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A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Nádia Marina Marques Gomes

A educação no 1º ciclo:
Uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Licenciatura em P.E.B 1º Ciclo

INSTITUTO PIAGET
Campus Universitário de Viseu
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO JEAN PIAGET
2006/2007

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Nádia Marina Marques Gomes

A educação no 1º ciclo:

Uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Autor: Nádia Gomes


Orientação e Coordenação:
Prof. Doutor. Maria João Vaz Freixo

INSTITUTO PIAGET
Campus Universitário de Viseu
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO JEAN PIAGET
2006/2007

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Aos meus pais,

à minha irmã

e aos meus amigos.

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A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar queria agradecer aos meus pais, pelo apoio dado
durante o meu percurso escolar, sem eles a concretização desta etapa nunca
teria sido possível.

Agradeço também ao meu orientador, Doutor Manuel Vaz Freixo, pela


elucidação, estimulo e apoio no desenrolar do trabalho.

Ficarei eternamente grata ao Bruno Miguel, à Catarina e à Sónia pelo apoio


e encorajamento dado, acreditaram sempre nas minhas capacidades e nunca me
deixaram desistir.

Gostaria ainda de agradecer à minha tia Maria Eduarda pela orientação


que me deu ao longo do meu percurso académico, sempre que necessitei.

A todos os que me auxiliaram a percorrer este longo caminho, cheio de


peripécias, surpresas, descobertas e aventuras, o meu obrigada, sem eles jamais
teria atingido o meu propósito.

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DECLARAÇÃO DE AUTOR

Declaro que o trabalho nesta Memória Final foi levado a cabo de acordo
com os regulamentos do Campus Universitário de Viseu do Instituto Piaget.

O trabalho é original, excepto onde indicado referência especial do texto.

Quaisquer visões expressas são as do autor e não apresentam de modo


nenhum as visões do Instituto Piaget. Este trabalho, no todo, ou, em parte não foi
apresentado para avaliações noutras instituições de ensino superior portuguesas
ou estrangeiras.

Assinatura: ______________________________________Data: __/__/__

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A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

SUMÁRIO

O presente trabalho A Educação no 1º Ciclo_ Uma perspectiva da área


curricular da Educação Visual é produto da realização de um estudo que tem
como objectivo esclarecer dúvidas e aprofundar conceitos que me serão
proveitosos e preciosos no decurso da minha carreira profissional.

O trabalho encontra-se organizado em duas partes, uma componente


teórica que abrange oito capítulos e uma componente prática, onde foi efectuada
uma análise de questionários elaborados a dezoito docentes do Ensino Básico.

A execução deste trabalho contribui para ampliar conhecimentos e espero


que venha a ser útil a pessoas que se encontrem interessadas em aprofundar os
seus saberes nesta temática.

A Família e os docente, são agentes que exercem um papel activo na


educação da criança, por isso, devem estar atentos à forma como se
desenvolvem as capacidades, as emoções e os pensamentos, tudo isto, está
expresso nos seus desenhos, estes, representam o mundo interior da própria
criança.

As actividades de expressão plástica devem ser incentivadas pelos


professores e pelos pais, porque desenvolvem a criança a nível cognitivo, físico,
emotivo social e intelectual.

O objectivo deste trabalho é perceber a importância da expressão artística,


nomeadamente a área de expressão plástica no desenvolvimento da criança e a
influência que tem na recriação de formas expressiva, integrando a percepção,
imaginação, reflexão e sensibilidade.

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Índice

AGRADECIMENTOS

DECLARAÇÃO DE AUTOR

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------- 10

Capítulo I

1. PROBLEMÁTICA --------------------------------------------------------------------- 13
1.1 Descrição do contexto ------------------------------------------------------------ 13
1.1.1 Freguesia de Abraveses sua origem e seu nome ---------------------- 13
1.2 Definição do 14
problema-------------------------------------------------------------

Capítulo II

2. OBJECTO DE ESTUDO ------------------------------------------------------------ 17


2.1 Formulação do objecto ----------------------------------------------------------- 17
2.2 Formulação das hipóteses de investigação --------------------------------- 17

I Parte ( Fundamentos Teóricos)

Capítulo III

3. A EDUCAÇÃO E OS SEUS DOMÍNIOS --------------------------------------- 20


3.1 Conceito de educação ------------------------------------------------------------ 20
3.2 A educação artística segundo o Currículo Nacional do Ensino 22
Básico ---------------------------------------------------------------------------------------
3.2.1 A educação artística como impulsionadora de experiências de 24
aprendizagem -----------------------------------------------------------------------------
3.2.2 A escola como promotora de literacia artística ------------------------- 25
3.3 A arte e a Educação Visual 29
------------------------------------------------------
3.3.1 Competências especificas nas artes visuais ---------------------------- 30

Capítulo IV

4. O QUE É A ARTE? ------------------------------------------------------------------ 32


4.1 Conceito de arte -------------------------------------------------------------------- 33
4.2 A arte infantil ------------------------------------------------------------------------ 36
4.2.1 O adulto e a sua influencia na arte infantil ------------------------------- 38
4.2.2 Como deve o adulto orientar a criança na expressão artística ----- 40
4.2.3 Avaliação dos trabalhos das crianças ------------------------------------- 41

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4.3 A expressão na arte plástica ---------------------------------------------------- 43

4.3.1 A criança no atelier ------------------------------------------------------------- 45

Capítulo V

5. CRIATIVIDADE E CRIAÇÃO ------------------------------------------------------ 48


5.1 Conceito de criatividade ---------------------------------------------------------- 48
5.2 Estimulo da criatividade no contexto escolar ------------------------------- 49
5.3 Como estimular a criatividade da criança ----------------------------------- 51

Capítulo VI

6. ACTIVIDADE CRIADORA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA -- 54


6.1 Desenvolvimento emocional ---------------------------------------------------- 54
6.2 Desenvolvimento intelectual ---------------------------------------------------- 56
6.3 Desenvolvimento da motricidade ---------------------------------------------- 57
6.3.1 O sistema nervoso ------------------------------------------------------------- 57
6.3.2 Tipos de movimentos que influenciam o desenvolvimento motor -- 59
6.3.3 Desenvolvimento da psicomotricidade coordenação global, fina e
óculo manual 60
-------------------------------------------------------------------------------
6.3.4 O desenho e o grafismo como habilidade preparatória para a
escrita e leitura ---------------------------------------------------------------------------- 62
6.4 Desenvolvimento dos sentidos ------------------------------------------------- 63
6.5 Desenvolvimento Social ---------------------------------------------------------- 64

Capítulo VII

7. DESCOBERTA DE UM UNIVERSO_ A EVOLUÇÃO DO DESENHO 67


INFANTIL -----------------------------------------------------------------------------------
7.1 Etapa das garatujas --------------------------------------------------------------- 67
7.2 Etapa pré-esquematica ----------------------------------------------------------- 69
7.3 Etapa esquemática ---------------------------------------------------------------- 70
7.4 Etapa do realismo 71
------------------------------------------------------------------
7.5 Etapa Pseudonaturalista --------------------------------------------------------- 72
7.6 Etapa da decisão 73
-------------------------------------------------------------------

Capítulo VIII

8. O DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS SEGUNDO JEAN PIAGET 75


8.1 Quem foi Jean Piaget ------------------------------------------------------------- 75
8.2 O desenvolvimento da cognição ----------------------------------------------- 75
8.3. Estádios de desenvolvimento -------------------------------------------------- 76
8.3.1 Estádio sensório-motor 76
--------------------------------------------------------

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8.3.2 Estádio pré-operatório --------------------------------------------------------- 77


8.3.3 Estádio das operações concretas ------------------------------------------ 80
8.3.4 Estádio das operações formais---------------------------------------------- 80

II Parte (Componente Prática: Estudo Empírico.)

Capitulo IX

9. OPÇÕES METODOLÓGICAS ---------------------------------------------------- 84


9.1 Grupo de sujeitos e modo de investigação ---------------------------------- 84

Capitulo X

10. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS -------------------------------------------- 86


10.1 Apresentação dos resultados ------------------------------------------------- 86
11. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ------------------- 112
11.1 Analise e interpretação de dados -------------------------------------------- 112

CONCLUSÃO ----------------------------------------------------------------------------- 115

BIBLIOGRAFIA --------------------------------------------------------------------------- 116

ANEXOS ----------------------------------------------------------------------------------- 118

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho foi realizado com o propósito de perceber e investigar


aspectos onde a educação artística exerce a sua influência, tendo como principal
desígnio, ampliar conhecimentos e contribuir de forma gratificante para enriquecer
os saberes daqueles que futuramente se interessarem por aprofundar
conhecimentos sobre o tema abordado.

A educação artística deve estar presente em todo o processo de ensino e


aprendizagem ao longo do ensino básico.

A educação tem a incumbência de promover e estimular a criatividade do


aluno. Sem criatividade a criança encontra-se menos preparada para responder
às exigências do nosso tempo e expressa dificuldade em desenvolver mais do
que uma resposta para um problema.

No ensino básico o aluno deve usufruir de aprendizagens diversificadas


que promovam o crescimento das competências artísticas, extremamente
importantes para que o aluno obtenha literacia artística, isto é, a habilidade de
comunicar e interpretar conteúdos utilizando as linguagens específicas das
disciplinas artísticas.

O docente deve saber como “conduzir” as competências no âmbito da


criatividade, com o intuito de a desenvolver nos seus alunos, mas também como
meio de tornar o seu método de trabalho mais apelativo e interessante.

Este trabalho encontra-se estruturado em duas componentes distintas, uma


componente teórica e uma componente prática.

Na primeira parte, aborda-se a importância da Educação artística como


impulsionadora de experiências de aprendizagem enriquecedoras e de que modo,

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esta, contribui para um desenvolvimento harmonioso e integral da criança, sendo


que, é uma “ferramenta” fundamental para o crescimento intelectual, físico e
emocional do aluno, ampliando capacidades, no âmbito da comunicação,
expressão, autoconfiança, autonomia que ajudam a criança a adquirir uma
postura mais crítica na sociedade em que vive.

A segunda parte contém toda a componente metodológica que resultou de


um processo de investigação efectuado em quatro escolas do ensino básico,
assim como a apresentação e análise dos resultados de um estudo empírico
efectuado a dezassete docentes do ensino básico 1º ciclo.

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Capítulo I

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1. PROBLEMÁTICA

1.1 Descrição do contexto de estudo

O estudo realizou-se em quatro escolas do ensino básico do 1º ciclo,


pertencentes ao agrupamento de escolas de Abraveses. (Escola do 1º Ciclo de
Abraveses, Escola do 1º Ciclo de Pascoal, Escola do 1º Ciclo de Moure de
Carvalhal, Escola do 1º Ciclo da Póvoa de Abraveses).

A freguesia de Abraveses tem alguns milhares de habitantes.

A religião católica é a mais seguida em toda a freguesia, como o podem


testemunhar as tradições religiosas que ocorrem durante todo o ano.

Abraveses e povoações anexas não foram, ontem como hoje, unicamente


“camarata” das populações que, quotidianamente, consomem seu tempo na
cidade vizinha, em busca de melhores condições de vida.

Na área da freguesia nota-se o desenvolvimento de uma progressiva


actividade nos campos comercial, industrial, construção civil entre outras, tendo
como apoio muitos trabalhos desenvolvidos em pequenas oficinas artesanais.

1.1.1 Freguesia de Abraveses sua origem e seu nome.

Em torno da região de Abraveses, existiram vários povos, cuja origem e


civilizações são muito antecedentes à dominação e ocupação dos Romanos

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A actual Abraveses e outras povoações vizinhas foram-se situando num


vasto território de cultivo e pastorícia que se estenderam até ás zonas mais
elevadas.

Nestas elevações localizavam-se as habitações de alguns antigos povos:


iberos, celtas e, mais tarde, romanos e lusitanos.

Juntos celtas e iberos, constituíram um povo: os celtiberos, que se


disseminou pelo vasto território hispânico, o que terá movido o Imperador
Romano a fazer a sua divisão, situando a actual Viseu e seus limites na Província
Lusitana.

Na cidade de Viseu afluíam muitas vias de comunicação, devido a este


facto, foi ordenado aos romanos construir, para defesa de seus bens e pessoas,
uma importante e quase indestrutível praça em forma de octangular, com altos
muros feitos de terra e largo fosso de água ao seu redor.

Esta praça é actualmente conhecida por Cava de Viriato, outrora foi o


abrigo das legiões romanas, quando perseguidas pelos povos vizinhos e ataque
grupos armados de Viriato.

A AGUIEIRA foi assim chamada, por ser arraial dos astuciosos exércitos
romano; o nome concedido a ESCULCA evoca a condição criada pelo exército
lusitano, que estava sempre alerto para tudo o que se passava, dentro e fora do
acampamento (Cava). Da bravura dos povos que combatiam, julga-se ter nascido
o nome de À BRAVEZA, mais tarde derivado em ABRAVESES.

1.2 Definição do Problema

Segundo a Lei de Bases do Sistema Educativo, no que acata aos


objectivos educativos definidos para o 1º Ciclo do Ensino Básico está declarada a
incumbência de desenvolver harmoniosamente na criança a imaginação criativa,
o espírito crítico e a sensibilidade estética. Estas capacidades devem e podem ser
desenvolvidas nas áreas curriculares e não curriculares.

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O sistema de ensino está repleto de lacunas, sendo que, promove a


aquisição de conhecimentos teóricos e desenvolve muito pouco a sensibilidade
estética e a capacidade criativa dos alunos, também ela responsável pelo
desenvolvimento de capacidades cognitivas.

A educação artística, no domínio da expressão plástica, não é, tarefa fácil


para muitos docentes por variadíssimas razões. Em primeiro lugar, não se sentem
preparados para trabalhar estas áreas, em segundo lugar, devido á falta de
condições materiais e recursos, em terceiro e ultimo lugar, porque se sentem
“pressionados” para cumprir um programa que é muito vasto nas áreas de
Matemática, Estudo do Meio e Língua Portuguesa o que resulta, por vezes, como
um entrave a execução de actividades ligadas á expressão e á emotividade da
criança.

Apesar dos entraves que o docente se depara ao longo da sua vida


profissional acredito que a educação artística é extremamente importante para o
desenvolvimento da criança e que com esforço e força de vontade tudo é
possível.

O docente está sempre a aprender e a fortalecer e sua experiência e


quando não há condições ao nível dos materiais e recursos há que promovê-las.

A escola deve desempenhar um papel activo na educação artística da


criança. Partindo deste pressuposto a base pela qual se vai basear o meu estudo,
assenta na seguinte questão:

_ Que importância é que os professores do ensino básico atribuem á


educação artística, nomeadamente na área da expressão plástica e quais as
estratégias que utilizam para a sua realização?

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Capítulo II

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2 OBJECTIVO DE ESTUDO

2.1 Formulação do objectivo

O objectivo central deste trabalho é averiguar se o docente promove a


componente criativa durante as aulas no âmbito do ensino básico 1º ciclo,
nomeadamente no que respeita à expressão plástica. Pretende-se averiguar
ainda se o docente recorre à educação artística ao longo da sua prática
pedagógica com o objectivo de tornar os conteúdos programáticos mais
apelativos e interessantes tendo como principal desígnio estimular a imaginação,
o sentido crítico dos alunos.

Tenciona-se apurar também se o docente considera a educação artística,


nomeadamente, a expressão plástica importante para o desenvolvimento do
aluno, se a pratica com regularidade, quais as estratégias utilizadas e até que
ponto os docentes receberam formação, ou, a procuram obter através de
seminários, conferências e literatura adequada.

2.2 Formulação das hipóteses de investigação.

As hipóteses de investigação estabelecem a restrição máxima do


problema enunciado, assegurando que são as refutações prováveis ao problema

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enunciado, ou seja, uma hipótese constitui uma predição que, através da


investigação se infirma ou confirma.

Assim no seguinte estudo são consideradas as seguintes hipóteses:

Hipótese 1_ A maioria dos docentes não se sentem habilitados nem tem


formação para desenvolver a área de expressão plástica.

Hipótese 2_ A avaliação dos trabalhos dos alunos é elaborada sob um


modelo rígido, efectuado segundo o ponto de vista do professor e não de acordo
com o padrão de desenvolvimento etário e cognitivo da criança.

