1º e 2º do art. 155 do Código de Processo Civil. Tais
dispositivos, embora tratem da apelação cível, valem, em regra, para os recur-
sos trabalhistas.
A análise do efeito devolutivo em sua extensão decorre do § 1º acima referido,
segundo o qual “serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal
todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as
tenha julgado por inteiro”. Vê-se do exposto que o juízo recursal deve apreciar as

capítulo 4 • 119
matérias suscitadas nas razões de recurso ainda que tais matérias não tenham sido
apreciadas pelo juízo recorrido e contra essa omissão não tenham sido interpostos
embargos declaratórios. Portanto, a extensão do efeito devolutivo diz respeito à
quantidade de matérias que devem ser apreciadas pelo tribunal ad quem.
Por outro lado, a profundidade do efeito devolutivo relaciona-se com a quali-
dade das matérias apreciadas na instância recursal. Seu permissivo legal encontra-
se no § 2º do art. 1013 do NCPC, cuja redação dispõe que “quando o pedido ou
a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação
devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais”. Não obstante, a Súmula n.
393 do TST indica o § 1º da norma processual comentada como base legal do
efeito devolutivo em profundidade:
RECURSO ORDINÁRIO. EFEITO DEVOLUTIVO EM
PROFUNDIDADE. ART. 1013, § 1º DO NCPC (redação alterada pelo Tribunal
Pleno na sessão realizada em 16.11.2010) - Res. 169/2010, DEJT divulgado em
19, 22 e 23.11.2010. O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário,
que se extrai do § 1º do art. 1013 do NCPC, transfere ao Tribunal a apreciação
dos fundamentos da inicial ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que
não renovados em contrarrazões. Não se aplica, todavia, ao caso de pedido não
apreciado na sentença, salvo a hipótese contida no § 3º do art. 1013 do NCPC.
Com efeito, o exame profundo possibilitado pelo efeito devolutivo permite ao
tribunal ad quem apreciar questões já examinadas na decisão recorrida, mas não
analisadas em todos os seus fundamentos. Portanto, o exame em profundidade
não se direciona a matérias não apreciadas na sentença, mas a matérias apreciadas
na sentença, mas indeferidas com fundamento em apenas um dos vários argumen-
tos tecidos pela parte. Em outras palavras, não se relaciona com a quantidade de
matérias recursais, mas com a qualidade de determinada matéria recursal.

Efeito suspensivo

O efeito suspensivo é singularizado por adiar os efeitos da decisão recorrida e,


por isso, impedir a sua execução provisória. Diferente do processo civil, no qual a
regra é a existência de efeito suspensivo, no processo trabalhista, informado pelo
princípio da manutenção dos efeitos da sentença, a regra a presença singular do
efeito devolutivo, nos termos do art. 899 da CLT.
Exceção à suspensão dos efeitos da sentença objurgada encontra-se no art. 14
da Lei n. 10.192/2001, de acordo com a qual “o recurso interposto de decisão
normativa da Justiça do Trabalho terá efeito suspensivo, na medida e extensão

capítulo 4 • 120
conferidas em despacho do Presidente do Tribunal Superior do Trabalho”. A res-
peito dessa norma, o TST editou a Súmula n. 279. De acordo com o enunciado
sumular a cassação do efeito suspensivo, pelo tribunal superior, concedido em face
de determinada sentença normativa tem seus efeitos retroagidos à data em que o
efeito suspensivo foi concedido.
Outra exceção admitida no processo trabalhista diz respeito ao uso de ação caute-
lar para obter efeito suspensivo em recurso ordinário interposto contra sentença que
defere antecipação de tutela. Tal entendimento ressai da Súmula 414, item I, do TST.

Efeito translativo

O efeito translativo permite ao órgão recursal conhecer matéria não suscitada


pela parte recorrente, tendo em vista a natureza de ordem pública das questões
que admitem tal efeito. Esse entendimento decorre notadamente da redação do
§ 3º do art. 485 do NCPC, recepcionado pela legislação laboral pelo art. 769 da
CLT (nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do
direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível). Assim
dispõe a codificação processual civil:
Art. 485 do NCPC. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:
(...)
IV. quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de de-
senvolvimento válido e regular do processo;
V. quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de
coisa julgada;
Vl. quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possi-
bilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;
(...)
§ 3º O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição,
enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V
e Vl; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba
falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento.
Além das hipóteses elencadas nos incisos IV, V e VI acima transcritos, tam-
bém podem ser conhecidas de ofício as matérias arroladas no art. 337 do NCPC:
inexistência ou nulidade de citação, incompetência absoluta, inépcia da petição
inicial, perempção, litispendência, coisa julgada, conexão, incapacidade da parte,
defeito de representação, falta de autorização, carência de ação e falta de caução ou
outra prestação que a lei exige como preliminar.

capítulo 4 • 121
Vale lembrar que, em regra, o efeito translativo cabe apenas nos recursos de
natureza ordinária, tendo em vista que os recursos de natureza extraordinária de-
pendem de prequestionamento, isto é, de prévia manifestação da parte, o que não
se verifica nas hipóteses de efeito translativo. Todavia, é possível admitir esse efeito
em sede de recurso de revista, conforme já decidiu o TST:
EMBARGOS. PRELIMINAR DE NULIDADE DO V. ACÓRDÃO DA
C. TURMA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DECISÃO QUE AFASTA A
PRESCRIÇÃO E APRECIA O MÉRITO DA DEMANDA. Não fica caracte-
rizada supressão de instância quando a C. Turma afasta a prescrição e analisa o
restante do mérito, uma vez que para apreciação do mérito da lide só é necessário
que a causa esteja madura, prescindindo de exame sobre a questão de direito.
Muito embora o § 3º do art. 515 do Código de Processo Civil trate apenas do efei-
to translativo dos recursos nas hipóteses de extinção do processo sem julgamento
de mérito, o entendimento se aplica com maior razão aos casos em que há julga-
mento de mérito, como no caso de decretação de prescrição. (...) Processo: RR
- 71440-83.2003.5.17.0121 Data de Julgamento: 20/03/2007, Relator Ministro:
Aloysio Corrêa da Veiga, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data
de Publicação: DJ 30/03/2007.

Efeito substitutivo

O efeito substitutivo ocorre apenas quando o juízo recursal analisa o mérito


da questão impugnada, isto é, somente nos casos em que a fase de admissibilidade
é ultrapassada. Ocorrendo isso, o tribunal ad quem julga o mérito e, se der provi-
mento ao inconformismo do recorrente, substitui a decisão impugnada.
Há previsão sumular do efeito substitutivo em recurso ordinário, nos termos
dos itens III, IV e V da Súmula n. 192 do TST:
(...) III – Em face do disposto no art. 1008 do NCPC, é juridicamente im-
possível o pedido explícito de desconstituição de sentença quando substituída por
acórdão do Tribunal Regional ou superveniente sentença homologatória de acor-
do que puser fim ao litígio.
IV – É manifesta a impossibilidade jurídica do pedido de rescisão de julgado
proferido em agravo de instrumento que, limitando-se a aferir o eventual desa-
certo do juízo negativo de admissibilidade do recurso de revista, não substitui o
acórdão regional, na forma do art.1008 do NCPC. (ex-OJ nº 105 da SBDI-2 - DJ
29.04.2003)

capítulo 4 • 122
V – A decisão proferida pela SBDI, em sede de agravo regimental, calcada
na Súmula nº 333, substitui acórdão de Turma do TST, porque emite juízo de
mérito, comportando, em tese, o corte rescisório. (ex-OJ nº 133 da SBDI-2 - DJ
04.05.2004)

Efeito extensivo

Esse efeito é aplicável nos casos de litisconsórcio unitário, tendo em vista que
nessa hipótese a decisão do juízo recursal deve se estender a todos os litisconsortes.
Essa é a dicção do art. 1005 do NCPC, que prevê uniformidade na decisão para
todos os litisconsortes nos casos em que existir interesse comum.

Efeito regressivo

Trata da possibilidade de a autoridade prolatora da decisão objurgada retratar


ou reconsiderar seu entendimento, com amparo nos princípios da simplicidade,
da celeridade e da economia processual.
No direito processual laboral, o efeito regressivo pode ser observado nos re-
cursos de agravo de instrumento e de agravo regimental. RENATO SARAIVA
constrói elucidativo exemplo a respeito do tema:
(...) se um recurso não foi conhecido por ausência de um pressuposto recursal
(ex.: recurso intempestivo, falta de preparo etc.), e a parte, em eventual agravo
de instrumento demonstrar a presença de todos os requisitos de admissibilidade
recursal, pode o juízo a quo reconsiderar a decisão e conhecer do recurso principal,
perdendo o objeto o agravo de instrumento interposto.
Além dessas hipóteses, há a possibilidade de efeito regressivo no caso de ape-
lação interposta contra apelação que indefere o processamento de petição inicial,
hipótese na qual o juízo a quo poderá, em 48 horas, reconsiderar sua decisão.
Entende-se que a hipótese do art. 332 do NCPC tem guarida no processo
trabalhista. A citada norma processual admite o efeito regressivo ao permitir que o
juízo a quo aprecie, com o fim de reconsiderar seu entendimento, em cinco dias,
apelação interposta contra decisão que julga improcedente o pedido do autor por
se tratar de matéria unicamente de direito já decidida em oportunidades anteriores
pelo mesmo juízo21.

21  <https://camilamarcolino.jusbrasil.com.br/artigos/448930775/recursos-trabalhista>.

capítulo 4 • 123
Fundamentos

a) Jurídicos
A possibilidade de erro, ignorância ou má-fé do juiz ao julgar.
A oportunidade do reexame da sentença por juízes a mais experientes ou de
reconhecimento merecimento.
A uniformização da interpretação da legislação.
b) Psicológicos:
A tendência humana de não se conformar com apenas uma decisão. É o que
se costuma dizer: vencido, mas não convencido.
A possibilidade da reforma da decisão de um julgamento injusto.

Princípios Informadores

a) Uni-recorribilidade: só é possível a interposição de um recurso de cada vez.


Não há simultaneidade da interposição de recursos, mas a sucessividade.
b) Fungibilidade: quando ocorre o aproveitamento do recurso erroneamente
nominado, como se fosse o que deveria ser interposto. Requisitos: (a) dúvida; (b)
inexistência de erro grosseiro; (c) deve ser apresentado no prazo para o recurso que
seria cabível.
c) Temporalidade: o recurso deve ser interposto dentro do prazo previsto em lei,
sob pena de ser deserto.
d) Tipicidade: apenas aqueles previstos em texto legal.
e) Instrumentalidade
f ) Irrecorribilidade das Decisões Interlocutórias: Não cabe recurso para qual-
quer decisão interlocutória. É um principio próprio do processo do trabalho.
Exceção: Súmula 214 do TST:

Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias
não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:

a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial


do Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para
Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o
disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

capítulo 4 • 124
g) Vedação da Reformatio in Pejus

Pressupostos Recursais

I. Objetivos:
a) Previsão legal: as partes somente podem utilizar-se os recursos previstos em
lei.
– No processo do trabalho são os previstos no art. 893 da CLT: ordinário, de
revista, embargos, agravo de instrumento e de petição.
b) Adequação ou cabimento: o ato a ser impugnado deve ensejar o apelo esco-
lhido pelo recorrente.
c) Tempestividade: os recursos dever ser interpostos no prazo previsto em lei.
Nos casos dos trabalhista o prazo é de 8 (oito) dias.
d) Preparo: é composto pelas custas e/ou depósito.
– As custas serão pagas pelo vencido.
– A parte deverá fazer o pagamento das custas mediante DARF.
– Para a empresa recorre é preciso que seja garantido o juízo com o deposi-
to recursal.
– O depósito recursal é feito na conta vinculada do FGTS do empregado.
Inexistindo conta vinculada, a empresa deverá abrir conta em nome do emprega-
do para esse fim, ou fazer depósito em conta à disposição do juízo que renda juros
e correção monetária.

Art. 511. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido


pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
sob pena de deserção. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 1998)
§ 1o São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela
União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isen-
ção legal. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 9.756, de 1998)
§ 2o A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado,
não vier a supri-lo no prazo de cinco dias. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 1998)

e) Representação: no processo do trabalho não há necessidade de a parte estar


assinada por advogado (art. 791 e 839 da CLT). Podem as partes exercer o ius
postulandi.
– No entanto, se a parte irá apresentar recurso por advogado, deve estar ter
procuração para esse fim, sob pena de não-conhecimento do recurso.

capítulo 4 • 125
II. Subjetivos
a) Legitimidade: somente aquele que teve sentença que lhe foi desfavorável, no
todo ou em parte, poderá recorrer. O art. 996 do NCPC dispõe que poderão o
terceiro interessado, a parte, e a Procuradoria do Trabalho.
– Das decisões proferidas em dissídio coletivo que afete empresa de serviço
público, ou, em qualquer caso, das proferidas em revisão, poderão recorrer, além
dos interessados, o Presidente do Tribunal e a Procuradoria da Justiça do Trabalho
(art. 898 da CLT).
– O Ministério Público do Trabalho pode recorrer das decisões da Justiça do
Trabalho, quando entender necessário, tantos nos processos em que for parte,
como naqueles em que oficiar como fiscal da lei.
b) Capacidade: é necessário que as partes tenham capacidade para estar em juí-
zo. Não havendo capacidade da pessoa num certo momento, ela também não
poderá recorrer.
c) Interesse: na interposição do recurso, a parte tem que demonstrar interesse.
– O terceiro também tem que mostrar interesse para recorrer.

