Você está na página 1de 15

Linhagens intelectuais – identidade latino-americana e o nacional

desenvolvimentismo
Vera Alves Cepêda*

Propondo uma questão


O tema da identidade latino-americana persiste no debate intelectual e político há
pelo menos dois séculos, desde seu surgimento quando dos desafios impostos pela tarefa
de construção dos Estados Nacionais. No entanto, este impulso inicial e necessário, como
parte do projeto político de ruptura com os nexos coloniais, sofreu alterações significativas
no acelerado processo de modernização dos países desse continente ao longo do século
XX. Embora de duração extensa, manteve constante, porém, a presença de alguns
elementos persistentes como o tema da formação e o projeto de futuro orbitando à volta
da ideia de progresso. Vários são os estudos que se orientaram por descortinar um fio
condutor que permitisse iluminar a condição latino-americana (no campo dos valores,
racionalidade ou das linhagens intelectuais) e que, sem elidir a caracterização de fases ou
momentos particulares, pudesse reter o substrato da trajetória histórica de um continente
que comungou a experiência periférica, tardo-capitalista e colonial.
Em termos de uma leitura global sobre a cronologia e as características específicas
de uma cultura e sociabilidade latino-americanas pode-se citar a História da América
Latina, organizada por Leslie Bethell, a extensa pesquisa historiográfica de Leopoldo Zea,
Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr; na área de pensamento e filosofia os
trabalhos de José Gaos, Francisco Romero e Richard Morse; as análises sociológicas de
José Medina Echavarría, de Gino Germani e Florestan Fernandes; os estudos
econômicos de vertente cepalina (tanto na fase de Prebisch e Furtado, quanto na
posterior da teoria da dependência) 1; e de inúmeros outros pesquisadores e instituições
que se multiplicaram desde a original preocupação de Simon Bolívar, Domingo Faustino
Sarmiento, Juan Bautista Alberdi, Joaquim Nabuco, Sílvio Romero, entre tantas outras
referências importantes.
Dentro desse grande ambiente temático, extenso tanto na cronologia quanto nas
interpretações, o ponto de partida deste trabalho define-se pela filiação ao campo dos
estudos que reconhecem uma similitude cultural (como lógica, ethos e ratio social) no
amplexo latino americano – quer em termos sincrônicos, quer em termos diacrônicos.
* Doutora em Ciência Política, docente da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
1 E que gerou, subsequentemente, trabalhos de recuperação da própria história dessa instituição e de
pesquisadores a ela associados. Cf. 50 anos da Cepal (2000) organizado por Ricardo Bielschowsky;
Teoria do Subdesenvolvimento da Cepal (1981), de Octávio Rodrigues; Cf. também Rául Prebisch: a
construção da América Latina e do Terceiro Mundo (2011), de Edgar J. Dosman e Celso Furtado: um
retrato intelectual (2005), de Carlos Mallorquin.
Lepenies, em Las tres culturas (1994), apresentou os modelos anglo-saxão, francês e
alemão como base de racionalidade empírica, pragmática, holística e/ou orgânica do
moderno mundo ocidental, configurando seus tipos-ideiais. Esta tese concebe mais de
uma “modernidade”, fortalecendo a interrogação historicista das múltiplas vias da lógica
cultural moderna e, de outro lado, nos lega como inquietação os processos através dos
quais se formaram esses complexos mentais sociais paradigmáticos e também como eles
se espalharam e foram absorvidos. A exemplo da obra de Lepenies, este artigo procura
refletir sobre o lugar particular da cultura latino-americana nessa taxionomia, aproximando
as interpretações feitas sobre as experiências latino-americanas com alguns dos tipos
apresentados em Las tres culturas.
Na primeira direção, do contato, são vários os argumentos que sustentam a filiação
(mesmo que modificada), perfazendo alguns momentos particulares como a fase da
herança colonial direta, a fase de circulação e recepção dos pressupostos liberais,
positivistas ou iluministas no entorno do século XIX, e a fase da influência da cultura
organicista, planificadora e centralizadora no século XX. Na fase colonial o transplante
direto de instituições - incluindo aqui as formas materiais de produção e a organização da
vida pública e social - é um fato. Mas é fato também que a simbiose com o meio local ou a
posterior mescla que se forma no desenrolar da ocupação colonial produziria uma fórmula
distinta do modelo original português ou espanhol. Na segunda fase, conectaram-se as
concepções filosóficas e políticas geradas pelas revoluções burguesas na Europa com a
emergência dos movimentos de independência das colônias. A terceira fase trata da
recepção de teses mais holísticas e organicistas – quer sejam as contribuições pelo
ângulo do planejamento racional (que pode incluir matrizes democráticas como em
Keynes e Mannheim), quer pelo ângulo do corporativismo societal (vide, no exemplo
brasileiro, o sentido “coletivista” do tenentismo, o estatismo-orgânico de Oliveira Vianna, a
tendência ao autoritarismo instrumental ou a boa aceitação das teses do protecionismo
nas décadas de 1930/1940).
A interação com matrizes exógenas faz parte da tradição cultural e política
latino-americana e talvez esta seja uma das chaves explicativas para a angústia sobre a
autenticidade e a pergunta sobre o caráter nacional. Diante das particularidades do local,
dos diversos movimentos de translado, contato, recepção e disputa de cânones
internacionais, como separar o genuíno da cópia? Assim, a questão das formas
intelectuais e as instituições liberais, especialmente no entorno do século XIX, foram
associadas criticamente ao mimetismo e, entendidas como “ideias fora de lugar”, como
deletéria oposição entre “real e legal”. No século XX, o boom do tema do atraso e do
subdesenvolvimento, especialmente pela necessidade posta da ação estatal,
identificaram nexos entre o modelo de modernização de muitos países desse continente
(Brasil em especial) e a experiência prussiana, destacando a influência de produções
tardias e periféricas europeias 2. Assim, no balanço entre o ajuste e pertinência do
pensamento liberal ou a inclinação estatista podemos perceber a sombra dos tipos ideais
descritos por Lepenies. Mas, na América, eles foram recepcionados, rotacionados ou
produziram (de maneira simbiótica ou por negação) um tipo diferenciado – talvez uma
quarta cultura?
Apesar da provocação de pensar uma quarta ratio, não é objetivo deste artigo
comparar a cultura latino-americana com as demais. O objetivo é mais singelo e adstrito
ao movimento e momentos assumidos pela questão da “identidade nacional” no contexto
latino-americano a partir de sua própria produção intelectual (particularmente a
experiência brasileira). A argumentação surge ancorada no reconhecimento de uma
trajetória particular. Um segundo aspecto importante é a utilização do método de estudo
baseado em famílias ou linhagens intelectuais, ferramenta heurística que aposta na
formação de um arco e agenda de temas centrais, capazes de organizar (posicionando ou
re-posicionando na linha do tempo) o debate intelectual em torno de lógicas estruturantes
(BRANDÃO, 2007). As famílias intelectuais habitam o pensamento social e político, mas a
importância de sua análise funcional assenta no reconhecimento de seu “caráter
reflexivo”: como laboração e elaboração no campo das ideias socialmente produzidas e
socialmente recebidas, e como capacidade de reorientar o campo ideacional, sendo parte
ativa da luta política3. Minha hipótese é indicar a experiência do
nacional-desenvolvimentismo como pertencendo a essa extensa trajetória de busca e
construção da identidade nacional, mas tendo uma capacidade explicativa e uma potência
hegemônica impar. Desta forma, apresento o desenvolvimentismo (incluindo aqui uma
distinção necessária entre teoria do subdesenvolvimento e projeto político do
nacional-desenvolvimentismo) como um arranjo específico do pensamento