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I Parte_ Fundamentação Teórica ______________________

Capítulo III

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I PARTE

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3. A EDUCAÇÃO E OS SEUS DOMÍNIOS

3.1 Conceito de Educação

"A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer
coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram.
Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da
educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não
aceitar tudo que a elas se propõe." (PIAGET)1

É difícil encontrar uma definição completa, única e universal para


educação, no entanto, propomos uma definição criticável que poderá servir de
ponto de partida. A educação «consiste em transmitir normas de comportamento
técnico-científica (instrução) e moral (formação do carácter) que podem ser
compartilhadas por todos os membros da sociedade» (ARANGUREN).2

1
http: // pt wikipédia.org/wiki/RSS
2
http: // pt wikipédia.org/wiki/RSS

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É certo afirmar, que a educação contribui, como expressa a definição


citada anteriormente, para a formação científica e moral do indivíduo, tendo uma
influência extremamente forte na formação da sua personalidade. No entanto, a
educação é mais do que isto. A educação permite ao homem desenvolver as suas
aptidões físicas e intelectuais e os seus sentimentos sociais, estéticos e morais de
forma voluntária e consciente.

A educação assenta em vários domínios, ela é física, estética, moral,


afectiva e intelectual. São estes os ingredientes mágicos da educação, que
contribuem para o desenvolvimento do indivíduo ao longo da vida, desde o
nascimento até à morte, isto porque, quando pensamos em educação não
devemos pensar só nas crianças, sendo que, o homem é educado ao longo da
sua existência.

Não se devem confundir dois conceitos que se aproximam


semanticamente, educar não é o mesmo que ensinar.

A escola necessita de docentes que ensinem e eduquem, só assim


poderão ensinar educando ou educar ensinando.

A escola privilegia o ensino e esquece que a sua função é educar


ensinando.

O sistema que vigora está repleto de falhas, por um lado, tenta abrigar os
valores e as atitudes, por outro, não se preocupa o suficiente em controlar
factores que se limitam á obtenção de aprendizagens teóricas.

O educando deve ser visto como uma pessoa que pensa e que sente, não
é um computador, onde se colocam dados e informações. Há que encarar o aluno
como um ser racional, que faz parte da sociedade do presente e do futuro.

É importante trabalhar os valores, estes são a chave para uma educação


sólida e contribuem para formar cidadãos capazes de exercer a cidadania.

A escola não tem apenas a função de instruir, tem a função de educar,


sendo que, a cidadania não se exerce com sucesso, apenas, com o
conhecimento ideólogo das diferentes disciplinas.

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3.2 Educação artística segundo o Currículo Nacional do


Ensino Básico.

«Sem uma formação artística extensiva a praticamente toda a população,


não pode uma nação dizer-se plena de vitalidade, possuidora dos bens todos a
que temos direito, apta a completamente se conhecer a si própria e a outras
nações suficientemente preparada para modificar a seu favor o curso dos
acontecimentos» (SOUSA, Alberto cit. BRANCO, 1960, p 61)

Conforme a afirmação de João de Freitas Branco, sem uma formação


artística, o homem não está completo, não possui os bens a que tem direito, não
goza de vivências culturais enriquecedoras e, por consequência, o seu
desenvolvimento está comprometido e limitado.

A educação artística é um factor extremamente importante para que o


sujeito possa ter um desenvolvimento harmonioso e equilibrado, efectuando e
desenvolvendo aprendizagens.

A arte é um elemento fundamental para que o indivíduo desenvolva a sua


consciência critica, utilize e articule a razão, a imaginação e emoção.

Segundo o Currículo Nacional do Ensino Básico as artes possibilitam


participar em actividades individuais e colectivas que abarcam inúmeros desafios

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fundamentais para o desenvolvimento pessoal e social, que facultam ao aluno


compreender melhor as tradições da sua cultura e de outras culturas diferentes da
sua.

A educação artística é substancial para o crescimento intelectual, físico e


emocional dos educandos e desenvolve capacidades de: expressão e
comunicação; autoconfiança; autonomia; sentido critico, analítico e interventivo;
sensibilidade estética; fruição do belo; contribuindo para o desenvolvimento e
afirmação da identidade, assim como, maior proveito escolar.

Pode-se afirmar, que a educação artística delibera a sua influência em


várias vertentes: _ a intelectual, a social, na física e a emocional.

Intelectual: _ promove a aquisição de conhecimentos, desenvolve as


capacidades da criança, como por exemplo, a criatividade e o imaginário.

Social: _ Contribui para a afirmação individual, ajuda a criança a integrar-se


melhor no grupo e facilita a expressão e a comunicação.

Física: _ Contribui para uma melhor exploração do corpo e da voz.

Emocional: _ A criança adquire mais confiança, autonomia, auto-estima e


sensibilidade.

É caso, para afirmar que a educação artística constitui um elemento


fundamental para o desenvolvimento da expressão pessoal, social e cultural do
aluno. É, sem dúvida, um conhecimento que origina uma interacção entre três
componentes fundamentais: a imaginação, a razão e a emoção.

Estas componentes são responsáveis pela formação de cada indivíduo e


trazem novas perspectivas, formato e consistência ao ambiente e à sociedade em
que se vive.

A arte influência o modo como a criança aprende, comunica e processa o


seu pensamento, também é responsável pelo desenvolvimento de inúmeras
competências tais como:

_ Constituiu um elemento primordial da herança cultural da humanidade.

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_ É responsável pelo desenvolvimento do indivíduo dotando-o de


capacidades ao nível afectivo, cinestésico e origina uma interacção com os
diferentes saberes;

_ Avulta e promove a singularidade de cada um estimulando a sua


expressão;

_ Impulsionam a comunicação e o respeito entre as diferentes culturas e


permitem a aproximação entre as pessoas;

_ Empregam como recurso componentes da existência natural do ser


humano (imagens, sons e movimentos) que ele institui de forma criativa.

_ Através do processo criativo o indivíduo melhora a sua personalidade de


forma livre e critica;

_ São um espaço de lazer, liberdade dotado de experiências ricas e lúdicas


que contribuem para que o indivíduo se conheça melhor, desenvolva a confiança
sob si mesmo e contribuem para uma melhoria da auto-estima, bem como, o
reconhecimento e o respeito pelos seus semelhantes;

_ Promovem a partilha de sentimentos e emoções;

_ Contribuem para o desenvolvimento das relações sociais e culturais e


ajudam o indivíduo a responder aos desafios quotidianos com mais rapidez e
eficácia no seio da sua cultura ou relativamente a culturas diversas.

_ Desenvolvem as relações com pessoas com necessidades educativas


especiais;

_ Estimulam a descoberta de novas aprendizagens e envolvem uma


actualização imutável ao longo da vida.

3.2.1 A educação artística como impulsionadora de experiências de


aprendizagem.

No ensino básico o aluno deve usufruir de aprendizagens diversificadas,


que estimulem o desenvolvimento das competências artísticas, bem como, o
robustecimento da sua personalidade.

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Existe um leque variado de experiências que se podem proporcionar ás


crianças, tais como:

_ Impulsionar projectos de pesquisa em artes, por exemplo, o docente,


pode sugerir ao aluno a elaboração de um trabalho de investigação, tendo, como
ponto de partida, um tema que desperte significado e interesse, baseado na
recolha de informação, num sistema que propenda a protecção do património
artístico.

_Realizar, ao longo do ano escolar, espectáculos, oficinas, exposições com


os trabalhos das crianças, em suma, estimular os alunos a participarem em
acontecimentos artísticos que incentivem o desenvolvimento de actividades
individuais e colectivas num trabalho interdisciplinar.

_Incentivar o aluno a recorrer ás tecnologias da informação e comunicação


desenvolvendo possibilidades de trabalho com diversos programas e materiais
informáticos.

_Criar oportunidades aos alunos de assistir a acontecimentos artísticos,


como por exemplo, espectáculos e exposições que promovam visões estéticas
diversificadas.

_A arte está em toda a parte, logo, o docente deve desenvolver projectos


que se encontrem em harmonia e ligação com outras disciplinas, permitindo a
transferência de saberes.

_ A arte não faz parte apenas da nossa cultura, está presente em todas as
culturas. Por este motivo, torna-se imprescindível incentivar a criança a contactar
com culturas diferentes da sua, com diferentes povos e em diferentes épocas,
tendo como objectivo, aumentar a visão estética, cultural e a consciência
multicultural no aluno.

_ Fomentar a valorização do património artístico e cultural de forma activa


e interventiva.

_ Desenvolver a troca de experiências, de conhecimento através da inter


relação com estudantes de outras escolas.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

_ Desenvolver a aptidão de triagem e aplicação de técnicas no processo de


criação artística.

As experiências, em cima citadas, ajudam a incentivar a criança para a arte


e contribuem para o seu desenvolvimento pessoal.

3.2.2 A escola como espaço promotor de literacia em artística.

Segundo o Currículo Nacional do Ensino Básico, p 151, 2001 «literacia em


artes pressupõe a capacidade de comunicar e interpretar significados usando as
linguagens das disciplinas artísticas. Implica a aquisição de competências e o uso
de sinais e símbolos particulares, distintos em cada arte, para percepcionar e
converter mensagens e significados. Requer ainda o entendimento de uma obra
de arte no contexto social e cultural que a envolve e o reconhecimento das suas
funções nele.»

A escola é um espaço dotado de cultura, promotor de oportunidades que


permitem o desenvolvimento da literacia artística.

A literacia implica o desenvolvimento da criatividade; a adaptação às


linguagens elementares das artes, a compreensão das artes no contexto, onde
estão inseridas.

Ao longo do ensino básico a educação artística constitui uma área


fundamental para o desenvolvimento da criança e deve ser abordada de forma
intencional e planeada em consonância com as restantes áreas curriculares.

A educação artística engloba quatro grandes áreas: A Expressão


Dramática; Expressão Musical; Expressão Plástica e Expressão Físico-Motora.
Todas elas, fundamentais para um desenvolvimento harmonioso e integral da
criança.

No ensino básico o aluno deve ser estimulado a desenvolver um conjunto


de competências artísticas, fundamentais para o desenvolvimento da literacia
artística.

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Estas competências são adquiridas de forma gradual, aprofundando as


noções e os conceitos de cada área artística.

No que concerne á apropriação das linguagens elementares das artes o


aluno tem a incumbência de atingir variadíssimas competências:

_ Adquirir noções;

_ Reconhecer conceitos em obras de cariz artístico;

_ Saber como aplicar os conhecimentos em diferentes situações;

_ Compreender as diferentes linguagens e códigos artísticos;

_ Analisar os factos artísticos cientificamente;

_ Usufruir de todos os sentidos para captar a realidade envolvente;

_ Utilizar correctamente o vocabulário específico.

No desenvolvimento da capacidade de expressão e comunicação o aluno


deverá saber:

_ Adequar as linguagens e códigos de comunicação do presente e do


futuro;

_ Interagir com o seu semelhante demonstrando a sua individualidade e


personalidade;

_ Analisar, recorrendo ao sentido crítico, a produção artística dos outros


indivíduos;

_ Familiarizar-se emotivamente com uma obra de arte, expressando


predilecções para além dos aspectos técnicos e conceptuais;

_ Desenvolver a motricidade através da exploração de diferentes técnicas


artísticas;

_ Recorrer á utilização de técnicas de pesquisa de informação na prática


artística;

27
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

_ Participar em acontecimentos relacionados com a protecção do


ambiente, do património cultural e do consumidor, tendo como objectivo atingir
melhores condições de vida;

_ Cooperar activamente no processo de realização artística;

_ Entender os estereótipos como princípios facilitadores, mas também os


menos enriquecedores da comunicação;

_ Ouvir e respeitar a opinião dos outros para se construir uma


aprendizagem comum;

_ Acatar e respeitar as normas estabelecidas para se proceder á


elaboração de um trabalho de grupo;

No que engloba o desenvolvimento da motricidade as competências a


desenvolver abarcam:

_ A valorização da expressão espontânea;

_ Pesquisar soluções variadas e alternadas para os problemas;

_ Saber selectar a informação em função de um problema;

_ Recorrer a técnicas e instrumentos com desígnio expressivo;

_ Cooperar em acontecimentos de improvisação artística.

Em relação á compreensão das artes no contexto a criança deve saber:

_ Reconhecer as características da expressão artística dos diferentes


povos, culturas e épocas;

_ Estabelecer comparações com variadas formas de expressão artística;

_ Enaltecer o património artístico;

_ Incrementar projectos de pesquisa em artes;

28
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

_ Entender que o progresso tecnológico exerce uma influência


evolucionista nas artes;

_ Compreender e valorizar a importância das artes em diferentes culturas e


sociedades;

_ Participar activamente em acontecimentos de cariz artístico


(espectáculos e exposições);

_ Visitar ambientes de afazeres relacionados com actividades artísticas


(oficinas de artistas, artesãos, oficinas de construção de instrumentos, salas de
ensaio) e as suas problemáticas.

A literacia é um processo interminável de aprendizagem de procura e de


colaboração que coopera para o desenvolvimento do homem e das culturas onde
este se insere.

3.3 Arte e a Educação Visual

Segundo o Currículo Nacional do Ensino Básico, p 155, 2001 «a Educação


Visual constitui-se como uma área do saber que se situa no interface da
comunicação e da cultura dos indivíduos tornando-se necessária à organização
de situações de aprendizagem, formais e não formais, para a apreensão dos
elementos disponíveis no Universo Visual. Desenvolver o poder de discriminação
em relação às formas e cores, sentir a composição de uma obra, tornar-se capaz
de identificar, de analisar criticamente o que está representado e do agir
plasticamente são modos de estruturar o pensamento inerentes à
intencionalidade da Educação Visual como educação do olhar e do ver.»

Para se compreender o património artístico é imprescindível apelar à


sensibilidade e ter a percepção estética desenvolvida.

29
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

No século XX realizaram-se prodigiosas investigações no campo da


educação e da psicologia com o propósito de se averiguar qual é a influência que
a arte exerce no desenvolvimento do indivíduo.

Estas pesquisas forneceram informações preciosas que ajudaram a


perceber o sujeito como criador e fruidor e introduziram novos conceitos que
acarretaram metamorfoses a nível teórico e prático.

No passado afirmava-se que as criações artísticas eram apenas o reflexo


do sentimento aparente, isto é, um acto que não se baseava na razão,
actualmente, sabemos que esta linha de pensamento não corresponde á
realidade.

As artes visuais desempenham um papel primordial no desenvolvimento do


indivíduo e integram três dimensões fundamentais: sentir, agir e conhecer.

A Educação Visual desenvolve a percepção estética, o gosto pela


produção de objectos plásticos, a capacidade crítica e participativa. Estas
capacidades ajudam a compreender esteticamente e artisticamente o mundo em
que vivemos.

3.3.1 Competências especificas nas Artes Visuais.

No ensino básico as competências que a criança deve desenvolver nas


Artes Visuais englobam três parâmetros fundamentais: fruição-contemplação,
produção-criação, reflexão-interpretação.

Fruição-contemplação: _ a criança deve apreender que as artes visuais são


fundamentais para o desenvolvimento cultural do homem; autenticar a utilidade do
espaço natural construído, público e privado; possuir conhecimentos sobre o
património artístico da cidade onde vive, bem como, respeita-lo e preserva-lo;
compreender as exteriorizações das Artes Visuais, integrando-as culturalmente e
socialmente e valorizar as demonstrações artísticas de culturas diferentes da sua.

Produção-criação: _ o aluno deve empregar formas de expressão variadas;


apreender e utilizar diversos modos de dar forma ajustados à auscultação das

30
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

criações da natureza e do homem; efectuar produções plásticas utilizando vários


elementos de comunicação visual; recorrer a varias técnicas de realização
plástica; descodificar a linguagem expressiva das Artes Visuais.

Reflexão-interpretação: _ o educando deve procurar meios e informação


para desenvolver a criatividade; procurar experiências ligadas às Artes Visuais
para desenvolver o sentido de apreciação estética e artística; possuir
conhecimentos sobre as terminologias das Artes Visuais.

31
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

CAPÍTULO IV

4. O QUE É A ARTE

Arte

A arte não é apenas criada


Para decorar, alegrar e colorir o mundo,
Ela é a chave mágica
Que abre as portas
Desse mesmo mundo.
O medicamento que ajuda na cura
De variadíssimas doenças,

32
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

O sábio que nos dá a conhecer capacidades


Que julgávamos não ter,
O comediante e crtico
Dos hábitos e costumes culturais, sociais, políticos e económicos,
O aventureiro que enfrenta o medo
Desafia limites para tentar explorar e compreender,
A musicalidade
Que eleva a alma á perfeição e ao paraíso,
A luz divina
Que extingue a escuridão e as trevas,
A loucura que vence a mentira
E nos torna mais lúcidos,
A educação que combate a ignorância!

