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SUSTENTABILIDADE E ÉTICA
NAS ORGANIZAÇÕES
A SUSTENTABILIDADE
NAS ORGANIZAÇÕES
Prof. Andrei Bosco Freire
A partir deste momento, vamos ampliar nossa compreensão sobre stakeholders, analisan-
do o papel deles nesse cenário. Além disso, verificaremos como os recursos tecnológicos
poderão ser de grande valia nessa discussão. Essas são algumas das questões, dentre
outras, que iremos tratar neste módulo.
Então, vamos entender um pouco mais sobre sustentabilidade, mergulhando nas águas
do oceano corporativo?
APRESENTAÇÃO
Você já observou que, no rótulo de algumas embalagens, existe a indicação de que o gás
do produto é inofensivo à camada de ozônio? Outras empresas destacam que utilizam
papel reciclável na embalagem de seus produtos. Ou ainda, enfatizam que a madeira utili-
zada é de uma área reflorestada.
Todas essas indicações têm a função de prestar contas ao consumidor, que, de uma forma
consciente, demanda por esclarecimentos relativos aos produtos que está consumindo.
Além do papel dos consumidores, é de vital importância que entendamos o papel dos
outros stakeholders e como se dá a comunicação entre eles e as organizações.
Dessa forma, aumentou-se a regulamentação por parte dos governos e a pressão exer-
cida sobre as empresas pelos grupos de interesse, sejam eles acionistas, organizações
não-governamentais (ONGs) ou clientes. A tendência é que esse quadro se
torne cada vez mais complexo, à medida que diversos grupos de interesse
validem e confirmem a gravidade da situação.
Cada vez mais o ambiente legal está mudando de várias maneiras nas organizações. O
conceito de responsabilidade civil vem sendo incluído na legislação. Portanto, as ONGs
recorrem à justiça e aprendem a utilizar a legislação vigente, em vez de apenas criticá-la.
Assim, um crescente número de profissionais da área legal tem se especializado no tema
da sustentabilidade, acumulando competência para questionar legalmente as injustiças
sociais e a irresponsabilidade ambiental.
IMPORTANTE
Existe uma consonância entre todos os países de que as organizações, mais do que qualquer
outra instituição, têm um papel crucial a desempenhar no enfrentamento dos grandes desa-
fios sociais e ambientais. Os cidadãos apontam os direitos humanos, a redução da pobreza e
o aquecimento global como os três temas mais importantes que desejam ver tratados pelas
empresas em que confiam. Essa é uma evidência de como a credibilidade das empresas
está atrelada ao grau de responsabilidade que assumem diante dos problemas que afligem
o mundo.
No Brasil, a Lei de Crimes Ambientais prevê a prisão dos responsáveis, ou seja, dos execu-
tivos, por danos ao meio ambiente. Embora não haja notícia de algum executivo que tenha
sido preso por causa de malfeitorias ambientais, é possível prever que esse dia não está
longe, dado o sistemático aumento da consciência ambiental no país.
Empresas globais têm sido forçadas a exibirem o máximo possível de transparência devi-
do à necessidade de precaução em relação a situações de alto risco. Essas empresas são
forçadas a produzir relatórios anuais de sustentabilidade que, cada vez mais, são analisa-
dos pela opinião pública. E, caso seja detectada alguma não conformidade nas organiza-
ções, são crescentes os custos que essas empresas incorrem, na busca de conformidade
com as exigências vigentes (custos para sair do não-legal para o legal).
RESPONSABILIDADE MORAL
Os negócios também serão pressionados pela tendência, ainda incipiente, mas que está
ganhando força, ao chamado comércio justo (fair trade). Compõem práticas de
boa governança, de gestão de riscos e de política de sustentabilidade, a prote- comércio justo - fair trade
Trata-se de um movimento destinado
ção dos ativos, a manutenção da licença para operar e o controle adequado de a promover negócios que levem em
questões relacionadas com responsabilidade civil. Incorrem em grave erro as conta a sustentabilidade de pequenas
organizações que entregam a gestão dessas questões à área de relações públi- comunidades, condições de trabalho
decentes e remuneração justa para
cas ou a departamentos encarregados de fazer filantropia e distribuir patrocínios
trabalhadores e fornecedores.
culturais, ou mesmo a gerências de desenvolvimento sustentável que operam
isoladamente, sem condições de percorrer toda a empresa.
ATENÇÃO
Sustentabilidade nas empresas se relaciona com transversalidade entre as diversas áreas da
organização e somente será alcançada se for parte integrante da estratégia da organização.
Cada vez mais as empresas serão cobradas pela sociedade por transparência: revelação
de informações, políticas, práticas e resultados, de modo que estimulem o modelo de
negócio e agreguem credibilidade e competitividade. O processo de transparência começa
pela determinação do que é importante para a atividade empresarial, em temas como
direitos humanos, mudança do clima, meio ambiente, responsabilidade social e outros,
dependendo do local e do período.