2 Como a tipologia da linhagem “orgânica” criada por Oliveira Vianna em O idealismo da Constituição
(1927; 1939) e reafirmada em Instituições Políticas Brasileiras (1949). como a vertente de List e do
romeno Manoilescu na formação do corporativismo ou tendência ao centralismo estatal.
3 O termo linhagem, estilos de pensamento ou família intelectual expressa uma tese particular em que
são associadas uma tendência explicativa (ontologia social) e um grupo de interpretações. A dimensão
ontológica é que dá estabilidade ao tema das linhagens e Brandão (2007) apresentou algumas como
base da análise do pensamento político brasileiro. As duas primeiras, que se opõem na relação Estado e
Sociedade: linhagem do idealismo constitucional (sociedade forte/Estado fraco – no ser ou no dever ser)
e o idealismo orgânico (sociedade fraca/Estado forte); e as duas últimas, o pensamento radical de
classe média e o marxismo de matriz comunista, ambas mais afeitas aos problemas enfrentados nessa
mesma relação sociedade/Estado no ambiente de modernização mais avançada (onde entraria a
dimensão Mercado nessa equação).
latino-americano (I)4, o investigo como expressão alinhada à linhagem intelectual do
idealismo orgânico (II) e como sua mais elaborada síntese conceitual (III).

Emancipação colonial e o lugar político da identidade nacional


Como inicialmente apontado, a questão da existência de uma identidade coletiva
que sintetizasse ou exprimisse a condição de latino-americanidade foi central e esteve
presente em mais de um momento da vida intelectual e política deste continente. Desde a
proposição seminal de Bolívar em 1819, em seu clássico discurso de Angostura - “no
somos europeos, no somos indios, sino una especie media entre los aborígenes y los
españoles” - imprimiu-se na dimensão política o problema-chave de identificar as
condições culturais específicas deste grupo de países, com trajetória colonial similar,
como parte do dilema da construção do Estado-Nação.
A emancipação e o momento da independência do jugo metropolitano forçou a
problematização do tema da identidade nacional- base do nexo entre território, povo e
instituições soberanas e autodeterminadas. Conforme assinalou José Marti em Nuestra
América (1891) “o bom governante na América não é aquele que sabe como se governa o
alemão ou o francês, mas sim aquele que sabe de quais elementos está constituído seu
país” e como guiá-lo com “métodos e instituições nascidas do próprio país”. O governo
deve nascer do país”. Não é a toa, portanto, que a literatura política e o pensamento
social do século XIX tenha orbitado em torno desta questão, acrescentando-lhe, porém,
uma configuração inédita na trajetória de constituição dos estados nacionais modernos: o
problema da herança colonial. O que o século XIX descortinava era o apartamento das
estruturas coloniais e, nesse contexto de mudança e de crise, a reflexão sobre a
identidade é impulsionada5, acentuando a importância da análise da trajetória e da
formação histórica do continente, apropriada como conhecimento e consciência
autônoma: nem o livro europeu, nem o livro ianque davam a chave do enigma
hispano-americano (MARTI, op. cit.).
O ponto de partida para entender o lugar e a importância política do binômio
identidade-nacionalismo é o ambiente intelectual e político que se forja, desde o contexto
da Independência dos países latino-americanos, pautado em uma relação de tensão com

