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Resumo de Processo Civil II – 1ª Avaliação

1 - Formação do processo

A demanda é considerada iniciada na data em que a petição inicial proposta for


protocolizada, vide artigo 312 do CPC -> Faz surgir a litispendência para o
autor.

2 – Petição inicial e demanda

A petição inicial é um instrumento da demanda, sendo que a demanda é o


conteúdo inicial da petição inicial.

Além disso, a tutela jurisdicional não pode decidir aquém, além ou fora do
pedido na inicial, sendo que é considerada um projeto de sentença, pois possui
aquilo que o autor deseja.

3 – Requisitos da Petição Inicial

Forma: A postulação inicial deve ser escrita, datada e assinada, podendo ter
postulação oral nos JECs.

Assinatura de quem possua capacidade postulatória: Deve vir assinada pelo


advogado da OAB, defensor público ou membro do MP. Entretanto, há
hipóteses que o leigo pode assinar, como ações propostas no JEC com até 20
salários mínimos.

Indicação do Juízo a que é dirigida a demanda: Autoexplicativa.

Qualificação das partes: Deverá constar os requisitos do artigo 319, II, CPC.

Causa de pedir: Deve conter a exposição dos fatos e dos fundamentos


jurídicos do pedido, que formam a causa de pedir. Seria a relação entre os
fatos jurídicos e a relação jurídica trazidas pelo demandante como fundamento
para o seu pedido, pois o CPC adotou a teoria da substancialização da causa
de pedir.

Pedido: Toda petição inicial deve conter ao menos um pedido. Uma petição
sem pedido é inepta.
Atribuição do valor à causa: Sempre deverá constar o valor da causa, de
fixação constante nos artigos 291 a 293 do CPC. Deve ser certo e fixado em
moeda corrente nacional.

Indicação dos meios de prova com que o autor pretende demonstrar a verdade
dos fatos alegados.

Opção pela realização ou não da audiência de conciliação ou mediação: Essa


audiência é realizada antes do réu apresentar a sua resposta, sendo que se o
autor e o réu não desejarem resolver em autocomposição, ela não ocorrerá. No
caso de silêncio do autor, presume-se que ele não terá na contra a realização
da audiência (não é causa de indeferimento ou emenda da inicial).

Documentos indispensáveis à propositura da demanda: Estão elencados no


artigo 320 do CPC. Como regra, deve-se produzir a prova documental no
momento da postulação (art. 434 do CPC). É possível produção ulterior de
prova documental, nas hipóteses do artigo 435 do CPC. É possível aplicação
análoga do parágrafo 1 do artigo 319 do CPC, para que o juiz tome diligências
necessárias à obtenção do documento.

4 – Emenda da Petição inicial

Se a petição inicial estiver irregular, por lhe faltar algum dos seus requisitos,
deve o magistrado intimar o autor para corrigi-la, emendando-a ou
complementando-a, vide artigo 321 do CPC.

Caso não seja cumprida a diligência, a petição inicial será indeferida pelo juiz
(princípio da não surpresa).

É possível, ainda, a emenda da inicial mesmo após a contestação, desde que


não enseje modificação do pedido ou da causa de pedir sem o consentimento
do réu, quando não seria emenda, mas alteração ou aditamento da petição
inicial; se não for emendada a petição, impõe-se a extinção do processo sem
resolução do mérito.

O juiz não poderá indeferir a petição inicial sem que, antes, determine a
correção do defeito, com especificação clara do que precisa ser corrigido ou
complementado.
5 – Indeferimento da petição inicial

É a decisão judicial que coloca fim ao prosseguimento da causa, pois não se


admite o processamento da demanda.

Só ocorre antes de ser ouvido o réu, sendo que depois da citação, o juiz não
poderá mais indeferir a inicial, mas poderá acolher alguma preliminar do réu,
assim extinguirá o feito por outro motivo.

É uma hipótese especial de extinção do processo por falta de um “pressuposto


processual”.

A petição só deve ser indeferida se não houve possibilidade de sanar o vício ou


foi conferido possibilidade de correção ao autor, mas não o fez.

O indeferimento pode ser parcial ou total. Nem toda decisão que indefere a
inicial é uma sentença, caso seja parcial será proferida por uma decisão
interlocutória, assim sendo objeto de agravo de instrumento, vide artigo 354,
parágrafo único, CPC.

Artigo 331 do CPC -> Não podendo se retratar caso a apelação seja
intempestiva.

Há hipóteses para o indeferimento:

 Inépcia – É um defeito vinculado à causa de pedir e ao pedido. Há vícios


na identificação/formulação dos elementos objetivos da demanda. Os
motivos estão elencados no artigo 330 do CPC.
 Ilegitimidade da parte.
 Falta de interesse processual.
 Não atendimento ao disposto nos artigos 106 e 321.

