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Documentação de

Acessibilidade em Museus
Acervo Museológico
Sumário
Módulo 2 – Organização - instrumentos de gestão...................................................3

Introdução................................................................................................................ 3

Número de Registro e Marcação do Objeto............................................................... 4

Entre os principais processos de marcação estão:..................................................9

Fotos de marcação vinculada ao objeto...................................................................9

Livro-tombo e Inventário........................................................................................ 13

Fotos de livros-tombo..............................................................................................16

Inventário..................................................................................................................16

O objeto dentro do museu........................................................................................17

Vocabulário Controlado e Tesauros (Thesaurus)..................................................... 19

Catalogação........................................................................................................... 22

Número de registro e marcação de objetos............................................................30

Controle de Movimentação e Localização............................................................... 30

Movimentação interna.............................................................................................31

Movimentação externa.............................................................................................33

Encerramento do módulo 2..................................................................................... 37


Módulo 2 – Organização - instrumentos de gestão

Introdução
Bem-vindos ao Módulo 2.

Aqui você perceberá que documentar cada item de um museu, de maneira que sua
identificação seja eficaz, não é tarefa fácil. Como observa Fernanda de Camargo-
Moro, para que a documentação seja exitosa “é preciso estabelecer um sistema de
documentação apropriado para o acervo do museu (...), baseando-se em estruturas
técnicas gerais e especializadas, bem como estabelecendo uma série de convenções”,
que permitam uma padronização básica essencial. (MORO, 1986)

Os sistemas de documentação museológica equivalem aos que, em Biblioteconomia


e na Ciência da Informação, recebem a denominação de sistemas de recuperação de
informação.

Segundo Helena Dodd Ferres, em linhas gerais um Sistema de Documentação Mu-


seológica se define por:

1. Objetivos

§§ Conservar os itens da coleção


§§ Maximizar o acesso aos itens
§§ Maximizar o uso da informação contida nos itens
2. Função

§§ Estabelecer contato efetivo entre as fontes de informação (objetos) e os


usuários.
3. Componentes

§§ Entradas: Seleção
Formas de Aquisição

§§ Organização e Controle: Registro


Número de identificação/marcação

Armazenagem/localização

3
Classificação/Catalogação

Indexação

§§ Saídas: Recuperação
Disseminação. (Ferrez, 1994)

Acerca da estrutura de um Sistema de Documentação Museológica, como exemplifi-


cado por Ferrez, este curso já evidenciou, em seu Módulo 1, os objetivos, as funções
e até iniciou o debate sobre as razões e as formas de “entrada” de bens culturais em
um museu.

Agora, neste Módulo 2, vamos mergulhar no fazer prático da documentação: a Orga-


nização e o Controle.

Vamos iniciar com o passo 1 de todo esse processo de controle: a criação de um


número de registro e como fazer a marcação de um objeto.

Número de Registro e Marcação do Objeto


Denomina-se inventário o levantamento individualizado e completo dos bens relativos
a uma instituição, abrangendo registro, identificação e classificação.

Vamos, então, ao registro: O número de registro é a numeração do objeto museológico,


visando à sua identificação. Para Renata Cardozo Padilha, essa é “uma atividade
indispensável para a autenticidade e segurança do objeto museológico, bem como
para a recuperação imediata das suas informações documentais. Para tanto, deve-se
considerar o número de registro e o tipo de marcação em cada objeto adquirido pelo
museu: essas ações precisam ser cuidadosamente pensadas antes de ser aplicadas
nas peças. Destacam-se algumas sugestões referentes ao modo de criar o número
de registro e a forma como ele deverá ser marcado no objeto, dependendo de sua
tipologia” (PADILHA, 2014. p. 41).

Como criar o número de registro?

“A criação do número de registro deve estabelecer uma ordenação que facilite o acesso
à informação, pois é esse acesso que definirá uma documentação funcional para todas
as práticas do museu” (PADILHA, 2014. p. 42). Padilha segue observando que, por

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mais que se façam recomendações técnicas baseadas nos princípios da museologia,
no que tange ao registro dos objetos há mais de uma forma para numeração. Assim,
cada instituição adota a norma que melhor lhe convier (CÂNDIDO, 2006).

Quanto aos tipos de código, eles podem ser:

§§ “NUMÉRICO – é utilizado para a codificação somente com números. Pode ser


bipartido, dividido em duas partes; nesse caso, é separado por representação de
duas numerações diferentes” (PADILHA, 2014. p. 42).
Sequência: ANO DE AQUISIÇÃO DO OBJETO (SÍMBOLO DIVISOR) NUMERAÇÃO
SEQUENCIAL

Exemplo

14.001
14/001 14.001 Numeração sequencial
14-001 Símbolo divisor
ou
2014.001 Ano de aquisição do objeto
2014/001
2014-001 (Exemplo retirado de: PADILHA, 2014).

Renata Padilha trouxe o seguinte exemplo: No ano de 2014, 5 objetos


foram adquiridos pelo museu. “São registrados no acervo os números:
2014/0001, 2014/0002, 2014/0003, 2014/0004, 2014/0005.

No próximo ano de 2015, serão adquiridos 15 objetos, que terão o seguinte


registro sequencial: 2015/0006, 2015/0007, 2015/0008, 2015/0009,
2015/0010, 2015/0011, 2015/0012, e assim sucessivamente” (PADILHA,
2014. p. 42).

§§ ALFANUMÉRICO - é a codificação elaborada a partir de letras e números. Pode ser


bipartido ou tripartido; o primeiro considera a divisão em duas partes e o segundo
em três partes. Ambos são intercalados com letras e números.

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Exemplo
FP.001 Numeração sequencial
FP/001 FP-001 FP.001 Símbolo divisor
Sigla da coleção
Bipartido ou
FP.001 Numeração sequencial
IV/001 IV-001 IV.001 Símbolo divisor
Sigla da coleção

(Exemplo retirado de : PADILHA, 2014).