4 Creio que há outra importante (e concorrente) expressão presente nas formas intelectuais
latino-americanas: a filosofia da Teologia da Libertação. Não me aventurei em tecer associações no
campo estético e literário, como o faz, por exemplo, Richard Morse. Permaneço no ambiente das
reflexões intelectuais que procuram o tema da interpretação e da intervenção social através de
ferramentas políticas diretas.
5 O tema da identidade torna-se fundamental quando há um deslocamento social e político profundo - no
“momento em que algo que se supõe fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da dúvida e
da incerteza” (Mercer apud Hall, 2006).
o passado e com o externo e em busca do autêntico. A colonização, feito atrelado à
Expansão Ultramarina e às demandas do mercantilismo, colocou em contacto duas
dinâmicas civilizatórias muito distintas, uma autóctone (não capitalista) e outra de
dominação/ocupação (em transição forte para o capitalismo e suas formas sociais),
legando um conjunto de condicionantes importantes para a posterior configuração de sua
modernização (entendida como processo de geração de uma sociedade de tipo
urbano-industrial, baseada no trabalho livre-assalariado, no ethos racional legal e na
moldura do Estado sub leges). Um dos temas, e talvez o mais rapidamente percebido
nesse contexto, versa sobre a relação diretamente estabelecida entre identidade nacional
(povo) e soberania política. Às citações de Bolívar e de Marti poderiam somar-se
inúmeras outras, orbitando no entorno do período de independência ou no momento de
passagem para a República6, que sublinhavam a condição de mosaico étnico-cultural e
que o colocavam como item fundamental a ser levado em conta na construção do Estado
Moderno nessa região (geralmente percebido como obstáculo e como legado da
ocupação metropolitana).
Desde Colombo e Cabral mesclaram-se no continente latino-americano vários tipos
humanos - espanhóis, portugueses, indígenas, negros escravizados e posteriormente as
distintas levas de imigrantes europeus (e alguns asiáticos) – cobrindo um leque de mais
de quatro séculos de caleidoscópio e miscigenação cultural em que o corpo social possui
“cabeça branca, corpo mestiço de índio e de crioulo”7. Ressalto aqui duas implicações
importantes deste mosaico cultural, capturadas na exigência de definição da
“nacionalidade” desde a fase da independência (e premida por ela). A primeira é de que a
nacionalidade latino-americana, ou de cada país em particular, não era um dado pronto e
acabado que ali antecedeu a formação do Estado Nação. A inquietação sobre o tipo
humano-base no delineamento do povo e da nação (como um cimento que conectaria o
papel, a função e o destino dos indivíduos a um grupo social coletivo) promoveria uma
forma muito distinta do caminho percorrido pelos modelos de Estados Nacionais em voga
no século XIX. Aqui a própria formação da identidade seria um movimento coetâneo e,
quiçá, posterior ao pacto social fundador do Estado, sendo uma segunda e importante
implicação.
É pertinente destacar que a construção dos Estados Nação Modernos ocorreu por
6 No continente este movimento não foi homogêneo. O caso do Brasil seria exponencial: a independência
não logrou a promoção de instituições republicanas. Entre uma fase e outra decorre mais de seis
décadas de distanciamento.
7 Cf. Marti, op cit. Ou, em outras nações, adicionando o negro, outras nacionalidades europeias, etc. (e
em vários desses sub-grupos, a homogeneidade também não é real, contemplando a multitude de
línguas, costumes, tradições e origem - tanto na vasta heterogeneidade da população autóctone quanto
da população africana e na mescla europeia da imigração do século XX).
mais de uma via, ou por mais de uma maneira 8, abstratamente passíveis de serem
aglutinados em duas grandes trajetórias: o modelo de Revolução Burguesa e a trajetória
da Modernização Planejada. A primeira está associada ao percurso de sociedades que
começaram por transformaram-se estruturalmente para depois transformarem as
instituições a seu favor. Neste modelo, a energia originária está na sociedade e que,
mesmo diante da brutal tensão gerada pela transição do Ancién Regime, é facilitada pela
presença de sujeitos sociais bastante definidos (e, portanto, capazes de criação de novos
valores, lógicas sociais e demandas pela consecução de seus interesses através de um
novo pacto social). A síntese política deste modelo seria a de um vetor apontado “da
sociedade para o Estado”. A segunda, é bastante diversa, calcada na fragilidade da
sociedade (em especial do aspecto econômico e na configuração social) e acionando a
vontade política e a ação do Estado para promoção da maturação das condições básicas
de emergência dos atores sociais plenos. Sua síntese política seria a de um vetor
apontado “do Estado para a sociedade”. No caso específico da América Latina este
movimento de hipertrofia do Estado (ou de suas ramificações) ocorreu mais de uma vez,
diferentemente, por exemplo, da experiência prussiana alemã (entendida como paradigma
desta via, concentrada no momento do século XIX): a primeira seria caracterizada pela
construção das instituições coloniais (de fora para dentro); e a segunda estaria atrelada à
ação de um Estado forte, substituto e protetor de uma sociedade hipossuficiente que
precisa ainda ser acabada (por dentro e para dentro).
Assim, a América Latina teria, por sua especificidade colonial (além da situação
periférica), que viver a situação de “mudança orientada” mais de uma vez, difundindo um
pressuposto ideológico profundamente enraizado na mentalidade social de “construção
social pelo alto”. Este pendão aparece capturado no idealismo orgânico, originalmente
postulado no momento da independência e novamente acionado com força no período
nacional desenvolvimentista. Esta linhagem, ressignificada em cada momento diante das
condições históricas específicas (momento colonial versus industrialização travada), tem
uma gramática única, já enraizada no debate intelectual e político latino-americano,
mudando apenas a natureza do problema (mas mantendo intacto o modelo de sua
resolução). Comum é, também, o debate político da nação como construção e seus
dilemas diante do peso do atraso.