6 – Pedido

É o núcleo da petição inicial, é aquilo que se pede ao Judiciário. É uma forma


vincular a tutela jurisdicional (não pode ser aquém, além ou fora do pedido), é
um elemento de identificação da demanda e é o principal parâmetro para fixar
o valor da causa.
Os requisitos do pedido são: pedido certo (art. 322 do CPC), determinado (art.
324 do CPC), claro (art. 33, parágrafo 1, II, do CPC) e coerente (art. 330,
parágrafo 1, IV, do CPC). Na falta dos pedidos, o juiz deve requerer a sua
correção, antes de indeferir a inicial.

É possível a cumulação de pedidos no processo (artigo 327 do CPC), podendo


ser simples (não há relação de precedência lógica) ou sucessiva (quando há
um vínculo de precedência lógica, logo, o acolhimento de um pressupõe o
acolhimento do anterior).

Há a cumulação imprópria dos pedidos que consiste em o acolhimento de um


pedido implicar na improcedência do outro, sendo dividida em eventual (os
pedidos terão ordem de prevalência, sendo que os seguintes só poderão ser
analisados se os anteriores forem improcedentes) e alternativo (o autor realiza
dois pedidos autônomos para que seja escolhido um desses).

A cumulação pode ser inicial (constante na petição inicial) ou ulterior


(decorrente de um aditamento do processo).

Os requisitos da cumulação estão constantes no art. 327 do CPC.

Caso o autor deseje aditar a demanda após a citação do réu, deve anuir
expressamente, já que o silencio pode ser interpretado como concordância
tácita. É vedado qualquer aditamento após o saneamento do processo, mesmo
com anuência do réu.

O pedido deve ser determinado. O pedido indeterminado é pedido inepto (art.


330, parágrafo 1º, II, do CPC). É possível a formulação de pedidos genéricos,
de acordo com o artigo 324, parágrafo 1º, do CPC.

O pedido alternativo está prescrito no artigo 325 do CPC.

Por fim, o pedido implícito é aquele que, embora não explicitado no instrumento
da postulação, compõe o objeto litigioso do processo (mérito) em razão de
determinação legal. Mesmo que a parte não peça, deve o magistrado examiná-
lo e decidi-lo. Um exemplo disso é a correção monetária.

7 – Improcedência liminar do pedido


É a decisão jurisdicional que, antes da citação do demandado, julga
improcedente o pedido formulado pelo demandante. É decisão de mérito,
definitiva, apta à coisa julgada e possível objeto da ação rescisória. Está
regulamentada no artigo 332 do CPC.

Dentre os requisitos:

 Causa que dispensa fase instrutória é aquela cuja matéria fática pode
ser comprovada pela prova documental.
 O pedido deve se encaixar nos requisitos do artigo 332 do CPC.

É passível de retratação a sentença que julgar a improcedência, sendo parcial


ou total, dependendo do tipo caberá um recurso diferente.

O artigo 332 do CPC é interpretado em conjunto com o artigo 927 do CPC.

8 – Audiência de Conciliação ou Mediação

Está previsto no artigo 334 do CPC.

9 – Espécies de defesa

 Processuais são aquelas que têm por objeto os requisitos de


admissibilidade da causa (pressupostos processuais), ou seja, dizem
respeito apenas a questões processuais -> Traz a questão preliminar ao
processo.
 De mérito são aquelas que o demandado opõe contra a pretensão
deduzida em juízo pelo demandante, ou seja, ataca a questão material
proposta pelo autor.
 Dilatórias são aquelas que apenas aumentam o tempo para o exercício
de determinada pretensão, como, por exemplo, a nulidade da citação.
 Peremptória é aquela que objetiva destruir o exercício da pretensão,
fulminá-lo.
 Direta é aquela que o demandado se limita a negar a existência dos
fatos jurídicos constitutivos do direito do autor ou negar as
consequências jurídicas que o autor pretende retirar dos fatos que aduz,
não apontando nenhum fato novo ao processo. Apenas existe defesa
direta de mérito, pois todas as defesas processuais são indiretas. Não
se faz necessário a réplica do autor.
 Indireta é aquele que agrega ao processo fato novo, que impede,
modifica ou extingue o direito do autor. Gera a necessidade de réplica
do autor.

10 – Resposta do Réu

Não tendo a autocomposição, o réu apresentará a sua resposta à demanda.


Podendo ser:

 Reconhecimento do pedido do autor;


 Contestação;
 Reconvenção;
 Arguição de impedimento ou suspeição do juiz, membro do MP ou
auxiliar da justiça;
 A revelia.

11 – A contestação

Está para o réu assim como a inicial está para o ator, é o instrumento que o réu
apresenta a sua defesa.

O prazo normal para a apresentação é de 15 dias.

Obs.: Caso haja litisconsórcio, o prazo corre a partir da juntada do último


mandado nos autos (artigo 231, parágrafo 1, do CPC).

O artigo 336 do CPC trouxe a regra da eventualidade, que consiste em


formular toda a sua defesa na contestação, devendo alegar tudo que puder,
sob o ônus de perder a oportunidade de fazê-lo.

