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Eduardo Matysiak
POLÍTICA
Da Redação
As palestras do procurador-chefe da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba estão sob escrutínio.
Na edição da semana passada, o repórter André Barrocal revelou em CartaCapital que a Unimed foi uma das
melhores clientes de Deltan Dallagnol e sugeriu que isso poderia ter ligação com o fato de a Lava Jato nunca ter
investigado a fundo os convênios médicos, diferentemente do que fez com as empreiteiras.
Deltan foi estrela de encontro com bancos e investidores organizado pela XP ‘com compromisso de
con dencialidade’
O procurador Deltan Dallagnol foi o destaque de um evento secreto com representantes dos bancos e
investidores mais in uentes do Brasil e do exterior.
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31/07/2019 Dallagnol soube antes do resultado de investigação sobre suas palestras: "Não vai dar em nada" - Viomundo
A representante da XP que contactou o coordenador da força-tarefa da Lava Jato prometeu que o bate-papo
seria “privado, com compromisso de con dencialidade”, e destacou que já havia feito um evento parecido com o
ministro do Supremo Luiz Fux: “não saiu nenhuma nota na imprensa”, garantiu.
Dallagnol aceitou e pediu que a XP conversasse com a agência que organiza os eventos pagos do procurador, a
Star Palestras, que acabou coordenando a contratação.
O Intercept já revelou, com base nos chats secretos da Lava Jato, que Deltan Dallagnol disse ter faturado quase
R$ 400 mil com palestras e livros em 2018.
Entre as empresas que pagaram pela presença do procurador, está uma investigada pela própria Lava Jato.
Dallagnol e seus colegas discutiram, no Telegram, o potencial risco para suas imagens ao se sentarem com
banqueiros, mas acabaram decidindo que valia a pena.
“Achamos que há risco sim, mas que o risco tá bem pago rs”, escreveu Dallagnol em um chat privado com seu
colega na força-tarefa, o procurador Roberson Pozzobon, em fevereiro de 2018.
Pozzobon pediu um tempo: “Mas de fato é nessa questao dos bancos que a coisa é mais sensível mesmo. Vamos
conversar com calma depois”.
Reuniões secretas com banqueiros já provocaram polêmicas com vários políticos e funcionários públicos em
outros países.
Nos EUA, por exemplo, a recusa de Hillary Clinton em publicar transcrições de seus discursos remunerados para
bancos de investimento de Wall Street — e o timing de doações feitas a sua fundação lantrópica — se tornou
uma linha de ataque forte e recorrente contra sua campanha fracassada pela presidência em 2016.
A prática de palestras remuneradas é vedada por entidades como o Departamento de Justiça dos EUA e o
Tribunal Penal Internacional.
Os detalhes sobre o evento com Dallagnol, realizado no dia 13 de junho de 2018 no escritório da XP, em São Paulo,
são relatados em conversas privadas que fazem parte do pacote de mensagens que começamos a revelar no
último dia 9 de junho.
O material reúne conversas mantidas pelos procuradores da Lava Jato em vários grupos do aplicativo Telegram
desde 2014.
O Intercept, junto com a Folha de S.Paulo, revelou este mês um plano de Dallagnol para lucrar com palestras
junto com Roberson Pozzobon, contando com a ajuda de suas esposas.
“Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e
visibilidade”, falou Dallagnol em um chat com sua esposa.
O convite da XP Investimentos chegou a Dallagnol via Débora Santos, que se apresenta como “consultora/
analista de política e Judiciário” da empresa.
No começo da conversa, ela diz que é esposa de Eduardo Pelella, que era o chefe de gabinete e braço direito de
Rodrigo Janot quando Procurador-Geral da República.
Antes de trabalhar na XP, Santos era assessora particular do Ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF.
“Queria te convidar para um bate papo com investidores brasileiros e estrangeiros aqui em SP”, escreveu Santos.
Dallagnol explicou que já tinha um evento agendado com a XP e pediu para Santos entrar em contato com sua
secretária, mas mostrou mais interesse após a consultora explicar a natureza do evento.
“Seria um público mais seleto. CEOs e tesoureiros dos grandes bancos brasileiros e internacionais”, ela detalhou.
