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IMPERIALISMO

O termo imperialismo é utilizado para referir-se às práticas da política em que


uma nação buscava promover uma expansão territorial, econômica e/ou cultural
sobre outra nação. A utilização da palavra imperialismo pode ocorrer em
contextos atuais como, por exemplo, quando um país resolver intervir militarmente
em outro.

O termo “imperialismo” também é muito utilizado para fazer referência ao


processo de colonização da África, Ásia e Oceania, que se iniciou na segunda
metade do século XIX. Esse processo também é conhecido entre os historiadores
como neocolonialismo. Durante o neocolonialismo, segundo o historiador Eric
Hobsbawm1, cerca de 25% das terras do planeta foram ocupadas por alguma
potência imperialista.

Alguns estudiosos da área acredita que imperialismo é a etapa superior do


capitalismo, quer dizer, seu desenvolvimento ocorre com a dominação dos
monopólios e do capital financeiro, adquirindo grande importância a exportação
de capital, e, por conseguinte, a divisão internacional do trabalho, onde há a
partilha dos territórios entre as grandes potências capitalistas.

O capital monopolista se internacionaliza, ou seja, enseja projetar seus interesses


não só no âmbito interno (no interior do Estado imperialista), mas vai além de
suas fronteiras, por isso necessita e obtêm o fenômeno da dependência, advindo
do entrelaçamento do domínio econômico-financeiro, político e territorial.

O imperialismo2 caracteriza-se, principalmente, por uma tendência à concentração


da produção, pelo aumento dos cartéis e trustes, pelo importante papel
desempenhado pelos bancos, assim como sua concentração e fusão com a
indústria, o capital financeiro e sua política, a exportação do capital, as colônias e
a repartição do mundo como expressão do desenvolvimento desigual do
capitalismo e a divisão internacional do trabalho associada ao modo de produção
vigente.

1
HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 97.
2
LENIN, V. I. (1987) Imperialismo: fase superior do capitalismo, São Paulo: Global.
A exportação de capitais se dá por meio da busca de novas fronteiras, ou seja,
mercados exteriores para responder a dialética do processo capitalista que busca
taxas de benefícios mais elevadas e mão-de-obra mais baratas. A queda da taxa
de lucro no país exportador determina que o capital ultrapasse as fronteiras
nacionais em busca de melhores horizontes para inversão de seus produtos.

O fato é que o imperialismo surgiu em decorrência da transformação provocada


pela Revolução Industrial, que teve início na Inglaterra, na segunda metade do
século XVIII, causando profundas transformações em todo o planeta. A partir dela
surgiram as indústrias, mudanças nos processos de produção e nas relações
entre patrão e empregados.

O imperialismo, com a crescente tendência irreversível de transnacionalização do


sistema econômico mundial, redefine a relação entre soberania econômica e
soberania política, dentro dos espaços nacionais

A expansão comercial que ocorreu devido a Revolução Industrial aconteceu


devido o crescimento do processo produtivo de produtos em geral. Com esse
crescimento do processo produtivo, as nações que eram industrializadas
precisaram ampliar seu acesso às matérias-primas utilizadas na produção e
também de ampliar a sua capacidade de venda, isto é, eram necessários novos
mercados consumidores.

Um dos principais fatores que explicam a expansão colonial durante a segunda


metade do século XIX foi a busca por novos mercados consumidores. Esse fato é
justificado pela grande quantidade de mercadoria que eram produzidas que seria
absorvida com a expansão dos mercados consumidores.

No final da década de 1970, estava acentuada a tendência para a baixa da taxa


de lucro, caracterizando-o pela proeminência, na extensão para o exterior do
modo de produção capitalista, da exportação de capitais sobre a simples
exportação de mercadorias, correspondendo ao capitalismo monopolista.

Acredita-se que o “novo imperialismo” é um subproduto natural de uma economia


internacional que tem como base a rivalidade entre economias industriais
concorrentes, intensificada pela pressão econômica dos anos 1888. Além disso,
ela pode ter sido motivada pela expansão econômica, as nações europeias,
principalmente, iniciaram o processo de expansão territorial.

O imperialismo requer os processos político e econômicos de forma simultânea.


Dessa forma, os Estados nacionais não são diluídos, tampouco as relações de
dominação e dependência politica que possa existir entre eles.

Um dos continentes mais impactados pelo imperialismo foi o africano. Isso


aconteceu porque, durante o período da Revolução Industrial, somente dois
países não foram ocupados: a Etiópia e a Libéria.

A justificativa para a ocupação de praticamente todo o continente africano foi que


aquele ato seria uma “missão civilizatória”, tal processo exploratório, de acordo
com os países europeus, deveria acontecer para levar a civilização aos povos
atrasados da África. A exploração do continente para fins econômicos também
utilizava-se de missionários. Todas essas justificativas utilizadas partiam de ideais
racistas, como o darwinismo social, que estipulava que o homem branco era
“superior”.