Dos recursos

Conforme afirmado anteriormente, no processo trabalhista existe a possibili-


dade de serem interpostos dez recursos mais o recurso adesivo, quais sejam:

Embargos Infringentes

O Artigo 356 do R.I.T.S.T., prescreve que cabe o recurso ora sob análise, de
decisões não unânimes proferidas pelas Seções Especializadas (Dissídio Coletivo
e Individual), no prazo de oito dias, nos processos de competência originária do
TST, quer em Dissídio Coletivo, quer em Ação Rescisória.
Por sua vez, a Lei nº 7.701/88 fixa competência para as duas Seções
Especializadas julgar originariamente Ação Rescisória.
Então a Seção Especializada de Dissídio Coletivo do TST é competente para
julgar Embargos Infringentes face decisão em Dissídio Coletivo e Ação Rescisória
proveniente de Dissídio Coletivo de competência originária.
E a Seção Especializada em Dissídios Individuais é competente para julgar
Embargos Infringentes devido decisão em Ação Rescisória de sua competência
originária.

capítulo 4 • 126
Dois são os pressupostos específicos do recurso:
Decisão não unânime (1) e que não esteja em consonância com o precedente
jurisprudencial do TST, nem com súmula de sua jurisprudência dominante (2).
A ausência de unanimidade diz respeito a cada cláusula impugnada no recur-
so, vez que, os Embargos Infringentes serão restritos à matéria objeto do recurso.
O prazo de interposição é de oito dias, garantido igual prazo para o embarga-
do oferecer contrariedade, sendo submetido ao juízo de admissibilidade do Juiz
Presidente do TST, que em caso de serem inadmitidos cabe o Agravo Regimental
que será julgado pela própria Seção Especializada.
As Seções Especializadas do TST julgam originariamente o Dissídio Coletivo
e a Ação Rescisória e em última instância julgam os Embargos Infringentes, in-
clusive o Agravo Regimental, caso tenha sido negado seguimento àquele recurso.
Em caso de acordo homologado pela Seção Especializada de Dissídio Coletivo,
em sua competência originária, caberá recurso de Embargos Infringentes, tendo le-
gitimidade apenas o Ministério Público do Trabalho em defesa da Ordem Pública.
Se a decisão prolatada pelas Seções Especializadas do TST, em sua competên-
cia originária, for unânime e não ocorrer violação à Lex Fundamentallis, nenhum
outro recurso será admissível, nem mesmo o recurso Extraordinário.

Embargos

O Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho no Título VIII - Dos


Recursos, no Capítulo IV - Dos Recursos das Decisões Proferidas no Tribunal, na
Seção II (art. 342), trata somente DOS EMBARGOS, sem o adjetivo dado pela
doutrina - DE DIVERGÊNCIA.
Cabem Embargos quando a Turma do TST em decisão de recurso de Revista,
viola literalmente preceito de lei federal ou de Constituição Federal, ou quando a
decisão for divergente:
•  De outras decisões de Turmas do TST;
•  De decisões da Seção Especializada de Dissídio Individual do TST;
•  Com enunciados de súmulas do TST.
Os Embargos têm natureza extraordinária, e a devolutividade é restrita à ma-
téria de direito, pois somente se devolve a "QUAESTIO JURIS", tendo os seguin-
tes pressupostos específicos:
Prequestionamento - Para que se conheça dos Embargos é necessário que
tenha ocorrido o prequestionamento, ou seja, que a questão tenha sido posta para

capítulo 4 • 127
o juízo "a quo", para que se tenha condições de mensurar se ocorreu a alegada
violação de lei federal ou da Constituição Federal ou interpretação divergente.
Comprovação da divergência - Necessário que seja transcrita nas razões re-
cursais, a ementa do acórdão indicado como paradigma e a indicação precisa da
fonte oriunda de um repositório idôneo de jurisprudência, isso no caso de dissídio
jurisprudencial, e para a hipótese de violação literal de texto de lei, a indicação
precisa da lei ou dispositivo constitucional violado.
O juízo de admissibilidade primeiro é realizado pelo Presidente da Turma, e
caso denegado seguimento para a Seção Especializada de Dissídio Individual, a
quem cabe julgar os Embargos, a parte pode interpor Agravo Regimental.
O prazo é de oito dias para interposição dos Embargos, sendo garantido igual
prazo para o recorrido oferecer as contrarrazões.
Interessante observar que, se a questão deduzida em juízo for decidida pela
Junta de Conciliação e Julgamento de forma a afrontar a Constituição Federal, os
Embargos permitem que seja realizado cinco julgamentos da mesma matéria, a saber:
•  Junta de Conciliação e Julgamento julga violando dispositivo da Constituição
Federal;
•  Tribunal Regional do Trabalho em decisão de recurso Ordinário mantém
a sentença;
•  Turma do Tribunal Superior do Trabalho em decisão de recurso de Revista
confirma as decisões anteriores;
•  Seção Especializada em Dissídio Individual do Tribunal Superior do
Trabalho, em Embargos mantém o julgado em recurso de Revista;
•  Supremo Tribunal Federal, em Recurso Extraordinário julga a decisão pro-
latada em Embargos, porque a decisão afronta a Constituição Federal.

Finalmente, conforme salientado anteriormente, a doutrina acrescentou o ad-


jetivo DE DIVERGÊNCIA ao recurso ora estudado, passando a ser conhecido
como EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA; todavia, a figura dos EMBARGOS
DE NULIDADE que somente teria cabimento quando ocorresse literal violação
de preceito de lei federal ou da Constituição.
Assim, os Embargos seriam adjetivados de Embargos de Divergência, quando
a decisão hostilizada fosse divergente das decisões das Turmas do TST, ou destas
com decisão da Seção de Dissídios Individuais do TST ou com enunciado da
Súmula, e denominados Embargos de Nulidade quando a decisão recorrida violas-
se literalmente preceito de lei federal ou da Constituição da República, além dos
Embargos Infringentes estudado anteriormente.

capítulo 4 • 128
Contudo, a legislação somente se refere a Embargos que serão interpostos
quando ocorrer violação de preceito de lei federal ou da Constituição, ou a decisão
for divergente conforme acima delineado.

Recurso de Revista

Recurso restrito aos aspectos da LEGALIDADE e da INTERPRETAÇÃO


DO DIREITO, tal qual os Embargos.
A Revista é um recurso extraordinário, sendo que a devolutividade é restrita
ao aspecto jurídico, ou seja, somente cabe devolver ao juízo "ad quem" a matéria
de direito, não devolvendo a matéria fática ou probatória.
A Organização Judiciária Trabalhista tem três graus de Jurisdição, sendo dois
ordinários e um extraordinário.
Outros doutrinadores entendem que o Tribunal Superior do Trabalho é tercei-
ra e última Instância laboral, sem conotação de tribunal extraordinário.
Contudo, tendo ou não conotação de Tribunal extraordinário, o recurso de
Revista exprime o funcionamento do Tribunal Superior do Trabalho como um
terceiro grau de Jurisdição Trabalhista.
A finalidade do recurso de Revista, como os de Embargos de Divergência, é
orientar a jurisprudência especializada para a uniformização.
Cabe o recurso de Revista quando a decisão do Tribunal Regional do Trabalho,
em recurso Ordinário, interpretar lei federal divergentemente de decisões:
•  De outros Tribunais Regionais, através do Pleno ou de suas Turmas;
•  Da Seção Especializada em Dissídio Individual do TST.

Salvo se a decisão hostilizada estiver em consonância com Enunciado de


Súmula de Jurisprudência uniforme do TST.
Cabe também a interposição do recurso de Revista quando a decisão do
Tribunal Regional, em recurso Ordinário, interpretar lei estadual, convenção co-
letiva, acordo coletivo, sentença normativa e regulamento de empresa, todos de
observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal
Regional, divergentemente de decisões:
•  De outros Tribunais Regionais, através do Pleno ou de suas Turmas;
•  Da Seção especializada de Dissídio Individual do TST.

capítulo 4 • 129
Salvo se a decisão recorrida estiver em consonância com Enunciado de Súmula
de jurisprudência uniforme do TST.
Não cabe recurso de Revista quando a divergência (dissidência jurisprudencial),
for entre a decisão hostilizada do Tribunal Regional com decisão de Turmas do TST.
E o recurso de Revista também pode ser interposto quando a decisão do
Tribunal Regional, em recurso Ordinário, afrontar literalmente dispositivo de lei
federal ou da Constituição da República Federativa do Brasil.
Outro cabimento do recurso de Revista será em decisão do Tribunal Regional,
em Agravo de Petição, quando a decisão violar diretamente a Constituição Federal.
Exigível o depósito recursal no recurso de Revista, como garantia do cumpri-
mento da decisão, quadruplicando o valor, sendo que, quando a Revista for em
decorrência de decisão em Agravo de Petição, não é exigido o depósito recursal,
posto que o juízo já estará garantido, desde os Embargos à Execução, através dos
bens que foram objeto do ato de constrição, salvo se tiver havido elevação do valor
do débito, de acordo o que giza a alínea "c", item IV, da Instrução Normativa nº
03 de 03/03/93, do C. TST.
Haverá de ser observado a hipótese do vencedor em Primeiro Grau ser ven-
cido no Segundo Grau em recurso Ordinário. Se interpuser recurso de Revista
deverá recolher as custas e se empregador o depósito prévio, devido a inversão da
sucumbência.
O prazo é de oito dias para interposição do recurso, como também para apre-
sentar a contrariedade.
Pressupostos específicos de admissibilidade do recurso de Revista são:
Prequestionamento – Para que se conheça da Revista é necessário que tenha
ocorrido o prequestionamento, ou seja, que a questão tenha sido posta para o juí-
zo "a quo", para que se tenha condições de mensurar se ocorreu a alegada violação
de lei federal ou da Constituição Federal ou interpretação divergente.
Comprovação da divergência – Necessário que seja transcrita, nas razões
recursais, a ementa do acórdão indicado como paradigma e a indicação precisa da
fonte oriunda de um repositório idôneo de jurisprudência, isso no caso de dissídio
jurisprudencial, e para a hipótese de violação literal de texto de lei, a indicação
precisa da lei ou dispositivo constitucional violado.
Quaestio juris – Somente matéria de direito será devolvida ao Tribunal "ad
quem", sendo vedada devolver matéria fática ou probatória. Conforme asseverou
o Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Dr. VANTUIL ABDALA, "se os
fatos estiverem narrados pelo Regional nada impede que, embora a matéria seja

capítulo 4 • 130
fática, a questão seja reexaminada pelo Tribunal Superior, mas não para dizer se
ocorreu ou não ocorreu esse fato, porque isso aí cabe ao Regional dizer. Isto era
matéria de prova. Mas simplesmente para dizer que partindo desse fato o Tribunal
aplicou mal a lei. Por isso os fatos têm importância".
O Juiz Presidente do Tribunal Regional que prolatou a decisão em recurso
Ordinário (ou em Agravo de Petição) atuará como juízo de admissibilidade que
será repetido pelo Ministro Relator de uma das Turmas do TST.
A competência das Turmas do Tribunal Superior é julgar o Recurso de Revista;
o Agravo de Instrumento quando o Presidente do Regional denegar seguimento
ao recurso de Revista; o Agravo Regimental quando o Ministro Relator denegar
prosseguimento ao recurso de Revista e Embargos de Declaração opostos aos acór-
dãos proferidos nesses três recursos.
Do despacho do Juiz Presidente do Regional que nega seguimento ao recurso
de Revista cabe Agravo de Instrumento, e do despacho do Ministro Relator do
TST que não admite a Revista cabe Agravo Regimental, sendo que ambos os
Agravos (Instrumento e Regimental) serão julgados pela Turma do TST a qual
competia proferir a decisão do recurso obstruído.
No tocante ao efeito que o recurso de Revista é recebido, prevalece a regra
geral dos recursos trabalhistas, que é o efeito devolutivo, todavia, o Art. 896, §
2º, da CLT, atribui à autoridade recorrida (Presidente do Regional), emprestar o
efeito suspensivo ao recurso de Revista.