Nádia Gomes

4.1 Conceito de arte

"A finalidade da arte é dar corpo à essência secreta das coisas, não é
copiar sua aparência." (ARISTÓTELES)3

"A coisa mais bela que podemos experimentar é o mistério. Essa é a fonte
de toda a arte e ciências verdadeiras." (EINSTEIN)4

A arte é a expressão do sentir humano e não deve ser apenas vista como
um meio de lazer ou mero utensílio de decoração, que transforma o nosso espaço
e o torna mais bonito.

3
http:/pensamentos.com.sapo.pt
4
http:/pensamentos.com.sapo.pt

33
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Ela é, acima de tudo, o retrato da história da humanidade que revela os


hábitos e costumes culturais, sociais, religiosos e políticos.

Maria de Fátima Seehagen no artigo “O que é a arte?” que diz o seguinte:


«factores históricos e sociais modelam os tipos de arte, porém, desde a arte pura
do homem paleolítico, passando pelos gregos arcaicos, pelas leis romanas na
arte, pelo poder mágico da arte e todos os "ismos" que se seguiram. Passando
pela fotografia, pelo cinema, ingressando na virtualidade da nossa época,
debatendo-se com a globalização, a verdadeira arte jamais se escravizará a
códigos e será sempre inovadora e capaz de falar do seu tempo.»5

O mundo é complexo, repleto de beleza e variedade. O homem faz parte


dessa variedade e é dotado de variedade física e psicológica, ninguém é igual a
ninguém, logo, quando se exprime artisticamente o homem vai ser influenciado
por uma variedade de factores externos e internos, onde está presente a sua
capacidade de representação, sensibilidade e personalidade.

A arte modificou ao longo do tempo e embora seja o retrato de hábitos e


costumes culturais de uma determinada época, ela é, também, o retrato dos
sentimentos do homem.

Muitos artistas, não pintam as coisas como as vêem, mas como a sentem.

Ao pintar, o artista não se limita, somente, ao que pensa e ao que visualiza.


Ele sente e tenta exprimir os sentimentos através das cores, das formas e dos
símbolos.

Se o artista não pinta apenas o que vê, mas o que sente, será que a sua
obra é sempre bela aos olhos de quem a contempla? Uma obra de arte deve ser
observada pelo sentido estético ou pela mensagem que quer transmitir?

Gostaria de responder a estas questões começando por dizer que quando


um artista pinta um quadro, a sua preocupação não é só sentido estético, ele
tenta transmitir sentimentos e vivências.

5
http:/wwwcasadacultura.org/arte/artigos

34
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Pode pintar uma paisagem marinha que nos transmite tranquilidade, luz,
calor, como pode representar a morte, utilizando cores frias num cenário mórbido,
onde tenta transmitir o frio, a dor, a revolta e o sofrimento.

Dentro desta índole gostaríamos de dar o exemplo de uma pintora


mexicana, Frida Kahlo, autora de uma obra rica, fabulosa e intrigante e cujos
quadros são o retrato da sua realidade.

Frida Kahlo nasceu em 1907 no México e a sua vida foi marcada por
grandes tragédias. Aos seis anos de idade contraiu poliomielite e mais tarde
sofreu um acidente de autocarro que lhe provocou múltiplas fracturas e a
condenou a meses de convalescença, impedindo-a de se formar em medicina.

Foi durante o período de convalescença que começou a pintar.

O tema de muitos quadros é o retrato de si mesma “ eu pinto-me porque


estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”

A maior mágoa da artista foi a impossibilidade de ser mãe esta dura


realidade está patente nos seus quadros.

Gostaríamos de mostrar um exemplo da sua arte e elucidar um quadro seu,


porque Frida foi, sem dúvida, uma artista que sempre pintou não com os olhos,
mas com o coração.

35
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Árvore da Esperança, Mantém-te Firme (1946). Frida Kahlo (1907-1954). Óleo. 56 X 40.5 cm. Galeria de Artes
Isadora Ducasse (Nova York)

No ano de 1946, Frida pinta o quadro a Árvore da Esperança, Mantém-te


Firme, nesta obra, representa o seu sofrimento ao pintar o dia e a noite.

A noite escura, retrata o sofrimento e o dia representa um novo amanhecer


cheio de esperança.

O relevo do quadro é árido e seco, repleto de fendas, que simbolizam as


fracturas dos ossos e as várias cicatrizes provocadas pelas diversas intervenções
cirúrgicas.

No lado onde está afigurada a noite, a pintora encontra-se sentada e traz


numa das mãos um colete ortopédico, que infelizmente nunca conseguiu
abandonar, na mão direita segura uma bandeira, onde se encontra escrito o título
do quadro.

No ano de 1954, Frida faleceu apenas com 47 anos devido a uma embolia
pulmonar.

A última frase que escreveu no seu diário, revela o sofrimento em que se


encontrava “ espero alegremente a saída e espero nunca mais voltar”

O exemplo de Frida, demonstra que a arte não serve apenas para decorar
os nossos espaços dar luz e alma às cidades. É, acima de tudo, um meio muito
forte de comunicação, que dá animo, transmite calma, beleza, harmonia mas,
também, pode chocar o observador, com imagens e tonalidades que retratam a
dor, a revolta, o sofrimento, o ódio e as atrocidades como a guerra, a pedofilia, a
droga, a tortura e a violência.

4.2 A arte infantil

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

«A Expressão é como um vulcão, algo que brota espontaneamente, algo


que vem do interior, das entranhas, do mais profundo do ser. Exprimir é tornar-se
vulcão. Etimologicamente, é expulsar, exteriorizar sensações, sentimentos, um
conjunto de factos emotivos. Exprimir-se significa realizar um acto, que não é
ditado, nem controlado pela razão.» (SOUSA Alberto cit. STERN, p 105, 1991)

Segundo STERN (1991), apreender a arte infantil é saber porque se


exprime a criança, como se exprime e o que exprime.

A arte infantil tem de se apreciar atentamente, é uma expressão que vai


muito além do ingénuo e do fantasioso.

A criança tem necessidade de se revelar através da expressão plástica o


que não consegue exprimir verbalmente, este é um dos motivos porque a
expressão livre deve ser estimulada.

Muitas vezes os pais privilegiam o sucesso escolar e não conferem um


papel importante à expressão. É claro, que nenhum pai toma esta posição com
más intenções, no seu ponto de vista, pensa estar a agir correctamente e a
contribuir para o sucesso escolar do seu filho, mas está enganado e demonstra
ignorância em relação a este assunto. Ao agir desta forma, está a cooperar para a
instabilidade da criança, para um rendimento escolar fraco e até para o seu
fracasso na vida.

A expressão é uma ferramenta indispensável ao desenvolvimento saudável


da criança, impedir a criança de se expressar é atentar contra o seu
desenvolvimento.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Nunca se deve limitar a expressão artística, pelo contrário, deve-se


promover a sua expansão, para que a criança progrida fisicamente e
intelectualmente.

A expressão desenvolve a inteligência, faz com que as crianças consigam


olhar para um objecto sob vários pontos de vista e futuramente, ao longo da sua
vida profissional, conseguem resolver problemas com mais facilidade e encontrar
novas soluções.

Infelizmente nem todos os educadores compreendem que a expressão é


uma actividade a incentivar, mas aqueles que se tornam conscientes do seu valor
não hesitam em considera-la uma actividade a privilegiar e praticam-na
regularmente.

A criação artística da criança tem como objectivo dar vida a sensações e a


sentimentos e para que isto seja autêntico, puro, imaculado o adulto não deve
exercer a sua influência.

4.2.1 O adulto e a sua influencia na arte infantil.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Muitas vezes, na escola ensina-se a criança a desenhar o que vê, mas este
tipo de desenho não tem nada a ver com arte infantil. Ao desenhar algo que
observa a criança apenas exercita os movimentos, aprende a observar e retrata
no papel um objecto.

Arte infantil seria desenhar esse mesmo objecto, num ponto de vista
diferente, que lhe conferisse características que só a criança vê e sente.

Não queremos, com isto dizer, que o desenho à vista não deve ser
ensinado nas escolas, é claro que sim, mas não sob o ponto de vista artístico,
mas sim como um meio que irá contribuir para um aperfeiçoamento técnico.

STERN (1991) considera que as aulas de desenho apenas servem para


ensinar alguns truques, como os obtidos pelo dono de um cão bem treinado.
Quantas vezes, os professores fazem comentários do género: «o cabelo das
pessoas não é verde, as árvores não são azuis, os cavalos não têm asas». São
comentários deste tipo que inibem a criança e impedem que ela se manifeste
como a sua imaginação lhe dita.

Os adultos teimam, muitas vezes, involuntariamente, em destruir a


expressão das crianças, mas este facto, não acontece por acaso, eles próprios
foram deformados e gravemente influenciados e infelizmente não conseguem ter
uma visão sem princípios a aplicar como as crianças.

Infelizmente, esta má influência, que trava a expressão e o seu


desenvolvimento continua a suceder nos dias de hoje. É necessário trava-la, caso

39
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

contrário, os educadores estarão a formar seres pobres em criatividade,


desprovidos de valores, sentimentos, que não sabem fazer uso dos cinco
sentidos, que ao serem estimulados, abrem as portas para um mundo fantástico
onde o superficialismo não vigora.

Se o educador pensa que para promover a educação artística não são


precisos conhecimentos estéticos e competência, então está equivocado. Quanto
mais liberdade uma criança possui para se exprimir, mais competência necessita
de ter o educador na acção criadora, porque se depara com desafios quotidianos
aos quais tem de dar resposta. Quanto maior é a liberdade, maior é o desafio que
se tem pela frente, porque é preciso saber orientar correctamente e
disciplinadamente essa liberdade sem lhe por entraves.

No entanto, o que se verifica na maioria das escolas é a adopção de um


modelo calculista, que manipula a criança e que não tem como objectivo a
expressão livre, mas sim um sucesso estético, que não faz parte, nem cabe no
universo da criança.

Este retrato revela falta de conhecimento e falta de sensibilidade por parte


dos educadores, é urgente mudar este cenário, combater a tendência de
influenciar a expressão artística da criança, que, em vez, de a fazer desabrochar
espontaneamente a mata, aos poucos, obrigando-a a desenhar como os adultos e
destruindo o seu universo que muito para nos ensinar.

O adulto deve respeitar a arte infantil e afastar-se de todas as más


influências que a deturpam a expressão. A expressão tem de ser pura ou então
não existe.

STERN (1991) concorda com uma educação voltada para a expressão e


alega que a educação criadora é uma necessidade que a vida actual exige. É
mais do que evidente que os programas de ensino nos conduzem a um beco sem
saída.

É claro que os programas de ensino nos ajudam, mas devem servir apenas
como um guia, isto é, o docente jamais deve exercer a sua prática limitado pelo
programa, se possível, deve ir além do programa e abordar temas que não fazem

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

parte do mesmo recorrendo à criatividade, se verificar que as necessidades dos


seus alunos o requerem.

4.2.2 Como deve o adulto orientar a criança na expressão artística?

Muitas vezes, a criança sente necessidade de pedir ajuda ao adulto para


desenhar o que tem dificuldade. Este tipo de situação é mais frequente quando o
adulto lhe impõe um tema sob o qual deve desenhar, sendo que, no desenho livre
a criança não tem tanta dificuldade em desenhar, porque se sente autónoma para
expressar os seus sentimentos.

O objectivo central da criança ao pedir ajuda ao adulto, não é, só porque


quer receber ajuda, mas também, porque quer estreitar as suas relações afectivas
com ele.

O adulto ao responder ao pedido, está a corresponder à solicitação


relacional, mas de um modo que irá embaraçar posteriormente a criança porque,
esta, não possui qualidades para desenhar de forma tão “perfeita” como o adulto.
Este facto, vai contribuir para a desmotivar e inibi-la a em relação as suas
capacidades e, por consequência, irá ficar cada vez mais dependente da ajuda do
adulto.

O educador deve evitar ao máximo interferir no desenho da criança, este


gesto vai manchar a sua criatividade e a sua autoconfiança.

A criança tem uma forma de desenhar muito diferente do adulto, nenhum


adulto por mais que se esforce consegue desenhar como uma criança.

No desenho infantil não é a perfeição que conta, mas sim o que o desenho
evoca.

A criança desenha sentimentos e tudo o que para ela tem significado.


«Quando desenha flores, estas não representam flores, mas algo de mais
profundo do ser que é criança. Poderão representar a lembrança de ter passeado
com o pai num jardim, o desejo de oferecer flores à sua mãe, a evocação de uma

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

experiência visuo-táctil-olfactiva que teve quando colheu uma flor…» (SOUSA, p


176, 2003)

O adulto, pode ajudar a criança sem interferir no desenho, procurando dar-


lhe atenção e conversando sobre os desenhos que ela elaborou. Assim, a criança
irá sentir-se mais confiante em relação às suas potencialidades.

As crianças tem o hábito de perguntar ao adulto se o desenho está bem,


perante este dilema o adulto é forçado a dar uma resposta.

A solução não é responder positivamente nem negativamente. Se a


resposta for positiva a criança passará a considerar aquele tipo de desenho como
preferência do adulto e fará cópias deste no futuro, em vez, de procurar realizar
algo novo, se a resposta for negativa, a criança sentir-se-á desmotivada na
prática da expressão plástica.

A solução pedagógica a adoptar é o meio-termo, isto é, a resposta não


deve ser positiva, nem negativa, basta um ligeiro aceno com a cabeça, um
sorriso, um carinho para que a criança sinta que o trabalho está a ir bem.

O adulto também deve dar conselhos do género: «o que pode ser


melhorado?», «desenha o que estás a imaginar» ou «podes desenhar mais
coisas», assim a criança irá sentir-se mais motivada a melhorar a sua criatividade.

4.2.3 Avaliação dos trabalhos das crianças.

Segundo (SOUSA Alberto, p 178, 2003) «os adultos em geral e os


professores em particular têm uma tendência muito forte em efectuar julgamentos
sobre os trabalhos realizados pelas crianças, esquecendo-se que ao investirem-
se do papel de juízes despem do papel de educadores. Um julgamento não é um
acto pedagógico, um juiz não é um educador e um tribunal é muito diferente de
uma escola.»

A afirmação, citada anteriormente, demonstra que o educador não deve


julgar o trabalho de uma criança porque, ao faze-lo, destrói a relação afectiva pela
sobrevalorização de um trabalho.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Será que os critérios de avaliação utilizados pelo educador são os mais


correctos? Na maioria das vezes não são porque, o adulto ao avaliar vai
privilegiar o grau de perfeição e raramente se centra na originalidade da criança.

Na arte infantil não existe perfeição técnica, existe sim um conteúdo repleto
de cores, formas e símbolos que representam a própria criança. É, por esta razão,
que avaliações sobre as criações plásticas das crianças deverão ser evitadas,
pois só servirão para inibir a sua expressão plástica e comprometer o
desenvolvimento da criatividade.

LOWENFELD Viktor (p 182, 1970) faz uma síntese do que os educadores


devem ou não devem fazer no que concerne à expressão plástica da criança.

O que devem fazer:

_ Encarar a expressão plástica como um método de desenvolver a


personalidade da criança;

_ Ao desenhar a criança está adquirir experiências que vão promover o seu


desenvolvimento;

_ Proporcionar actividades onde as crianças estabeleçam relações com


ambiente;

_ Privilegiar o empenho da criança quando esta expressa a sua própria


experiência;

_ Entender que as «simetrias erradas» expressam uma experiência;

_ A visão da criança sobre a arte não é a mesma visão que tem o adulto;

_ Saber admirar os trabalhos da criança de acordo com as suas próprias


virtudes;

_ Colocar a criança a trabalhar num local apropriado;

_ Ensinar a criança a observar e a respeitar o trabalho dos colegas;

_ Estimular a criança a expressar-se livremente;

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

_ Proporcionar um clima agradável para que a criança se exprima


naturalmente;

_ Permitir que a criança incremente a sua própria técnica através da


experimentação;

O que não devem fazer:

_ Ajudar a criança na elaboração dos desenhos;

_ Habituar a criança a pintar apenas em cadernos para colorir ou modelos


de desenhos, porque este tipo de actividade limita a criatividade da criança;

_ Evidenciar apreciação por tudo o que a criança desenha;

_ Corrigir as simetrias dos trabalhos;

_ Desejar que as expressões artísticas sejam sempre bonitas aos olhos do


adulto;

_ Demonstrar preferência por alguns trabalhos elaborados;

_ Realizar concursos, exposições ou competições que envolvam


recompensas;

_ Limitar a expressão da criança impingindo os padrões do adulto;

_ Colocar nas paredes apenas os melhores trabalhos;

_ Demonstrar á criança «como se desenha», «como se faz»;

4.3 A expressão na Arte Plástica.

«A criança exprime-se pelo gesto, o som, a palavra e a imagem. O que


exprime a criança? Sensações corporais, sentimentos de alegria, tristeza e
serenidade, desejos, ideias, curiosidades, experiências, um conjunto de factos
emotivos.

