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PROPRIEDADE INTELECTUAL

1. Importância

A proteção à propriedade intelectual abrange não só os direitos relacionados à


Propriedade Industrial (marcas, patentes, desenhos industriais) e o Direito Autoral,
como outros direitos sobre bens imateriais.

Sua aplicação nos negócios de Franchising é imensamente maior do que a atenção


que lhe é dispensada.

Apenas para que possamos citar alguns exemplos, são objeto de proteção por
propriedade intelectual:

1. Marcas, no Brasil e exterior;


2. Trade Dress (ou conjunto-imagem);
3. Projetos Arquitetônicos;
4. Software
5. Personagens;
6. Direitos personalíssimos, como nome e imagem de uma pessoa;
7. Produtos de marketing;
8. Design de jóias, vestuário, mobiliário;
9. Invenções;
10. Outros.

Assim, essa cartilha tem por objetivo munir o Franqueador de uma primeira “pincelada”
a respeito dos temas, os quais, evidentemente, merecerão ser aprofundados caso-a-
caso.

Ressaltamos também que a presente cartilha não dispensa a recomendação de o


empresário buscar assessoria de um consultor ou advogado especializado na área.

2. Propriedade Industrial

A. Marcas

i. No Brasil

De acordo com a Lei de Propriedade Industrial – n. 9279/96 – LPI, marca consiste em


todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e
serviços, e/ou certifica a conformidade destes com determinadas normas ou
especificações técnicas. As marcas podem ser compostas apenas por palavras,
combinação de palavras, letras e/ou algarismos, sem apresentação fantasiosa; por
desenho, imagem, formas fantasiosas em geral; pela forma plástica de um objeto ou
pela combinação de todos esses elementos, por exemplo.

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As marcas são essenciais para permitir que o consumidor possa distinguir os produtos
e serviços de uma rede de franquia dos produtos e serviços de seus concorrentes.
Além disso, a sua identificação pelo consumidor pode agregar valor aos produtos e
serviços oferecidos pela franquia.

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (“INPI”) é o órgão responsável por


analisar e registrar marcas. O interessado em proteger uma marca deve depositar um
pedido de registro, indicando a marca desejada e os produtos e/ou serviços de
interesse. Depósito é o nome do ato de apresentação de um pedido de registro de
marca (ou de outro direito de propriedade industrial, como patente ou desenho
industrial) no INPI. Cada pedido de registro identifica apenas uma marca, em apenas
uma forma de apresentação (nominativa, mista, figurativa ou tridimensional), com uma
natureza (de produto, serviço, certificação ou coletiva) e em apenas uma única classe
de produto ou serviço, de acordo com a classificação internacional de produtos e
serviços, em vigor.

A classificação internacional de produtos de serviços de Nice possui uma lista de 45


classes com informação sobre os diversos tipos de produtos e serviços e o que
pertence a cada classe. O sistema de classificação é dividido entre produtos que estão
nas classes 1-34 e serviços que estão nas classes 35-45. As listas de classificação
estão disponíveis para consulta no portal do INPI.

A marca de produto visa distinguir produtos de outros idênticos, semelhantes ou afins.

A marca de serviço visa distinguir serviços de outros idênticos, semelhantes ou afins.

A marca coletiva visa identificar produtos ou serviços provenientes de membros de um


determinado grupo ou entidade.

A marca de certificação visa atestar a conformidade de produtos ou serviços a


determinadas normas ou especificações técnicas

Quando registrada, a marca garante ao seu proprietário o direito de uso exclusivo no


território nacional em papéis, impressos, propaganda e documentos, em seu ramo de
atividade econômica. A proteção conferida pelo registro vigora pelo prazo de dez anos
contados da data da sua concessão, renováveis por períodos iguais e sucessivos,
indefinidamente, desde que requerida de acordo com as exigências legais e pagas as
respectivas contribuições para a renovação.

A prorrogação deve ser pedida durante o último ano de vigência com o comprovante
de pagamento da respectiva taxa cobrada pelo INPI. Em caso de perda do prazo de
renovação, há a concessão de um prazo adicional de 6 meses (contados da data do
vencimento), mediante o pagamento de uma taxa extra, para a prorrogação do
registro. A comprovação do registro da marca é feita através de um Certificado de
Registro expedido pelo próprio INPI.