Recurso ordinário

O recurso Ordinário tem cabimento para o Regional contra decisões ter-


minativas ou definitivas do feito, em processo de conhecimento, das Juntas de
Conciliação e Julgamento.
Estabelece o Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho, Artigo
329, modificado pela EMENDA REGIMENTAL Nº 03/96, que é cabível a in-
terposição do recurso Ordinário para este Colegiado das decisões definitivas dos
Tribunais Regionais do Trabalho, em processos de sua competência originária, em:
•  Dissídio coletivo;
•  Agravo regimental;
•  Ação rescisória;
•  Ação anulatória;
•  Ação declaratória;

capítulo 4 • 131
•  Ação civil pública;
•  Impugnação à investidura de Juiz Classista de JCJ;
•  Ação cautelar.

O prazo para interpor o recurso Ordinário é de oito dias e também para con-
trarrazoar, sendo que a matéria deduzida no recurso Ordinário pode ser de fato ou
de direito, bem como questão de prova.
O recorrente pode limitar o alcance da devolutividade, desde que indique
expressamente os pontos que pretende recorrer, sendo então recurso parcial, o que
determina o trânsito em julgado do restante da sentença.
É inexistente o recurso Ordinário interposto por preposto do empregador ou
do substituto do empregado, na audiência.
No Dissídio Individual, o Juiz Presidente da Junta de Conciliação e Julgamento
exerce o juízo de admissibilidade, e, se negado seguimento, enseja a interposição
do Agravo de Instrumento.
Quando o recurso Ordinário for interposto de decisão de Regional, face a
dissídio coletivo, ou ação rescisória, ou mandado de segurança devido a dissídio
coletivo, a competência para julgar o recurso Ordinário é, em última Instância, da
Seção Especializada de dissídio Coletivo do TST.
Quando o recurso Ordinário for interposto de decisão da Regional face ao
dissídio individual de sua competência originária (ação rescisória e mandado de
segurança), a competência para julgar o Ordinário é, em última Instância, da
Seção Especializada em Dissídios Individuais.
Assim, o juiz Presidente do Regional exerce o juízo de admissibilidade "a quo"
e o Ministro Relator o juízo de admissibilidade "ad quem".
No Dissídio Individual o efeito em que o recurso Ordinário é recebido será
sempre o devolutivo e no dissídio coletivo, conforme a observação feita anterior-
mente, o Art. 7º, § 2º, da Lei nº 7.701/88, que prevê a faculdade do Presidente
do Tribunal Superior do Trabalho emprestar efeito suspensivo a recurso Ordinário
interposto de decisão proferida pela Seção Normativa dos Tribunais Regionais do
Trabalho, que terá validade pelo prazo improrrogável de 120 dias, contados da
publicação do Acórdão - Art. 9º, Lei nº 7.701/88.
Cabe reproduzir a observação feita anteriormente. A Lei nº 4.725/65, § 3º,
Art. 6º concedia efeito suspensivo ao recurso Ordinário em dissídio coletivo.
Posteriormente foi revogada pela Lei nº 7.788/89, Art. 7º, passando a viger
que não mais caberia efeito suspensivo ao recurso Ordinário em dissídio coletivo.

capítulo 4 • 132
Mais tarde, o Art. 7º da Lei nº 7.788/89 foi revogado pelo Artigo 14 da Lei
nº 8.030/90.
Contudo, face a impossibilidade de REPRISTINAÇÃO, o recurso Ordinário
em dissídio coletivo não teve readquirido o seu efeito suspensivo.
Interessante esclarecer que a Medida Provisória nº 1.488 - 18, de 29/11/96,
que dispõe sobre medidas complementares ao Plano Real e dá outras providências,
e que vem sendo reeditada a cada mês, desde a implantação do retrocitado plano,
prevê no Artigo 14 que o recurso interposto de decisão normativa da Justiça do
Trabalho terá efeito suspensivo, na medida e extensão conferidas em despacho do
Presidente do Tribunal Superior do Trabalho.
Assim, passa a viger a regra de que o recurso interposto de sentença normativa
terá efeito suspensivo, além do devolutivo.

Agravo de petição

O Agravo de Petição é o único recurso trabalhista cabível exclusivamente no


processo de execução, e ao lado do Pedido de Revisão de Valor de Alçada cabível
somente no âmbito dos Tribunais Regionais.
Cabe Agravo de Petição para atacar decisão proferida pelo Juiz Presidente no
processo de execução.
No tocante a que decisão é recorrível por Agravo de Petição, a doutrina se
divide basicamente em duas correntes.
A primeira entende que Agravo de Petição cabe das decisões definitivas em
processo de execução. Outra corrente entende que o Agravo de Petição cabe das
decisões interlocutórias que envolvam matéria de ordem pública, O cabimento do
Agravo de Petição na Liquidação de Sentença também é discutível.
Se o método na liquidação de sentença é o previsto pelo Artigo 884, § 3º,
da CLT (interpenetração dos atos de acertamento e de constrição), a decisão tem
natureza homologatória e não cabe Agravo de Petição, mas simplesmente é re-
visível pelo próprio juiz que a proferiu, quando do julgamento dos Embargos à
Execução, para, após, caber o Agravo de Petição.
Se a decisão judicial não homologa os cálculos ou o arbitramento, ou julga os
Artigos não provados, também não é agravável, porquanto a instância não é en-
cerrada, podendo ser renovada, embora há quem defenda que quantos aos Artigos
não provados cabe Agravo de Petição.

capítulo 4 • 133
Contudo, a sentença que julga os Artigos provados é sempre agravável, embo-
ra existam vozes abalizadas que discordam, devido ao fato de o juízo ainda não se
encontrar garantido.
Se o método na liquidação for pelo procedimento do Artigo 879, § 2º, da
CLT (separação dos atos de acertamento com os de constrição), as decisões profe-
ridas na liquidação têm natureza de sentença definitiva ou terminativa, desafiando
Agravo de Petição. Isso por força da separação dos atos de acertamento e de cons-
trição, o que faz que a liquidação tenha contraditório e seu julgamento esgote a
discussão da liquidação.
Registre-se que existem posições divergentes, no tocante ao cabimento do
Agravo de Petição quando a liquidação for pelo método do Artigo 879, § 2º,
porque o juízo ainda não estaria garantido. Sendo que caberia após o julgamento
dos Embargos de Execução.
Pressuposto específico do Agravo de Petição é que sejam delimitados justifica-
damente as matérias objeto da impugnação, bem como sejam indicados os valores
impugnados.
Não tem efeito suspensivo, e o prazo para interposição é de oito dias, como
também para ser oferecida a contra - minuta, sendo que o Juiz Presidente da Junta
de Conciliação e Julgamento atua como juízo de admissibilidade. Denegado se-
guimento, cabe a interposição de Agravo de Instrumento.
Cabe recurso de Revista da decisão em Agravo de Petição quando ocorrer
ofensa direta à Constituição Federal.

Agravo de instrumento

É exercitável em qualquer grau de jurisdição, só podendo ser objeto de julga-


mento pelo Tribunal Regional ou Superior, nunca pelas Varas do Trabalho.
Pressupõe, sempre, denegação de seguimento de recurso de um grau para ou-
tro de jurisdição.
Cabe Agravo de Instrumento quando um recurso anteriormente interposto,
houver sido negado seguimento pelo juízo "a quo".
É processado em autos distintos daqueles nos quais foi proferido o despacho
denegatório de seguimento, e não pode o Agravo de Instrumento ter seu curso
trancado pelo juízo "a quo", que não exercerá o juízo de admissibilidade, que é
entregue somente ao juízo "ad quem", inclusive o pressuposto de tempestividade.

capítulo 4 • 134
Isso se deve, para que se possa ser examinado pelo juízo "ad quem" se a con-
duta do juízo "a quo" teve amparo legal, ou traduziu ato arbitrário ao denegar
seguimento ao recurso.
É recurso de retratação, eis que, pode o juízo "a quo" modificar o despacho
agravado, o efeito é somente devolutivo, e o prazo para ser interposto é de oito
dias, bem como para oferecer contra - minuta.
Caso o juiz que prolatou o despacho agravado impedir o curso do Agravo de
Instrumento, enseja a interposição da Reclamação Correicional.
Não requer preparo, e a autoridade "ad quem" para conhecer do recurso é a
mesma que teria competência para conhecer o recurso cujo seguimento foi negado.
Havendo nos autos principais recursos de ambas as partes, e se um deles foi
denegado o seguimento, o Agravo de Instrumento interposto, devidamente pro-
cessado, será remetido juntamente com os autos do recurso recebido.
Com a petição que interpõe o Agravo de Instrumento o Agravante anexará
obrigatoriamente cópia autenticada do despacho agravado, da certidão da intima-
ção do despacho agravado e procuração do advogado do Agravante, e, facultativa-
mente, outras peças para instruir o recurso, conforme giza a Instrução Normativa
do TST nº 06 de 08/06/96.
Cabe esclarecer que, a Lei nº 9.139, de 30/11/95 alterou dispositivos da Lei
nº 5.869, de 11/01/73, que institui o Código de Processo Civil, no que concerne
ao procedimento do Agravo de Instrumento.
Basicamente, a reforma tem por escopo eliminar o uso do Mandado de
Segurança para dar efeito suspensivo ao Agravo de Instrumento, eis que, com a
nova redação do Artigo 527, inciso II faculta ao relator atribuir efeito suspensivo
a este recurso, além de, dinamizar o rito do Agravo de
Diante do Artigo 769 da Consolidação das Leis Trabalhistas, nos casos omis-
sos o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do
trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas processuais
trabalhistas.
E, vislumbra-se que não existe omissão, posto que, os Artigos 893 e 897,
"b", § § 2º e 4º da Consolidação das Leis Trabalhistas, bem como, a Instrução
Normativa nº 06, do C. TST regulam a matéria.
Outrossim, o dispositivo que faculta ao relator emprestar efeito suspensivo ao
Agravo de Instrumento é incompatível com as normas processuais trabalhistas,
face a regra geral no sistema recursal laboral, de que o recurso terá somente efei-
to devolutivo.

capítulo 4 • 135
Inclusive, o novo rito do Agravo de Instrumento, que o tornou mais célere no
atingimento das suas finalidades, também não se aplica ao processo laboral, devido
o processamento encontrar-se disciplinado na supracitada Instrução Normativa,
que, inclusive, imprime uma maior celeridade.
O agravante terá que depositar a título de preparo a metade do valor do recur-
so principal que deseja destrancar, nos termos do art. 899, § 7º da CLT.

Agravo regimental

Previstos nos Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho e nos


Regimentos Internos dos Tribunais Regionais do Trabalho.
O Agravo Regimental é o meio de se obter o reexame e a cassação de ato de
um dos membros do Tribunal que esteja entravando apreciação de outro recurso
ou de ação da competência do próprio Tribunal.
É sempre cabível contra despacho de relator, ou de Presidente do Tribunal ou
de Turma e dirigido contra despacho proferido por autoridade da mesma Instância
e a apreciação é do Colegiado competente para o julgamento da ação ou recurso
em que é exarado o despacho.
De acordo o RITST, Art. 338, cabe o Agravo Regimental quando o despacho:
•  Do Presidente do Tribunal ou de Turma denegar seguimento a recurso de
Embargos;
•  Do Presidente do Tribunal conceder ou negar efeito suspensivo a Recurso
Ordinário em Dissídio Coletivo de natureza econômica;
•  Do Ministro Relator negar prosseguimento a recurso;
•  Do Ministro Relator indeferir petição inicial de ação de competência origi-
nária do Tribunal;
•  Proferidos pelo Ministro Corregedor Geral, dentre outras hipóteses.

O Regimento Interno da Corregedoria da Justiça do Trabalho prevê o prazo


de cinco dias para interposição do Agravo Regimental das decisões proferidas pelo
Ministro Corregedor Geral, quebrando, assim, a padronização dos prazos para
interposição de recurso trabalhista.
Por sua vez, os Regimentos dos Regionais também regulam o cabimento do
Agravo Regimental, sendo que na 5ª Região encontra-se previsto no Artigo 188 e
seguintes do Regimento Interno, quando elenca cinco hipóteses de cabimento do
supracitado recurso, sendo duas de ordem administrativa.

capítulo 4 • 136
A interposição do Agravo de Regimental caberá quando dos despachos:
•  Do Presidente do Tribunal, dos Presidentes do Órgão Especial, das Seções
Especializadas, de Turmas ou dos Relatores, forem contrários às disposições
regimentais;
•  Do Corregedor Regional ou Vice Corregedor Regional violar expressa dis-
posição legal ou regimental;
•  Dos Relatores que decretarem a extinção dos processos que lhes tenham
sido distribuídos e concederem ou denegarem liminares em mandado de seguran-
ça ou ações cautelares.

Regimento Interno do TRT da 5ª Região expressamente concede prazo de


oito dias para a interposição do recurso e idêntico prazo para que seja oferecida
contrariedade e prevê que poderá ter efeito suspensivo, em virtude circunstância
relevante, a critério do Juiz Relator.
É recurso de retratação, tal qual o Agravo de Instrumento, posto que o prola-
tor do despacho agravado poderá reconsiderar o ato hostilizado.