44
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Muitas vezes realiza em pintura o que a realidade social lhe nega. Se por
exemplo, lhe acontece ser impedida de brincar com os seus companheiros será,
muito provavelmente, esse seu desejo ou a tristeza de não o poder concretizar
que exprime em pintura» (SOUSA, Alberto cit. GONÇALVES, p 167, 1976)

A citação anterior demonstra que a criação plástica é a expressão


psicológica da criança, esta, tem tendência a desenhar sentimentos que tem
dificuldade em exteriorizar.

Muitas vezes o adulto critica a obra da criança sem se preocupar com o


conteúdo emocional, apenas visiona a obra tendo em consideração o ponto de
vista estético e esquece que o que importa realmente não é o produto, é a
mensagem que a criança quer transmitir. Segundo SOUSA Alberto p 167 2003
«Não interessa o que a criança desenha nem o como ela o faz. Interessa apenas,
que faça, a expressão e não o seu produto. Como num lagar, em que o que sai (o
azeite) e não o produto que fica (caroços e cascas triturados).»

O adulto ao observar os desenhos de uma criança, não o pode fazer tendo


em consideração critérios como (perfeição técnica, simetria, perspectiva,
tonalidade, etc.), uma criança ainda não tem estas noções e a perfeição técnica
nada tem a ver com arte infantil, no entanto, existe outro tipo de perfeição, com
características próprias, que palpita em cada desenho: a emoção, os sentimentos,
as experiências, as frustrações, em suma, a própria criança.

«A criança revela-se através do que faz, pelo que os seus desenhos,


pinturas e objectivos devem ser observados com seriedade e não com falsas
apreciações ou exageradas manifestações de êxtase, decepção ou indiferença.
Se, por um lado, a criança sente tristeza perante a indiferença do adulto, por
outro lado, acaba por se tornar insensível ao aplauso sistemático. O que ela pede
é que a tomem a sério. Para isso é preciso saber ler ou entender a pintura infantil
para que não se cometam erros, quantas vezes causadores de graves
perturbações. Na maioria dos casos a criança é vítima da intervenção desastrosa
do adulto. O mundo plástico da criança é estruturalmente diferente do adulto.
Tem valores e leis particulares, características próprias, segundo as fases da sua
evolução.» (SOUSA, Alberto cit. GONÇALVES, p 168, 1991)

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

O adulto deve permitir que a criança se exprima livremente, neste tipo de


tarefa adquire sentido de responsabilidade, porque é responsável pelos actos que
pratica e assim ganha confiança, autonomia iniciativa e criatividade.

É a expressão livre que apela para a imaginação e a sensibilidade da


criança, permite que esta se conheça melhor a si mesma, aprenda a conhecer os
que a cercam, respeitando a singularidade de cada um.

4.3.1 A criança no atelier

O atelier é
um refúgio para a
criança, no qual
ela pode
expressar-se e dar azo à sua criatividade, nele, ela deve encontrar um ambiente
propício para desenvolver o seu espírito criativo.

Este espaço deve ser dotado de boas instalações e reunir todas as


condições, quer ao nível de materiais, quer ao nível de luz e arejamento, para que
a criança se sinta estimulada a realizar com empenho e imaginação diversas
actividades (desenho, pintura, modelação em barro, recorte e colagens, jogo
dramático entre outras).

Segundo (CARDOSO e VALSASSIMA p 79, 1988) «as paredes devem ser


cobertas por grandes placas de madeira ou cavaletes para a pintura, porque
estes dão à criança a oportunidade de executar os seus trabalhos com mais
concentração. Deverá também haver um recanto com material de desenho,
pintura, gravura e colagem; o papel deve ser colado em lugar apropriado, para
que a criança se possa servir dele sem ter de recorrer ao educador…»

No atelier é muito comum a realização de trabalhos de grupo, mas antes de


se precipitar para formar os grupos, o professor, deve ter em consideração as

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

idades dos alunos, sendo que, uma criança que entrou no atelier aos quatro anos
terá vantagem em relação aquela que apenas iniciou aos sete, quero com isto
dizer, que os grupos deverão ser elaborados de forma equilibrada, para que, se
verifique um equilíbrio harmonioso entre os vários grupos

Os trabalhos infantis devem fazer parte do atelier e são um instrumento


precioso que deve ser exposto. A exposição realizada deve ter um objectivo
pedagógico e didáctico, promovendo a demonstração do trabalho.

A criança aprecia ver o seu trabalho exposto, pois isso funciona como uma
prova que traduz o apreço que o adulto lhe dedica.

A criança a partir do momento que entra no atelier e começa a desenhar,


passa por inúmeras fases, é necessário que o educando lhe explique a partir do
momento em que ingressa na fase figurativa, as fases, pelas quais passou, para
que no futuro, ao observar «garatujas» adopte um comportamento compreensivo
para com aqueles que as executam.

No atelier, o adulto deve auxiliar a criança na execução do seu trabalho,


mas não deve dizer o que deve fazer. Como proferiu Pierre Duquet, a criança
pode aprender através da imitação, mas não aprende a exprimir-se pela imitação.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

CAPÍTULO V

5. CRIATIVIDADE E CRIAÇÃO

5.1 Conceito de Criatividade

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Segundo SOUSA Alberto (2003) a criatividade é uma competência


cognitiva que permite pensar antecipadamente, imaginar, engendrar, invocar,
antever, planear o que ocorre interiormente de modo consciente e voluntário.

A criação possui, porém, dois sentidos: o acto de realizar qualquer acção


criativa, construtiva, no caso, da expressão plástica, os actos de desenhar, pintar,
de modelar, etc., e o da obra, em si, criada por esta acção.»

O acto de criação, era muito comum no ensino tradicional, onde se exigia á


criança perfeição técnica nos seus desenhos, era extremamente importante que a
criança desenha-se e pinta-se bem, caso contrário, o seu desempenho não seria
bom, mas mau, ou, medíocre no final do ano, ou, do período.

Infelizmente esta concepção do ensino tradicional ainda vigora na


mentalidade de muitos professores, que ao invés de privilegiarem a imaginação, a
capacidade de inventar e criar algo novo, privilegiam só a perfeição técnica e
estética da obra elaborada pela criança.

A educação artística não se centra apenas na perfeição técnica, mas sim,


na criatividade, não importa muito o que a criança desenha, importa sim, a forma
como processa e organiza o seu raciocínio antes de desenhar.

O seu raciocínio não cessa enquanto desenha e, á medida, que o desenho


evolui, a acção criadora, por vezes, toma um rumo completamente diferente do
projectado inicialmente.

A criança não consegue criar sem ter a criatividade desenvolvida, é preciso


haver criatividade para que surja a criação. É indispensável evocar, projectar,
imaginar, prever para se poder criar.

A criatividade significa flexibilidade de raciocínio, fluência de ideias e


originalidade. A fluência diz respeito à quantidade de ideias que se tem sobre o
mesmo tema. A flexibilidade refere-se à habilidade de alterar o pensamento e de
empregar respostas variadas.

O professor deve estimular a criatividade da criança, porque ela faz parte


de uma sociedade complexa, onde lhe será exigido a habilidade para resolver

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

problemas que requerem um tipo de pensamento criativo e flexível, capaz de


responder às exigências quotidianas de forma imediata.

Ao estimular a criatividade o professor também desenvolve a imaginação


da criança para criar o que antes era apenas imaginável.

5.2 Estimulo da criatividade no contexto escolar

Segundo a Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 46786 de 14 de


Outubro) no ponto cinco do artigo 2º refere que a educação deve formar
«cidadãos capazes de julgarem com espírito crítico e criativo o meio social em
que se integram e de se empenharem na sua formação progressiva».

Esta afirmação demonstra que a lei defende a importância de estimular


devidamente a criatividade no processo de ensino-aprendizagem e o seu
desenvolvimento é uma das tarefas atribuídas ao professor.

No entanto, existem factores que funcionam como inibidores da criatividade


e com os quais o docente se depara no exercício da sua função (extensão dos
programas, falta de condições materiais).

Quando o docente se depara com este cenário a solução não é cruzar os


braços e procurar culpados, é importante agir e arranjar estratégias que
combatam esta situação tais como: metodologias inovadoras na sala de aula,
estabelecer uma relação pedagógica saudável, onde subsista comunicação e

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

respeito entre o professor e o aluno, diversificação de recursos didácticos, novas


formas de avaliação.

A sociedade actual é marcada pelo progresso científico e tecnológico


exigindo ao homem uma grande flexibilidade de acção, raciocínio e facilidade
para se adaptar a novas circunstâncias. É importante recorrer, não só, á
inteligência, mas também ao potencial criativo, porque é através deste que o ser-
humano consegue resolver muitos problemas de forma rápida e eficaz.

O professor deve estimular a criatividade no contexto escolar, porque os


seus alunos são e serão confrontados com uma multiplicidade de situações que
lhes vão exigir esta competência.

A criatividade quando se encontra desenvolvida na criança, abre-lhe muitas


portas e contribui para melhorar a sua qualidade de vida e a qualidade de vida
dos que a cercam.

A criança não vai utilizar a criatividade apenas nos seus trabalhos artísticos
porque, ela está presente em todas as áreas. Mora na ciência, na arte, nas
inovações tecnológicas, empresariais, gerênciais, nas inovações e nas mudanças,
políticas, éticas, culturais e ambientais, que nos afectam a todos e são da nossa
responsabilidade.

É graças à criatividade, à imaginação e à vontade de criar coisas novas


que o homem evolui em todas as áreas. Evolui, não só por ser um ser racional,
evolui porque, sonhou coisas novas, projectou coisas novas e realizou coisas
novas.

5.3 Como estimular a criatividade na criança?

Um indivíduo sem criatividade não se encontra completo e o seu raciocínio


não está desenvolvido para se deparar com problemas que exijam resposta

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

imediata, terá imensa dificuldade em adaptar-se a mudanças súbitas, bem como


acompanhar o progresso científico, cultural e tecnológico.

Segundo MUNARI (1987) um indivíduo, que esteja em contacto com a


cultura cresce com a comunidade. Uma pessoa dotada de criatividade, não é,
individualista, não se centra unicamente no seu ponto de vista, respeita e
considera o ponto de vista do seu semelhante.

Não vivemos sozinhos, fazemos todos parte de uma comunidade e temos


deveres a cumprir dentro dela para coabitarmos em harmonia uns com os outros.
Não é ao assumir uma postura egoísta, que o indivíduo consegue fazer parte
integrante de uma comunidade.

A criatividade deve ser estimulada, mas a grande questão que aqui se


coloca é como? O desenvolvimento da criatividade pode ser feito através de
jogos, onde as crianças realizem e apreendam conceitos novos e técnicas.

Os docentes podem apresentar novos conceitos sob a forma de jogos


porque, constituem uma forma de cativar e motivar a criança para realizar
determinada actividade e embora se deva dar liberdade de expressão, no
exercício da mesma, demonstra, ao educando, que existem algumas regras a
cumprir, quer no trabalho individual, quer no trabalho feito em grupo.

Segundo MUNARI (1987), o docente deve procurar realizar tarefas


diversificadas, experimentar e por à disposição das crianças, folhas de papel de
formas variadas (quadrado, rectângulos, triângulos, círculos), para que, estas
possam escolher qual forma onde querem realizar o seu desenho.

Este método, é excelente para motivar a criança a obter imagens diferentes


do habitual, também é, um excelente meio para se aprender as figuras
geométricas de forma divertida e extremamente criativa.

Este tipo de actividade também pode ser realizada em folhas de forma


irregular. Experiências desta índole são elaboradas em Itália e noutros países, os
resultados obtidos são engraçados e surpreendentes.

Para estimular a criatividade é importante que o professor experimente


conheça e dê a conhecer um conjunto de técnicas, que podem ser realizadas com

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
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o guache, a aguarela, a gravura, a pintura em spray, as pinturas em papel


molhado, as colagens com vários tipos de papel, as purpurinas, etc.

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CAPÍTULO VI

6. ACTIVIDADE CRIADORA NO DESENVOLVIMENTO DA


CRIANÇA

O desenho e a pintura não são apenas meros rabiscos coloridos num


pedaço de papel. Um desenho é uma forma de expressão e reflecte o estado de

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

espírito, os sentimentos, o intelecto, o desenvolvimento físico, perceptual a visão


estética, e a evolução social da criança.

Os desenhos não são estáticos, tendem a evoluir e a modificar, isto é, à


medida que a criança se desenvolve os seus desenhos modificam, reflectem o
crescimento e retratam o seu desenvolvimento emocional, intelectual, físico e
social.

6.1 Desenvolvimento emocional

O desenho estimula o desenvolvimento emocional, para que isto, seja


exequível, a criança tem de se identificar com o desenho que está a realizar.

O professor, os pais, a família devem incentivar sempre a criança a criar o


seu próprio desenho, isto é, o adulto não deve dar, apenas e unicamente
desenhos já efectuados, os quais, a criança apenas se limita a colorir ou a copiar.
O adulto tem a obrigação e o dever de incentivar e estimular a criança a não
desenhar sempre o mesmo género de representações, deve sim, incitar a criança
a criar o seu desenho, sem lhe impor limites. É, neste tipo, de criação que a
criança se envolve emocionalmente e na qual ela própria surge retratada.

Uma criança que seja incentivada a desenhar e a criar tem tendência a


desenvolver positivamente o raciocínio, isto é, não tende a desenvolver padrões
rígidos, adapta-se com maior facilidade a novas situações e a novos desafios.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Demonstra maior agilidade de pensamento, maleabilidade na imaginação e


flexibilidade na acção.

«A fuga para um modelo padronizado protege contra a exposição a um


mundo de experiências. A constante superproteção condiciona as crianças a
confiarem noutras pessoas e a se refugiarem atrás dessa superproteção. Isto as
priva não só da sua liberdade, mas também da sua capacidade para se
adaptarem a novas situações.» (LOWENFELD, p 39, 1970)

Tendo em consideração a afirmação citada, verifica-se que é


imprescindível confrontar a criança com novas situações e experiências e, não é,
a copiar, ou, a pintar desenhos já efectuados que a criança é confrontada com
novos desafios indispensáveis para o seu desenvolvimento. Neste tipo de
actividade a criança apenas obtém satisfação individual, e torna-se cada vez mais
passiva e insegura a expor-se a novas experiências que lhe conferem liberdade
de acção e independência.

Um desenho sem carga emocional, é um desenho pobre, onde não se


verifica nada com o qual a criança se identifique, não há alma, vida e sentimentos
a palpitar numa simples folha de papel. Não há um envolvimento com a arte e as
representações são meras repetições técnicas, onde não há, não se vê e não se
sente a essência do criador.

É importante que a criança se sinta livre para criar e se envolva


emocionalmente com o que realiza. A árvore, a casa, as pessoas, as flores que
desenha têm características próprias, que devem ser retratadas e com as quais a
criança se identifica.

O adulto ao incentivar este tipo de representações está a contribuir para


que a criança se torne mais livre e se sinta á vontade para explorar novas
técnicas e novos materiais «a criança emocionalmente livre, desinibida, na
expressão criadora, sente-se segura e confiante ao abordar e experimentar
qualquer problema que derive de suas experiências. Identifica-se, estritamente
com os seus desenhos e tem liberdade para explorar e experimentar grande
variedade de materiais. Sua arte encontra-se em constante mudança e não receia
cometer erros nem se preocupa, a respeito da nota que receberá por esse

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

exercício particular. Para ela, a experiência artística é realmente sua, e a


intensidade de sua absorção proporciona-lhe o verdadeiro progresso emocional»
(LOWENFELD, p 39, 1970)

6.2 Desenvolvimento intelectual

Através do desenho pode-se verificar o nível de desenvolvimento


intelectual da criança.

HARRIS (1963), afirmou que as crianças com cinco anos de idade que
desenham um homem apenas com cabeça e pernas, não estão muito
desenvolvidas intelectualmente, em relação aquela que faz um desenho onde
constam todas as características do corpo.

O que o autor quer dizer, com esta afirmação, é que quantos mais
pormenores tiverem as representações elaboradas, maior é o desenvolvimento
intelectual, a ausência de pormenores significa que a criança dispõe de uma
capacidade mental aquém do que é considerado normal para a sua idade.

