Neoconstitucionalismo
 Atribui aos princípios normatividade e define suas relações
1. Eventos fundamentais
1.1. Marco histórico – Pós 2º guerra mundial
 Redefiniu o lugar da Constituição e a influência do direito
constitucional sobre as instituições contemporâneas
 A aproximação das ideias de constitucionalismo e
democracia produz uma nova forma de organização política,
o Estado democrático de Direito.
o Em um Estado democrático de Direito, os poderes
públicos são regulados por normas gerais (as leis
fundamentais ou constitucionais) e devem ser exercidos
nos limites da lei.
 As novas constituições criaram ou fortaleceram a jurisdição
constitucional.
o Até então havia uma cultura jurídica que tratava a lei
editada pelo parlamento como fonte principal do Direito.
1.2. Marco filosófico – Pós positivismo
 Influenciado por dois modelos teóricos: jusnaturalismo e
positivismo.
o Jusnaturalismo: aproxima a lei da razão e transformou-se
na filosofia natural do direito, fundada na crença em
princípios de justiça validos.
o Positivismo: direito é a lei positivada
 O pós-positivismo procura incorporar ao direito elementos
naturais de natureza moral
o Direito e moral são necessariamente conectados, é
preciso fazer em qualquer interpretação sempre uma
leitura moral da questão jurídica colocada;
com as regras e valores
o Os direitos fundamentais são elevados ao valor de
princípios e serão usados nas relações públicas e privadas
por meio da técnica de ponderação.
o Princípios são normas vinculantes, mesmo sendo
abstratos imprecisos, de conteúdo fluido e incerto. Eles
têm por si mesmo de maneira autônoma normatividade,
ou seja, vinculam. Podendo ser usados como
fundamentos para invocar direitos e atribuir deveres;
 Defende a reinserção dos valores e dos conceitos morais na
análise jurídica e no raciocínio dos juízes.
o Ao juiz, não lhe caberá mais apenas uma função de
conhecimento técnico, ele, como interpretem torna-se
um co-participante do processo de criação do Direito,
fazendo valorações de sentido e escolhendo uma para
fixar.
1.3. Marco teórico – Força normativa da Constituição
 A Constituição era vista como documento essencialmente
político onde havia atuação para poderes públicos, em
especial o Legislativo – inspirado por ela.
o Servia basicamente como fundamento para as leis
ordinárias regras formais de organização do
ordenamento; servia como parâmetro para a produção
legislativa. Era utilizada apenas como um aspecto
formal e não material.
 A Constituição passou a ter força normativa, o status de
norma jurídica foi atribuída à ela.

 Houve uma expansão da jurisdição constitucional
o O centro do Neoconstitucionalismo é o poder
judiciário, este está um degrau acima do executivo e
do legislativo, uma vez que tem a capacidade de
controlar a constitucionalidade dos atos dos outros. O
lugar de proteção da constituição é o poder judiciário;
 Nova interpretação da constituição.
o Insuficiência da subsunção: Subsunção é um tipo de
raciocínio jurídico que a partir de uma premissa
abstrata verifica-se se um fato de uma situação
concreta se encaixa ou não em uma situação concreta.
o Este tipo de raciocínio não é suficiente, pois quando
precisa invocar valores, conceitos morais, normas
indeterminadas a subsunção não é suficiente. Dessa
forma o pós- positivismo propõe criar uma técnica
paralela que ajuda a lidar com esses outros
fenômenos denominada de técnica da ponderação ou
do sopesamento
 Foi inaugurado um novo modelo de Constituição em que essa
passava a ser suprema.
o A Constituição apresenta nessa nova perspectiva,
dupla função: servir de ordem para o sistema jurídico
quanto para a sociedade.
o Essa nova formula envolvia a constitucionalização
dos direitos fundamentais, protegidos pelo judiciários
e imunizados contra a pelotica majoritária.
o Um caso não será mais apenas decidido com base nas
regras, a aplicação do direito também passa a utilizar
os princípios.
2. Definições:
2.1. O Neoconstitucionalismo representa a transformação da
constituição como guia para a produção legislativa para um
documento de valor normativo que faz proteção a minoria.
2.2. Entendido também como um conjunto de transformações
que alteram a concepção de Constituição, bem como o ato
interpretativo do sistema jurídico.
3. Características:
 Positivação dos direitos fundamentais
 Onipresença de regras e princípios
 Inovações interpretativas
 Desenvolvimento da justiça distributiva
 Força normativa da Constituição – “constituição como valor
em si”
 Proteção das minorias
 Constitucionalização da ordem jurídica

Neoconstitucionalismo latino-americano
1. Breve panorama geral
O Neoconstitucionalismo é um fenômeno especialmente europeu e
mais recentemente americano e canadense denominado por new
constitucionalismo e esse enquanto fenômeno europeu e norte-
americano, desconhece os problemas da sociedade latino-americana,
aos quais tem na sua composição social indígenas, negros e outros
grupos que almejam por reconhecimento.
