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AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE DESEMPENHO EDUCACIONAL DO

ENSINO BÁSICO EM CABO VERDE 2019

Propostas de intervenção pedagógica

Grupo disciplinar de Matemática - concelho de Santa Cruz – Agrupamento Centro

Enquadramento

Estas propostas não têm por base o conhecimento do sistema educativo no seu todo (em
termos de conteúdos/conhecimentos em Matemática), dado que o professor tem
experiência de ensino apenas do 7º ao 12º ano de escolaridade.

As propostas a seguir apresentadas resultam da análise dos resultados ora apresentados,


e da experiência com outras avaliações nacionais que se assemelham à esta quanto a
abrangência e aos resultados por parte dos alunos, nomeadamente as Provas Nacionais
do 8º ano e as Provas Gerais Nacionais do 12º ano.

Pretende-se apresentar propostas passiveis de serem aplicadas pelos docentes e


administração local e/ou central, não se debruçando sobre as medidas passiveis de
serem adotadas pelos outros agentes da comunidade educativa: encarregados de
educação e sociedade civil, uma vez que, ás vezes torna-se mais difícil para o professor
influir sobre as suas ações.

Propostas de intervenção pedagógica

Melhorar o desempenho dos alunos em matemática é um desafio comum a praticamente


todas as escolas, visto que, actualmente deparam com um índice alto de notas baixas e
retenção de alunos na disciplina de matemática. Descobrir o culpado não é a melhor
saída, mas sim buscar alternativas, intervenções que mudem esse resultado. Nesse
sentido o grupo disciplinar propõe algumas alternativas que visam contribuir para o
melhoramento e eficácia no ensino aprendizagem:
1. Formação contínua dos professores
A massificação do ensino e as suas consequências conjugada com o fenómeno
da globalização vem a colocar a nu a necessidade de aquisição de novas
competências por parte dos professores. Assim, é preciso que os professores
estejam dotados de conhecimentos que lhes permitam acompanhar as mudanças
no quotidiano escolar e social, e, desenvolver a capacidade de criar instrumentos
de avaliação que desafiem o poder do raciocínio e resolução de problemas
complexos nos alunos. Instrumentos com itens que acedam às diversas
capacidades cognitivas: abstratas, concretas, visualização geométrica, etc.

2. Adaptar as avaliações intercalares dos alunos às avaliações nacionais


As provas nacionais tem sido aplicadas de forma muito pragmática. No entanto
estas tem-se revelado estranhas para os alunos, isto porque as avaliações dos
alunos durante ano tem sido totalmente diferente principalmente no que tange à
estrutura. Por exemplo, um aluno que durante o ano letivo nunca resolveu uma
prova com questões de escolha múltipla pode ter dificuldades em resolver uma
na primeira vez, mesmo sendo uma questão fácil. É preciso que todas as provas
tenham a mesma tipologia de questões das provas nacionais.

3. Maior aproximação entre aluno e professor


Conhecer os interesses e as necessidades dos nossos estudantes torna-se
fundamental para a organização de um trabalho pedagógico, uma vez que estes
são sujeitos centrais no processo ensino aprendizagem. Deve-se criar uma
relação de amizade e de respeito mútuo em sala de aula. Dessa forma os alunos
terão maior afinidade com o professor para expor os seus anseios, seus
problemas e suas dificuldades, e até mesmo se interessar mais pelas aulas. O
professor passará a conhecer a realidade a qual o aluno está inserido e até
mesmo a qual ele vivencia. Quando o professor interage com os seus alunos de
forma significativa, este percebe quando algo esta diferente através de mudança
de comportamento e atitudes.

4. Refletir sobre o hábito de preparação dos alunos paras as avaliações


É do conhecimento comum que grande parte dos alunos tem o mau hábito de
estudar apenas nas proximidades das datas das avaliações. É também sabido que
este hábito é criado ou, quando muito, reforçado pela prática docente de preparar
os alunos para as provas, indicando questões tipo para as mesmas. As provas
nacionais normalmente abarcam conteúdos de todo um ano letivo ou, em alguns
casos, de mais do que um ano, por isso normalmente não há tempo suficiente
para estudar a fundo todas matérias para estas provas de um vez só. Deve-se
incentivar o aluno ao estudo contínuo pois este é a única forma de alcançar um
conhecimento sólido e consequentemente atingir bons resultados nas avaliações
de conhecimento integrados. Uma medida que pode reforçar isso seria incluir
pelo menos uma avaliação sem data combinada com os alunos em cada trimestre
(os chamados “testes surpresas”).

5. Elaborações de mais manuais escolares


Propõe-se dar o devido valor ao principal meio de aprendizagem: os livros. A
começar pela elaboração dos manuais em todas as disciplinas e em todos os
níveis do secundário assim como acontece com o EBO. Como ilustração, nunca
existiu no país manuais de Matemática para o 9º, 10º, 11º e 12º anos de
escolaridade. Sem isso não se pode almejar alunos totalmente autónomos se a
sua aprendizagem fica limitada às matérias e explicações dadas pelos
professores. Acredita-se que um aluno que lê está mais apto para interpretar as
questões/problemas que lhe são propostas.

6. Coordenação nacional dos conteúdos


Em consequência da falta de manuais em alguns níveis e da falta de um
programa que se aplica efetivamente, corre-se o risco de ter o ensino de forma
não uniforme a nível do país. Para isso propõem-se a realização anual de uma
coordenação com os coordenadores de disciplina de cada agrupamento afim de
planificarem os domínios a serem tratados a nível nacional em cada nível. Desta
coordenação sairia uma planificação a ser encaminhada à tutela e esta poderá
elaborar as suas avaliações com base nesta planificação.
Essa coordenação também se estende a nível do concelho entre os
coordenadores pedagógicos do ensino básico e do secundário para partilharem
experiencias no que tange as metodologias de ensino aprendizagem.

7. Interdisciplinaridade entre as diversas áreas do conhecimento


Cada componente curricular deve proporcionar a apropriação de conceitos e
categorias básicas de forma integrada e significativa, e não o simples acúmulo
de informações e conhecimentos desarticulados e fragmentados. É necessário
buscar subsídios para que possamos pensar em práticas que promovam a
integração entre os conhecimentos das áreas existentes no processo ensino
aprendizagem de modo que sejam superadas práticas que perpetuam a
fragmentação do conhecimento. Neste sentido, a interdisciplinaridade constitui
elemento chave para se propiciar a articulação entre os saberes dos diferentes
campos do conhecimento, assegurando a transversalidade do conhecimento de
diferentes áreas e componentes curriculares.

8. Reforço ensino da Geometria


O fraco aproveitamento dos alunos cabo-verdianos e santa cruzences em
particular em Geometria é um fato há muito identificado. Isto resulta de três
fatores principalmente: 1º: são conteúdos normalmente deixados para o fim do
ano letivo, muitas vezes, ficam por dar ou são dados às pressas, 2º falta de
preparação dos professores, e 3º: falta de recursos para a sua lecionação
(materiais didáticos: livros, instrumentos de desenhos; recursos tecnológicos:
computador, projetor). Para reverter esta situação propõe-se mais formação aos
professores em matéria de uso das tecnologias de ensino da Geometria,
investimentos na aquisição de manuais escolares e materiais didáticos para os
professores e alunos.

9. Materiais didáticos
As salas de aulas devem estar munidas de todas as condições necessárias para
uma boa leccionação.

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