O desenvolvimento artístico evolui em consonância com a actividade


intelectual, isto é, os desenhos acompanham a maturação intelectual da criança.

A medida que a criança evolui os seus desenhos modificam e revelam


novas características, novos pormenores e uma nova consciencialização do seu
meio. Por exemplo, se analisarmos os desenhos de uma criança de quatro anos,
não são os mesmos desenhos de uma de cinco. Um desenho de uma criança de

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

quatro não inclui as mesmas características e os mesmos pormenores de uma de


cinco anos, cuja maturidade intelectual é, por norma, superior.

No entanto, não se pode seguir esta teoria á risca, porque existem


inúmeros casos em que as crianças se sentem limitadas em sua expressão
criadora e estão desenvolvidas intelectualmente.

Perante uma situação destas, o educador deve proporcionar experiências


para que a criança se sinta motivada a desenvolver e a expressar a sua
criatividade, proporcionando-lhe um ambiente propício para que ela encontre e
alcance o equilíbrio.

6.3 Desenvolvimento da motricidade

6.3.1 Sistema nervoso

O sistema nervoso é responsável pelo controle de todas as actividades do


organismo, como por exemplo, as contracções musculares, o funcionamento de
órgãos, a velocidade de secreção das glândulas endócrinas. Também é
responsável pela descodificação de estímulos e pelas respostas dadas a cada um
desses estímulos.

A criança quando nasce possui algumas estruturas definidas (cor dos


olhos, cor do cabelo, o sexo), no entanto, outras estruturas estão por desenvolver,

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

logo, existem zonas, no sistema nervoso que necessitam de condições propícias


para se poderem desenvolver.

É no córtex cerebral que se situam as funções superiores, no entanto,


quando a criança nasce, estas funções apresentam-se de forma rudimentar (BEE
e MITCHELL p 120-130, 1984) afirmam que «durante os primeiros meses e anos
de vida, algumas células corticais novas são acrescentadas, as células ficam
maiores e as já existentes estabelecem mais conexões entre si. O cérebro fica
mais pesado.»

As células do sistema nervoso são designadas por neurónios. Um neurónio


é uma célula diferenciada que recebe e orienta os estímulos.

Estes estímulos contribuem para a aprendizagem, por esta razão, é


imprescindível que o educador estimule o aluno, sendo que, o ajuda a diferenciar
o seu sistema nervoso, duplicando o número de sinapses.

Piaget, afirma que a maturação nervosa é fundamental para o


desenvolvimento mental, no entanto, há que ter em conta outros elementos como
a transmissão social e a interação do indivíduo com o meio ambiente «o
desenvolvimento motor é afectado pela oportunidade de praticar e pelas
variações ambientais mais importantes. O processo de maturação sem dúvida
estabelece alguns limites sobre o ritmo de desenvolvimento físico e
desenvolvimento motor, mas o ritmo de desenvolvimento pode ser retardado pela
ausência de prática ou experiências adequadas.» (BEE e MITCHELL, p 129,
1984)

As experiências motoras são fundamentais no processo de maturação. As


crianças que residem em locais com pouco espaço para o exercícios das
experiências motoras, sofrem inevitavelmente desvantagens em no
desenvolvimento global.

6.3.2 Os tipos de movimentos que influenciam o desenvolvimento


motor

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

O movimento é fundamental para o desenvolvimento, e podemos


classificar o movimento em três grandes categorias: voluntário, reflexo,
automático.

Movimento voluntário:

_Este tipo de movimento depende sempre da nossa vontade, há sempre


uma intenção, um desejo para que este movimento se efectue.

Segundo (OLIVEIRA Gislene, p 24, 1997) «escolhemos conscientemente


de acordo com a nossa história passada, de acordo com a nossa personalidade,
que reacções nos parecem mais gratificantes diante da complexidade de
estímulos que recebemos diariamente. Este estímulo pode ser a percepção de
um objecto, de um acontecimento, lembranças, sensações.»

O movimento voluntário é “fruto” de uma intenção, de uma necessidade,


que surge sempre antes do movimento.

Movimento reflexo:

_O movimento reflexo não depende da nossa vontade, surge


espontaneamente, isto é, o indivíduo só se apercebe do movimento depois de
executado.

Este movimento surge a partir de uma reacção orgânica e parte de um


estímulo sensorial captado pelos sentidos e conduzido ao sistema nervoso que
desperta uma resposta motora.

Pavlov, dividiu os reflexos em: inatos e adquiridos.

Os reflexos inatos são determinados pela herança biológica, são


hereditários. Os reflexos adquiridos são aprendidos e condicionados. Surgem
devido a sucessivas associações de estímulos inatos que produzem uma
resposta reflexa a outros estímulos.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Movimento automático:

_ Este movimento depende da aprendizagem e das vivências que cada


indivíduo possui. É um movimento que necessita de prática, treino e repetição.

O movimento automático ajuda o individuo a adaptar-se ao meio


envolvente, o movimento automático pode ter a sua origem num movimento
voluntário que com o tempo se transforma num movimento automático. «…
quando andamos, não pensamos no balançar de nossos braços. Temos a
intenção de andar (voluntário) mas a execução desse movimento torna-se
automática.» (OLIVEIRA Gislene, p 25, 1997)

Muitos movimentos automáticos surgem através da aprendizagem,


passando do plano voluntário para o plano automático, como por exemplo,
escrever no computador, andar de bicicleta, conduzir.

6.3.3 Desenvolvimento da psicomotricidade coordenação global, fina


e óculo-manual.

É fundamental, que o indivíduo possua capacidades para conseguir


manipular os objectos e movimentar-se pelo espaço com desenvoltura e
equilíbrio.

_Coordenação global

Esta coordenação coloca em movimento os músculos e encontra-se


dependente da capacidade de equilíbrio postural do indivíduo.

Através da vivência de experiências com o meio envolvente o individuo


procura o seu sustentáculo corporal, adapta-se e alcança um equilíbrio cada vez
melhor.

A coordenação global, juntamente com o exercício de experiências faz com


que a criança adquira a dissociação de movimentos, isto é, ela deve ter condições
de efectuar vários movimentos em simultâneo e cada um dos seus membros deve

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

realizar uma actividade diferente, predominando uma manutenção de unidade do


gesto. Por exemplo, um músico ao tocar piano, com a mão direita executa a
melodia, a esquerda faz o acompanhamento e o pé direito o sustentáculo. São
vários movimentos que trabalham em equipa para se poder realizar uma tarefa.

Actividades como correr, andar, saltar, rolar, pular, nadar, desenhar, pintar,
levam a consciencialização global do corpo e são acções neuromusculares que
exigem coordenação e equilíbrio.

_Coordenação fina e óculo-manual

A coordenação fina está relacionada com a habilidade e agilidade manual.


Quanto maior for a coordenação dos dedos da mão mais facilmente se adquirem
novos conhecimentos. A criança tem necessidade de explorar a realidade que a
envolve e através do acto de preensão vai efectuando descobertas e
aprendizagens acerca dos objectos que manipula.

A coordenação fina não é suficiente para que a inteligência se desenvolva


é imprescindível haver um controlo ocular, ou seja, a visão tem de acompanhar os
gestos da mão. Este movimento é denominado de coordenação óculo-manual ou
viso-motora.

O docente quando ensina a criança a escrever necessita que o aluno


esteja sentado correctamente para efectuar os movimentos gráficos de forma
cómoda e relaxada e necessita também de possuir uma dissociação e controle
dos movimentos. É extremamente importante, que o aluno consiga escrever, sem
exercer muita pressão sobre o lápis e o papel, isto é, tem controlar a pressão
gráfica e obter destreza e velocidade no movimento.

6.3.4 O desenho e o grafismo como habilidade preparatória para a


escrita e leitura.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

O desenho e o grafismo desempenham um papel fundamental para o


desenvolvimento da escrita e da leitura e ajudam o aluno a pegar no lápis
correctamente, proporcionando e incentivando harmonia de movimentos, com o
objectivo de realizar um modelo.

Ao pegar correctamente no lápis a criança consegue realizar uma preensão


correcta sem se cansar com facilidade.

Quando começa a desenhar a criança tem dificuldade em pegar


correctamente no lápis e devido a este facto cansa-se com maior facilidade e
necessita de desenvolver uma série de movimentos padronizados.

E necessário trabalho e muita exercitação para que a criança coordene os


seus movimentos.

«A mão tem uma importância enorme para o recém-nascido na exploração


do mundo exterior. Inicialmente, por não possuir maturidade neurológica
suficiente para conseguir pegar os objectos, sua característica principal de pega é
inteiramente reflexa. Pouco a pouco vai desenrolando mecanismos necessários à
realização da mesma.» (OLIVEIRA Gislene, 1997)

Segundo BRANDÃO (1984) as primeiras habilidades de preensão surgem


quando o bebé completa três meses de idade e são realizadas a partir do
contacto com o objecto, isto é, através do tacto. Mais tarde, ao adquirir
coordenação óculo-manual a criança pega no objecto que observa visualmente.

No quarto mês a preensão faz-se entre os dois últimos dedos (anelar,


mindinho) e a palma da mão e denomina-se de preensão cúbito-plamar.

No quinto e no sexto mês a preensão é exercida através da inflexão dos


quatro últimos dedos contra a palma da mão.

Por volta do oitavo ou décimo mês de idade a criança adquire destreza


para segurar um objecto, age voluntariamente e escolhe o padrão de preensão
desejado.

6.4 Desenvolvimento dos cinco sentidos.

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O desenvolvimento dos sentidos também é possível através da actividade


criadora.

A experiência artística desenvolve a sensibilidade à cor, à forma e ao


espaço.

Uma criança ao amassar o barro de modelagem está perante uma


exploração táctil, na qual se sente e é confrontada com inúmeras sensações.

Ao criar relevos na sua pintura com lixa, lã, papel crepe tinta está a criar e
a sentir diferentes tipos de superfície, numa variedade de formas artísticas.

«A conscientização das variações de cor, das diferenças nas formas, nos


contornos, na suavidade e na aspereza, a sensibilidade á luz e ao escuro tudo faz
parte da experiência criadora.» (LOWENFELD, p 44,1970)

É muito importante incentivar a criança a contactar com materiais derivados


com texturas e cores diferentes para estimular os sentidos e tornar os trabalhos
mais interessantes e originais.

6.5 Desenvolvimento social.

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Os esboços elaborados pelas crianças indicam-nos o desenvolvimento


social.

O desenvolvimento social das crianças pode ser observado nas suas


representações criadoras e estas incidem o nível de identificação da criança com
as suas próprias experiências e com as dos seus semelhantes.

A arte reflecte a conscientização do meio social em que a criança está


inserida e a influência de certas pessoas na sua vida.

Através da arte a criança comunica com o mundo e expressa a sua


realidade. «O desenho pode, assim tornar-se uma ampliação do eu no mundo da
realidade, porquanto começa a abranger outros na análise do material temático.
Esse sentimento de consciência social é o início da compreensão de um mundo
mais amplo, de que a criança passou a tomar parte.» (LOWENFELD, p 45,1970)

Nesta fase, a criança apercebe-se que não está sozinha no mundo e nos
seus desenhos ela representa o que observa na sociedade, pode desenhar um
médico a assistir um doente, um bombeiro a apagar um carro ou uma casa em
chamas.

A criança pode também desenhar um grupo de pessoas de cor, hábitos e


costumes culturais diferentes dos seus.

As aulas e de Expressão Plástica e de Educação Visual são óptimas para


promover a interacção social da criança, sendo que, muitos dos trabalhos

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

elaborados são feitos em grupo, no qual, a criança interage com os seus


companheiros e com o professor.

No grupo a criança aprende a ouvir e a respeitar a opinião dos colegas,


adquire o sentido de responsabilidade perante o grupo e mediante o trabalho que
lhe cabe realizar, partilha vivências e experiências e auto-identifica-se com as
suas experiências e com as dos outros.

É importante proporcionar experiências, onde a criança coopere em


sociedade, para que, esta, possa assumir responsabilidade pelo que executa e se
sinta preparada para tomar decisões conscientes, pensando não só no seu bem-
estar mas também no bem-estar de quem a cerca.

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CAPÍTULO VII

7. DESCOBERTA DE UM UNIVERSO_ A EVOLUÇÃO


DO DESENHO INFANTIL

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

“ Antes eu desenhava como Rafael mas precisei de toda a existência para


desenhar como as crianças” (Picasso)6

A arte que a criança expressa ao longo do seu desenvolvimento não é


sempre a mesma. Os desenhos, á medida, que a criança se desenvolve tendem a
modificar.

As crianças desenham figuras imagináveis, passando por contínuas


etapas, que começam com as primeiras garatujas numa folha de papel e vão
evoluindo até se tornar adolescente.

Existem crianças com um grau de desenvolvimento superior ao normal,


logo o seu desenvolvimento é mais rápido, mas também existem crianças, onde o
seu desenvolvimento se processa de forma mais lenta. Queremos, com isto dizer,
que cada criança é um caso, são todas diferentes e passam pelas fases de
desenvolvimento de forma diferente, às quais, o educador deve estar atento para
poder compreender e acompanhar devidamente as características gerais de cada
uma.

7.1 Etapa Das Garatujas (2- 4 anos)

Quando a criança é muito pequena ela começa a desenhar rabiscos


desordenados, sem sentido numa folha de papel, esta fase, é conhecida como o
Etapa das Garatujas.

6
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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
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Neste etapa, só a partir dos quatro anos de idade, é que a criança


consegue representar objectos compreensíveis, é uma fase, onde o período de
duração é dos dois aos quatro anos de idade.

A garatuja está integrada em duas fases: _ sensório-motora, que se inicia a


partir do momento em que a criança nasce e termina por volta dos dois anos de
idade e na fase pré-operacional que se inicia aos dois anos e termina por volta
dos sete anos de idade.

A criança não usa variedade de cor nos seus desenhos, embora se sinta
atraída e demonstre um interesse inconsciente.

À medida, que a criança começa a articular melhor os movimentos, os


rabiscos, que outrora, eram desordenados e à toa, tornam-se cada vez mais
ordenados e controlados, sendo esta fase é dividida em garatujas:

_Desordenadas: os movimentos são amplos e desordenados. Na sua


expressão a criança imita mas ainda não representa.

_ Ordenadas: os movimentos são longitudinais e circulares; coordenação


viso-motora. A figura humana pode figurar de maneira utópica.

Esta fase é marcada pela elaboração do traçado e a criança revela um


interesses pelas formas.

A expressão é marcada pelo jogo simbólico. A criança vai representar a


realidade que a cerca através de símbolos irreconhecíveis que só ela entende e
atribui significado, dá nomes ás coisas que desenha e narra histórias.

Nesta fase, materiais como giz, lápis de cera, pastel são mais
aconselháveis, sendo pouco recomendados materiais como o lápis de cor ou os
lápis de carvão, cujo bico parte com facilidade.

O adulto deve providenciar sempre papel branco, com um grão que não
seja demasiado fino, para deixar o lápis deslizar com facilidade.

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A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Não é aconselhado dar á criança papel de embrulho ou uma folha de


jornal. O papel de embrulho é extremamente áspero e rugoso e não deixa o lápis
deslizar facilmente, o jornal, por sua vez, possui um fundo repleto de letras
impressas que inevitavelmente se vai misturar com o traçado da criança,
tornando-o indistinto.

O adulto deve mostrar-se interessado nos rabiscos que a criança elabora,


para que esta se sinta estimulada e obtenha prazer no acto de garatujar.

Se o adulto estiver constantemente a obrigar a criança a desenhar algo,


como por exemplo, um sol, a criança poderá sentir-se frustrada e não vai obter
prazer na actividade que está a executar e que irá ser determinante para o seu
desenvolvimento.

O barro é uma material que a criança deve explorar, sendo extremamente


indispensável para o desenvolvimento da motricidade e é também, segundo as
teorias freudianas, importante para a expressão de tensões da fase anal.
Segundo (SOUSA, p 188, 2003) «Manusear um pedaço de barro, sem
nenhum propósito, definido aparente, é um processo paralelo à garatuja do
desenho. Dar socos no barro, bater com ele na mesa, ou bater-lhe com um
objecto, são acções de catarse de tensões agressivas que muito contribuem para
o seu alívio.»

É importante providenciar momentos e situações onde a criança usufrua de


uma variedade de experiências sensoriais, especialmente as visuais e tácteis, não
depreciando a exercitação das suas capacidades motoras.