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Débora Santos – 18:04:57 – JP Morgan Morgan Stanley Barclays Nomura Goldman Sachs Merrill Lynch Cresit
Suisse Deutsche Bank Citibank BNP Paribas Natixis Societe Generale Standard Chartered State Street Macquarie
Capital UBS Toronto Dominion Bank Royal Bank of Scotland Itaú Bradesco Verde Santander
Santos – 18:06:17 – Esses seriam os convidados. Nem todos comparecem.
Santos – 18:06:36 – Você deve estar agendado para o Expert, uma conferência grande que realizamos em
setembro.
Santos – 18:07:42 – Esse bate-papo é privado, com compromisso de con dencialidade, onde o convidado ca à
vontade para fazer análises e emitir pareceres sobre os temas em um ambiente mais controlado.
Santos – 18:08:17 – Semana passada recebemos o presidente do TSE, ministro Fux, por exemplo e não saiu
nenhuma nota na imprensa.
Santos – 18:09:25 – Nem sobre a presença dele na XP.
Santos – 18:09:43 – Assim, já aconteceu com vários personagens importantes do cenário nacional, como você.
XP e Dallagnol não con rmaram os participantes do evento para o Intercept, mas na lista de convidados havia
bancos que já foram investigados pela Lava Jato.
Deltan Dallagnol – 23:06:04 – Mas me esclarece melhor: Vcs têm encontros regulares sem data de nida? Ou
querem fazer um encontro especí co com alguma pauta? O ideal seria eu participar de um encontro que já
exista…
Débora Santos – 10:33:53 – Fazemos econtros regulares com atores do mercado para fazer análises conjunturis
sobre temas da atualidade. Estamos na fase de ciclo de encontros sobre Lava Jato e Eleições, por isso estivemos
com o ministro Fux, na semana passada, e estamos negociando data com os ministros Barroso e Alexandre de
Morais tb.
Santos – 10:34:49 – Além de integrantes do Judiciário, estivemos nas últimas semanas com algumas lideranças
políticas e cientistas políticos.
Santos – 10:35:33 – A reunião com vc se coloca nesse contexto do ciclo de debates sobre eleições, lava jato e
conjuntura política em 2018.
Santos – 11:24:14 – A principal diferença entre a conferencia que vc fará em setembro e dessa reunião privada é o
tipo de público. Na conferencia ampliada, é um público heteregeneo que compreende o cenário mais amplo,
sem aprofundamentos, meio que o que já está nos jornais. O público dessas reuniões privadas é mais
quali cado, se aprofunda em conceitos de debates.
O ministro Fux não respondeu ao Intercept. Já os ministros Barroso e Moraes negaram ter participado em
eventos do tipo.
Deltan Dallagnol – 23:08:33 – Débora, a ida dos Ministros é remunerada como palestra?
Dallagnol – 23:09:01 – Os encontros são convocados então tendo em vista um convidado especí co, certo?
Débora Santos – 23:42:49 – Sim, fazem parte de um projeto que vem sendo desenvolvido ao longo do ano, mas
são convocadas rodadas para cada convidado
Santos – 23:44:40 – Temos como hábito respeitar a privacidade dos nossos convidados
Dallagnol – 23:55:23 – Opa entendo perfeitamente.
Dallagnol – 23:55:44 – Debora vou pedir para a SUPRIMIDO que me ajuda com essas palestras para falar com Vc.
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Àquela altura, o procurador já sabia muito bem seu valor no mercado de palestras.
Em várias conversas anteriores, Dallagnol discutiu a remuneração de outras guras públicas – ele queria
estabelecer seu próprio preço.
Em um documento intitulado “Projeto palestras.docx”, criado em dezembro de 2015 e editado pela última vez
em fevereiro de 2016, Dallagnol anotou três conversas relevantes:
A XP se recusou a con rmar a existência do evento secreto ou de pagamentos a Dallagnol por sua participação.
A Star Palestras, que agencia os eventos do procurador, respondeu que os dados sobre clientes são privados e
“por isso não fornecemos informações”.
Ainda a rmou que “se conduz em sua atividade segundo a lei e a ética”.
Mas é certo que o evento secreto aconteceu. Com a aprovação da XP, Dallagnol levou um integrante da
Transparência Internacional.
A organização, que se descreve como “dedicada à luta contra a corrupção”, juntou-se aos procuradores da força-
tarefa para criar as “Novas Medidas contra a Corrupção”, e con rmou que Guilherme Donega, consultor do
Programa de Integridade em Mercados Emergentes, esteve presente e falou sobre a iniciativa.
