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Sustentabilidade

e Ética nas Organizações


IMPACTOS DA SUSTENTABILIDADE
RESPONSABILIDADE MORAL
A SUSTENTABILIDADE E AS INOVAÇÕES
CONCLUSÕES SOBRE SUSTENTABILIDADE
NAS ORGANIZAÇÕES

SUSTENTABILIDADE E ÉTICA
NAS ORGANIZAÇÕES
A SUSTENTABILIDADE
NAS ORGANIZAÇÕES
Prof. Andrei Bosco Freire

Agora que já entendemos alguns conceitos sobre


esse assunto, como a relação homem-natureza, a
Caro(a) aluno(a), é muito problemática ambiental e o desenvolvimento sustentável
bom tê-lo(a) de volta ao como novo paradigma, iremos aprofundar em questões
estudo do nosso instigante relacionadas à Sustentabilidade e às Organizações.
tema Sustentabilidade.

A proposta neste módulo é entender melhor como a sustentabilidade interfere no dia a


dia das empresas, o papel do novo líder nesse ambiente coorporativo, que cada dia está
mais interessando em soluções sustentáveis.

A partir deste momento, vamos ampliar nossa compreensão sobre stakeholders, analisan-
do o papel deles nesse cenário. Além disso, verificaremos como os recursos tecnológicos
poderão ser de grande valia nessa discussão. Essas são algumas das questões, dentre
outras, que iremos tratar neste módulo.

Então, vamos entender um pouco mais sobre sustentabilidade, mergulhando nas águas
do oceano corporativo?

Desejo-lhe boa leitura e bom trabalho!

APRESENTAÇÃO
Você já observou que, no rótulo de algumas embalagens, existe a indicação de que o gás
do produto é inofensivo à camada de ozônio? Outras empresas destacam que utilizam
papel reciclável na embalagem de seus produtos. Ou ainda, enfatizam que a madeira utili-
zada é de uma área reflorestada.

Todas essas indicações têm a função de prestar contas ao consumidor, que, de uma forma
consciente, demanda por esclarecimentos relativos aos produtos que está consumindo.
Além do papel dos consumidores, é de vital importância que entendamos o papel dos
outros stakeholders e como se dá a comunicação entre eles e as organizações.

Veremos também como as inovações podem aumentar a capacidade de as empresas se


tornarem sustentáveis, e como o papel do líder nesse novo cenário passa a contribuir com
a perenidade das empresas para as quais trabalham.

Sustentabilidade e Ética nas Organizações 1 Sustentabilidade e ética nas organizações


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Identificar o impacto da sustentabilidade nas organizações;
• Distinguir os stakeholders;
• Questionar a sustentabilidade nas organizações.

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OS IMPACTOS DA SUSTENTABILIDADE
NAS ORGANIZAÇÕES
Para entender os impactos da Sustentabilidade nas Organizações, devemos ter em mente
os impactos nos ecossistemas, que são a base da nossa sobrevivência. Esses impactos
estão induzindo a crescentes alterações no comportamento de diversos atores no setor
público, no setor privado e na sociedade civil.

Dessa forma, aumentou-se a regulamentação por parte dos governos e a pressão exer-
cida sobre as empresas pelos grupos de interesse, sejam eles acionistas, organizações
não-governamentais (ONGs) ou clientes. A tendência é que esse quadro se
torne cada vez mais complexo, à medida que diversos grupos de interesse
validem e confirmem a gravidade da situação.

As organizações devem assumir integralmente o desafio de apoiar estra-


tégias inovadoras de enfrentamento da questão ambiental via merca-
do, como é o caso do comércio de emissões de carbono, que
mencionamos no módulo 1. Tais estratégias são mais flexíveis e
representam um passo adiante dos mecanismos tradicionais de
comando e controle (as regulações governamentais).

Mas, antes de continuarmos a evoluir no assunto Sustentabilidade


nas Organizações, vamos analisar o importante papel do
consumidor.

