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APRESENTA

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SINOPSE

Quando você pensa em como é fácil perder chaves, celulares, óculos de


sol e sua dignidade nas mídias sociais, você deve imaginar que seria uma coisa
fácil eu abandonar meu V Card.

Você está errado.

Aos 25 anos, tenho um negócio de sucesso, moro em um apartamento


fantástico e tenho amigos fabulosos para sair em qualquer noite da semana. E
ainda sou um membro de carteirinha de um clube ao qual não quero mais
pertencer. Ainda bem que conheço o homem certo para o trabalho, o parceiro de
negócios e melhor amigo do meu irmão.

Graham Campbell é charmoso, inteligente e, pelo o que eu ouvi falar,


muito habilidoso na cama. Enquanto eu mantiver meus olhos no prêmio, não há
como esse plano de perder o V Card complicar as coisas.
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***

Trabalho e prazer. Como CEO de uma empresa em rápido crescimento,


aproveitei ambos ao máximo. O que eu faço quando o conselho me joga em um
inesperado loop para que eu possa manter meu negócio em minhas mãos? Eu
solicito a ajuda da irmã mais nova do meu melhor amigo, já que ela tem uma
grande participação na empresa. Mas então, eu descobri que há outra coisa que
ela quer.

Aquilo entre as minhas pernas.

Eu posso fazer isso. Sete noites para ensinar-lhe tudo o que sei no quarto.
Não há como eu me apaixonar por ela, mesmo que ela esteja ganhando notas
altas em todas as aulas pecaminosamente sexys. E acontece que estou
aprendendo alguma coisa também. O problema é que eu não tenho a resposta
sobre o que fazer quando eu me apaixono por ela.

E isso se torna um novo contratempo nos meus planos.

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Staff
Tradução: Lilith
Revisão Inicial: Anfitrite/Diana
Revisão Final: Héstia
Leitura Final: Higia
Formatação: Cibele
Disponibilização:
Grupo Rhealeza Traduções
06/2018

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CAPÍTULO 01
Graham

Julie Andrews gira em um campo de flores, seus braços espalham-se como


se ela abraçasse o mundo, enquanto os Alpes erguem-se majestosamente atrás
dela.

—É essa. —Aponto para a camiseta azul clara com a frase “Olha o quanto
eu me importo!” escrita em letra cursiva sobre a famosa imagem da Noviça
Rebelde.

É a camiseta perfeita para CJ.

Primeiro, porque ela ama musicais.

Segundo, porque eu sempre digo a ela que ela precisa se importar menos.
Ignorar as pequenas coisas. Não se preocupar com pequenas coisas.

Inferno, olhe para mim. Eu me importo tão pouco, que sou praticamente
um mestre zen.

Aliás, para registro, eu me importo com o puro prazer que eu proporciono


tanto para mim quanto para quem recebe.

—Você gostaria que eu experimentasse isso para você?

Eu pisquei com a oferta inesperada. A vendedora curvilínea pisca seus


cílios sugestivamente.

—Parece que é do meu tamanho. —Ela diz com aqueles olhos azuis se
direcionando para onde ela quer que eu olhe.

Inferno. Isso é uma bela vista. Mas é claro, só estou reparando nos seus
impressionantes seios porque eu quero dar uma olhada no crachá dela.

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Hum... Olive.

Esfreguei uma das mãos no meu maxilar. Porra, essa camiseta ficaria
excelente em Olive.

Basta fazê-la experimentar, o diabo malvado sussurra no meu ombro,


determinado a fazer com que eu perca o controle.

Mas isso não está acontecendo. Não hoje, ou qualquer dia em um futuro
próximo.

Eu tiro uma nota de cinquenta dólares da minha carteira e coloco-a no


balcão, invocando o meu melhor Bruce Willis de Duro de Matar 2. ─Apenas o
fax, senhora. Droga, ele era legal nesse filme. Em todos os filmes.

—Apenas a camiseta, senhora. —Digo, mostrando-lhe um sorriso torto


que sem dúvida, é conhecido por derreter calcinhas.

—Senhora? —Ela ri. —Você está me fazendo sentir velha.

Eu engulo a resposta de provocação na ponta da minha língua, e coloco


um freio no meu charme. Devo. Parar. De flertar. Estou no caminho certo agora.
Sem distrações. Apenas muito focado, como Bruce Willis desarmando terroristas
e salvando o Natal.

—E você pode embrulhá-la, por favor? —Pergunto, uma vez que CJ


merece o melhor. Eu não posso simplesmente chegar ao brunch, pedir-lhe
docemente que por favor me ajude a salvar minha empresa, e entregar-lhe uma
camiseta em um saco plástico. Grosseiro.

O mínimo que posso fazer é embrulhar o meu presente. Além disso, eu


orgulho-me da minha excelência em dar presentes.

Eu verifico o placar do Portland Badgers, minha equipe de hóquei favorita,


enquanto a peituda Olive, que eu não vou dar em cima, não vou dar em cima, não
vou dar em cima, embrulha um papel rosa suave ao redor da camisa, amarrando-
a com um laço branco sedoso, antes de colocá-lo em uma sacola de presente
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rosa. Perfeito para uma mulher como CJ. Rosa é a cor dela.

Agradeço a Olive e saio da boutique com o sol do meio dia iluminando um


lindo dia de primavera em Manhattan.

Meu motorista, Gary, aguarda-me na calçada na rua de paralelepípedos, e


lembro-me de dar-lhe uma gorjeta ainda maior, já que ele nunca está ocioso. O
cara sempre desliga o motor enquanto ele espera por mim, tratando o planeta
corretamente.

Vale a pena cada centavo da gorjeta.

Outra coisa que vale cada centavo, é ter um town car1 à minha disposição.

Nova York pode ser uma droga sem um motorista.

Não posso acreditar que houve um dia em que eu não tive isso. Crescendo
com merda nenhuma, com meus sapatos colados por fita adesiva, eu tinha a sorte
de ter dinheiro para a condução. Nunca esquecerei o quanto tenho sorte de ter
tudo isso agora, e também cuidar da minha família, então seus sapatos são do
tipo que eles querem.

Eu deslizo para o assento de couro e meu celular vibra com uma nota da
minha boa amiga Luna, agradecendo-me por recomendar que ela visse o mais
novo filme de Zach Galifianakis. Aparentemente, ela riu até o final. Estou
enviando um rápido, você é sempre bem-vinda, quando outro texto
chega. Este é de Lucy.

Meus ombros ficam tensos, e eu digo a Gary para dirigir-se ao restaurante


Ruby´s Kitchen, no Upper West Side, um lugar com produtos frescos que tem os
melhores omeletes da cidade.

—Claro, Graham. Encontrou o que procurava?

—Sim. Um presente perfeito para CJ. —Um sorriso cruza meus lábios

1
Um grande carro RWD feito por Lincoln. Partilha a mesma plataforma com o Ford Crown Vic e o Mercury Grand
Marquis.
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enquanto penso em CJ e seu vício nerd por camisetas inovadoras, mas o sorriso
desaparece quando olho de novo em meu celular.

Lucy. Exuberante, mas lunática Lucy.

Eu realmente deveria bloquear o número dela.

Mas se eu fizesse isso, ela apareceria na minha porta, com loucura


vazando de cada poro, e eu precisaria de um pé de cabra para tirá-la de cima de
mim. Brevemente, eu me pergunto o que Bruce, encarnado John McClane, faria
em uma situação como essa, mas depois, decido que ele não deixaria isso
acontecer em primeiro lugar. Apenas o fax, Senhora e o Yippee-ki-yay-
Desgraçado!2

Lucy: Ei, garanhão! O que você está fazendo?

Reviro meus olhos com o apelido que eu não consigo engolir, e disparo
uma resposta rápida.

Ocupado.

Nada encerra uma tentativa de flerte por texto como uma resposta de
uma palavra.

Eu continuarei duro de matar, ao longo do dia, como John McClane faria


se ele fosse CEO de uma empresa de lingerie sexy-como-o-pecado.

Apago o texto e empurro o celular para dentro do bolso do meu jeans.

As ex-namoradas têm uma maneira de aparecer subitamente no


momento inoportuno, provando a minha longa convicção de que qualquer
relação que dure mais de algumas semanas é um grande erro. Gigante com G
maiúsculo.

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Foi com o primeiro Duro de Matar (1988) que surgiu a frase famosa de John McClane (Bruce Willis), “Yippee-ki-
yay mother-fucker”. O bordão não significa muita coisa, mas é sempre usado para provocar o adversário, pouco
antes de matá-lo. A frase foi repetida várias vezes ao longo da série.
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Lucy com todas as suas curvas sexy, boca suja e vontade de enfrentar
qualquer desafio no livro sobre posições sexuais exóticas, está provando ser o
maior erro de todos.

O problema é que sempre fui um viciado nas loucas. Elas são realmente
boas na cama.

Tudo bem, isso é uma mentira.

Eu sou um viciado em todas as mulheres. Loira, morena e ruiva. Louca, sã,


inteligente. Eu amo as mulheres. Tivemos uma sólida parceria de apreciação
mútua durante anos.

Até que veio Lucy e o turbilhão de sua crescente obsessão por mim, e que
serviu como um lembrete de que eu não tenho tempo para distrações de forma
alguma. Não tenho um minuto de sobra para um relacionamento romântico. Não
com o meu negócio em jogo. Minha companhia está em um estado constante de
evolução, e eu preciso concentrar-me em mantê-la andando em velocidade
máxima.

É por isso que estou vendo CJ.

Ela é minha arma secreta, a chave para garantir que a Adored se mova na
direção certa, apesar dos pretendentes que esperam nas filas pelo meu bebê,
fazendo o seu melhor para tentar meus acionistas.

Distraidamente, corro minha mão sobre o laço sedoso, franzindo a testa


enquanto meus dedos deslizam através de um cartão. Arrancando-o da sacola, eu
o viro: Se você mudar de ideia sobre querer mais do que uma
camiseta.

Eu sorrio. Então Olive encontrou uma maneira de colocar seu número em


minhas mãos depois de tudo.

Mas eu sou um bom menino, e já faz alguns meses desde que as coisas
com Lucy acabaram. Um menino muito bom, que não tem utilização para o

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telefone de uma bela mulher.

No entanto, uma rapidinha me faria esquecer essa iminente reunião do


conselho, e Olive parecia ser o tipo de mulher que ficaria bem com uma só noite
de sedução, mas não ansiosa para afundar suas garras em mim.

Pego meu celular novamente e envio uma mensagem para Olive.

Graham: Alguma coisa em particular que você pensa


que me faria mudar de ideia?

Quase imediatamente, meu celular pisca novamente.

Meus olhos praticamente saltam da minha cabeça quando eu abro a


mensagem multimídia. Olive é uma mulher ousada. Uma mulher corajosa e
peituda.

Respiro profundamente, lembrando-me que eu preciso ser forte.

Dou uma resposta.

Graham: Desculpe, Olive. Enviei essa mensagem por


engano.

Antes que eu possa enviar, ela responde novamente.

Com uma dúzia de emoticons de panda sorrindo.

Eu gemi, deslizando uma das mãos sobre o meu rosto.

Emoticons. Por que tem que ser emoticons? É possível que alguém hoje se
comunique sem um rosto estúpido e sorridente?

Meu celular pisca mais uma vez.

Um emoticon piscando.

Então, um emoticon usando uma calcinha vermelha.

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E, finalmente, um unicórnio saltando sobre uma berinjela.

Porra! Isso é o que acontece quando eu me deixo pensar em andar pelo


caminho certo e celibatário.

Graham: Desculpe, Olive. Eu não sou a berinjela que


você está procurando. Eu preciso excluir seu número.

Então excluo.

Respiro profundamente e concentro-me novamente no meu plano de uma


única etapa.

O primeiro e único passo é o seguinte: Resistir a envolver-se com as


fêmeas da espécie.

Resistir a qualquer custo.

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CAPÍTULO 02
Graham

Os arranha-céus passam rápido enquanto o carro atravessa a avenida em


direção ao Upper West Side. À medida que os altos prédios de Midtown dão lugar
a casas e edifícios residenciais de tijolos, recupero meu autocontrole e meu foco.

Felizmente, não terei que me preocupar sobre o Projeto Resistência com


CJ.

CJ é como uma irmã mais nova para mim. Desde que seu irmão faleceu,
entrei no papel protetor que Sean preenchia tão bem. Nos últimos dois anos, sem
o meu melhor amigo e parceiro de negócios, não foi fácil, mas estar lá para CJ me
deu algo para fazer, aliviando minha raiva e tristeza. Toda vez que fico chateado
com o fato de que um motorista agarrado ao celular levou meu amigo para longe,
penso em algo legal para CJ. É um mecanismo de enfrentamento que funciona, e
é muito menos complicado do que um encontro sexual com a mulher do
momento.

Gary estaciona em frente ao Ruby´s Kitchen, onde CJ já está esperando na


calçada, e meu nível de estresse desce outro degrau. Ela usa um vestido amarelo
com sandálias de tiras e uma jaqueta pendurada no braço. Seu cabelo castanho
enrola-se suavemente com a brisa da primavera, e seu nariz está enterrado no
leitor de e-books, como de costume. A mulher é uma traça de livros sem remorso,
obcecada por livros de horror que são tão assustadores quanto ela é doce.

—Estranha. —Murmuro carinhosamente enquanto eu saboreio a visão


dela, uma das poucas pessoas no mundo que eu posso confiar para não tornar a
vida desnecessariamente complicada. CJ fecha a capa do leitor de e-books
enquanto eu saio do carro.

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—E ele aparece. —Ela bate seu pé alegremente enquanto junto-me a ela
na calçada. Ela tira os cabelos escuros de seus ombros, enquanto seu rosto se
derrete naquele sorriso de garota-em-uma-doceria, que ela nunca perdeu.

Essa é uma das muitas coisas que eu adoro sobre ela. Sua absoluta doçura.

—Sou conhecido por aparecer de vez em quando. —Inclino-me para dar-


lhe um beijo casto na bochecha, curtindo o aroma familiar de jasmim de seus
cabelos.

—Estou assumindo que seu atraso significa que você teve uma noite
excelente. —Ela diz, levantando as sobrancelhas.

Essa é a coisa sobre garotas que o conhecem há mais de uma década. Elas
estão bem cientes de suas deficiências, seus pontos fortes e suas fraquezas.

—De jeito nenhum. —Seguro dois dedos. —Palavra de escoteiro. Eu fui


um bom menino na noite passada. Eu só estou atrasado porque vi algo em uma
vitrine que não consegui resistir. —Seguro a sacola de presente. —Para você.

—Oh, pare. —Ela diz, batendo no meu peito. —Você está impossibilitando
que eu fique brava com você.

Eu sorrio. —Você não estava com raiva de mim, de qualquer maneira. Eu


dei-lhe uma desculpa para ler por mais dez minutos.

—É isso mesmo. —Ela sorri quando ela alcança dentro da sacola com um
olhar suave ao tocar no papel. —Oh, é lindo.

Rindo, eu digo: —É apenas papel de presente.

Ela olha para cima e fixamente para mim. —Não é apenas papel de
presente. É um sinal de consideração. O último cara com quem eu tive um
encontro, trouxe-me uma vela que sua mãe lhe deu há três natais atrás, disse que
eu ficaria ótima à luz das velas, e sugeriu que pulássemos o filme e que
ficássemos nus na casa dele.

Eu recuo. —O quê?
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—Mal sabia ele que se tivesse embrulhado aquela vela, eu poderia ter dito
sim. —Diz ela com um brilho de malícia em seus grandes olhos castanhos.

Meus olhos ficam vermelhos, e fumaça sai por meus ouvidos. A ideia de
que CJ vá para a casa com esse idiota da vela ferve meu sangue.

—Você está brincando? —Rosno.

Ela desata a rir e aponta para mim. —Peguei você! De qualquer forma. É
incrivelmente doce você me trazer um presente. —Ela abre a sacola, me
entregando o papel enquanto ela desdobra a camiseta e ri. —Graham, obrigada!
Isso é adorável. E também muito travessa para uma sexta-feira casual.

—Bom, há vida fora do escritório. Para alguns de nós, de qualquer


maneira.

—Ei, estou fora do escritório agora, não estou? —Ela coloca sua camiseta
de volta na sacola e acena com a cabeça para o restaurante. —Vamos?

—Vamos. —Digo, meu sorriso desaparecendo enquanto eu a sigo até a


recepcionista, e depois entre as pessoas que estão comendo seu brunch tardio,
até uma mesa na parte de trás do restaurante.

Quando nos instalamos, o ajudante de garçom nos traz água e vou direto
ao assunto. —Então, eu odeio estragar o clima do domingo de diversão, mas eu
convidei você para um brunch com segundas intenções. Eu preciso de um favor.

Ela espalha seu guardanapo no colo com uma sobrancelha levantada.

—Que tipo de favor?

—Eu preciso de você na reunião do conselho na próxima segunda-feira.


Como você sabe, perdemos um cliente importante no mês passado, quando a
Beaux Rêves de Paris foi para uma opção mais barata. Obviamente, eles não são
nosso único cliente, nem perto. Mas, tendo em conta o quão volátil a indústria
tem sido ultimamente, preciso deixar claro para os acionistas que a venda não é o
caminho certo. Com o número de fusões e aquisições acontecendo, eles estão

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vendo cifrões, mas o dinheiro rápido não é a resposta. É aí que você entra.

—Você quer que eles saibam de mim por causa das minhas ações? —
Perguntou ela, franzindo a testa.

—Não temos nem de perto a maioria.

Embora CJ tenha herdado as ações de Sean no negócio quando ele


faleceu, não é por isso que eu preciso dela na reunião. CJ tem uma maneira de
deixar as pessoas à vontade, de ganhar a confiança delas. Ela é uma empresária
bem-sucedida em seu próprio negócio, sua empresa de acessórios Love Cycle
Creations está crescendo muito depressa a cada ano. Além disso, ela foi cortejada
no início por um conglomerado de acessórios e ela rejeitou, decisão totalmente
certa, já que sua empresa agora é uma estrela em ascensão.

Eu concordo. —Claro, mas essa não é a única razão. Preciso convencê-los


de que agora não é o momento de um envolvimento com uma grande
multinacional. E para fazer isso, ouvir alguém com participação nas ações e a
perspectiva de fora, ajudará. Eu quero que eles saibam de você em particular,
desde que você passou por algo tão parecido com a Love Cycle.

—Em uma escala muito menor, no entanto. Minha empresa é pequena


em comparação com a Adored.

—O tamanho não importa. —Paro e arqueio uma sobrancelha para


enfatizar. —Bem, neste caso.

Um leve rubor espalha-se nas bochechas dela. —Você e as insinuações.

—Eu adoro insinuações. Também adoro a Adored. É por isso que eu quero
mantê-la do jeito que ela está: crescendo, lucrando e independente. Eu não quero
que seja engolida por alguma empresa gigante e sem rosto. —Um sorriso provoca
seus lábios por um momento e depois desaparece. Não consigo lê-la, então estou
à beira do meu assento, esperando por uma resposta. —Por favor, CJ. —
Acrescento quando ela fica em silêncio por um longo segundo. —Eu preciso de
você.

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—Você precisa de mim. —Ela repete suavizando a testa enquanto suspira.
Ela toma um gole de água, coloca o copo para baixo e corre a ponta da língua nos
lábios.

Eu vejo sua língua se mexer, perguntando-me por que nunca percebi o


quão incrível é sua boca. Ela tem os lábios carnudos em um tom de rosa tão
profundo, que traz à mente coisas vermelhas, quentes e íntimas.

Coisas em que eu não deveria pensar em sua presença.

Na presença de alguém.

Resista, Campbell, resista...

Finalmente, quando estou me preparando para implorar, ela olha para


cima, um sorriso misterioso curvando seus lábios. —Eu sei exatamente o que você
precisa, Graham.

Droga, isso soou... Travesso.

Eu alcanço meu copo de água, precisando de algo para me refrescar, pois


palavras inocentes de uma mulher que eu sempre conheci, estão enviando meus
pensamentos direto para o ralo.

—Mas antes de concordar com o seu pedido. —Ela acrescenta, seus dedos
tamborilando levemente na toalha branca. —Eu também preciso de algo de você.
Algo sobre o qual eu tenho pensado muito. Muito. E muito. —Seus olhos
encontram com os meus, o problema escurecendo seu olhar.

Com o copo na metade do caminho até os meus lábios, eu congelo.

Cristo! Quem diabos é essa mulher sexy como o pecado, e o que ela fez
com CJ?

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CAPÍTULO 03
CJ
Você realmente vai fazer isso? Mesmo? Sério? Uma voz dentro da minha
cabeça continua a falar, mas ignoro aquela covarde, porque essa é a hora de
AGIR.

Este negócio é real.

Isso é vida ou morte.

As estrelas estão se alinhando, e o universo me deu uma grande


oportunidade para a Operação V Card* 3. Você pode pensar que não seria difícil
para uma mulher razoavelmente atraente, que não é excessivamente carente,
fedida ou alérgica a banhos, perder sua virgindade, mas você está errado. Estive
tentando livrar-me desse albatroz ao redor do meu pescoço por anos, mas estou
com quase vinte e seis anos, sem nenhuma relação sexual aceitável à vista.

Pelo menos não até agora...

Agora Graham precisa de algo de mim, algo que eu estou feliz em dar,
porque sempre acreditei na visão dele para sua empresa, e eu preciso de algo
dele. As coisas não poderiam ser mais perfeitas se eu tivesse planejado essa
conversa no brunch.

Com certeza vai ser estranho, mas sempre foi estranho entre Graham e
eu. Graham, a quem eu desejei antes de saber realmente o que era luxúria.
Quando eu olhei para ele pela primeira vez, na época que ele tinha dezessete
anos e era o melhor amigo de Sean, ele era todo homem, ombros largos, cintura
estreita, mandíbula alinhada, e uma voz profunda e rouca que enviava arrepios
pela minha coluna. Ele acendeu todas as minhas fantasias de pré-adolescente. Eu
sonhava com Graham dando o meu primeiro beijo atrás da casa de hóspedes
quase tão frequentemente quanto eu sonhava que ganhava uma medalha na
3
Termo usado para virgindade. Todos os virgens têm um "V-Card" até que "use-o" para o sexo
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corrida de ciclismo das Olimpíadas de Verão.

Aos onze anos, beijos e realizações pessoais coexistem confortavelmente.


Aos vinte e cinco anos é muito mais difícil, especialmente em uma cidade como
Nova York, onde todos com menos de trinta anos estão obcecados com o sucesso.

Sucesso profissional, e não sucesso em um relacionamento pessoal.


Ninguém mais quer se apaixonar antes dos trinta e cinco anos, e o sexo é algo que
os caras parecem querer pegar em uma janela de drive-thru. Ou, melhor ainda,
ser entregue por um motorista de Uber. Sexo e uma porção de batatas fritas com
queijo do restaurante no quarteirão, por favor e obrigado.

Se eu tiver que esperar para encontrar o cara perfeito em um aplicativo de


namoro ou no happy hour no Meatpacking District, eu serei a virgem viva mais
antiga do mundo, e esse não é um título que eu estou interessada em carregar.

Sim. Vamos lá. Sem voltar atrás agora. Eu arrumo meu cabelo sobre
meu ombro e endireito minha coluna. O olhar de Graham se move para o meu
peito antes de lançar-se rapidamente de volta aos meus olhos.

Oh meu Deus, Graham acabou de olhar para os meus seios! Aha! Isso vai
funcionar! Isso realmente vai funcionar! Obrigada vestido amarelo sexy!

Mas quando ele fala, sua voz é mais fria do que antes. —Oh sim? O que
exatamente você tem pensado há muito tempo, CJ?

Respiro fundo, despejando antes de perder minha coragem: —Tenho


pensado em pedir-lhe para me ensinar coisas. Coisas pessoais.

Ele olha-me fixamente e, por um momento, não tenho certeza de que ele
me ouviu. Ele leva seu copo de água aos lábios e bebe novamente. —Ensinar-lhe
coisas pessoais como...?

Sento-me ereta, enquanto torço o guardanapo em círculos no meu colo.

—Você pode achar que é fácil namorar nesta cidade, mas não é. Nem um
pouco.

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—Oh, eu sei que não é fácil. —Graham rola os olhos, provando que ele,
pelo menos, meio que está pegando onde eu quero chegar. —É um campo
minado lá fora.

—Sim, é! —Concordo, balançando a cabeça um pouco rápido demais.

—Um campo minado, e eu sei que vou pisar em uma bomba mais cedo ou
mais tarde. Mas eu não quero simplesmente pisar em qualquer bomba, sabe o
que quero dizer? Eu quero que seja uma boa bomba. Uma, hum... Bomba
qualificada, que saiba bombardear de forma eficaz.

A metáfora não está funcionando. Graham parece mais confuso a cada


momento que passa, e o garçom está circulando atrás dele como uma ave de
rapina, pronta para descer e pegar nossos cardápios e essa oportunidade das
minhas mãos.

Tenho que agir agora, antes que seja tarde demais.

—O negócio é o seguinte. —Levanto minhas mãos, os dedos abertos,


mostrando que não tenho nada para esconder. Estou colocando tudo isso para
fora e esperando que ele tenha misericórdia de mim. —Quando meu pai se
mudou para a Grécia com Betty, depois que eu terminei a faculdade, Sean era tão
protetor que os homens estavam com muito medo de pisar na minha porta. Não
é mentira. E então, Sean morreu e eu estava tão triste, que não me preocupei em
namorar por muito tempo.

O olhar de Graham amolece. —Eu sei. Eu sinto muito.

Eu agito minha cabeça. —Eu não quero que lamente. Eu só quero... —Eu
engulo com força.

—Eu quero seguir em frente. Eu quero ser uma mulher normal de vinte e
cinco anos, mas eu sinto que estou tão atrasada que nunca vou conseguir, você
entende? Estou me afogando em todas as coisas que não conheço. Então, eu só
preciso.... Preciso que você me ensine sobre... Sobre...