Perguntado sobre o con ito ético de reuniões privadas de procuradores – possivelmente remuneradas – com
bancos, a Transparência Internacional respondeu que “devem ser evitadas atividades de qualquer tipo – mesmo
as privadas – que possam comprometer a integridade, equidade e imparcialidade necessárias à função que
exercem”.
“Em caso de dúvida, recomenda-se que esta seja levada a um órgão competente para um parecer prévio”,
acrescentou a entidade, que informou ainda que Donega não foi remunerado por sua participação.
Um ano antes do encontro secreto com grandes investidores, Dallagnol já tinha dado uma palestra numa
conferência da XP Investimentos.
Ele recebeu R$ 33.250. O evento aconteceu quando as palestras do procurador já eram foco de muito escrutínio
da imprensa e do próprio Ministério Público.
A preocupação, à época, era tanta que um assessor sugeriu que seria uma boa ideia barrar a imprensa dos
eventos em São Paulo e no Rio:
Assessor 1 – 00:21:06 – na verdade, não sei se é uma boa ideia a imprensa cobrir estas palestras em SP ou no Rio.
acho que vale a pena qdo é em cidades cuja imprensa não costuma ter acesso a vcs. mas em SP e Rio o risco de
uma cobertura mais “crítica” é maior.
Assessor 1 – 00:21:24 – não achei ruim, mas não foi tão positivo assim.
Deltan Dallagnol – 00:21:25 – pois é, a ideia era não ter
Dallagnol – 00:21:32 – acho que eles se in ltraram
Dallagnol – 00:21:49 – alguém até perguntou: como conseguiram credenciais?
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Dias depois, a corregedoria do Ministério Público abriu uma investigação após a imprensa descobrir que uma
agência estava pedindo até R$ 40 mil por palestras do procurador. Ele a rmou que recebeu R$ 219 mil por
eventos no ano anterior.
O que não se sabia, até agora, e que os chats da Vaza Jato revelam, é que o próprio Dallagnol editou e aprovou a
nota em apoio a si mesmo antes da publicação.
O procurador debateu o texto em conversas privadas com a procuradora e diretora cultural da ANPR, Lívia
Tinoco.
Além de mandar a nota para aprovação de Deltan, Tinoco repassou informações de bastidores para o procurador,
antecipando o resultado da investigação contra ele: “não vai dar em nada”.
Tinoco estava certa: a investigação sobre a comercialização das palestras de Dallagnol foi arquivada menos de
dois meses depois.
À época, Dallagnol passou várias horas conversando com seus assessores de comunicação para tentar conter os
danos públicos à sua reputação causados pelas palestras.
Ele queria criar uma estratégia para responder aos jornalistas, mas parecia não entender exatamente os riscos da
decisão.
O procurador queria postar uma mensagem em que deixava claro que fazia “o que quiser com o dinheiro das
minhas palestras”.
Indignado com o que chamou de “acusações absurdas”, Dallagnol desa ava os políticos críticos a ele a mostrar
que doavam “para a sociedade seu dinheiro”, como ele a rmava fazer, em vez de “drenar recursos públicos”.
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Deltan Dallagnol – 12:33:07 – Mas por que a polêmica sobre isso é ruim?
Dallagnol – 12:33:26 – Vai reforçar coisa boa
Assessor 1 – 12:34:20 – não vai, esse é que é o problema. o que chama a atenção é o negativo, não o positivo.
Assessor 1 – 12:34:56 – Lula não pode dar palestra, procurador que ganha super salário pode…
Assessor 1 – 12:35:32 – procurador fatura e ainda tenta posar de bom moço…
Em nenhum momento nos chats Dallagnol cogitou parar de receber para palestrar.
Apesar das críticas, da investigação na corregedoria, das matérias jornalísticas e do risco à sua reputação relatado
pela assessoria, Dallagnol e seus colegas continuavam empolgados com a perspectiva de novas palestras
remuneradas.
Em fevereiro de 2018, – depois da palestra pública na XP e antes do encontro secreto com os bancos – o
procurador relatou a Roberson Pozzobon um novo convite da XP e pareceu se importar pouco com as
considerações éticas e as consequências para sua imagem.