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Não há vedação na lei ao uso de uma marca não registrada ou mesmo não
depositada. Ocorre que a tal marca pode não ser conferida a devida proteção, pois no
Brasil, via de regra, aquele que primeiro apresenta a marca para registro consegue os
direitos de exclusividade sobre ela.

Existem algumas exceções, que podem conferir direitos àqueles que utilizam a marca
há certo tempo, ainda que ela não tenha sido depositada para registro. Entretanto, o
uso anterior de uma marca não é garantia de que aquele que a utiliza vai conseguir
obter o respectivo registro.

Por isso, e não obstante existirem essas exceções, o mais recomendável é que, criada
uma marca, ela seja imediatamente depositada pelo seu titular. Recomenda-se que
antes do depósito, realize-se uma busca de anterioridades de marcas, para se
confirmar que não há marcas registradas ou depositadas anteriormente que possam
ser consideradas como potenciais obstáculos à obtenção do respectivo registro.

Tanto pessoas físicas como pessoas jurídicas de direito público ou de direito privado
podem requerer o registro de marca. O depositante somente pode solicitar o registro
de marca relativo à atividade que exerce de forma lícita e de modo efetivo. A
declaração da atividade empresarial deve ser feita no próprio requerimento do registro,
ficando o declarante responsável pela veracidade das informações prestadas.

A violação do direito de marca ocorre pela reprodução no todo ou em parte, sem


autorização do titular, da marca registrada, pela imitação da marca de modo que
possa induzir confusão ou pela alteração da marca de outrem já utilizada em produto
colocado no mercado. Veda-se também a importação, exportação, venda,
oferecimento ou exposição à venda, ocultação ou manutenção em estoque de produto
assinalado com marca ilicitamente reproduzida ou imitada, de outrem, no todo ou em
parte, ou de produto de sua indústria ou comércio, contido em vasilhame, recipiente ou
embalagem que contenha marca legítima de outrem. Em todas as hipóteses, pode
haver responsabilidade civil e criminal do praticante do ato ilícito.

A perda dos direitos sobre a marca ocorre pela expiração do prazo de vigência, pela
renúncia total ou parcial em relação aos produtos ou serviços assinalados pela marca,
pela caducidade ou, no caso de pessoa domiciliada no exterior, pela ausência de
procurador devidamente qualificado e domiciliado no Brasil. A caducidade do registro
pode ser requerida por qualquer pessoa com legítimo interesse, se decorridos cinco
anos da concessão do registro o uso da marca não tiver sido iniciado no Brasil o uso
da marca tiver sido interrompido por mais de cinco anos consecutivos, ou se, no
mesmo prazo, a marca tiver sido usada com modificação que implique alteração de
seu caráter distintivo original, tal como constante do certificado de registro,

O contrato de franquia contém necessariamente como um de seus elementos a


licença de uso da marca de propriedade do franqueador ou da qual este possua uma
licença de uso. A situação das marcas perante o INPI, cujo uso está sendo autorizado,
deve constar obrigatoriamente na circular de oferta de franquia.

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Para a concessão da licença, entretanto, é necessário que a marca franqueada seja
objeto de registro ou pedido de registro. Importante lembrar, que o depósito de um
pedido de registro não garante que o respectivo registro para a marca será concedido,
gerando apenas uma expectativa de direito.

ii. No Exterior

A marca registrada no INPI é protegida somente em território brasileiro. Caso haja o


objetivo de expansão do negócio para o exterior é imprescindível que se busque a
proteção da marca nos países de interesse, de acordo com as legislações de cada um
desses países.

Para se obter a propriedade da marca em outros países normalmente é necessário


protegê-la em cada um deles. Segundo a Convenção da União de Paris para a
proteção da Propriedade Intelectual (“CUP”), da qual o Brasil é signatário, a data do
depósito brasileiro pode ser considerada no caso de depósito em países-membros da
CUP, contanto que o depósito brasileiro tenha ocorrido nos últimos seis meses.
Decorrido este prazo, perde-se este direito de prioridade, passando a valer a data de
depósito no país de interesse. O mesmo princípio é aplicado às marcas depositadas
em outro país-membro e cuja proteção se deseja buscar no Brasil.