8 Sobre as vias ou trajetórias de modernização ver Barrington-Moore em Origens Sociais da Ditadura e


da Democracia (1975), Charles Tilly em Coerção, capital e a construção dos Estados Europeus (1996),
Sônia Draibe em Rumos e Metamorfoses (1975), Florestan Fernandes em A Revolução Burguesa no
Brasil (1987) e Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto em Dependência e Desenvolvimento na
América Latina (1969).
Povo e sujeitos políticos na construção do Estado Nacional
Os próceres da independência latino-americana, Simon Bolívar e José Marti,
acentuaram três problemas já apontados neste artigo: a mescla étnico-racial e de
diferentes culturas como formação de um povo-compósito; a diferença entre a cultura da
Metrópole e a cultura gestada nas Colônias; e a situação paradoxal da ruptura com a
dominação colonial e da indefinição dos instrumentos internos necessários para a
construção da autonomia política. O ponto inicial desta tensão é a dúvida sobre as
condições próprias da nacionalidade, da economia, dos valores e das instituições que
pertençam, de fato, às jovens nações independentes. A mesma discussão ocorreu no
Brasil em outro contexto (já que o Brasil é caracterizado por uma modernização em dois
tempos – Independência em 1822 e Proclamação da República em 1889), perpassando a
obra de Joaquim Nabuco, Varnhagen, Sílvio Romero e Euclides da Cunha e adiante, na
retomada deste tema na voz de Alberto Torres, Manoel Bomfim, Paulo Prado, Oliveira
Vianna, Sérgio Buarque de Holanda, entre outros. O centro da questão eram os
empecilhos à construção de uma nação autônoma – com base na indefinição de povo
e/ou pela falta de um conhecimento próprio, distinto do passado colonial.
O que impacta nesta duração de mais de um século é a percepção de
inacabamento, como nações formalmente emancipadas mas incompletas em suas
estruturas sociais e humanas. Neste contexto o contrato pactuado desde a Independência
incluiu em suas funções a finalização desse processo, tornando coetânea e simultânea a
tarefa de fundar o Estado e fundar o cidadão em um mesmo movimento constitutivo: sem
nacionalidade e atores plenos, ex ante ao pacto social9. Modelou-se uma forma de
contrato político que albergava (independentemente de sua adesão anunciada ao
liberalismo) uma nítida inclinação para tarefa de construção da nacionalidade e, por
extensão, a construção do cidadão e não a sua representação 10.
Ao peso do mosaico étnico-cultural como energia que mobiliza e potencializa a
ideia de “construção” na cultura política latino-americana é necessário acrescentar ainda
outra, oriunda do problema do transplante das instituições. Não apenas o povo não está
pronto, as instituições por mais bem acabadas que pareçam não pertencem in totum e