Sobre sexo! Apenas diga isso, CJ!


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Sexo, relações sexuais, foda, transar, o hula na horizontal, o bow-chicka-
wow-wow.

De maneira estranha, eu explodi —Fazer amor!

Graham olha para mim com os olhos arregalados e ilegíveis piscando uma,
duas, três vezes, enquanto meu coração se arrasta por minha garganta e incha
como um baiacu.

Oh Deus, arruinei tudo. Ele vai me dizer que estou louca. Ele vai me dizer
que o pensamento de nós dois em uma situação sexual o deixa com náuseas, e eu
vou me sentir como uma idiota por cada coisa provocadora que eu disse a ele. Eu
deveria ter começado isso muito séria. Eu não deveria ter tentado fazer isso
engraçado ou bonito, eu deveria ter apresentado minha proposta com uma voz
calma e a cabeça fria, garantindo que eu poderia sair com o meu queixo erguido
se ele dissesse não, obrigado.

Espero que ele fuja pela porta a qualquer momento.

Em vez disso, ele põe o copo para baixo, batendo na beira da mesa e
derrubando água no piso ao nosso lado, ganhando um olhar feio do ajudante de
garçom que estava arrumando uma mesa próxima.

Ele limpa a garganta enquanto endireita o copo e puxa o colarinho da


camisa. —Desculpe. O que você disse?

—Eu disse “fazer amor”. —Repito, minhas bochechas ainda estão


queimando. —Mas, você sabe, use sua própria palavra. Estou aberta.

—Você está aberta? —Ele repete, ainda soando vagamente estrangulado,


embora ele esteja com o botão superior de sua camisa desabotoado. —Aberta ao
que exatamente?

—Graham, eu tenho vinte e cinco anos e passo a maioria das noites em


casa assistindo televisão ou na academia andando em uma bicicleta que não vai a
lugar nenhum. —Confesso com vergonha, embora não seja novidade para ele. Ele
sabe que eu sou praticamente uma freira. Ele me provoca bastante, o suficiente.
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—Eu quero mais do que isso. Eu quero uma relação adulta, mas outros adultos
não me querem.

—Você é louca. Eu...

—Eu não sou louca. Eu sou inexperiente, e os adultos reais podem sentir
isso e isso os afasta. Isso me deixa com os meninos estranhos com velas e os
perdedores que procuram uma conexão sem sentido. —Ele começa a me
interromper, mas eu continuo. —Eu quero mais do que isso. Mas eu não tenho as
habilidades para selar o negócio e, a essa altura, nunca vou consegui-las a menos
que eu tome medidas drásticas para recuperar o atraso. Você entende o que eu
estou dizendo?

—Eu acho que sim. —Um rubor aparece no pescoço de Graham enquanto
ele balança a cabeça. —Mas você não pode estar falando sério que você quer que
eu...

O olhar dele cai de novo para os meus seios, demorando tempo suficiente
no lugar onde meu vestido deixa exposta a pele, o que me dá força para assentir e
murmurar: —Sim, é exatamente o que estou dizendo.

Ele engole seco, olhando por cima de um ombro e depois do outro, antes
de voltar para mim com um sussurro áspero. —Sean cortaria meu pau. Para não
mencionar o fato de você e eu... —Ele gesticula entre nós rapidamente com sua
mão. —Somos amigos, CJ. Apenas amigos. Eu não penso em você assim.

—E isso está bem. —Digo, forçando um sorriso. —Você não precisa pensar
em mim como nada além de uma amiga. E uma aluna. Eu serei uma boa aluna, eu
prometo. Sou uma aprendiz rápida. Especialmente quando estou interessada no
assunto.

Os olhos de Graham elevam-se ao céu azul, enquanto ele murmura algo


que parece uma oração.

Suspiro, minha esperança desaparecendo. Mas esta é a minha única


chance de conseguir o que eu preciso do único homem, no qual confio, que

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sobrou no mundo, e não vou desistir tão facilmente. Só porque sou virgem, não
significa que eu não tenho experiência em outras áreas, como falar o que penso
ou fazer campanha pelos meus objetivos. E, como uma boa empresária, planejo
manter este acordo com Graham no nível transacional. Claro, eu cobicei o
homem. Ele é tão bonito quanto qualquer coisa, e um completo coração mole sob
seu exterior ocasionalmente rude.

No entanto, nada disso interessa nesta situação. Estou focada,


determinada e completamente capaz de separar o meu coração da minha cabeça,
assim como eu tenho que fazer no trabalho ao fazer malabarismos com meus
papéis de amiga e chefe.

Isso é o que eu farei se ele disser que sim.

Devo convencê-lo a dizer sim.

—Graham, estou cansada de me sentir como um peixe em um aquário


toda vez que estou com pessoas estranhas. Claro, os homens me veem, mas logo
que eles percebem que eu não tenho ideia de como flertar e muito menos algo a
mais, o interesse deles desaparece rapidamente. —Eu mantenho a cabeça
erguida, recusando-me a sentir vergonha. —Pela primeira vez, eu quero me sentir
sexy. Saber o que eu quero e como conseguir. Eu pensei que você, de todas as
pessoas, entenderia isso.

Graham suspira. —CJ, você é uma mulher inteligente e bem-sucedida. E


você é um arraso.

Ele acha que eu sou um arraso? Ele nunca disse nada assim antes. Nunca.
Nem mesmo na última véspera de Ano Novo quando usei meu vestido vermelho
decotado para a festa de fim de ano da Adored.

—Você poderia ter qualquer homem que você quisesse. —Ele continua,
provando que não estava ouvindo. —Você não precisa de mim. E você não me
quer, confie em mim.

Com os olhos fixos nos dele, eu me inclino até que nossos rostos estejam a

24
poucos centímetros de distância e jogo meu “Ás”. —Mas eu quero você, Graham.
Ouvi os rumores. Você pode não estar ciente disso, mas suas ex-namoradas
conversam. Muito. E elas não têm nada além de coisas boas para dizer. —Eu
pauso, arqueando uma sobrancelha significativa. —Sobre tudo.

Os olhos dele brilham. —Estou longe de ser o único homem da cidade com
esse tipo de reputação.

—Verdade. Mas você é o único que é meu amigo. —Eu cruzo meus dedos
enquanto eu acrescento: —Eu confio em você, Graham. Eu sei que você não vai
me machucar ou tirar proveito de mim, ou me fazer sentir como uma tola se eu
não conseguir fazer tudo isso direito. Você é o único a quem posso pedir um favor
como este.

Ele franze a testa, mas eu posso vê-lo enfraquecendo. —Sobre o que


estamos falando? O que você quer que eu te ensine?

—Bem, o planejamento exato da aula depende de você. —Eu dou de


ombros, dizendo isso de forma casual para não assustá-lo. —Mas eu gostaria que
fosse minucioso. Eu quero ser bem treinada em todas as áreas.

Ele fica em estado de choque novamente. —Todas as áreas?

—Sim. Bem, você sabe. Oral. Isso é uma obrigação. E todas as coisas
normais. Mas eu também gostaria de diversificar. Ser um pouco aventureira, você
sabe? Talvez algum jogo ou submissão leve se as coisas estiverem indo bem, esse
tipo de coisa. —Eu encolho os ombros novamente, lutando para suprimir uma
risada nervosa. Eu nunca disse a maioria dessas coisas em voz alta antes, e muito
menos pedi a um cara para me ajudar a fazê-las. Procurando manter minha
calma, concluo com: —Eu só quero ser capaz de deixar um homem louco. Para
agradar e satisfazê-lo em todos os sentidos.

Graham move seu guardanapo do colo para a mesa.

Engole.

Limpa a garganta.
25
Ele limpa a garganta novamente e cruza os braços em seu peito.

—E eu provavelmente devo mencionar que sou virgem. —Revelo,


acreditando que é melhor colocar tudo para fora para que ele saiba sobre as
águas profundas em que ele está pensando em nadar.

Os olhos dele arregalam-se em resposta, mas estou pronta para ele. Esta
não é a primeira vez que choco e escandalizo alguém com meu V Card.

—Eu sei. —Levanto minhas mãos dos meus lados, minhas palmas viradas
para Graham. —É incomum. Eu entendo, mas ir a uma faculdade só de meninas
não era propício para perder minha virgindade. De maneira alguma. Adicione ao
fato de ter morado com meu irmão quando me mudei para Manhattan, e tudo o
que aconteceu depois, e as estrelas não se alinharam. E agora que eu comecei a
ter encontros novamente, bem... Sinto-me um pouco anormal. Os homens são
muito mais estranhos sobre dormir com virgens do que você pensaria.

A expressão de Graham é uma mistura eloquente de diversão, horror e


descrença, que seria engraçada, se eu não me sentisse como se tivesse mostrado
minha calcinha na igreja. Não me lembro da última vez que me senti tão
completamente exposta, todos os meus segredos e esperanças jogadas no vento,
esperando ver o que Graham decidirá fazer com eles.

Após um longo e silencioso momento, ele resmunga.

Uma vez. E outra.

—Então, esse é um resmungo para um não? —Pergunto, arqueando a


sobrancelha. —Ou para um sim?

Seus olhos azuis iluminam-se para mim, brilhando... Algo novo. Algo
escuro e delicioso que faz minha pele aquecer, e uma série de arrepios deliciosos
e ligeiramente assustadores dançam dos meus lábios até as pontas dos meus
dedos dos pés e vice-versa.

Ele balança a cabeça. —Eu não poderia, mesmo que eu pensasse que
fosse uma boa ideia, o que eu não acho. Estou num período sabático.
26
Eu franzo a testa. —Período sabático? De... Sexo?

—Sim. —Ele diz, um sorriso forçado aparece em seus lábios. —Um


período sabático sem sexo.

—Por que você faria isso?

—Uso excessivo de emoji, por exemplo.

—Isso faz de você um monge em tudo?

Ele concorda. —Mas, mais do que isso, o sexo complica as coisas, e eu


preciso estar concentrado nos negócios. É tudo trabalho e nenhuma mulher até
eu acalmar os acionistas impacientes. Eu sou todo sobre a Adored agora. Eu fiz
uma promessa para mim mesmo e eu não quebro minhas promessas.

—Eu vejo. —Digo, meus olhos estreitando-se aos dele, e eu decido jogar
sujo. —Mas eu não sou realmente uma mulher. Eu sou apenas CJ, sua amiga e
uma acionista que você precisa para apoiá-lo na próxima reunião do conselho,
certo?

—Caroline Jessica. —Diz Graham, meu nome completo é um aviso. —Você


não faria...

—Oh, mas eu faria. —Sorrio docemente. —Então, meu amigo, em troca de


uma semana de educação sexual, farei tudo o que você quiser que eu faça na
próxima segunda-feira. Eu vou sapatear na mesa da diretoria se você achar que é
necessário. No entanto, para registro, eu acredito em sua visão para a Adored, e
que você é a única pessoa qualificada para liderar a empresa. E vou expressar isso
de forma eloquente para o conselho... Assumindo que você concorde em
cooperar.

—Cristo... —Os olhos de Graham fecham-se enquanto seus dedos


esfregam suas têmporas.

—Pense nisso e me avise. —Fico de pé, pegando minha bolsa e a sacola


com o presente. Nós não comemos, inferno, nem pedimos, mas não há como

27
sentar à mesa com Graham e forçar a comida depois de uma conversa como esta.

É hora de fazer minha saída, e espero que eu saia com a vantagem.

Paro na porta que sai para o pátio para me despedir, e encontro Graham
me observando com aquele novo olhar, meio inseguro em seus olhos, e eu tremo.

Parte do arrepio é medo. E se isso arruinar as coisas entre nós? Claro,


tenho outros amigos, mas ninguém que eu conheça há tanto tempo ou me
importe tanto quanto Graham. E se ele diz não e decide nunca mais falar comigo?

Então outra voz na minha cabeça sussurra, E se ele disser que sim? Você
está pronta para isso, Caroline Jessica Murphy?

Mas enquanto eu fujo do restaurante e saio na Amsterdam Avenue, a


sensação eletrizante que levanta os cabelos na minha nuca não tem nada a ver
com medo, mas tudo a ver com a possibilidade.

28
CAPÍTULO 04
Graham

Que. Porra. É. Essa?

Eu coço minha orelha enquanto atravesso o Central Park atordoado, uma


hora depois.

Talvez eu tenha entrado em uma realidade alternativa, como no Clube da


Luta, só que agora estou interpretando o papel de um tutor sexual nas horas
livres. E a primeira regra do Clube do Sexo? Quando a mulher que você deveria
olhar como uma irmãzinha lhe fizer uma proposta, DIGA NÃO.

Certo?

Como posso dizer sim?

Meu trabalho é franzir o cenho para os pretendentes potenciais, para


dizer a ela que ninguém é bom o suficiente para ela, e para deixar claro que ela
nunca deve se contentar com algum otário que dá velas que ganhou de presente
para facilitar a obtenção de sexo.

Você facilitaria de uma maneira com muito mais classe, porra...

E Graham Demônio está de volta em grande estilo.

Ela precisa de você. Você é o único homem para o trabalho.

Não, Graham Demônio, você está errado. Não posso ser o cara que cuida
dela durante o dia e seu tutor de sexo à noite.

Veja quão bem esses papéis divididos funcionariam para o narrador do


Clube da Luta. Eu prefiro ficar fora do sanatório, muito obrigado.

29
—Saia do caminho, Wall Street!

Olho para cima enquanto um corredor apressadinho grita para mim. Hã?
Aparentemente, estou caminhando na pista de corrida. Bem, desculpe-me.

Eu levanto uma das mãos em um aceno amigável-zombeteiro, gritando: —


Não há problema, cara! Eu serei o que passará você amanhã!

Mas eu não corro no Central Park. Sou um rapaz da Hudson River


Greenway. Além disso, vestindo uma camisa não me faz parecer um babaca de
Wall Street. Eu sou apenas um cara bem vestido para o brunch com uma amiga
que eu conheço desde que ela era criança, que quer que eu a ensine truques
sexuais.

Enquanto ando para o outro lado do Great Lawn, tento novamente ver
sentido no desejo de CJ de aprender a agradar um homem. Algo está estranho
nisso. Deveria ser o contrário. Algum bastardo de sorte deveria estar ralando seu
traseiro e tudo mais para agradá-la.

Meu pau insiste que ele e eu poderíamos ensinar a ela como um homem
de verdade trata uma mulher. Mas meu pau não é o melhor barômetro. Paus são
notoriamente indignos de confiança. Um pau sabe uma coisa, ele quer ir para
casa. O tempo todo. O lar é a terra prometida entre as coxas macias e
acolhedoras de uma mulher.

É por isso que não posso confiar no meu pau para tomar esta decisão,
mesmo que a perspectiva de uma CJ doce, engraçada e inteligente perguntando,
não, implorando-me para fodê-la, seja mais excitante que eu teria imaginado ser
possível.

E esse é o problema. Eu preciso colocar minha cabeça no jogo e deixar a


minha libido de lado. Enquanto ando, concentro-me no melhor assassino de
ereção conhecido pelo homem heterossexual.

Outro homem.

Sim. Funciona como um encanto.


30
O rapaz de baixo aquietou-se em segundos enquanto penso em Sean.

Nós fomos criados em diferentes lados da cidade, mas nada disso


importava quando estagiamos na mesma empresa no ensino médio. Fãs roxos de
hóquei, nós nos conectamos por uma devoção compartilhada ao esporte, bem
como a nossa vontade de conquistar o mundo dos negócios. Inferno, nós criamos
a ideia da nossa empresa quando éramos adolescentes de mente suja. Mas
ficamos presos com isso, durante a faculdade e depois, iniciando a Adored e
transformando-a em um sucesso.

Ele guardava nossa empresa como um urso, observando-a com uma


devoção inabalável.

Ele era assim com sua irmã também. Esse era o estilo dele. Ele tinha a
coisa do irmão super protetor em abundância. A mãe deles morreu quando
ambos eram pequenos, e quando o pai deles se mudou para a Grécia, todas as
estradas para a vida social de CJ passavam por Sean. Com 1,90 de altura, um
corpo de lutador e uma aparência rude, ninguém queria foder com ele. Não é
surpresa, suponho, que ela não encontrasse muito em Manhattan, não quando
ela estava morando no final do corredor de alguém que poderia colocar muito
medo em outros homens com um olhar.

Mas mesmo assim, ainda está mexendo com a minha cabeça que ela é
virgem. Como uma verdadeira virgem? Não apenas as virgens de hoje, que se
consideram castas se os seus traseiros não foram deflorados?

Como uma mulher linda, extrovertida e completamente adorável como CJ,


poderia ser um membro do V clube aos vinte e cinco anos? CJ é o material de que
os sonhos eróticos são feitos. E naqueles sonhos sujos, eu posso imaginar levá-la
a algum lugar em particular e tirar sua blusa, beijando aqueles seios deliciosos
dela, fazendo-a gemer. Eu posso imaginar descobrir o sabor de seu beijo,
fazendo-a engasgar enquanto minha língua varre sua pele macia pela primeira
vez.

Um cavalo e uma carruagem de passeio turístico aproximam-se, o cavalo

31
relinchando.

Sim, essa é a minha deixa para um Calma Nelly 4no meu cérebro.

E violar a primeira regra do Clube da Luta. A verdadeira regra.

Eu tenho que falar sobre isso.

Preciso de um choque de realidade.

Preciso da minha boa amiga Luna, ex-colega da faculdade, e a pessoa com


quem eu sempre posso contar para me dizer a verdade, mesmo quando dói. E
acontece que ela não está longe.

Dirijo-me para o food truck5 dela, enviando uma mensagem de texto


informando que eu estarei lá em três minutos.

Enquanto eu ando pelo caminho de paralelepípedos, não muito longe do


carrossel6, ela sai da porta do caminhão azul do “Luna’s Sweets” do outro lado da
rotatória. —Ei, estranho! —Luna acena para mim, sorrindo por trás de seus óculos
de gato e seu cabelo loiro preso flutuando na brisa. —O que você está fazendo
aqui em um domingo? Deixe-me adivinhar, você não conseguiu se afastar das
minhas whoopie pies 7.

Estendo meus braços. —Quem no mundo pode resistir a uma whoopie


pie?

—Ninguém. E vamos continuar assim. Vamos abrir em trinta minutos, e eu


quero uma fila até onde os olhos possam ver, mas você pode ter uma agora. —Ela
pisca e depois volta para o caminhão, retornando alguns segundos depois com
uma whoopie pie em um barco de papel. —Para você, seu viciado em torta.

4
"Whoa Nelly" Essa expressão foi popularizada na TV via The Roy Rogers Show (1951-1957). É usada para
expressar choque, admiração ou apenas surpresa.
5
É um espaço móvel que transporta e vende comida. Alguns, como caminhões de sorvete, vendem congelados ou
pré-embalados; outros servem refeições específicas, como, por exemplo, tacos, kebab, hambúrguer e comida
chinesa. A sua popularização, no entanto, se deu quando os caminhões passaram a servir comida gourmet.
6
O Central Park Carousel é um carrossel vintage localizado no Central Park em Manhattan, Nova York, no extremo
sul do parque, perto da East 65th Street
7
Whoopie pie é uma sobremesa tipicamente americana, que mais lembra um mini bolo ou um biscoito recheado.
32
Eu bato em minha barriga plana. —Shh. Não diga a ninguém que a
verdadeira razão pela qual eu corro oito quilômetros todos os dias, é que eu sou
viciado no seu whoopie. —Eu levanto uma das mãos. —Espere, isso soou sujo.
Reinicie.

Luna ri. —Está bem. Estou acostumada com a sua mente suja. Mas,
felizmente, sou imune aos seus encantos.

—Você me magoa.

—Eu sei. Você nunca se conformou que eu tenha escolhido o time das
meninas em vez do time dos meninos, não é? —Ela espera minhas garantias
habituais de sim, ter meu único amigo bissexual renunciando a um pau pelo resto
de sua vida, foi o evento mais traumatizante da minha experiência na faculdade.

Mas meu cérebro está confuso e não estou pronto para responder a
nossas piadas habituais. Ela parece sentir isso, suas sobrancelhas se juntam
enquanto ela analisa o meu rosto. —Uau, você parece uma merda. Está bem?

—Você também parece adorável.

Ela bate no meu ombro. —Cale-se. Quero dizer, com muito carinho.

Eu esfrego meu ombro, fingindo que ela me machucou. —E eu aprecio o


seu carinho, mesmo do tipo em que você me dá socos. —Respiro profundamente
e mergulho no final da piscina.

—Já se sentiu como se tudo o que você pensou que sabia sobre o universo
virasse cinzas em uma única manhã?

—Vendo como eu mal entendo como a teoria das cordas8 supostamente


amarra o universo, não. Mas eu entendo o que você está dizendo. Vamos. Vamos
dar uma volta. —Ela desata o avental, embolando-o e jogando-o para o
adolescente no caminhão. —Segura as pontas. Eu voltarei em breve.

8
A teoria das cordas é uma tentativa de unificar a Teoria da Relatividade e a Mecânica quântica. Ela afirma que
todas as partículas do universo são formadas pequenos filamentos de energia semelhantes a pequenas cordas
vibrantes, daí o nome dado à teoria.
33
Andamos pelas árvores e entramos na sombra, Luna balança as mãos nos
bolsos de seu suéter enorme. —Fale comigo.

—É CJ Murphy. Sabe, a irmã mais nova de Sean?

Luna murmura pensativa. —Morena, linda e curvilínea na formatura?


Aquela que Sean tratou como se ela fosse de vidro, e a fez voltar para o hotel com
o pai deles antes que todos saíssemos para tomar bebidas?

—Sim, essa mesma. —Digo. —Nós ficamos próximos desde que Sean
morreu, e eu, um... Bem, eu aprendi algo sobre ela hoje. —Eu tomo meu tempo
com isso. Uma parte de mim pensa que não deveria estar compartilhando o
segredo de CJ, mas Luna é um cofre. Ela mantém todas as minhas confidências,
sempre manteve, e não consigo processar esta nova informação sozinho.

—Ela é uma assassina do machado em seu tempo livre? —Luna ironizou.

—Ha! Engraçado. Mas você não está longe, sábia estranha. —Eu dou outra
mordida, terminando a torta e respirando fundo. —Mas ouça, isso é pessoal.
Então, não compartilhe.

Ela me dá um olhar, você não pode estar falando sério. —Até parece.

—Quero dizer, Luna. Você não pode sequer contar a Princesa. —Digo,
referindo-me a Valerie, a mulher alta, forte e que chuta bundas e esposa de Luna.
Ela é a chefe de operações de bilhete no Madison Square Garden, bem como uma
instrutora de karatê em meio período, e longe do estereótipo de princesa como
você pode perceber, mas é doce que Luna use esse apelido.

Ela franziu a testa. —É melhor ser importante se você está me pedindo


para não conta-lo a Valerie. Não temos segredos, até mesmo os segredos de
outras pessoas.

Jogo o barco de papel em uma lata de lixo, paro completamente e suspiro.

—Sim, é importante, e eu provavelmente não deveria falar uma palavra,


mas isso está fodendo com a minha cabeça e eu preciso da sua ajuda.

34
Ela toca seu relógio. —Estou te ouvindo, Graham Cracker. E você sabe que
eu ajudarei se eu puder. Mas eu não posso fazer nada até que você me fale.

—Ela está interessada em voltar para a escola. —Deixo escapar.

Luna levanta sua sobrancelha. —Para quê? Negócios? Ela já não dirige sua
própria empresa?

—Não é esse tipo de escola. —Corto com o papo furado, acrescentando


com uma voz mais suave. —Ela quer que eu seja seu professor. Seu professor de
educação sexual particular.

A boca de Luna cai em um “Oh”. —Uau! Eu simplesmente não consigo


imaginar... —Ela pisca atrás de seus óculos. —Ela parecia tão tímida quando eu a
conheci. Ela realmente apareceu e disse que queria um professor de sexo? Tem
certeza de que você a compreendeu?

Eu zombo. —Por favor. Ganhei um A+ nesse assunto.

Um olhar de alerta é minha resposta.

—Confie em mim. Não houve insinuações. Sem sutilezas. Ela foi cem por
cento direta. Ela quer que eu desenvolva um plano de aula sobre como agradar
um homem. Aparentemente, ela não sente que é tão versátil quanto quer ser.

Luna bufa. —Mas de jeito nenhum ela é virgem, certo? Ela é uma gata.
Completamente atraente. Quero dizer, se eu não estivesse loucamente
apaixonada pela Princesa, eu iria querê-la.

Eu rolo meus olhos. —Bom saber. —Então, evitamos a pergunta virgem


porque não é meu segredo para compartilhar. Eu não tenho que revelar a
verdade completa para conseguir o conselho de Luna. —Ela é inexperiente. E ela
quer... Como devemos dizer, aperfeiçoar. Acho que ela sente que no mundo de
hoje, ela precisa de alguns truques na manga para entrar sozinha no campo de
batalha.

—É muita loucura lá fora. —Luna murmura. —Agradeço a Deus todos os

35
dias que não estou mais solteira. E bem, acho que é natural que ela lhe pergunte.
Você é amigo dela, e você tem uma reputação como um guia talentoso neste
mundo hétero, se você curte este tipo de coisa. —Ela encolhe os ombros.

—Então, o que você disse?

—Eu não disse nada. Quero dizer, isso é loucura, certo? —Perguntei,
chocado porque Luna não está me dizendo imediatamente para me afastar da
irmã mais nova do meu melhor amigo. —Eu tenho que dizer não a ela. Sean
ficaria louco. Não posso fazer isso com ele.