MRP.FP.001 Numeração sequencial


Símbolo divisor
MRP/FP/001 MRP-FP-001 MRP.FP.001 Sigla da coleção
Símbolo divisor
Sigla do museu
Tripartido ou ou
MRP.IV.001 Numeração sequencial
Símbolo divisor
MRP/IV/001 MRP-IV-001 MRP.IV.001 Sigla da coleção
Símbolo divisor
Sigla do museu
(Exemplo retirado de : PADILHA, 2014).

Padilha informa que essa numeração romana pode servir para representar
as diferentes coleções de um museu, nos casos em que as coleções são
separadas por tipologia de acervo ou de formato.

Para todos os casos apresentados acima: quando o objeto possuir partes


divididas que compõem sua estrutura (e Padilha observa que devem ser
consideradas todas as partes que puderem ser retiradas do objeto), o
número de registro deverá ter a mesma numeração incluída em todas
as partes; porém, é necessário conter números ou letras minúsculas para
representar as subdivisões.

Com número: Com letra:


MRP.FP.001.1 (bule) ou MRP.IV.001.a (bule)
MRP.FP.001.2 (Tampa) MRP.IV.001.b (tampa)

(Exemplo retirado de: PADILHA, 2014).

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Importante
Ao final, Padilha ainda faz uma observação (recheada de exclamações)
avisando aos leitores que não se esqueçam de documentar no regimento
interno do museu a definição do número de registro que será adotado
pela instituição. A comissão de acervo do museu, junto aos demais
servidores/trabalhadores da instituição, precisa estudar qual a melhor
codificação para atender a seu acervo museológico para que ele seja
padronizado.

É necessário lembrar que o número de registro dado a um objeto é


permanente. Mesmo que seja dada baixa a este objeto, o número continua
a ser dele, sendo intransferível, não podendo ser reutilizado para outro
objeto.

Como marcar a numeração nos diferentes tipos de objeto?

Deve-se levar em conta os diferentes tipos de materiais e formatos dos objetos, ao se


registrar o número em sua superfície. “No que diz respeito à conservação, recomenda-
se a utilização de materiais para o registro no objeto que não irão agredi-lo, e que,
de preferência, seja utilizada uma camada de proteção entre o objeto e o registro”
(PADILHA, 2014. p. 44).

Dica

Ao registrar, escreva um número pequeno, legível e que não prejudique a


estética e a estrutura física do objeto (mas que seja facilmente encontrável,
padronizado e reversível em caso de necessidade). Lembre-se de que o
código de identificação serve para a organização e a recuperação dos
objetos pelos profissionais do museu, e não para o público. Portanto, o
número deve ser discreto para usos expositivos.

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Entre os principais processos de marcação estão:

Marcação no próprio objeto

No caso de marcação no próprio objeto: “realizar limpeza no local que será feito o
registro, seguindo instruções de um conservador; passar uma camada de verniz
no local e após registrá-lo com tinta nanquim (preta ou branca) ou com caneta
permanente; e, por fim, passar outra camada de verniz para protegê-lo. Deve-se
atentar para os objetos em papel, no qual a marcação deverá ser realizada com lápis
6B macio” (PADILHA, 2014. p. 44).

Fotos de marcação no próprio objeto

Marcação - carruagem. Museu Histórico Reserva técnica. Marcação no próprio objeto


Nacional – Ibram - busto. Museu Histórico Nacional - Ibram

Marcação no próprio objeto com caneta Marcação no próprio objeto em tela. Museu
nanquim. Museu das Missões - Ibram da República – Ibram

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Reserva técnica. Marcação no próprio objeto Marcação do número de registro em madeira.
- busto de médio porte. Museu Histórico Museu da República - Ibram
Nacional – Ibram

Entre os principais processos de marcação estão:

Marcação vinculada ao objeto

No caso de marcação vinculada ao objeto: indica-se a utilização de etiquetas de papel


(neutro) e pano (algodão ou linho cru) afixadas no objeto, ou – em alguns casos – no
seu próprio suporte de acondicionamento. É comum que muitos museus amarrem
etiquetas ao objeto, com um barbante ou cordão de algodão cru. No entanto, essa
prática utilizada sozinha pode ocasionar risco de dissociação: perda das informações
do objeto.

Fotos de marcação vinculada ao objeto

Marcação vinculada ao objeto numismática. Museu Histórico Nacional – Ibram

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Marcação vinculada ao objeto. Museu das Missões – Ibram

Marcação vinculada ao objeto em tecido. Museu da República – Ibram

Reserva Técnica. Marcação vinculada ao objetoarmaria. Museu Histórico Nacional - Ibram

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Marcação vinculada ao objeto. Museu Histórico Nacional-Ibram

Marcação vinculada ao objeto heráldica. Museu Histórico Nacional - Ibram

Reserva Técnica - porta bustos - Museu Histórico Nacional - Ibram

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Siga o objeto
Vocês lembram-se dos brinquedos que foram doados ao museu? Havia
uma boneca de pano, um pião de madeira e alguns cartões de natal (papel).
Após a higienização, você saberia onde e como fazer a marcação do número
em cada um desses itens? Vejamos:
A boneca de pano
Na própria peça, haverá a costura de uma etiqueta de tecido com o número
de registro. Isso ocorre porque as obras em suporte de tecido costumam
ser marcadas com o número de registro escrito com caneta de tecido em
uma pequena etiqueta, a qual será costurada à peça. Portanto, observe:
a boneca não será marcada diretamente pela caneta. Essa etiqueta é
comumente costurada em local que não prejudique o visual da peça –
provavelmente atrás da boneca. Caso haja uma embalagem, essa também
deve ter a marcação do mesmo número de registro do objeto.
O pião de madeira
Existe mais de um procedimento que pode ser adotado. Na própria peça,
pode-se escrever o número de registro com caneta para retroprojetor ou
nanquim branco ou preto, de preferência na parte posterior. Ou confeccionar
etiqueta em papel com cadarço de algodão que fique fixado ao objeto.
Os cartões de natal
As obras em suporte de papel costumam ser marcadas com o número
de registro no reverso, com lápis do tipo 6B. No reverso, o canto onde se
faz a marcação (se esquerdo ou direito; se inferior ou superior), depende
da padronização adotada pelo museu. Seja onde for, o padrão deve ser
seguido. As obras em suporte de papel ficam acondicionadas em papel salto
neutro (como um envelope). A embalagem também deve ter a marcação do
mesmo número de registro da peça.

