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I. INTRODUÇÃO
- O pluralismo constitucional tem a vantagem de não eleger um dos ordenamentos
como o mais importante e, a partir dele e de sua estrutura, criticar, utilizando de
injustas analogias, os discursos constitucionais do outro.
- No caso da Constituição brasileira, constata-se o aspecto descritivo do pluralismo
constitucional na decisão do STF de outorgar aos tratados internacionais de direitos
humanos o status supralegal, capaz de analisar o efeito das normas infraconstitucionais
e influenciar na interpretação constitucional.
- [No pluralismo constitucional] As relações entre ordenamentos constitucionais não
ocorre, necessariamente, em um vácuo jurídico, mas são mediadas pelo ideal regulativo
do princípio pro homine. Trata-se de ideal jurídico compartilhado por ambos os
ordenamentos, o que caracteriza o pluralismo constitucional como interpretativo e não,
simplesmente, pragmático (interações políticas). Por sua vez, as interações podem ser
identificadas pela construção dos direitos humanos através da deliberação dos
fundamentos presentes nos precedentes da ambas as cortes.
a) Dimensão Conceitual
- Fatores que constituem o aspecto conceitual do Constitucionalismo (Neil Walker):
- Constitutivo – desenvolvimento de um discurso constitucional autoconsciente
de defesa de um poder institucional + presença de uma autoridade jurídica fundacional;
- Governança – desenvolvimento de um escopo jurisdicional + definição de uma
esfera de competências + autonomia interpretativa das competências próprias;
- Social – Atesta como o processo constitucional articula e legitima sua relação
com as entidades sociais as quais diz respeito (especificações referentes aos critérios de
identificação da qualidade de membros da associação social – cidadania, direitos e
obrigações - + as formas e mecanismos pelos quais tais membros exercem e têm seus
interesses tomados em consideração).
b) Dimensão estrutural
- A dimensão conceitual abarca os recursos argumentativos lançados pelas instituições
do constitucionalismo além do Estado para justificar a utilização da dimensão
conceitual (princípios de meta-autorização).
b.1) Caráter Especial da CADH:
- A proteção dos direitos inerentes à pessoa humana de forma concorrente aos direitos
previstos pelas ordens constitucionais dos países que ratificaram a CADH impõe a tais
Estados a limitação de sua atuação política em âmbito interno, de acordo com as
normas, direitos e obrigações estabelecidos pela CADH.
- Da especialidade da CADH decorre a obrigação objetiva de conferi-la, no plano
interno, de efeitos que sejam condizentes com seus propósitos e objetivos (effet utile). O
princípio aplica-se não apenas em relação às disposições substantivas da CADH, mas
igualmente às regras processuais.
- Em decorrência da especialidade da CADH, sua interpretação está alicerçada em
critérios hermenêuticos específicos. No caso Artavia Murillo, a CtIDH teve a
oportunidade de elencar os critérios hermenêuticos utilizados em sua jurisprudência que
são específicos da convenção:
- conforme o sentido comum dos termos;
- sistemático;
- histórico;
- evolutivo; e
- teleológico.
- O pluralismo jurídico, agora qualificado como constitucional por conta da natureza das
normas desenvolvidas, se justifica como abordagem do direito porquanto complementa
as críticas realizadas anteriormente acerca do direito internacional. Como duas faces da
mesma moeda, o pluralismo contribui com a crítica às abordagens positivistas
clássicas ao rever o paradigma do monopólio da produção do direito no Estado, ao
atribuir o status de direito a espaços normativos não estatais, bem como, também,
por conceber as relações entre tais ordenamentos de maneira não hierárquica,
exigindo outras formas de interação para possíveis conflitos.