Para os países membros da União Européia, não há a necessidade de se fazer o


depósito da marca em cada um deles. Através do registro da marca no Instituto de
Harmonização do Mercado Interno, é criada uma marca comunitária que garante
proteção uniforme em todos os países-membros.

A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) prevê a possibilidade de


proteção internacional da marca em todos os países-membros mediante uma única
solicitação perante o chamado Sistema de Madrid. O Brasil ainda não é signatário do
Protocolo do Sistema de Madrid.

É recomendável que o empresário que deseja expandir sua rede de franquias para o
exterior busque assessoria naquele país e realize uma busca prévia de marcas nos
países em que pretende conceder a franquia, com o intuito de verificar se a marca
franqueada não fere direito de terceiros, se pode ser registrada e utilizada no seu ramo
de atividade e se é possível licenciá-la ao franqueado.

Confirmada a ausência de impedimentos, a marca deve ser depositada pelo


franqueador o mais rápido possível, com o objetivo de evitar o depósito e/ ou registro
da marca por terceiro de má-fé. Este depósito perante o Instituto de Propriedade
Industrial ou órgão equivalente do país de interesse deve ocorrer necessariamente
antes da assinatura do contrato de franquia, mesmo não havendo tal exigência para a
concessão de franquia em tal país, para garantir maior segurança ao franqueador.

A verificação da necessidade de registro do contrato de franquia em órgão


governamental também apresenta grande importância para o franqueador. No Brasil,

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além de consistir exigência para a produção de efeitos perante terceiros, habilita o
franqueado a realizar as remessas de pagamentos ao franqueador domiciliado no
exterior. Desse modo, o registro do contrato pode ser necessário para que o
franqueado em outro país realize a transação financeira para a remessa da taxa inicial
de franquia e dos royalties para o franqueador brasileiro.

O auxílio de advogados ou consultores do país em que se pretende abrir a franquia,


especializados na área é recomendável. Estes podem assessorar o empresário
brasileiro na elaboração do contrato de franquia e dos demais documentos necessário,
bem como na adaptação daqueles utilizados no Brasil ao ordenamento jurídico
estrangeiro. Além disso, aconselha-se a filiação do franqueador às associações
nacionais de franchising, que conferem maior credibilidade à rede, à marca e ao
negócio franqueado.

B. Patentes e Desenhos Industriais

i. No Brasil

A patente, segundo a Lei de Propriedade Industrial – n. 9279/96 – LPI, consiste em um


título de propriedade temporária sobre uma criação, outorgado pelo Estado ao seu
inventor. Podem ser objeto de pedido de patente as invenções e os modelos de
utilidade. Considera-se invenção aqueles produtos ou processos que atendem aos
requisitos da atividade inventiva, da aplicação industrial e da novidade, e modelo de
utilidade aqueles objetos de uso prático, ou parte destes, que atendem aos requisitos
do ato inventivo, da aplicação industrial em nova forma ou disposição e da melhoria
funcional através do seu uso ou fabricação. Ou seja, o franqueador pode patentear,
por exemplos, criações ou aperfeiçoamentos de máquinas, equipamentos, processos
de fabricação ou produção que sejam utilizados pelo negócio

Uma vez concedida, a patente garante em território nacional, a partir da data do


depósito, o direito de excluir terceiros da prática de atos que atentam ao seu direito de
propriedade intelectual. Este direito é concedido por vinte anos para invenções e por
quinze anos para modelos de utilidade. O titular da patente tem durante esse período
o direito de impedir que terceiro produza, use, coloque à venda, venda ou importe com
estes propósitos o produto objeto de patente e o processo ou o produto obtido
diretamente por processo patenteado. A prática de qualquer desses atos sem
consentimento do titular da patente consistem em violação da patente e podem
implicar em responsabilidade civil e criminal do praticante do ato ilícito.

A LPI define desenho industrial como sendo toda forma plástica ornamental de um
objeto ou seu conjunto de linhas e cores que proporciona um resultado visual novo e
original na configuração externa do produto ao qual é aplicado e que pode servir de
tipo de fabricação industrial. O desenho industrial é usualmente conhecido como o
design de um produto, sendo responsável por torná-lo mais atraente e apelativo,
acrescendo ao seu valor comercial.