—Sean teria ficado feliz se a pobrezinha acabasse trancada em um


convento em algum lugar. —Luna pressiona seus lábios juntos. —E Sean, que sua
alma doce e protetora descanse, não está aqui para tomar essa decisão. CJ está, e
você está. E se a mulher precisa e quer ajuda, é algo a considerar. Você quer fazer
isso? Ajudar alguém com quem você se preocupa?

Eu balanço minha cabeça porque eu não posso fazer isso.

Mas eu também não posso deixar de pensar em como CJ responderia a


um beijo, meu corpo apertando-se com o dela. Eu posso praticamente sentir suas
curvas contra meu peito, ouvi-la chamando meu nome com sua voz rouca.

Agora que a ideia foi plantada, não posso tirá-la da minha mente.

—Mas esse não é o ponto. —Digo limpando minha garganta. —O objetivo


é que eu tenho que convencê-la a deixar isso, você não acha? Ela deve esquecer a
ideia do sexo e manter os encontros até encontrar o cara certo.

Luna ri. —Você é um idiota, Graham. —Ela diz sem rodeios. —CJ sabe o
que ela quer, ou ela não teria tido coragem de pedir isso. Além disso... —Ela agita
uma das mãos para o horizonte da cidade, emergindo com as construções cinzas
e irregulares sobre os verdes das árvores do parque. —Você namorou e concedeu
orgasmos para a metade da população feminina da cidade. E agora você tem a
chance de usar toda essa experiência para o bem.

Eu zombo. —Sério? Para o bem? É assim que você vê isso?


36
Ela assente com firmeza. —Sim. Você foi chamado para ajudar uma amiga.
E se ela não recebe um sim de você, o que faz você pensar que uma mulher
determinada e brilhante como CJ não vai encontrar alguém para lhe ensinar as
manhas?

Meu estômago aperta com esse pensamento. Alguém mais ensinar a ela?
Tocar nela?

—Você realmente acha que ela pediria a outra pessoa?

Luna ergue os ombros. —Nunca subestime a determinação de uma


mulher quando se trata de conseguir o que ela precisa. E para o registro, se ela
jogasse no meu time, e ela viesse até mim antes de eu ser uma mulher casada,
acredite, eu teria ensinado a ela como flutuar no Rio Lésbico.

—Eu não percebi que era um rio. —Digo secamente.

Luna meneia as sobrancelhas em resposta. —Pense. E se ela for a um


especialista em sexo? Existe isso? Se existe pessoas que são pagas para acariciar,
certamente há especialistas em sexo? Caras que ensinarão a CJ todas as ações
sujas, desde que esteja disposta a pagar o preço certo...

O pensamento é de revirar o estômago. Eu não quero que ela vá para


algum especialista em sexo desprezível ou mesmo outro amigo.

Eu não quero que ela se revele para outra pessoa. Ponto final. Período
sabático sem sexo ou não, isso é inaceitável. E, honestamente, provavelmente
vale a pena acabar com meus dois meses de jejum.

Levanto meu olhar para o céu. Sean não está aqui, que ele descanse em
paz, mas se sua irmã está obcecada em encontrar alguém nesta cidade de
milhões para ensinar a ela como se desfazer, e fazer um homem fazer o mesmo,
serei eu.

E porra, eu sempre quis vê-la gozar.

Talvez isso me torne um homem mau, mas acho que ser bom está

37
rapidamente perdendo seu apelo.

Eu ando com Luna de volta ao seu caminhão, despeço-me dela com um


abraço, e depois abro o número de CJ no meu celular.

Eu sou seu amigo e eu me importo com ela. Eu quero que ela saiba disso.
Eu também quero mostrar a ela o tipo de professor que eu sou.

O tipo que não se contenta com menos de 100% de seu aluno.

38
CAPÍTULO 05
CJ

Eu pedalo com mais força. Mais rápido. Eu estou escalando o maldito


Monte Everest agora. Estou passando a cascata de gelo, depois a montanha
Lhotse e agora indo para o topo. Meu coração bate tão forte que parece
tambores em meus ouvidos. Meu sangue bombeia rápido como a correnteza de
um rio.

Mas não rápido o suficiente.

Eu aumento a tração na bicicleta. Defino a inclinação mais íngreme. Mais


difícil de andar. Meus quadris gritam para mim e meus pulmões parecem querer
saltar para fora do meu peito.

Mas “Don’t Stop Me Now” do Queen grita em meus ouvidos, quase


intenso o suficiente para afogar meus pensamentos.

Quase.

Mas não o suficiente.

Porque não importa o quanto eu treine na academia esta tarde, não


importa com quão alto eu ouça minha lista de reprodução favorita de Retro
Cycling Goodness, não posso deixar de pensar que sou uma idiota colossal.

Quem diabos pede a um amigo para tirar suas rodinhas?

Correção. Quem diabos pede a um amigo que nem se sente atraído por
ela, para estourar sua cereja? E, então, mantém a empresa dele refém?

Preciso cobrir meu rosto agora mesmo, mas se eu fizer isso, vou
escorregar da bicicleta e cair, suada, para uma morte patética no chão da minha

39
academia, vestindo minha camiseta “Boa Gramática é Sexy!” e, considerando
tudo, não é assim que eu quero morrer. A academia cobra uma fortuna para o
aluguel de toalhas, então quem sabe o quanto cobrará para a remoção de um
corpo.

Enquanto meu coração bate contra minha caixa torácica, imagino Graham
lendo o jornal em seu tablet, comparando silenciosamente os últimos
acontecimentos mundiais trágicos, com a tragédia de uma mulher chegando aos
vinte poucos anos sem encontrar alguém disposto a arrancar sua florzinha.
Graham saindo para uma corrida e ficando sem fôlego porque ele não consegue
parar de rir por causa da boba CJ, a solteira virgem esquisita. Graham no meio de
uma refeição perdendo o apetite quando ele percebe que terá que encontrar
uma maneira gentil de me dizer que ele não tem interesse em adquirir a escritura
da minha propriedade.

Afinal, já faz horas e ele não ligou. Ele não enviou mensagens de texto. Ele
claramente vai me dar um grande não e me dizer para ir embora.

Levanto o queixo, tentando inalar profundamente, exalar completamente


e soltar.

É legal. Estou calma. Apenas vou pedalar até eu desmoronar, então vou
cochilar até que o constrangimento desapareça, digamos lá por 2056.

Meu celular vibra no painel de controle me surpreendendo.

Eu diminuo meu ritmo, quase girando na bicicleta quando eu vejo seu


nome.

Graham...

Meu coração pula em minha garganta.

É isso. No momento em que minha atitude ousada me bate na cara.

Graham: Hey!

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Eu estudo o texto como se alguma coisa, qualquer coisa nessas três letras,
me diga se isso é um hey, vamos começar ou um hey, não jogue sua vagina em
mim. Mas acabo de mãos vazias, então devolvo isso para ele.

CJ: Hey!

Graham: Como vai?

Estou com calor. Suada. Ofegante.

Mas é claro que isso passaria a mensagem errada. E a mensagem que eu


preciso enviar agora é de arrependimento e remorso. Preciso deixar Graham
saber que eu sinto muito, que eu passei dos limites.

CJ: Oh, você sabe... Eu pedalei esta bicicleta ergométrica


até o Brooklyn, e voltei, subindo nos dois sentidos, e
basicamente roí minhas unhas avidamente em um ataque
épico de estresse,

Graham: Você não é uma roedora de unhas. Além disso,


tem um desempenho cardíaco impressionante, CJ.

CJ: Você está certo. Normalmente não roo unhas. Mas eu


claramente não estou bem hoje. Estou preocupada que eu
tenha passado dos limites e agora você pense que eu sou uma
pessoa louca.

Graham: Não mais louca do que eu pensava ontem.

Eu gemo enquanto tiro meus fones de ouvido. Louca. Ele confirmou que
ele acha que eu sou louca. Eu vejo meus planos de educação sexual subirem em
chamas, alimentados pelo material inflamável do relacionamento para sempre
danificado entre Graham e eu. Mordendo o lábio, eu escrevo.
41
CJ: Eu arruinei nossa amizade, não é?

Graham: Não. Claro que não.

CJ: Você tem certeza?

Graham: Tenho certeza. Fico feliz que você tenha sido


sincera comigo. E que você confiou em mim o suficiente para
compartilhar algo tão pessoal.

CJ: Mesmo que eu tenha feito você refém com minhas


exigências?

Graham: Você é uma negociadora durona sob essa


aparência doce. Mas eu sempre soube que você era de aço e
açúcar.

Meus lábios pressionam juntos. Aço e açúcar. Isso não é necessariamente


uma combinação ruim, não é?

Graham: Sério, você nunca poderia arruinar nossa


amizade. Não importa quais esquemas você crie no seu
cérebro de esquilo.

Eu estremeço, abrindo uma cratera no meu estômago. O embaraço me


cobre. Meus ombros caem. Ele pode negar tudo o que ele quiser, mas ele
claramente acha que estou acumulando loucura para o inverno.

Mas antes que eu possa digitar algo suficientemente relaxado para


esconder minha vergonha, meu celular vibra novamente.

Graham: Encontre-me no Pátio West às nove da noite

42
amanhã. Esteja pronta para a lição um.

—Puta Merda! —Murmuro, a mão virando para cobrir minha boca.

—Puta, puta e puta merda! —Minhas mãos estão tremendo tanto de


emoção, que é preciso três tentativas para digitar minha resposta: Vejo você
lá, e pressionar enviar.

Resistindo ao desejo de empurrar meus braços para o ar em um “V” de


vitória, eu começo a pedalar, mas por dentro não estou fazendo ciclismo. Eu
estou subindo, voando alto. Eu não consigo esconder o sorriso estúpido do meu
rosto ou evitar que as risadas escapem de meus lábios.

Eu finalmente vou perdê-la, a única coisa que com certeza eu não quero
manter.

Adeus, V card!

43
CAPÍTULO 06
Graham

Hoje estou em chamas.

São apenas dez horas, e eu já corri oito quilômetros na Greenway do Rio


Hudson, resolvi um delicado problema de abastecimento com o departamento de
produção do outro lado do mundo, e respondi todos os e-mails urgentes dos
parceiros de negócios.

Isso é o que um bom alarme à moda antiga às cinco horas da manhã e a


perspectiva de cuidar do meu outro tipo de negócios favorito depois do
expediente fizeram para mim.

Adicione uma reunião de café da manhã com minha equipe de finanças no


Parker Meridien, onde tudo correu bem, e eu gostaria de engarrafar essa energia
e usá-la sempre que estiver perdendo foco.

Volto para o escritório na Fifty-Sixth, apertando o botão do elevador para


o vigésimo quinto andar e assobiando uma melodia feliz.

Onze horas mais até a aula começar.

Nunca estive mais animado para ir à aula.

Por outro lado, nunca fui esse tipo de professor, e tenho a sensação de
que vou aproveitar todos os segundos ensinando CJ, um a um.

À medida que o elevador sobe, meu celular vibra com um texto. Eu pego
rápido, caso seja CJ. Mas meu maxilar cerra quando eu vejo o nome.

Eu murmuro uma maldição, mas depois respiro fundo e engasgo,


enquanto abro a mensagem de Lucy. A última vez que a vi, no dia em que
terminei as coisas, ela perguntou se poderia morar comigo. Você pode dizer
44
chicotada? Primeiro, estávamos saindo há um mês. De jeito nenhum eu queria
que ela mudasse. Em segundo lugar, eu queria acabar com o relacionamento, é o
que “isso não está funcionando para mim” significa.

Eu me preparo para a sua mensagem, esperando que não seja outro


bilhete de avião para voar para fora da cidade com ela, ou algum comentário
sobre o que eu estava vestindo na pista de corrida naquela manhã, já que eu a vi
algumas vezes no greenway, mesmo que ela nunca tivesse corrido antes.

Lucy: Pensando em você e no lenço que você disse que


queria usar em mim.

Eu olho para o meu celular. Sobre o que ela está falando? Nunca
discutimos sobre um lenço e não tenho tempo para jogos mentais. Mas eu não
posso continuar esperando que ela me deixe em paz.

Preciso enviar uma mensagem muito clara.

Graham: Por favor, pare de me enviar mensagens de


texto. E não tente me contatar novamente.

Apago o texto dela e excluo suas informações de contato. Então eu deleto


Lucy do meu cérebro.

Feito.

Foi.

Limpo.

Enquanto minhas mensagens estão abertas, envio um texto rápido para os


meus pais, perguntando se mamãe perdeu para o papai na quadra de tênis hoje,
novamente. Sua resposta é rápida “Claro. Três, amor. Booyah!”, e me faz
sorrir. O condomínio deles, suas aulas de tênis, a diversão que eles estão tendo,
depois de décadas se matando em empregos sem futuro, é por isso que eu
trabalhei muito desde que eu era criança, meu primeiro trabalho foi entregar
45
jornais. No dia em que o banco expulsou minha família da nossa casa, há anos
atrás, eu sabia que o futuro seria muito brilhante. Porque eu o tornaria mais
brilhante. Eu estava decidido a sair e fazer o melhor para todos nós.

E eu fiz. Meus pais adoram o condomínio em West Palm Beach, e todos os


dias eu fico contente por ter comprado para eles antes de financiar meu próprio
apartamento em NYC.

O elevador apita e as portas se abrem no meu andar, no reino que eu


construí a partir do zero. Falo oi para a recepcionista, depois caminho pelo
escritório, sorrindo e cumprimentando rapidamente minha equipe no caminho
para o meu escritório.

Quando chego à porta, uma voz me chama. —Você viu aquele pênalti na
noite passada?

Eu giro, meus olhos alargando-se, meu desgosto sobre o ridículo pênalti


contra os meus Badgers de Portland voltando em pleno vigor. —Foi um
verdadeiro roubo. —Digo a Brian, uma estrela em ascensão do marketing da
empresa, e também um fanático por hóquei.

Ele balança a cabeça, seus olhos azuis estreitando-se enquanto ele


caminha em minha direção. —Estou lhe dizendo que os árbitros odeiam nossos
caras porque somos muito bons.

—Oh, ser odiado por ser incrível. Algo que todos devemos aspirar. —Olho
meu relógio. —Hey, você quer rever o PowerPoint para a próxima semana?

Introduzir no mercado as novas coleções é fundamental para os meus


planos sobre a empresa. Nesta indústria em rápido movimento, precisamos estar
impecavelmente em comunicação com os consumidores. Mas de uma forma sexy
e deliciosa.

—Absolutamente. Vamos deixá-lo incrível.

—Vamos deixá-lo tão bom que o conselho ficará de cara. —Concordo.

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—Essa é a única maneira de tratar um conselho.

Abro a porta para o meu escritório e deixo Brian entrar primeiro. Ele se
juntou à empresa alguns anos atrás, e com um MBA recém-conquistado, ele está
ansioso como um escoteiro. Ele tem uma atitude jovem, ambiciosa, bem como
uma tenaz ética de trabalho que eu gosto.

Arregaçamos nossas mangas e debruçamos sobre a apresentação que eu


preciso fazer para o conselho na próxima semana, aperfeiçoando alguns slides
para torná-la ainda melhor. Quando terminarmos, eu levanto a mão para ele
bater. —Isto é como uma jogada de mestre no final da Copa Stanley.

—Você sabe disso. —Ele diz, rindo enquanto passa a mão por seus cabelos
castanhos.

Mas então, eu tenho que me perguntar se é isso.

Está quase lá, mas...

Inclino-me para trás em meu sofá de couro, pensando.

Minha mente enrosca em algo dos meus e-mails de hoje cedo. Um dos
nossos parceiros queria ver se eles poderiam mudar o lançamento de uma nova
linha de espartilhos de doces coloridos para o outono, um impulso pré-feriado,
mas o marketing ainda parece um pouco inadequado. “Pegue o seu bolo e use-o
também” é um slogan bonito para a coleção, mas as modelos que estamos
usando nos cartazes da campanha, parece que não comem bolo há pelo menos
sete anos. Talvez oito. Eu preferiria que o pacote de marketing atingisse uma nota
inclusiva, abraçasse todos os tamanhos corporais e todas as mulheres, sejam elas
magras, curvilíneas ou gordinhas. Nós construímos nossa marca de alto nível com
essa mensagem, e não podemos nos afastar muito. A mística da marca Adored
tem que permanecer no topo.

Compartilho meu processo de raciocínio com Brian e ele balança a cabeça


em concordância.

—Com uma refilmagem e alguns ajustes de posicionamento, vamos poder


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seguir em frente com isso. —Digo, uma explosão de emoção atravessando-me,
como muitas vezes acontece quando sinto as possibilidades do que posso fazer
nesse negócio.

Eu comecei a Adored por três razões. Um, eu queria construir uma


empresa que amasse desde o início, aplicando toda a minha perspicácia
empresarial com o único objetivo de fazer meu empreendimento ter um grande
sucesso, para que ninguém na minha família tivesse que se preocupar com
dinheiro nunca mais.

Eu consegui isso.

Dois, eu adoro mulheres, especialmente com lingerie e, particularmente,


quando a lingerie está fazendo seu trabalho, fazendo com que elas se sintam
sexys e bonitas.

E três, eu queria trabalhar com meu melhor amigo. Nós conseguimos isso,
e parte de mim quer lutar para manter a Adored independente por causa de
Sean. Eu sei que ele também teria desejado isso.

Esta apresentação sobre a nova coleção será fundamental para deixar o


conselho entusiasmado com a minha visão para Adored, para que eles vejam que
vender não é uma opção.

Depois de terminar de elaborar um plano de ajustes da campanha e Brian


sair, checo o relógio, satisfeito que agora falte menos de sete horas para o início.
Estou pronto para me dar um A+ por estar arrasando no escritório hoje. Talvez as
mulheres e o trabalho não estejam se entrosando ultimamente para mim, mas,
com certeza, parece que a aula noturna é melhor do que um café gelado para me
concentrar.

Nota para si: se você mudar de carreira, considere ser um professor de


sexo. Ele simplifica a concentração e mantém seu pau no jogo.

À medida que o relógio marca mais de três horas, reviso o design de


algumas calcinhas novas. Inclinando a cabeça, estudo a maneira como a renda

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eleva as coxas da modelo. Como desliza entre as pernas. Um modelo suficiente
para deixar a maior parte do que está embaixo para a imaginação.

E minha imaginação vai para CJ.

O que ela usa sob aquelas camisetas bonitas? Com o que ela dorme? Eu
estou imaginando ela na cama em seu confortável apartamento no Meatpacking
District, deslizando debaixo dos cobertores em baby-doll vinho escuro, contra sua
pele pálida. Ele vai até a barriga dela, revelando a pele para beijar.

Um gemido mal audível escapa da minha garganta. Agradeço que minha


porta está fechada, porque estou olhando para a tela como se fosse o melhor
filme de pornografia.

Mas não é a calcinha na tela que faz isso por mim.

É o filme em minha mente.

Estou despindo CJ, descobrindo que ela usa um sutiã de bojo azul pálido
com flores bordadas, a meia taça assegurando que seus seios derramem sobre as
partes superiores. Estou vendo uma calcinha correspondente com padrões
delicados e renda pura.

No negócio de lingerie, você aprende que toda mulher é única quando se


trata de sua sensualidade. Algumas querem levar estampas ousadas de animal,
outras desejam flores delicadas. Algumas amam sem remorso o preto não-se-
engane-com-o-que-tenho-em-mente, enquanto outras desejam brilho, vermelho
ardente ou o delicado rosa pálido.

Eu sei com o que eu gostaria de ver CJ, mas eu também quero aprender
como ela se vê.

O que ela usa por baixo de suas roupas para fazê-la sentir-se confiante e
bonita? O que traz seu lado sedutor? Ela descobriu o poder de um conjunto de
calcinha e sutiã bem escolhido?

Talvez seja algo com o qual eu possa ajudá-la também, e me dar algo para

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ansiar no processo.

Seguro meu celular e organizo uma entrega especial.

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CAPÍTULO 07
CJ
Pode ser isso. A noite que muda tudo. Na noite em que eu começar a
viagem de “Atrás da Curva do Sexo para De Cabeça na Aula de Foda”.

Assumindo, é claro, que a caixa de presente que Graham tinha enviado


para o meu apartamento seja mesmo o que eu acho que isso significa.

—Calcinhas sexys em uma caixa de presente extravagante, significam


exatamente o que você acha que elas significam, gênio. —Murmuro para o meu
reflexo no espelho, verificando meu pó compacto, enquanto meu taxista passa
pela Sexta Avenida, costurando o trânsito de uma maneira que me daria um
ataque do coração se eu cometesse o erro de olhar pela janela. —É isso.
Momento para colocar a cabeça no jogo e ter pensamentos positivos e prontos
para atacar.

Oh Deus . . . Pensamentos prontos para atacar.

Eu pensei que estivesse pronta, eu sou a única que colocou esse atrevido
acordo na mesa, pelo amor de Deus, mas agora que minha teoria está prestes a
se tornar realidade, estou tão nervosa, como se minha língua estivesse rastejando
na minha boca para esconder-se no meu estômago. Eu esperava que a primeira
lição fosse algo domador, uma maneira de aliviar isso, como afundar-se em uma
piscina de água ligeiramente quente demais, mas havia calcinhas.

E calcinhas significam negócios.

—Deixo você sair desse lado? —Perguntou o motorista, fazendo um gesto


para a esquina à frente.

—Sim, tu-tudo bem. —Ajeito meu cabelo, corro minha língua pelos meus
dentes da frente, e aperto meu pó compacto fechado com um clique firme antes
de passar meu cartão de crédito e adicionar uma boa gorjeta.

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E depois eu saio, minha saia preta que atinge os joelhos e a calcinha de
renda preta que revela mais da minha bunda do que eu tenho certeza de que eu
já revelei para alguém, estamos prontos para ir. A calcinha de renda não é fio
dental, mas também não cobre minhas bochechas. Ela tampou metade do meu
traseiro. Talvez isso signifique que Graham é um homem de bundas. O
pensamento faz-me simultaneamente querer rir e esconder meu rosto atrás das
minhas mãos enquanto eu coro.

Há também uma borboleta bordada na frente semitransparente, bem no


topo do meu quadril. Se eu estou tentando ler sua seleção de calcinhas como uma
caneca de folhas de chá, acho que isso significa que ele pensa que eu sou uma
borboleta. Espero que ele esteja certo e, finalmente, estou pronta para sair do
meu casulo.

Mas eu me lembro de que eu sou uma borboleta de negócios e essa


espécie mantém o coração separado de qualquer coisa abaixo do cinto. Eu me
movo mais rápido pela rua, tremendo ligeiramente com o frio do ar noturno,
envolvendo meus braços ao redor da minha blusa rosa de seda.

Poucos minutos depois, após visitar o banheiro do Starbucks, a algumas


portas do restaurante, porque a ansiedade faz minha bexiga microscópica ainda
mais hiperativa, estou saindo do elevador no Patio West.

Pessoas excessivamente bem vestidas e na moda reúnem-se em grupos


aconchegantes ao redor do terraço, iluminado por lâmpadas de gás antigas e
aquecedores de ambiente espalhados ao redor do bar. A esta hora, o sol já se pôs
e as luzes estão baixas, mas é claro o suficiente para eu detectar Graham. Eu
poderia localizá-lo a uma milha de distância em um dia nublado com um saco
sobre a cabeça, com base em seus ombros largos e sua atitude impiedosa.

Mas ele não está aqui. Não há ombros adequadamente largos presentes
no bar ou em qualquer uma das mesas.

Dúvida passa pelo meu peito pela milésima vez desde que meu presente
de calcinhas chegou. E se Graham mudou de ideia? E se as calcinhas não

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significam o que eu acho que elas significam? E se ele estivesse a caminho daqui e
sofreu um acidente horrível e agora está no hospital, lutando por sua vida, porque
sou amaldiçoada e vou para o túmulo como uma virgem inexperiente assombrada
pelos fantasmas de todos os pênis que eu nunca conheci?

Com a minha ansiedade atingindo um ponto crítico que me enviará


correndo para casa para passar a noite assistindo Hugh Jackman em Les Mis com
Stephen King, meu gato gagá, mesmo que ele mastigue um botão da minha blusa
como ele fez a outra noite, o gato não o ator, eu tiro meu celular e faço uma
chamada de emergência.

Chloe, minha melhor amiga e a guru do marketing que ajudou a fazer da


Love Cycle Creations um sucesso além dos meus sonhos mais loucos, responde no
segundo toque. —Você já correu para casa para se esconder? —Ela pergunta,
provando que sou uma covarde muito previsível.

—Não. —Sussurro, deslizando para a beira da varanda para olhar para o


tráfego parado abaixo. —Mas estou pensando em saltar do telhado e colocar fim
ao meu sofrimento. Meu encontro não está aqui.

Eu não disse a Chloe que meu encontro misterioso é Graham, não estou
pronta para contar esse pedaço da fofoca, mas eu tive que dizer a alguém que eu
estava saindo de casa para ver um homem pela primeira vez em quase seis
meses. —Por que ele não está aqui?

—Hum, tantas razões, metrô parado, péssimo motorista de Uber,


construção bloqueando uma via principal no Lower West Side? Preciso continuar?

—Ele tem um motorista e um carro grande e luxuoso. —Murmuro,


arrumando-me atrás de um vaso com uma árvore com vista para o elevador.

—Ooh la la! Um homem sofisticado, hein? Você não me disse que ele era
chique. —Diz ela antes de eu poder responder. —Seu carro não tem asas, não é?
Ele poderia estar preso no trânsito. —Chloe faz uma pausa e murmura algo em
voz baixa, juntamente com meu nome, fazendo-me pensar que ela não está
sozinha na outra extremidade da linha.
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Claro que não está. Chloe é sexy, engraçada, fabulosa e completamente
confortável consigo mesma. Ela ama os homens e eles a amam, e ela raramente
está sem um homem do momento, mesmo que ela tenda a se afastar de
relacionamentos a longo prazo.