Pedido de revisão de valor de alçada

Nos dissídios individuais, referente ao processo de conhecimento, o Juiz


Presidente da Junta de Conciliação e Julgamento deve fixar o valor da causa para
efeito de alçada, após a apresentação da defesa, caso a fixação não tenha sido feita
na petição inicial.
A doutrina entende que o Juiz deverá fixar, livre e expressamente, no mo-
mento indicado (após a apresentação da defesa), sendo-lhe facultado confirmar o
valor contido na peça exordial ou não, caso verifique o irrealismo da determinação
realizada pelo Reclamante.
A oportunidade para impugnar o valor fixado para a alçada (que ainda não é
o recurso) é na fase processual referente às RAZÕES FINAIS.
Isso se deve, porque o convencimento do juiz ou das partes poderá ser modi-
ficado devido a fase instrutória.
Impugnado em razões finais o valor de alçada, o Juiz Presidente em decisão
monocrática (não é decisão da Junta de Conciliação e Julgamento) poderá manter
ou não o valor de alçada anteriormente fixado.

capítulo 4 • 137
Então cabe, no prazo de quarenta e oito horas, a partir da ciência do despacho
do Juiz Presidente que manteve ou alterou o valor de alçada, a interposição do
recurso de PEDIDO DE REVISÃO DE VALOR DE ALÇADA, dirigido ao Juiz
Presidente do Regional que terá competência para julgar referido remédio recur-
sal, que não terá efeito suspensivo.
Processa-se INAUDITA ALTERA PARS, ou seja, não tem o contraditório,
vedado qualquer oportunidade de intervenção da parte adversa do recorrente. É
de se questionar se os dispositivos da Lei nº 5.584/70 que não prevê o contraditó-
rio para essa espécie recursal foram efetivamente recepcionados pela Constituição
da República Federativa do Brasil, de 1988, que assegura no Artigo 5º, inciso LV,
o contraditório aos litigantes em processo judicial.
É recurso de retratação, porque admite a reconsideração da decisão pelo pró-
prio juiz que a proferiu.
A importância básica da fixação do valor de causa para efeito de alçada é para
determinar-se o cabimento, ou não, de recurso, visto que, quando o valor da causa
não exceder dois salários mínimos nenhum recurso caberá da decisão proferida,
salvo se versar sobre matéria constitucional.
O cabimento do recurso de Pedido de Revisão do Valor de Alçada se dá contra
o despacho que recebeu ou recusou impugnação ao valor fixado para efeito de
alçada, e não contra a fixação diretamente.
Interessante esclarecer que a regra geral de que no processo trabalhista das de-
cisões interlocutórias não cabe nenhum recurso imediatamente, é quebrada pelo
recurso ora sob análise, eis que a decisão do Juiz Presidente que mantém ou altera
o valor da causa, para efeito de alçada, tem natureza jurídica de interlocutória.

Reclamação correicional

Não tem natureza jurídica de recurso, mas é considerado um sucedâneo de


recurso, eis que visa corrigir injustiças ou ilegalidades diante de atos tumultuá-
rios do processo, seja por má condução, com subversão da ordem processual, seja
por exercício arbitrário da função judicante dentro do processo, caracterizando o
ERROR IN PROCEDENDO, sempre que inexistir recurso específico.
A Consolidação das Leis Trabalhistas prevê no Artigo 682, inciso XI, a compe-
tência do Juiz Presidente do Tribunal Regional do Trabalho de exercer a Correição
Parcial sobre as Juntas de Conciliação e Julgamento sempre que se fizer necessário,
e no Artigo 609, inciso II, a competência do Ministro Corregedor do TST de

capítulo 4 • 138
decidir as reclamações contra atos atentatórios da boa ordem processual praticados
pelos Tribunais Regionais e seus Presidentes.
Daí conclui-se que cabe:
•  Correição Parcial contra ato de Junta de Conciliação e Julgamento, cuja
competência para julgar é do Juiz Presidente do Regional.
•  Reclamação Correicional contra ato dos Juízes do Regional e seu Presidente,
cuja competência para julgar é do Ministro Corregedor do Tribunal Superior do
Trabalho.

Entretanto, o Regimento Interno da Corregedoria da Justiça do Trabalho pre-


vê, expressamente, no Artigo 13 a RECLAMAÇÃO CORREICIONAL referente
à correição parcial em autos cabível para corrigir erros, abusos e atos contrários à
boa ordem processual e que importem em atentado a fórmulas legais de processo,
quando não haja recurso ou outro meio processual específico.
Por outro lado, o Regimento Interno do Tribunal do Trabalho da 5ª Região
estabelece a RECLAMAÇÃO CORRECIONAL (e não correicional previsto no
RICGJT) em vez de Correição Parcial como na CLT.
Embora seja questão de semântica, o meio de impugnação ora sob comentá-
rio, tanto seja no Tribunal Superior, como nos Regionais, serve para o mesmo pro-
pósito, qual seja, corrigir erros e atos contrários à boa ordem processual, quando
não haja recurso ou outro meio processual específico.
No Tribunal Superior é dirigido para o Ministro Corregedor Geral, no pra-
zo de cinco dias, sendo vedado o jus postulandi das partes, sendo que a peti-
ção será subscrita por advogado, com prova do respectivo mandato, com poderes
específicos.
Não será dado efeito suspensivo, salvo se for relevante o fundamento e do ato
impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja deferida.
Não é prevista manifestação da parte contrária, mas somente a notificação da
autoridade, a que se refere a impugnação, para que se manifeste sobre o pedido,
prestando as informações que entender necessárias.
Da decisão do Ministro Corregedor Geral em Reclamação Correicional cabe
Agravo Regimental no prazo de cinco dias, para as Seções Especializadas ou Órgão
Especial do TST, conforme o caso, de acordo o § 1º do Art. 709 da CLT e o Art.
22 do Regimento Interno da Corregedoria da Justiça do Trabalho.
O Regimento Interno do Tribunal do Trabalho da 5ª Região prevê a
Reclamação Correcional dirigida ao Juiz Corregedor Regional, mas apresentada

capítulo 4 • 139
diretamente ao juiz da causa, no prazo de cinco dias, com o pagamento dos emo-
lumentos, sob pena de deserção, previsto manifestação da parte contrária, no mes-
mo prazo de cinco dias.
É possível, ao juiz da causa, a retratação e em caso de manutenção do des-
pacho objeto da reclamação, a encaminhará ao Juiz Corregedor Regional com as
informações que entender cabíveis, em autos apartados.
Compete ao Juiz Corregedor Regional decidir reclamações contra atos aten-
tatórios à boa ordem processual, praticados pelos Juízes de Primeira Instância,
quando não existir recurso específico ou não for caso de mandado de segurança,
cabendo Agravo Regimental dessa decisão.
Quando for o caso de Reclamação Correcional sobre Juízes de Direito in-
vestidos de Jurisdição Trabalhista, será processada perante o Juiz Corregedor do
Tribunal Regional do Trabalho, quanto à matéria jurídico trabalhista, e será pro-
cessada perante o Juiz Corregedor do Tribunal de Justiça, mediante solicitação
do Tribunal Regional do Trabalho, quanto à matéria disciplinar emergente da
correição.

Embargos de declaração

É cabível quando a sentença ou o acórdão contiver OBSCURIDADE ou


CONTRADIÇÃO, ou quando for OMITIDO ponto sobre o qual o juiz ou tri-
bunal devia pronunciar-se.
•  Obscuridade – foi decidido, mas não ficou claro;
•  Contradição – foi decidido, mas as proposições são conflitantes;
•  Omissão – não foi decidido o que deveria ser decidido.

A natureza jurídica dos Embargos de Declaração não é mais motivo de diver-


gência após a reforma do Código de Processo Civil em 1994, eis que, os Embargos
de Declaração são cabíveis contra sentença e acórdão.
Os Embargos de Declaração interrompem os prazos para qualquer ou-
tro recurso.
Quando da interrupção o tempo já transcorrido é desconsiderado. Após a
cessação do motivo da interrupção, a contagem do prazo recomeça, desprezando
a contagem já realizada.

capítulo 4 • 140
Na suspensão do prazo recursal, quando cessado o motivo que ensejou a sus-
pensão, a contagem é reiniciada e o tempo anterior já transcorrido, antes da sus-
pensão, é totalmente aproveitado.
Os Embargos de Declaração têm como pressuposto específico que a decisão
seja OBSCURA, CONTRADITÓRIA e/ou OMISSA.
Limita-se, a título de pressuposto, a verificação de legitimidade, representa-
ção, tempestividade e não exige preparo.
Processa-se INAUDITA ALTERA PARS, e sem opinativo do Ministério
Público do Trabalho, e a autoridade recorrida é a mesma que prolatou a decisão
embargada, sendo, portanto, recurso não devolutivo.
O prazo para sua interposição é de cinco dias e não cabe o contraditório, ou
seja, não existe previsão para a parte contrária apresentar manifestação, todavia,
o Supremo Tribunal Federal decidiu que, quando for dado efeito modificativo à
decisão embargada, devido omissão do julgado, será cabível o contraditório, aca-
tando, assim, preceito constitucional.

Recurso Adesivo

O sistema recursal trabalhista admite o recurso adesivo, que é a possibilidade


de quando ocorrer a sucumbência recíproca, a parte que não tiver recorrido no
prazo recursal, poderá utilizar-se do recurso adesivo, caso a parte contrária tenha
recorrido, no prazo recursal.
Cabe o recurso adesivo nos recursos ORDINÁRIO, DE REVISTA,
EMBARGOS e AGRAVO DE PETIÇÃO, conforme Súmula 283 do TST.
Tem como pressupostos específicos de admissibilidade a preexistência de um
recurso e a sucumbência recíproca, e se sujeita a todos os demais pressupostos
recursais, como preparo e depósito prévio.
Se o recurso principal, o preexistente, não for conhecido, seja qual for o mo-
tivo, o recurso adesivo também não o será.
O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e cabe no prazo de
8 (oito) dias, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada
com a do recurso interposto pela parte contrária.

capítulo 4 • 141
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 39ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
SARAIVA, Renato; LINHARES, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ª ed. São
Paulo: Jus Podivum, 2017.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª ed. São Paulo: LTr, 2017.

capítulo 4 • 142
5
Execução e dissídio
coletivo de trabalho
Execução e dissídio coletivo de trabalho

Neste último capítulo serão abordadas as regras gerais e especiais que regem
a execução trabalhista, em especial o fato de a CLT possuir poucos artigos sobre
a execução, razão pela qual prevê a aplicação da lei de execução fiscal que, por
sua vez, prevê a incidência do CPC de forma subsidiária, fatos que geram muitas
controvérsias. É importante destacar que os recursos trabalhistas, por terem efeito
apenas devolutivo, permitem a execução provisória, o que imprime maior celeri-
dade no trâmite processual. Estudará ainda os diferentes meios de impugnação da
execução, o momento próprio para sua apresentação e os requisitos necessários
para seu exercício. Além disso, deve conhecer os recursos cabíveis na execução.
Por fim, o aluno aprenderá a identificar as espécies de dissídios coletivos, a
sua tramitação e distinções dos dissídios individuais. É preciso ainda saber que a
Ação de Cumprimento visa apenas o cumprimento de normas coletivas, que não
há execução nos dissídios coletivos, mas sim, cumprimento.

OBJETIVOS
•  Execução Trabalhista: Regras gerais; Execução provisória e definitiva;
•  Liquidação de sentença: cálculos, arbitramento, artigos, perícia para cálculos complexos;
•  Citação do executado;
•  Penhora: bens penhoráveis e bens impenhoráveis;
•  Meios impugnativos da execução: Embargos à Execução; Impugnação à Sentença de Li-
quidação; Embargos de Terceiros; Embargos à Penhora; Exceção de pré-executividade;
•  Recursos na execução;
•  Trâmites finais da execução: venda do bem em hasta pública; arrematação; adjudicação
e remição;
•  Dissídios Coletivos. Conceito e Poder Normativo da Justiça do Trabalho; Classificação;
Competência; Partes; Requisitos da petição inicial; Conciliação; Sentença normativa; Ação
de Cumprimento.