Um bom exemplo que podemos citar é o da Lei Sarbanes-Oxley. O objetivo Lei Sarbanes-Oxley
da SOx, como é mais popularmente conhecida, é estabelecer um regulamen- Sobrenome dos dois parlamentares
to mandatório e estatutário de governança corporativa e procedimentos de que a representam, que entrou em
contabilidade para empresas de capital aberto e seus auditores, para evitar vigor em 2002. Lei SOx, como é mais
popularmente conhecida, representa
fraudes e promover a ética, permitindo às empresas negociarem seus papéis um instrumento de proteção aos
nas Bolsas de Valores dos Estados Unidos. investidores, por causa de uma série
de escândalos que fizeram cair a
O desafio da Sustentabilidade está lançado! As organizações devem demons- confiança pública em relatórios e
trar à sociedade que há um número de empresas líderes que merecem crédi- prestações de contas empresariais.
to da opinião pública, apoio dos clientes e licença da sociedade para operar,
inovar e crescer. Somente dessa forma tais organizações poderão se tornar modelos para
as demais. Se as empresas não forem capazes de convencer a sociedade de que merecem
credibilidade, uma nova leva de códigos de condutas e transparência surgirá.
Vamos considerar melhor esse assunto analisando o próximo tópico. Aguardo você lá.
IMPORTANTE
Os mecanismos de RSC não são suficientes para reduzir as desigualdades sociais, nem
bastam para combater os crescentes problemas ambientais. Os governos devem cumprir seu
papel no estabelecimento de metas e padrões adequados e de cumprimento obrigatório. No
entanto, os mecanismos de RSC representam um ponto de partida muito importante.
SAIBA MAIS
A redução do gasto de energia pelos eletrodomésticos tornar-se-á cada vez mais essencial à
medida que aumentar o uso desses aparelhos no mundo. Já surgem iniciativas como as do
governo da Austrália e da Agência Internacional de Energia, no sentido de buscar eficiência
energética por meio da redução para menos de um watt do consumo de aparelhos de som,
televisores e DVDs quando em stand by. Os grandes fabricantes já estão seguindo essa
tendência. Além disso, Políticas públicas e precificação da energia em equilíbrio com objeti-
vos sociais poderão induzir a novos e mais sustentáveis hábitos de consumo.
1 video.google.com/videoplay?docid=-7568664880564855303
A velocidade com que uma tecnologia amadurece depende de vários fatores, os quais,
tanto em termos cronológicos quanto físicos, definem a taxa de implementação ou subs-
tituição de sistemas, produtos e serviços. Ou seja, tanto pelo aspecto dos investimentos
quanto pelo da vida útil, há limitações para substituição da base produtiva corrente. Ás
vezes, a utilidade, a acessibilidade e a portabilidade induzem a substituição em tempo
relativamente curto. Esses fatores indicam que a inovação tecnológica, por si só, não é
capaz de assegurar a sustentabilidade.
Vamos lançar aqui, também, algumas ideias sobre o que envolve a criação de inovações
sustentáveis:
A democracia pode ser uma boa ferramenta para viabilizar a redução da pobreza e a
gestão ambiental adequada. O que se pretende é que os países façam uma gestão justa e
equilibrada de seus recursos, evitando-se, dessa forma, que a riqueza representada pelos
recursos naturais seja apropriada por poucos, por meio de corrupção, clientelismo político
e más práticas de gestão.
Uma dessas oportunidades está no crescente uso de mecanismos de mercado para redu-
zir os custos do atendimento a normas e exigências ambientais. É o caso dos mercados
de créditos de redução de carbono. Mas já despontam outros mercados de serviços dos
ecossistemas, baseados em mecanismos de crédito similares aos desenhados para o
carbono. São mercados de créditos de recarga de aquíferos, de produção e uso de ener-
gias renováveis e de mitigação de impactos sobre áreas úmidas e zonas ripárias (margi-
nais de curso d’água) e sobre a biodiversidade, bem como mercados para trocas hídricas
e arrendamento de água.
Portanto, os novos líderes devem ter em mente que transmitir conceitos de sustentabili-
dade significa defender e praticar limites e restrições: restrições à emissão de carbono,
restrições ao uso da água, limites para a pesca, limites ao consumo. É necessário reco-
nhecer que essas medidas, apesar de necessárias, não contribuem para a popularidade de
ninguém. A mudança do paradigma de desenvolvimento atual depende de haver massa
crítica de pessoas dispostas a internalizar a mudança e a pagar um preço por isso.
IMPORTANTE
O maior equívoco que um líder pode cometer é tratar como técnicos os desafios de ordem
adaptativa e comportamental embutidos na questão da sustentabilidade.
A ética nos negócios e a responsabilidade social corporativa ainda não adquiriram, de maneira
consistente, a centralidade que tais questões exigem. Há muitas barreiras para adoção de um
foco mais ético e responsável nas empresas. À medida que a competição se intensifica, os
gestores em todos os níveis sentem-se cada vez mais pressionados pelo tempo.
1 http://cebds.org.br/comunicacao/multimidia/
Entendemos também o papel do consumidor consciente, que se preocupa com sua forma
de interação com o meio ambiente e com o mercado consumidor.
Neste momento, também somos capazes de avaliar o papel do novo líder que, mesmo
enfrentando a ameaça de perda de popularidade, é capaz de abraçar um novo comporta-
mento, em prol da consecução de uma maior sustentabilidade.
Referências
ALMEDIA, Fernando. Os Desafios da Sustentabilidade – uma ruptura urgente,
6ª ed., Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2007, 280p.
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