—Desculpe-me. —Digo, sentindo-me terrível por ser a amiga-chefe


carente que interrompe um encontro casual de segunda-feira. —Estou
interrompendo sua noite? Eu posso ir. Isso não é grande coisa.

—Claro que é grande coisa e não, você não está interrompendo. —Diz
Chloe. —Então, pare de ficar louca e repita comigo: eu sou CJ Murphy. Eu sou
uma pessoa doce e generosa que ama animais e crianças pequenas, e faria
qualquer coisa por um amigo. Eu também possuo minha própria empresa, sou
muito gostosa e qualquer cara tem sorte de estar em um encontro comigo.

Tem sorte de estar em um encontro comigo.

Tem sorte de estar em um encontro comigo...

Mas isso não é realmente um encontro, é uma aula de sexo, mas não
posso dizer isso a Chloe. Não estou pronta para confessar isso a ninguém. Talvez
nem mesmo para mim.

Estou muito mais assustada do que eu pensei que estaria.

Querido Deus, isso realmente está acontecendo. Graham estará aqui a


qualquer momento, ele está atrasado, mas ele sempre aparece, e minha vida
mudará PARA SEMPRE!

—Quer saber, Chloe? Eu acho que preciso de uma bebida. —Enfiando


minha bolsa debaixo do meu braço, vou direto para o bar. —Eu vou falar com
você amanhã, ok?

—Ou me ligue mais tarde. —Diz Chloe. —Eu quero ouvir como ocorreu!
Boa sorte.

—Obrigada. —Termino a ligação e sento-me em um banquinho vazio sob

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uma réplica antiga de um avião de combate da Segunda Guerra Mundial. Em um
instante, o barman me vê e vem na minha direção, sentindo claramente a minha
súbita e poderosa necessidade de coragem líquida.

Mas antes que eu possa abrir minha boca para pedir, ele diz. —Você é CJ,
certo?

Endireito-me, surpreendida. —Um sim. Sim.

Ele pega um Dirty Martini de vodca com azeitonas extra, minha bebida
favorita, embaixo do balcão, e desliza pela superfície suavemente polida. —Seu
amigo pediu isso por você há cerca de dez minutos. Fico feliz que você apareceu.
Odeio desperdiçar vodka boa. —Ele parte com uma piscadela, deixando-me ainda
mais insegura.

Lá, debaixo do elegante copo de martini, tem uma nota dobrada, meu
nome escrito com a letra de Graham.

Bebidas, piscadinhas e notas misteriosas, oh meu...

Meu rosto fica vermelho enquanto pego a nota. Ele vai me dizer que
cometeu um erro. Ele vai me dizer para ir para casa, colocar o meu pijama de
flanela coberto de bonecos de neve e abraçar minha vida como uma pessoa que
está sempre do lado de fora olhando.

A brisa fresca da primavera em meus braços expostos, de repente, parecia


gelo, invocando arrepios por minha pele. Com as mãos trêmulas, desdobro a nota
e leio: Vá ao banheiro.

Torço meu nariz e murmuro. —Eu já fiz xixi antes de vir para cá, obrigada.
—Quem diria que encontrar um homem que a conhecia tão bem, poderia ser
assim... Nada romântico?

No entanto, não se trata de romance. Este é um arranjo de negócios com


benefícios agradáveis e eu seria uma tola de esquecer isso. A parte de mim que
ainda é uma jovem com uma paixão pelo melhor amigo de seu irmão mais velho,

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tem que ficar longe da vista e fora da mente. Não há espaço para ela por aqui,
apenas para CJ adulta e suas expectativas práticas e fundamentadas.

Olho em volta do pátio, mas ainda não há nenhum sinal de Graham e eu


confesso que me sinto boba de enviar uma mensagem a ele dizendo que não
quero fazer xixi. Sério, esta não é uma visita ao médico onde você precisa fazer
xixi em um copo.

Eu tomo um pequeno gole da minha bebida, depois um grande, meu pé


balançando enquanto aguardo a chegada do homem do momento. O homem da
semana, que poderia muito bem plantar sua bandeira no meu polo lunar antes da
noite acabar.

Amaldiçoando sob minha respiração, tomo todo o coquetel em um longo


gole. Inferno, eu preciso disso. E, como bônus, acho que talvez eu possa fazer xixi
agora. Se eu tentar muito.

Lambendo o sal dos meus lábios, levanto do meu banquinho e ando


lentamente pelo corredor em direção aos banheiros, já sentindo meus membros
mais soltos, e meu equilíbrio ligeiramente afetado com os saltos de sete
centímetros, que Chloe insistiu que era a melhor escolha para o “primeiro
encontro”.

Mais como a primeira transa...

Respiro fundo. Então de novo. —Isso mesmo, tranquila, fácil e respirando.


Sempre respirando. —Sussurro enquanto eu olho para as portas à esquerda,
procurando o sinal do banheiro feminino. —Você consegue fazer isso.

Paro na frente de uma porta marcada como privado. Antes que meu
cérebro afetado por stress e Martini possa pensar o que há de tão secreto sobre
esse cômodo, a porta se abre e uma mão familiar aperta meu braço, puxando-me
para uma sala escura, parecendo uma sala privada.

Eu pisco, meu pulso acelerando enquanto meus olhos ajustam-se à


escuridão, e Graham me reprime com uma voz profunda. —Nunca tome um

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coquetel que você pessoalmente não viu o bartender preparar.

—Então não peça bebidas e deixe recados. —Estou impressionada com


quão atrevida eu soei, apesar do meu coração martelando. —E você estava me
espionando? Isso é assustador.

—Assustador? —Ele balança a cabeça no quase escuro enquanto ele me


aproxima, até o cheiro picante e viciante dele girar pela minha cabeça, me
deixando ainda mais tonta do que antes. —Senhorita Murphy, você está tentando
magoar meus sentimentos?

—Nunca. —Sussurro, adrenalina fazendo meu peito parecer como se


estivesse cheio de um enxame de borboletas em uma corrida por doces. —Eu vou
ser muito respeitosa com seus sentimentos. E muito agradecida pelo seu tempo e
atenção.

—Isso é doce. —Ele murmura. —Mas antes de começar a agradecer,


deixe-me dar-lhe algo para agradecer, linda.

Meus lábios parecem dizer-lhe que já estou grata, mas antes que eu possa
falar, sua boca encontra a minha, carente, urgente e com fome.

Este não é um primeiro beijo suave e doce.

É uma afirmação pura e simples.

Suas mãos grandes cobrem minhas bochechas e enquanto ele segura meu
rosto, ele devora meus lábios. Meus joelhos ficam fracos. Arrepios espalhados por
toda parte. Meu interior zumbindo. Santo inferno! Isso é beijar. Isso é ser beijada
como eu nunca fui antes.

Sinto-me possuída, e gosto disso enquanto a língua dele me explora, seus


dentes beliscando, sua barba esfregando contra mim. Tudo, tudo isso,
desencadeia um redemoinho de sensações dentro de mim, fazendo com que as
borboletas na corrida por doces, girem como se estivessem presas em um
furacão.

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Eu passei tantas noites sonhando com o gosto e a sensação dele, dos dias
em que eu imaginei que ele me beijava no baile, até a semana passada quando
acordei de um sonho sujo com Graham em shorts de corrida e nada mais. Mas
nenhuma fantasia jamais poderia me preparar para isso. Ele parece exatamente
como eu pensava que ele seria, como o hortelã e sal, e aquele cravo da índia e
açúcar mascavo da loção pós-barba que ele usa.

E, oh, como eu quero pensar profundamente, pensamentos significativos.


Ou, pelo menos, anotar todas as considerações mentais sobre o quão incrível isso
é, mas tudo o que posso pensar é Puta Merda, Graham Campbell está me
beijando! Ele está me beijando, e é a melhor coisa que já aconteceu com minha
boca, sem exceção. Esqueça os cupcakes gourmet e aquela barra de chocolate de
Paris. Eles não têm nada dos lábios sexy deste homem de morrer.

Você vai ficar viciada de uma só vez, como um viciado em drogas...

O pensamento percorre a minha mente, engraçado e assustador ao


mesmo tempo, antes de eu perder a capacidade de processar quaisquer
pensamentos ou sentimentos, além da intensa sensação de calor queimando,
explodindo como mil fogos de artifício dentro de mim.

Graham envolve seus braços em volta da minha cintura e enrola seus


dedos no meu cabelo, mantendo minha boca cativa, embora não seja necessário.
Não tenho nenhum desejo de escapar.

Não, eu quero estar aqui. Agora mesmo. Com Graham me beijando como
se ele não desejasse outra coisa em sua vida. A língua, os lábios, os dentes e o
peito poderoso estão todos pressionados nos meus, assegurando-me de seu
compromisso com a lição número um.

Oh lição número um, você já é muito melhor do que eu poderia ter


esperado...

—Sim. —Murmuro quando seus lábios vão para a minha mandíbula e


afastaram o tecido da minha blusa, descobrindo minha clavícula.

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—Sim? —Ele ecoa. —Por enquanto, tudo bem?

—Tão, tão bom. —Asseguro-lhe, meus dedos indo para seus cabelos
grossos enquanto ele arrasta os dentes através da pele na base do meu pescoço.

—Bom. Porque é do que esta noite se trata. Fazer você se sentir bem.
Você não deve se preocupar em agradar qualquer homem até que ele prove que
ele pode agradar você.

Meu coração bate mais rápido, o sentimento me emocionando. Ou talvez


signifique que eu já estou caindo sob esse feitiço selvagem de sensações, esse
beijo que parece como um prelúdio para muito mais. Para tudo o que nunca
experimentei, mas desesperadamente quero.

Habilmente, com uma facilidade que faz essa coisa louca que estamos
fazendo parecer totalmente saudável, ele pega o meu peito, o polegar esfregando
o contorno do meu mamilo. Seu toque envia faíscas correndo por mim, e todo o
meu corpo grita com excitação quando ele inclina minha cabeça para trás,
deixando-me olhar fixamente no teto, enquanto a língua dele percorre meu
pescoço.

—Primeira lição. —Ele diz contra minha pele. —A rapidinha em público.


Diga-me que você está pronta.

Público? Isso é público?

A luz vermelha fraca lança sombras nas paredes vinho luxuosas. As notas
da música de jazz distante passam pelo ar nesta pequena sala escura, mas parece
que estamos sozinhos. Não que isso realmente importe agora, eu diria sim a
qualquer coisa que Graham quisesse fazer comigo. Qualquer coisa, em qualquer
lugar, desde que ele não pare de me fazer sentir como se tivesse sido atingida
com a luz das estrelas.

Os meus lábios abrem para dizer a ele, mas não consigo fazer as minhas
cordas vocais cooperarem. Não consigo me lembrar de já ter sentido essa
sensação dominada de pura eletricidade.

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—Diga-me. —Insiste Graham, provocando o meu mamilo mais forte
através do tecido da minha blusa.

—Sim! —Suspiro, enquanto sua outra mão espreita a bainha da minha


saia, aproximando-a das minhas coxas enquanto meu cérebro começa a cantar,
oh meu Deus, oh meu Deus, repetidamente.

—Perfeito. —Sua voz é calma e controlada, como se ele não estivesse


afetado pela magia negra que ele está trabalhando no meu corpo. —Agora vire
para mim, Borboleta.

Faço como ele me disse, girando para me encontrar olhando meu próprio
reflexo, mas eu não me pareço comigo mesma. Pareço selvagem, com fome e ...
Sexy como o inferno.

—Isso mesmo. Olhe o quão quente você é. —Diz Graham, de repente, tão
perto que seu peito pressiona nas minhas costas enquanto suas mãos deslizam
pelos lados da minha saia, descobrindo minhas coxas e depois aquele pedaço de
renda preta que ele insistiu que eu usasse. Esse tecido delicado e bonito que é a
única coisa que cobre onde eu já estou molhada, e tão desesperada para ser
tocada. —Você é uma maldita deusa do sexo.

Ele tem razão. Eu percebi que ele levanta minha saia mais alto, alisando
sua mão sobre minha bunda enquanto meus olhos escurecem com fome.

Parece que fui possuída pelo espírito de uma antiga deusa da fertilidade,
uma criatura sem vergonha, apenas com fome, desejo e paixão sem fundo e
incompreensível.

Eu sei que não vai durar, e a CJ cautelosa e cuidadosa estará de volta mais
cedo ou mais tarde, mas quero aproveitar o máximo de cada segundo, cada beijo,
cada gemido rouco enquanto Graham desliza seu dedo abaixo do laço de um lado
da minha nova calcinha sexy.

60
CAPÍTULO 08
Graham

Eu estou duro como aço desde o momento em que eu coloquei este plano
de aula em ação. Agora estou à beira de explodir.

Merda, mas ela está quente. Incrivelmente quente.

CJ, doce e sexy CJ, está tão crescida e me deixa de joelhos.

Isso é exatamente onde eu quero estar com ela, em breve. Não posso
esperar para estar de joelhos com a minha língua entre suas pernas, prová-la,
sentindo-a tremendo enquanto eu a deixo ainda mais quente, mais úmida.

Por que desperdicei um tempo precioso estressando sobre ser seu


professor? Está tão claro agora que a resposta deveria ter sido sempre sim. Porra,
um maldito sim.

Minhas mãos deslizam por seus quadris enquanto eu provocava meus


dedos debaixo do tecido de sua pequena calcinha de renda, que parece tão
deliciosa nela quanto eu sabia que estaria.

—Sua bunda foi feita para uma ótima lingerie. —Murmuro em seu cabelo.
—Vou enviá-las em todas as cores.

—Se você insiste. —Ela diz, prendendo sua respiração enquanto eu retiro
a calcinha.

—Você foi feita para algo tão lindo. —Eu seguro seu olhar no espelho
enquanto abro sua redonda e firme bunda de parar o coração, e os pelos escuros
entre suas pernas.

Porra, ela é perfeita.

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Eu caio de joelhos, incapaz de resistir de pressionar um beijo na sua bunda
nua, beijando-a uma vez, duas vezes, antes de roçar meus dentes sobre sua carne
macia.

Ela grita em resposta, seu som surpreso transformando-se em um gemido


requintado enquanto arrasto sua calcinha encharcada até o chão e a incentivo a
dar um passo para frente, um salto sexy de cada vez. Assim que ela está livre,
fecho meus dedos sobre o tecido antes de jogá-lo de lado, Jesus, as partes baixas
estão espetacularmente molhadas.

Cada parte dela está excitada tanto quanto eu estou, as mãos dela agora
estão apoiadas no espelho para se estabilizar e isso, provavelmente, vai me
matar. Eu vou estar morto no momento em que terminarmos, mas que jeito de
morrer, porra!

Eu paro, afasto suas costas da minha frente e corro um dedo ao longo da


sua boceta. Ela se derrete contra meu corpo quando eu deslizo para trás e para
frente através de sua carne lisa e inchada. Ela está tão pronta, tão ansiosa, e o
aroma doce e sexy dela está me deixando louco. Eu a exploro gentilmente
cutucando e provocando, seus suspiros e gemidos como música nos meus
ouvidos. Ela arqueia a coluna, tremendo enquanto eu alcanço seu clitóris
latejante. Eu deslizo meus dedos sobre ele e ela suspira, o som de seu puro e
despreocupado prazer deixando meu pau incrivelmente mais duro.

Ela joga a cabeça para trás, seus dedos agarrando o vidro na frente dela
enquanto eu faço movimento circulares em torno do vaso inchado de nervos.

—Oh, Graham! Ela murmura, sua voz é um tiro de desejo nas minhas
veias. —É tão bom. Eu não tinha ideia de que poderia ser tão bom.

—E só vai melhorar. —Prometo enquanto lentamente, gentilmente,


pressiono um dedo dentro dela, fazendo-a ofegar. Jesus Cristo, ela é apertada,
incrivelmente apertada.

Prendendo-a mais perto do meu peito, eu mordisco o lóbulo da orelha


enquanto vou mais fundo, meu polegar esfregando seu clitóris ao mesmo tempo.
62
Ela grita de novo, seja pela mordida ou pelo dedo, eu não sei, mas espero que
seja tudo, é tudo, é todo o calor e o fogo que estamos criando nesta sala escura e
secreta.

—Eu não posso esperar para te ouvir gozar. —Digo, meu pau tão duro que
ela certamente pode sentir pressionando contra a curva de sua doce bunda. —
Você vai gozar para mim, Borboleta?

Ela assente e choraminga suavemente. —Deus, acho que sim. Eu acho que
estou perto...

Meu ritmo falha por um momento quando uma suspeita passa em meus
pensamentos. Eu sei que ela nunca transou, mas com certeza...

—Você já gozou, querida? —Pergunto gentilmente.

—N-não com alguém por perto. Seus olhos fecham-se quando o


constrangimento toma conta de suas feições.

Eu congelo por um nano segundo, processando esta nova informação. A


lição um, aparentemente, será um salto ainda maior do que eu assumi.

Mas vou ter certeza de que esse passo valerá mais do que a pena.
Silenciosamente, agradeço aos estúpidos bastardos que não penetraram com a
língua fazendo com que ela gozasse, porque eu serei o primeiro a extrair um
orgasmo delicioso e intoxicante dela.

E não falharei.

—Isso está prestes a mudar. —Suavizo.

Seus lábios pressionam juntos, mas seus olhos permanecem fechados. —É


minha culpa. Eu fico nervosa e não consigo... —Suas palavras rompem com um
choro suave enquanto eu esfrego seu clitóris em outro círculo firme, e depois
outro. —Eu ... Eu não posso...

—Shh, baby. Você pode. —Prometo. —E você vai.

63
Ou vou morrer tentando, adiciono silenciosamente, completamente
pronto para dar a minha vida se for necessário, para dar prazer a minha linda e
sexy CJ. Vou dar seu primeiro orgasmo aqui, agora mesmo, ou eu não mereço sair
pela porta fingindo ainda ser um homem.

---

CJ
Abro meus olhos a tempo de ver minhas bochechas vermelhas no espelho
e Graham me observando por cima do meu ombro. Suas mãos grandes, fortes e
seus dedos maldosos, continuam a trabalhar entre minhas pernas, construindo a
onda de prazer que ameaça puxar-me para fora a qualquer segundo.

Eu quero ser puxada. Eu quero cair. O prazer arrasta-se pelas minhas


pernas, ondulações apertando minha barriga. Eu estou no limite, tão perto que
posso saboreá-lo. Eu já me trouxe aqui inúmeras vezes. Já alcancei esse prazer
com muitas fantasias. Eu sei como é a deliciosa pressão, as ondas intensas. Mas
como será quando eu não tenho que fazer todo o trabalho sozinha?

Os meus cílios flutuam, mas Graham balança a cabeça, segurando meu


olhar.

—Mantenha esses olhos abertos, linda. Deixe-me ver você ficar mais
quente para mim.

Com os braços tremendo, aperto meus dedos contra o vidro enquanto ele
segura meu seio, espremendo e amassando enquanto a outra mão rola entre
minhas pernas. Eu escalo mais alto, mais alto, até que o ar esteja tão grosso com
o desejo, que mal consigo respirar.

Eu estou tremendo. Estou tremendo por toda parte, ofegante e gemendo,


64
e quase não consigo aguentar todas essas sensações selvagens perseguindo-me.

—Amo deixá-la excitada. — Ele diz, sua respiração quente no meu ouvido.
—Você é a coisa mais doce e sexy que eu já senti, e o seu cheiro me deixa louco.

Eu suspiro enquanto sinto sua ereção pressionar firmemente na parte


inferior das minhas costas. Estou muito extasiada para falar. Prazer, antecipação,
medo, desejo... Todos crescendo, pulsando, construindo. Este sentimento está
além de tudo o que eu esperava, qualquer coisa que eu poderia ter imaginado
antes de saber o que sentiria em estar nos braços de Graham.

Sua boca está no meu pescoço, devorando minha pele, sua língua
enviando ondas de eletricidade percorrendo meu corpo enquanto ele aumenta a
velocidade de sua mão. O ritmo de condução faz com que cada nervo vibre com
um terrível e lindo desejo.

Em todas as vezes que me dei prazer, nunca senti nada assim. Eu estou
louca, selvagem, perdida, mas tão perto de ser encontrada.

Tão perto, tão perto...

Deus, sim...

—Graham! —Eu me empurro contra ele, encontrando seus impulsos.


Agora ele tem dois dedos dentro de mim, esticando-me, movendo-se cada vez
mais rápido, seu polegar passando sobre meu clitóris enquanto eu monto na sua
mão. E, de repente, está lá, aquele puxão profundo e desesperado entre minhas
pernas, no meu estômago, subindo mais alto, mais apertado até estourar.

Eu gozo tão forte que minha visão desaparece e eu tenho que morder
minha língua para parar o grito. Os estremecimentos estalam meu corpo e o
prazer toma conta de mim, doce e feroz dentro dos meus ossos, e eu sei que
nunca mais serei a mesma.

Pressiono minha parte inferior do corpo contra Graham e minha bochecha


contra o espelho frio, pronta para ele se afastar, mas ele claramente não tem
intenção de parar. Seus dedos continuam seu trabalho ágil, empurrando e
65
esfregando. Antes que eu me recupere completamente da primeira vez em meu
primeiro voo não sozinha, eu volto para a montanha-russa, descendo e depois
subindo.

Desta vez, quase deixo de respirar.

Desta vez, eu não apenas saí do chão. Eu saí do meu corpo, voando para o
céu enquanto impulsos de felicidade me percorrem, mudando-me,
transformando-me. Ensinando-me coisas que nunca soube antes. Segredos
secretos que só podem ser transmitidos quando duas pessoas estão pele a pele.

Enquanto sou levada pela corrente através de nuvens inchadas e coloridas


com orgasmo, Graham retira a mão entre minhas pernas e guia suavemente, mas
com firmeza, minha boca na sua. Ele me beija com profundidade, duro, mas... Tão
doce, enviando calor espalhando pelo meu peito.

—Você é incrível. —Ele murmura contra meus lábios.

Eu sou? Mesmo? Não fiz nada por ele.

Pelo menos, não ainda...

Oh, mas eu quero. Eu quero isso quase tanto quanto eu queria a


libertação que ele estimulou em mim como o mestre do prazer que ele é.

Eu realmente escolhi o melhor professor em toda a história do mundo.

Eu alcanço atrás, correndo minha mão pelo comprimento de sua dureza


através de suas calças. Mas antes que eu possa fazer mais do que tocar, antes
mesmo de chegar a um acordo com o quão grande ele é lá embaixo, ele tira
minha mão.

—Não agora. — Ele diz, sua voz grave, quase irritada.

Eu endireito minha coluna, envergonhada. —Mas eu quero... Você


deveria, quer dizer... Quero dizer, eu deveria... —Eu paro, meu rosto queimando
enquanto arrumo minha saia sobre meus quadris.

66
Graham, no entanto? Ele apenas inclina-se contra a parede, alisando a
camisa com calma enquanto encolhe os ombros. —Não se preocupe com
“deveria” agora, ok? Eu sou o professor, lembra?

Eu engulo. —Eu-eu sei. E isso foi maravilhoso. —Mudança de vida é mais


parecido com isso. Ainda não consigo sentir meus pés. —Mas eu quero aprender
a deixar os homens selvagens.

E como deixá-lo selvagem particularmente...

—Missão cumprida, linda. Mas isto é o mais longe que vamos esta noite.

Antes que eu possa responder, ele se inclina, beijando-me como se eu


fosse a heroína de um filme clássico. Ele me beija como eles se beijavam quando
os filmes eram em preto e branco, e a paixão tinha que preencher todas as outras
cores. Ele me beija como eu sempre sonhei em ser beijada, como se eu fosse a
única, a garota, o amor perdido que meu homem estava procurando, antes de
sussurrar, “até a próxima, borboleta”, e sair pela porta.

—Graham? —Eu resmungo, mas ele não volta. Ele se foi.

A lição número um terminou.

Ainda em estado de choque, eu pisco mais rápido, olhando ao redor da


nossa pequena e privada sala, minha mão voando para cobrir minha boca quando
vejo a enorme janela do chão ao teto na parede mais distante. Aquela com uma
vista acima das ruas de Manhattan e as luzes que ardem nas janelas do prédio do
outro lado da rua. Que significa que...

Alguém poderia ter visto.

Bem, dã, esse é o ponto de uma rapidinha em público.

Respiro profundamente, perguntando-me em que diabos eu me envolvi. A


lição número um foi incrivelmente boa, sim. Melhor do que eu esperava. Quase
muito boa.

67
Tão bom que me senti... Perigosa de alguma forma.

Não importa o quanto eu confie em Graham, não sei se confio em mim


mesma.

Tenho o que é preciso para voar tão alto, tão perto, sem me machucar
durante o processo? Claro, eu sei que Graham nunca machucaria meu corpo, mas
e meu coração? Esse órgão mole e com fome de amor que sempre foi muito doce
com Graham Campbell para seu próprio bem?

Enquanto eu me mantiver com a cabeça erguida, eu cuido disso. Não há


nenhuma razão para o meu coração precisar se sobrecarregar. Este é um acordo
de sete dias de sedução e, como qualquer bom arranjo comercial, você
simplesmente tem que cumpri-lo, apertar as mãos e seguir em frente quando
terminar.

—Mulher. —Digo para mim mesma. —Você é uma garota adulta. Você
consegue fazer isso. Você tem que fazer isso e você estará bem.

Inteligente ou não, devo levar isso até o fim. Depois do que eu acabei de
experimentar, estou mais certa do que nunca que tenho as lacunas do tamanho
do Grand Canyon nos meus conhecimentos eróticos, lacunas que somente
Graham pode me ajudar a preencher. Muito ruim que tenho planos amanhã à
noite, mas estou confiante de que ele me dará um trabalho extra na próxima vez
que eu o vir.