A pirâmide socioeconômica das nações da América Latina é
desequilibrada em comparação com europeias, portanto falar em
direitos sociais em ambas as nações não apresentam o mesmo
significado, uma vez que o direito social para as nações da América
latina, muitas vezes, significa sobrevivência e manutenção da
dignidade mínima para poder viver.
A implantação das ditaduras políticas como forma de cura para as
desigualdades radicais não foi uma solução que depositava na
constituição o caminho, pois os países da América Latina colocavam
a soberania nas mãos de um chefe político ou nas mãos de um
partido, de uma elite fechada. Vários desses países que apostaram
nessas soluções autoritárias não acreditavam no potencial das
constituições para proporcionar a igualdade e a ordem social.
2. Histórico - A partir de 1820
 As constituições latino-americana começam a aparecer em
meados do sec. XIX, com a descolonização/ independência
política das colônias. Implicam na lógica monolítica/unitária,
onde o Estado é uma só nação e com uma só constituição.
 Paradoxo: afirmar a independência e recorrer aos modelos
europeus como fonte de inspiração e de imitação. Ao mesmo
tempo, que se buscava se livrar da ex-metrópole e afirmar
com clareza que não é mais colônia, apresentando suas
próprias regras, ao mesmo tempo não se tem pensamento
constitucional no Brasil.
2.1. 1º fase (1820 – 1870): constitucionalismo de estabilização
 Primeira fase do constitucionalismo latino americano
denomina-se constitucionalismo de estabilização em
decorrência da necessidade de estabilizar o país e garantir a
independência, de modo a mostrar que essa não foi apenas
um mero discurso.
 Nesse momento houve a necessidade das nações
independentes terem a sua própria constituição e não
interessava que fosse boa, pois o Brasil e nenhuma outra
nação da América Latina tinham a preocupação em qualificar
as normas constitucionais.
o O problema é ter uma constituição que se faça
minimamente obedecida sem torna-la irrelevante; um
mero pedaço de papel.
 Se trata simultaneamente de constitucionalismo de
imitação/reprodução, vez que as constituições das nações
independentes foram baseadas, isto é, imitaram as
constituições dos Estados Unidos, França e Inglaterra,
 Paradoxo: afirmar a independência e recorrer aos modelos
europeus como fonte de inspiração e de imitação. Ao mesmo
tempo, que se buscava se livrar da ex-metrópole e afirmar
com clareza que não é mais colônia, apresentando suas
próprias regras, ao mesmo tempo não se tem pensamento
constitucional no Brasil.
 o Relação esquizofrênica coma as antigas metrópoles,
pois elas se libertam, ganham independência, mas vão
imitar as metrópoles
2.2. 2º Fase (1870 – 1900): Constitucionalismo Pactuado
 Embora o constitucionalismo de estabilização organizasse o
Estado, este mantinha fora da vida política a massa da
população que não detinha o poder de voto, de criação de
partidos, representação política e verdadeiros direitos
individuais.
 Durante um curto período se teve o resultado eficaz tendo em
vista que as nações independentes não voltaram a ser
colônias, Mas após a primeira fase a sensação que se tinha
era que as constituições não transformaram em nada a
estrutura social e econômica desses países (problema da
primeira fase). Portanto, a primeira fase não deu conta do
problema da desigualdade.
 Existiram em várias nações que nasceram na forma de
império, a disseminação de ideais republicanas (acesso do
povo a coisa pública, por meio de acesso amplo aos cargos
públicos, por exemplo) que apareceram ao lado da crítica à
concentração de poder nos impérios.
o Brasil: os ideais republicanos vão ser
absolvidos/encampados pela elite política, que não
era fechado com o Imperador D. Pedro II, dessa
forma a república no final do sec. XIX a partir de um
pacto das elites políticas que deu uma impressão de
que o poder político era acessível, mas, no fundo
essas elites mantiveram as mesmas práticas políticas,
inauguram a república velha.
o Latinos americanos: tinham constituições baseadas
em acordos políticos entre as forças políticas
predominantes: liberais e conservadores.
 Havia uma tenção entre as elites e aqueles que tem a
pretensão de enfrentar desigualdade socioeconômica. As
elites tomaram conta e produziram novas constituições
o Brasil: transformaram o Império em República, mas
tudo isso sem consequências práticas, sem resultados
efetivos e sem transformações reais.
o As constituições eram uma síntese imperfeita dos
objetivos dos liberais e dos conservadores.
 Dessa forma se tem o chamamos de Constitucionalismo
pactuado, negociado dentro das elites, por isso
constitucionalismos elitizado, excludente.
 As constituições latino-americanas do séc. XX versava
exclusivamente sobre a organização e os limites do poder.