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Importante
É proibido o uso de rótulos e etiquetas autoadesivas, tais como: durex,
fitas adesivas, esparadrapos, colas látex, colas caseiras, entre outras, na
marcação dos objetos.

Livro-tombo e Inventário
Você pode se perguntar: qual a diferença entre um livro-tombo e um Inventário?

Tanto o livro-tombo quanto o Inventário são documentos criados pelos museus para
registrarem todos os objetos que fazem parte dos seus acervos: eles servem para
atender a uma demanda administrativa. Eles permitem que a instituição tenha o
controle do objeto que entra, sai, ou que, porventura, é perdido ou roubado.

Saiba mais
Caso um objeto seja roubado, deve ser incluído no Cadastro de Bens Mu-
sealizados Desaparecidos – CBMD, que reúne informações sobre itens de-
saparecidos de acervos pertencentes aos museus. O cadastro tem como
objetivo possibilitar o rastreamento, a localização e a recuperação desses
bens. A criação de uma base de dados nacional relativa aos bens de mu-
seus é um passo importante no combate aos roubos de bens culturais. O
objetivo é coibir o comércio ilegal de arte brasileira.

Qual a diferença entre um inventário e um livro-tombo?

O livro-tombo legitima o objeto como documento e bem cultural da instituição, ou


seja: como rol de sua propriedade. Dessa forma, ele deve ser aberto em cartório.

Como o livro-tombo é uma prática antiga das instituições museológicas, muitos


museus públicos ainda o possuem, mas atualmente outros controles já foram criados
para dar entrada no patrimônio, como o Sistema Integrado de Administração de
Serviços - SIADS para a União.

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Já o Inventário não precisa ser aberto em cartório. Alguns museus o possuem, embora
muitos ainda tenham seus livros-tombo por tradição. Como este curso destina-se a
trabalhadores de todos os tipos de museus, vamos falar tanto de um quanto de outro.

Livro-tombo

Para a concepção de um livro-tombo, “recomenda-se a utilização de um caderno de


ata ou de livro criado para esse fim. O livro-tombo deve ser manuscrito e não pode
ser rasurado; por isso se sugere que o museu crie uma boneca (rascunho) para tes-
tar antes de elaborar o documento efetivo. O livro-tombo necessita de um Termo de
Abertura e de um de Fechamento (quando for o caso), assim como de um conjunto de
informações que compõe a parte interna do livro” (PADILHA, 2014). Sua numeração é
corrida, não sendo admitidas repetições nem reutilizações. O livro deve ser preenchi-
do com tinta preta para as entradas, e tinta vermelha para baixa (saída), riscando-se
o objeto. Após o termo de abertura, deve-se apresentar o glossário de preenchimento
para cada informação.

Outro livro similar é usado para dar entrada nos empréstimos de longo e curto prazos,
no qual são criados números de registro temporário. Ou seja: o que não é propriedade
do museu não entra no livro-tombo!
Modelo de termo de abertura para o Livro-tombo
Modelo de termo de abertura para o livro-tombo

TERMO DE ABERTURA

Este Livro-tombo pertence ao Museu _____________, cujo objetivo é


registrar bens culturais de cunho _____________ adquiridos pelo museu,
contém _______________ folhas numeradas e rubricadas pelo responsável
do acervo e pela direção da instituição.

_____ CIDADE ____, ____DIA ____ de ___ MÊS ____ de ____ ANO _____.

___________________________ ___________________________
Responsável pelo acervo Diretor (a) do museu

Fonte: Renata Cardozo Padilha.

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Modelo de termo de fechamento para o Livro-tombo
Modelo de termo de fechamento para o livro-tombo

TERMO DE FECHAMENTO

Este Livro–tombo pertence ao Museu _____________, cujo objetivo foi o


registro bens culturais adquiridos pelo museu, contém _______________
folhas numeradas e rubricadas pelo responsável do acervo e pela direção
da instituição.

_____ CIDADE ____, ____DIA ____ de ___ MÊS ____ de _____ ANO _____.

___________________________ ___________________________
Responsável pelo acervo Diretor (a) do museu

Fonte: Renata Cardozo Padilha.

Modelode
Modelo determo
termo de
de abertura
abertura para
paraooLivro Tombo
livro-tombo

Nº de Nº de Data de Tipo de Descrição Descrição Estado de


Objeto Observação
tombo registro aquisição aquisição intrínseca extrínseca conservação

“Número de tombo – é o registro de tombamento, que identifica o objeto como


patrimônio da instituição, realizado a partir de uma numeração corrida.
Número de registro – número estipulado pelo museu para o registro de
identificação do objeto no acervo.
Objeto – diz respeito à informação que apresenta o que é o objeto, como, por
exemplo, xícara, cadeira, entre outros.
Data de aquisição – é a informação referente à data que o objeto é adquirido pelo
museu.
Tipo de aquisição – é a forma como o objeto foi adquirido pelo museu.
Descrição intrínseca – trata-se das informações físicas do objeto, como, por
exemplo, dimensão, material, marcas, entre outros.
Descrição extrínseca – trata-se das informações de cunho simbólico e histórico;
breve contextualização.
Estado de conservação – diagnóstico referente às circunstâncias materiais em que
se encontra o objeto.
Observação – informações específicas sobre o objeto” (PADILHA, 2014).

Fonte: Renata Cardozo Padilha.

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Fotos de livros-tombo

Capa do Livro de Registro de Obras de Arte do Museu Nacional de Belas Artes - Ibram.

Interior do Livro de Registro de Obras de Arte do Museu Nacional de Belas Artes - Ibram.