As organizações e seus respectivos ambientes operacionais vêm se


tornando mais complexos. Nessas empresas, a licença para operar abrange hoje
muito mais do que simplesmente atender às formalidades e às exigências governamen-
tais para a obtenção do licenciamento ambiental e outras autorizações para instalação e
operação.

Cada vez mais o ambiente legal está mudando de várias maneiras nas organizações. O
conceito de responsabilidade civil vem sendo incluído na legislação. Portanto, as ONGs
recorrem à justiça e aprendem a utilizar a legislação vigente, em vez de apenas criticá-la.
Assim, um crescente número de profissionais da área legal tem se especializado no tema
da sustentabilidade, acumulando competência para questionar legalmente as injustiças
sociais e a irresponsabilidade ambiental.

A sociedade vem demandando das empresas uma atitude de maior responsabilidade e


transparência. As pesquisas de opinião que vêm sendo realizadas no Brasil e no mundo
têm atribuído à classe empresarial baixas taxas de credibilidade, em comparação a outros
atores sociais. Mas, talvez, o mais significativo resultado de pesquisa seja o papel que os
formadores de opinião atribuem às empresas globais.

IMPORTANTE
Existe uma consonância entre todos os países de que as organizações, mais do que qualquer
outra instituição, têm um papel crucial a desempenhar no enfrentamento dos grandes desa-
fios sociais e ambientais. Os cidadãos apontam os direitos humanos, a redução da pobreza e
o aquecimento global como os três temas mais importantes que desejam ver tratados pelas
empresas em que confiam. Essa é uma evidência de como a credibilidade das empresas
está atrelada ao grau de responsabilidade que assumem diante dos problemas que afligem
o mundo.

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RESPONSABILIDADE CIVIL

O conceito de responsabilidade legal está evoluindo para o conceito de responsabilidade


moral, e ambas configuram a nova ordem da responsabilidade civil. A conformidade legal
tende a evoluir para incluir a responsabilidade moral das empresas, sempre que percebidas
pela sociedade como irresponsáveis. Os processos já não ficam no âmbito restrito dos
tribunais. Cada vez mais a atuação das empresas é julgada pela opinião pública. O tempo
de vigência da responsabilidade por determinado ato deixa de ser finito e passa para o
longo prazo.

No Brasil, a Lei de Crimes Ambientais prevê a prisão dos responsáveis, ou seja, dos execu-
tivos, por danos ao meio ambiente. Embora não haja notícia de algum executivo que tenha
sido preso por causa de malfeitorias ambientais, é possível prever que esse dia não está
longe, dado o sistemático aumento da consciência ambiental no país.

Empresas globais têm sido forçadas a exibirem o máximo possível de transparência devi-
do à necessidade de precaução em relação a situações de alto risco. Essas empresas são
forçadas a produzir relatórios anuais de sustentabilidade que, cada vez mais, são analisa-
dos pela opinião pública. E, caso seja detectada alguma não conformidade nas organiza-
ções, são crescentes os custos que essas empresas incorrem, na busca de conformidade
com as exigências vigentes (custos para sair do não-legal para o legal).

As leis de mercado já refletem as novas atitudes da


cidadania. Os bens intangíveis – marca, reputação,
capacidade de lidar com stakeholders, capacidade de
se adaptar às mudanças – tornam-se cada vez mais
significativos no cálculo dos ativos de uma empresa.

Para que possamos exemplificar, o índice Dow Jones de Sustentabilidade


revela uma valorização de 20% das ações das 318 empresas globais que
o compõem, quando comparadas às tradicionais. Caso as organizações não
mantenham políticas e práticas adequadas nas três dimensões da susten-
tabilidade – a econômica, a ambiental e a social –, as empresas se tornam
sujeitas a responder por isso, tanto nos tribunais de justiça quanto no foro da
opinião pública.