9 Friso aqui o peso assumido pela ideia de um futuro por construir, em termos literais, já que tudo estaria
em construção (com exceção de grupos capazes de expressar, sintetizar e vocalizar as demandas
nacionais – neste caso as elites, revolucionárias na primeira hora ou as que se encastelaram no
comando da economia e da política na sequência). Esta condição pode explicar a “aparência” de
federalismo, liberalismo, ou espírito público nos Estados latino-americanos entre os séculos XIX e XX
(Cf. WHITEHEAD, 2011).
10 Este traço poderia explicar as associações feitas pela literatura sobre a tendência ao positivismo,
organicismo, corporativismo, autoritarismo, centralismo, entre outros epítetos, todos assentados numa
mesma lógica – a fraca autonomia do indivíduo (tomado como sujeito racional, auto-esclarecido e capaz
de concorrência política eficiente) e o forte protagonismo estatal.
não exprimem a sociedade que as abriga. Este deslocamento e desconfiança surgem
como consciência dos motivos e dos resultados alcançados pela expansão europeia do
período mercantilista. Em Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico (1967),
Furtado aponta os três resultados históricos desse processo, destacando o perfil que
resultará do legado expansionista colonial:
a) a transposição de população, instituições e cultura avançada (portadora de
energia econômica e racionalidade ajustada ao contexto moderno) para regiões similares
climaticamente à Europa criou uma nova sociedade assemelhada ao molde europeu
(caso típico são os EUA)11;
b) uma espécie de ocupação por “enclave”, sem translado de população e de
racionalidade, produziu como resultante uma sociedade com caráter complementar e
premida a drenar qualquer riqueza produzida para a metrópole (ocupação colonial da
América Latina, parte da África e Ásia);
c) o encontro de terras e sociedade sem valor econômico imediato, gerando
apropriação territorial sem repasse de energias sociais, mantendo estas colônias isoladas
da energia da expansão do capitalismo europeu.
Os três casos configurariam os modelos com os quais o debate político e
econômico do final do século XIX e, principalmente, o da primeira metade do século XX,
teriam que lidar: as sociedades desenvolvidas, as sub-desenvolvidas e as sociedades da
Pobreza. A tese de Furtado serve para destacar que no caso latino-americano a ocupação
colonial obedeceu à lógica de resposta aos interesses da sociedade, do Estado e,
principalmente, da economia metropolitana. A organização da vida econômica; a relação
com o meio-ambiente; a configuração dos papeis sociais, dos valores e racionalidade; e a
modelagem das instituições políticas foram impulsionadas de “fora para dentro”, gerando
um ambiente híbrido (e ao final tenso) entre o local e o externo. Se no momento histórico
de emancipação colonial, seria imperativo saber o que somos (que tipo humano, que
cultura, que cidadão), outro foco de inquietação assumiria a faceta institucional: que tipos
de direito, de articulação entre sociedade e governo, de função e limites atrelados ao
Estado seria compatível com real existência e reais interesses nacionais? O conflito
teórico entre a interpretação de Faoro (1979) e Oliveira Vianna (1949), arma-se em torno
dessa dúvida – qual a distância das nossas instituições e da nossa estrutura social?
A combinação entre ocupação (com culturas, trajetórias históricas e situações de
produção/acumulação distintas), aglomeração de indivíduos e populações em tempo
rápido (e que em outra situação talvez não se encontrassem), somada ao translado de
11 Aqui é possível pensar na associação imediata com a análise feita por Tocqueville em A Democracia na
América.
instituições e práticas sociais e políticas exógenas, geraram, já no momento da
colonização o aspecto da fabricação de um fenômeno social – as colônias da América
Latina foram construtos não apenas por sua assimilação ao complexo europeu, mas,
principalmente, pela transformação de sua arquitetura interna em função da eficaz
adequação aos imperativos metropolitanos. Há cálculo, trabalho e orientação na
“invenção do Novo Mundo“ (GORMAN, 1992; ZEA, 1989), todos valores modernos e,
destaco, associados ao tema econômico da produção voltada para acumulação.
Talvez nessa experiência profunda da cultura latino-americana resida a nossa
forma recôndita e específica de lidar com o tema da construção social: a herança colonial
forjou uma sociabilidade artificial (embora incrustada de tensões entre o original e o
importado), moldando instituições e práticas políticas e modelando transformações que
em nada lembravam o tempo lento da herança feudal diante da Revolução Burguesa
europeia. Parafraseando Holanda, entre “ladrilhadores e semeadores” ou entre iberismo e
americanismo, subjaz profundamente a concepção de edificação como base do ethos
nacional latino-americano.
O passo seguinte (depois da percepção do déficit racial, cultural e institucional)
avança na enunciação de outro bloqueio proveniente da herança colonial – o atraso
econômico. Este movimento, último na cadeia cronológica (emergindo com força e
articulação explicativa no entorno dos anos de 1930), inscreve-se na mesma linhagem
intelectual – da correlação estreita entre a situação histórico-nacional inconclusa e a
tarefa de construção nacional. São estes dois elementos – deficit e produção consciente
(e política) da sociabilidade específica latino-americana - que permite apontar o
