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Calor da RUA Nº 1 - Abril de 2018

Remiwl Street Crew compete no Hip Hop District


O grupo de dança urbana de Juiz de Fora ensaia para a disputa em Jundiaí

Os integrantes se reúnem
semanalmente para praticar a
coreografia que reúne
movimentos de hip hop, danças
africanas e funk carioca

Entre os dias 28 de abril e 01 de


maio, o grupo de dança urbana de
Juiz de Fora, Remiwl Street Crew,
participará do Hip Hop Districit em
Jundiaí (SP).

Segundo o diretor geral e


coreógrafo do grupo Thiago
Miranda de Oliveira – conhecido
como Miranda – o Remiwl volta aos
palcos de competição este ano após
um período de apresentações apenas Foto de divulgação do Grupo Remiwl Street Crew
para espetáculos: "Nós resolvemos
optar por desenvolver espetáculos de Rua Halfeld para custear a viagem. os movimentos em cada repetição.
dança em Juiz de Fora, pois não O projeto precisou ser paralisado e Frabrício Pereira Guimarães, de 20
havia por aqui. Porém, este ano os integrantes se juntaram ao grupo anos, estudante de artes e design na
queríamos preparar uma coreografia original de Miranda. "A gente UFJF, participa do Remiwl Street
para competição, então vamos continuou com o projeto sem verba, Crew há dois anos, "Com a dança eu
voltar", diz Miranda. eu optei por não receber e todas as me tornei mais expressivo. A dança
pessoas que estavam coreografando virou a minha forma de jogar para
O grupo Remiwl Street Crew foi comigo também, pois era o pessoal fora o que estou sentindo,
criado em 2005 e seu nome é que começou o grupo comigo. Nós extravasar".
formado pelas iniciais de seus continuamos e a galera do Remiwl
fundadores. Mesmo sendo o único a L.C., 15 anos, também teve
Base se tornou o Remiwl Street
se manter no grupo, Miranda conta contato com o grupo a partir de outro
Crew. Acabou ficando uma coisa
que preferiu manter o nome. Em projeto social. A adolescente diz que
só", ele explica.
2014, Miranda começou um projeto a proximidade com os outros
chamado Remiwl Base que, no ano Toda semana os integrantes participantes mais velhos a ajudou a
seguinte, foi um dos três adolescentes e jovens se reúnem para ter mais maturidade. Quando
selecionados de Minas Gerais para ensaiar a coreografia que conta com questionada sobre o futuro, diz que
participar do Festival Internacional movimentos de hip hop, danças quer fazer arquitetura: "Nada a ver
de Hip Hop em Curitiba. Com pouco africanas, funk carioca e até mesmo com dança" fala, rindo, "mas eu
investimento, os alunos tiveram que alguns passos ligados ao voguing. pretendo continuar dançando pelo
fazer apresentações no Calçadão da Durante o treino, eles se mostram resto da minha vida".
concentrados e buscam aperfeiçoar
Calor da RUA Nº 1 - Abril de 2018

O ensino de danças urbanas como auxílio na educação


Trabalhar os ritmos urbanos com jovens pode ajudar no desenvolvimento social
A dança urbana é um termo que As pretas do grupo estão mais dos esforços do grupo Remiwl para
engloba vários tipos de dança empoderadas, se aceitando mais", expandir as danças urbanas na
surgidos nos guetos e centros ele comenta. cidade, essa movimentação era
urbanos dos Estados Unidos. Funk, efetuada por poucas pessoas e
Locking, Popping, Breaking, Hip Quando introduzidas na atingia sempre o mesmo grupo.
Hop e Freestyle são exemplos de educação, as danças urbanas "Hoje eu tenho uma preocupação de
estilos que se misturaram e auxiliam o professor na aplicação estarmos fazendo eventos para nós
formaram o cenário atual dos das quatro áreas dos Parâmetros mesmos. Não vejo a participação da
movimentos urbanos. Este modelo Nacionais Curriculares (PCN) de cidade nesses eventos. Aqueles que
de dança se diferencia dos outros Arte - música, dança, teatro e artes desenvolvem danças urbanas estão
pois não se enquadra nos modelos visuais. Segundo o professor Neil comparecendo apenas aos seus
eruditos. Franco da Faculdade de Educação eventos individuais", ele desabafa.
Física e Desportos (FAEFID) da
Durante a crise econômica de UFJF: "O ambiente das danças A falta de investimento
1920, nos Estados Unidos, músicos e urbanas possui o dj, o dançarino, a financeiro também é um obstáculo.
bailarinos saíam dos cabarés para representação e o grafite. Com A conversa séria ao final do ensaio
fazer suas apresentações nas ruas. apenas um movimento cultural, nós do grupo Remiwl mostra que este
Desde então, os estilos de dança já conseguimos trabalhar essas problema ainda afeta o grupo de
urbana vêm se modificando de quatro áreas", explica. Além disso, mais de dez anos. Todos se sentam
acordo com o contexto em que estão trabalhar danças urbanas nas escolas para discutir a maneiras de tornar o
inseridos, originando modos traz o conhecimento cotidiano e o figurino para a apresentação bem
específicos de dançar conforme a soma ao conhecimento científico. feito e barato. Os gastos são
cultura em que se manifesta. Como o Ainda de acordo com o professor, é custeados pelos jovens e a ideia de
caso do funk, que surgiu nos anos 60 possível debater questões sociais customizar roupas e acessórios que
James Brown. através das danças urbanas, como o eles já têm em casa parece ser a mais
papel da mulher na sociedade ou o viável.
Segundo Miranda, muitos jovens preconceito,
usam o espaço da dança para se complementando
expressarem de forma diferente, o os estilos
que os ajuda no processo de auto musicais que
aceitação. Ele afirma que os ensaios emergem nas ruas
do Remiwl não são apenas dança, há com o debate
espaço para a conversa também. A dentro das
identificação entre os participantes escolas.
em relação ao grupo social em que se
encontram faz com que esses jovens Porém, a falta
não se sintam diferentes e afirmem a de incentivo no
sua personalidade. "Eu vejo a ensino das danças
diferença de convivência porque a urbanas acaba se
gente se uniu e ganhou força. Vejo refletindo nos
essa diferença até mesmo na voz, na Grupos Independentes. Membros do Grupo Remiwl Street Crew
forma de se colocar mais presente. Segundo Miranda, apesar ensaiam para a disputa no Hip Hop District

Calor da Rua é um boletim informativo experimental da disciplina Produção e Redação em Jornalismo Impresso I, curso de
Jornalismo da Facom / UFJF. Professor e jornalista responsável: Bruno Fuser (MTb. 13.773/SP). Textos: RENATA GUARINO SILVA
/A. Abril de 2018. Contato: renata.guarino.silva@gmail.com

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