RESPONSABILIDADE MORAL

Precisamos falar também da responsabilidade moral, em que as demandas


da sociedade forçarão o setor privado a mudar modelos de negócios ou

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mesmo extingui-los. As pressões para isso poderão estar relacionadas à prestação de contas
por passivos sociais ou ambientais; ou à responsabilidade sobre toda a cadeia produtiva, isto
é, a responsabilização da empresa pelo comportamento de seus clientes e fornecedores.

Os negócios também serão pressionados pela tendência, ainda incipiente, mas que está
ganhando força, ao chamado comércio justo (fair trade). Compõem práticas de
boa governança, de gestão de riscos e de política de sustentabilidade, a prote- comércio justo - fair trade
Trata-se de um movimento destinado
ção dos ativos, a manutenção da licença para operar e o controle adequado de a promover negócios que levem em
questões relacionadas com responsabilidade civil. Incorrem em grave erro as conta a sustentabilidade de pequenas
organizações que entregam a gestão dessas questões à área de relações públi- comunidades, condições de trabalho
decentes e remuneração justa para
cas ou a departamentos encarregados de fazer filantropia e distribuir patrocínios
trabalhadores e fornecedores.
culturais, ou mesmo a gerências de desenvolvimento sustentável que operam
isoladamente, sem condições de percorrer toda a empresa.

ATENÇÃO
Sustentabilidade nas empresas se relaciona com transversalidade entre as diversas áreas da
organização e somente será alcançada se for parte integrante da estratégia da organização.

A verdadeira Sustentabilidade questiona conceitos arraigados, redefine hierarquias,


prioriza temas e responsabilidades antes relegados a planos menos importantes. A
Sustentabilidade mexe com as estruturas de poder. Além de exigir o equilíbrio de objetivos
econômicos, ambientais e sociais, o poder tende a se repartir de maneira mais equilibrada,
entre governos, empresas e organizações da sociedade civil.

Cada vez mais as empresas serão cobradas pela sociedade por transparência: revelação
de informações, políticas, práticas e resultados, de modo que estimulem o modelo de
negócio e agreguem credibilidade e competitividade. O processo de transparência começa
pela determinação do que é importante para a atividade empresarial, em temas como
direitos humanos, mudança do clima, meio ambiente, responsabilidade social e outros,
dependendo do local e do período.

Um bom exemplo que podemos citar é o da Lei Sarbanes-Oxley. O objetivo Lei Sarbanes-Oxley
da SOx, como é mais popularmente conhecida, é estabelecer um regulamen- Sobrenome dos dois parlamentares
to mandatório e estatutário de governança corporativa e procedimentos de que a representam, que entrou em
contabilidade para empresas de capital aberto e seus auditores, para evitar vigor em 2002. Lei SOx, como é mais
popularmente conhecida, representa
fraudes e promover a ética, permitindo às empresas negociarem seus papéis um instrumento de proteção aos
nas Bolsas de Valores dos Estados Unidos. investidores, por causa de uma série
de escândalos que fizeram cair a
O desafio da Sustentabilidade está lançado! As organizações devem demons- confiança pública em relatórios e
trar à sociedade que há um número de empresas líderes que merecem crédi- prestações de contas empresariais.
to da opinião pública, apoio dos clientes e licença da sociedade para operar,
inovar e crescer. Somente dessa forma tais organizações poderão se tornar modelos para
as demais. Se as empresas não forem capazes de convencer a sociedade de que merecem
credibilidade, uma nova leva de códigos de condutas e transparência surgirá.

Está aberta a oportunidade para as atividades autor regulatórias alavancarem a credibili-


dade empresarial. Um bom exemplo disso é a contabilidade socioambiental, que dispara o
processo de recuperação da imagem desgastada e cria valor mais adiante. Há evidências
de que atividades que são percebidas pela sociedade como responsáveis resultam em
elevação do preço das ações de uma empresa. As organizações que não se prepararem
para esse tipo de contabilidade arriscam-se a ser “massacradas” por outras.