 A Constituição República Brasileira (1891), detinha várias
coisas, inclusive os direitos aos pobres, mas esses estavam
presentes somente no papel. A organização do poder político
e o sistema do Brasil não refletia em nada aquilo que o texto
prometia de maneira oficial, sendo esse meramente
simbólico.
o A Constituição foi elaborada em função de uma
realidade que não era própria da sociedade brasileira.
o Nasce inefetiva, pois entrega o que promete e ao
invés de se pensar nos problemas do Brasil, antes
buscou-se fazer primeiro o texto.
 O problema não é mais estabilizar uma nação independente e
sim fazer que a constituição seja relevante para a vida
política e ser levada em conta pela sociedade civil.

2.3. 3º fase (1900-1930): Crise/ Vazio
 Durante esse período, o sentimento da América Latina era
que as constituições não mudam e não servem para nada, são
meros disfarces simbólicos e instrumentos de manutenção
das elites econômicas.
 Nesse momento os textos constitucionais estavam tidos como
irrelevantes, porém durante esse período estava em evidência
os movimentos sociais, mídia, comunicação social e os
intelectuais
o Abrem espaço para o pensamento crítico com
análises de como pode se ter constituições que
impactem na vida social e política dos brasileiros).
 A Constituição é indiferente para a vida política, é o
momento de vazio concreto de crise completa constitucional.
A história do constitucionalismo com um todo e
principalmente na América latina é uma história de morte e
renovação das constituições.
2.4. 4º fase (1930-1980): Constitucionalismo Social
 O México é o primeiro país que se dá conta dos problemas
dos trabalhadores em 1917 e a Constituição mexicana
conseguiu integrar demandas sociais ao acordo liberal-
conservador.
 Posteriormente a América Latina reconheceu que era
necessário reconsiderar o modelo radical que havia sido
marginalizado das discussões constitucionais prévias
o A energia do constitucionalismo social se espalha na
América Latina provocando as preocupações sociais
agregando-as a suas matrizes legais. Mas ainda
assim, apenas em termos de organização do poder,
esta foi alterada.
o Os direitos sociais e o fenômeno da proteção sócio
econômico primeiro dos trabalhadores e depois dos
demais, se manifesta no Brasil nas leis
infraconstitucionais.
o Estado de bem-estar vai passar por uma profunda
crise nos anos 70, denominada de crise dos meios,
onde estes perdem completamente a capacidade de
financiamento. O estado de bem-estar morre porque
não está mais ao alcance das nações europeias e da
América Latina a palavra é política de focalização,
pois não há mais como universalizar.
 A América latina adotou do ponto de vista dos governos,
soluções autoritários ou soluções populistas, ou se
implantaram governo socialista, que muitas vezes era
também autoritário ou populista, ou adotou um reformismo
social moderado, ou um pacto democrático elitizado
o As elites continuam governando de portas fechadas
para o acesso amplo do povo e de classes
socioeconômica inferiores às posições de poder.
o Alguns pontos de democracia como eleições livres,
respeito aos princípios majoritários, alguma
participação social em conselhos, por exemplo,
foram mudadas, mas nada que permita o acesso
amplo as grandes posições.
2.5. 5º fase (1980): Novo Constitucionalismo Latino
Americano
 O novo constitucionalismo latino americano é a tentativa de não vai dar em nada, vai ser mais uma promessa não cumprida, se
olhar para os problemas específicos e próprios da américa latina. não acharem a chave da sala de maquinas para transformar quem
exerce o poder, como ele é exercido, tornar o poder político no alto
3. Características escalão mais poroso.
• Vai precisar enfrentar em seu texto os requisitos autoritários;
• Propõe a elaboração de novos textos/ constituição - movimento
de intervenção, diferenciando-se assim do
Neoconstitucionalismo que só propôs uma nova forma de
interpretação.
• Radicalização da soberania popular: as elites continuam sendo
privilegiadas mesmo com a entrada e saída da constituição,
portanto é preciso reservar lugar no parlamento para os pobres,
para os índios, por exemplo, ou seja, é tornar efetivo tudo o que
foi promessa, a participação do povo no exercício político;
• Plurinacionalidade: o N.C.L.A diz que dentro de um único
Estado podem existir várias nações (a nação se define pela
identidade cultural, étnica e às vezes históricas e não pela
delimitação geografia). Esses grupos querem reconhecimento,
querem lugar especial no parlamento, querem soberania dentro
da soberania.
4. Problema:
As portas da sala de máquina das Constituições latino-americanas,
segundo Gargarella, foram trancadas com cadeados e as elites
políticas da América Latina detém a chave para a organização
institucional do poder. Diz o autor que botar a mão na engrenagem
para ela funcionar com outros objetivos não estão em nosso poder,
então ele diz que o constitucionalismo latino americano na fase atual