Inventário

Em muitos textos, sobretudo os mais antigos, um inventário realizaria apenas a con-


tagem de todos os objetos que fazem parte do museu, sendo criada uma lista nume-
rada para controle e identificação geral do acervo museológico: um arrolamento. O
registro do número e do nome do objeto seriam suficientes para uma identificação
inicial no inventário. No entanto, como dissemos anteriormente, essa interpretação
já não é mais tão restritiva e: tanto o Inventário quanto o livro-tombo servem para o
mesmo fim – um controle administrativo do acervo, com alguns campos de metada-
dos.

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Exemplo
Para citar o exemplo mais significativo de que o inventário pode possuir
alguns campos de identificação: temos o Estatuto de Museus (Lei
n.11904/2009) e algumas resoluções normativas do Instituto Brasileiro
de Museus - Ibram. Afinal, é o Estatuto de Museus que institui o Inventário
Nacional de Bens Culturais Musealizados – INBCM, cuja definição dos
diversos campos de metadados que o compõem já foi estabelecida em
resoluções de 2014.

O objeto dentro do museu

O Ibram publicou uma resolução que estabelece os elementos descritivos sobre o


acervo museológico, bibliográfico e arquivístico que devem ser declarados ao INBCM.
No entanto, como neste curso estamos falando apenas de acervo museológico,
veremos abaixo os campos de metadados que o INBCM exige para este tipo de acervo:

Legislação
Resolução Normativa n. 1/2014

Resolução Normativa n. 2/2014:

I - Elementos de descrição para identificação do bem cultural de caráter


museológico:

a) número de registro - informação obrigatória do registro individual definido


pelo museu para identificação e controle do objeto dentro do acervo;

b) outros números - informação facultativa de numerações anteriores


atribuídas ao objeto, tais como números antigos e números patrimoniais;

c) situação - informação obrigatória da situação em que se encontra o


objeto, o seu status dentro do acervo do museu, com a marcação das
opções: 1- localizado; 2 - não localizado; 3 - excluído;

d) denominação - informação obrigatória do nome que identifica o objeto;

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e) título - informação facultativa da denominação dada ao objeto atribuído
pelo autor, curador ou pelo profissional da documentação;

f) autor - informação obrigatória do nome do autor do objeto (individual ou


coletivo);

g) classificação - informação facultativa da classificação do objeto segun-


do o Thesaurus para Acervos Museológicos ou outros vocabulários con-
trolados;

h) resumo descritivo - informação obrigatória do resumo da descrição


textual do objeto, apresentando as características que o identifiquem
inequivocamente e sua função original;

i) dimensões - informação obrigatória das dimensões físicas do objeto,


considerando-se as medidas bidimensionais (altura x largura); tridimen-
sionais (altura x largura x profundidade); circulares (diâmetro x espessu-
ra) e peso;

j) material / técnica - informação obrigatória dos materiais do suporte que


compõem o objeto, hierarquizando sempre a sua maior área confeccio-
nada/manufaturada e a técnica empregada na sua manufatura;

k) estado de conservação - informação obrigatória do estado de conservação


em que se encontra o objeto na data da inserção das informações;

l) local de produção - informação facultativa da indicação geográfica do


local onde o objeto foi confeccionado;

m) data de produção - informação facultativa da data ou período de con-


fecção/produção/manufatura do objeto;

n) condições de reprodução - informação obrigatória com a descrição das


condições de reprodução do objeto, indicando se há alguma restrição
que possa impedir a reprodução/divulgação da imagem do objeto nos
meios ou ferramentas de divulgação;

o) mídias relacionadas - informação facultativa acerca da inserção de ar-


quivos
Fonte: http://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2014/09/
ResolucaoNormativa2_INBCM.pdf

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Vocabulário Controlado e Tesauros (Thesaurus)
Quando falamos em um sistema de informações, precisamos sempre ter em mente o
formato e os instrumentos pelos quais obteremos, organizaremos e recuperaremos
a própria informação. Para a constituição lógica de um sistema de informações
é necessário a elaboração de uma “linguagem artificial”, que consiga relacionar e
padronizar, a entrada e a saída dos dados. Tal linguagem é chamada de Vocabulário
Controlado - VC.

O VC é basicamente constituído por uma lista de palavras-chave e termos padro-


nizados utilizados para se referir a ideias, lugares, características físicas, eventos,
assuntos, entre outros conceitos. Por intermédio desses procedimentos é possível a
categorização, a indexação e a recuperação de dados, dentro de um sistema de infor-
mações.

Como elaborar um Vocabulário Controlado?

O passo inicial é fazer um levantamento de vocabulário junto às fontes e às referências


utilizadas por determinada área. Nessa fase também pode-se utilizar palavras-
chave como material de indexação, visando a fácil recuperação de informações de
documentos. Uma vez realizado esse levantamento prévio, efetua-se o registro.

Saiba mais
“Para ser útil, um Vocabulário Controlado deve refletir, de um lado, os ob-
jetivos do sistema de informação para o qual foi elaborado e, de outro, a
linguagem dos usuários. Por essa razão, sua construção é coletiva, requer
trabalho integrado, colaborativo, envolvendo tanto os gerenciadores do sis-
tema de informação quanto os usuários da informação. Além disso, é uma
linguagem dinâmica que se desenvolve em consonância com a dinâmi-
ca das áreas de conhecimento representadas no sistema de informação.
Necessita, portanto, de atualização periódica”. (Fonte: Escola Nacional de
Administração Pública - ENAP, Versão 2: 03.12.2008. Prof. Dra. Nair Yumiko
Kobashi

Bem, agora que sabemos o que é um Vocabulário Controlado, vamos ver a sua apli-
cação em museus?

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De maneira geral, nos setores de documentação dos museus, o exemplo mais corri-
queiro e difundido de termos e conceitos controlados é o “Thesaurus para Acervos
Museológicos”. Sendo definido como um dicionário de ideias afins ou uma lista de
palavras com significados semelhantes, o Tesauro é utilizado na classificação de ob-
jetos, ordenando e interligando as suas informações em diversas categorias, classes
e subclasses.