7.2 Etapa Pré-Esquemática (4 - 7 anos)

A fase seguinte, é denominada por Etapa Pré-Esquemática e o seu período


de duração inicia-se aos quatro anos e termina por volta dos sete. Desenrola-se
no período pré-operatório.

Nesta fase, a criança tenta representar algo com o qual se identifique, algo
que faça parte do meio em que se insere.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Os seus desenhos não possuem muitos pormenores e características, por


exemplo, ao desenhar uma pessoa, a criança apenas desenha uma cabeça e
pés, ainda não consegue desenhar um indivíduo com cabeça, tronco e membros,
ainda não há uma semelhança com a realidade.

Neste período, o adulto deve conversar com a criança acerca dos


desenhos, procurar entender o que a criança desenhou e evitar comentários que
lhe possam causar frustração ou constrangimento.

A criança, nesta época, está instigada em desenhar tudo com o qual se


identifica e sente-se com vontade de explorar novos material que a ajudem na
descoberta de novas formas de expressão.

O lápis de cera, é muito útil nesta fase e podem ser utilizados deitados para
revestir grandes superfícies de papel e também criam inúmeros efeitos.

Trabalhos com objectivo decorativo, como por exemplo, colagens com


pedaços de papel de vários tipos, massinhas, missangas, tecido, paus, fósforos
não são recomendados, porque se tornam aborrecidos e extremamente
mecânicos.

O barro deve continuar a ser utilizado porque ajuda a criança a obter o


conceito de forma.

7.3 Etapa Esquemática (7 – 9 anos)

A fase seguinte é a etapa Esquemática, e está inserida no estádio das


operações concretas, que se inicia aos sete anos de idade e termina aos dez.

Nesta fase os desenhos são representações simbólicas do meio onde a


criança está inserida. Neste período, a criança possui um raciocínio lógico e
organiza o seu pensamento em estruturas de conjunto.

Graças aos esquemas mentais operatórios a criança vai adquirir noção de


espaço, o que a vai ajudar nas suas representações. A figura humana surge mais
definida, no entanto, surgem desvios nos esquemas tais como: exagero,
negligência, omissão ou mudança de símbolo.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

A sensibilidade relativamente à cor está mais apurada, podendo ocorrer um


desvio no esquema da cor, expressa por experiência emocional.

As representações ostentam uma distintiva particular, a criança têm a


tendência a dispor em linha recta os objectos que pretende retratar, em toda a
largura da margem inferior da folha de papel, por exemplo, a casa é seguida de
uma árvore, continuamente encontra-se a flor que fica ao lado da pessoa que
poderá permanecer antes de um cão, que é a ultima figura do desenho.

A criança, neste período, tem desenvolvido o conceito de espaço, cor e


forma o que a leva a utilizar consecutivamente os mesmos tons nos seus
desenhos.

Para combater esta tendência, o emprego da aguarela é muito importante,


a sua fluidez permite misturar acidentalmente as cores criando assim novas
tonalidades, que impedem a criança de insistir em colocar as mesmas cores para
os mesmos objectivos.

O barro continua a ser utilizado nesta época por ser um excelente meio
para a criança expressar a sua criatividade.

7.4 Etapa do Realismo (9- 12 anos)

A partir dos nove anos de idade, a criança entra na etapa do Realismo, que
integra o estádio das operações concretas.

A figura humana aparece mais definida e começam a surgir figuras


geométricas nos seus desenhos, mais inflexibilidade e formalismo.

Neste período, os desenhos elaborados pela criança sofrem uma


transformação profunda, esta, deixa de ter preferência pelo desenho livre que,
outrora, era o seu favorito, começa a interessar-se por trabalhos mais minuciosos
e não demonstra ansiedade em conversar ou revelar ao adulto o que desenhou,
pelo contrário, tende a oculta-lo de uma possível análise ou crítica.

A criança começa a interessar-se pelos pormenores, logo as suas criações


também se revelam mais pormenorizadas.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Apercebe-se que existem imensas tonalidades e descobre o que fazer


para as obter. Os seus desenhos estão mais aperfeiçoados e apresentam
imensas tonalidades.

Nesta fases, a criança sente-se motivada e interessada em experimentar


materiais como o carvão, o giz, o guache, o pastel, a tinta-da-china etc.

Nesta fase as crianças têm tendência em desenhar ou decalcar imagens


retiradas de revistas e livros de banda desenhada. O professor não deve
incentivar este tipo de actividade, que em nada contribui para o aperfeiçoamento
e expansão da criatividade e originalidade.

7.5 Etapa Pseudonaturalista (12 -14 anos)

Quando atinge os doze anos ingressa no etapa pseudonaturalista que


integra o estádio das operações formais.

A arte deixa de ser espontânea. Esta fase é marcada por dois tipos de
tendência: a visual (marcada pelo realismo e pela objectividade) e o háptico
(marcada pela expressão e subjectividade).

Nesta altura, a criança desenvolve uma consciência autocrítica sobre os


trabalhos que executa, não se sente á vontade em expor os seus desenhos, os
desenhos estão agora estão agora ocultos nos cadernos de notas, são
maioritariamente de natureza anedótica ou sátira»

O desenho da figura humana é dotado de pormenores e existe uma maior


preocupação na aplicação das diferenças da gradação da cor.

Esta fase, delimita, em alguns casos, o fim do desenvolvimento artístico,


isto é, muitos jovens não aperfeiçoam as suas habilidades e mais tarde quando a
sua idade cronológica é superior a doze anos de idade, ainda desenham como
um adolescente.

Por volta dos catorze anos, muitos jovens, encontram-se num período onde
continuam a ampliar os seus conhecimentos e a interessar-se pela arte visual, o

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

jovem, nesta fase, sente-se preparado e ansioso por aperfeiçoar o seu potencial
artístico.

7.6 Etapa da Decisão (14 -17 anos)

Nesta fase o professor deve promover actividades onde o jovem crie


trabalhos com vários tipos de material, como por exemplo, papel de seda, couro,
estanho, esmaltes, cerâmica, gravura e outros materiais. Assim o jovem poderá
não só explorar materiais diferentes que enriquecerão o seu trabalho, como
também se vai deparar com uma variedade de técnicas.

O professor deve orientar apenas o trabalho que o jovem realiza, não deve
dar ao jovem um trabalho para este realizar, o trabalho deve ser pensado,
elaborado e finalizado pelo jovem. Para SOUSA (2003) não se está a executar
uma formatura profissional mas uma instrução inclinada para o aprazimento das
necessidades expressivas, o desenvolvimento da criatividade, a formação
equilibrada da personalidade.

Os materiais com que o aluno vai trabalhar devem ser adquiridos em locais
apropriados (carpintarias, papelarias, olarias), para que o jovem entre em
contacto directo com os locais onde se vendem este tipo de produtos e para
estabelecer consciência em relação aos preços.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

CAPÍTULO VIII

8. O DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS SEGUNDO JEAN


PIAGET

8.1 Quem foi Piaget

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Jean Piaget (1896-1980) nasceu em Neuchâtel e faleceu em Genebra, na


Suiça, com 85 anos. Formou-se em ciências naturais com 21 anos e doutorou-se
em zoologia.

Em Zurique começou a demonstrar interesse por psicologia e psiquiatria.

Foi em Paris juntamente com Alfred Binet que iniciou uma investigação
sobre o desenvolvimento intelectual da criança. Esta investigação motivou-o a
desenvolver pesquisas na área da psicologia do desenvolvimento.

Piaget publicou várias obras sobre psicologia cognitiva e revolucionou as


concepções de inteligência e de desenvolvimento cognitivo.

Empenhou-se fundamentalmente pelas relações que o indivíduo


estabelece com o mundo envolvente e desenvolveu inúmeros estudos sobre os
processos metodológicos, especialmente sobre o método clínico e a observação
naturalista.

Foi sem dúvida uma personagem carismática, um homem inteligente,


dotado de uma personalidade crítica, interdisciplinar e criativa.

8.2 O desenvolvimento da cognição.

Segundo Piaget todas as crianças nascem providas de determinadas


características inatas, genéticas para interagir com o meio envolvente. Estas
características contribuem para o desenvolvimento do pensamento e modificam
de acordo com a relação que a criança estabelece com o meio.

Para Piaget existem dois processos determinantes para o funcionamento


intelectual do indivíduo: A adaptação e a organização.

A adaptação é um processo de acomodação comportamental ao meio


ambiente. Fisiologicamente é utilizado sob o ponto de vista sensorial de
resistência às agressões do meio.

A organização da experiência compreende métodos como a descodificação


das informações originárias dos diferentes sentidos e a propensão para classificar
em conjuntos ou sistemas.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Piaget considerava a criança como um ser activo que interagia com o


ambiente, a interacção com o meio eram definidas por esquemas, ou seja,
padrões organizados de comportamento que vão modificando á medida que a
criança se desenvolve.

O desenvolvimento cognitivo elabora-se através de transformações de


estruturas através de invariantes funcionais, isto é, de mecanismos de adaptação
que são a assimilação e a acomodação.

8.3 Estádio de desenvolvimento.

A teoria piageniana dividiu o desenvolvimento do pensamento da criança


em quatro estádios, que serão descritos a seguir.

8.3.1 Estádio sensório – motor (0 - 18/24 meses)

Estádio sensório-motor, que vai desde o nascimento até aos dois anos.

Neste estádio o bebé põe em jogo as percepções e o movimento e realiza


acções como olhar, tocar, pegar e sugar.

Os primeiros esquemas de acção são os esquemas reflexos inatos, como a


sucção e a preensão e as capacidades sensoriais.

A actividade cognitiva baseia-se na experiência imediata através dos


sentidos.

Como a linguagem ainda não se encontra desenvolvida a criança encontra-


se limitada à experiência imediata, embora veja e sinta o que está a acontecer
não tem forma de classificar a experiência.

A procura visual é um procedimento sensório-motor e desempenha um


papel importante no desenvolvimento intelectual. Á medida que as crianças
desenvolvem mentalmente começam a aperceber-se que quando um
determinado objecto desaparece da vista, não deixa de existir, simplesmente

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

deixa de ser visto. Nos primeiros meses a experiência de visualizar objectos e de


os ver desaparecer e aparecer constantemente tem um papel importante no
desenvolvimento do intelecto.

Pode-se afirmar que neste estádio experiência visual é muito importante no


período sensório-motor é importante para o desenvolvimento das estruturas
mentais.

Neste estádio os bebés captam a realidade que os envolve através dos


sentidos e são capazes de realizar algum pensamento representativo.

8.3.2 Estádio Pré-operatório (2 - 7 anos)

Este estádio também é conhecido por pensamento intuitivo e é


indispensável ao desenvolvimento da criança.

Nesta fase a criança utiliza a inteligência e o pensamento mas ainda não


consegue efectuar operações mentais, o seu pensamento, este, organizado
através de um processo de assimilação, acomodação e adaptação.

Nesta fase a criança manifesta as suas vivências através do jogo, do


desenho, da linguagem e da imagem e pensamento.

Jogo: segundo Piaget o jogo mais importante é o jogo simbólico (só


acontece neste período). Ao brincar “aos médicos” “ às escolas” exercem a
função simbólica e substituem uma coisa por outra, por exemplo, um pau é um
avião, um carro, ou um cavalo.

A criança ao jogar está a conhecer o mundo e a interagir com ele, o jogo


também é uma excelente terapia, na medida em que, ajuda a criança a livrar-se
dos seus medos e das suas angústias.

Através do jogo o adulto pode analisar comportamentos e perceber que


relação familiar é que a criança tem com os pais, por exemplo, se a criança for
vitima de abusos e de maus tratos, muitas vezes ao brincar com as bonecas,
tem gestos de violência para com elas.

78
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Desenho: com dois anos de idade a criança apenas faz riscos no papel
sem qualquer sentido, para ela o desenho não tem qualquer significado. Esta
realidade altera-se por volta dos três anos de idade, neste período, a criança já
atribui significado ao desenho, faz riscos em todas as direcções, no entanto não
dá nome ao que desenha.

A criança desenha o que a sua realidade lhe dita, quero, com isto dizer,
que os seus desenhos são o reflexo da sua própria realidade.

Não existe realismo na cor e não está presente a preocupação com os


tamanhos, mas apesar disto, os desenhos tornam-se mais compreensíveis aos
olhos do adulto.

Linguagem: Nesta fase, a linguagem é egocêntrica e pouco socializada.

A criança julga que o mundo que a cerca foi criado para si, não consegue
estabelecer relações entre as coisas e não consegue diferenciar o seu ponto de
vista, do ponto de vista do outro, a criança está autocentrada.

A partir dos dois anos de idade a criança evolui ao nível da linguagem.


Uma criança de quatro anos consegue entender cerca de 300 palavras,
enquanto que uma de 5 consegue entender cerca de 2000.

Os pais tem muita influência na forma como se desenvolve a linguagem


nos seus filhos, quanto mais dialogarem com os filhos no quotidiano, recorrendo
a (histórias, jogos, canções, poesia, lenga-lengas) maior é o número de
vocábulos que as crianças aprendem porque, são estimulados a desenvolver a
linguagem.

Neste estádio a criança aprende de forma intuitiva, isto é, efectua


associações e atribui significados intuitivamente.

Piaget realizou uma experiência onde é dado a uma criança dois copos
de água, ambos com a mesma quantidade de liquido, apesar de um ser alto e
estreito e o outro baixo e largo, a criança escolhe o mais alto, porque na sua
óptica o copo mais alto parece ter mais liquido.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Imagem e pensamento: A imagem mental é um alicerce do


pensamento. A criança possui imagens estáticas e tem dificuldade de lhe dar
dinamismo.

O pensamento lógico ainda não está muito desenvolvido, na organização


do mundo a criança dá respostas pouco lógicas.

Entre os dois e os sete anos distinguem-se dois subestádios:

_ O pensamento pré-conceptual (cerca dos dois aos quatro anos);

_ O pensamento intuitivo (cerca dos quatro, aos sete).

O primeiro subestádio é dotado de um pensamento mágico, uma


imaginação extraordinária, onde os desejos se tornam em realidade e que
contém as seguintes características:

Animismo - A criança vai dar vida a seres inanimados. Neste período é


importante o papel do adulto em atenuar o animismo, nomeadamente a partir
dos 5 anos de idade.

Realismo – No animismo a criança dá vida as coisas, no realismo ela dá


corpo, materializa as suas fantasias.

Finalismo – Neste período, as crianças estão sempre a questionar os


adultos sobre o “porquê” das coisas. A criança não só quer saber “ o porquê”
mas também o “ para quê”.

Para as crianças as coisas têm como finalidade ela própria dado ao seu
egocentrismo.

Artificialismo: é o esclarecimento dos fenómenos naturais como se


fossem engendrados pelo ser humano “ o Sol foi acesso por um fósforo
gigante”.

A irreversibilidade é uma das características mais marcantes no


pensamento da criança no estádio pré-operatório, isto é, a criança está sujeita

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

ás configurações perceptivas sem entender e sem estabelecer a diferença entre


as transformações reais e aparentes.

8.3.3 Estádio Das Operações Concretas ( 7-12 anos)

No estádio das operações concretas a criança possui um pensamento


lógico e consegue realizar operações mentais, a criança, constitui o seu
raciocínio em estruturas de conjunto e os seus raciocínios são reversíveis, isto
é, a criança consegue estudar um problema sob dois pontos de vista opostos.

É graças à reversibilidade do raciocínio que a criança consegue efectuar


operações e compreender as relações que existem entre elas. Os esquemas
mentais operatórios fazem com que a criança consiga estabelecer relações
entre a parte e o todo, faça operações de classificação e de seriação, adquira
noções de tempo, velocidade e espaço.

Podemos afirmar, que a criança consegue reflectir sobre a realidade de


forma mais racional e lógica e consegue compreender e explicar melhor os
problemas com se depara.

8.3.4 Estádio Das Operações Formais (12-16anos)

O estádio das operações formais é marcado pela existência de um


raciocínio abstracto e pelo exercitação de raciocínios hipotético-dedutivos, que
permitem ao adolescente abstrair-se da realidade sem necessitar de se apoiar
em factos, isto é, pode pensar abstractamente e deduzir sob as varias
hipóteses.

Nesta fase o adolescente vais efectuar escolhas determinantes para a


formação da sua personalidade, vai definir conceitos e valores e irá demonstrar
mais interesse em estudar determinadas áreas.

Este período é marcado pelo pensamento formal. Segundo PIAGET


(1974) as operações formais fornecem ao pensamento um domínio

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

completamente diferente que acaba em desligá-lo e libertá-lo do real para lhe


permitir arquitectar à sua vontade cogitações e teorias. A inteligência formal
marca, assim, o próprio levantar voo do pensamento, e não é de admirar que
este utilize o poder imprevisto que lhe é conferido.