A execução trabalhista é a fase do processo em que se impõe o cumprimento


do que foi determinado pela Justiça, o que inclui a cobrança forçada feita a de-
vedores para garantir o pagamento de direitos. A fase de execução só começa se
houver condenação ou acordo não cumprido na fase de conhecimento, em que se
discutiu ou não a existência de direitos.

capítulo 5 • 144
A execução trabalhista é considerada um dos grandes gargalos da Justiça, com
taxa de congestionamento de 70%. Em muitos casos, mesmo assinado um acordo,
algumas empresas deixam de cumpri-lo. Em outras situações, as partes divergem
quanto ao valor da dívida e apresentam uma série de recursos para contestar os
cálculos, o que atrasa a conclusão dos processos. E, mesmo depois de impedidas
de questionar os valores, algumas empresas se utilizam de artimanhas para tentar
escapar do pagamento.
Algumas simplesmente fecham as portas, dificultando a localização do de-
vedor por parte da Justiça. Quando não são encontrados bens do devedor para
o pagamento da dívida, o processo vai para um arquivo provisório. “É uma fase
intermediária entre o processo estar caminhando e ele ter terminado”, explica
o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (DF/TO)
João Amílcar Pavan, que é presidente da Comissão Nacional da Efetividade da
Execução Trabalhista. Até 2017cerca de 800 mil processos trabalhistas estão em
arquivos provisórios no Brasil22.
O processo executivo justrabalhista do ordenamento jurídico pátrio pode ser
conceituado como o meio de se efetivar a obrigação decorrente de pretensão for-
mulada judicialmente em fase de conhecimento que foi reconhecida pelo Estado
através da tutela jurisdicional formando um título executivo judicial ou decorren-
te de obrigação contida em título executivo extrajudicial.
Sabe-se que para uma obrigação ser executada ela deve ser certa (não estar
sujeita a alteração, através de um recurso ou uma revogação da decisão concedida
em sede de tutela provisória de urgência), líquida (quando há valor ou objeto in-
dividualizado) e exigível (não sujeita a termo ou condição).
As modalidades de execução são as que têm por base um título executivo
judicial e extrajudicial. Os títulos judiciais vêm definidos no art. 876 da CLT e
515 do NCPC, já os títulos executivos extrajudiciais estão previstos no art. 876 da
CLT e 784 do NCPC. Nos processos executivos de títulos judiciais a competência
para o processamento é da vara que conheceu do processo de conhecimento (art.
877-A, CLT), já nos títulos extrajudiciais a competência será da vara que teria a
competência para o caso se fosse realizado o processo de conhecimento.

22 <http://www.csjt.jus.br/noticias1/-/asset_publisher/By5C/content/reportagem-especial-entenda-
o-que-e-a-execucaotrabalhista?redirect=%2Fnoticias1%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_By5C%26p_p_
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capítulo 5 • 145
Vale abrir um parêntese para explanar que a execução pode ser provisória ou
definitiva. Ela é provisória quando o título executivo é provisório, v. G., quando
há uma sentença de procedência dos pedidos, mas sobre ela ainda não tenha se
operado a res judicata (coisa julgada), ou seja, o trânsito em julgado. Definitiva
será a execução de sentença em que já se operou o trânsito em julgado ou quando
o título for extrajudicial (Sumula nº 317 do STJ).
Quanto às responsabilidades, na execução elas podem ser sintetizadas, a priori,
em quatro espécies: (1) a do devedor principal, (2) a do sócio, (3) a do devedor
subsidiário e (4) a do grupo econômico.
O devedor principal é o tomador do serviço laboral que se vincula com o
trabalhador através do contrato de trabalho ou da prestação de serviço. Responde
como legitimado passivo em uma eventual demanda justrabalhista.
A responsabilização do sócio da empresa só é possível se houver a desconside-
ração da personalidade jurídica, nos termos do art. 28, § 5º do CDC e art. 133
do NCP que tratam, respectivamente, da teoria objetiva (menor) - em que basta a
mera comprovação da inexistência de bens da empresa para se atingir o patrimô-
nio do sócio - e do incidente de desconsideração da personalidade jurídica.
A responsabilidade do devedor subsidiário está prevista na Súmula nº 331 do
col. TST que prevê a obrigação que tem o tomador de serviço com empregado de
empresa prestadora de serviço, desde que este empregado preste serviços direta-
mente ao tomador. Se o tomador de serviço for pessoa privada, basta o mero ina-
dimplemento das obrigações trabalhistas para que o tomador seja responsabiliza-
do. Se, porém, o tomador for a Administração Pública, além do inadimplemento
deve haver conduta culposa in vigilando. Vale esclarecer que, somente haverá essa
responsabilização se o tomador for incluído no polo passivo da demanda justraba-
lhista durante a fase de conhecimento.
Por derradeiro, quanto às responsabilidades, nos termos do art. 2º § 2º da
CLT, cada empresa que faça parte de grupo econômico, mesmo que haja perso-
nalidade jurídica própria, é considerada responsável solidária com as outras que
o compõem. Neste caso, a responsabilização do devedor solidário permanecerá
independentemente de a empresa executada ser ou não incluída no polo passivo
da reclamação trabalhista na fase de conhecimento.
Após o trânsito em julgado da decisão dar-se-á início ao incidente de
Liquidação de sentença, nos casos de sentenças condenatórias e naqueles em que
a obrigação não seja líquida. Esse procedimento de liquidação pode se dar (i) por
cálculos aritméticos, (ii) por arbitramento e (iii) por artigos, podendo ser feito por
contador judicial, por perito nomeado pelo juiz ou ainda pelas partes.

capítulo 5 • 146
Realizada a liquidação, o juiz manda intimar a União para se manifestar e
ainda, se entender necessário, procede a intimação das partes. Ultrapassado o pra-
zo sem impugnação do laudo, o juiz emite decisão interlocutória homologando
o laudo.
Como na justiça do trabalho o processo não é sincrético (aquele em que a
execução é uma fase processual) após o incidente de liquidação judicial (em caso
de execução de título judicial) o devedor deve ser citado. O juiz expede o mandado
de citação, penhora e avaliação e o devedor tem três opções: pode ficar inerte; pode
realizar o pagamento da dívida; e pode nomear bens à penhora ou garantir o juízo,
caso tenha o interesse em ajuizar embargos à execução. Não realizado o pagamento
no prazo legal de 48 horas (art. 880, CLT) o oficial de justiça irá penhorar os bens
do devedor. Se, porém, houver a garantia do juízo, o devedor terá o prazo de 5 dias
para ajuizar os embargos à execução.
Caso sejam apresentados embargos à execução e, sendo-lhe concedido o efeito
suspensivo, o processo será suspenso (art. 921, II, CPC). Não havendo esse efeito
suspensivo, os procedimentos executivos serão realizados através das seguintes hi-
póteses: (1) apropriação de frutos e rendimentos, (2) arrematação ou alienação e
(3) adjudicação. Pode ainda ocorrer a remição da dívida (pagamento) dando fim
à execução. A arrematação e/ou a alienação podem dar-se por hasta pública (nas
modalidades “praça” para bens móveis e “leilão” para bens imóveis) ou por leilão
judicial (que pode ser eletrônico ou presencial).
Por derradeiro, a extinção da obrigação pode se dar pelas hipóteses do art. 924
do CPC, das quais destacamos como principal a satisfação da obrigação através do
pagamento (inciso II). O pagamento pode ocorrer à vista ou na forma parcelada
prevista nos arts. 895 e 916 do CPC.
Quando o réu é a fazenda pública, o procedimento toma outros rumos. Após
a decisão homologatória da liquidação a Fazenda poderá realizar o pagamento
através do Precatório ou da Requisição de Pequeno Valor (RPV). Esta quando
a dívida for menor que 60 salários mínimos no caso de o réu ser a União, 40
salários mínimos se o réu é Estado ou o DF e ainda 30 mínimos quando o réu
é Município. Já o regime de precatório está previsto no art. 100 da CRFB para
pagamento de dívidas com valor superior a 60 salários mínimos, ao qual se aplica
as regras de preferência aos que têm 60 anos ou mais e àqueles que têm crédito de
natureza alimentar23.

23  <https://www.passeidireto.com/arquivo/1000497/dir_processual_trabalho_analista>.

capítulo 5 • 147
Liquidação de sentença

Aspectos Gerais

Dispõe o art. 879 da CLT que sendo ilíquida a sentença exequenda, orde-
nar-se-á, previamente, a sua liquidação, que poderá ser efetivada por cálculo, por
arbitramento ou artigos. Deverá ser observado que na liquidação não se poderá
modificar os limites da coisa julgada material e nem os seus termos.
Se o cálculo for efetuado primeiramente pelo contador da Vara, se abrirá prazo
para as partes e para o INSS, para que se manifestem sobre os mesmos, no prazo
sucessivo de 10 dias. A abertura deste prazo é uma faculdade do Juiz. Isto porque,
a partir da Lei 10.035/00, deverá o setor de cálculos ou as partes, em anexo, apre-
sentar planilha discriminativa dos valores devidos a título de I.R. e INSS, parte do
empregado e do empregador, além das contribuições de terceiros.
A não impugnação aos cálculos oferecidos pelo contador do juízo importará
na aplicação da pena de preclusão, consoante termos contidos no art. 879 da CLT,
observadas as alterações determinadas pela Lei 10.035/00. A liquidação de sen-
tença, promovida na fase de acertamento, seja em sede de execução definitiva ou
provisória, tem por escopo converter o objeto da condenação em números deter-
minados, transformando a obrigação indeterminada em obrigação determinada.
A liquidação é um ato preparatório para a execução, tendo como natureza jurídica
a declaração que ali se emite sobre a certeza do limite do valor a ser executado ou
do perfil da dívida.
Assim, fixa-se o quantum debeatur por meio de liquidação de sentença. Só
após a sentença de liquidação é que o processo executório, propriamente dito, se
iniciará, a partir do mandado de citação e penhora ou só de citação, consoante
for o caso. Se na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, de imediato,
poderá se iniciar a execução com relação ao valor já conhecido, abrindo-se a fase
de acertamento com relação ao valor desconhecido.
Tal procedimento não fere a lógica cronológica dos atos processuais, já que pa-
ralelamente o processo irá transcorrer normalmente, sem prejuízo para as partes.
Isto ocorre também quando uma das obrigações da coisa julgada refere-se a uma
obrigação de fazer ou não fazer, correndo o processo simultaneamente, observan-
do-se os procedimentos já mencionados. Tal permissão encontra-se inscrita no §
2º do Art. 783 do NCPC, aplicável ao processo do trabalho. Ordinariamente a
fase de acertamento inicia-se através de ato do Juiz, que despacha para que o con-
tador ou o autor ou o perito liquide o feito.

capítulo 5 • 148
Contudo, mormente no caso de execuções provisórias, poderá o autor postu-
lar pelo início da fase de acertamento. Caso não o faça, autoriza os arts. 526 e 527
do NCPC que o réu solicite ao Juiz que determine a liquidação do feito.

Da liquidação por cálculos.

Far-se-á a liquidação por cálculos, quando a condenação abranger: juros ou


rendimentos de capital, cuja a taxa é estabelecida em lei ou contrato. Esta é a
definição contida no inciso I do art. 604 do CPC. No processo trabalhista a li-
quidação por cálculos do contador é aquela que depende apenas de simples cál-
culo aritmético.
Neste tipo de liquidação ficam já estabelecidos todos os critérios para a com-
posição dos objetos contidos na condenação, devendo simplesmente o contador,
através de operações aritméticas, liquidar os valores devidos, como por exemplo: o
juiz fixa uma média mensal de horas extras devidas, arbitra o adicional a ser apli-
cado e fixa a remuneração que deverá servir de base para os cálculos, cabendo tão
somente ao contador fixar os valores devidos através dos cálculos. O erro material,
por ventura existente, poderá ser corrigido a qualquer momento. Isto porque a
res judicata só alcança os cálculos corretos, excluindo aqueles que se encontram
materialmente apresentados de forma equivocada.
Não havendo controvérsia quanto aos cálculos apresentados pelo contador,
poderá o juiz homologá-los ou, discordando parcialmente dos mesmos, determi-
nar sua reforma, mediante sentença de liquidação provisória. Refeitos os cálculos,
novamente será concedida vista às partes e ao INSS, e, em seguida, concordando
o juiz com a reforma procedida, deverá emitir sentença homologatória sobre os
mesmos. Entretanto, a parte de apresentou impugnação aos cálculos, poderá em-
bargar à execução.

Da liquidação da sentença por arbitramento.

Mais uma vez a CLT é omissa, aplicando-se o disposto no art. 606 do CPC,
que assim dispõe: “ Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: determinada
pela sentença ou convencionada pelas partes e o exigir a natureza do objeto da
liquidação.”. Entendemos que este modo de liquidação tem como pressuposto
de legitimidade a natureza do objeto a ser liquidado e a presença de uma pessoa
com conhecimentos especializados. Neste caso, o juiz nomeará o experto, sendo

capítulo 5 • 149
admitida a presença de assistentes indicados pelas partes, as quais apresentarão os
seus quesitos, sem exclusão daqueles que o juiz houver por bem formular.
Apresentado o laudo, as partes terão prazo de 10 dias para se manifestarem
sobre o seu conteúdo. Será concedida vista ao perito sobre as impugnações ofere-
cidas, para que se manifeste em 10 dias. Prestados os devidos esclarecimentos, as
partes terão vistas sobre os mesmos, podendo se manifestar no prazo de 05 dias.
Após, o processo estará concluso para o juiz, que não se encontra vinculado
aos termos do laudo, podendo rejeitá-lo e determinar nova apuração ou impugnar
alguma parte do laudo. Ao tomar esse caminho estará lavrando uma sentença
provisória sobre a liquidação, fixando os termos de suas discordâncias e concor-
dâncias. Refeito o laudo, novamente as partes e o INSS terão vistas sobre os novos
cálculos apresentados.
Em seguida o juiz, concordando com a reforma operada, irá lavrar a sentença
de liquidação. Se aceito o laudo, integralmente pelo juiz, será lavrada a sentença de
liquidação definitiva, passível, porém, de ser reformada pelos embargos à execução.