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Os desenhos industriais são aplicados a uma grande variedade de produtos, tanto na
indústria, como no artesanato: desde instrumentos técnicos e médicos até relógios,
jóias e outros artigos de luxo, de utensílios domésticos e aparelhos elétricos a veículos
e estruturas arquitetônicas; embalagens de produtos; estampas têxteis aos bens de
lazer. Neste sentido, o franqueador pode pedir o registro do design desses bens que
utiliza na sua franquia,

Ao autor é garantida a propriedade do desenho industrial através do seu registro no


INPI. Este assegura o uso exclusivo do desenho industrial em território nacional, que
vigora durante um período de dez anos, contados a partir da data do depósito,
prorrogável por três períodos sucessivos de cinco anos cada.

O INPI, ao receber o pedido de registro de desenho industrial, somente procede ao


seu exame formal. Observadas as exigências legais, a publicação do pedido ocorre
automaticamente, sendo simultaneamente concedido o registro, expedindo-se o
respectivo certificado. Entretanto, o titular do desenho industrial pode requerer a
qualquer tempo o exame do objeto do registro quanto aos aspectos de novidade e de
originalidade. Realizado o exame, o INPI emite parecer de mérito, que pode servir de
fundamento para instauração de processo de nulidade do registro, caso seja
identificada a ausência de um dos requisitos definidos na LPI (artigos. 95 a 98, LDA).

Vale lembrar, que as invenções, os modelos de utilidade e os desenhos industriais


somente podem ser concebidos por pessoas físicas. Desse modo, é essencial que o
franqueador busque a cessão dos direitos sobre as criações. Estas pertencem
exclusivamente ao empregador quando decorrerem de contrato prestação de serviço
ou de trabalho cuja execução ocorra no Brasil e que tenha por objeto a pesquisa ou a
atividade inventiva, ou resulte esta da natureza dos serviços para os quais foi o
empregado contratado.

Pelo contrato de franquia, o franqueador poderá também autorizar e conceder licenças


de exploração de patente, caso haja patentes ou pedidos de patentes relacionados à
franquia, por exemplo: com relação a um equipamento, produto ou processo de
fabricação. Para tal é indispensável que haja pelo menos um depósito de pedido de
patente. A situação das patentes perante o INPI, cujo uso está sendo autorizado, deve
constar na circular de oferta de franquia. A realização de uma busca prévia no INPI
antes da assinatura do contrato de franquia também se mostra aqui de grande
importância.

Da mesma forma, se houver desenhos industriais relacionados à franquia, aconselha-


se incluí-los no contrato de franquia, para que o franqueado possa valer-se dos
produtos com design utilizados pelo negócio a ser franqueado.

ii. No Exterior

A patente e o registro de desenho industrial concedidos pelo INPI possuem proteção


somente em território brasileiro. Para se obter a patente ou o registro do desenho

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industrial em outros países é necessário depositá-los em cada um destes. Segundo a
Convenção da União de Paris para a proteção da Propriedade Intelectual, da qual o
Brasil é signatário, a data do depósito brasileiro pode ser considerada no caso de
depósito em países-membros, contanto que o depósito brasileiro tenha ocorrido nos
últimos seis meses. Decorrido este prazo, perde-se este direito de prioridade,
passando a valer a data de depósito no país de interesse.

Atualmente, a União Européia apresenta dois sistemas de proteção de patentes de


invenção: os sistemas nacionais e o sistema europeu de patentes. Através da
Convenção de Munique foi estabelecido um processo único de concessão da patente
européia, que na prática representou a harmonização das patentes nacionais. Está em
andamento uma proposta de criação de um novo sistema comunitário, com a
instituição de uma patente comunitária, que deverá coexistir com os atuais sistemas
disponíveis. Contudo, não há ainda uma previsão para o seu estabelecimento.

A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), através do Tratado de


Cooperação em Matéria de Patentes (PCT), do qual o Brasil é signatário, prevê a
possibilidade de proteção internacional da patente em todos os países-membros que
ratificaram o PCT, mediante uma única solicitação. Esta pode ser feita junto ao
Instituto Nacional de Patentes do Estado contratante do qual o requerente é nacional
ou residente ou perante a Secretaria Internacional da OMPI em Genebra, na Suíça.

