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RESUMO DO CAPÍTULO “MECANISMOS

INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO E MONITORAMENTO


DOS DIREITOS HUMANOS: COMPETÊNCIA,
COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO
A ONU possui órgãos ou relações de apoio com outros órgãos de
tratados, voltados para a defesa dos direitos humanos, sendo chamado de
sistema global, onusiano ou universal de direitos humanos.

O Conselho de Direitos humanos foi criado em 2006, sendo composto


por 47 Estados-membros e vinculado à AG. Os membros devem ser
representantes de várias partes do globo, sendo que deverão ser
comprometidos com a proteção de direitos humanos e submetidos ao
mecanismo da revisão universal periódica. Possui procedimentos especiais e
seus relatores, especialistas que (a título pessoal e com independência) são
escolhidos pelo Conselho de Direitos Humanos para investigar situações de
violação de direitos humanos, efetuar visitas in loco (com anuência do Estado),
bem como elaborar relatórios finais contendo recomendação de ações aos
Estados.

A Revisão Periódica Universal consiste em um sistema “peer review”,


no qual um Estado é analisado pelos demais Estados da ONU, de modo que
todos os Estados são avaliados. De início, o Estado a ser examinado deve
apresentar um relatório nacional oficial ao Conselho de Direitos Humanos
sobre a situação geral de direitos humanos em seu território. Após, é
apresentada é apresentado uma compilação de todas as informações
referentes a direitos humanos no Estado examinado constantes dos
procedimentos especiais do próprio Conselho de Direitos Humanos e demais
órgãos internacionais de direitos humanos. Por fim, as ONGs e a instituição
nacional de direitos humanos podem também apresentar outros informes e
outros documentos relevantes, que serão resumidos por equipe do Alto
Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.
O Estado é questionado no Conselho de Direitos Humanos em relação à
promoção de direitos humanos constante da Carta da ONU, Declaração
Universal dos Direitos Humanos e ainda nos tratados internacionais de direitos
humanos eventualmente ratificados.
Se busca o diálogo construtivo entre o Estado sob revisão e os demais Estados
da ONU, sendo permitido o Estado examinado responder às dúvidas e ainda
opinar sobre os comentários e sugestões dos demais Estados, ou seja, não há
condenação ou conclusões vinculantes. Os troikas, Estados nomeados que
atuam como relatores da revisão periódica do Estado examinado, devem
resumir as discussões, elaborando o chamado Relatório de Resultado ou
Relatório Final, devendo constar um resumo dos passos tomados, observações
e sugestões dos Estados, bem como as respostas e eventuais “compromissos
voluntários” do Estado examinado. Tal relatório será examinado pelo colegiado
do Conselho de Direitos Humanos.
A partir desse momento descreverei a atuação de alguns comitês, sendo
importante esclarecer que eles possuem um modus operandi parecido, dessa
forma, farei uma ressalva quando for parecido.
Comitê dos Direitos Humanos – Composto por 18 membros, que
exercem suas funções a título pessoal. São nacionais dos Estados Partes do
Pacto, que devem ser pessoas de elevada reputação moral e reconhecida
competência na matéria tratada. Há a necessidade de submissão ao Comitê,
pelos Estados Partes, de relatórios sobre as medidas adotadas para tornar
efetivos os direitos nele reconhecidos, bem como os fatores e as dificuldades
que prejudiquem sua implementação, caso existam. Recebe ainda os informes
de ONGs que apresentam o chamado relatório sombra, que busca revelar
criticamente a real situação de direitos humanos naquele país. Após, o Comitê
aprecia o relatório oficial e as demais informações obtidas, emitido relatório
final contendo recomendações, sem força vinculante ao Estado.

Além disso, elabora as chamadas Observações Gerais, que contêm a


interpretação do Comitê sobre os direitos protegidos. Há o mecanismo
interestadual que o Estado Parte reconhece a competência do Comitê para
receber e examinar as comunicações em que um Estado Parte alegue que
outro não vem cumprindo as obrigações nele previstas.

Também há o protocolo facultativo ao pacto internacional dos


direitos civis e políticos que possui a finalidade de instituir mecanismo de
petição individual ao Comitê por violações a direitos civis e políticos previstos
no Pacto, o qual reconhece a competência do mesmo para receber e examinar
comunicações de indivíduos que aleguem ter sido vítimas de violação de
qualquer dos direitos previstos no Pacto pelos Estados Partes, assim o Comitê
dará conhecimento das comunicações que lhe forem apresentadas aos
Estados Partes, devendo em seis meses submeter ao Comitê por escrito as
explicações ou declarações que esclareçam a questão, indicando, se for o
caso, as medidas que tenham tomado para remediar a situação.

Para que possa examinar a comunicação, o Comitê obedece à


subsidiariedade do mecanismo, deverá se assegurar que a questão não está
sendo examinada por outra instância internacional de inquérito ou decisão e de
que o indivíduo tenha esgotado os recursos internos disponíveis, salvo em
caso de demora injustificada.

Por fim, há o segundo protocolo adicional ao pacto internacional


sobre direitos civis e políticos com vistas à abolição da pena de morte.

Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – Os mesmos


procedimentos do comitê acima, mas não possui o mecanismo interestatal.

Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial – Os mesmos


procedimentos do comitê acima, com exceção que o relatório final será
submetido à Assembleia Geral. Mas não possui protocolo, pois a medida
referente ao mesmo está constante no artigo XIV.
Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher – Os
mesmos procedimentos do comitê acima, com exceção que há 23 integrantes.

Comitê contra a Tortura – Os mesmos procedimentos do comitê acima,


com exceção que há 10 integrantes e o protocolo facultativo à convenção
contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
degradantes tem por objetivo estabelecer um sistema de visitas regulares de
órgãos nacionais e internacionais independentes a lugares onde as pessoas
são privadas de liberdade.

Comitê para os Direitos da Criança – Os mesmos procedimentos do


comitê acima, com exceção que é composto por 10 membros. Há os protocolos
facultativos à convenção sobre: os direitos da criança relativo ao
envolvimento em conflitos armados, venda de crianças, à prostituição
infantil e à pornografia infantil e o terceiro protocolo cria a possibilidade do
mecanismo de petição individual.

Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – Os


mesmos procedimentos do comitê acima, com exceção dos relatórios
sombra.

Comitê contra Desaparecimentos Forçados – Os mesmos


procedimentos do comitê acima, com exceção que consiste em 10 membros.
Bem como, não há um procedimento de relatoria periódica, apenas a
apresentação de um relatório inicial por parte do Estado e sempre que houver
solicitação. A sua competência se limita aos desaparecimentos forçados
ocorridos após o Estado se tornar signatário da Convenção.

Obs.: Os principais tratados universais criaram Comitês, também


chamados de treaty bodies, para o monitoramento internacional da situação
dos direitos protegidos. Além disso, os comitês não são vinculados entre si, por
isso não impede que as recomendações possam ser contraditórias.

Ver a fotos do resumo sobre o Alto Comissariado das Nações Unidas


para os Direitos Humanos.

Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Comissão IDH) –


Existe um sistema bifásico de promoção dos direitos protegidos, há uma etapa,
indispensável, perante a Comissão Interamericana de DH e uma eventual
segunda etapa perante a Corte Interamericana de DH. A Comissão é composta
por 7 membros, eleitos a títulos pessoais. A Convenção pode receber petições
individuais e interestatais contendo alegações de violação de direitos
humanos, qualquer pessoa pode peticionar à Comissão alegando a violação.
A Corte Interamericana só pode ser acionada pelos Estados contraentes
e pela Comissão Interamericana de DH.
A Comissão irá analisar a admissibilidade da demanda e o seu mérito,
caso seja arquiva, não há recurso para a vítima. É provocada por meio de uma
petição escrita, que pode ser de autoria da vítima, de terceiros ou de outros
Estados. Para ser admitida devem ser esgotados os recursos locais (não se
admite em casos de falta do devido processo legal, não ter permitido o acesso
aos recursos de jurisdição interna e entre outros), ausência do decurso do
prazo de 6 meses, ausência de litispendência internacional, ausência de coisa
julgada internacional. Após, há a fase de conciliação perante a Comissão,
podendo editar medidas cautelares para prevenir danos irreparáveis ou
perecimento de direitos, mas antes deve ter uma oitiva do Estado (a menos
que o caso seja grave e urgente).
Caso seja constatada a violação de direitos humanos, a Comissão
elaborará o Primeiro Informe, encaminhando para o Estado infrator. Se o caso
não for solucionado em até 3 meses, pode ser submetido à Corte se o Estado
houver reconhecido sua jurisdição obrigatória e a Comissão entender que é
necessário para a proteção dos direitos humanos.
Se o Estado não reconhece a jurisdição da Corte ou for anterior ao
reconhecimento, a Comissão deve elaborar um segundo informe. Caso seja
descumprido também, a Comissão encaminha seu relatório anual à Assembleia
Geral da OEA, para que adote medidas para convencer o Estado.
Corte Interamericana de Direitos Humanos – É uma instituição judicial
autônoma, não sendo órgão da OEA, mas da Convenção Americana de
Direitos Humanos. Possui jurisdição contenciosa e consultiva (pode emitir
pareceres ou opiniões consultivas, não vinculantes). Não é obrigatório o
reconhecimento de sua jurisdição contenciosa.
Seu funcionamento ocorre em sessões ordinárias e extraordinárias, pois
não é um tribunal permanente. O seu quórum para deliberações é de 5 juízes,
sendo que as decisões são tomadas pela maioria dos juízes presentes. Em
caso de empate, o presidente votará.
Somente são legítimos os Estados que reconheceram a jurisdição da
Corte e a Comissão podem processar Estados perante a Corte Interamericana.
A responsabilidade passiva é sempre dos Estados.
Os procedimentos são parecidos com o processo civil, a diferença reside
nos prazos. É possível a intervenção de um amici curiae, até 15 dias após a
audiência de coleta de testemunhos. Medidas Cautelares podem ser tomadas,
de ofício ou a requerimento das partes.
O processo pode se encerrar pela solução amistosa, desistência das
vítimas ou reconhecimento do pedido (parcial ou total).
Em caso de não cumprimento da sentença, é feito o mesmo
procedimento descrito no caso da Comissão. A sentença é definitiva e
inapelável, o máximo que pode ser feitos é o pedido de interpretação (tipo
embargos de declaração).

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