Da liquidação da sentença por artigos

Tal forma de liquidação encontra-se inserida nos arts. 608 e 609 do CPC.
A liquidação por artigos se processa sempre quando, para determinar o valor da
condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo.
Tem-se que esta definição carrega uma imprecisão, já que entendemos que
a liquidação por artigos se dará sempre que a sentença não trouxer elementos
definidores para a elaboração dos cálculos, necessitando de uma melhor apuração
na fase de acertamento. Por exemplo, o autor postula horas extras e a sentença
reconhece este direito, mas não define a jornada, em função da prova que é con-
traditória quanto a extensão da mesma. Neste caso, o juiz determinará audiência
de liquidação, na qual as partes poderão apresentar novas provas, e, em sentença
provisória de liquidação, fixará o limite da jornada a ser observada para os cálculos
das horas extras.
Contudo, não se admite na liquidação por artigos, a prova de fatos que a
sentença não reconheceu. Caso contrário, estaria a se admitir a violação da coisa
julgada. Se for o autor que postular a liquidação por artigos, deverá declarar quais
os fatos que a justificam ou fato novo, sob pena do juiz indeferir essa forma de
procedimento, se bem que poderá suprimir essa omissão. Desta petição a parte
contrária terá vista para se manifestar no prazo de cinco dias. Após a sentença de
liquidação, o juiz poderá determinar que as partes apresentem seus cálculos, autor

capítulo 5 • 150
e réu. Se o réu omitir-se de se manifestar sobre os cálculos apresentados pela parte
adversa, o juiz poderá homologar o cálculo apresentado, podendo, entretanto, o
réu opor embargos à execução.
Todavia, se o cálculo for elaborado diretamente pelo contador da Vara e as
partes não se manifestarem sobre o mesmo, no prazo de 10 dias, estará precluso o
momento de fazê-lo em outra oportunidade.

Da correção monetária e juros de mora

A atualização monetária se fará através de tabelas emitidas pelo Setor de


Corregedoria do E. Tribunal Regional do Trabalho, aplicando-se as legislações vi-
gentes à cada época. Sobre o principal corrigido deverão ser aplicados os juros de
mora, com base em 1% por mês, da data do ajuizamento da ação até a data em
que o cálculo estiver sendo elaborado.
No caso de existência de parcelas vincendas, os juros serão regressivos, conta-
dos a partir do momento em que estas parcelas passaram a ser exigidas juridica-
mente. Contudo, implicam-se os juros de mora para as empresas, cuja a falência
foi decretada ou sob liquidação extrajudicial. Nestas hipóteses, os juros só são
computados até a data da decretação da falência ou da liquidação extrajudicial.
Observar-se-á quanto a correção monetária o Precedente 124 do SDI do C. TST.
A correção monetária deverá partir do sexto dia útil do mês subsequente ao da
prestação dos serviços.

Execução provisória

Esta se procede sempre que ainda não houver se constituído a coisa julgada
material e processual, podendo a parte interessada requerer a extração da “Carta
de “Sentença”, com a finalidade de tornar mais ágil o processo executório. Deverá
juntar todas as peças necessárias à execução e esta deverá caminhar até a garantia
integral do juízo ou mesmo julgamento dos embargos à execução e agravo de
petição, se for o caso, não importando tal modo de execução em transferência de
patrimônio do executado para o exequente ou terceiros, até que se forme a coisa
julgada material e processual.
Contudo, como no processo do trabalho é comum a existência de vários ob-
jetos na lide e que tenham sido reconhecidos em sentença e/ou acórdão regio-
nal, aqueles que não forem objeto de recurso estão alcançados pela coisa julgada

capítulo 5 • 151
material, sendo a execução promovida, neste particular, definitiva, o que garante
ao credor receber a parte incontroversa que lhe cabe, com os descontos pertinentes
ao INSS e I.R.
Todavia, se a garantia do juízo constituir-se em penhora, aí haverá impos-
sibilidade de alienação do bem, impossibilitando para o credor receber a parte
incontroversa.
A execução provisória é admitida nos seguintes casos: a) do recurso extraor-
dinário regularmente recebido (arts. 995 e 1031, § 3º do NCPC); b) do agravo
de instrumento contra despacho que denega recurso extraordinário (Art. 1042 do
NCPC); c) do recurso de revista recebido com efeito devolutivo ou do agravo de
instrumento sobre o despacho que lhe nega seguimento; d) de agravo regimental
contra despacho denegatório dos embargos opostos às decisões das turmas do
TST; e) do recurso ordinário aceito com efeito devolutivo ou do agravo de instru-
mento sobre o despacho que lhe nega seguimento. Depois do trânsito em julgado
da sentença de mérito, a execução torna-se definitiva.

Da execução definitiva

São aquelas promovidas a partir da existência da coisa julgada material e for-


mal, prosseguindo até se alcançar o objetivo da mesma, que é a satisfação do cré-
dito exequendo ou cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer.

Das obrigações de dar

A maioria das execuções trabalhistas referem-se as obrigações de dar, conforme


o estabelecido nos arts. 806,811,815 e 822 do NCPC. Não é comum no foro tra-
balhista, a execução por coisa certa. Quanto a coisa incerta, esta modalidade não
se configura dentro das hipóteses possíveis de ocorrer no processo do trabalho.
Normalmente se executa pela obrigação por dar quantia certa. Esta tem por fina-
lidade expropriar bens do devedor até a completa satisfação do direito do credor.

Das obrigações de fazer ou não fazer

A primeira é comum no processo do trabalho, mormente no caso de reintegra-


ção de empregado, constituindo-se no dever jurídico do empregador em cumprir
determinado ato, reconhecido por decisão judicial, em favor da parte contrária.

capítulo 5 • 152
Pode, entretanto, eventualmente, determinar a coisa julgada que o emprega-
dor não realize determinado ato, como por exemplo: o autor requer o reconheci-
mento judicial do seu direito de permanecer em uma das residências pertencentes
à empresa e destinadas aos seus funcionários, em função de cláusula contratual ou
normativa que lhe assegure a permanência durante certo prazo na mesma, após a
resilição do seu contrato de trabalho, por saber que a outra parte pretende entrar
com uma ação de despejo contra o mesmo, sendo o direito reconhecido.

Das execuções singulares e plúrimas

A execução singular é a execução que tem como partes, de um lado, o em-


pregado e, de outro, a empresa ou o empregador. A outra, envolvendo vários exe-
quentes e uma empresa, ou um exequente e várias empresas, qualificamos de exe-
cução plúrima. Tal cumulação encontra-se permitida pelo art. 842 da CLT.

Execução e falência

Não nos resta dúvida que juridicamente a falência enseja uma execução única
coletiva contra o sujeito passivo. Trata-se da hipótese de formação de litisconsór-
cio necessário, consoante previsão contida no §2º do art. 7º da Lei das Falências.
Segundo tal regra jurídica, é indivisível o juízo da falência e, por isso mesmo,
competente para conhecer e julgar todas as ações propostas contra a massa falida.
A vis attractiva do juízo falimentar, contudo, tendo em vista entendimento
doutrinário, não é absoluta, compreendendo tão somente as ações que a própria
Lei das Falências regula e os processos incluídos na Justiça Comum.
Assim, as ações trabalhistas continuam a ser conhecidas e julgadas pela Justiça
do Trabalho. Contudo, transitada em julgado a ação trabalhista e tendo esta natu-
reza condenatória, o crédito, a partir do momento em que é definido em sentença
de liquidação e cumprido o mandado de citação da Massa Falida, através do seu
síndico, será devidamente habilitado no Juízo Falimentar. Lá, o teor da sentença
trabalhista não poderá ser atacado, mas poderá o síndico, em nome da Massa
Falida, propor embargos à execução, nos termos do art. 884 da CLT, sem, contu-
do, precisar garantir o juízo.
No juízo falimentar, como de resto, o crédito trabalhista prefere a qualquer
outro tipo de crédito. Até porque esta preferência encontra-se prevista em Lei
Complementar – Código Tributário Nacional -, dentro do seu art. 186. Entretanto,

capítulo 5 • 153
esta preferência haverá de ser submetida ao concurso de credores, respeitando-se
o princípio da indivisibilidade da falência, não sendo possível o prosseguimento
da execução com a constrição de bens da Massa Falida pela Justiça do Trabalho.
Trata-se tal interpretação de uma aplicação mais justa do princípio da preferência
de créditos em concurso de credores, pelo qual o Juízo Falimentar haverá primeiro
de agraciar os créditos trabalhistas com o fruto da alienação dos bens da Massa
Falida, seguindo-se os créditos oriundos de tributos devidos e, assim por diante.
Mas se a penhora do bem for realizada antes da decretação da falência da exe-
cutada pelo juízo falimentar, a execução deverá prosseguir normalmente. Nesta hi-
pótese se a decretação acontecer quando os bens penhorados pela Vara já estiverem
com praça designada, mediante publicação por edital, o produto da arrematação
reverterá para a Massa Falida( § 1º do art. 24 da Lei das Falências). Mas se tal fato
acontecer após a arrematação dos bens, a massa receberá tão somente o que sobrar.
O crédito trabalhista deverá ser corrigido até o dia da sua efetiva liquidação
(art. 39 da Lei 8.177/91). Se o empregador optar por elidir a falência deverá pagar
o crédito dos seus trabalhadores corrigidos e com juros de mora(Súmula 29 do
STJ).

Execução por Prestações Sucessivas

Algumas obrigações que ficam a cargo do devedor, se resolvem com uma única
prestação. Entretanto, existem aquelas que são contínuas e que devem ser efetua-
das periodicamente, sendo, portanto, chamadas de prestações sucessivas.
Interessante mencionar que este tipo de execução encontra harmonia com o
princípio da celeridade e da simplicidade do processo trabalhista, pois possibilita
ao credor cobrar todas as prestações inadimplidas em uma só execução.
O presente assunto encontra amparo nos artigos 890, 891 e 892 da CLT.

Princípios da Execução Trabalhista

Princípios da Execução
•  Autonomia na Execução Trabalhista e Princípios Informativos
Aproveita-se para comentar que a autonomia da execução é uma questão que
não encontra uniformidade na doutrina, havendo posicionamentos diferentes, há
quem entenda ser a execução mera fase no processo do trabalho, acompanhando
dessa forma o rito do Processo Civil. A fundamentação para tal entendimento está

capítulo 5 • 154
baseada na execução se processar nos mesmos autos originários; poder ser promo-
vida de ofício e se iniciar através de notificação da intimação e não citação como
em um processo autônomo, pois para essa parte da doutrina apesar da CLT trazer
redação de citação no artigo 880, na verdade ocorre é uma intimação.
Porém o entendimento que prevalece na doutrina é que execução ocorre em
um processo autônomo, a redação artigo 880 da CLT traz de forma expressa o
termo citação, o que acaba ratificando esse entendimento. Outro argumento utili-
zado refere-se à redação do artigo 876 da CLT, que ao tratar de títulos executivos
extrajudiciais demonstram a existência de um processo autônomo, pois não have-
rá a fase de conhecimento em tais casos, como explica Saraiva.

Passa-se à análise dos Princípios:


•  Princípio da Igualdade de Tratamento entre as Partes
Saraiva explica que este é um princípio que sofre mitigação, haja vista o des-
nivelamento das partes processuais, logo nessa seara a igualdade se limita a obser-
vância da Lei.

•  Princípio da Natureza Real


Este princípio tem como fundamento a invasão do patrimônio do devedor
para satisfatividade do credor. A fundamentação para esse princípio encontra-se
esculpida nos arts. 789 e 824 do NCPC.
Nesse sentido o princípio da natureza real, recai sobre os bens do devedor e
não sobre a pessoa física deste.
Quando se estar frente à execução de uma obrigação de fazer ou não fazer,
que envolvem direito personalíssimo, deve haver o respeito à vontade do devedor,
podendo até ser convertida em perdas e danos, com reflexo na responsabilidade
patrimonial do devedor.

•  Princípio da Limitação da Expropriação.