No estádio das operações concretas o adolescente possui um raciocínio


marcado pelo egocentrismo cognitivo. Segundo Piaget, esta forma de
egocentrismo é profundamente marcada pela crença na capacidade de
soberanamente.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

II PARTE COMPONENTE PRÁTICA : ESTUDO EMPÍRICO______

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

CAPÍTULO IX

II PARTE

Componente Prática: Estudo empírico

9. OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO

9.1 Grupo de sujeitos e modo de investigação

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

A nossa pesquisa teve lugar em quatro escolas do Ensino Básico do 1º


Ciclo ( Escola do Ensino Básico do 1º Ciclo de Abraveses; Escola do Ensino
Básico do 1º Ciclo de Pascual; Escola do Ensino Básico do 1º Ciclo da Póvoa de
Abraveses; Escola do Ensino Básico do 1º Ciclo de Moure de Carvalhal)
pertencentes á freguesia de Abraveses e destinou-se a 17 docentes das
respectivas escolas.
Esta amostra abrange docentes com idades compreendidas entre os 30 e
40 anos com dez mais de dez anos de serviço.
Esta amostra destinou-se à obtenção de dados através de solicitação de
respostas a um questionário, através do qual se procedeu à elaboração de um
estudo prático, no qual foram analisadas as respostas às respectivas questões.
Esta opção foi a que nos pareceu abarcar condições de garantir resultados
rápidos e consistentes.

85
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

CAPÍTULO X

10.AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

10.1 Apresentação dos resultados

Após ter sido realizada a recolha de dados, procedeu-se à elaboração do


Mapa de Síntese dos Resultados, no qual, constam todas as questões e
respectivas respostas ás perguntas.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

A consulta deste mapa tem como objectivo facilitar a consulta e fomenta


um melhor entendimento dos resultados, dos quais, se podem tirar várias
deduções.
O Mapa é composto por três grupos de colunas verticais: _ no primeiro
grupo, localizam-se as perguntas efectuadas aos sujeitos. No segundo, as
respostas dos inquiridos. No terceiro, e último grupo o número de respostas e as
respectivas percentagens.
O Mapa de síntese permite visualizar e tirar uma conclusão ampla dos
resultados obtidos.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

RESPOSTAS DOS SUJEITOS TOTAIS


Variavies Consideráveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Frequência Percentagem
Quadro I
1- Sexo
a) Masculino X X X X 4 23,50%
b) Feminino X X X X X X X X X X X X X 13 76,50%
2- Idade
a) 25-30 0 0%
b) 30-40 X X X X X X 6 35,30%
c) mais de 40 X X X X X X X X X X X 11 64,70%
Quadro II
1- Habilitiações
Académicas
a) Bacharelato 0 0%
b) Licenciatura X X X X X X X X X X X X X X X X 16 94,10%
c) Mestrado 0 0%
d) Doutoramento X 1 5,90%
2- Tempo de Serviço
a) 2 a 10 anos X 1 5,90%
b) mais de 10 anos X X X X X X X X X X X X X X X X 16 94,10%
Quadro III
1- Meio onde se situa
a) Meio Urbano X X X X X X X X X X X X X 13 76,50%
b) Meio Rural X X X X 4 23,50%
2- Grau de Importância
das Áreas Curriculares
a) Matemática 2 2 1 1 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2
b) Língua Portuguesa 1 1 2 2 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1
c) Estudo do Meio 3 3 3 3 3 3 3 3 3 5 3 3 3 3 3 3 3
d) Educação Fisica 5 7 7 4 6 6 4 6 4 4 4 7 4 7 5 4 7
e) Expressão Musical 6 6 4 5 5 7 7 7 6 3 6 6 6 5 7 6 5
f) Expressão Plástica 4 5 5 6 4 5 5 4 5 6 5 4 5 6 6 5 4
g) Expressão Dramática 7 4 6 7 7 4 6 5 7 7 7 5 7 4 4 7 6

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

3- Grau de Importância
das Áreas das expressões
a) Expressão Músical 2 3 1 3 2 3 3 3 2 1 2 3 3 2 3 2 2
b) Expressão Plástica 1 2 2 1 1 2 1 1 1 3 1 2 1 3 2 1 1
c) Expressão Dramática 3 1 3 2 3 1 2 2 3 2 3 1 2 1 1 3 3
4- Desenho livre
a) Sim X X X X X X X X X X X X X X X 15 88,20%
b) Não X X 2 11,80%
5- Só a Língua
Portuguesa, Matemática e
Estudo do Meio
cooperam para o
desenvolvimento da
criança a) Não concordo X X X X X X X X X X X X X X X X X 17 100%
b) Concordo pouco 0 0%
c) Não concordo nem
discordo 0 0%
d) Concordo 0 0%
e) Concordo muito 0 0%
6- Objectivo da Expressão
Plástica
a) Ilustra uma
composição X X X X X X X X X 9 53%
b) Decorar a sala X X X X X X X X 8 47,10%
c) Motivação para
introdução X X X X X X X X X X X X 12 71%
de novos temas
d) Ocupar a criança X X X 3 17,60%
e) Desenvolver o sentido
estético X X X X X X X X X X 10 58,80%
f) Promover o
desenvolvimento X X X X X X X X X X X X X X X 15 88,20%
intelectual e emocional
g) Desenvolver a
motricidade fina X X X X X X X X X X 10 58,80%
7- Exposição de trabalhos

89
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

a) Os mais bonitos 0 0%
b) Todos X X X X X X X X X X X X X X X X X 17 100%
8- A educação artística
exerce a sua influência
nas
vertentes: a) Intelectual X X X X X X X 7 41,20%
b) Física 0 0%
c) Social X X X X X 5 29,4
d) Em nenhuma 0 0%
e) Emocional X X X X X X X 7 41,20%
f) Em todas X X X X X X X X X 9 52,90%
9- a) A Expressão Plástica
não influência o
desenvolvimento
a) Discordo
completamente X X X X X 5 29,4
b) Não concordo X X X X X X X X X X 10 58,80%
c) Não concordo nem
discordo 0 0%
d) Concordo X 1 5,90%
e) Concordo muito 0 0%
9- b) A Expressão Plástica
desenvolve a imaginação
e a criatividade
a) Discordo
completamente X X 2 11,80%
b) Não concordo 0 0%
c) Não concordo nem
discordo 0 0%
d) Concordo X X X X X 5 29,4
e) Concordo muito X X X X X X X X X X 10 58,80%
9- c) A Expressão Plástica
desenvolve a nível
sensorial, emotivo,
cognitivo e motor
a) Discordo X X 2 11,80%

90
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

completamente
b) Não concordo 0 0%
c) Não concordo nem
discordo 0 0
d) Concordo X X X X X X 6 35,30%
e) Concordo muito X X X X X X X X X 9 52,90%
10- Onde se integra o
estádio das garatujas
a) Estádio sensório-
motor X X X X X X X X X X 10 58,80%
b) Estádio pré-operatório X X X X X X X X 8 47,10%
c) Estádio das
operações concretas X 1 5,90%
d) Estádio das
operações formais 0 0%
e) Não responde X X X 3 17,60%
f) Não sabe 0 0%
11- O estádio das
garatujas divide-se em
garatujas:
a) Desordenadas X X X X X 5 29,40%
b) Integradas X X 2 11,80%
c) Ordenadas X X X 3 17,60%
d) Desconexas 0 0%
e) Nenhuma das
hipóteses 0 0%
f) Todas as hipóteses X 1 5,90%
g) Não responde X X X X X X X X 8 47,10%
h) Não sabe X 1 5,90%
12- Regularidade
a) Raramente X 1 5,90%
b) Regularmente X X X X X X X X X X X 11 64,70%
c) Nunca 0 0%
d) Sempre X X X X X 5 29,40%
14- Realiza actividades de

91
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

manualidade apenas em
ocasiões festivas
a) Sim X 1 5,90%
b) Não X X X X X X X X X X X X X X X X 16 94,10%
15- Materiais utilizados
a) Aguarela X X X X X X 6 35,30%
b) Catolinas X X X X X X X X X X X X X X X X X 17 100%
c) Guache X X X X X X 6 35,30%
d) Giz X X X X X X 6 35,30%
e) Lápis de Cera X X X X X X X X X X X X X X X 15 88,20%
f) Carvão X X X X X 5 29,40%
g) Lápis de cor X X X X X X X X X X X X X X X X X 17 100%
h) Tecido X X X X 4 23,50%
i) Barro X X X X 4 35,30%
j) Nenhum 0 0%
l) Plasticina X X X X X X X X X X X X X X 14 82,40%
m) Outros X X X X 4 35,30%
16- Recorre ao desenho
Infantil como meio de
registar
aprendiaagens a) Raramente X X X X X 5 29,40%
b) Regularmente X X X X X X X X X X X 11 64,70%
c) Nunca 0 0%
d) Sempre X 1 5,90%
17- a) São meros rabiscos,
através dos quais de
diverte,
utilizando a imaginação e a) Discordo
a criatividade completamente X 1 5,90%
b) Não concordo X X X X X X X X X 9 52,90%
c) Não concordo nem
discordo X X 2 11,80%
d)Concordo X X 2 11,80%
e)Concordo muito 0 0%
17-b) Uma forma de

92
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

registar simbolicamente,
contar,
explicar, comunicar
descobertas, sensações e a) Discordo
emoções completamente 0 0%
b) Não concordo X 1 5,90%
c) Não concordo nem
discordo 0 0%
d)Concordo X X X X X X X X X X 10 58,80%
e)Concordo muito X X X X 4 35,30%
17-c) Uma representação
simbólica, onde se
encontra
retratada a própria
criança. É muito mais do a) Discordo
que registar, completamente 0 0%
colorir, criar, é acima de
tudo, comunicar
graficamente b) Não concordo 0 0%
ideias, descobertas,
sonhos, sensações e c) Não concordo nem
emoções discordo X 1 5,90%
desenvolvendo e
apelando à criatividade e
a imaginação d)Concordo X X X X X 5 29,40%
e)Concordo muito X X X X X X X X X X 10 58,80%

93
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Após os resultados terem sido devidamente apresentados no Mapa de


Síntese, elaborou-se uma apresentação individual das questões colocadas a
dezassetes docentes do Ensino Básico do 1º Ciclo para se obter uma melhor
facilidade na leitura dos dados analisados.

Questão 1 _ Identificação da amostra por sexo.

Sexo

Frequência Percentagem
Masculino 4 23,5
Feminino 13 76,5
Total 17 100,0

Quadro I _ Sexo

Sexo

Masculino
Feminino

Gráfico nº 1

Relativamente ao sexo dos professores inquiridos, por observação tanto do


quadro n.º 1 como do gráfico n.º 1, averiguamos que cerca de 76% são do sexo
feminino, sendo apenas, 24% da nossa amostra do sexo masculino.

94
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Questão 2_ Distribuição da amostra por idade.

Idade

Frequência Percentagem
30-40 6 35,3
a partir dos 40 11 64,7
Total 17 100,0

Quadro I _ Idade

Idade
30-40
a partir dos 40

Gráfico nº 2

No que diz respeito à variável idade, apenas 35% que correspondem a seis
professores tem uma idade compreendida entre 30 e 40 anos de idade, os
restantes apresentam uma idade superior a 40.

As variáveis analisadas anteriormente, sexo e idade, dizem respeito à


identificação pessoal dos docentes inquiridos. Passemos agora à análise
profissional dos 17 professores.

95
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Questão 1_ Habilitações académicas.

Habilitações Académicas

Frequência Percentagem
Licenciatura 16 94,1
Doutoramento 1 5,9
Total 17 100,0

Tabela nº 3

Habilitações académicas

20

15

10

Frequências

0
Licenciatura Doutoramento

Gráfico nº 3
Por análise da tabela e do gráfico n.º 3, podemos verificar que da amostra
inquirida apenas um professor possui doutoramento, os restantes que
correspondem a uma percentagem de 94% possuem licenciatura.

96
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Questão 2_ Tempo de serviço.

Tempo de serviço

Frequência Percentagem
1 a 10 anos 1 5,9
mais de 10 anos 16 94,1
Total 17 100,0

Tabela nº 4

Tempo de serviço

20

15

10

Frequência

0
1 a 10 mais de 10
Tempo de serviço

Gráfico nº 4

Em relação à variável tempo de serviço constatamos que apenas um


docente da nossa amostra possui tempo de serviço inferior a dez anos.

97
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Questão 1_ A escola onde lecciona situa-se no meio urbano, ou, no meio rural?
Meio

Frequência Percentagem
Meio
13 76,5
Urbano
Meio Rural 4 23,5
Total 17 100,0

Tabela nº 5

Meio

Meio Urbano
Meio Rural

Gráfico nº 5

Por observação da tabela e do gráfico n.º 5 verificamos que dos dezassete


docentes inquiridos, cerca de 77% leccionam no meio urbano.

Passemos agora à análise das variáveis relacionadas com as áreas curriculares.


Questão 6_ Qual das áreas curriculares dá mais importância na sua prática
pedagógica. Ordene a sua resposta em função do grau de importância, ou seja, a
mais importante para o “1” e a menos importante para o “7”.

98
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Importância das áreas curriculares

18

16

14
Frequência

12 Matemática
Língua Portuguesa
10 Estudo do Meio
Eucação Física
8 Expressão Musical
Expressão Plática
6 Expressão Plástica

0
1.º 2.º 3.º 4.º 5.º 6.º 7.º
Matemática 3 14 0 0 0 0 0
Língua 14 3 0 0 0 0 0
Portuguesa
Estudo do 0 0 16 0 1 0 0
Meio
Eucação 0 0 0 7 2 3 5
Física
Expressão 0 0 1 1 4 7 4
Musical
Expressão 0 0 0 5 8 4 0
Plátsica
Expressão 0 0 0 4 2 3 8
Dramática
Importância

Gráfico e Tabela nº 6
Relativamente à pergunta 6 do questionário, podemos constatar que todos
os docentes inquiridos dão maior importância às áreas curriculares de Matemática
e de Língua Portuguesa em detrimento das restantes. No que diz respeito à área
de Expressão Plástica, esta é escolhida pelos docentes para ocupar a quarta,

99
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

quinta e sexta posição, sendo a sua maior expressão no quinto lugar com oito
votos.

Questão 3_ Dentro das áreas das expressões, ordene de 1 a 3, dando mais


importância ao 1 e menos ao 3.

Importância da área das Expressões

12
10
Frequência

8 1.º
6 2.º
4 3.º
2
0
Expressão Musical Expressão Plástica Expressão
Dramática
Área de expressões

Gráfico nº 7

Podemos constatar que os docentes inquiridos atribuem mais importância à


Expressão Plástica do que às restantes áreas de expressão, sendo que, apenas
dois dos professores a colocaram em 3º lugar.

Questão 4_Privilegia o desenho livre?

100
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Privilegia o desenho livre

15

12

6
Frequência

0
sim não

Gráfico nº 8

Relativamente à questão se privilegia o desenho livre, dos dezassete


professores inquiridos apenas dois não privilegiaram este tipo de desenho.
Justificaram a sua escolha afirmando que no decurso da prática pedagógica o
desenho livre não é muito útil para desenvolver competências nas outras áreas
curriculares, nomeadamente, na Matemática, Estudo do Meio e Língua
Portuguesa.

Questão 5_ No seu parecer são unicamente as áreas de Língua Portuguesa,


Matemática e Meio Físico que cooperam para o desenvolvimento da criança?

101
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Frequência Percentagem
Não
17 100,0
concordo

Tabela nº 7

Todos os professores inquiridos concordaram que não são unicamente as


áreas de Língua Portuguesa, Matemática e Estudo do Meio que contribuem para
o desenvolvimento da criança. Justificaram a sua escolha expressando os
motivos citados: _ a criança não consegue desenvolver competências nas áreas
curriculares de Língua Portuguesa, Matemática e Estudo do Meio sem a
Educação Visual; todas as crianças necessitam de diversificar actividades para se
desenvolverem física e moralmente, por este facto, todas as áreas são
importantes e imprescindíveis para que a criança usufrua de um desenvolvimento
integral e harmonioso.

Questão 6_ Com que objectivo recorre à expressão plástica?