Tesauro no Museu

O Thesaurus (ou Tesauro) é um dicionário de ideias afins ou uma lista de palavras


com significados semelhantes. Na área da Museologia, ele auxilia na classificação de
objetos, sendo, portanto, uma representação do conhecimento muito utilizada pela
Documentação, com classes e subclasses de informações interligadas, dialogando
entre si e que, juntas, se complementam na construção de um instrumento de
representação, isto é, o documento museológico.

Ao abordar especificamente a Documentação Museológica, todo o registro, seja por


meio do livro-tombo, seja por fichas de registro ou fichas de identificação de objetos,
é considerado como forma de representação do conhecimento.

Na busca de uma forma de representação aplicada às diversas áreas do conhecimento,


o Tesauro aparece como um exemplo de sistema de classificação e indexação, sendo
o exemplo de uma ferramenta construída a partir de um vocabulário controlado.

Para se trabalhar com o Tesauro é necessário conhecer a sua arquitetura de planeja-


mento: que delimita a área, define padrões e estabelece a classificação.

Delimitar a área do conhecimento e de abrangência é imprescindível para tornar o


trabalho executável. Na classificação, parte-se de uma classe de maior abrangência
para uma mais restrita, de menor abrangência. Tal hierarquia faz uso da arquitetura
da representação do conhecimento, as subclasses subordinadas às classes.

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Siga o objeto
Como ficaria a classificação da nossa boneca de pano no Tesauro?

Exemplo:

Equipamento de Lazer e Esporte (Categoria ou Classe)


Equipamento Lúdico (Subcategoria ou Subclasse)
Boneco (Termo Genérico)
Boneca de Pano (Termo Específico)
Veja aqui como categorizar seu acervo: Fonte: http://tesauromuseus.com.
br/

§§ Categoria: Conjunto de pessoas ou coisas que podem ser abrangidas


ou referidas por um conceito ou concepção genérica; classe.
Helena Ferrez chegou a 16 categorias ou classes que, por sua vez,
se subdividem em 77 subcategorias ou subclasses. (Fonte: http://
tesauromuseus.com.br/download/tesauro.pdf)
§§ Subcategoria: Divisão de uma categoria.
§§ Termo Genérico: Conceito imediatamente superior na escala gênero-
espécie do termo em questão.
§§ Termo Específico: Conceitos imediatamente inferiores na escala
gênero-espécie do termo em questão.

Existem variações entre os elementos citados, os termos podem ser equivalentes,


genéricos, específicos ou associados. Levando em consideração que o conhecimento
que estamos organizando tem no objeto seu Documento, podemos trabalhar de forma
mais direcionada, específica, fato que torna a representação mais enxuta e objetiva.

Na prática existem vários softwares para gerenciamentos de conhecimento onde


são necessários apenas delimitar áreas, estabelecer classes de maior abrangência e
realizar os registros.

Em meio às demandas da atualidade, onde tudo se resolve diante do computador, os


museus e, mais especificamente, as pessoas que atuam nas áreas de Documentação
e comunicação das instituições museológicas, têm dedicado grande parte do seu

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tempo ao desenvolvimento da representação do conhecimento por meio dos bancos
de dados. Consequentemente, dispositivos são criados para permitir que rapidamente
se tenha contato com as informações compiladas dos acervos e das coleções.

Ao mesmo tempo em que os museus correm para interagir com o seu público, por meio
de espaços virtuais, vive-se o dilema de desenvolver mecanismos de proteção visando
à segurança do acervo, uma vez que o espaço virtual apresenta-se não apenas como
uma grande vitrine, mas também como porta de acesso às informações da instituição.

Catalogação
O procedimento de catalogação refere-se à compilação e à manutenção de informação
essencial, que permite a identificação e a descrição dos objetos. Embora os termos
catalogação e inventário sejam sinônimos, no contexto museológico, a catalogação
está associada ao processo de Documentação de coleções, mais exigente do ponto
de vista do conhecimento de dados representativos sobre a história dos objetos.

A ficha de registro, ou mesmo a ficha de identificação do objeto utilizada pelos mu-


seólogos, é um bom exemplo de catalogação, reunindo dados e informações sobre o
objeto a ser identificado. Nela é importante a amplitude das informações, para que se
viabilize um entendimento da natureza do objeto, sua constituição e contexto onde
estava inserido, dados que são úteis nos próprios museus físicos, ou no espaço vir-
tual, onde se constituem os metadados.

No entanto, a catalogação está para além da ficha de registro e, buscando referência


na ciência da informação, pode ser considerada como o estudo, a preparação e a
organização de mensagens codificadas, com base em itens existentes ou passíveis
de inclusão em um ou vários acervos.

Para se realizar a catalogação do acervo em um museu é necessário dimensionar


quais são os dados que permitem representar um objeto e a que respostas eles devem
atender. Nesse contexto, é muito importante definir o conteúdo de cada item de um
registro, bem como denominá-lo convenientemente.

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Ficha de Catalogação

Preencher a ficha de catalogação é uma das etapas mais complexas dentro do


processo de catalogação, pois é nela que se cria a imagem fiel sobre o objeto a ser
estudado, estabelecendo, portanto, uma espécie de diálogo entre o acervo e o usuário.

Segundo o ICOM, a catalogação pode ser entendida como a compilação e a manutenção


de informações-chave que identificam e descrevem formalmente os objetos, podendo
incluir informações de procedência, dentre outras utilizadas na gestão da respectiva
coleção.

Preenchendo uma ficha de catalogação:

Vamos ver agora como preencher alguns dos principais campos de uma ficha
catalográfica com auxílio do Manual de catalogação do Sistema DONATO:

§§ Número de registro/tombo
Registre, neste campo, o número com o qual a obra foi registrada/tombada. Caso
a obra tenha recebido possíveis números significativos ao longo de sua vida, estes
poderão ser registrados no campo “Observações”.

Exemplo
Para o caso das partes de um tríptico:

512.1/3

512.2/3

512.3/3

No caso de pinturas, desenhos e gravuras (inclusive matrizes) que possuam imagens


nos dois lados do suporte, acrescente, ao seu número de registro, letras, conforme
exemplo: 521-A = frente / 521-B = verso

§§ Coleção
Neste campo, registre o nome ou o número da coleção/classe a que pertence a obra.