A União Européia também apresenta um sistema dual de proteção para patentes de


modelos de utilidade e desenho industrial.

Pelo Acordo de Haia Relativo ao Registro de Desenhos Industriais, a OMPI fornece


um mecanismo único de registro internacional para desenhos industriais em países e/
ou organizações internacionais membros do Acordo. O Sistema de Haia é
administrado pela Secretaria Internacional da OMPI localizado em Genebra, na Suíça.
O registro internacional produz os mesmos efeitos em cada um dos países signatários,
como se o desenho tivesse sido registrado diretamente em cada escritório nacional, a
menos que a protecção seja recusada pelo escritório nacional desse país. O Brasil
ainda não é signatário da Acordo e portatnto esta via de proteção ainda não se
encontra a disposição dos empresários brasileiros.

C. Direito Autoral

Para todos os fins e efeitos de Direito, o autor é a pessoa física criadora da obra
(artigo 11 da Lei de Direitos Autorais – n. 9.610/98 - LDA). Além disso, somente
podem ser transferidos os direitos patrimoniais (direito de reprodução,
comercialização, licença, autorização de modificações e utilização da obra por
qualquer meio), sendo que os morais (reivindicação de autoria, conservação da obra
inédita, Defesa da integridade da obra e oposição a modificações que denigram sua
reputação ou honra, modificação, retirada de circulação e acesso a exemplar único de
obra rara) são inalienáveis e irrenunciáveis. A proteção aos direitos patrimoniais, por

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sua vez, perduram por setenta anos contados de primeiro de janeiro do ano
subseqüente ao do falecimento do autor, obedecida a ordem sucessória da lei civil.

Destas primeiras premissas se pode notar que é essencial a preocupação que o


Franqueador deve ter em garantir a assinatura dos competentes contratos de
transferência de direitos, na contratação de toda e qualquer obra de Direito Autoral, as
quais podem ser percebidas em: projetos arquitetônicos, campanhas publicitárias e
todas as ações destas derivadas, páginas de websites, manuais, designs (jóias,
roupas), estampas e padronagens de produtos, personagens, etc.

Os instrumentos de transferência devem ser firmados antes de se iniciar a relação


com o autor, sob pena de o histórico trazer divergência de entendimentos.

Os contratos citados devem ser muito bem redigidos, na medida em que se


interpretam restritivamente os negócios jurídicos sobre os direitos autorias (art. 4º,
LDA), o que significa dizer que o que não estiver incluído expressamente no contrato
(meio de veiculação, território, prazo, etc.) poderá trazer dor de cabeça.

A pessoa jurídica poderá ser titular de direitos patrimoniais relacionados a uma obra
através do competente instrumento que lhe determine a transferência. Caso o cedente
de tais direitos seja uma pessoa jurídica, recomenda-se verificar se está legitimada a
tal ato, visto que a obra originou-se de pessoa(s) física(s).

Importante lembrar, ainda, que a cessão dos direitos de autor sobre obras futuras
abrangerá, no máximo, o período de 5 anos (art. 51, LDA), o que afeta enormemente
as contratações para execução de obras não específicas.

Ao contrário dos demais bens protegidos por direito autoral que não contam com esta
disposição expressa, os softwares, através de legislação própria (Lei n. 9.609/98),
pertencerão exclusivamente ao empregador ou contratante se desenvolvidos durante
a vigência do contrato ou vínculo (art. 4º). No entanto, não se deve esquecer que este
artigo é válido para aquela contratação que estava assim destinada,
comprovadamente, ou se o desenvolvimento do software tenha decorrido da própria
natureza do encargo ou vínculo.

A proteção de qualquer criação autoral independe de registro, embora muitas vezes


seja interessante providenciá-lo para fins de melhor garantir a prova da data de
criação e autoria. O órgão público competente para o registro pode variar segundo a
natureza da obra: Escritório de Direitos Autorais da Fundação Biblioteca Nacional,
Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Belas Artes
da Faculdade do Rio de Janeiro, Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia ou mesmo um Cartórios de Títulos e Documentos. Caso haja a
possibilidade de registro da obra em mais de um órgão, deve-se optar pelo de maior
afinidade, sendo que esta análise dependerá de caso-a-caso.