pertencimento da Teoria do Subdesenvolvimento (matriz do desenvolvimentismo) à
linhagem da construção (idealismo orgânico) em funcionamento desde o século XIX.
O tema da identidade, no plano da cultura, dos sujeitos e de uma nacionalidade
burilou a dicotomia Estado/Sociedade sem necessariamente recorrer ao problema do
Mercado. Sua diretiva estava focada no exame do legado colonial como óbice ao
nacional. Questão muito diversa é quando os “males do presente” são determinações de
cunho econômico e que, tragicamente, continuam existindo, atualizados no continuum de
outra forma de impeditivo à soberania – as assimetrias internacionais da relação
centro-periferia, que são restrições materiais (econômicas) ao pleno desenvolvimento dos
países latino-americanos que emergem ao longo do século XX.
O problema da incompletude foi, neste caso, atualizado e permitiu um arranjo com
maior impacto na questão nacional através de quatro itens centrais: 1) o confronto com o
ambiente externo extrapola a sombra do passado, tornando-se uma ativa restrição do
presente, fortalecendo a ideia de interno, de nacional em oposição ao mercado
internacional; 2) o atraso não é um dado patológico ou de difícil enfrentamento como o
delicado problema das raças, dos limites da mentalidade, das inadequações institucionais
– tudo isso fica submerso no argumento de desigualdade econômica sistêmica, operada
pela perversa inserção no Comércio Internacional, portanto passível de solução pelo
recurso técnico (economia) e capaz de incluir em um mesmo pacto histórico diversos
atores sociais (somente com exceção das oligarquias primário-exportadoras); 3)
reaparece mais robustecido o viés de construção, operando a nacionalidade de trás para
frente: o resultado do progresso, do futuro passa a ser a base de edificação da cidadania
(cf. GELLNER, 1983); 4) retoma-se a centralidade da figura do Estado e, neste momento
reapresentando o papel exponencial das elites com outra legitimação: a intelligentsia
(intelectuais e state makers) teria como função orientar o desenvolvimento econômico (cf.
PECAUT, 1990).
Retomo neste momento da análise o fio condutor da argumentação. O ponto inicial
procurava localizar a função social e política do debate sobre a questão da identidade
latino-americana (em geral ou no caso de cada nação desse bloco histórico), entendido
como epicentro do esforço de construção nacional. Os desdobramentos e implicações são
variados: a percepção de óbices do legado da colonização, os déficits do presente
inconcluso e o impulso a uma resolução política que fortalece os conceitos de construção,
mudança orientada e valorização de ações protagônicas de transformação social
(operadas pelas elites, intelligentsia ou Estado). Esse trajeto implicou na definição de uma
mentalidade política afeita tanto à tarefa do diagnóstico das insuficiências quanto à
valorização de ações corretivas. Com isto assumo que na América Latina a cultura política
esteve mais inclinada para a linhagem do idealismo orgânico e, em grande medida, pelas
restrições da forma da colonização e seleção de instrumentos ajustados à sua superação.
Portanto, o afastamento da cultura liberal não foi fortuita, mas derivada da condição de
modernização tardia, somada aos constrangimentos históricos do legado colonial.
Mas como surgiu, como operou e que herança por sua vez legou o modelo
nacional desenvolvimentista? Um primeiro apontamento necessário é sobre a
diferenciação entre a Teoria do Subdesenvolvimento e as estratégias
nacional-desenvolvimentistas. A primeira é um conjunto de postulados teóricos, pautados
na explicação do atraso das economias periféricas que passaram pela situação colonial
gerada pela expansão utramarina. É uma interpretação que se ampara no sentimento de
déficit encontrado no pensamento social latino-americano desde o século XIX e que criou
uma agenda de vários temas, da raça à economia. Seu foco é o passado e seu objetivo a
geração de um diagnóstico e, no caso específico do historicismo estruturalista das
versões da teoria do Subdesenvolvimento (sub-capitalismo em Roberto Simonsen;
subdesenvolvimento em Rául Prebisch e Celso Furtado; dependência em Rui Mauro
Marini, Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto), o atraso transita entre a estrutura
produtiva e os arranjos societais na ideia-síntese de formação.
Já o desenvolvimentismo tem outra natureza e função: está ancorado no
diagnóstico do subdesenvolvimento, mas avança do passado para o futuro como projeto
político de mudança orientada. O desenvolvimentismo torna-se uma forma de contrato
social de dimensões nacionais, operada através de entes políticos (Estado, planejamento
estatal, políticas públicas e burocracia pública), cujo telos é a construção e cimentação
das bases da nação – torna-se, então, nacional-desenvolvimentismo. Mas por qual via a
identidade – problema político cujo óbice está em déficits sociais, ou nas formas
institucionais distantes e artificiais – assumiu como epicentro a economia? Ou, em outros
termos, como o idealismo orgânico calcou as bases do Estado em uma racionalidade
originalmente não política – o tema econômico? Retomo aqui, em rápidas pinceladas, a
trajetória dessa mutação no caso brasileiro pós-1930 para, posteriormente, inquirir o
quanto desse arranjo (absolutamente específico do caso latino-americano) permanece
operante no pano de fundo do cenário político atual no continente.