Deltan Dallagnol – 15:51:25 – Robito, recebemos o seguinte convite: A XP Investimentos quer você de novo este
ano mas quer fazer uma painel com você, Dr. Carlos Fernando, Diogoe Robinho. Querem os 4. Alguém da XP irá
fazer perguntas. Não é show??? Vocês fariam isso, certo? Eu quei super animada, acho que vai ser o melhor
painel EVER! Temos que ver uma data entre 20 e 22 de setembro. Me fala o que vc acha, por favor? Pra Vc
ofereceram 25.000. Tem risco de imagem, mas CF e eu achamos que dá pra irmos, apesar do risco.
Roberson Pozzobon – 16:28:37 – Castor também achou que nao há risco, Delta?
Dallagnol – 16:58:41 – castor respondeu: “vou car rico”
Dallagnol – 16:58:54 – Achamos que há risco sim, mas que o risco tá bem pago rs.
Dallagnol – 16:59:16 – Cara, olho o quanto apanho publicamente. Uma a mais não vai fazer diferença rs.
Dallagnol – 16:59:21 – (pra mim)
Dallagnol – 16:59:30 – Não sendo nada errado…
Dallagnol – 17:02:41 – Ah, CF acha que tem mais risco no caso de Vc e Júlio, que estão sentando com os bancos
Dallagnol – 17:02:58 – Podemos conversar sobre isso depois, se quiser, mas gostaria de dar resposta, se possível,
até amanhã
Pozzobon – 17:37:15 – kkkkkkk
Pozzobon – 17:37:34 – Beleza!
Pozzobon – 17:37:48 – Vamos conversar sim
Pozzobon – 17:39:09 – Não vejo diferença, pois o procedimento é da FT
Pozzobon – 17:40:03 – Mas de fato é nessa questao dos bancos que a coisa é mais sensível mesmo. Vamos
conversar com calma depois
Pozzobon e Dallagnol aceitaram o convite e participaram do evento ao lado dos colegas Carlos Fernando dos
Santos Lima e Diogo Castor de Mattos.
A força-tarefa da Lava Jato não comentou o conteúdo da reportagem e enviou sua resposta padrão: “não
reconhece as mensagens que têm sido atribuídas a seus integrantes”, que “pautam sua conduta pela lei e pela
ética”.
Ironicamente, palestras remuneradas constituíram uma peça central no argumento da força-tarefa, sob o
comando de Dallagnol, para a quebra de sigilo scal e bancário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na sua decisão autorizando a quebra, o então juiz Sergio Moro escreveu que os valores altos — mesmo sem
indício de crime — eram su cientes para criar “dúvidas” e justi car a investigação: “Não se pode concluir pela
ilicitude dessas transferências, mas é forçoso reconhecer que tratam-se de valores vultosos para doações e
palestras, o que, no contexto do esquema criminoso da Petrobras, gera dúvidas sobre a generosidade das
aludidas empresas e autoriza pelo menos o aprofundamento das investigações.”
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O código de ética do Ministério Público brasileiro é mais ameno do que o de muitos de seus pares estrangeiros.
O Gabinete do Procurador do Tribunal Penal Internacional, por exemplo, veda a seus membros “aceitar
remuneração de qualquer fonte externa para qualquer publicação, palestra externa ou outro ato que esteja
relacionado aos propósitos, atividades ou interesses da Corte, como taxa de palestras, honorário ou outro abono”.
O Departamento de Justiça dos EUA também proíbe este tipo de atuação por parte de seus procuradores e
outros funcionários:
“Geralmente, um funcionário não pode ser [ nanceiramente] recompensado por falas ou textos que se
relacionem com seus deveres o ciais. Um assunto se relaciona com as funções o ciais de um funcionário se uma
parte signi cativa trata de um tema que foi atribuído ao empregado atualmente designado ou no último ano;
qualquer política, programa ou operação em curso ou anunciada do Departamento…”
O Departamento de Justiça também estipula que “um funcionário é proibido de participar de qualquer assunto
em que tenha interesse nanceiro”.
Na sua primeira palestra para a XP sobre “ética e Lava Jato”, Dallagnol brincou abertamente sobre o fato de
possuir ações da Petrobras e do BTG Pactual na Bolsa.