Depois de tomar algumas respirações mais profundas e alisar a pior das


rugas na minha saia, eu acho minha calcinha no chão. Colocando-a na minha
bolsa, saio cambaleando pela porta e sigo instavelmente através do bar. Está mais
cheio, o que é uma coisa boa, já que ninguém parece notar que uma garota
desgrenhada e amarrotada se aproxima dos elevadores. No lobby, eu queixo da
fila de pessoas à espera de um táxi.

Hora de andar, namorada.

Minha cabeça ainda está nadando. Meus pés são balas de goma gigantes

68
que balançam instintivamente abaixo de mim enquanto eu ando os dez
quarteirões para o meu prédio. Os sons estão mais altos. As luzes estão mais
brilhantes. O mundo mudou. Fui para casa andando a noite um milhão de vezes,
mas, de repente, tudo é diferente, brilhante, polvilhando magia.

Estou a dois andares da porta da frente do meu apartamento quando meu


celular vibra na minha bolsa.

Graham: Em casa segura?

Eu sorrio, calor correndo para o meu rosto novamente quando lembro das
mãos dele, apagando a lembrança de todas as mãos que estiveram lá antes.

Antes que eu possa responder sim, que eu estou em casa, outro texto
aparece.

Graham: Enviando-lhe algo para ajudá-la a dormir,


embora eu espere que você perceba que apenas as pessoas
loucas leem romances de terror antes de dormir. Suponho
que você ainda não comprou este, já que ele foi lançado
ontem.

Eu sorrio enquanto abro meu aplicativo de leitor eletrônico, para ver a


mais recente leitura de se esconder debaixo das cobertas da minha diva favorita
de horror. Digito um agradecimento enquanto fecho a porta do meu apartamento
atrás de mim.

CJ: Muito obrigada! Eu não posso esperar para lê-lo.


Você é um gênio.

Graham: Durma bem, querida, e não fique acordada


até tarde. Você precisa descansar para a lição número dois.
Eu sei que você estará ocupada amanhã, então eu a verei na

69
quarta-feira. Esteja pronta.

Lição dois. . .

Oh meu Deus, lição dois.

Eu tremo, meus polegares tremem enquanto respondo.

CJ: Estarei. Obrigada e ... Boa noite.

Graham: Boa noite...

Lição número dois, pronta ou não, aqui vou eu...

70
CAPÍTULO 09
Graham

Reuniões sem fim na primeira terça-feira do mês fazem parte da história


da Adored. Mas, como a eficiência é a minha palavra de ordem, geralmente
conseguimos fazê-las em menos de uma hora.

Isso deve-se em parte ao legado de Sean.

Ele era um mestre em fazer as coisas de forma rápida, suave e direta na


primeira vez. Aprendi muito com ele. Se me deparo com uma situação delicada no
trabalho, vou me perguntar muitas vezes o que ele teria feito.

O problema é que, quando eu me pergunto brevemente como acalmar o


desejo dos acionistas de dar um sinal prematuro de “venda”, luto como louco
para não pensar nele.

Por causa do que fiz com a irmã dele ontem à noite.

Olho para a foto na parede da sala de conferências, uma de Sean e eu em


um jogo de hóquei pouco depois da Adored vir a público. Estávamos vivendo o
momento de nossas vidas, consolidando nossa equipe e no alto do sucesso de
nossa nova empresa pública. Mas agora? Eu o vejo no céu, batendo um punho no
chão nublado, querendo saber por que diabos eu pensei que era bom mostrar a
sua irmãzinha como gozar tão forte que ela viu estrelas.

—E isso é o que temos acontecendo na distribuição. —Diz Debra, a cabeça


brilhante desse departamento, terminando seu relatório da situação.

—Ótimo. Fantástico. —Eu viro para Taylor, que é o próximo a falar da


produção.

Enquanto ele fala sobre a capacidade da fábrica, minha mente corre


71
perigosamente e novamente para CJ, seu corpo quente apertando-me quando ela
gozou. Ela era tão apertada que me senti incrível, mas a melhor parte foi quão
abandonada e desavergonhada ela estava balançando contra mim, perseguindo
seu próprio prazer.

Ela sacudiu minhas bases.

Como ela conseguiu fazer isso? Sendo tão inocente e, no entanto,


incrivelmente sexy ao mesmo tempo? Isso é o que me deixa louco. Ela é uma
mistura sedutora de contradições, uma mulher extremamente sensual e ainda
virgem.

Eu a quero novamente. Bem aqui. Agora mesmo. Quero levantar a saia e


deslizar sobre ela.

Mas. Ela. É. Irmã. Do. Meu. Amigo.

Ah, sim, e estou em uma reunião.

Eu faço o meu melhor para me concentrar, mas Taylor já me falou sobre


isso ontem, e eu tenho coisas mais urgentes na minha mente. Gosto de aproveitar
meu tempo com uma mulher, explorar seu corpo, distraí-la com prazer, mas não
sou conhecido por ser gentil e fácil. Esse não é o meu modo de agir. E nunca
estive com uma virgem, nem mesmo quando eu era um. Inferno, perdi minha
virgindade com uma mulher que era muito mais experiente. Ela era quatro anos
mais velha, e sabia exatamente o que ela queria, e eu era um filho-da-puta
sortudo que ela estivesse disposta a lidar com o ego da minha adolescência.

Mas eu sou um cara. Não precisava de persuasão ao longo da estrada para


a auto realização sexual.

Agora, com CJ, estou. . . Preocupado.

E se eu a assustar ou, Deus me livre, machucá-la sem querer? Eu nunca


poderia me perdoar.

E se eu perder o controle e levá-la com força, fodendo-a contra uma

72
parede, porque eu não consigo segurar. Não aguentar mais um segundo por estar
tão próximo, mas não próximo o suficiente?

É por isso que eu a deixei tão bruscamente a noite passada. Ficar ali,
respirando seu corpo tão quente e cheirando a sexo, teria matado minha
determinação. Eu tinha que sair da sua zona de sensualidade e esfriar.

Embora frio, não seja o melhor adjetivo para descrever as cenas que se
desenrolaram na minha cabeça quando voltei para casa, desabotoei minhas
calças e gozei na minha mão alguns minutos depois que a porta se fechou atrás
de mim.

Mas frieza, calma e controle é o que eu vou ter para a lição número dois. É
uma droga que eu tenho que esperar outra noite para colocar minhas mãos nela,
já que ela tem ingressos para o teatro esta noite. Maldito Hamilton! Mas eu tenho
certeza de que não sou o primeiro cara ficando em segundo plano por causa
desse musical.

Arrasto meus dedos pelo meu cabelo antes de deixar minha mão nos
braços da cadeira de couro que Sean uma vez ocupou. Movo-os para o meu colo
como se estivesse queimando pelo fantasma que me assombra, sussurrando no
meu ouvido, se você machucá-la, quebro a porra das suas costas.

E ele faria. Ele absolutamente faria.

Mas eu não quero machucá-la. Eu só quero dar prazer a ela.

—Graham?

Eu giro em volta. Meu Diretor de Operações, Christopher, olha para mim


do outro lado da mesa, esperando uma resposta. E não tenho ideia de a qual item
da agenda ele está se referindo, ou quando diabos mudamos de Taylor para
Christopher.

Além disso, estou ostentando uma ereção incrivelmente incômoda.

Merda. Tempo para invocar o velho truque. Eu os imagino todos nus. Uma

73
imagem tão horrível como essa que exigirá alvejante para limpá-la, funciona.

Toco meus dedos na mesa de conferência. —Sim, eu estava pensando


nisso. —Blefo. Eu não posso deixar que minha mente vagueie. Não com a votação
do conselho na semana que vem. Além disso, eu deveria estar em um período
sabático de sexo, não intensivo. Eu preciso agir como se o meu cérebro não
estivesse vagando o tempo todo.

—Sim? —Christopher se inclina para frente.

Eu suspiro profundamente. O tipo que diz que uma resposta pensativa


está chegando.

—E eu me pergunto se já estamos prontos para isso? —Digo, pensando


nisso como um teste. Se você não sabe a resposta, chute. Isso parece ser uma
resposta razoável a qualquer dúvida que possa ter surgido.

Christopher franze a testa. —Nós não estamos prontos para liberar o


lançamento dos novos espartilhos? Nós já garantimos espaço para eles na nossa
programação.

Oops!

Chute errado.

Mas sou um CEO, ou não sou?

Inclino-me para trás na minha cadeira, deixando um sorriso lento se


espalhar e aponto para ele. —Te peguei! —Bato na mesa. —Claro que estamos
prontos. Estamos prontos para lançar esse foguete na estratosfera, no feriado.
Papai Noel vai ter um saco cheio de coisas travessas neste Natal.

Eu sou recompensado com saudações e risos.

Levanto-me dando um rápido aceno e digo: —Tenho uma ligação


importante para fazer. Bom trabalho, boa perspectiva e excelente estratégia.

Isso me faz ganhar alguns sorrisos por manter a reunião dentro do prazo.

74
Dentro do meu escritório, fecho a porta e concentro minha cabeça na
montanha de trabalho que me espera. Com concentração de ferro e pura
determinação, trabalho a tarde toda.

No início da noite vou embora, me despedindo de Brian. —Não trabalhe


até muito tarde.

Ele fecha seu laptop. —Estou saindo agora. Eu preciso ir para casa e levar
para Missy um pouco de pimentão frito. Ela tem estado ansiosa nas últimas
semanas.

—Com quantas semanas ela está agora?

—Trinta e sete semanas.

Eu bato em suas costas. —Excelente. E tudo está indo bem?

—Perfeitamente. Graças a Deus.

—Dê a ela meus cumprimentos e no caminho de casa, por que você não
pega alguma comida para viagem do Hunan Garden? Coloque-o na minha conta
pessoal.

Um sorriso espalha-se pelo seu rosto. —Eu realmente aprecio isso.

—O prazer é meu.

Um dia produtivo no trabalho, um gesto de bondade para um colega e sua


mulher e um treino duro à minha espera, está tudo bem. Mas eu não posso deixar
de desejar que CJ estivesse comigo esta noite.

Eu realmente gostaria muito de dar uma aula noturna a ela. Agora


mesmo.

---

Depois de queimar meus músculos em uma corrida de cinco quilômetros,

75
seguida de uma intensa sessão de pesos, eu esgotei meu corpo e distraí minha
mente.

Em casa, sirvo-me de um uísque e acomodo-me para assistir um dos meus


filmes favoritos de todos os tempos, Como enlouquecer seu Chefe. Neste ponto,
eu posso recitá-lo enquanto eu assisto, incluindo a parte do chefe estúpido em
sua camisa azul de punhos brancos, com uma voz monótona que faz com que
cada empregado se encolha. —Sim, vou precisar que vocês venham no sábado.

Mas, em vez de rir, volto para onde comecei o dia.

Com CJ.

Inclinando-a sobre minha mesa.

Fazendo horas extras em seu corpo. Fazendo com que ela venha em um
sábado. Um domingo. Inferno, todos os dias.

Maldito, sou um bastardo fácil, conseguindo ficar duro assistindo uma


comédia.

Olho para a barraca no meu short. Obrigado CJ, por mais uma nova ereção
de cortesia sua. Amanhã, e a lição de número dois, não podem chegar rápido o
suficiente.

Eu desligo a TV, uma vez que não tenho como cuidar disso enquanto Bill
Lumbergh, o chefe idiota do filme, está na tela.

Mas no meu escritório, é onde eu gostaria de ver CJ.

Empoleirada na beira da minha mesa. Joelhos para cima, saltos, calcinha.


Eu recordo a suavidade de sua pele úmida de suor e a maneira incrível que ela
cheirava, como a inocência encontrando o desejo.

Meu pênis se estende contra a cueca boxer, exigindo atenção. Bastardo


persistente. Eu já não lidei com ele esta manhã no banho?

Mas eu atendo a chamada.


76
Empurro minha cueca e tiro meu pau, já como uma lança de ferro. Não é
surpresa, suponho. Tenho trabalhado ereto quase o dia todo. Fecho minha mão
sobre o meu pau, minha pele quente ao toque. Eu fecho meus olhos, lembrando
os sons sexy que CJ fez quando ela se aproximou do limite, o gosto doce de sua
pele. Meu sangue corre quente e rápido enquanto eu acaricio da base para a
ponta, meus pensamentos permanecendo no momento em que os olhos dela
arregalaram-se quando ela tocou meu pau, a excitação em seu olhar, a emoção
selvagem que estava passando por ela. Como se ela quisesse tocar meu pau tanto
quanto eu queria.

Eu seguro com mais força, mais rápido, imaginando que ela se abriu para
mim na minha mesa.

Meu pau dói por libertação, como o dia todo e, finalmente, vou chegar lá.
Estou morrendo de vontade de prová-la, de enterrar meu rosto em sua boceta.
Um raio de prazer passa pela minha espinha enquanto eu me imagino dirigindo
minha língua dentro dela, sugando seu clitóris, fazendo ela gozar tão forte que eu
posso senti-la por toda minha boca, no meu rosto. Depois, virando-a e fodendo-a
com força na beira da minha mesa. Curvada sobre a cintura, a saia dela levantada.
Implorando por mais. Implorando que eu a foda com mais força, mais rápido.

Por favor, ela chora com a voz mais desesperada que eu já ouvi. Por favor,
não pare, Graham.

À medida que meu ritmo acelera, eu ouço sua voz na minha cabeça,
implorando-me para gozar dentro dela, e isso é tudo o que eu preciso. Um
orgasmo dispara pela minha espinha e eu gozo com força, meus quadris
disparando para cima.

Tremores irradiam através de mim, meu corpo ainda estremecendo com a


imagem dessa mulher intoxicante.

Dirijo-me ao banheiro, lavo minhas mãos e me limpo.

Eu não deveria querer isso. Eu não deveria querê-la tanto assim. Mas,
embora eu saiba que não devo deixar minha libido escapar de mim, mal posso
77
aguardar amanhã.

E eu decido que, parte de ser seu professor, é deixá-la saber disso.

Sento-me no meu sofá, tomo um bom gole do meu uísque e pego meu
celular.

Graham: Espero que o espetáculo tenha sido ótimo esta


noite. Só para você saber, não consigo parar de pensar em
quão sexy você é.

CJ: O espetáculo foi FENOMENAL, e você estava


incrivelmente sexy (Que tal isso para um elogio sedutor,
professor?).

Dou risada e digito uma resposta.

Graham: Eu estou lhe dando um A + em tudo.

CJ: Confissão: Sempre gostei de ganhar notas altas na


escola.

Graham: Não estou surpreso que você tenha sido uma


excelente aluna. Você segue as instruções muitíssimo bem.

CJ: E isso se estende para a adorável caixa branca que


você me enviou esta noite. Não tenho certeza de como colocá-
la com todas essas amarras, mas vou descobrir. Espero que,
sem me amarrar acidentalmente no processo.

Eu sorrio para a imagem.

Graham: Se houver alguma amarra para ser feita, eu

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vou fazer isso.

CJ: Não posso dizer que eu me importaria se isso estiver


no plano da aula...

Está oficialmente na hora de mudar de mensagens de texto para


chamadas.

Ela responde no primeiro toque. —Oi.

—Oi para você também. —Digo, com um sorriso estúpido formando-se no


meu rosto, apenas por ouvir sua voz. —Como foi a sua noite?

—Foi ótima. Minha representante da Macy realmente gostou do


espetáculo e conversamos sobre negócios durante o intervalo. Eles estarão
comprando minha linha inteira de joias de botões reciclados de máquina de
escrever no outono. E eu acho que quase falei para ela para ficar com algumas
peças da minha coleção para apresentar no Natal. Devo saber na próxima
semana, já que eles planejam essas coisas com antecedência. O que me lembra,
eu estava pensando na reunião de conselho da Adored. Existe alguma coisa que
eu deveria preparar? Eu sei que eu disse que eu sapatearia na mesa, mas
honestamente, isso provavelmente não ajudará na sua causa, pois não posso,
você sabe, realmente sapatear.

—Fico feliz que você perguntou. Estive pensando nisso, e dois pontos
chave vêm à mente. Gostaria que você compartilhasse um pouco sobre a oferta
que você teve há um ano, quando você escolheu não vender, e como essa decisão
foi a certa. E acho que apenas uma declaração geral sobre o meu compromisso
com a empresa, que seu irmão e eu construímos, seria ótimo. Da maneira como
as empresas trocam de mãos nos dias de hoje, e a rapidez com que os CEOs
mudam de ideia, esses caras só precisam ter certeza de que estou dentro disso
por muito tempo, então eles permanecerão nisso a longo prazo. —Talvez não
fosse uma ideia tão ruim ter mostrado a CJ os espartilhos, especialmente
considerando a importância do marketing para a próxima fase de crescimento da

79
empresa. —Embora haja outra coisa. Você está online?

Ela zomba. —Estou online? Quando alguém em nosso mundo moderno


não está online ou pode não ficar on-line por dez segundos?

—Quando minha mão está em sua calcinha. Isso é quando você não pode
estar online.

O silêncio cumprimenta-me e, por um breve segundo, receio que tenha


ultrapassado os limites.

Finalmente sou recompensado com seu riso, e posso vê-la perfeitamente,


seu sorriso, seus olhos castanhos cintilantes, seus lábios lindos curvando-se
enquanto ela ri.

—Bem, sim, isso seria um obstáculo, Graham. —Ela limpa a garganta. —E


para responder a sua pergunta, sim, eu tenho o meu laptop aberto.

—Deixe-me mostrar no que estamos trabalhando. Confira os slides de


número dez a doze.

Mandei-lhe o meu arquivo e quando ela clicou sobre ele, eu ouvi seu
suspiro apreciativo.

—Estes são tão bonitos. —Seu tom admirado desencadeia fogos de


artifício no meu peito. É bom saber que alguém com gosto tão requintado como
CJ, gosta do meu trabalho. —Eu adoro o azul claro e os bordados em rosa, é
deslumbrante.

—Você usaria um?

Ela faz uma pausa. —Hmm. —Ela parece estar considerando minha
pergunta. —Bem, sim, mas provavelmente não pelas razões que você acha.

Sua resposta me intriga. Sento-me mais reto. —Quais são as razões que eu
penso?

—Seu slogan. “Pegue seu bolo e use-o também”. Isso faz com que pareça

80
que essa peça tem a ver com a função de segurar minha barriga de bolo, ou talvez
me fazer parecer um pedaço de bolo para outra pessoa. Mas, pessoalmente,
estou pensando mais sobre como me sentiria usando um. O rosa, por exemplo,
você poderia usar isso para uma noite com jeans e um xale. Eu posso imaginar o
quão sexy e feminino isso me faria sentir. Quão confiante, você sabe?

Eu aceno com a cabeça, as engrenagens do meu cérebro estão girando. —


Brian e eu estávamos pensando sobre como melhorar o marketing. Eu vou ter
que conversar com ele. É um ângulo que perdemos.

Ela ri gentilmente. —Provavelmente porque você nunca usou um. Ou há


algo que você quer compartilhar comigo, Graham? Não fique envergonhado. Eu
sou uma pessoa aberta e é preciso que todos façam o mundo girar.

Eu reprimo, enquanto esfrego uma das mãos sobre o meu maxilar. —Eu
asseguro-lhe que o meu fascínio com roupas íntimas femininas, vem do meu
desejo de ver uma mulher linda nelas, e depois fora delas. Não de um segredo a
uma tendência para vestir roupas femininas.

—Bom. —Ela suspira suavemente. —Estou ansiosa para amanhã.

—Eu também.

—E esta noite eu tenho esse palhaço assustador para me fazer companhia


até a hora de dormir. Muito obrigada pelo presente carinhoso.

Eu gemo. —É sobre isso que se trata o livro que eu comprei para você? Se
eu soubesse, nunca teria dado a você. —Provoco. —Eu sou moralmente contra a
perpetuação de histórias de palhaços assustadores. Como os fãs do horror podem
apreciá-los, seriamente? Eles são um tipo desordenado de terror.

—Eles são. E é exatamente por isso que nós gostamos deles. —Ela diz com
uma risada.

—Doentio. —Respiro. —Diga-me mais. Que outras coisas desordenadas


você gosta de ter medo, senhorita Murphy?

81
Encostei-me ao meu sofá e escutei-a dizer por que ela ama romances de
terror, pois eles a fazem sentir-se descontroladamente e eletricamente viva.

—E o Sr. King é um dos seus favoritos, como ele era para Sean? —
Pergunto.

—Ele é de fato. No entanto, quando Sean adotou Stevie do abrigo, sugeri


Lírio Tigre como nome, que é minha flor favorita. E porque Steve tem sardas no
nariz como as pétalas das flores. Mas, sendo todo machão, Sean ficou com
Stephen King.

Eu sorrio para a imagem que ela pinta do meu melhor amigo. —Eu posso
imaginar essa conversa com clareza.

—Ele fez a escolha certa, no entanto. Juro que esse gato também é viciado
em livros. Ele corre para se sentar em mim assim que eu abro um.

—É bondade sua cuidar dele. —Lembro-me de levar CJ para pegar


Stephen King na casa de Sean no dia em que ele foi morto. Ele queria que eu
cuidasse de Steve, para certificar de que ele não voltasse para um abrigo, ela
havia dito em meio as lágrimas que pareciam fluir infinitamente.

Ela suspira, um pouco melancólica, um pouco triste. —É fácil, realmente. E


Sean adorava esse gato. O mínimo que posso fazer é cuidar dele como ele teria
cuidado. —Diz ela antes de adicionar um tom mais leve. —Mas meu próximo
animal de estimação vai ser um ouriço. Estou obcecada com a fofura deles.

—Então você vai ter que se mudar da cidade, baby. Ouriços são ilegais na
cidade.

—Não! —Ela ofega. —Você está brincando.

—Eu não estou. Minha amiga Luna pretendia adotar um para sua esposa,
mas o grupo de resgate disse que eles não podem doá-los para os moradores da
cidade.

82
Falamos um pouco mais e me encontrei desfrutando desse telefonema
mais do que esperava quando peguei o celular...

...Uma hora atrás.

Nós passamos uma hora conversando sobre tudo e nada, e isso poderia
muito bem ser a minha hora favorita do dia.

—Obrigado pela sua opinião sobre a nova linha. —Digo enquanto nos
despedimos, ambos concordando que é hora de ir para a cama para que
possamos nos levantar e conquistar o mundo amanhã. —Eles foram úteis. Vou
discutir com Brian amanhã.

—O prazer é meu. —Ela murmura com uma voz rouca e sonolenta, que
me faz desejar estar lá para colocá-la na cama, e adiantar o prazer que planejei
para a lição de número dois.

—Durma bem, linda. —Digo. —Eu vou sonhar com todas as coisas que eu
vou fazer para o seu corpo.

Sua respiração acelera. —Eu também. Nem mesmo palhaços assustadores


serão capazes de manter esses sonhos longe.

—Bom. —Desligo com um sorriso e outra ereção. Porque é isso que essa
mulher faz comigo. É quase embaraçoso, mas isso não me impedirá de colocar
meus pensamentos sobre CJ na cama comigo esta noite, e levar as coisas... Hum...
Com a mão mais uma vez.

Três vezes em um dia, eu não tinha essa determinação com meu amor
próprio desde que eu era adolescente.

Não tenho certeza do que minha virgem sexy está fazendo com a minha
libido, mas não quero que ela pare. Não tão cedo.

Mas quando olho para o meu telefone uma última vez antes de dormir, a
data olha para mim. Nem sequer tivemos uma lição hoje à noite e nossos sete
dias de sedução agora já são cinco.

83
CAPÍTULO 10
CJ

Há algo errado, mas não sei dizer exatamente o quê.

—Você tem certeza de que este é exatamente o mesmo desenho do


modelo que você enviou ontem? —Inclino minha cabeça para um lado, apertando
os olhos para o anúncio impresso. Chloe vai colocá-lo para circular nas redes
sociais assim que eu der o meu aval.

Normalmente, posso detectar a peça do quebra-cabeça que não cabe no


espaço a ser colocado em sessenta segundos ou menos, mas meus instintos estão
lentos hoje. Eu culparia a conversa até tarde com Graham, mas não foi a conversa
o problema. Foram as horas que eu fiquei acordada depois repetindo cada beijo,
cada toque, cada palavra que ele falou comigo no Pátio West, e imaginando todas
as coisas que poderíamos fazer juntos a noite.

Coisas sexuais. Coisas eróticas. Coisas excitantes, emocionantes e


incrivelmente transformadoras, que me deixou acordada até depois da meia-
noite, exercitando-me com Sparky, O Vibrador Maravilha, de uma forma que ele
não via há meses.

Tudo o que eu quero fazer é reproduzir repetidamente os melhores


momentos de Graham e CJ até que meu cérebro derreta, mas tenho que me
concentrar.

Eu tenho três mil livros de capa dura reutilizados e transformados em


lindas bolsas vintage no meu armazém na Geórgia, já embaladas em papel de
seda e prontas para enviar. Eu preciso lançá-las ao mundo, para abrir espaço para
os brincos de botões de máquina de escrever, que minha equipe de produção
está trabalhando para a próxima temporada.

84
As bolsas devem ser anunciadas e vendidas. Devo deixar este anúncio
perfeitamente correto. E devo parar de pensar em sexo pelo menos nos próximos
cinco a dez minutos.

—A cor do vestido dela está diferente? —Pergunto, balançando a cabeça


quando meus olhos começam a doer.

—Não, o vestido é o mesmo. —Chloe cruzou os braços sobre o peito


enquanto empoleirava na minha mesa, ao meu lado. Sento-me mais sobre a
minha mesa do que eu me sento atrás dela. Sempre fui o tipo de pessoa que
pensa melhor em pé. —Eu ajustei o filtro de fundo um pouquinho, mas...

—É isso! — Estalo meus dedos, apontando para o céu atrás da cabeça da


modelo. Graças a Deus eu não perdi isso, ainda. —O novo tom de amarelo está
fazendo com que sua pele pareça pálida, e isso está deixando de fora o restante
da distribuição de cores.