Ex: Pintura Brasileira

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§§ Autoria/Função
Registre os nomes das pessoas físicas ou jurídicas que contribuíram para o conteúdo
criativo e intelectual da obra. Caso a obra possua até três indicações de responsa-
bilidades que exerceram a mesma função, registre os nomes mencionados e omita
o campo “Função”. Caso a obra tenha sido produzida por até três autores exercendo
funções diferentes, registre nos campos “Função” um termo que as qualifique em
relação à obra, de acordo com a fonte principal de informação. Se houver mais três
autores, registre os demais nomes no campo “Observações”, acrescido das suas fun-
ções.

Exemplo: Autor 1: GUSTAVE DORÉ

Função: desenhista

Autor 2: ADOLPHE FRANÇOIS PANNEMAKER

Função: gravador

Atribuição: Quando a autoria da obra for uma atribuição, marque “sim”. Caso contrário,
marque “não”.

Exemplo: Autor 1: CESARE DANDINI

Atribuição 1: Sim

Quando não se puder atribuir nenhuma responsabilidade, preencha o campo “Autor 1”


com as palavras “Autor Desconhecido”, em caixa alta. Caso a obra seja uma cópia, é
importante que isso esteja registrado na catalogação. O nome do autor da cópia virá
no campo “Autor 1” e o do autor original no campo “Cópia”, antecedido, neste último
caso, da expressão “da obra original de”.

§§ Escola/Grupo Cultural
Registre, neste campo, a escola artística de origem da obra, quando for o caso. Da
mesma forma, o grupo cultural, quando este refere-se à identificação de autoria da
obra.

§§ Título de obra
O título pode ser transcrito da fonte principal de informação ou de outras fontes, ou
ainda ser atribuído pelo catalogador. Transcreva o título existente na fonte principal

24
de informação entre aspas e confirme a redação, ordem e grafia apresentadas. Se o
título transcrito da fonte principal de informação necessitar de esclarecimento, faça
um acréscimo sucinto em português, independentemente do idioma do título prin-
cipal, entre colchetes. Caso não exista um título na fonte principal de informação,
transcreva aquele citado em outra(s) fonte(s) autorizada(s) que, por sua vez, deve(m)
ser referenciada(s) no campo “Referências Bibliográficas da Obra”.

Caso não exista um título na fonte principal de informação nem em outra(s) fonte(s),
atribua um. O título atribuído deve ser descritivo, sucinto, claro e completo.

As informações complementares (sub-títulos) sobre o título principal, devem vir pre-


cedidas de dois pontos e espaço.

Exemplo: Título: “Rio de Janeiro (RJ): Vista da Baía de Guanabara” (Título transcrito)

Panorama do Rio de Janeiro, RJ: Morro da Conceição e Igreja da Nossa


Senhora da Candelária (Título atribuído).

A localização do título na obra deverá ser registrada no campo “Observações”, pre-


cedida de travessão, espaço e a palavra “titulada”. Quando se tratar de fragmento de
uma obra, registre, após o título, entre parênteses, a palavra “fragmento”. Caso a obra
seja um detalhe de uma outra obra, registre, após o título, entre parênteses, a palavra
“detalhe”. Quando se tratar de obra composta de mais de uma parte, registre, após o
título, entre parênteses, a informação que a identifica como tal.

Exemplo: Título: Panorama Santa Tersa, Rio de Janeiro, RJ (tríptico).

Quando a obra for marcada por uma etiqueta, na ficha catalográfica existe o campo
“Título para etiqueta”. Nos casos em que a obra possua autoria estrangeira e o título
seja passível de tradução, bem como quando a obra possuir um título muito extenso,
preencha este campo com a tradução e a redução de título que será colocada na eti-
queta. Use de bom senso, tendo como objetivo facilitar a leitura para o público. Caso
contrário, omita o campo.

§§ Assinatura/Onde
Se na obra consta a assinatura do(s) autor(es), marque no campo “Assinado”, a pa-
lavra “Sim”. Caso contrário, marque “Não”. Para saber como marcar a localização da
assinatura (o “onde”) observe as regras do item 4 A1 do manual de Catalogação do
Sistema DONATO.

25
§§ Local de execução
Registre o nome do local de execução da obra de forma completa e padronizada.

§§ Data/Onde
Se na obra consta a data de sua execução, marque, no campo “Datado”: “Sim”. Caso
contrário, marque “Não”. Em caso afirmativo, preencha o campo “Onde”. Para saber
como marcar a localização da data presente na obra (o “onde”) observe as regras do
item 4 A1 do manual de Catalogação do Sistema DONATO.

Observação: Para preencher corretamente o campo data de execução, observe as


regras do item 4 F1 do manual de Catalogação do Sistema DONATO.

§§ Material/Técnica
Este campo será preenchido de acordo com as tabelas específicas para as coleções
de Pintura/Desenho, Escultura e Gravura. Para preencher corretamente este campo,
observe as regras do item 6 do manual de Catalogação do Sistema DONATO (Área de
Características Físicas).

Quando múltiplos materiais e/ou técnicas são identificados na obra, registre-os na


ordem de predominância, se existente, separados por vírgulas e espaço e/ou pela
conjunção “e”. Nos casos de pinturas e desenhos, indique também o suporte.

No caso das esculturas, quando não foi possível identificar a totalidade dos materiais
utilizados, registre aqueles conhecidos, neste campo, e informe, no campo “Descrição
formal” a existência de outros materiais não identificados.

§§ Dimensões da obra
Uma mesma obra requer, às vezes, mais de uma medição que diferencie o seu tama-
nho daquele acrescido da moldura/base/passe-partout etc. ou do seu suporte se-
cundário. Nesse sentido, criaram-se três campos para o registro das dimensões:

§§ Dimensões da Obra
§§ Dimensões da Moldura/Base/Passe-partout
§§ Dimensões da Área Impressa/Suporte Secundário (é o todo)
A medição se dará por meio de trenas e paquímetros de metal, réguas antropométricas
e balanças. Evite o uso de fitas métricas de madeira ou tecido.