Essas regulações internacionais existem não apenas para diminuir o risco de corrupção nas entidades, mas — de
igual importância — para evitar a possibilidade de percepção de corrupção. “A percepção pública da ética dos
funcionários públicos é extremamente importante”, explica um livro didático sobre corrupção global endossado
pela ONU e pela Transparência Internacional. “Se o público acreditar, mesmo que erroneamente, que os
funcionários públicos são antiéticos, as instituições democráticas sofrerão com a erosão da con ança pública.”
A ombudsman do Banco Central da Europa pediu no ano passado que os líderes da instituição parassem de
participar de encontros fechados com grandes bancos privados.
Ela argumentou que a nova medida “inegavelmente ajudaria a reforçar a con ança do público no BCE”.
Ao criar regras rígidas, as instituições evitam situações em que seus funcionários possam ser tentados a
exibilizar normas éticas, mesmo que violações agrantes não ocorram.
Além disso, tentam impedir que a população enxergue funcionários públicos como pessoas de valores “ exíveis”,
a depender do pagamento.
Em alguns casos, Dallagnol e sua equipe claramente se mostraram cientes de potenciais armadilhas éticas em
trabalhos remunerados por terceiros e tentaram evitar aceitar dinheiro de entidades que estavam sob
investigação da Lava Jato.
Deltan Dallagnol – 01:10:37 – Caros, imagino que não esteja no radar pq nca ouvi falar, mas melhor garantir. O
Banco Pan está no radar pra algo? Eles entraram em contato com a Fernanda da Star pedindo palestra pra
semana de compliance deles
Dallagnol – 01:11:30 – Se não estiver, vou fazer, como zemos tb na XP… agora se estiver no radar, não
Júlio Noronha – 05:29:04 – Não está no radar. Mande ver
Em novembro de 2017, um assessor de comunicação de Dallagnol avisou que havia chegado “um pedido da
Federação Nacional dos Combustíveis para fazer uma entrevista”, mas acrescentou que a publicação era
pequena: “Não tem repercussão, seria mais para “ganhar ? ? pontos com o pessoal do setor, se interessar.”
Dallagnol respondeu: “to na dúvida se vale a pena falar algo”, e continuou: “É que z palestra pra eles. Eles
mandaram uma lista enorme de perguntas. Pedi pra mandarem 3 ou 4 que respondo rs”. A entrevista,
aparentemente, não aconteceu.
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31/07/2019 Dallagnol soube antes do resultado de investigação sobre suas palestras: "Não vai dar em nada" - Viomundo
Após a palestra secreta na XP Investimentos, seu contato com a empresa, Débora Santos, enviou uma série de
perguntas em off para Dallagnol, aproveitando o relacionamento estreitado no encontro.
“Olá, Deltan. Uma ajuda. Em off total, como vc avalia a decisão do Supremo de proibir as conduções coercitivas?”,
perguntou Santos em 14 de junho de 2018. Deltan respondeu, cauteloso: “postei no tt de madrugada até…
atacando pilares da LJ… como Fachin colocou, esse papo de garantias individuais é um discurso pra proteger
oligarquias. Coisa de capitalismo de compadrio”.
Em fevereiro de 2019, a contratante fez uma outra pergunta no Telegram: “Oi Deltan. Tudo bom. Em off, quais as
impressões de vcs sobre o novo juiz da LJ? Pode embarreirar os trabalhos? Vcs já se conheciam?” A XP parecia
querer cobrar a conta, buscando acesso privilegiado junto ao procurador. Dallagnol, desta vez, não respondeu.
No mesmo documento em que anotara, anos atrás, os valores de palestras cobrados por gurões da República,
Dallagnol mapeou os “próximos passos” de sua carreira de palestrante e escreveu uma nota para si mesmo.
Ele registrou: “Acho que onde eu posso agregar hoje é treinamento em setor de compliance e eventualmente
ética empresarial, mas precisaria estudar mais ética… complicado.” O estudo não teria feito mal.
A publicação traz uma coletânea de artigos produzidos por um dos maiores especialistas do Brasil no tema da
democratização da comunicação.
9 comentários
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Zé Maria
28 de julho de 2019 às 15h22
[…]
Até o vazamento das conversas, Dallagnol se escondia atrás da blindagem da mídia, da corregedoria do Ministério Público Federal e
do Conselho Nacional do Ministério Público, que se conformavam com declarações sem provas, de que a maior parte das palestras
era de graça e, óbvio, para o bem do Brasil.