Vamos considerar melhor esse assunto analisando o próximo tópico. Aguardo você lá.

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OS STAKEHOLDERS
No contexto da Sustentabilidade, um stakeholder é qualquer indivíduo ou insti-
tuição que possa afetar as atividades de um determinado grupo, assim
como também pode ser afetado pelas atividades daquele mesmo grupo.
Alguns exemplos de stakeholders são: clientes, fornecedores, investido-
res, acionistas, empregados, famílias de empregados, governos, mídia,
comunidades, ONGs e a sociedade em geral. O envolvimento deles ajuda
a renovar a visão que os próprios gestores têm da empresa e de si próprios.
Mapear os stakeholders da empresa é o primeiro passo para formular a
política de relacionamento com eles.

Após a identificação dos stakeholders, dos temas de interesse de cada um


e da importância relativa de cada grupo para seus negócios, a empresa
estará pronta para traçar a estratégia de engajamento desses em suas
atividades e definir suas formas de comunicação com eles. Há diversos
mecanismos de comunicação, como: publicação de relatórios financei-
ros, publicidade, comunicados à imprensa, relatórios de sustentabili-
dade, diálogo de múltiplas partes etc.

Um processo sólido de diálogo com os stakeholders não é de fácil obtenção, u m a


vez que os desejos e as necessidades da comunidade local às vezes são mal entendidos
ou mal explicados. No entanto, muitos esforços já foram empreendidos para estabelecer
as melhores práticas nessa área e há muitos grupos, como ONGs, OIGs (Organizações
Intergovernamentais, como a Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU), que se
dedicam a ajudar comunidades e empresas a conduzir esse processo. Muitos instrumen-
tos de promoção da sustentabilidade, como a responsabilidade social corporativa (RSC) e
seus mecanismos, aí incluídos os relatórios de sustentabilidade e os códigos de conduta,
vêm sendo formulados com a ajuda de diálogos de múltiplas partes.

IMPORTANTE
Os mecanismos de RSC não são suficientes para reduzir as desigualdades sociais, nem
bastam para combater os crescentes problemas ambientais. Os governos devem cumprir seu
papel no estabelecimento de metas e padrões adequados e de cumprimento obrigatório. No
entanto, os mecanismos de RSC representam um ponto de partida muito importante.

O consumidor é o principal agente quando abordamos o cenário macro da Sustentabilidade.


O poder de escolha do consumidor consciente se tornará cada vez mais crucial até o ano
de 2050, pois alterará o estilo próprio de vida. Decisões como: compra de um eletro-
doméstico energeticamente mais eficiente; ou o uso do transporte público, em vez do
automóvel particular; dentre tantas outras, terão um forte efeito positivo em todas as
outras áreas.

SAIBA MAIS
A redução do gasto de energia pelos eletrodomésticos tornar-se-á cada vez mais essencial à
medida que aumentar o uso desses aparelhos no mundo. Já surgem iniciativas como as do
governo da Austrália e da Agência Internacional de Energia, no sentido de buscar eficiência
energética por meio da redução para menos de um watt do consumo de aparelhos de som,
televisores e DVDs quando em stand by. Os grandes fabricantes já estão seguindo essa
tendência. Além disso, Políticas públicas e precificação da energia em equilíbrio com objeti-
vos sociais poderão induzir a novos e mais sustentáveis hábitos de consumo.

Sustentabilidade e Ética nas Organizações 6 Sustentabilidade e ética nas organizações


O consumidor é responsável pelo uso sustentável de energia, que inclui reduzir, reusar e
reciclar, tanto no plano cidadão quanto no plano do setor produtivo. Isso significa esti-
mular o uso de descartáveis e incentivar alternativas duráveis. Esse novo papel do consu-
midor inclui também formas de mobilidade que, preservando o conforto dos indivíduos,
induzam o transporte de massa, como já acontece em outros países, como podemos
constatar nas cidades de Paris, Tóquio, Londres e Moscou.