—Eu pensei que isso faria a bolsa aparecer. —Chloe murmura. —Mas você
está certa. Parece que ela tem uma intoxicação alimentar. Desculpe-me por isso.
Talvez o meu monitor precise ser recalibrado.

Eu agito uma das mãos. —Não se preocupe. Vamos apenas voltá-lo ao que
era antes e dar uma nova olhada.

Chloe concorda, mas não se move de seu lugar. —Totalmente. Eu vou dar
um jeito nisso assim que você contar as fofocas. E eu quero todos os detalhes,
Murphy. Eu lhe dei quase quarenta e oito horas sozinha com seus pequenos
segredos sujos. Agora, é hora de começar a contar.

—Quem disse que eu tenho segredos sujos? —Circulo atrás da minha


mesa para riscar “encontrar Chloe” fora da minha lista, a única coisa que é mais
divertida do que fazer listas é riscar coisas fora delas.

Ah, e estar seminua com as mãos de Graham em cima de mim e seus


lábios nos meus. Isso definitivamente é mais divertido do que qualquer coisa
relacionada à lista.

85
—Hum, seu rosto. —Chloe joga seus cachos loiros sobre o ombro,
enquanto me dirige um dos seus olhares que sempre veem dentro de mim. —O
sorriso pateta e a expressão sonhadora. Do jeito que você continua mordendo o
lábio para evitar sorrir, e depois sorri de qualquer jeito. E ri. Muitas risadinhas,
Murphy. É simplesmente bobo.

—Eu não estou rindo. —Zombo, lutando contra o desejo de rir, porque é o
que acontece quando você está determinado a não fazer algo.

—E, de repente, aparece com essa maquiagem nos olhos. —Chloe


continua indicando os itens em seus dedos. —Perfume, sandálias de tiras, e o fato
de ter usado vestidos sexy para o escritório dois dias seguidos.

Olho para baixo, então, de volta para Chloe com uma sobrancelha
arqueada. —Eu não percebi que um vestido simples, preto e de manga curta era
uma escolha sexy.

Chloe suspira. —Diga-me quem está cortejando a felicidade em você, CJ,


então eu posso fazer minha obrigação como sua melhor amiga, pesquisar o
histórico dele de dez maneiras na próxima quarta-feira, e ter certeza de que ele é
digno de você.

Me cortejando? De jeito nenhum. Não haverá romance entre Graham e


eu. É tudo negócio. Bem, o negócio do prazer. Eu rio alegremente por minha
própria piada interna.

Chloe levanta um dedo entre nós. —Não há mentiras neste escritório. Essa
é a regra número um, e você escreveu as regras.

Mordo meu lábio, mas desta vez, luto contra um sorriso que não tem nada
a ver com isso.

Chloe conhece Graham. Ela até se juntou a nós para um happy hour
algumas vezes no caminho de volta para Brooklyn em sua bicicleta. E o mais
importante, ela conhece a reputação de Graham como um mulherengo. Ela
geralmente não é o tipo de julgar um cara por algo assim, mas Chloe também

86
sabe sobre a minha... Situação única.

Torço os meus lábios para um lado e depois para o outro, possuída pelos
desejos em conflito de manter o meu plano de educação sexual em segredo e,
finalmente, compartilhar com alguém as mudanças monumentais que ocorrem na
minha vida.

Especialmente uma amiga que conheço e posso confiar.

—Ok. —Olho por cima do ombro e depois dou a volta para fechar a porta
do meu escritório. Não me importo com Chloe, mas o resto da equipe não precisa
saber sobre o status da minha virgindade, ainda incrivelmente intacta.

Suspiro para a porta fechada e viro-me respirando profundamente para


encará-la. —Então, primeiro, eu quero assegurar-lhe que isto foi ideia minha, sei
exatamente no que estou entrando, e minhas expectativas estão totalmente
alinhadas com o que meu amigo está preparado para oferecer.

A expressão geralmente solene de Chloe transforma-se em um olhar


severo. —Uh-oh. Eu não gosto do tom disso. Você sempre diz que sabe no que
está entrando antes de fazer algo insano, como fazer uma oferta três vezes ao
cotar o preço dos ingressos para Hamilton, ou decidir andar de bicicleta pela
costa de Jersey ou adotar uma ninhada de pitbulls abandonados que fazem xixi
em cada par de sapatos que você possui.

Eu agito minha cabeça. —Não é nada disso. Nada que acabe mal, embora
eu descobri um incrível ferro-velho no caminho para Jersey antes de eu estirar um
tendão, e os pitbulls foram adotados por grandes famílias e Stephen King
conseguiu não ser comido por um. Além disso, nossa representante da Macy
adorou o musical, e isso a convenceu completamente sobre a propaganda de
produtos de natal. Então, estou dizendo que tudo fica bem quando acaba bem.

Seu olhar severo virou uma carranca.

—Tudo bem. —Levanto meus braços em rendição. Claramente, eu preciso


falar antes que sua imaginação corra solta. —Eu não estava em um primeiro

87
encontro na segunda-feira à noite. Eu estava tendo minha primeira aula com
Graham. Ele concordou em ser meu professor de educação sexual.

Os olhos verdes de Chloe arregalam-se.

—E foi muito bem. —Digo apressada. —E, em breve, vou saber tudo o que
quero saber sobre ser um imã para homens e, finalmente, ter o meu V card
perfurado no processo. É ganhar ou ganhar. Todos ganham. Ganho total.

E eu acabei de dizer “ganhar” quatro vezes?

Minha repetição não passa despercebida. —Então, o que você está


dizendo é que você está ganhando? —Chloe contrapõe lentamente, levando seu
tempo com cada palavra. —Pelo menos até você abrir a cabeça no fundo da
piscina, porque você foi direto da área da piscina para saltar da plataforma mais
alta nas Olimpíadas. —Sua expressão cresce claramente preocupada. —CJ, você
sabe que eu gosto de Graham, mas ele é um... E você é uma... —Ela agita sua mão
para cima e para baixo, gesticulando para mim da cabeça aos pés.

—Eu sou uma pomba e ele é uma águia careca? —Sugiro.

Chloe bufa. —Hum, eu estava pensando mais em um tubarão e um bebê


foca, mas tudo bem. Águia come pombos, certo?

—Na verdade, elas comem peixe. Mas Graham não vai me comer. —Digo,
então um sopro escapa de meus lábios, enquanto percebo como isso soa. —
Desculpe-me. —Agito uma das mãos na frente do meu rosto enquanto eu engulo
o riso, porque, claro, ele vai fazer exatamente isso. E em breve, espero.

—Eu não deveria estar indo para lá. Não estou aberta para falar os
detalhes. Isso fica entre Graham e eu.

—Isso? —Ela arqueia uma sobrancelha cor de mel. —Porque a última vez
que chequei, Graham não era do tipo que se importava que todos soubessem
com quem ele estava fodendo, com que frequência e em quais posições
pervertidas.

88
—Graham não é assim. —Digo, defendendo-o. —Ele não beija e conta.
São as ex-namoradas dele que contam.

—E quantas delas existem? Cinquenta? Cem? Duzentas? —Chloe morde o


lábio. —Você fez o Sr. Mulherengo ser testado antes de pular em seu pônei,
certo? Estou preocupada com sua saúde, você sabe, não apenas seu coração.

—Graham nunca me exporia a qualquer coisa que me machucasse. —Digo


com firmeza, não há dúvida para mim. —Ele está limpo. Ele se preocupa comigo.
E ambos estamos abordando isso como adultos que são amigos e profundamente
respeitosos um com o outro. —Movo meus ombros para frente e para trás. —E
nós ainda não chegamos a andar de pônei, mas em breve, talvez. Talvez muito em
breve.

Chloe acena com a cabeça por um longo momento, seus lábios franzindo,
depois formando uma linha ondulada, depois espalhando em um sorriso
melancólico.

—O quê? —Pergunto, jogando uma das mãos em sua direção. —O que


esse sorriso misturado significa exatamente?

—Isso significa que eu acredito em você. —Diz Chloe devagar. —E espero


que tudo aconteça exatamente como planejado. —Ela faz uma pausa antes de
acrescentar um tom cuidadoso.

—E eu estou aqui para você sempre que você precisar desabafar ou


chorar, e eu prometo não dizer que eu avisei.

Cruzo os meus braços sobre meu peito. —Apenas me diga que posso lidar
com isso, ok?

Ela sorri novamente, mas com mais compaixão desta vez. —Como eu
disse, estarei aqui para te pegar quando você cair. Ou, se você cair. Ela encolhe os
ombros. —Quem sabe, poderia funcionar bem. Já aconteceram coisas mais
loucas.

—Isso é verdade. —Concordo. —As coisas mais loucas acontecem o


89
tempo todo.

—Especialmente nesta cidade. O que me lembra, Roberto me pediu para


ter certeza de que você queria filmar as amostras do avental na fazenda urbana
no Brooklyn. —Ela diz com um eloquente rolar de olhos. —Ele parece pensar que
os aventais apenas pertencem a uma cozinha.

Grito em desaprovação exagerada. —Roberto tolo. Claro que quero gravar


na fazenda. E eu quero que as modelos não usem nada além de maiôs e aventais.
Vai ser tão sexy e divertido. —Aceno com a cabeça, pensando em minha conversa
com Graham ontem à noite, enquanto acrescento: —E eu quero que as meninas
se divirtam tanto, que todos que virem essas fotos, pensem em que diversão eles
terão com um adorável avental de estilo retrô.

A expressão de Chloe assume um ar de avaliação. —Concordo. Eu gosto


do seu acolhimento ao sexy. Talvez Graham seja bom para você, afinal.

Lanço meus olhos para o teto com uma risada alegre, mantendo a calma.
—Pode ser. Definitivamente, uma possibilidade.

Mas por dentro, não estou nada calma. Estou quente, incomodada,
ansiosa e tão animada para ver Graham novamente, que durante o resto do dia o
tempo parece rastejar ao ritmo de um caracol. Uma lesma do mar atravessando o
fundo do oceano contra a maré deve ser mais rápida do que o relógio.

Estou começando a pensar que o dia nunca terminará, quando aparece


um texto de Graham às quatro e meia.

Graham: Pernoite no Hotel St. Regis. Você e eu.


Encontre-me no bar do lobby às seis, e nós podemos subir
juntos. Certifique-se de trazer seu novo presente para que eu
possa mostrar-lhe como colocá-lo corretamente. E, claro,
como tirá-lo...

Eu corro meu dedo sobre essas últimas palavras, enquanto um


90
formigamento espalha pelo meu peito. Como tirá-lo...

Meu coração bate mais rápido e sinto-me animada. Apenas noventa


minutos mais e verei Graham de novo. Noventa minutos mais.

Não é nada.

É para sempre.

Mais quatro noites e vai acabar.

Fecho meus olhos tentando afastar o último pensamento errado da minha


cabeça. Claro, isso vai acabar. Foi projetado para acabar. É um projeto de sete
dias, como uma semana em um “intensivão” de sexo.

E com isso em mente, deixo meus pensamentos vagarem para o tipo de


“intensivão” de sexo que podemos ter hoje à noite.

Enquanto as imagens sujas e sexys piscaram diante dos meus olhos, tenho
certeza de que acabei de fazer aquelas coisas que Chloe estava me provocando
antes, de morder os lábios, sorrir e rir à toa.

Mas quem se importa? Noventa minutos...

Eu não posso esperar.

91
CAPÍTULO 11
Graham
O bar do lobby do St. Regis é um lugar antigo de espera para mim. Com
suas cadeiras de couro vintage, acentos de madeira quente e murais de Art Déco,
que retratam vistas ensolaradas e um exuberante King Cole assistido por palhaços
bajuladores, é simultaneamente opulento e fundamentado na realidade. Mesmo
os reis sucumbem aos tolos e as tardes douradas só duram um certo tempo. Para
mim, o St. Regis encoraja a celebração ponderada.

Eu bebi uísque aqui com Sean, depois que assinamos o contrato de


locação de um novo espaço para o escritório da Adored, cortesia de nossas ações
que estavam vendendo mais do que jamais sonhamos, e nossa empresa se
expandindo.

Eu tomei um Martini com Luna aqui na noite anterior ao casamento dela,


e falei sobre o que significava abandonar todos os outros e como isso seria
assustador para ela, mesmo que ela não imaginasse passar a vida com ninguém
além de Valerie.

Inferno, eu ofereci a CJ uma Mimosa aqui no vigésimo quinto aniversário


dela há menos de um ano, na época que ela era apenas uma amiga e eu estava
orgulhoso de ver uma mulher forte e bem-sucedida, apesar do inferno que ela
tinha vivenciado o ano passado.

Parecia natural sugerir que nos encontrássemos aqui neste luxuoso e


elegante lugar, onde eu vinha para comemorar. Essas lições parecem algo que
vale a pena celebrar, e eu estaria falando mentiras sujas e imundas, se eu dissesse
que não estava procurando uma boa desculpa para alugar a suíte Tiffany.

CJ ficará impressionante pra caralho, emoldurada por candelabros de


cristal, obras de arte inestimáveis e paredes de azul Tiffany, usando nada além do
espartilho da Adored assinado por Madison Avenue, cinta-liga e as meias de seda
branca...
92
Um momento depois, como se fosse convocada pelos meus pensamentos
tão apreciativos, uma doce voz chama da entrada do bar. Viro no meu banquinho
para ver CJ vindo em minha direção com um vestido preto sexy, eu sou louco por
decote recatado e uma saia comprida o suficiente para cobrir a bunda de uma
mulher, e saltos de dez centímetros que provocam visões eróticas dela neles e
nada mais.

—Olá. —Ela diz, pressionando um beijo ofegante na minha bochecha e


afastando-se com um sorriso agitado. Ela deixa cair a jaqueta preta na cadeira ao
meu lado. —Desculpe-me. Eu estou atrasada?

Prendo minha respiração enquanto tenho um vislumbre do espartilho de


renda através dos furinhos da estampa, costurados no corpete de seu vestido.
Essa janela minúscula é ainda mais sexy do que uma visão da frente de seu
vestido. Ele sugere coisas escondidas sob suas roupas, coisas que ela só vai
compartilhar comigo. Como o espartilho que eu lhe enviei ontem, o que escolhi
só para ela. Tudo o que posso imaginar, é quão atraente ele será contra sua pele.

Então, quanto melhor vai parecer no chão do quarto do hotel.

—Não, você chegou na hora. Eu que cheguei cedo. —Digo, lutando com o
que me parece ser a minha quinquagésima ereção do dia inspirada em CJ.

—Cedo? —Ela repete com os olhos arregalados. —Esta é a primeira vez


para você? Quero dizer, eu sei que você é sempre pontual no trabalho, mas em
um ambiente social, cinco minutos atrasado não é sua maneira de agir?

—Não. —Minto, então, imediatamente confesso, porque mentir para CJ


parece errado. —Ok, talvez, mas não acho que devo deixar meus alunos
esperando. Especialmente os meus alunos favoritos.

Ela bate os cílios, e um sorriso que é puramente de uma gatinha sexy, faz
seus lábios curvarem. —Eu acredito que sou sua única aluna, Professor Campbell.

—Você pode ser minha única e minha favorita, Miss Murphy. —Digo,
perdendo a batalha contra a situação de espessamento na minha calça. Mas

93
sério, é mais do que um homem que pode aguentar.

Ela ergue a mão, as pontas dos seus dedos passam sobre a pele exposta
por baixo do meu colarinho. —O que você vai me ensinar esta noite? Estou
vestida conforme solicitado.

—Eu vi isso. —Digo, depois aceno com a cabeça para o bar. —Você quer
uma bebida antes de irmos lá para cima?

Ela balança a cabeça. —Não, mas uma resposta seria bom.

Eu sorrio maliciosamente, nem me incomodo em tentar esconder isso


enquanto pego sua mão, tirando-a do bar e levando-a em direção ao elevador, a
jaqueta dela sobre meu braço. —Por quê? Nervosa?

Ela ri. —Não. Eu deveria estar?

—Mentirosa. —Sussurro quando as portas do elevador se fecham atrás de


nós, e puxo sua boca em direção à minha. E maldição, se o sabor dela não é ainda
melhor do que era há duas noites atrás. Ela responde com uma fome que me
deixa selvagem, seus braços envolvendo meu pescoço enquanto ela,
ousadamente, me puxa mais perto. Ela pressiona suas curvas contra meu peito
com um suave gemido, claramente querendo mais, muito mais.

Levar a lição número dois devagar, será um teste excepcional de vontade,


mas estou preparado para o desafio.

—Ok, então talvez eu esteja um pouco nervosa. —Ela murmura enquanto


meus lábios vagam por sua mandíbula, encontrando a carne do lóbulo da orelha.
Ela tinha pequenos brincos de diamante em forma de laços, lindos e delicados,
assim como ela.

—Não fique. —Coloco todo o lóbulo na minha boca, saboreando o calor


de sua pele perfumada com a pedra fria por um momento, antes de libertá-la. —
Você está vestida para o sucesso.

Ela estremece ligeiramente contra mim, seus lábios separam-se, mas

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antes que ela possa falar, as portas se abrem e ela fica em silêncio.

—Sério, nada com o que se preocupar. —Asseguro-lhe, perguntando-me


se não deveria ter pressionado ela do jeito que fiz na primeira vez. Mas, mais
cedo ou mais tarde, ela terá que aprender a pegar o volante. Poderia muito bem
começar com ela precisando continuar.

—Deixe-me lhe contar um segredo. —Digo enquanto eu a conduzo pelo


corredor. —Muitos homens ficam aterrorizados para fazer o primeiro movimento.
Mesmo os homens bem-sucedidos, que costumam assumir o controle na sala de
reuniões, podem hesitar no quarto.

CJ enruga o nariz. —Você? Hesitar no quarto?

Eu rio e zombo. —Bem, não, não eu. Mas um cara comum. Estive
pensando em como você veio a ser uma virgem de vinte e cinco anos, e não é
algo que aconteceu por acaso. Eu estou apostando que você assustou muitos
homens.

Ela rola os olhos. —Sim, porque eu sou tãooo assustadora.

—Você é. —Asseguro-lhe, parando em frente à porta da suíte. —Você é


linda de morrer, bem-sucedida e um pouco tímida, então, pode ser difícil saber o
que você está pensando. Tenho certeza de que é uma combinação assustadora
para muitos caras.

Ainda parecendo incerta, ela entra indo para a elegante sala de jantar à
esquerda, onde há um lustre Tiffany, a área de estar à direita e a luxuosa cama de
pedestal em frente. Com suas cortinas de algodão arejadas e penduradas no teto,
ocultando o colchão misterioso que parece algo que saiu de um castelo. —Tão
lindo... —Ela agarra as mãos juntas, voltando para mim com os olhos arregalados.
—Isso é demais, Graham.

—É apenas o suficiente. E você ficará linda naquela cama.

Seus olhos se alargam quando eu inclino meu queixo em direção à mesa,


onde uma garrafa de Dom Perrier está gelando em um balde com gelo. —Eu
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tenho champanhe se você mudou de ideia sobre uma bebida.

—Agora estou preocupada. —Ela diz com um riso ofegante. —Esta lição
vai exigir coragem líquida?

Pego a mão dela e a deixo frente a frente comigo. Ela olha para mim, o
calor que cintila em sua expressão assegurando-me que ela não precisa de
coragem líquida. —Não. Você consegue, Borboleta.

Ela engole em seco. —Eu consigo?

—Consegue. —Pressiono um beijo em sua testa, sabendo que é melhor do


que beijar seus lábios se eu quiser ter força para me afastar dela, mesmo que por
alguns minutos, então, viro-me para atravessar a sala. Alcanço a poltrona do
tamanho de um trono, viro-me para olhar em direção a CJ, e sento-me
aproveitando a vista. Com seus saltos e seu vestido sexy e doce, ela está
maravilhosa. Saber que minha lingerie está contra sua pele, é de tirar o fôlego.

Nunca vi nada mais sexy na minha vida.

—A lição número dois é sobre deixar um homem louco e assumir o


controle de uma situação erótica. Entrar no clima, por assim dizer. —Inclino-me
contra o encosto, sentindo-me confortável na poltrona. —Então, vamos começar
com algo que nenhum homem pode resistir. Um strip-tease de uma bela mulher.

CJ explode em riso, sua cabeça caindo para trás antes dela balança-la,
mexendo seu rabo de cavalo de um lado para o outro. —Ah não. De jeito
nenhum. Não posso.

—Você pode. —Asseguro-lhe. —E você vai, se você quiser tirar um “A”


nesta aula.

Ela morde o lábio, seus dedos enrolam-se a sua frente de uma maneira
cativante e completamente sexy. —Mas eu realmente não acho que posso,
Graham. Eu nunca fiz nada assim antes. Eu vou fazer papel de tola.

—Não, você não vai.

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Ela resmunga. —Sim eu...

—Não. Você não vai. Porque eu vou ajudá-la. —Levanto um dedo


segurando seu olhar, até ela suspirar pesadamente e dar um pequeno aceno, e
sinto que é o mais próximo que eu vou conseguir de entusiasmo neste momento.
—Comece levantando a bainha do seu vestido. Lentamente, levando seu tempo.
Possuindo o quarto.

Ela alcança o final de seu vestido e, imediatamente, quebra em outra


risada. Ela está ofegante quando diz: —Eu não posso. Sério, não posso.

—Caroline Jessica Murphy! —Digo na minha melhor voz de professor


zangado. —Você vai fazer o que te mandam ou vou ter que colocar você no meu
joelho?

Ela pisca uma vez, duas vezes, seus olhos tão redondos quanto os pratos
antigos pendurados na parede atrás dela. —Você está falando sério?

—Por quê? —Deixei meu olhar vagar por suas curvas. —Você gostaria
disso? Que eu lhe dê palmadas por ter sido desobediente?

Seus olhos ficam ainda mais largos. —Hum, eu... Eu não sei. Não tenho
certeza de que eu gostaria disso.

—Mas você não tem certeza de que não quer isso? —Levanto uma
sobrancelha, o calor subindo para minha virilha.

Ela balança a cabeça e sussurra: — Não, também não tenho certeza disso.
Quando você me olha assim, posso imaginar gostar de todos os tipos de coisas
que eu nunca imaginei ter gostado antes.

—Bom. Sua confissão me deixa ainda mais quente. —Agora, tire seu
vestido para mim, CJ. Quero ver você na minha lingerie.

Ela atrai o lábio inferior entre os dentes, enquanto lentamente alcança a


bainha do vestido e, em um movimento fluido, puxa-o para cima e sobre sua
cabeça. E foda-me, ela é linda. De parar o coração. Ainda mais bonita do que eu

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pensei que seria.

O cetim cor-de-rosa é tão ela, o tecido entrecruzado na frente é sugestivo,


mas inocente ao mesmo tempo. É uma sugestão do que está por vir. Uma
promessa de que se eu for muito bom, posso desatar a lingerie, deixá-la cair no
chão e admirá-la completamente.

—Quando vi essa cor, eu sabia que seria perfeita contra sua pele. Eu sabia
que isso faria você se sentir extremamente sensual. Será, CJ? Isso faz você se
sentir bonita? Encantadora? Irresistível?

Ela assente com a cabeça, seus lábios separam-se, e um suave murmúrio


sai deles. —Tudo isso.

—Bom. Porque você é. —Meu olhar cai para a cinta-liga combinando, que
seguram suas meias no lugar, e eu gemo. —Tão irresistível, porra. —Aponto para
o cabelo dela. —Agora, seu cabelo. Eu o quero solto.

—Você o quer solto. —Ela repete, levantando os dois braços para pegar o
elástico em seus cabelos, deixando-os livre para cair em ondas brilhantes ao redor
de seus ombros. —Você é um mandão, não é?

—Eu sei o que quero. E agora, eu quero que você desate o laço no topo do
seu espartilho. —Digo, minha voz baixa e persuasiva, desafiando-a a ser dona do
momento. —Lento e confiante, como se você estivesse revelando uma obra de
arte preciosa e inestimável.

Sua respiração engasga, mas ela obedece, puxando a fita de seda, fazendo
meu pulso acelerar enquanto ela solta o laço e seus seios derramam-se sobre o
topo do decote profundo. Meu primeiro olhar é suficiente para fazer meu
coração parar. Seus seios são de encher as mãos, cremosos, perfeitos, agraciados
por mamilos cor-de-rosa escuro. Estou morrendo de vontade de colocar minha
boca sobre ela, mas ainda não.

Ainda não. Lento. Fácil.

Se eu for muito longe, muito rápido, eu vou assustá-la ou machucá-la,


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nenhum dos dois é um resultado aceitável.

Suas mãos cruzam acima de seu peito enquanto sussurra: —Estou com
vergonha. —Provando que ela entendeu mal meu silêncio.

—Oh não. —Insisto, balançando a cabeça. —Não, não, não fique. Deus,
você é linda. Eu estava perdido em pensamentos.

—Isso não pode ser um bom sinal, se eu estou tirando minha roupa e você
está perdido em pensamentos.

—Pensamentos sobre o quanto eu quero pegar os seus mamilos na minha


boca. —Digo, desejo puro na minha voz. —Quanto eu quero provar você. Cada
centímetro de você. Você está me deixando louco, Borboleta, então, não pare.
Mostre-me mais de você. Torture-me, lento e doce.

Percepção cintilava em seu rosto, como o nascer do sol pela manhã. Como
o poder de sua sensualidade está aproximando-se dela neste momento. É
intoxicante testemunhar. É um privilégio vê-la entrar em sua beleza sexual.

—Tortura... —Ela repete.

—Torturas requintadas. —Acrescento.

Com movimentos lentos e deliberados de seus dedos, ela puxa a fita


através de um ilhós e depois outro, afrouxando o espartilho até o último pedaço
de fita deslizar livre, e o corpete de seda cair no chão aos seus pés com saltos
altos, deixando-a com nada além da cinta-liga de renda, calcinha combinando e
meias longas.