O caso remete para um tema vizinho, o compliance, ou seja, as práticas que devem ser adotadas por organizações, para impedir
abusos ou atos de corrupção.
E, já que vigora o linguajar jurídico, há a necessidade de um full disclosure, ou seja, plena divulgação, para se avaliar o nível de
integridade dos agentes públicos, em respeito ao accountability*.
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31/07/2019 Dallagnol soube antes do resultado de investigação sobre suas palestras: "Não vai dar em nada" - Viomundo
[…]
A opinião pública merece ser informada, se um servidor público com poder de in uir nos destinos da política e do país, que
referendou a destruição de empresas e partidos, interferiu nas eleições presidenciais, estimulou os abusos da Lava Jato, segue
rigorosamente princípios do compliance, da accountability e de full disclosure.
*Accountability: Termo Anglo-Saxão que não possui correspondente no Idioma Português, que signi caria Prestação de Contas,
Transparência, por Responsabilidade Ética na Administração.
Essa palavrinha foi usada pela Operação Lava Jato, para que a Petrobras fosse capturada pelo Departamento de Justiça (DoJ) dos
EUA.
Vêm daí as condições impostas pelo DoJ no acordo com a Empresa Brasileira, obrigando a Petrobras a repassar informações
con denciais de negócios ao Governo dos EUA.
https://www.slideshare.net/lcazenha/acordo-com-o-doj
https://www.viomundo.com.br/denuncias/martines-lava-jato-se-tornou-canal-para-eua-terem-acesso-a-informacoes-da-petrobras-
leia-o-acordo.html
Responder
Zé Maria
28 de julho de 2019 às 19h18
https://twitter.com/luisnassif/status/1155436871092248577
https://jornalggn.com.br/justica/bancos-convidados-para-reuniao-com-dallagnol-sao-os-mesmos-que-compraram-a-br-
distribuidora/
Zé Maria
28 de julho de 2019 às 19h32
Da FUP
Alguns dos bancos que entraram na oferta de ações da BR Distribuidora ou coordenaram a operação na Bovespa, na terça-
feira (23), também podem ter estado com o procurador do Ministério Público Federal Deltan Dallagnol, em reunião privada em
13 de junho de 2018, organizada pela XP Investimentos, para comentar sobre o tema ‘Lava Jato e Eleições’.
O objetivo foi reunir representantes de bancos e investidores nacionais e estrangeiros em um encontro secreto para discutir
eleições e conjuntura política com personalidades públicas, como o ministro do STF, Luiz Fux, e o procurador da Lava Jato.
Entre os representantes de bancos e investidores convidados para o encontro, estão alguns cujos bancos já foram citados na
própria “lava jato”.
XP Asset Management, do Grupo XP, e Itaú, que compraram ações na privatização da distribuidora, e os bancos JP Morgan, Citi
e Credit Suisse, como coordenadores da operação, segundo apuração do jornal Valor Econômico, também são citados como
convidados dessa reunião de caráter privado e clandestino, conforme vazamento do Intercept, divulgado ontem (26) no blog
do jornalista Reinaldo Azevedo.
“Queria te convidar para um bate papo com investidores brasileiros e estrangeiros aqui em SP”, a rma a Deltan a assessora da
XP Investimentos, Débora Santos, em 17 de maio de 2018. “Me passa uma lista de quem são?”, pede Dallagnol.
“JP Morgan Morgan Stanley Barclays Nomura Goldman Sacha Merrill Lynch Cresit Suisse Deutsche Bank Citibank BNP Paribas
Natixis Societe Generale Standard Chartered State Street Macquarie Capital UBS Toronto Dominion Bank Royal Bank of
Scotland Itaú Bradesco Verde Santander”, diz Débora. E depois: “Esses seriam os convidados. Nem todos comparecem”,
a rmou.
Na sequência do diálogo pelo smartphone, Débora esclarece sobre o espírito do encontro. “Esse bate-papo é privado, com
compromisso de con dencialidade, onde o convidado ca à vontade para fazer análises e emitir pareceres sobre os temas em
um ambiente mais controlado”, a rma a assessora da XP.