A sociedade da informação já possui ferramentas disponíveis para mudar atos simples,


como fazer compras on-line, evitando o gasto de energia com deslocamentos. Empresas
deverão usar a opção da teleconferência, evitando o consumo de energia em viagens. O
consumidor consciente deverá dar preferência a produtos locais, quando informado da
quantidade de energia envolvida no transporte de mercadorias por longas distâncias. A
utilização de arborização próxima a edifícios pode induzir uma redução de temperatura em
6ºC no verão, reduzindo a demanda por ar condicionado, ou quebrar a sensação de frio
em climas temperados, reduzindo a demanda por aquecimento. Além disso, acredita-se
que o consumidor consciente provavelmente aceitará pagar um pouco mais por energia
produzida a partir de fontes renováveis.

AMPLIE SEUS CONHECIMENTOS


A gestão insustentável dos ecossistemas vem representando custos tanto para economia
quanto para a sociedade. Aprofunde nesse assunto assistindo ao vídeo “A História das
Coisas”, com Annie Leonard, do projeto “The Stuff”, para entender ainda mais sobre susten-
tabilidade nas Organizações e o papel dos stakeholders. 1

1 video.google.com/videoplay?docid=-7568664880564855303

Sustentabilidade e Ética nas Organizações 7 Sustentabilidade e ética nas organizações


A SUSTENTABILIDADE E AS INOVAÇÕES

Vamos discutir como a inovação pode ser fator


de sustentabilidade, gerando impacto ambiental
e social positivo e, ao mesmo tempo, valor para
as empresas. Para compreender melhor esse
processo, observe o esquema a seguir.

A velocidade com que uma tecnologia amadurece depende de vários fatores, os quais,
tanto em termos cronológicos quanto físicos, definem a taxa de implementação ou subs-
tituição de sistemas, produtos e serviços. Ou seja, tanto pelo aspecto dos investimentos
quanto pelo da vida útil, há limitações para substituição da base produtiva corrente. Ás
vezes, a utilidade, a acessibilidade e a portabilidade induzem a substituição em tempo
relativamente curto. Esses fatores indicam que a inovação tecnológica, por si só, não é
capaz de assegurar a sustentabilidade.

É preciso que a inovação tecnológica seja acompanhada de inovações não tecnológicas.


Os mercados valorizam progressos sociais e ambientais do setor privado, com preço e
qualidade, o que torna o desafio para o sucesso de uma inovação cada vez mais complexo.

O papel das empresas é transformar ideias, por meio de pesquisa, desenvolvimento e


demonstração, em produtos e serviços para comercialização. O sucesso de um negócio
consiste em avaliar necessidades, valores e interesse da sociedade, reduzindo riscos e
ampliando as oportunidades de um novo produto ou serviço.

Sustentabilidade e Ética nas Organizações 8 Sustentabilidade e ética nas organizações


REFLITA
Inovação é um processo que depende de criatividade, competência, visão de mundo e lide-
rança. Então, vamos lançar aqui algumas questões sobre as quais todos devemos refletir a
respeito, principalmente as lideranças nas empresas. São elas:
• Como podemos assegurar que a sustentabilidade seja parte do processo de criação e
inovações?
• Como podemos assegurar que considerações sobre sustentabilidade façam parte da
gestão do processo de desenvolvimento de uma inovação?
• Quando e como observações externas podem ser incorporadas ao processo de criação
e de desenvolvimento?
• Quais são os processos que, muito provavelmente, elevarão o valor do capital intelectual?

Vamos lançar aqui, também, algumas ideias sobre o que envolve a criação de inovações
sustentáveis:

• Prover e estimular visões alternativas do mundo;


• Assegurar o elo entre o desenvolvimento da inovação e seu valor na cadeia produ-
tiva;
• Procurar novas plataformas, assim como aperfeiçoar as já existentes;
• Estimular o empreendedorismo, evolvendo estudantes e profissionais de diferentes
gerações;
• Promover pequenos negócios sem perder de vista sua reprodutibilidade para obter
ganhos de escala;
• Desafiar os modelos de negócios com cenários alternativos de futuro.