—Bom? —Ela pergunta, passando um dedo abaixo da cinta-liga.

—Tão bom. —Murmuro, meu pau tão duro que não tem como não notar
o totem erguido na frente da minha calça. —Agora as meias.

Polegada por polegada, não, centímetro por centímetro, que aluna


incrivelmente rápida ela é quando se trata de me enlouquecer, ela rola as meias
pelas suas coxas tonificadas até o joelho, depois para o tornozelo, expondo mais a
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suavidade da sua pele. Puxo uma respiração profunda, desesperado para sentir
cada centímetro dela completamente embaixo de mim, contorcendo e chamando
meu nome enquanto eu deslizo dentro e fora de seu calor apertado. Ela
atravessou a linha do território de deusa e, pelo sorriso de Mona Lisa em seu
rosto, quando ela lentamente vira de costas, me espreitando por cima do ombro
e concedendo-me outra visão assassina, suspeito que ela saiba disso.

—Como você se sente sobre strip-tease agora? —Pergunto. —Agora que


você me deixou louco querendo você?

—Muito bem. —Ela sussurra com uma risada nervosa. —Mas, só para
constar, não conseguirei tirar a cinta-liga de uma maneira sexy. É projetado para
que eu tenha que levá-lo e tirá-lo sobre a minha cabeça, e isso tende a ficar preso
em certos... Obstáculos.

Eu também rio, em parte porque o som de sua risada é contagiante.


Talvez também porque pode ser divertido rir mesmo quando você está
queimando de luxúria.

—Obstáculos como seus seios perfeitos? —Meu coração bate enquanto


ela tira a cinta-liga de costas para mim, matando-me com cada balanço de seus
quadris.

—Você realmente acha que eles são perfeitos? —Ela pergunta, libertando-
se e jogando a cinta-liga no chão, enquanto eu faço uma nota mental para
consultar minha equipe de design para arrumar a cinta-liga.

—Eu acho, mas eu gostaria de colocar meus olhos neles novamente. Vire-
se para mim. Eu vi o quão linda você fica na lingerie que eu faço. Agora, eu quero
ver o quão linda você fica fora dela.

Lentamente, com cuidado, ela se vira para mim, revelando quase todas as
polegadas impressionantes dela. Ela é ridiculamente linda, o tipo de anjo caído
dos céus que os homens escrevem nas poesias. A inocência ainda cintila em seus
olhos grandes, tornando-a ainda mais irresistível. Ela não tem ideia de quão
perigosa ela está se tornando, quão fácil seria para ela segurar a alma de um
100
homem na palma da mão.

Inferno, eu venderia a minha num piscar de olhos se isso fosse necessário,


para garantir que minha boca estivesse em sua pele nos próximos dez segundos.
Meu pau pulsa novamente, latejando insistentemente na minha calça, exigindo
que seja permitido participar da festa.

Controle. Devo manter o controle...

—Você é a coisa mais linda que eu já vi. —Digo, minha mandíbula


apertada na tentativa de evitar assustá-la, mas minhas próximas palavras ainda
emergem como um apelo. —Venha. Aqui. Agora mesmo.

Ela lança seus cabelos escuros para o lado novamente, Deus, ela tem
muito cabelo, cabelo selvagem, todo ondulado e bagunçado, como eu gosto. —
Agora? —Ela pergunta, provocando-me, aparentemente sem ideia de quão perto
eu estou do limite.

—Agora. —Repito, minha voz dura. No momento que ela desliza para
parar na minha frente, minha contenção está se esgotando. Da beira do meu
assento estendo a mão e, quase violentamente, puxo-a para se aproximar. Ela
exala enquanto aperta as mãos nos meus ombros, deixando seus peitos
balançarem tão perto do meu rosto, que quase me mata.

—Eu realmente o deixei louco? —Ela respira, excitação e surpresa em seu


olhar enquanto ela encontra o meu. —Você ainda parece bastante calmo.

Peguei a mão dela e a coloquei no meu peito, cobrindo-a com a minha. —


Sente isso?

Seus olhos alargam-se, enquanto o meu coração faz o melhor para bater
nas minhas costas. —Uau!

—Sem dúvida. —Concordo, deixando meu olhar percorrer cada


centímetro dela. —Eu tenho permissão para tocar, Deusa Stripper CJ?

—Oh, sim, por favor. —Ela sussurra, seus dedos subindo gentilmente em

101
meus cabelos.

Cuidadosamente, coloco minhas mãos atrás de suas coxas, aproximando-a


mais e passando as palmas das mãos sobre a ampla curva de seu traseiro. Posso
senti-la tremer quando me inclino para beijar sua barriga, viajando até seu
umbigo, seu osso ilíaco.

—Você tem gosto de mel. —Abro a boca, minha língua girando na


cavidade perto de seu quadril, querendo lamber todas as polegadas dela
imediatamente.

Abaixo o rosto no topo de sua calcinha cor-de-rosa, pressionando um


beijo no tecido, inalando seu perfume sexy.

—Graham. —Ela diz meu nome tão suavemente, que é mal audível.

—Sim, Borboleta? —Eu olho para ela. Seus olhos castanhos são ferozes e
fortes, cheios de paixão.

—Há um problema com minha calcinha.

Minha testa franze. —O quê?

—Um grande problema.

—Essas calcinhas foram testadas de todas as maneiras possíveis e


imaginárias pela equipe de design. —Balanço a cabeça. Não consigo pensar no
problema possível. O ajuste, a sensação, tudo parece ter sido feito para o seu
corpo. É o que minha equipe faz. Eles fazem lingeries bonitas que abraçam a
mulher que as usa.

A cintilação de um sorriso sorridente espalha-se no rosto. —Esse não é o


problema.

102
CAPÍTULO 12
CJ

Ele olha para mim com preocupação em seus olhos azuis.

Ele vai aprender que ele não tem nada com que se preocupar.

E estou prestes a experimentar algo completamente novo para mim.

Entrando no papel de uma sedutora.

Inclino-me mais perto dele, meus seios perigosamente perto de seu rosto,
meus lábios aproximando-se de sua orelha. Uma emoção corre através de mim
com o que estou prestes a fazer, que mal consigo ouvi-lo sobre os meus
batimentos cardíacos.

Eu não estou escalando uma montanha ou saltando de um avião, mas


para mim isso parece o mesmo. Estou deixando meu cinto de segurança e
entrando no desconhecido sexual. Até agora, ele me dirigiu. Ele me disse o que
fazer. Eu amei ele assumindo a liderança, e eu quero que ele continue fazendo
isso.

Mas por um momento, eu quero segurar as rédeas.

Meus lábios atingem o lóbulo da sua orelha e eu o mordisco gentilmente.


Ele geme como uma fera e o som me arrepia. —O problema é. —Sussurro —Que
ela ainda está em mim.

Sua respiração sibila e ele grunhe meu nome como se fosse uma palavra
proibida. —CJ.

E então, eu dou o próximo salto, dizendo-lhe o que eu quero. —Tire-a. —


Sussurro.

103
Um rosnado é minha recompensa, masculino, rouco e tão incrivelmente
sexy. —Você me enganou e olhe para você. Você está brincando de professora e
eu amo isso.

Eu quero gritar que funcionou, funcionou, mas estou muito excitada para
fazer qualquer coisa, além de derreter em seu toque. Eu pensei que estava
excitada na última vez que estivemos sozinhos, mas isso é ainda mais intenso,
como se pequenos choques elétricos estivessem correndo pela minha pele.

Ele enrola seus dedos nos lados da minha calcinha, e com um puxão, toma
as rédeas novamente. Saio da lingerie.

—Agora, espalhe suas pernas para mim, Borboleta. Deixe-me vê-la.

Coro por toda parte com tonturas de desejo, passando meus dedos em
seus cabelos, segurando-o como suporte enquanto separo minhas pernas
trêmulas, ampliando minha posição, grata que mais uma vez ele está no
comando.

—Tão sexy, tão quente. —Ele diz, olhando com avidez para minha pele
recém-exposta. Então, sem aviso prévio, ele se inclina, passando sua língua sobre
a minha boceta e meus joelhos ficam moles.

Deus, como um toque simples de sua língua pode ser tão intenso?

Eu sinto isso em todos os lugares, absolutamente em todos os lugares,


quando ele lambe novamente, provocando e sondando, explorando-me até eu
realmente não poder aguentar mais. Eu suspiro enquanto minhas pernas
apertam.

—Eu tenho você, bebê. —Ele me pega, levantando-me facilmente em seus


braços e levando-me para a cama de conto de fadas.

Quando ele me coloca nos lençóis brancos suaves, meu pulso acelera, a
ansiedade me amedrontando quando ele se ajoelha entre minhas pernas, e corre
suas mãos quentes pelas minhas coxas. Estou nua como o dia em que nasci e ele
ainda está completamente vestido.
104
Eu coro pela desigualdade, minha voz rouca enquanto eu pergunto: —O
que você está fazendo?

—Terminando o que eu comecei. —Ele diz, suas mãos enganchando atrás


dos meus joelhos.

Eu sei o que ele quer dizer e eu quero isso, oh, Deus, como eu quero isso,
mas me sinto ainda mais íntima assim, deitada e nua, sem nada para me
esconder, e nenhum lugar para correr se as coisas ficarem muito intensas. —Eu
não sei se...

—Está bem. Eu sei. —Ele diz lentamente, mas seguramente espalhando


minhas pernas. —E eu preciso fazer você gozar na minha boca, Borboleta. Eu
preciso disso como eu preciso de ar.

Longe de mim negar-lhe de respirar.

Ele abaixa o rosto, beijando-me lá com tanta reverência, que meu coração
quebra um pouco. Eu nunca imaginei que poderia ser assim, que as coisas
poderiam ser tão insuportavelmente doces ou cheias de tanta afeição. Que elas
poderiam me fazer sentir não apenas excitada, mas aberta, como uma flor que se
abre ao sol, sem escolha, além de esticar e mergulhar na luz que ela precisa para
se manter viva.

Mas isso pode matar você. Ter isso e depois perder tão rápido...

Por um momento, o pensamento é suficiente para assustar a onda de


prazer, mas Graham geme e inclina o rosto, começando a me devorar com uma
intensidade obstinada, que não deixa nenhuma dúvida de que ele ama tudo o que
ele está fazendo comigo, e eu deixo ir. Eu solto a preocupação e o medo, e cedo a
isso, a esse homem que é tudo o que eu esperava que ele fosse e muito mais.

Eu fantasiava sobre ele quando era mais jovem. Mas eu nunca esperava
que o verdadeiro prazer pudesse ser tão bom, esse transporte. Eu nunca soube
que ele também gostaria muito, mas, a julgar pelos sons que ele está fazendo
enquanto ele me devora, nós dois estamos deslizando em um novo plano de

105
felicidade.

Eu relaxo com a sensação, deixando meus joelhos caírem abertos,


enfiando os dedos em seus cabelos. O prazer puro irradia através de mim
enquanto sua língua me lambe. É uma mistura tão embriagadora de suave e
imundo ao mesmo maldito tempo.

Ele passou as mãos debaixo da minha bunda, puxando-me para a beira da


cama e me espalhando enquanto a língua desliza pela minha umidade, para cima
e para baixo, depois concentra-se no meu clitóris, onde eu ardo por ele. Eu ardo
esquisitamente, e ele sabe como satisfazer a necessidade clamando dentro de
mim. Ele passa sua língua, lento e deliberado, fazendo meus quadris se
levantarem. Oh Deus, mas eu preciso de mais. Mais dele lá, aí, sim, aí. . .

Eu balanço contra ele e ele chupa mais rápido, dando atenção onde eu
mais quero, me conduzindo para um frenesi febril.

— Bem aí, oh sim, por favor, sim! —Imploro, agarrando seu cabelo com
mais força, trazendo-o ainda mais perto enquanto ele suga o clitóris, e a
tempestade dentro de mim se intensifica.

Minha cabeça bate de um lado para o outro, meu cabelo voando no meu
rosto. —Oh, Deus, Graham. Oh, Deus! —Suspiro e, então, estou avançando meu
limite, gozando com tanta força que parece que eu estou me desfazendo,
quebrando, enquanto meu interior se agarra e solta com uma ferocidade quase
assustadora.

Sempre amei ter medo. Só que isso não é terrível da mesma maneira. Isso
é maravilhoso e perverso, e me faz sentir muito mais viva, meu corpo está
completamente conectado, iluminado e cintilando com um milhão de luzes.

Corro as mãos pelos cabelos dele, esperando que ele diminua o ritmo e
pare, mas ele não diminui. Ele continua a consumir-me, sua língua pulsando no
fundo, extraindo o doce alívio, até eu sentir como se estivesse tendo uma
experiência fora do corpo. Ou talvez outro orgasmo.

106
Uma segunda onda inesperada cai sobre mim e eu grito. Minha visão está
borrada.

Ele diminui o ritmo, pressionando o último beijo no meu centro antes de


subir.

—Oh... Meu... Deus! —Ofego, as palavras tornando-se um zumbido de


felicidade quando Graham se levanta sobre mim e encontra meus lábios com os
dele, beijando-me forte e profundo. Eu sinto o meu gosto em sua língua, mas,
inesperadamente, não me importo. Na verdade, quase gosto disso. Ele tem gosto
como se pertencesse a mim, como meu.

Meu. Porra, mas eu gosto desse som mais do que eu deveria.

—Isso foi incrível. —Sussurro, minha voz sonhadora. —Ambos.

—Você é incrível. Demais. —Ele diz com uma piscadela, depois rola em
suas costas em um movimento rápido. Ele me puxa em cima dele, suas mãos
agarrando meu traseiro enquanto as minhas coxas se separam e a espessura de
seu pênis pressiona entre minhas pernas. Mesmo através das calças, a sensação é
suficiente para me fazer gemer, baixo e com fome.

Eu quero aquilo. Eu quero ele. Estou pronta para cada centímetro, não
importa o quanto isso possa doer, porque estar sem ele dentro de mim, dói muito
mais.

—Estou pronta. —Digo, enquanto suas mãos atravessam minha caixa


torácica e moldam meus seios. Ele guia um em sua boca, dando uma volta com a
língua no meu mamilo até que ele fique mais rígido, mais duro.

—Borboleta. —Diz ele preocupado. —É muito cedo. Eu não quero


apressar você.

Eu balanço a cabeça com força, quase enlouquecendo enquanto ele suga


meu mamilo em sua boca. —Mas isso me faz querer ainda mais.

Ele ri contra minha pele. —Eu amo que você quer isso. E você tem que
107
saber o quanto eu também quero. Mas eu seria um professor terrível se eu deixar
a segunda lição ficar fora de controle.

Ele solta meus peitos e me dispara um sorriso sexy. Este homem. Ele sabe
como fazer uma mulher desejar, implorar, precisar dele.

Mas é mais do que tudo isso. Depois de apenas duas lições, estou louca
por ele.

—Eu não posso acreditar que já me deixou excitada. —Digo suavemente.

—Você excitada é o meu sonho sujo favorito.

Eu mordo o canto dos meus lábios, pensando em meus sonhos sujos e


como ele estrelou em muitos deles. Como ele está me guiando pela realidade
deles agora. E mais uma vez eu avanço na sensualidade que ele está me ajudando
a ver que eu possuo.

—Eu tenho sonhos sujos sobre você. —Sussurro.

Ele engole. —Você tem? —Sua voz está rouca ao dizer as palavras.

Eu o surpreendi novamente. Peguei-o com a guarda-baixa. E eu gosto


disso.

Com base no eixo pulsante pressionando em mim, ele também gosta.

Eu concordo. —Eu sonho em tirar suas roupas. —Eu não vou me


incomodar com delicadeza. Mas eu gosto de falar dos meus pensamentos sujos
com ele. Pensamentos sujos que eu sempre soube que eu tinha, mas nunca
consegui aproveitar, até ele.

Ele abriu os braços para fora na cama, um convite. —Então explore-me,


CJ. Tire minha roupa como se fosse seu sonho sujo.

—Essa lição é a número três?

Um sorriso me diz que ele gosta do meu plano improvisado. —Sim, é a


lição de número três. Você é uma aprendiz tão rápida, que você merece outra
108
sessão esta noite.

Ele coloca as mãos atrás da cabeça.

Parte de mim não pode acreditar nesse homem confiante e arrogante


quer que uma virgem tire suas roupas. Mas o olhar em seus olhos diz que é
exatamente isso que ele quer.

Eu.

Eu o excitei

Eu o despertei.

Eu vou despi-lo.

Faíscas correm sobre minha pele, e é difícil imaginar que eu possa desejar
ele... tanto, depois de gozar duas vezes.

Mas estou aprendendo que todas as coisas são possíveis agora que eu
estou visitando um país que nunca viajei antes. Um que eu quero gastar muito
tempo explorando.

Eu chego para trás e puxo sua camisa branca de suas calças.

Graham sempre pareceu bom o suficiente para comer, mesmo vestido. Eu


o comi com os meus olhos centenas de vezes, mas enquanto meus dedos abrem
os pequenos botões de sua camisa branca, mostrando seu peito, ele literalmente
tira meu fôlego.

Ele é o mais lindo que já vi.

Ele tem um tanquinho, e eu traço seus gominhos com a ponta dos dedos.
Ele estremece enquanto eu exploro sua barriga plana, então, novamente,
enquanto viajo mais alto, minhas mãos ansiosas espalham-se por seu peitoral
firme e forte. Suspiro alegremente, certa de que agora vou querer visitar o país
Graham muitas vezes mais.

109
Deixo meus dedos escorregarem pela linha de pelos de seu umbigo, para
os pelos mais escuros e mais enrolados em seu peito e murmuro: —Você é
adorável.

—Como uma borboleta? —Ele provoca, mesmo que uma expressão quase
dolorida cruze seu rosto.

—Sim. —Concordo, rindo levemente. —Como uma borboleta. Uma


borboleta muito viril.

Inclinei-me para beijá-lo, e acabei mordiscando a pele do abdômen, do


jeito que ele fez com o meu. Quando chego, enfim, em sua calça, não hesito em
abrir o botão superior e, junto com o zíper, puxá-la para baixo sobre os quadris. O
movimento puxa também suas boxers, mas eu não paro. Não hesito. Eu continuo
descendo o tecido, até que sua ereção pula livre, e as pontas dos meus dedos
entorpecem.

Ele é longo, grosso e tem a quantidade certa de veias. O seu pau pulsa
enquanto eu olho para ele, minha garganta seca. Engulo devagar. É lindo, mas
enorme, e não tenho ideia do que estou fazendo. Lentamente, estendo a mão
para tocar na cabeça, mas minha confiança desaparece em um batimento
cardíaco. Não sei como tocar um homem.

Graham, é claro, percebe. —Você pode parar. —Ele diz através do maxilar
apertado. —Está bem.

Resumidamente, considero parar, permitindo que essa possibilidade se


desenrole. Mas esse é um pensamento abominável. Eu não quero parar. Eu quero
saber.

Eu levanto o queixo, chamando minha garota forte interior e minha


honestidade. —Não. Apenas... Mostre-me como tocar em você. —Minha língua
desliza para molhar meus lábios.

—Ensine-me.

Seus olhos brilham de desejo enquanto ele toma minha mão e a envolve
110
ligeiramente ao redor de seu pau espesso.

Ele geme ao mesmo tempo que eu suspiro.

Eu murmuro sons incoerentes em uma suave descrença de quão grosso


ele é, quão duro e pesado. E quão, desesperadamente, posso dizer, que ele
precisa disso. Meu toque.

Isso me encoraja.

Eu acaricio-o para cima e para baixo, terminando com um aperto suave,


meus olhos perguntando se está tudo bem.

Graham me recompensa com um gemido. —Porra, sim. Você entendeu,


Borboleta. Apenas não pare.

—Você tem certeza de que estou fazendo certo? —Pergunto, precisando


da confirmação novamente, mesmo que ele já tenha dado.

Ele ri levemente. —Tenho certeza. —Então a risada termina e seus olhos


escurecem. —Faça isso novamente. Não pare.

Enquanto eu corro minha mão ao longo de sua ereção, uma preocupação


passa por mim. Este homem é tão hábil no quarto. Eu vou colocá-lo para dormir
com minhas tentativas de explorar? Eu corro meus dedos do comprimento de seu
pênis para suas bolas. Toco-as muito gentilmente, sentindo-me inadequada e
desejando ter feito minha pesquisa sobre como os homens gostam que brinquem
com suas bolas.

—Eu não sou de vidro, não vou quebrar. —Ruge Graham, seus dedos
gentilmente pegando meu braço. —Olhe para mim, CJ.

Eu olho, soprando o cabelo do meu rosto com os lábios franzidos.

Seus olhos seguram os meus. O seu é feroz, honesto e com muita fome. —
Eu prometo a você, não há nada que você possa fazer que seja errado. Nada.
Você entende? Essa é a lição, CJ. Você é perfeita como você é, e seu toque me
deixa louco.
111
—Eu quero mais do que te deixar louco. —Digo, meus dedos apertando
seu pau. Eu respiro, reunindo coragem para dizer o que eu quero mais do que
qualquer coisa agora. —Eu quero fazer você se sentir tão bem como você me faz
sentir. Quero fazer você gozar, Graham. Para mim. Por minha causa.

Amaldiçoando sob sua respiração, ele acena com a cabeça. —Você sabe o
quão perto eu já estou? Eu não quero nada além de gozar na sua mão.

Suas palavras me acendem. A eletricidade corre através do meu corpo,


uma emoção selvagem com a perspectiva de dar-lhe prazer e, depois, mais. É
sujo, é erótico e é tudo tão deliciosamente novo. Eu quero isso
desesperadamente.

—Como você quer que eu toque você? —Pergunto.

Ele envolve sua mão mais apertada em torno da minha, guiando-me para
cima e para baixo em seu comprimento. Mais rápido, mais áspero do que eu faria
por conta própria. —Isso é o que você deve fazer. Continue. —Ele diz, movendo
minha mão ainda mais rápido. —Para cima e para baixo, não muito duro,
provavelmente um pouco mais rápido perto do final. Somos muito menos
complicados que as mulheres.

—Parece bem fácil para mim agora.

—Confie em mim. Você está me fazendo parecer tão fácil, porra.

Suas palavras divertidas suavizam minhas preocupações e respiro. Eu


posso fazer isso. Eu posso, absolutamente, fazer isso. Eu aperto com mais força e
sigo sua direção, acariciando mais rápido e áspero. Ele grita meu nome em uma
maldição, e sinto uma nova onda de calor em meu corpo.

—Borboleta? —Ele sussurra.

—Sim?

—Deslize sua mão entre suas pernas e traga um pouco dessa umidade
para o meu pau.

112
Duh. Claro, ele precisa de lubrificante. Felizmente, eu tenho mais do que o
suficiente, graças à dupla dose de prazer que ele me deu. Eu faço como ele pediu,
então, coloco minha mão molhada em seu pau.

—Ei, olhe. Desliza muito mais fácil. —Digo brincando enquanto


demonstro.

Ele sorri. —Sim.

Então, seu sorriso vacila, substituído por um olhar de intensa


concentração enquanto eu o acaricio de novo. Bombeio seu pau para cima e para
baixo, encontrando o ritmo que faz sua respiração ficar mais rápida. Um pouco
mais de umidade, um pouco menos fricção e ele está balançando na minha mão,
empurrando seus quadris para dentro do meu punho.

Minha respiração para, e prazer acampa em todas as células do meu corpo


enquanto eu olho para nós dois, minha mão em seu pau duro. Estou maravilhada
de vê-lo, de fazer isso com ele. Seus olhos se fecharam e eu olho para sua
garganta, onde o pulso parece bater mais rápido em seu pescoço. Seus lábios
abrem e ele rosna, mais alto do que antes. Nunca ouvi nada tão sexy na minha
vida.

—É isso aí. Um pouco mais rápido.

Eu aumento o ritmo, agarrando-o ainda mais.

—Sim. Isso. —Ele diz com um gemido. —Gozando.

Eu mordo meu lábio, emocionada pelo jeito que seu prazer o alcança,
como ele geme e empurra, e então ele está lá, gozando em minha mão.

—Porra! —Ele murmura. Então diz isso de novo e de novo. Eu não tenho
certeza se eu deveria continuar nesse ritmo, mas ele parece saber que preciso de
sua orientação, porque ele coloca a mão na minha e diminui o ritmo, mesmo que
ele ofegue com força, gozando.

Eu solto, lavo minhas mãos e volto ao seu lado. Ele pressiona um beijo na

113
minha testa. —Eu não tive uma punheta há anos, e deixe-me dizer-lhe, valeu a
pena esperar. Acho que não curtia muito um orgasmo há anos.

Eu irradio. É louco sentir orgulho por uma punheta, mas sim. —Eu acho
seguro dizer que eu nunca curti tanto em dar uma também, e adorei cada
segundo da minha primeira.

Ele ri, atraindo-me para outro beijo. —É melhor eu me limpar. —Ele


murmura, beijando-me mais uma vez antes de desculpar-se.

Quando ele retorna, desliza ao meu lado. —Durma comigo. —Ele


murmura, puxando-me para seu braço e meu coração salta no meu peito. Algo
mexe comigo, um sentimento mais profundo, um calor que se estende além do
que fizemos esta noite.

—Eu adoraria dormir com você. Digo com um sorriso, e nenhum de nós
sente falta do duplo significado das palavras, ou o fato de que esta noite elas
significam algo mais suave, mais terno.

—É muito bom sentir você, aconchegante e quente. —Ele diz no meu


ouvido e pressiona um beijo suave no meu pescoço.

—Você também. —Eu me instalo ao lado dele, suspirando feliz enquanto


ele deita de conchinha comigo. —Essa é outra lição? Estamos nos encaixando na
lição quatro?

—Como acariciar após um orgasmo fantástico. —Ele murmura.