Este princípio tem a finalidade de evitar a alienação além do necessário para
a satisfatividade do credor da obrigação. Nesse sentido se encontra ao Art. 831
do NCPC, que traz a seguinte redação: “A penhora deverá incidir em tantos bens
quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, juros, custas e hono-
rários advocatícios”.
Tem-se outros artigos que corroboram esse entendimento, tais como o Art.
899 do NCPC e o artigo 883 da CLT.

capítulo 5 • 155
•  Princípio da Utilidade do Credor.
Esse princípio tem como escopo evitar execuções infrutíferas, que não possam
trazer ao credor a satisfação de sua pretensão, ou seja, quando o patrimônio do
executado for insuficiente, essa não será realizada. Nesse sentido é a redação do
artigo 659 no seu parágrafo segundo.
Tem-se nos parágrafos 2° e 3° do artigo 40 da Lei n° 6.830/1990 a determina-
ção para arquivamento da execução, quando transcorrido um ano de suspensão do
processo, sem que tenha se encontrado o devedor ou sem que se tenha encontrado
bens destes passíveis de penhora.

•  Princípio da Não-Prejudicialidade do Devedor


Pensar nesse princípio é ter por base que, apesar da execução ser necessária,
essa deve se processar de forma menos gravosa ao devedor, frente à possibilidade
de diversas formas de satisfatividade da obrigação, devendo esta ser realizada de
forma menos onerosa ao devedor. Pode-se encontrar a fundamentação desse prin-
cípio na redação do art. 805 do NCPC.
No Processo Civil brasileiro tal princípio é conhecido como o princípio de
menor sacrifício possível ao executado, sendo que este é um princípio que decorre
da própria evolução histórica da execução, que a cada dia busca uma maior prote-
ção ao executado, como explica Câmara.

•  Princípio da Especificidade
Saraiva afirma que este princípio é encontrado na redação dos arts. 809 e 816
do NCPC, tendo o fito de possibilitar ao credor além do recebimento de perdas e
danos o valor da coisa, ou o pagamento de terceiros para a realização da obrigação
de fazer.

•  Princípio da Responsabilidade pelas Despesas Processuais


Sobre o devedor recaem as despesas processuais, assim sendo os artigos 789-A
e 789-B da CLT tratam da referida questão.
Dessa forma, o credor é responsabilizado não apenas pelo pagamento do
débito trabalhista, mas também das despesas processuais, que deverão ser pagas
ao final.

capítulo 5 • 156
•  Princípio do Não-Aviltamento do Devedor
Esse é um princípio que encontra guarita na Constituição Federal, que de-
fende a dignidade da pessoa humana, e que por consequência irradia a legislação
infraconstitucional, de forma que no art. 833 do NCPC se tem um rol de bens
impenhoráveis, para que dessa forma possa ser respeitado tal princípio.

•  Princípio da Livre Disponibilidade do Processo pelo Credor


Nesse princípio consagra-se a faculdade de desistência da execução por parte
do credor, independentemente da anuência do devedor.
Aproveitamos para ressaltar que Saraiva afirma que esse princípio encontra na
doutrina divergências, havendo quem entenda não ser possível a desistência da
execução pelo credor, quando o devedor houver oferecido embargos a execução.
Essa é uma questão interessante, haja vista, que pode haver por parte do execu-
tado o interesse de uma resposta jurisdicional acerca de fatos extintivos do direito.
•  Princípio ‘nulla executio sine titulo’
Esse princípio defende que não há o que falar em execução quando não existir
ausência de título executivo judicial ou extrajudicial.

Legitimidade na execução

Da mesma forma que no processo de conhecimento, aqui na execução, tam-


bém se tem a necessidade de perquirir a legitimidade das partes, sendo essa uma
questão relacionada à própria condição da ação.
Desnecessário nesse momento tecer comentários acerca do que seja legitimi-
dade, de forma que se adentrará diretamente na seara da legitimidade ativa e pas-
siva na execução trabalhista.
– Legitimidade Ativa
Ao tratar tal questão, a CLT define que qualquer interessado pode promover a
execução, podendo inclusive ocorrer ex ofício, pelo juiz ou Presidente do Tribunal.
Observa-se a redação do artigo 878: “A execução poderá ser promovida por
qualquer interessado, ou ex ofício pelo próprio Juiz ou Presidente ou Tribunal
competente, nos termos do artigo anterior”.
Nesse sentido, percebe-se essa especificidade dentro do Processo do Trabalho,
mas salienta-se que embora seja comum a execução ex ofício pelo magistrado,
existe uma hipótese em que isso não é possível. Refere-se à execução que depen-
da de liquidação por artigos, haja vista fixação do valor devido ao exequente é

capítulo 5 • 157
necessária a prova de fatos novos, tendo a exigência da iniciativa do credor ou dos
outros legitimados, como afirma Renato Saraiva.
Quando se fala que qualquer legitimado poderá promover a execução, leia-se
credor, devedor, Ministério Público e o rol dos elencados no artigo 567 do Código
de Processo Civil.

Títulos executivos no processo do trabalho

Título Executivo é o ato legitimador da execução retratado em documento.


Possuem categoria processual, não sendo instituto do âmbito do direito material.
São as leis processuais que estabelecem os títulos executivos, bem como ditam os
requisitos para a existência de um determinado tipo de processo e fixam condição
para a ação executiva.
O título executivo é, portanto, um ato (ou fato) jurídico a que a lei (e só ela)
atribui eficácia executiva, tornando adequada a utilização da via executiva como
forma de fazer atuar a responsabilidade patrimonial.
Os títulos executivos se dividem em dois tipos: os judiciais e os extrajudiciais:

Títulos executivos judiciais

De acordo com o art. 876 da CLT os títulos executivos “são os produzidos


pela Justiça do Trabalho após a fase de conhecimento”. São eles:
•  Sentença trabalhista transitada em julgado;
•  sentença trabalhista pendente de julgamento de recurso recebido apenas no
efeito devolutivo;
•  Acordos homologados pela Justiça do Trabalho;
•  Sentença penal condenatória, transitada em julgado.

O título executivo judicial por excelência


É a sentença condenatória transitada em julgado, que traz consigo a certeza e
a exigibilidade. Não obstante, se a sentença não estiver líquida, haverá a fase pre-
liminar de liquidação [...]. A sentença ainda pendente de recurso, recebido apenas
no efeito devolutivo, pode ser executada provisoriamente, nos termos do art.899,
da CLT.
Apenas os títulos executivos judiciais podem ser liquidados antes da execução
e podem ser executados provisoriamente.

capítulo 5 • 158
Conforme o parágrafo único do art. 831 da CLT, onde reza: ”No caso de
conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para
a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas” os acordos
homologados pela Justiça do Trabalho adquirem força executiva, pois no ato da
homologação, configura-se o trânsito em julgado.
Com a nova sistemática dos títulos executivos, e com a lei 11.232/2005, que
revogou o art. 584 do CPC, o processo civil passou a reconhecer, por força do
art. 515 do NCPC, os seguintes títulos executivos judiciais:
I. A sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação
de fazer, não fazer, entregar coisa certa ou pagar quantia;
II. A sentença penal condenatória transitada em julgado;
III. A sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua
matéria não posta em juízo;
IV. A sentença arbitral;
V. A sentença estrangeira, homologada pelo Supremo Tribunal de Justiça;
VI. O formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante,
aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.
No art. 515 do NCPC, esclarece que nos casos dos incisos II, IV e VI, o man-
dado inicial – art. 475-J – abrangerá a ordem de citação do devedor, no juízo civil,
para liquidação ou execução, de acordo com o caso.

Títulos Executivos Extrajudiciais

São títulos executivos extrajudiciais os que se formam fora do processo, e per-


mitem a instauração de processo de execução. Diferentemente dos judiciais, que
geralmente a fase executiva é desenvolvida no mesmo processo em que os títulos
tenham sido produzidos.
Portanto, conclui-se que a execução dos títulos extrajudiciais é feita por pro-
cesso autônomo, sendo iniciado com a citação do executado; e a execução dos
títulos judiciais, no mesmo processo, sendo apenas uma fase do processo de co-
nhecimento, iniciando-se com a intimação do devedor, com as seguintes exceções:
sentença penal condenatória transitada em julgado, sentença arbitral, sentença
estrangeira, formal e certidão de partilha e sentença que reconheça obrigação de
pagar em face das pessoas jurídicas de direito público. Nestes casos, o procedimen-
to é o mesmo dos títulos executivos extrajudiciais.
A EC n. 45/2004 trouxe nova redação ao art. 114 da Constituição Federal,
ampliando a competência da justiça do trabalho, bem como, passou a reconhecer

capítulo 5 • 159
três títulos executivos extrajudiciais no processo do trabalho, são eles: os termos
de compromisso de ajustamento de conduta com conteúdo obrigacional firmados
perante o Ministério Público do Trabalho; os termos de conciliação com conteúdo
obrigacional celebrados perante a Comissão de Conciliação Prévia e as certidões
de dívida ativa decorrentes de multas aplicadas aos empregadores pelos órgãos de
fiscalização do trabalho (art.114, VII da CF/88 c/c art. 784 do NCPC).

Recursos na execução

Embargos a execução

Os Embargos a Execução encontram-se fundamentado no art. 884 da CLT.


Ë uma ação do devedor, ajuizada em face do credor, no prazo e formas legais,
com o objetivo de extinguir, no todo ou em parte, a execução, desconstituindo,
ou não, o título em que esta se funda. Deve ser oferecido no prazo de cinco dias,
cabendo o mesmo prazo para o exequente propor impugnação. Os embargos tra-
balhistas são opostos mediante petição escrita, dirigida ao juiz da execução, e deve-
se observar os srt. 319 do NCPC e o art. 840 1° da CLT.
Os embargos têm como objetivo, trazer a matéria objeto das impugnações,
durante a fase de liquidação, e que não foi considerada pelo juiz, forçando, assim,
uma nova sentença, que poderá ser recorrida por meio do Agravo de Petição,
devolvendo a matéria impugnada, ao Tribunal ad quem. Referente à natureza
jurídica dos embargos pode ser considerado como uma ação autônoma e não
um recurso.
Os embargos à execução sempre serão recebidos no efeito suspensivo.
O pressuposto essencial para a admissibilidade dos embargos a execução é
o fato da matéria já ter sido objeto de impugnação, salvo a Fazenda Pública que
conforme o art. 534 do NCPC esta é dispensada de cumprir esse requisito.
A jurisprudência dominante entende incabível impugnar-se, através de
Embargos à Execução, os valores fixados na condenação, se o Embargante não se
manifestou tempestivamente sobre o cálculo do contador, ou mesmo, se não tiver
sido matéria atacada na fase de conhecimento.
Existem entendimentos contrários em que os doutrinadores entendem não
ser possível que a formalidade processual se sobreponha à coisa julgada material.
Estando equivocados os cálculos de liquidação - erro material -, e não ten-
do sido impugnado tempestivamente, ou tendo sido indeferida a manifestação,
por genérica, ainda haverá a oportunidade de manifestar a inconformidade,

capítulo 5 • 160
após a homologação, através de embargos à execução, apesar de ser entendimen-
to minoritário.
Conforme o art. 884, §1° da CLT nos embargos a execução a matéria de de-
fesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação
ou prescrição da dívida, ou seja, não há possibilidade de se discutir matérias já
decididas no processo de conhecimento, apenas existe a possibilidade de alegar
matéria superveniente a sentença. Existe ainda a prerrogativa de alegar a nulida-
de da sentença, por falta ou nulidade da citação, se a ação tiver corrido à revelia
do executado.
Faz-se necessário lembrar que o juiz julgará na mesma sentença o embargo
proposto pelo executado como a impugnação proposta pelo exequente, impugna-
ção esta, referente ao embargo. A competência para esse julgamento é a mesma da
execução trabalhista.
Dessa decisão que dará provimento ou não ao embargo de execução cabe agra-
vo de petição para o Tribunal Regional do Trabalho no prazo de oito dias.
Os embargos não serão recebidos se propostos fora do prazo legal e se a maté-
ria de defesa versar sobre pontos já decididos.

Agravo de petição

É cabível na fase de execução visando combater decisão de força definitiva


que ocorrem nas sentenças de embargos à penhora, à adjudicação, por exemplo, e
ainda pode decidir os artigos de liquidação.
Entretanto o agravante deve delimitar as matérias e os valores impugnados
segundo trata o artigo 897, em seu parágrafo primeiro da CLT.
O prazo de interposição é de oito dias possuindo efeito suspensivo, salvo nos
casos em que a matéria discutida englobar todas as parcelas deferidas no processo.