O Software (ou Programa de Computador) é protegido pelo regime jurídico do Direito


de Autor sendo disciplinado diretamente pela Lei de Software – n. 9609, e
subsidiariamente pela LDA. A proteção patrimonial do Software é assegurada pelo
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prazo de cinqüenta anos, contados a partir de primeiro de janeiro do ano subseqüente
ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação.

Os direitos morais do Software restringem-se à reivindicação da autoria, defesa da


integridade da obra e oposição a modificações que denigram sua honra. Os direitos
patrimoniais pertencem sempre exclusivamente ao empregador ou contratante, se o
programa é gerado sem relação com o contrato de trabalho, prestação de serviço ou
vinculo e sem a utilização de recursos, informações tecnológicas, segredos materiais,
instalações ou equipamentos do empregador, da empresa ou entidade com vínculo.
No caso do Software ter sido desenvolvido na vigência de contrato de trabalho ou de
vínculo estatutário, destinada à Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), a remuneração
ter sido o salário, ou ter sido desenvolvido por bolsista, estagiário e assemelhados, os
direitos patrimoniais pertencem exclusivamente ao empregador ou contratante, salvo
disposição em contrário.

Apesar do seu caráter autoral, o órgão competente para o registro do Software é o


INPI. O registro no Brasil confere reconhecimento internacional pelos países
signatários do Acordo TRIPs (Acordo Relativo aos Aspectos do Direito da Propriedade
Intelectual Relacionados com o Comércio). Os Softwares estrangeiros procedentes de
países que concedam reciprocidade aos autores brasileiros, também não precisam ser
registrados no Brasil (salvo nos casos de cessão de direitos).

D. Direitos Personalíssimos

Os direitos da personalidade (nome, imagem) são intrasmissíveis e irrenunciáveis


(artigo 11 do Código Civil - CC), sendo que, no que couber, são cabíveis também às
pessoas jurídicas (art. 52, CC).

A proteção dos direitos da personalidade, ao contrário dos Direitos Autorais


patrimoniais que têm prazo para terminar, será sempre exercida, mesmo que através
dos cônjuges, ascendentes ou descendentes, inclusive no que respeita seus fins
comerciais (art. 20 e parágrafo único, CC).

E. Trade Dress (Conjunto-Imagem )

O Trade Dress consiste em um conjunto de características capazes de identificar


determinado produto ou, até mesmo, o conjunto de lojas de uma rede. Inclui projeto
arquitetônico, decoração, aparência externa e interna, conjunto de cores, disposição
de elementos ou ornamentos em geral que identificam a empresa como um todo. Ou
seja, é entendido como o Conjunto-Imagem de um produto ou serviço.

Sua proteção no direito brasileiro pode ocorrer por seus elementos isolados ou pelo
seu conjunto. No primeiro caso pode haver proteção pelo Direito de Marca Direito
Autoral ou Desenho Industrial. No segundo caso, a proteção somente se dá através
dos mecanismos da concorrência desleal.
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O êxito na proteção de um Conjunto-Imagem estará diretamente ligado à estratégia,
bem criada e projetada com este fim. Assim, quanto mais distintivo e amparado por
recursos técnico-jurídicos (registros, contratos, etc.), maior a chance de êxito,
considerando o caráter, muitas vezes, subjetivo deste tema.

O caminho de sua proteção, se usurpado o correspondente direito, passa por medidas


que visem o combate à concorrência desleal (art. 195, III, LPI).

F. Know-How e Segredo de Negócio

O Know-How (ou tecnologia não patenteada) consiste em qualquer informação


referente a produtos, processos ou métodos industriais, comerciais ou de prestação de
serviços que possua um valor econômico para quem os detém, mas que não estejam
protegidos por patente ou outro direito de propriedade industrial aplicável a invenções
ou aperfeiçoamentos. Esta informação não necessariamente estará protegida pelo
regime jurídico do segredo, podendo ser do conhecimento de diversas empresas.
Entretanto, este fato não retira o valor econômico do Know-How, visto que para aquele
que não o possui não há outra alternativa a não ser a de contratar com um de seus
detentores.