TUDO QUE O RÉU NÃO REBATE NA DEFESA TEM PRESUNÇÃO DE


VERDADE.

O artigo 337 traz as questões preliminares, caso de dúvida ler no livro do


Freddie Diddier.

A não impugnação do valor da causa pelo réu gera a preclusão (artigo 293 do
CPC).
O réu deverá alegar a convenção de arbitragem, caso contrário, estaria
aceitando a jurisdição estatal e rejeitando o juízo arbitral.

A contestação pode ser indeferida se intempestiva ou não tiver representação


processual. Mas ainda que seja indeferida cabe observar alguns efeitos:

 Se contiver a afirmação de defesas que podem ser alegadas após o


prazo de contestação, não poderá ser desentranhada.
 Se tiver acompanhada de documentos, a peça de defesa pode ser
desentranha, mas os documentos não, pois o réu revel tem direito de
produção de provas.

12 – Reconvenção

É a demanda do réu contra o autor no mesmo processo em que está sendo


demandado. Pode ser declaratória, condenatória ou constitutiva.

É um incidente processual que amplia o objeto litigioso do processo.

A reconvenção e ação principal serão julgadas na mesma sentença, embora


sejam autônomas.

As regras da petição inicial e do pedido se aplicam na reconvenção, com o


acréscimo desses:

 Haja uma causa pendente;


 Ser apresentada no mesmo prazo da contestação;
 O juiz da causa principal deve ser competente para julgar a
reconvenção;
 Compatibilidade de procedimentos;
 Conexão com a demanda principal;
 Interesse processual;
 Cabimento no procedimento;
 Despesas processuais.

13 – Revelia

É um ato-fato processual, consistente na não apresentação tempestiva da


contestação ou, simplesmente, não apresenta a contestação.
Efeitos:

 Material – Presunção de veracidade;


 Os prazos fluem a partir da publicação da decisão, se o revel não tiver
advogado;
 Preclusão em desfavor do réu para alegar algumas matérias de defesa;
 Possibilidade do julgamento antecipado do mérito.

Havendo pluralidade de réus, os fatos comuns não se presumem verdadeiros,


quando um deles contestar. Os fatos exclusivos referentes ao réu revel são
presumidos verdadeiros.

Há matérias que podem ser alegadas após o prazo de defesa, vide artigo 342
do CPC.

14 – Saneamento e fase de saneamento

Após a resposta ou não do réu, se dará início a fase de saneamento. O juiz


deverá tomar providências que deixem o processo apto para que nele seja
proferida uma decisão, se terá julgamento. É uma limpeza do processo, colocar
tudo no seu lugar.

Pode ter uma decisão interlocutória e um saneamento juntos. Assim, parte da


petição pode ser objeto de agravo de instrumento (artigo 1015 do CPC) e outra
parte pode ser objeto de esclarecimentos, que consiste em pedir para que o
juiz se manifeste sobre algo que ele deixou de falar.

Pode ser que se entre com embargos de declaração antes de opor o agravo.

É nessa parte que se ocorrer a defesa indireta o juiz deve intimar o autor para
apresentar a sua réplica, em quinze dias.

Se o réu fizer defesa direta, mas trouxer documentos, deve o magistrado


intimar o autor para se manifestar sobre eles.

Seguir os procedimentos do artigo 352 e 353 do CPC.

Se não for caso de extinção do processo sem resolução do mérito, nem de


extinção do processo com resolução do mérito (prescrição/decadência,
autocomposição ou julgamento antecipado do mérito da causa), deverá o
magistrado proferir uma decisão de saneamento e organização do processo
(art. 357, CPC).

Esta é uma das mais importantes decisões proferidas pelo órgão jurisdicional.
Nessa decisão, o órgão jurisdicional:

I - Resolverá as questões processuais pendentes, se houver: com isso, deixará


o processo apto ao início da audiência de instrução, para colheita de novas
provas.

lI - delimitará as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória,


especificando os meios de prova admitidos: é neste momento que o órgão
jurisdicional identificará os fatos controvertidos e determinará qual meio de
prova serve a cada um deles.

IlI- definirá a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373: este é


momento propicio para a eventual redistribuição judicial do ônus da prova, feita
nos termos do§ 1º do art. 373, CPC (art 357, Ill, CPC).

IV - Delimitará as questões de direito relevantes para a decisão do mérito: além


de definir as questões fáticas controvertidas, o órgão jurisdicional definirá as
questões de direito relevantes para a solução da causa (art. 357, IV, CPC).

V- Designará, se necessário, audiência de instrução e julgamento: a depender


dos meios de prova que serão produzidos (inciso li), o juiz já marcará a data
audiência de instrução e julgamento (art. 357, V, CPC).

Assim, proferida a decisão saneadora, as partes têm o direito de pedir


esclarecimentos ou solicitar ajustes, caso contrário a decisão se torna estável.
A preclusão refere-se à organização da atividade instrutória, se houver temas
que podem ser objeto de agravo de instrumento ou apelação, não haverá
preclusão nesse momento.

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