Com que objectivo recorre à expressão plástica

16
14
12
Frequência

10 S im
8
6 Não
4
2
0
Ocupar a

Desenvolvimento
Ilustrar uma

Introdução de
composição

novos temas

motricidade fina
Decorar a sala

criança

sentido estético

Desenvolver a
Desenvolver

intelectual e
emocional

Gráfico nº 9

Nesta questão, todas as opções foram escolhidas, sendo as que obtiveram


maioria: desenvolvimento intelectual e emocional com 15 votos e introdução de

102
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

novos tema com 12 votos. A que teve menos expressão foi ocupar a criança com
3 votos.

Questão 7_ Quando os trabalhos dos alunos estão acabados expõe:

a) Unicamente os mais bonitos;

b) Todos os trabalhos.

Frequência Percentagem
Todos os trabalhos 17 100,0

Tabela nº 7

Todos os professores inquiridos são da opinião que se deve expor todos os


trabalhos e não apenas os mais bonitos.

Questão 8 _ Coloque uma cruz nas vertentes onde considera que a educação
artística exerce a sua influência.

Vertentes onde a educação artística exerce


influência

18
16
14
Frequência

12
10 Sim
8 Não
6
4
2
0
Intelectual Física Social Emocial Nenhuma

Gráfico nº 10
Dos dezassete docentes inquiridos, 14 consideraram que a educação
artística exerce a sua influência nas vertentes intelectual e emocional, onze

103
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

consideraram importante a vertente social. A vertente física foi a menos escolhida,


sendo que, apenas 6 docentes a consideraram fundamental. Contudo, nenhum
professor escolheu a hipótese “em nenhuma”.

Questão 9_ Na sua óptica a Expressão plástica contribui para o desenvolvimento


da criança.

A expressão plástica contribui para o


desenvolvimento da criança?

12
10 Não Influência o
Frequência

8 desenvolvimento
6
4
2 Desenvolve a imaginação
0 e a criatividade
Concordo
Não concordo

Não concordo
completamente

Concordo muito
nem discordo
Discordo

Desenvolve a nível
sensorial, emotivo
cognitivo e motor

Gráfico nº 11

Pela análise do gráfico 11, dez elementos da nossa amostra concordaram


muito que a expressão plástica contribui para o desenvolvimento da imaginação e
da criatividade, no entanto, dois dos dezassete professores discordaram
completamente com esta opção. Relativamente ao desenvolvimento a nível
sensorial, emotivo, cognitivo e motor, nove professores concordaram muito com
esta afirmação, havendo dois que discordaram completamente. Dez dos
professores inquiridos não concordaram que a expressão plástica não influência o
desenvolvimento.

Questão 10 _ Coloque uma cruz na, ou, nas fases de desenvolvimento onde
considera que se integra o estádio das garatujas.

104
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Estádio das garatujas

Frequência Percentagem
Estádio sensório-motor 6 35,3
Estádio pré-operatório 3 17,6
Não responde 3 17,6
Estádio sensório-
motor/estádio pré-opeatório 4 23,5

Estádio pré-
operatório/operações 1 5,9
concretas
Total 17 100,0

Tabela nº 8

Estádio das garatujas

3
sn
u
q
ia
c
êF
re

0
sensório-motor pré-operatório não responde sensório-motor/ pré-oper./oper.
pré-opeatório concretas
Estádios

Gráfico nº 12

O estádio das garatujas está presente em dois estádios de


desenvolvimento: no sensório-motor e no pré-operatório, no entanto, apenas
quatro dos dezassete docentes inquiridos os consideraram aos dois. Seis

105
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

professores apenas consideraram o estádio sensório-motor, apenas um docente


considerou o estádio pré operatório/operações concretas/. Três docentes por falta
de conhecimento sobre o assunto, ou, por não terem a certeza da resposta
optaram por não responder á questão.

Questão11 _ O estágio das garatujas, na sua opinião, divide-se em garatujas:

Garatujas

Frequência Percentagem
Desordenadas 2 11,8
Integradas 1 5,9
Ordenadas 1 5,9
Todas as hipóteses 1 5,9
Não responde 8 47,1
Não sabe 1 5,9
Desordenadas/integradas 1 5,9
Desordenadas/ordenadas 2 11,8
Total 17 100,0

Tabela nº 9
Garatujas

4
n
u
q
ia
c
êF
re

0

o
to
de

or

de

de
in

re
te

da
de
so

so
o

so

sp
gr

sa
na
rd

rd

on
rd
ad

as
en

be

en
da

de
.
a

/o
hi
ad

ad
s

rd

as

as

en
te

/in
se

.
te
s

gr
a
da
s

Garatujas

Gráfico nº 13

Nesta questão, cerca de 47 % dos inquiridos não responderam, e um


professor admitiu não saber a resposta. Apenas 2 docentes responderam de
forma correcta escolhendo a opção desordenadas/ ordenadas.

106
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Questão 12 _ Realiza actividades de expressão plástica com regularidade.

Realiza actividades de expressão plástica com que regularidade?

Frequência Percentagem
Raramente 1 5,9
Regularmente 11 64,7
Sempre 5 29,4
Total 17 100,0

Tabela nº 10

Realiza actividades de expressões plástica com que


regularidade?

Raramente
Regularmente
Sempre

Gráfico nº 14

Da amostra inquirida 64,7 % realizam actividades de expressão plástica


com regularidade, 29,4 % realizam sempre este tipo de actividades. Apenas um
dos dezassete docentes respondeu que executa raramente este género de
actividades, não tendo especificado quais os motivos.

107
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Questão 13 _ Se respondeu nunca ou raramente explique sucintamente quais os


motivos?

Na nossa amostra, apenas um docente respondeu que raramente


realizava actividades de expressão plástica com os alunos, no entanto não
especificou quais os motivos que o levam a proceder desta forma.

Questão 14 _ Realiza actividades de manualidade apenas em ocasiões festivas?

Realiza actividades de manualidade apenas em ocasiões festivas?

Frequência Percentagem
Sim 1 5,9
Não 16 94,1
Total 17 100,0

Tabela nº 10
Realiza actividades de manualidade apenas em ocasiões em
ocasiões festivas?

100

80

60
m
gn
taP
rc
e

40

20

0
sim não

Gráfico nº 15

Da amostra inquirida 94% dos professores responderam que realizavam


actividades de manualidade não só nas ocasiões festivas. Somente um docente
respondeu que apenas recorria a este tipo de actividades em ocasiões festivas.

108
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Questão 15 _ Coloque uma cruz nos materiais que utiliza com mais regularidade
quando realiza actividades de expresso plástica com os alunos.

Materiais

18
16
14
Frequência

12
10 Sim
8 Não
6
4
2
0
ão
Ca ela

s
do

rr o
r
as

ra
e

iz

a
co

tro
ch

in
G

ce

rv
lin

ci

Ba
ar

t ic
ua

ou
de

Te
Ca
rto
Ag

de

as
G

Pl
pi
s
pi


Gráfico nº 16

Da amostra inquirida, os docentes utilizam com alguma regularidade para


executarem actividades de expressão plástica materiais como: as cartolinas, lápis
de cor, lápis de cera e a plasticina. Poucos docentes recorrem à utilização de
aguarela, guache, giz, carvão, tecido e o barro.
Podemos analisar que os docentes não utilizam uma grande variedade de
materiais, logo são muito poucos os recorrem a técnicas variadas nas actividades
de expressão plástica.
No entanto, existe uma minoria que se interessa em explorar, sempre que
possível várias técnicas, recorrendo a uma vasta gama de materiais, como por
exemplo: papel de cavalinho, papel carvalho, papel, autocolante, papel reciclado,
vidro, gesso.

Questão 16 _ Recorre ao desenho infantil como meio de registar aprendizagens?

Recorre ao desenho infantil como meio de registar aprendizagens?

109
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Frequência Percentagem
Raramente 5 29,4
Regularmente 11 64,7
Sempre 1 5,9
Total 17 100,0

Tabela nº 11

Recorre ao desenho infantil como meio de registar


aprendizagens?

12

10

6
n
u
q
ia
c
êF
re

0
Raramente Regularmente Sempre
Regularidade

Gráfico nº 16

Dos dezassete professores inquiridos 64,7% recorrem regularmente ao desenho


infantil como meio de registar aprendizagem, 29,4% raramente, apenas um
docente que corresponde a 5,9% da nossa amostra recorre sempre ao desenho
infantil para registar aprendizagens. Nenhum dos docentes inquiridos escolheu a
opção nunca.

Questão 17 _ O que é o desenho?

110
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

O que é o desenho?

12
Discordo completamente
10

8 Não concordo
Frequência

6 Não concordo nem


discordo
4
Concordo
2
Concordo muito
0
Opção a Opção b Opção c

Gráfico nº 17

Relativamente à opção a) “Os desenhos são meros rabiscos numa folha de


papel, através dos quais a criança se diverte utilizando a imaginação e a
criatividade.”, nove professores não concordaram , um concordou muito, dois não
concordaram nem discordaram, dois concordaram e três não responderam. No
que diz respeito à opção b) “ O desenho é uma forma de registar simbolicamente,
contar, explicar, comunicar descobertas, sensações e emoções.”, a maior parte
dos professores concordaram, um não concorda e quatro concordaram muito,
existindo também dois que não responderam.

11. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.

11.1 Analise e interpretação de dados

111
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Depois da recolha de dados, apresentados anteriormente, através do mapa


de síntese, foram cuidadosamente analisados os gráficos e as tabelas, sendo,
possível retirar algumas elações acerca dos resultados expressos.
As conclusões retiradas não podem ser generalizadas, sendo que, o estudo
foi elaborado a dezassete docentes que leccionam em quatro escolas do Ensino
Básico, isto é, a amostra representa um pequeno universo.
O estudo permitiu-nos constatar que os docentes atribuem muito valor às
áreas de Língua Portuguesa, Matemática e Estudo do Meio, no entanto,
consideram que estas áreas não são as únicas que cooperam para o
desenvolvimento harmonioso e equilibrado do aluno.
Apesar de concordarem que a expressão plástica contribui para o
desenvolvimento integral do aluno, poucos foram os docentes que demonstraram
conhecimento acerca das vertentes onde a educação artística exerce influência,
mencionando apenas uma ou duas, em vez, das quatro vertentes a intelectual, a
social, a emocional e a física.
Revelaram escasso conhecimento acerca da etapa das garatujas, que
integra o estádio sensório-motor e o pré-operatório. Muitos, educadores optaram
por não responder à questão e outros afirmaram que a etapa das garatujas se
desenrola durante o estádio das operações concretas.
Os docentes privilegiam o desenho livre, no entanto, ainda existem
professores que tem uma ideia errada do que é colocar a criança a desenhar
livremente, pois atribuem um “ modelo” á criança e esta tem que elaborar o
desenho em função do modelo imposto pelo professor.
Impor “modelos” é limitar a criatividade, é impor uma norma. O desenho
livre não obedece a “modelos”, nem a normas, obedece apenas á imaginação e a
criatividade.
O estudo revelou que existe uma pequena percentagem de professores
que não privilegiam o desenho livre, dois dos inquiridos, afirmaram não privilegiar
o desenho livre. Este facto, é de lamentar, está provado cientificamente e
pedagogicamente que o desenho é extremamente importante para o
desenvolvimento emocional, físico, intelectual, sensorial e social do aluno.

112
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Infelizmente, ainda existem docentes que utilizam o desenho com o intuito


de ocupar a criança, como se a expressão plástica apenas tivesse essa função.
Este facto, é de lamentar, não se compreende como é que ainda existem pessoas
que não compreendem o valor da expressão plástica.
O homem, desde que nasce até que morre, tem necessidade de se
expressar, a criança, utiliza o desenho para o fazer, este, retrata a própria criança,
os seus desejos, medos e anseios e é, por esta razão, que a sua expressão deve
ser levada a sério. O adulto tem a função de estimular a criança a desenhar e a
criar, jamais a deve colocar a desenhar apenas com a intenção de a ocupar,
como se não houvesse nada mais para fazer, como se o desenho servisse
apenas para ocupar o tempo.
Os docentes recorrem á expressão plástica no decurso da sua prática
pedagógica, com o objectivo de promover o desenvolvimento intelectual e
emocional do aluno e como motivação para introdução de novos temas, no
entanto, poucos a utilizam para desenvolver a motricidade fina.
A motricidade é responsável pela coordenação global, fina e óculo-manual.
Esta coordenação coloca os músculos e movimento, através da expressão
plástica o docente pode proporcionar um conjunto de experiências onde a criança
adquire a dissociação de movimentos, isto é, executa vários movimentos em
simultâneo.
O desenho é uma acção neuromuscular que exige coordenação e
equilíbrio, desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da escrita e da
leitura, auxilia o aluno a pegar no lápis correctamente e leva-o a exercitar
movimentos para ganhar destreza manual.
Os docentes não procuram muito aplicar vários tipos de materiais, nem
procuram explorar com os seus alunos várias técnicas de pintura, limitam-se a
utilizar matérias como o lápis de cor, lápis de cera, cartolinas e plasticina. São
poucos os que recorrem ao barro, gesso, guache, tinta acrílica, tecido, papeis de
vários tipos, com texturas diferentes, que estimulam muito a criança a nível
sensorial e contribuem para promover o seu desenvolvimento.

113
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Finalmente, importa confrontar as hipóteses formuladas com os resultados


obtidos. No que se refere a primeira hipótese: A maior parte dos professores não
tem formação para desenvolver a área da Expressão Plástica.
Como se pode constatar, mediante as respostas obtidas, esta hipótese foi
confirmada, pois a maioria dos inquiridos não tem formação suficiente, nem a
procuram obter para desenvolver a expressão plástica com os alunos.
Este facto, pode observar-se quando averiguamos o tipo de materiais que
os professores utilizam na sua prática pedagógica, existe pouca variedade, logo,
sem variedade não é possível explorar várias técnicas com os alunos, nem lhes
dar a conhecer um leque variado de materiais.
Dois dos dezassete inquiridos não acordam que o desenho incrementa a
imaginação e a criatividade, dois educadores discordaram completamente que o
desenho desenvolve a criança a nível cognitivo e motor. No decorrer do estudo,
também, se verificou, que uma pequena percentagem da nossa amostra não
privilegia o desenho livre.
Perante este cenário, podemos afirmar, que algum professores não tem
formação suficiente, se a tivessem, acabariam por averiguar, que o desenho tem
influência no desenvolvimento da criança e recorriam ao desenho livre no decurso
da sua prática pedagógica.
O desenho é uma forma de registar aprendizagens, também, funciona
como um meio de comunicação como o mundo adulto, a criança comunica
vivências sensações que não consegue exprimir através das palavras.
Por ultimo, a segunda hipótese: A avaliação dos trabalhos é elaborada sob
um modelo rígido, efectuado segundo o ponto de vista do professor e não de
acordo com o padrão de desenvolvimento etário e cognitivo da criança.
Esta hipótese não se confirma, porque os dados obtidos não foram
suficientes para se chegar a uma conclusão concreta.

CONCLUSÃO

114
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

Ao finalizar este trabalho e tendo em consideração os objectivos propostos


na elaboração do mesmo, podemos afirmar, que a expressão plástica é
extremamente importante para o desenvolvimento da criança.

O tema abordado serviu para aumentar os nossos conhecimentos e


também contribui para enriquecimento de saberes imprescindíveis no decurso da
nossa vida profissional.

A expressão plástica é, sem dúvida, relevante deve ser valorizada e


implementada no decurso da nossa formação profissional, irá ajudar-nos a
reestruturar a nossa acção pedagógica, para que, deste modo, se contribua para
o desenvolvimento integral e harmonioso da criança.

As áreas de Matemática, Língua Portuguesa e Estudo do Meio podem


tornar-se mais interessantes se o docente recorrer á expressão plástica para
expor determinados temas, despertando maior interesse e curiosidade nos
alunos.

A criança tem necessidade de se expressar e recorre muitas vezes ao


desenho para o fazer, para comunicar com o adulto, através deste processo a
criança transmite os seus sentimentos. Stern considera que o adulto deve estar
atento á evolução deste processo, sendo que, para a criança a realização dos
pensamentos em símbolos funcionam como uma ponte de comunicação com o
mundo adulto.

O docente não deve negligenciar o papel fundamental da expressão


plástica, como factor importante para o desenvolvimento físico, intelectual, social
e cognitivo da criança.

Em suma, esperamos que este trabalho origine reflexão sobre a


importância da expressão plástica e possa servir como um meio de provocar
algumas mudanças nas práticas pedagógicas dos docentes que não praticam
actividades de expressão com os seus alunos.

Bibliografia

115
Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

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ANEXOS

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo
A educação no 1º Ciclo _ uma perspectiva da área curricular da Educação Visual.

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Nádia Gomes, 4º ano, Ensino Básico 1º Ciclo

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