Embargos de terceiro

Com relação aos embargos de terceiro existe omissão por parte da CLT, como
solução aplica-se subsidiariamente o CPC, com as devidas adequações. Como
principal objetivo os embargos de terceiros vem assegurar a proteção da posse ou
da propriedade de quem, não sendo parte no ato processual, sofre na posse de seus
bens em decorrência de atos de apreensão judicial o esbulho ou turbação, pela
penhora, o depósito, o arresto, o sequestro, a alienação judicial.

capítulo 5 • 161
Através dos embargos de terceiro o embargante visa a manter ou restituir a
posse do bem que indevidamente encontra-se sob o poder da justiça, aplica-se o
que dispõe o art. 674 do NCPC a fim de garantir a posse no bem que venha a
sofrer esbulho ou turbação ou mesmo fazer retornar sua posse ao seu proprietário
aquele bem objeto de apreensão judicial.
Os embargos de terceiro podem ser ajuizados incidentalmente tanto no pro-
cesso de conhecimento como quanto no de execução.
Os embargos de terceiros no processo de conhecimento tem lugar enquanto
não transitar em julgado a sentença ou o acórdão, no processo de execução a ação
pode ser ajuizada até cinco dias após a arrematação, adjudicação ou remissão, mas
sempre antes da respectiva carta, conforme preceitua o art. 675 do NCPC.
A causa dos embargos de terceiro é retirar dos bens de terceiro da constrição
indevida perpetrada pelo Estado (Juiz), e por envolver em seu bojo a tutela posses-
sória, poder-se também inserir ao seu conceito a característica interdital, tem ainda
como característica nos embargos de terceiro é a sua natureza mandamental, pois a
eficácia do provimento judicial tem como escopo a determinação da manutenção
ou reintegração da posse do bem constrito, retirando-o da esfera do processo.
Segundo a lei o conceito de terceiro embargante refere-se a aquele não figure
no processo como parte, vem a ele defender seus bens em função do seu título de
propriedade, ou em razão da qualidade da sua posse, não podem sofrer a indevida
constrição judicial.
Nos embargos de terceiros estes são distribuídos por dependência aos autos do
processo, onde se deu a origem ao ato de constrição, já ao contrário dos embargos
do devedor estes devem ser processados em autos apartados.
A doutrina divide-se em relação a competência quando a execução é feita para
a precatória, dividindo-se correte a favor do juízo deprecante e outra a favor do
juízo deprecado.
Objetivando nortear essa discussão o TST editou a súmula 419, pacificando o
entendimento de que na execução, “por carta precatória, os embargos de terceiro
serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência
para julgá-lo é do juízo deprecante, salvo se versarem, unicamente, sobre vícios ou
irregularidades da penhora, avaliação ou alienação dos bens praticados pelo juízo
deprecado, em que competência será deste último.
Na inicial dos embargos de terceiro devem obedecer aos gerais contidos no
art. 319 do NCPC.

capítulo 5 • 162
Visto a singularidade e autonomia, a ação de embargos de Terceiro, possui
causa pedir diferente da ação principal, o legislador processual deu um tratamento
específico na medida em que o retirou da esfera do procedimento comum ordiná-
rio e o colocou no livro dos procedimentos especiais do CPC.
O prazo para o embargado oferecer sua resposta será de 10 dias contados da
intimação, observando o que preceitua o art.915 do NCPC:
Não sendo contestado o pedido, presumir-se-ão aceitos pelo requerido, como
verdadeiros, os fatos alegados pelo requerente (arts. 334 e 344 do NCPC); caso
em que o juiz decidirá dentro em cinco dias.
Havendo nova audiência, no caso em que o embargado ofereceu resposta e
resistência aos embargos, o embargante não está obrigado a apresentação de rol de
testemunhas, mas sendo estes oferecidos no processo de execução faculta às partes
a apresentação de testemunhas.
No caso de convencido o juiz da prova, poderá acolher liminarmente os em-
bargos de terceiro, expedindo mandado de manutenção da posse ou a restituição
ao embargante. Fincando o embargante neste caso no calção do bem até que se
julgue o mérito definitivo dos embargos.
Feita a instrução, ou se esta for desnecessária, o juiz proferirá sentença, jul-
gando procedente ou improcedente o pedido da ação de embargos de terceiro24.

Prescrição e prescrição intercorrente

A prescrição é prevista pelo sistema jurídico brasileiro por uma razão bem
simples: somos obrigados a conviver com um fato natural, por vezes indesejado,
mas, contudo, impossível de se evitar e que afeta a todos nós, qual seja, o trans-
curso do tempo.
Desta forma, não praticado o ato em um determinado espaço temporal, per-
de-se o direito de acionar e/ou movimentar o Poder Judiciário diante do transcur-
so do prazo previsto em lei. É o fenômeno jurídico da prescrição.
Coube assim ao direito e à ciência do direito, através de enunciados legais e
normas jurídicas deles extraídas, delimitar um espaço razoável de tempo em que
as relações jurídicas devem ser extintas ante o decurso do prazo previsto pelo or-
denamento jurídico.
O objetivo maior é evitar que os conflitos se eternizem, prestigiar a segu-
rança jurídica e garantir a estabilidade das relações sociais, impossibilitando a

24  <http://webartigos.com/artigos/execucao-trabalhista/99087>.

capítulo 5 • 163
imprescritibilidade dos direitos subjetivos que decorrem das mais variadas relações
surgidas no contexto social e a insegurança jurídica que decorreria de tal situação.
A prescrição intercorrente é aquela ocorrida durante o curso de um processo
de execução, em que a inércia do credor poderá acarretar na decretação judicial da
ocorrência da prescrição intercorrente e na extinção da ação executiva.
Deve ser extinta execução trabalhista paralisada por mais de cinco anos.
A Lei Federal nº 11.051, de 2004, acrescentou ao artigo 40 da Lei Federal nº
6.830, de 1980, a Lei de Execuções Fiscais, o seu parágrafo quarto que prevê a
ocorrência da prescrição intercorrente "se da decisão que ordenar o arquivamento
tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública,
poderá de ofício reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato".
A partir daí, pelo menos quanto aos créditos tributários, não restaram mais
dúvidas sobre a possibilidade de se extinguir a execução fiscal quando o processo
executivo ficar paralisado por mais de cinco anos.
Contudo, na seara da Justiça do Trabalho, com fundamento na Súmula nº
114 do Tribunal Superior do Trabalho, o entendimento que vinha sendo reite-
radamente aplicado pelos juízos de primeira e segunda instância trabalhistas era
mesmo pela inaplicabilidade da prescrição intercorrente na execução trabalhista.
Deve-se aplicar subsidiariamente à execução trabalhista o que determina o
artigo 7º, XXIX, da Constituição Federal, que consagra o prazo prescricional de
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais cobrarem seus créditos trabalhis-
tas, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho e também o
próprio artigo 40, parágrafo 4º, da Lei Federal nº 6.830, de 1980.
Desta forma, a prescrição intercorrente é aplicada a execução trabalhista, pois
se na fase de conhecimento houver inércia do reclamante o juiz extinguirá a rela-
ção jurídica do processo sem resolução do mérito, porém nesta fase não há prescri-
ção intercorrente, sendo certo que, apenas será aplicada no processo de execução,
ou seja, após o trânsito em julgado.
Ainda, o artigo 884, 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) deixa
claro que em sede de embargos à execução a matéria de defesa será restrita às alega-
ções de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou, inclusive, da própria
prescrição do crédito trabalhista.
Não se pode deixar de expor que a própria redação da Súmula nº 114 do TST
teve como fonte a anterior redação do artigo 40 da Lei de Execuções Fiscais, sen-
do que esta redação foi modificada pela Lei Federal nº 11.051, de 2004, que lhe
acrescentou o parágrafo 4º, anteriormente trazido.

capítulo 5 • 164
Como se não bastasse, o próprio Supremo Tribunal Federal prestigiou este
entendimento ao consolidá-lo na Súmula nº 327.

Dissídio coletivo de trabalho

São ações ajuizadas pelos sindicatos, federações ou confederações e em algu-


mas hipóteses, pelos representantes dos próprios empregados, com o interesse de
defender seus filiados. A primeira etapa do processo é feita uma audiência de con-
ciliação e instrução. No qual busca o Poder Judiciário resolver o conflito de forma
amigável, sem novos conflitos, através da conciliação, pondo um fim no caso.
Caso não haja acordo, o Juiz passara para fase de instrução, no qual ira interrogar
as partes e fim de saber maiores informações para julgamento da matéria.
Essa ação é chamada de dissídio coletivo e será o último meio e recurso uti-
lizado para resolver conflitos entre os sindicatos, é nesse momento que o Estado
terá de intervir para solução total do impasse. O estado juiz, terceiro na relação
jurídica trabalhista, criará direitos aos trabalhadores por meio da decisão judicial
no Dissídio Coletivo.
– A doutrina classifica os dissídios coletivos em:
Dissídio Coletivo Econômico ou de Interesse: Não havendo negociação cole-
tiva, não chegando às partes a um consenso comum sobre acordo ou convenção
coletiva de trabalho, existe a possibilidade de o conflito ser solucionado por meio
da arbitragem estatal, no qual é chamada de dissídio coletivo econômico ou de
interesse. Previsão legal na Constituição Federal de 88:
Art. 114: Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
§ 1º. Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
§ 2º. Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é
facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômi-
ca, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas
legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.
Esse tipo de dissídio coletivo, os empregados buscam e reivindicam melhores
condições de trabalho, sobretudo à melhoria salarial. A natureza jurídica do dissí-
dio coletivo econômico é de ação constitutiva, pois ela tem como objetivo, criar,
alterar ou extinguir uma relação jurídica.
Nela não se objetiva uma condenação, e o interesse em jogo é abstrato e não
concreto, decorrendo daí o fato de não haver confissão quando ausente o réu à
audiência de conciliação.

capítulo 5 • 165
Pois se trata de ação trabalhista, apresenta condições de ação a ser atendidas,
sob as penas de extinção do feito, sem julgamento do mérito, ante a disposição do
art. 485 do NCPC.
– O dissídio coletivo de natureza jurídica, como toda ação, pressupõe a exis-
tência de um processo. Para a formação regular deste necessário analisar o conflito
coletivo sob o prisma dos pressupostos processuais e das condições da ação. Os
dissídios jurídicos visam a interpretação de uma norma preexistente, sendo ela le-
gal, costumeira ou oriunda de acordo, convenção ou dissídio coletivo. Tem como
objetivo a criação ou alteração de normas jurídicas, mas tão somente declarar o
sentido, a aplicação ou a interpretação de uma norma já existente.
DA COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR UM DISSÍDIO
COLETIVO: A competência para processar, conciliar e julgar os dissídios cole-
tivos é dos Tribunais, sendo compreendidos os Tribunais Regionais do Trabalho
(TRT), por sua Seção Especializada, nos conflitos que envolvam partes com atua-
ção limitada à sua base territorial. E a competência será do Tribunal Superior
do Trabalho (TST), quando a demanda extrapolar a jurisdição de um Tribunal
Regional. Artigo 866 da CLT:
Art. 866 - Quando o dissídio ocorrer fora da sede do Tribunal, poderá o presidente,
se julgar conveniente, delegar à autoridade local as atribuições de que tratam os arts.
860 e 862. Nesse caso, não havendo conciliação, a autoridade delegada encaminhará
o processo ao Tribunal, fazendo exposição circunstanciada dos fatos e indicando a so-
lução que lhe parecer conveniente.
O papel do Ministério Público está na Lei Complementar 75/93, em seu
artigo 83 e inciso IX, estabelece que, ao Ministério Público do Trabalho, compete
promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da
paralisação de serviços de qualquer natureza.
Art. 83. Compete ao Ministério Público do Trabalho o exercício das seguintes
atribuições junto aos órgãos da Justiça do Trabalho:
IX - promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da
paralisação de serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos proces-
sos, manifestando sua concordância ou discordância, em eventuais acordos firmados
antes da homologação, resguardado o direito de recorrer em caso de violação à lei e à
Constituição Federal.
→ Dissídios originários acorrem quando inexistem normas coletivas ante-
riores que tratem a respeito das questões a serem debatidas em juízo.

capítulo 5 • 166
Quando inexistentes ou em vigor normas e condições especiais de traba-
lho, com a criação de condições especiais de trabalho, conforme o art. 867 da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
→ Os dissídios de revisão ou revisionais são destinados a reformular ou
reconsiderar decisões proferidas sobre condições de trabalho, desde que haja, no
mínimo, um ano de vigência da aplicação daquela sentença. As circunstâncias fáti-
cas se modificaram e aquelas condições não mais atendem aos interesses da classe.
→ De extensão, quando a Justiça visa estender as condições de trabalho a
outros trabalhadores (art. 868 a 871 da CLT).
→ Dissídio coletivo de greve, ocorrendo a paralisação, o Tribunal do
Trabalho declara se a paralisação é abusiva ou não. Sendo abusiva, o empregador
tem o poder de dispensar o grevista por justa causa.
Tem legitimidade para instauração desse dissídio o empregador, o sindicato
patronal e o sindicato de empregados. O presidente do Tribunal e o Ministério
Público do Trabalho têm legitimação, conforme previsão do art. 856 da CLT, e o
Parquet ainda tem legitimidade para a instauração de instância em caso de greve
em atividades essenciais em que esteja envolvido interesse da coletividade

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 39ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017
SARAIVA, Renato; LINHARES, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ª ed. São
Paulo: Jus Podivum, 2017.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª ed. São Paulo: LTr, 2017.

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ANOTAÇÕES

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