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31/07/2019 Dallagnol soube antes do resultado de investigação sobre suas palestras: "Não vai dar em nada" - Viomundo
Na operação de compra da BR Distribuidora, os investidores arremataram as ações da empresa por R$ 9,6 bilhões, em dois
lotes. A operação foi feita sem agregar o valor do controle do mercado de combustíveis no país, que é do que se trata quando
se fala de BR Distribuidora. “Foi uma simples venda de ações na Bolsa de São Paulo cujo resultado ao m do dia foi a Petrobras
“vender” o controle da BR Distribuidora, pelo preço de ações no varejo, SEM CONSIDERAR O VALOR DO CONTROLE”, escreveu
neste sábado (27/07) Andre Motta Araujo, em artigo no site GGN.
A Petrobras detinha 71,24% das ações da distribuidora, e com a operação desta semana deve car com 37,5%, o que signi ca
que a empresa deixa de ser estatal para ter seu capital pulverizado em bolsa.
Em suas redes sociais, o deputado federal Paulo Pimenta (PT/RS) também faz um alerta sobre a gravidade desses fatos:
https://www.facebook.com/deputadofederal/videos/405021613454427/
https://www.fup.org.br/ultimas-noticias/item/24242-bancos-que-compraram-a-br-distribuidora-podem-ter-participado-de-
reuniao-secreta-com-dallagnol
Dado
27 de julho de 2019 às 13h04
Infelizmente os coxinhas sao uns boca aberta e uns mal carater. E os outros servidores publicos podem dar palestras remuneradas
em pleno horario de trabalho ?
Isso é imoral, desonesto e corrupçao bem so sticada pq é uma leizinha da carreira deles que permite esse desvio de funçao. E o que
é pior perseguiram o Lula por palestras, mas detalhe que o Lula, o Obama, O Bill Clinton ja haviam deixado a presidencia de seus
paises há muitissimo tempo qdo começaram a palestrar.
Convenhamos que dar palestra remunerada e secreta para a XP nao é nada honesto, ainda mais o FUX que é ou era presidente do
TSE. Isso é completamente imoral. Quer dizer entao que a XP tem reuniao privada so para banqueiros e palestras para os trouxas em
geral que nao sao banqueiros e se contentam com nota de jornal.
Realmente os brasileiros sao uns trouxas. Tá aí o resultado de car endeusando quem nao é e nunca será Deus. Nao passam de
picaretas, 171.
Vire procurador e turbine seu salario com palestras remuneradas.
Responder
MARINALVA
27 de julho de 2019 às 12h32
Eleito com um discurso de moralidade e de combate a privilégios, Jair Bolsonaro repete a prática que criticava; para o casamento do
lho Eduardo Bolsonaro, realizado em maio, um helicóptero da FAB foi mobilizado para transportar familiares do clã, que
comemoram nas redes; assista
247 – Eleito com a promessa de moralidade e de combate a privilégios, Jair Bolsonaro repete a mesma prática que criticava:
Familiares do presidente de extrema-direita utilizaram helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir ao casamento do deputado
Eduardo Bolsonaro, lho de Bolsonaro e cotado para assumir o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
Um sobrinho do presidente, identi cado como Osvaldo Campos, fez uma transmissão no Facebook junto com outros familiares para
registrar o momento. No vídeo também aparece o deputado Hélio Lopes (PSL-RJ), conhecido por acompanhar Bolsonaro em todos
os eventos públicos.
A denúncia foi feita nas redes sociais pelo deputado Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara.
Pode isso, Arnaldo ? Essa é a nova política? Festa de casamento com helicópteros da FAB ??
Responder
XUF
27 de julho de 2019 às 07h32
https://youtu.be/Y05Gb9rs3Aw
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Manuela
27 de julho de 2019 às 06h27
PT é o lixão tanto da sociedade brasileira como de toda a cultura brasileira. São todos certamente porraloucas: o PT e o Petismo.
https://www.viomundo.com.br/politica/dallagnol-soube-antes-do-resultado-de-investigacao-sobre-suas-palestras-nao-vai-dar-em-nada.html?utm_medium=popup&utm_source=notification&utm_campaign=site 10/12
31/07/2019 Dallagnol soube antes do resultado de investigação sobre suas palestras: "Não vai dar em nada" - Viomundo
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Zé do rolo
27 de julho de 2019 às 04h04
Responder
Sérgio
26 de julho de 2019 às 22h47
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