26
Registre as dimensões em centímetros, com a precisão de milímetros, nos campos
“Altura”, “Largura/Diâmetro” e “Profundidade/Espessura”, quando for o caso.

Para saber mais sobre como medir cada tipo de formato de obra, observe as regras
do item 6 B do manual de Catalogação do Sistema DONATO.

§§ Descrição
Registre no campo de “Descrição formal”, da forma mais objetiva e sucinta possível, as
características e/ou detalhes que particularizem e distinguem a obra de arte, sem, no
entanto, tentar interpretá-los. O texto em uma descrição formal, denomina e precisa
aquilo que a fotografia apenas registra. (Seriam características intrínsecas, como já
vimos neste curso no Módulo 1)

O conteúdo iconográfico deverá ser registrado no campo “Descrição de Conteúdo”.


Utilize o campo “descrição de conteúdo” para uma descrição objetiva do conteúdo ou do
significado da obra. Informações que a contextualizem também podem ser incluídas.
As conjecturas devem estar claramente indicadas por pontos de interrogação ou por
advérbios, tal como “provavelmente”. (Seriam as características extrínsecas, como já
vimos neste curso)

Ex: Título: retrato de homem não identificado

Descrição de conteúdo: Retrato de nobre brasileiro portando as seguintes conde-


corações:... . Trata-se, provavelmente, do visconde de....

§§ Estilo/Movimento
Registre, neste campo, quando for o caso, o(s) nome(s) do(s) estilo(s) ou movimento(s)
artístico(s) a que a obra pertence ou está relacionada.

Ex: Impressionismo; Simbolismo; Grupo Grimm, Grupo Santa Helena, Núcleo Berna-
dellu; Der blaue Reiter; Die Brücke

§§ Área de Procedência
Esta área reúne dados referentes à incorporação da obra ao acervo da instituição,
isto é, o número de processo de entrada e a data de sua entrada, de quem ou como
foi adquirida.

27
§§ Forma de aquisição
Preencha este campo com uma das letras – em maiúsculo – correspondentes à for-
ma pela qual a obra foi incorporada ao acervo. Quando se desconhece a forma de
aquisição, omita o campo.
C= compra
D= doação
E= empréstimo/depósito
L= legado
O= outras
P= permuta
R= premiação
T= transferência

§§ Exposições e prêmios
Registre, em ordem cronológica crescente, as exposições das quais a obra participou,
bem como os prêmios que tenha recebido.

Exemplo: Exposições/Prêmios: Tarsila, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ,


1969.

§§ Referências bibliográficas da obra


Registre, neste campo, as publicações e demais tipos de documentos que consubs-
tanciam as informações dadas pelo catalogador ou que ofereçam uma descrição
mais detalhada da obra, bem como aquelas nas quais a obra aparece citada ou re-
produzida.

§§ Observações
Neste campo, devem ser registradas as informações que não puderam ser alocadas
nos demais campos. Cada observação deve iniciar novo parágrafo, antecedida de
travessão e espaço e, quando se referir a um campo específico da ficha catalográfica,
registre o nome do campo.

Exemplo: Observações: Outros número: PB 33 (Pintura Brasileira)

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Outros títulos: Idílio Campestre

Titulada no campo inferior direito

Data: informação retirada do Catálogo Raisonné

Suporte: papel com marca d’agua Fabiano

§§ Localização
Localização Fixa: Registre, neste campo, o nome ou o código correspondente ao local
de guarda permanente da obra (sala, armário, trainel, mapoteca, etc.).

Localização Atual: Registre, neste campo, o local onde se encontra a obra quando
temporariamente fora de seu local de guarda permanente, como nos seguintes casos:
empréstimos, restauração e exposições de caráter permanente dentro ou fora da
instituição proprietária.

§§ Estado de Conservação
Registre, neste campo, um dos números abaixo de acordo com o estado de conservação
em que se encontra a obra:

1 – Bom

2 – Razoável

3 – Ruim

Saiba mais
Para maiores informações de preenchimento de fichas catalográficas do
Programa Donato, acesse o Manual do Sistema de Informação do Acervo
do Museu Nacional de Belas Artes – SIMBA. Nestes Links:

Ficha Catalográfica - A narração de Filetas

Ficha de Catalogação do Donato em branco

Ficha inventario Museu Missões

Ficha Catalográfica - Batalha dos Guararapes

Manual de Catalogação

29
Número de registro e marcação de objetos

Fotos de fichas catalográficas de acervo do Museu Nacional de Belas Artes

Histórico de fichas de catalogação. Museu Histórico Nacional - Ibram

Núcleo de Controle e Registro de Acervos - processos de doação. Museu Histórico Nacional - Ibram

30
Controle de Movimentação e Localização
Um objeto que se tornou um bem cultural musealizado continua a gerar novas in-
formações que devem ser documentadas: seu próprio histórico dentro do museu, os
restauros, as exposições que participou, as movimentações internas, os emprésti-
mos, pesquisa, etc.

Portanto, é comum que nas fichas catalográficas existam um campo de localização


e outro de “observações” ou “notas”, onde podem ser registrados o histórico de ex-
posições nas quais aquele objeto esteve presente, as possíveis restaurações pelas
quais tenha passado o objeto, as publicações nas quais o objeto foi citado, e demais
informações relevantes.

Observe que o registro do histórico de exposições por onde a obra passou é um relato
de movimentações. É importante que o sistema de documentação do museu faça um
controle de movimentação de seu acervo, diminuindo o risco de perda, extravio ou
roubo desse acervo. Tanto movimentação interna (com informações topográficas do
acervo, indicando os locais onde elas se encontram) quanto movimentação externa:
normalmente quando a obra é emprestada para outras instituições, para fins de
exposição, restauro, estudo, etc.