A nova engenharia conceitual do desenvolvimentismo


O peso da estrutura econômica como base do atraso ou como limite ao
desenvolvimento aparece tratada de diversas formas na literatura sobre evolução
econômica e social latino-americana. A emergência do problema do atraso, enquanto foco
central da questão nacional, aparece por volta da década de 1930 associada a dois
fenômenos: um surto de crescimento industrial atrelado ao dinamismo
mercantil-exportador e à desarticulação dos mercados centrais a partir das crises geradas
pelas duas guerras mundiais (1914 e 1939) e da depressão de 1929. O frágil, incipiente,
mas já real setor industrial promovia, internamente, uma experiência de outra forma de
atividade econômica, desvinculando-se da anterior associação complementar ao setor
mercantil-exportador e dirigindo-se á realização das demandas do mercado consumidor
interno. Paralelamente, as oscilações na massa de consumo dos mercados centrais
abalava sucessivamente a estabilidade frágil do sistema produtivo nacional, colocando em
xeque, progressivamente, a capacidade de sustentação dos interesses nacionais diante
do exclusivismo e da dependência apresentada pela atividade exportadora. De outro
ângulo, as duas guerras e as crises de super-produção e subconsumo, ocorridas nas
economias centrais, desarticulavam o mercado de trocas: importando menos produtos
primários e exportando menos produtos manufaturados. O resultado gerava dois golpes
graves na primazia do arranjo ideológico da vocação agrária (o grande legado colonial e a
via latino-americana de inserção no mercado internacional): demonstrava a fragilidade da
economia de base agrária e, ao mesmo tempo, deixava visível os limites da explicação
liberal clássica 12.
A experiência dos anos de 1930 é fundamental para autores da CEPAL e também
para alguns que antecederam a sistematização teórica feita por esta instituição no final da
década de 1940, como Roberto Simonsen (1930, 1931). Em termos de uma análise
retroativa e panorâmica ela é central para entendermos a guinada de política econômica
dos anos 50 (FURTADO, 1959; FRENCH-DAVIS; MUÑOZ; PALMA, 2011), a mudança de
perspectiva teórica no pensamento econômico (BIELSCHOWSKY, 1988; LOVE, 1998,
2011) e a modelagem das respostas políticas assumidas pelo “conjunto” dos Estados
latino-americanos no período (NUN, 1965; WHITEHEAD, 2011).
A estabilidade e a soberania das sociedades latino-americanas aparece abalada
em função de elementos que pouco têm a ver com cultura, povo, clima ou instituições.
Forja-se, nesse momento, as bases da mais global interpretação histórica desse
continente – a Teoria do Subdesenvolvimento. Seu aporte explicativo central é o da
existência de impeditivos estruturais à maturação dos processos de produção e de
modernização nos países retardatários. A via da industrialização (base do projeto
moderno de feição urbano-industrial) não se consolidaria em função dos condicionantes
engendrados pela própria modernidade capitalista: são o resultado de relações históricas
do colonialismo que incluiu excluindo, através da situação subalterna e complementar -
como expressão de subdesenvolvimento. Uma das consequências dos efeitos da
economia do subdesenvolvimento foi recusar a neutralidade da dinâmica geoeconômica
mundial. Ao contrário, as disfunções na divisão entre economias industriais e
primário-exportadoras implicavam no aparecimento de diversos problemas nacionais para
as economias do segundo grupo, especialmente na capacidade de longo prazo de
crescimento, diversificação produtiva, saltos inovativos e expansão do mercado interno.
Associam-se, assim, questão econômica e autonomia nacional. A superação do
subdesenvolvimento exigirá, por outro lado, a utilização de uma outra racionalidade social
pautada no planejamento e na racionalização da economia, via protagonismo do Estado.

12 Um primeiro golpe era a própria crise que acontecia nos mercados centrais: super produção e
subconsumo não eram possíveis em um sistema regulado pela mão invisível e pela lei que afirmava que
“a oferta gera sua própria demanda”. E nas economias periféricas a crise também seria inexplicável
diante dos paradigmas ricardianos das “vantagens competitivas” e da redistribuição dos frutos do
progresso técnico.
A possibilidade do desenvolvimento, econômico e social, depende de um projeto artificial
que pense e oriente o mundo da produção. Se esta definição estiver correta, o
desenvolvimentismo nasce de uma constatação de deficiência estrutural e crônica como
base lógica de intervenção com objetivo de transformação. Portanto, é mais que
desenvolvimento: é mudança social sistêmica, orientada e sustentada politicamente.
A linha argumentativa do subdesenvolvimento e a estratégia do
nacional-desenvolvimentismo promoveram um singular arranjo do projeto de
modernização da América Latina, apropriado à trajetória histórica de países que viveram o
legado colonial. Obviamente não se pode esquecer as inúmeras diferenças em cada um
destes pontos destacados: a concepção de subdesenvolvimento ou dependência é
cambiante (mas possui um mesmo núcleo central – a especificidade tardo-periférica
colonial); as vias de ação do Estado e suas correlações em cada país também são
distintas (impossível colocar como gêmeos os percursos da Argentina, Brasil ou Chile,
mas também difícil entendê-los no momento áureo da modernização – entre 1930 e 1970
– sem recorrer a elas); e, por último, os resultados e as “modernidades” gestadas também
não foram idênticos.

Entre o velho e o novo desenvolvimentismo


O legado nacional-desenvolvimentista funcionou como um guarda-chuva conceitual
e um repositório de alternativas políticas, mas foi utilizado e assumiu feições diversas em
cada nação. Seu uso foi intenso e extensivo porque se ajustou à várias demandas
históricas, em especial ao problema da identidade nacional e da nação enquanto uma
construção contra o fardo do passado (uma mirada ao futuro), pela suspeita ou recusa
das virtudes da auto-organização da sociedade como mola do progresso e pela inclinação
para algum tipo de protagonismo capaz dessa tarefa demiúrgica (a tendência ao modelo
político orgânico). É neste sentido que associo o desenvolvimentismo a uma configuração
de linhagem, como corpo teórico/político articulado capaz de auxiliar na tarefa de
compreensão do percurso social latino-americano. Esta corrente parece-me também um
artigo genuíno que, em conexão com várias outras formulações (das teses de Rostow,
Nurske, Baran, Lewis, Singh, Agarwala, entre outros) e contextos (o antecessor modelo
alemão, as outras experiências terceiro-mundistas e periféricas), produziu, no entanto,
uma amarração conceitual única.
Talvez seja importante, neste momento da busca de uma integração regional que
procura ultrapassar os marcos das relações puramente mercadológicas, retomar o debate
sobre o que temos de mais comum no campo do pensamento social e político. A
estratégia desenvolvimentista é um dos mais exponenciais produtos dessa lavra,
principalmente por sua persistente presença no debate político: já tivemos o velho
desenvolvimentismo (1940/1980) e lidamos agora com o novo desenvolvimentismo. Entre
ambos há dois focos absolutamente distintos e vários regimes políticos 13. O velho
desenvolvimentismo elegeu como prioridade de déficit os obstáculos do mundo da
produção e como meta do desenvolvimento a maturação/cinzelamento do processo
industrial. Sua promessa de desenvolvimento e de progresso nacional apoiava-se no
desafio de produzir, oscilando entre regimes diversos: a democracia de massa e o
populismo ou os regimes autoritários. O novo desenvolvimentismo fixa como obstáculo
estrutural ao desenvolvimento a desigualdade e o déficit de inclusão social. Sua promessa
opera as políticas públicas com foco social de distribuição e redistribuição, e sua
engenharia fundante é a democracia. A presença deste arranjo teórico-político mantém
sua atualidade (vide caso brasileiro), porém de maneira alterada, retomando, desta forma,
um lugar importante na agenda de pesquisas, em especial sobre a lógica de sua
persistência e sobre seu potencial na resolução dos problemas latino-americanos atuais.