CONCLUSÕES SOBRE SUSTENTABILIDADE


NAS ORGANIZAÇÕES
A perenidade dos empreendimentos é o grande objetivo dos esforços para garantir a
sustentabilidade nas organizações. Ela passa necessariamente pela reversão do quadro de
pobreza hoje existente no mundo. A visão empresarial de longo prazo deve estar atenta à
desigualdade. O processo de redução da desigualdade é cada vez mais um dos principais
desafios para empreendimentos do setor privado.

O desenvolvimento sustentável diz respeito a fazer negócios socialmente inclusivos,


também denominados negócios com a base da pirâmide, ou seja, com a classe pobre, de
modo a beneficiar simultaneamente a comunidade de baixa renda e a empresa envolvida
no empreendimento. Esse modelo inovador busca alavancar o desenvolvimento econômi-
co, permitindo que famílias de baixa renda tenham uma melhoria de qualidade de vida,
criando mercado para as empresas. Sem redução da pobreza e gestão competente dos
ecossistemas, o crescimento econômico não se sustenta.

A democracia pode ser uma boa ferramenta para viabilizar a redução da pobreza e a
gestão ambiental adequada. O que se pretende é que os países façam uma gestão justa e
equilibrada de seus recursos, evitando-se, dessa forma, que a riqueza representada pelos
recursos naturais seja apropriada por poucos, por meio de corrupção, clientelismo político
e más práticas de gestão.

Sustentabilidade e Ética nas Organizações 9 A sustentabilidade na relação homem-natureza


Mudanças nos valores e demandas da sociedade, catalisadas pelas evidências da degra-
dação dos ecossistemas e seus serviços, serão cada vez mais perceptíveis. Empresas
mais atentas já perceberam as novas oportunidades de negócios trazidas por essa mudan-
ças e tratam de se posicionar para aproveitá-las.

Uma dessas oportunidades está no crescente uso de mecanismos de mercado para redu-
zir os custos do atendimento a normas e exigências ambientais. É o caso dos mercados
de créditos de redução de carbono. Mas já despontam outros mercados de serviços dos
ecossistemas, baseados em mecanismos de crédito similares aos desenhados para o
carbono. São mercados de créditos de recarga de aquíferos, de produção e uso de ener-
gias renováveis e de mitigação de impactos sobre áreas úmidas e zonas ripárias (margi-
nais de curso d’água) e sobre a biodiversidade, bem como mercados para trocas hídricas
e arrendamento de água.

Maneiras diferentes de produzir mercadorias tradicionais também são oportunidades


para incorporar a sustentabilidade aos negócios. Nos países desenvolvidos, a agricultura
orgânica está ganhando fatias crescentes do sistema de produção de alimentos, graças
ao interesse demonstrado por parcelas crescentes de consumidores. As empresas que
conseguirem criar técnicas inovadoras e sustentáveis para a criação de espécies marinhas
e de água doce terão uma grande vantagem competitiva. A utilização de resíduos de uma
indústria por outra já está se tornando rotina em muitos países.

Portanto, os novos líderes devem ter em mente que transmitir conceitos de sustentabili-
dade significa defender e praticar limites e restrições: restrições à emissão de carbono,
restrições ao uso da água, limites para a pesca, limites ao consumo. É necessário reco-
nhecer que essas medidas, apesar de necessárias, não contribuem para a popularidade de
ninguém. A mudança do paradigma de desenvolvimento atual depende de haver massa
crítica de pessoas dispostas a internalizar a mudança e a pagar um preço por isso.

IMPORTANTE
O maior equívoco que um líder pode cometer é tratar como técnicos os desafios de ordem
adaptativa e comportamental embutidos na questão da sustentabilidade.