O Segredo, por sua vez, é protegido no âmbito da concorrência desleal, e possui dois
subgrupos: o Segredo de Indústria e o Segredo de Negócio. O primeiro abrange as
inovações tecnológicas de aplicação industrial, enquanto o segundo, estratégias
comerciais ou administrativas. As informações protegidas podem ser de qualquer
natureza, contanto que possam conferir alguma vantagem competitiva ao seu titular
dentro do mercado de sua atuação.

Nos contratos de franquia geralmente ocorre um repasse do Know-How (secreto ou


não) ao franqueado, referente aos conhecimentos técnicos industriais, organizacionais
e de promoção detidos pelo franqueador. Via de regra, esse repasse é vinculado ao
uso das marcas, patentes, desenhos industriais, direitos autorais e demais elementos
distintivos da franquia.

Novamente a proteção, a nosso ver, estará ligada à estratégia criada. Não do acaso!

Não se poderá defender como segredo de Negócio aquela informação que circulou
sem o devido cuidado (contratos/cláusulas de sigilo, cuidados na circulação, etc.).

A LPI, novamente (art. 195, XI, XII) é uma forte base para a correspondente defesa.

3. Campo de Aplicação e Planejamento Estratégico de Propriedade Intelectual

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É essencial o cuidado estratégico que as Franqueadoras devem ter na seara da
Propriedade Intelectual, na medida em que ela hoje está em qualquer fase dos
negócios.

De fato, ao se cogitar escolher uma marca para identificar seus produtos, serviços ou
negócio, a Franqueadora já deve se preocupar em proteger seus direitos sem violar
direito de terceiros. Dessa forma, uma busca para se identificar possíveis
anterioridades ou obstáculos, como mencionado acima é essencial, com o intuito,
assim de se tentar evitar ou mitigar dores de cabeça futuras com possíveis demandas
judiciais. Quando uma empresa se preocupa em ser localizada por ferramentas de
busca na internet, deve considerar a proteção às suas marcas e sinais distintivos, de
forma que se possa garantir seu uso exclusivo e afastar os “caroneiros”.

A preocupação e cuidado com os direitos de propriedade intelectual devem estar


presentes também na contratação de fornecedores exclusivos para a rede, com a
adoção de cláusulas de exclusividade e não concorrência, a fim de se evitar que os
fornecedores – tais como de software, de projetistas de layout, desenvolvedores de
material de marketing ou promocional, dentre outros - acabem oferecendo para
concorrentes e ex-franqueados da rede produtos, soluções e serviços que violem ou
concorram com os direitos da Franqueadora.

Também é de suma importância que a Franqueadora obtenha para si todos os direitos


de propriedade e de seu exercício com relação a obras, invenções e aperfeiçoamentos
elaborados por terceiros. É imprescindível a assinatura de contratos de cessão pelas
pessoas físicas desenvolvedoras de tais obras, invenções e aperfeiçoamentos
garantindo à Franqueadora a liberdade de usá-los, da forma mais ampla possível,
dentro das limitações legais eventualmente existentes.

Da mesma forma, ao se fazer uma campanha publicitária ou promocional, a


Franqueadora deve ter a certeza de que não estará usando ou ferindo direitos de
terceiros. Isso comprometeria não só a credibilidade na Franqueadora, mas
possivelmente afetaria seus franqueados, que podem ser considerados violadores dos
direitos desses terceiros.

Neste contexto, os eventos esportivos, tão esperados para os próximos anos, e que
tantos planejamentos de marketing devem exigir, não pode olvidar dos direitos de
imagem ou sinais distintivos de terceiros que devem ser respeitados, sob pena de
vultosas indenizações.

Em resumo, a proteção ao Patrimônio Intelectual de uma rede de franquias começa


com o Planejamento, na maioria das vezes, ainda antes da criação do negócio. Caso
esta etapa tenha sido abandonada em determinado momento, pode ser possível
ainda, no futuro, se tentar buscar a proteção para novas criações, produtos, marcas,
direitos, etc., pois, como se demonstrou, os direitos de que trata esta Cartilha
permeiam sempre o dia-a-dia da atividade da Franqueadora.

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