Referências Bibliográficas
BIELSCHOWSKY, R. (1988) Pensamento econômico brasileiro: o ciclo ideológico do
nacional-desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: IPEA; INPES.
_________ (2000). Cinqüenta anos de pensamento na Cepal. Rio de Janeiro: Record.
BOLIVAR, S. (1819) Discurso de Angostura. Publicado en el Correo del Orinoco, números
19, 20, 21 y 22 del 20 de febrero al 13 de marzo de 1819.
BRANDÃO, G.M. (2007) Linhagens do pensamento político brasileiro. São Paulo: Hucitec.
CARDOSO, F. H.; FALETTO, E. (1969) Dependência e desenvolvimento na América
Latina. México: Siglo XXI.
CEPÊDA, V. A. (2012) “Inclusão, democracia e novo desenvolvimentismo – um balanço
histórico” in Revista de Estudos Avançados, nº 75. São Paulo: EDUSP.
DRAIBE, S. (1985) Rumos e metamorfoses. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
FAORO, R. (1979) Os donos do poder. Porto Alegre (RS): Editora Globo.
FERNANDES, F. (1987). A revolução burguesa no Brasil. Rio de Janeiro: Guanabara.
FRENCH-DAVIS, R.; MUÑOZ, O.; PALMA, G. (2011) “A economia latino-americana
1950-1990” In História da América Latina. São Paulo: EDUSP.
DOSMAN, E. J. (2011) Rául Prebisch: a construção da América Latina e do Terceiro
Mundo (1901-1986). Rio de Janeiro: Contraponto; CICF.
13 Uma análise mais profunda sobre as fases do desenvolvimentismo (velho e novo) e suas ondas é feita
em Inclusão, democracia e novo desenvolvimentismo – um balanço histórico (CEPÊDA, 2012).
FURTADO, C. (1967) Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico. São Paulo:
Editora Nacional.
GELLNER, E. (1983) Nações e nacionalismo: Trajectos. Lisboa: Gradiva.
GORMAN, E. (1992) A invenção da América. São Paulo: Unesp.
HALL. S (2006) A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A.
LEPENIES, W. (1994) Las tres culturas. México: Fondo de Cultura Económica.
LOVE, J. (1998) A construção do Terceiro Mundo. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
_____ (2011) “Ideias e ideologias econômicas na América Latina” In História da América
Latina. São Paulo: EDUSP.
MALLORQUÍN, C. (2005) Celso Furtado: um retrato intelectual. São Paulo: Xamã; Rio de
Janeiro: Contraponto.
MARTI, J. (1891). Nuestra América. Retirado de www.infocentro.gob.ve/
_galeria/.../documento_698.pdf
MOORE JR., B. (1975) As origens sociais da ditadura e da democracia. Lisboa: Cosmos.
MORSE, R. (2011) “O multiverso da identidade latino-americana” In História da América
Latina (organização Leslie Bethell). São Paulo: EDUSP.
NUN, J.. (1965) Los paradigmas de las Ciencias Políticas em América Latina: del
formalismo al marxismo critico. In As Ciências Sociais na América Latina. CLCSO; São
Paulo: Difusão Européia.
PÉCAUT, D. (1990). Intelectuais e política no Brasil. São Paulo: Ática.
RODRÍGUEZ, O. (1981) Teoria do Subdesenvolvimento da Cepal. Rio de Janeiro:
Forense Universitária.
SIMONSEN, R. C. (1930) As crises no Brasil. São Paulo: São Paulo Editora.
_____ (1931) As finanças e a indústria. São Paulo: São Paulo Editora.
_____ (1934) Ordem econômica, padrão de vida e algumas realidades brasileiras. São
Paulo: São Paulo Editora.
VIANNA, O. (1927) O idealismo na Constituição. Rio de Janeiro: Terra de Sol.
_____ (1939). O idealismo da Constituição. 2ª edição. São Paulo: Nacional.
_____ (1987). Instituições Políticas Brasileiras. São Paulo: Edusp [1949].
ZEA, L. (1989) El descubrimiento de América y su sentido actual. México: Fondo de
Cultura Económica.
WAGLEY, C. (1964) Social science research on Latin America. New York: Columbia
University Press.
WHITEHEAD, L. (2011) “ A organização do Estado na América Latina após 1930” In
História da América Latina (organização Leslie Bethell). São Paulo: EDUSP.

Você também pode gostar