A ética nos negócios e a responsabilidade social corporativa ainda não adquiriram, de maneira
consistente, a centralidade que tais questões exigem. Há muitas barreiras para adoção de um
foco mais ético e responsável nas empresas. À medida que a competição se intensifica, os
gestores em todos os níveis sentem-se cada vez mais pressionados pelo tempo.

Alguns veem as iniciativas de responsabilidade corporativa como mais um conjunto de


tarefas que demandam tempo e diminuem sua capacidade de desempenhar funções
centrais, como aumentar as vendas ou a produtividade. Outros temem que a responsabi-
lidade corporativa não seja recompensada, recebendo menos reconhecimento e valor do
que a obtenção de metas financeiras. Assim, o primeiro desafio para exercer a liderança
nos novos tempos é ir além da autoridade e do pensamento predominante.

AMPLIE SEUS CONHECIMENTOS


Para entender um pouco mais sobre as iniciativas de sustentabilidade no contexto brasi-
leiro, visite o site do CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável .1

1 http://cebds.org.br/comunicacao/multimidia/

Sustentabilidade e Ética nas Organizações 10 Sustentabilidade e ética nas organizações


Finalizamos nossas considerações sobre Sustentabilidade nas Organizações. A partir de
agora, iremos tratar do assunto ética organizacional, relacionando-o à sustentabilidade.
Veremos, em nosso próximo encontro, o que é ética, o que é moral, a relação entre ética,
religião, sociologia e filosofia. Veremos também como a ética está inserida na comunida-
de e na sociedade na qual vivemos, dentre outros assuntos.

Então, vamos logo para o próximo módulo?!

Sustentabilidade e Ética nas Organizações 11 Sustentabilidade e ética nas organizações


Síntese
Neste módulo, pudemos ter contato com alguns conceitos de sustentabilidade corpora-
tiva. Eles nos ajudaram a entender melhor o que as empresas estão fazendo e como os
seus stakeholders estão atuando ou deveriam atuar no cenário corporativo.

Entendemos também o papel do consumidor consciente, que se preocupa com sua forma
de interação com o meio ambiente e com o mercado consumidor.

Agora somos capazes de compreender como as inovações ajudam as organizações a se


tornarem mais sustentáveis, embora não garantam a sustentabilidade de forma isolada.

Neste momento, também somos capazes de avaliar o papel do novo líder que, mesmo
enfrentando a ameaça de perda de popularidade, é capaz de abraçar um novo comporta-
mento, em prol da consecução de uma maior sustentabilidade.

Referências
ALMEDIA, Fernando. Os Desafios da Sustentabilidade – uma ruptura urgente,
6ª ed., Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2007, 280p.

ALMEDIA, Fernando. Experiências Empresariais em Sustentabilidade – avanços, dificulda-


des e motivações de gestores e empresas, 1ª ed., São Paulo: Elsevier Editora Ltda, 2009,
228p.

LAZLO, Chris e ZHEXEMBAYEVA, Nadya. Sustentabilidade Incorporada – A Nova Vantagem


Competitiva, 1ª ed., Rio de Janeiro: Qualitymark Editora Ltda, 2011, 336p.

LAZLO, Chris. Valor Sustentável – Como as empresas mais expressivas do mundo


estão obtendo bons resultados pelo empenho em iniciativas de cunho social, 1ª ed.,
Rio de Janeiro: Qualitymark Editora Ltda, 2010, 240p.

MELO NETO, Francisco Paulo e BRENNAND, Jorgiana Melo. Empresas Socialmente


Sustentáveis, 1ª ed., Rio de Janeiro: Qualitymark Editora Ltda, 2011, 184p.

Prof. Erix Morato FACULDADE DE CIÊNCIAS Gestão Tecnológica


Prof. Márcio José Aguiar EMPRESARIAIS (FACE) Produção de Design Instrucional
Prof. Mateus José Ferreira Rodrigo Tito M. Valadares (Coord.)
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