Com isso, alguns países europeus aumentaram o seu território de forma bastante
significativa, os principais foram:

 Inglaterra: aumentou seu território em 10 milhões de km2

 França: aumentou seu território em 9 milhões de km2

 Alemanha: aumentou seu território em 2,5 milhões de km 2

 Bélgica e Itália: aumentou seu território em cerca de 2 milhões de km 2

Obviamente, essas justificativas foram apenas disfarces para os reais interesses


que eram de promover a exploração econômica do continente africano. Vale
ressaltar ainda que, esse processo de ocupação não ocorreu de forma pacífica,
uma vez que, os povos africanos foram bastante resistentes ao processo de
invasão europeia.

As principais consequências que o imperialismo deixou, em especial na África


foram:
 A demarcação de fronteiras artificiais gerou impactos negativos até hoje na
África e causou inúmeras tensões entre as nações africanas.
 Durante o neocolonialismo, surgiu uma série de disputas étnicas
influenciadas por ação europeia. Um dos casos mais notáveis aconteceu
em Ruanda, região que havia feito parte do Congo Belga. Em 1994, um
massacre de grandes proporções aconteceu no país, e hutus foram
responsáveis pela morte de aproximadamente 1 milhão de tutsis.
 A exploração econômica deixou marcas profundas e, até hoje, a maioria
absoluta dos países africanos sofre com economias instáveis.
 Os nativos foram sujeitos a uma violência escabrosa. Um caso notável foi
no Congo Belga, quando 10 milhões de pessoas morreram fruto da
violência colonial dos belgas.
 Exploração intensa que legou a África uma pobreza severa etc.

Atualmente, o Estado busca intervir nesse processo inserindo capital em todas as


partes, ou seja, utilizando o modo de processo capitalista, pois, a circulação tende
a ser mais ampla, porque a extensão e espaço são muito maiores. A capacidade
de penetrar capitais, intervir, ganhar é muito mais entendida devido à hegemonia
do capital financeiro.

Entretanto, ainda hoje, países como os Estado Unidos, buscam converter a sua
forma de governo de capitalista para imperialista. Este império funciona em
conexão com intermediários locais conectados por alianças militares e
econômicas ou por laços bilaterais; com isso, se beneficiam as frações de classes
governantes de cada país.

O Estado imperial norte-americano compõe-se de um conjunto de agências (como


as instituições multilaterais FMI, BM, BIRD, OMC, ONU), e órgãos executivos do
governo, que tem como função promover e proteger a expansão do capital, além
de suas fronteiras estatais pela comunidade corporativa multinacional cuja sede
está no centro imperial, e manter o equilíbrio na luta de classes e intraclasses.
Para isso dispõe de um aparato econômico, um coercitivo e outro ideológico que
operam para facilitar a acumulação em escala mundial.
A ofensiva do império em relação à América Latina é que para que haja um
predomínio dos EUA em nível mundial, frente ao surgimento de novos blocos, que
agudizará as contradições interimperialistas, frente à luta pelos mercados e a
abertura de novos conflitos.

A América Latina criou então o Mercosul (Mercado do Cone Sul), nos moldes da
UE, com vistas a eliminar as restrições do comércio e estabelecer uma tarifa
externa comum para possibilitar a livre circulação de bens e serviços e fatores
produtivos.

Para sufocar as tentativas de unificação e abrir as nações à livre circulação de


mercadorias, principalmente capitais, o NAFTA, sob a liderança dos EUA, propôs
a implementação da ALCA (Área de livre comércio das Américas), uma zona de
livre comércio para a máxima liberdade sem permitir a livre movimentação da
força de trabalho dentro de seu perímetro e sem a adoção de uma tarifa externa
comum, de um pacote comercial comum, nem de uma harmonização de políticas
setoriais, como era o ideal do Mercosul.

A criação da ALCA e o crescimento da dívida externa, que se deu desde o último


quartel de século para cá, se adicionam à crescente militarização da América
Latina. As forças armadas de Washington, por meio da proliferação militar-
industrial, tem como objetivo sufocar qualquer luta contra a ordem imperial e
assegurar às suas multinacionais, a extração da mais-valia; além de praticar
intervenções militares para derrotar regimes.

Da década de 1990 pra cá, temos muitos exemplos de regimes chamados


“desobedientes”, que foram destituídos por golpes ou intervenções. A Venezuela,
por exemplo, até o governo Chávez, era uma aliada dos EUA, obedecendo às
ordens como país dependente. Com a eleição de Chávez, passa por uma crise de
hegemonia. Há uma alteração da fração hegemônica na composição do bloco no
poder. A antiga fração hegemônica, não mais representada, se alia a uma parte
dos militares e aos EUA para formular um golpe de estado frustrado contra
Chávez. O golpe virtual de abril de 2002 foi contido após uma grande massa sair
às ruas e exigir o retorno de Chávez.

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