Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LUGARES
Introdução a uma Antropologia da Sobremodernidade
MARC AUGÉ
Marc Augé
NÃO-LUGARES
INTRODUÇÃO A UMA ANTROPOLOGIA
DA SOBREMODERNIDADE
Tradução
Este livro foi publicado com o concurso da Embaixada de França em Portugal no quadro
do Programa de apoio à Publicação Miguel Torga.
NÃOLUGARES
INTRODUÇÃO A UMA ANTROPOLOGIA DA SOBREMODERNIDADE
Titulo original
NON-LIEUX
INTRODUCTION A UNE ANTHROPOLOGIE DE LA SURMODERNITÉ
Autor
MARC AUGÉ
Tradução do francês
MIGUEL SERRAS PEREIRA
Reviso ra
TÚUA SEMIRAMES MARQUES
Paginação
JORGE SÉCO
Design gráfico
FLINT - DESIGN DE COMUNICAÇÃO
www.flint.pt
ISBN
972 8964 02-1
Depósito Legal
302865/09
Reimpressão
€) 1992, Éditions du Seuil, Collection La Librairie du XXF siècle, sous la direction de Maurice Olender.
Ô 2005. 90 Graus Editora, Lisboa
E$U obra foi impressa na tipografia Europress para a editora 90°, em Novembro de 2009.
índice
Prólogo 7
0 próximo e o alhures 11
O lugar antropológico 39
Epílogo 97
" Personagein de S:er.dhil «jue, pc«er.ie jjor acaso ru Bâtaüba de Waterloo, se apercebe de
tlITâ rtibltidão de pCrmencres mas vrr. aterutnr, mergilHado TQÇ. acCT.teCkõientOS 1 mediates,
à dimensão hi^drica, do combale f.V □" T J
*w Entenda-se a Revolução Frances r\' do T j
2b Marc Augé NãD-L«yüft'S
* Ér.iencape o sêcillv .X.*, unu çue; a primeira ediças dc- presente ensaio data de 1
j‘A'. l'i.« ?./
O lugar antropológico 59
* Traiiuçân ir Fettwín Piriv: ;k; Arnarii- Cf Charles Bjucklair*, r:"*” -’• .V*)»’lediçào
bilznjj-jc’, f*ac'.jçãr: f prwà-rio íe Fernico P:n~o d<? Ama*a.]. Assírio * Al vim. (nbôa. i QQ2,
Dos lugares aos não-lugares 6?
’ Üp. fú :dij
Dos iugares ao$ nào lugares 79
mos quem o disse nem aquilo que diz). A palavra, aqui, não es
cava um fosso entre a funcionalidade quotidiana e o mito per
dido. cria a imagem, produz o mito e no mesmo acto fá-lo
funcionar (os telespectadores permanecem fiéis à emissão, os
albaneses instalam se em campos em Itália sonhando com a
América, o turismo desenvolve-se).
Mas os não-lugares reais da sobremodemidade, os que tomamos
quando entramos numa autoestrada, fazemos compras no super
mercado ou esperamos num aeroporto o próximo voo para Lon
dres ou Marselha, têm a particularidade de se definirem também
pelas palavras ou pelos textos que nos propõem: as suas instru
ções de uso em suma, que se exprimem segundo os casos de
maneira prescriüva ("tomar a fila da direita”), proibitiva ("proi
bido fumar") ou informativa ("está a entrar no Beaujolais") e que
recorre ora a ideogramas mais ou menos explícitos e codificados
(os do código da estrada ou dos guias turísticos), ora à língua
natural. Instalam-se assim as condições de circulação em espaços
onde se considera que os indivíduos interagirão apenas com tex
tos sem outros enunciadores para além de pessoas "morais” ou
instituições (aeroportos, companhias de aviação, Ministério dos
Transportes, sociedades comerciais, polícia de viaçào, municipa
lidades) cuja presença se adivinha vagamente ou se afirma de
modo mais explícito (Ko Conselho Geral financia este troço de
estrada”, "o Estado trabalha para melhorar as suas condições
de vida”), por de trás das injunções, dos conselhos, dos comentá
rios, das “mensagens” transmitidos pelos inumeráveis "suportes"
(painéis, ecrãs, cartazes) que fazem parte integrante da paisagem
contemporânea.
As autoestradas em França foram bem desenhadas e revelam
paisagens, por vezes quase aéreas, muito diferentes das que pode
avistar o viajante que toma as estradas nacionais ou departamen
82 Marc Augé Não-Luganpj
Não ver neste jogo de imagens mais do que uma ilusão (uma
forma pós-modema de alienação) seria um erro. A análise das
suas determinações nunca esgotou a realidade de um fenômeno.
O que é significativo na experiência do não-lugar é a sua força
de atracção, inversamente proporcional à atracçào territorial,
aos pesos do lugar e da tradição. A precipitação dos automobilis-
tas sobre a estrada do fim-de-semana ou das férias, as dificulda
des com que os controladores de voo deparam para gerir o con
gestionamento das vias aéreas, o sucesso das novas formas de
distribuição testemunham-no até à evidência Mas também
fenômenos que à primeira vista poderiamos imputar à preo
EpÜOgO 99