HOBSBAWM, Eric. “As artes transformadas”. In: Idem. A era das revoluções, 1875-1914.
24ª ed. RJ/SP: Paz e Terra, 2014, pp. 339-373.
P.366 - O impacto do cinema: o autor destaca a novidade do Cinema quanto à produção,
técnica e apresentação da realidade, cuja existência apenas ocorreria na sociedade industrial burguesa do século XIX, sem paralelos ou precedentes nas demais artes, como o Teatro ou Fotografia, da mesma forma que o Cinema, para o autor, havia se libertado da apresentação ao vivo, e libertou o Teatro das limitações da natureza física, do tempo e do espaço. Além disso, o autor cita alguns aspectos do Cinema, tais como o movimento da câmera, a variabilidade do foco e o corte da tira celulóide, mais visíveis e exploradas pelos diretores, amiúde afastados das artes de vanguarda, e assim, o autor defende que nenhuma outra arte representa tão bem quanto o Cinema as demandas e o sucesso oriundo de uma modernidade artística não tradicional. P.367 - O sucesso do cinema e sua expansão: o autor coloca seu triunfo em questões ligadas à velocidade e tamanho, ressaltando também detalhes como a possibilidade da fotografia em movimento a partir de 1890, a projeção de curtas nas feiras e nas vaudevilles, apesar do pioneirismo francês, em locais como Bruxelas e Paris entre 1895 e 1896, e a ida aos cinemas americanos, entre 8 a 10 mil espaços, com um público chegando o 26 milhões de pessoas, e na Primeira Guerra, tal público passou a ser de 50 milhões, sendo que até os atrasados italianos tinham cerca de 500 cinemas em suas cidades mais relevantes. Com isso, o Cinema, segundo o autor, virava um grande investimento, destacando a invenção do Star System em 1912 por Carl Laemme, e a importância de Hollywood.
- Um dos motivos por trás da extra-ordinária realização do cinema: segundo o
autor, estava no fato dos pioneiros do cinema não terem qualquer outra preocupação a não ser produzir divertimentos lucrativos a um grande público, sendo que alguns deles entraram no ramo como artistas, como o caso de Charles Pathé. O autor os classifica em comerciantes judeus, como muitos nos EUA, imigrantes esses cujo público-alvo eram as camadas populares, menos instruídos, questionadores, glamorosos e ambiciosos intelectualmente, lotando os cinemas de Carl L., dono da Universal, Louis B. Mayer, dono da MGM, dos irmãos Warner, donos das Warner Brothers, e de William Fox, dono da Fox Films, em torno de 1905. Por fim, ele conta que em 1913, ano no qual foi lançado o filme The Nation, os democratas americanos aceitaram o triunfo desses judeus (a entrada custara cinco centavos), enquanto na Europa, seus democratas viam o cinema como uma diversão dos lupemproletariados escapistas, algo pejorativo e vexatório. P. 368 - Os músicos, o cinema mudo e as inovações do Cinema: o autor afirma que em virtude da ausência de som, os cinemas aumentaram as oportunidades de empregos para músicos de segunda linha, e por causa da ausência de som (ele usa a metáfora da Torre de Babel, para falar de muitas línguas diferentes), o Cinema criou um idioma global, lhe ajudando a explorar o mercado global. Além disso, o autor defende que as inovações do Cinema não só se devem pela sua necessidade de se dirigir a um grande público por meio da visão, mas também pelo fato de tais novidades terem sido acolhidas pelo mesmo público, pois o Cinema mudava tudo, menos seu conteúdo.