Movimentação interna

Como já vimos no Módulo I, um objeto pode passar por diversos espaços/setores/


áreas dentro de um museu. Para que a equipe do museu não se perca nesse processo,
é necessário um controle interno de movimentação. A localização dos bens deve ser
disponibilizada num campo específico dentro da ficha catalográfica, comumente
conhecido como “localização”, que deve ser constantemente atualizado. Alguns
museus – na falta de uma catalogação mais técnica – ainda usam um livro à parte,
específico para movimentações, e outros recursos, como as fichas topográficas.

Adotada por alguns museus, a Ficha Topográfica é um instrumento auxiliar descritivo


de controle interno, utilizada na complementação de informações referentes aos
acervos museológicos. Seu principal objetivo é controlar e indicar a distribuição dos
objetos dentro dos espaços do museu, permitindo o acesso rápido e eficiente a sua
localização física, quer estejam em exposição ou não.

31
Saiba mais
Você sabia que: com a reunião das informações presentes nas fichas
topográficas, em um catálogo, torna-se possível gerar um verdadeiro mapa
topográfico, com a localização de todos os objetos museológicos dentro do
seu museu? Fica a dica!

Ficha Topográfica do Museu do Ouro – Ibram, utilizada entre 1975 a 1991

Fotos de fichas catalográficas de acervo do Museu Nacional de Belas Artes

Reserva técnica. Identificação. Museu Histórico Nacional - Ibram

32
Reserva Técnica. Armários identificados por material. Museu Histórico Nacional - Ibram

Identificação. Gavetas deslizantes. Reserva Técnica do Museu da República - Ibram

Reserva técnica. Pinacoteca. Museu Histórico Nacional - Ibram

33
Reserva técnica. Identificação. Trainéis. Museu da República - Ibram

Movimentação externa

A movimentação externa ocorre quando a obra é emprestada para outras instituições,


para fins de exposição, restauro, estudo, etc. Esse empréstimo tanto pode chamar-se
“cessão de uso” – para bens culturais de museus públicos – quanto pode chamar-se
“comodato” – para bens culturais de museus particulares.

A Instrução Normativa nº 4, de 02 de julho de 2018 do Ibram, que estabelece proce-


dimentos a serem adotados pelos seus museus para empréstimo de acervo, tem por
objetivo normatizar essa prática dentro do Instituto e servir de referencial metodoló-
gico para os demais museus brasileiros.

34
Legislação
Essa Instrução Normativa estabelece o que é uma Cessão de Uso de Bens
Públicos Culturais Musealizados:

“Empréstimo, não oneroso ou oneroso, de caráter precário e por


tempo determinado, de bens culturais musealizados de (...) para
pessoas jurídicas de direito público ou privado sem fins lucrativos,
sem transferência de domínio ou propriedade, em atendimento
ao interesse público ou da coletividade, para fins de exposição,
estudos, referências, reprodução, pesquisa, conservação,
restauração ou intercâmbio científico e cultural”.

Referência: Instrução Normativa nº 4, de 02 de julho de 2018 do


Ibram.

É necessário que os museus – tanto públicos quanto privados – celebrem termos


de cessão de uso ou de comodato, quando procederem empréstimos de suas obras.
Um “termo de cessão de uso de bens culturais musealizados” é um instrumento que
regula os direitos e obrigações envolvidos no empréstimo de propriedade de museus
públicos, que serão onerosos quando houver contraprestação ou contrapartida pela
utilização ou disponibilidade dos bens emprestados. Um termo de comodato é um
documento muito semelhante, mas regula os direitos e obrigações envolvidos no
empréstimo de acervo de propriedade de museus privados.

Alguns documentos são essenciais no processo de instrução de um empréstimo.

I – Documento enviado pelo museu interessado, contendo:


§§ período de vigência da cessão;
§§ roteiro dos bens;
§§ transporte e embalagem dos bens - com indicação da(s) empresa(s) respon-
sável(eis);
§§ identificação do técnico(s) que acompanharão o deslocamento dos bens;
II – listagem com a identificação dos bens culturais que serão cedidos;
III – laudo do estado de conservação;

35
IV – relatório das condições de infraestrutura - Facility Report do local de guarda ou
exposição, contendo a identificação da instituição cessionária, histórico, topografia,
perfil geográfico, construção e configuração do edifício, espaço para transporte,
recebimento e armazenamento de bens, iluminação, proteção contra incêndio, sistema
eletrônico e físico de segurança e histórico de empréstimos;

V - certificado ou apólice de seguro.

Dica

Agora que você já conhece os tipos de aquisição de bens culturais, o que é um


Livro Tombo, um inventário, uma ficha catalográfica, controle de movimentação,
deixamos aqui uma dica de como proceder a documentação de entrada de um
bem conforme cada modalidade de aquisição:

Como documentar cada tipo de entrada no museu

CESSÃO DE USO OU
TRANSFERÊNCIA DOAÇÃO COLETA
COMODATO

Termo de cessão de Termo de Projeto de pesquisa e


Termo de Doação
uso de comodato Transferência Autorização de coleta

Número de registro
Laudo técnico Laudo técnico Ficha de campo
temporário

Registro no Registro no
Laudo técnico Livro-tombo ou no Livro-tombo ou no Laudo técnico
inventário inventário

OBS: Não registra no Registro no


Livro-tombo ou no Ficha catalográfica Ficha catalográfica Livro-tombo ou no
inventário inventário

Ficha catalográfica

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Dica

COMPRA PERMUTA FIEL DEPOSITÁRIO LEGADO

Testamento comprovante
Recibo ou termo Notificação judicial
Termo de permuta a passagem da propriedade
de compra para entrada
do bem

Laudo técnico Laudo técnico Laudo técnico Laudo técnico

Registra no Registra no
Número de registro Registra no Livro-tombo ou
Livro-tombo ou no Livro-tombo ou no
temporário no inventário
inventário inventário

OBS: Não registra


Ficha catalográfica Ficha catalográfica no Livro-tombo Ficha catalográfica
nem no inventário

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Encerramento do módulo 2
Parabéns! Você concluiu o Módulo 2 do Curso de Documentação Museológica.

Convidamos agora ao último módulo do curso.

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