—Agora que eu acho que vou me destacar.

Mas ele balança a cabeça contra meus cabelos. —Não é uma lição.

—Não é?

Ele afasta meu cabelo da minha pele, seu toque gentil. —Não. É
exatamente o que eu quero, mais do que qualquer coisa agora.

Esse sentimento no meu peito? Intensifica. Ele se multiplica. Isso voa. É

114
quase melhor que o meu duplo orgasmo. Deixo-me sentir isso por alguns
segundos, antes de voltar à tarefa de manter a cabeça e o coração separados.

Mas separado não significa resistir a uma boa soneca. Aconchego-me


contra ele, saboreando o calor de seu corpo, meus pensamentos vagueando em
pastagens sonolentas.

Até o meu celular uivar9 na minha bolsa.

Literalmente uivar, a lua cheia dos lobos, significa que há sérios problemas
em casa. O meu senhorio nunca liga, a menos que haja uma emergência do tipo
que não pode esperar até a manhã.

—Não responda isso. —Murmura Graham. —Estou prestes a ter um sonho


fantástico, com você adormecendo em meus braços.

—Eu teria o mesmo sonho. Mas eu tenho que atender essa ligação.

Toco no botão verde e trago o celular ao meu ouvido. —Olá? —E sou


recebida por um fluxo interminável de xingamento em tchecoslovaco. Mas, entre
todas as maldições, pego algumas palavras-chave: tubos quebrados, tapete
arruinado, dano estrutural, maldito gato solto no edifício.

Com um gemido silencioso de lamento, prometo estar lá assim que puder,


limpar tudo, pagar por todos os danos e ter meu gatinho renegado de volta na
sua gaiola o mais rápido possível.

Eu amo esse pequeno cara. Deus, como eu amo.

Mas agora, eu queria que meu irmão possuísse uma pedra de estimação.

9
O toque para o senhorio dela, é um lobo uivando.
115
CAPÍTULO 13
Graham
No táxi, por todo o caminho para o Distrito de Meatpacking, tudo o que
posso pensar é em focinheiras. Certamente eles têm focinheiras de gato, certo?
Algo rápido, mas seguro, que CJ pode envolver na boca destrutiva de seu gato
antes de sair da casa. Quero dizer, eu entendo que Stephen King é velho e cego, e
confunde facilmente o que é comida e o que não é, mas agora eu teria zero
problema em amordaçar o bastardo fofo.

E eu nem sequer tive a foda empatada pelo gato estúpido.

Eu tive um... Aconchego ignorado. Abraço atrapalhado. Conchinha


frustrada.

Jesus! O que há de errado comigo? Estou chateado com um velho felino


gagá, porque não consegui me enroscar e escorregar para a terra dos sonhos com
a mulher mais bonita de todos os tempos?

Eu olho no espelho retrovisor, respondendo a minha própria pergunta.

Sim. Evidentemente, sim.

—Você não precisa subir. Você pode esperar na frente se não quiser lidar
com isso, ou se quiser responder e-mails ou o que quer que seja. —Diz CJ, fugindo
do táxi, assim que passei uma nota de vinte dólares pelo buraco do vidro. —Vai
ser feio. E úmido. E provavelmente haverá muitos gritos. Meu senhorio não está
feliz.

—E por que ele deveria estar? —Assim que ela vira sua chave, eu a sigo
pela porta da frente em direção ao terceiro andar. —Seu animal de estimação
causou estragos na propriedade dele.

—Não, eu causei estragos na propriedade dele, quando esqueci de colocar


a trava de segurança de volta no armário da cozinha. —Ela diz fungando,
116
enquanto se apressa em direção ao primeiro andar. —Stephen King não pode
ajudar a si próprio. Ele sofre de demência, e a demência aumenta seus níveis de
estresse, e o aumento dos níveis de estresse faz com que ele queira mastigar
coisas.

—Nada que uma focinheira não resolva. —Murmuro sob minha


respiração.

CJ franze a testa para mim por cima do ombro, mas não para de subir. —
Eu ouvi isso. E eu não vou amordaça-lo. Eu acredito em deixar as criaturas
envelhecerem com dignidade. Especialmente criaturas que eu adoro, e que eu
não quero ver vagar pela rua e ser atropelado.

A lembrança de quanto ela adora esse gato velho e louco, manda a


frustração no meu peito se afastar, expulsa pela vulnerabilidade em sua voz.

—Eu sinto muito. E não se preocupe. Nós vamos encontrar Steve. E ele
não vai ser atropelado. Não comigo aqui.

Sim. Eu sou Ed Harris, guiando os astronautas com segurança para casa,


retornando de uma missão fracassada na lua, no Apollo 13, dando seu juramento
ousado: “nunca perdemos um americano no espaço, temos certeza de que não
vamos perder um no meu comando! ”

A falha na recuperação do gato não é uma opção.

O momento de honra está sobre mim. É meu dever ajudar a mulher a


encontrar seu felino.

À medida que chegamos ao terceiro andar e aceleramos para o som dos


xingamentos em eslavo no final do corredor, CJ estende a mão, dando um aperto
rápido na minha. —Deixe-me lidar com Arno, está bem? Ele parece assustador,
mas ele pode ser racional. Geralmente. Às vezes.

Antes que eu possa responder, ou sugerir que talvez ela deva procurar o
gato enquanto eu acalmo a fúria de Arno com algumas notas de cem dólares, CJ
atravessa a porta do apartamento e entra no coração do caos.
117
Arno, um homem calvo, com olhos azuis e feições muito fortes, gesticula
descontroladamente para CJ, para o céu e o inferno e tudo no meio, mas meu
instinto me diz que ele não é uma ameaça. Ele está com raiva, sim, mas é
inofensivo. O perigo real vem de debaixo da pia. A água está saindo do armário
para o carpete já encharcado, onde uma mancha do tamanho de um pequeno
elefante cresce a cada segundo. Está completamente saturado. Se a água ainda
não chegou no contra piso, chegará em breve e, então, esse reparo vai de caro
para caríssimo.

Não tenho ideia de por que Arno não parou a água, mas se ele está muito
ocupado gritando para cuidar das coisas, não tenho nenhum problema em fazer
isso por ele.

Passando pelos pedaços de batata e cebola espalhados pelo chão, parece


que Stephen King comeu outras coisas, além do encanamento, eu piso no carpete
encharcado, ajoelho-me, e alcanço debaixo da pia. O botão de água quente
emperra, mas finalmente cede e, em apenas alguns segundos, eu tenho os
registros de água fechados e a situação está relativamente controlada.

Assim que a água para de jorrar, o fluxo de maldições cessa.

—Como está? —Arno pergunta com um forte sotaque.

Eu giro para vê-lo fazendo um gesto para a pia, e imagino que ele não está
perguntando sobre o estado da minha saúde. —Eu fechei os registos. As válvulas
estão debaixo da pia.

As sobrancelhas pálidas dele se levantam quando ele pisca. —Sob a pia?

Eu aceno com a cabeça, tentando manter minha voz livre de julgamento.


—Sim. Ali. Sob a pia, basta girá-los até o fim para a direita. E acho que é a mesma
configuração em cada unidade, então, você saberá da próxima vez que você tiver
um problema.

Ele resmunga, aparentemente impressionado, e pergunto-me


silenciosamente como um homem pode ser um maldito senhorio ou um adulto,

118
pelo amor de Deus, e não sabe como fechar o registro da pia. Mas este é o
mesmo homem que pensou que era aceitável instalar carpete em todo o
apartamento, mesmo na cozinha, então, ele claramente não tem o costume de
abordar adequadamente os problemas do apartamento.

—Obrigada Graham. —Diz CJ, radiante para mim, como se eu tivesse salvo
um bebê de um edifício em chamas. E, embora eu saiba que não fiz nada, nem de
perto, não posso negar que seja bom ser visto assim. Especialmente por ela, essa
mulher que é tudo o que penso ultimamente, tudo o que eu sonho.

Ela bate as mãos juntas e acrescenta com uma voz alegre. —Agora só
precisamos encontrar Stephen, limpar isso e ...

—Não, você está fora. —O tórax de Arno infla enquanto seu braço aponta
em direção à porta.

O rosto de CJ fica branco. —Ah não. Por favor, Arno, eu prometo que
nunca mais acontecerá algo assim. Vou colocar a trava de segurança toda vez. Por
favor, eu adoro viver aqui e nunca atrasei o meu aluguel, nem uma vez em três
anos. Não podemos...

—Não, não, não de uma vez por todas. —Diz Arno, sua arrogância
suavizando com o argumento de CJ. —Fora nesta semana. Para reparar o carpete,
o chão e colocar azulejo. Nós vamos colocar azulejo aqui agora, de modo que é
mais fácil de limpar.

CJ assente rápido. —Aí sim! Isso seria maravilhoso. O carpete era difícil de
manter limpo, se eu estiver sendo completamente honesta. Eu estou feliz em
cobrir os custos dos azulejos.

—Você não fará isso. —Voltei através do tapete encharcado, água


escorrendo pelos meus sapatos e meias. —O cara que refez meu banheiro no ano
passado é incrível, e ele me deve um favor. Eu vou entrar em contato com ele
amanhã de manhã, e teremos uma equipe para limpar a água o mais rápido
possível. Espero que possamos ter tudo isso seco e embalado na próxima semana.
Por minha conta. —Eu estendo uma das mãos para Arno.
119
—Combinado?

—Você paga a conta? — Ele inclina sua cabeça, me estudando pelo canto
de seus olhos.

—Todas as contas? A Conta toda?

—Cada centavo. — Asseguro-lhe.

—E você escolhe uma cor agradável? —Ele acrescenta, apontando meu


peito. —Nada muito louco. Sem rosa.

—Sem rosa. —Concordo secamente. —Será de bom gosto e da mais alta


qualidade.

Com o lábio curvado em aparente satisfação, Arno assente e agarra minha


mão, me cumprimentando. —Bom. Feito. —Ele solta minha palma e aponta seu
dedo esguio na direção de CJ. —Você encontra o gato. Você o leva para fora. Eu
deixo as equipes de trabalho no apartamento e me certifico de que os objetos de
valor estarão seguros. Não se preocupe.

CJ pressiona as mãos juntas. —Muito obrigada, Arno. Obrigada.

Resmungando e acenando com a cabeça, Arno ignora o agradecimento


dela e se afasta rigidamente pelo cômodo. Um momento depois, CJ e eu estamos
sozinhos com o piso encharcado, os pedaços de batata e cebola e o cheiro de
tapete molhado, que é melhor que cão molhado, mas não muito.

—Obrigada. —Diz ela. —Agradeço a doce oferta, mas insisto em pagar o


trabalho e a limpeza.

Balanço a cabeça enquanto eu estendo a mão, puxando-a para um abraço.


—Sem chance, Murphy. Eu cuido disso. Considere um presente de aniversário
adiantado.

—Eu não posso deixar você fazer isso.

O fracasso não é uma opção esta noite. Isso também se aplica à minha

120
oferta de pagamento. Dado aos pensamentos pouco caridosos que percorreram
minha cabeça sobre seu pobre gato, eu preciso pagar. É a coisa certa. —
Borboleta, isso não é negociável. Estou pagando por isso. É simples assim.

Ela se afasta para olhar para mim, procurando meus olhos, como se ela
pudesse encontrar uma resposta lá. —Você já fez tanto por mim.

—E você fez tanto por mim. —À medida que as palavras emergem,


percebo quão verdadeira elas são. Nós só passamos algumas noites juntos e elas
não só foram insanamente sexy, mas divertidas e ternas também. Mais do que eu
esperava. —Pretendo pagar.

Ela suaviza. —Você é tão cavalheiro.

Isso saiu da mesma maneira que ela disse que eu era amável, e isso faz
coisas engraçadas no meu peito. —Este sou eu. Graham Cavalheiro Campbell.

—Isso significa que eu estou pagando pelo brunch de aniversário este ano.
Sem argumento. —Seus braços circundam minha cintura enquanto sua bochecha
descansa no meu peito, me enviando uma onda de puro contentamento. Esta
noite, certamente, não está procedendo do jeito que eu pensava, era certo que
sonharia sonhos sujos enquanto ela dormia em meus braços, mas de alguma
forma, está tudo bem. Parece que qualquer coisa estaria bem, ou pelo menos
possível de sobreviver, desde que eu abrace CJ depois que isso acabar. Ela é
apenas tão boa, tão certa.

—Eu acho que devemos caçar esse gato rebelde. —Digo, pressionando um
beijo no topo da cabeça dela, porque não posso deixar de tocá-la. —Alguma ideia
de onde ele poderia estar?

CJ recua a cabeça para trás, olhando para mim com um sorriso torto. —Eu
tenho algumas ideias, mas você não vai gostar delas. Quando ele enlouquece, ele
tende a se esconder nos lugares mais sombrios e mais penosos que ele pode
encontrar. Uma vez, eu o encontrei atrás do forno. Outra vez, ele se enfiou atrás
da privada.

121
Eu franzo a testa. —Você está insinuando que sou um homem sensível,
que não enfrentaria os desafios de uma missão de resgate?

Ela ri. —Não, você é um homem muito macho que sabe como fechar o
registro da água, e tem o número do cara do azulejo na discagem rápida. Mas
você também está usando calças muito caras.

—Esqueça minhas calças. Vamos pegar esse gato e sair daqui. Gostaria de
colocá-la na cama antes da meia-noite, senhorita Murphy. Eu estava gostando
muito de cuidar de você, mas também acho que vou gostar de deslizar a mão
entre suas pernas no meio da noite.

O calor brilha em seus olhos. —Eu gostaria disso também.

—Talvez até uma revisão da lição um ou dois?

Seus olhos escurecem, uma pitada de desejo cintilando neles. —Ponto


extra é bom.

Eu ri e bati na sua bunda, aproximando-a por um segundo, e plantando


um beijo naqueles lábios suaves e deliciosos. —Você terá muita lição de casa, eu
prometo.

Então eu a deixo ir porque é hora do gato. —Vamos caçar gato.

Começamos com o apartamento dela, mas sem surpresa, não há sinal de


Steve. Mas com a quantidade de gritos que aconteceu aqui esta noite, eu não
esperaria que um animal ansioso ficasse por perto. Uma pesquisa detalhada nos
corredores e nas áreas comuns veio em seguida. Nós exploramos o carrinho de
compras e o armário do zelador no primeiro andar, onde pás de neve e esfregões
com cheiro de mofo se amontoam na escuridão, mas não há sinais de patas
peludas ou uma cauda se contorcendo.

No porão, olhamos cada centímetro da sala das caldeiras, usando a luz dos
nossos celulares enquanto verificamos as salas sem janelas que claramente não
foram tocadas, ou limpas, desde o século passado.
122
—Se não houver um fungo preto aqui, eu vou comer minha própria mão.
—Murmuro enquanto terminamos outra exploração digna de horror.

—Não coma sua mão. —Diz CJ com um bocejo. —Eu gosto da sua mão.
Sua mão faz coisas boas para mim. Talvez até no meio da noite.

Enrolo meu braço ao redor de sua cintura com um suspiro, sabendo que a
chance das minhas mãos voltarem para ela mais tarde, está diminuindo a cada
minuto que passa.

—Para onde vamos agora?

—O pátio, eu acho. —Ela sobe as escadas na minha frente, me


concedendo uma visão perversa da bainha de seu vestido, esfregando
tentadoramente contra suas coxas. Senhor tenha piedade...

—Eu mencionei o quanto eu amo este vestido?

Ela chega ao topo da escada e se vira para sorrir para mim, seus cabelos
selvagens iluminados pelo brilho alaranjado da luz do átrio. —Não, você não
falou. Mas obrigada.

Eu balanço minha cabeça, muito impressionado com a beleza desse


sorriso para responder. Droga, ela é bonita. E doce. E é tão divertido estar com
ela, que eu realmente estou curtindo essa estúpida caça ao gato. Pelo menos um
pouco.

Embora no momento em que procuramos no pátio, rastejando em nossas


mãos e joelhos para espreitar sob cada pedacinho de pedra decorativa grande o
suficiente para Stevie se esconder, minhas calças estão arruinadas, meus ossos
estão começando a doer e estou tão cansado, que tudo o que eu quero fazer é
entrar na casinha de brinquedo rosa do parque e dormir. —Você verificou a casa
de brinquedo? —Pergunto, lutando para suprimir mais um bocejo.

—Sim. Duas vezes. —CJ boceja de forma expressiva antes de apertar o


botão do celular com um suspiro. —São quase duas horas. —Se não o
encontrarmos nos próximos minutos, quero que você volte para o hotel, ou para
123
sua casa sem mim. Descanse um pouco.

—E o que você vai fazer?

—Eu vou ficar aqui e olhar. —Ela encolhe os ombros, levantando as mãos
impotentes em seus lados. —Quero dizer, não posso desistir. Ele tem que estar
em algum lugar. Eu sei que ele não saiu do prédio. Ele não faria isso, certo?
Mesmo que alguém segurasse a porta aberta para o mundo exterior. Ele não
correria pela cidade, porque se o fizesse, eu nunca o encontraria e ele
definitivamente seria atropelado.

Com meu coração dolorido por ela, eu a puxo para perto, balançando-a
gentilmente de um lado para o outro. —Vou ficar. Até o final. Até que cada
soldado seja trazido do campo de batalha.

Ela geme na minha camisa, caindo contra mim. Então, ela ergue a cabeça
atenta e repentinamente. —É isso! —Ela sai dos meus braços, virando-se para
encarar o parquinho. —O campo de batalha...

Eu franzo a testa. —O escorregador?

—As crianças brincam de cavaleiros e dragões aqui fora o tempo todo. —


Diz ela, indo em direção ao conjunto de balanço. —E eles estão sempre deixando
cair seus brinquedos e seus lanches. E o nariz de Steve ainda funciona muito bem,
considerando o estado em que o resto está. —Quando ela alcança a estrutura, ela
cai de joelhos, afastando as lascas de madeira até que ela tenha uma visão clara
sob o túnel azul que corre de uma seção do brinquedo para outra.

Seu grito de vitória é um dos sons mais doces que ouvi hoje à noite. —Aí
está você! Stevie, querido, venha aqui. Oh, pobrezinho, você deve estar tão
assustado.

Quando ela se levanta, há um gigante gato do Himalaia com bigodes


enrugados, um nariz sardento, olhos azuis suaves, aconchegado em seus braços.

—Stephen King, é bom te ver de novo. —Inclino-me para vê-lo melhor no


brilho das luzes ativadas por movimento que iluminam o pátio. —Você é um belo
124
velho senhor, devo admitir.

O gato mia como se devolvesse o elogio, e CJ ri. —Ele é. Não resisto a um


rosto bonito. E um espírito doce. —Ela o abraça mais perto. —Venha, amor,
vamos levá-lo ao veterinário. Você pode visitar o Dr. Miller enquanto limpamos a
casa.

Após colocarmos Steve em sua caixa de transporte, pegarmos a comida


dele, arrumarmos as malas de CJ para uma semana fora de seu apartamento, e
entregarmos o gato ao veterinário de 24 horas, já são três e meia da manhã.

Um grande bocejo escapa de mim quando saímos do veterinário.

Ela se junta a mim no desfile de bocejos. —Se estiver tudo bem, acho que
vou ficar no hotel até amanhã. Então, uma vez que não tenho um lugar para ficar
durante a semana, posso procurar um apartamento para alugar ou alguma coisa
amanhã, quando não estiver cansada demais.

Mas não há necessidade de retornar ao St. Regis. Tenho uma ideia melhor.
—Venha para casa comigo. Podemos dormir um pouco e minha cama é
pecaminosamente confortável.

—Você tem certeza?

Eu zombo. —Eu não vou levá-la para o St. Regis sozinha, e minha casa está
mais perto. Não terminamos com a nossa lição de carinho, minha borboleta. Além
disso, só temos mais algumas noites de aulas, e quero aproveitar meu tempo com
você. Embora, é claro, eu quero que você se sinta livre para ficar na minha casa,
mesmo depois da reunião do conselho, até que seu apartamento esteja
arrumado. Eu tenho espaço mais do que suficiente e estou feliz por ter você.

Ela fica rígida em meus braços e receio ter dito algo errado.

—Certo? Você quer aproveitar ao máximo isso? —Pergunto, enfiando um


dedo abaixo do queixo dela e levantando o rosto para que ela possa encontrar
meus olhos.

125
Um lampejo de tristeza cobre sua expressão, talvez ela odeie estar longe
de sua casa tanto quanto eu, mas depois se vai, substituído por uma certeza. —
Sim. Sim eu quero.

Após um passeio de Uber, arrastamos nossos corpos esgotados para a


minha casa e cuido de arrumar nossas coisas, antes de irmos para a cama. Eu sou
o primeiro a desmoronar no meu colchão king-size. Ela veste uma camiseta
escrita: Quando eu penso em livros eu toco na minha prateleira, e a visão disso
sobre ela, uma pequena rata de biblioteca, me faz rir. —Muito você. —Digo, e ela
faz uma reverência e sobe na cama comigo.

À medida que nos aconchegamos sob as cobertas, esse sentimento


“certo” retorna.

Quando essa noite começou, imaginei que terminasse com uma saída do
St. Regis antes do amanhecer, bem antes de CJ terminar emaranhada em meus
braços.

Mas agora que eu a tenho aqui, é o fim perfeito para o seu strip-tease.

Apenas para mim.

Só para mim.

É tão bom que eu mergulho no sono com o doce cheiro de CJ enchendo


minha cabeça, e desfrutando do mais bonito sonho que eu me lembro de ter em
anos.

Mas na manhã seguinte, como muitas vezes acontece com bons sonhos,
há um pesadelo ao virar da esquina. Esperando no meu lobby. Usando uma capa
de chuva rosa choque e saltos altos.

126
CAPÍTULO 14
CJ

Melhor. Noite. De todas.

Passar a noite com Graham nunca esteve na minha agenda sexual, achei
que pertencia a uma aula de relacionamento em vez de um curso de sedução , mas
agora, não consigo imaginar que meu plano de ensino estivesse completo sem
essa sessão extra. Flutuando em seus braços, acordando com seus lábios mornos
no meu pescoço e sua voz rouca perguntando se eu queria café, encontrando
seus olhos no espelho enquanto ele se afastava e eu aplicava uma camada de
rímel, era tudo maravilhoso. Perfeito. Uma lição de intimidade e a “manhã
seguinte” que eu nunca vou esquecer.

Porque vou repetir isso esta noite.

E na próxima noite, e na próxima, e na próxima.

Então, vou me mudar para o quarto de hóspedes... Eu acho. Uma vez que
os sete dias de intensivão de sexo acabar, e se meu apartamento ainda estiver em
reforma...

Eu sabia desde o início que tínhamos um prazo de vencimento, mas


quando Graham disse, na noite passada, que eu poderia ficar até depois de
segunda-feira, já que ele tem muito espaço, doeu um pouco. Eu não percebi o
quão perturbador seria imaginar um futuro sem o beijo, o toque dele ou a nova
proximidade que está crescendo entre nós. Estou vendo os lados de Graham que
eu nunca soube, e experimentando o prazer de sua empresa de maneiras que vão
além do físico.

Embora seja muito bom, também. Se “bom” significa absolutamente


incrível.

127
Estou sonhando acordada com tudo o que fizemos ontem à noite, no
momento em que o fiz perder o controle com a mão e o quanto eu quero fazer
isso novamente, quando saímos do elevador para o lobby. Graham para de
imediato, amaldiçoando suavemente sob a respiração.

Eu sigo o seu olhar levemente horrorizado para uma mulher de pernas


compridas parada perto da recepção. Tudo nela, a capa de chuva rosa-choque,
saia rosa colada, blusa cinza escandalosamente decotada e saltos altos, gritam
“Olhe para mim!” Adicione o cabelo louro e os olhos azuis habilmente maquiados
e ela é, provavelmente, uma das pessoas mais bonitas que já vi na vida real.

Mas há algo... Não certo sobre o sorriso dela, algo que me lembra o que é
ser a última criança escolhida para o voleibol na aula de ginástica todos os dias.

Qualquer coisa com bolas, eu sou ruim. O que me lembra...

Nota para si: pesquisar como brincar corretamente com as bolas de um


homem, para que você tenha algo novo para mostrar a Graham hoje à noite.

—Ei, garanhão. —A mulher ronrona, eliminando qualquer dúvida de que


ela é exatamente o que ela parece, uma das mulheres de Graham. Eu só conheci
algumas de suas ex-namoradas, geralmente de passagem em uma recepção ou
evento, e todas elas eram impressionantes até o ponto em que outras mulheres
se sentem como trolls em comparação.

—Lucy. —A voz de Graham é cortada, cheia de irritação. Olho para ele,


meus olhos arregalados.

Então, esta é a mulher que Graham disse que ficou perseguindo ele depois
da separação, há alguns meses atrás.

Ai!

Eu olho para ela, tentando esconder o meu conhecimento de suas más


ações no passado, quem compra um bilhete de avião para Barbados para um ex-
amante ou corre exclusivamente para ter a oportunidade de esbarrar nele em sua
corrida matinal, pelo amor de Deus? A corrida é repugnante. Mas fixo minha
128
expressão, mantendo meu rosto neutro, já que não quero que ela se sinta
envergonhada. Eu ficaria profundamente envergonhada se eu soubesse que um
ex meu, estava falando sobre mim com sua nova amante.

—Ei, eu sei que isso é meio ruim. —Os olhos de Lucy flutuam de Graham
para mim e de volta com uma risada nervosa. —E desculpe-me por, hum,
interromper sua manhã. Eu apenas acho que deixei meu lenço na sua casa. Sabe,
de seda preta que eu sempre uso com essa roupa?

Ela move para baixo seu decote, que é impressionante e inadequado se


ela estiver a caminho do escritório e, definitivamente, poderia beneficiar ter um
lenço amarrado no pescoço para ajudar a esconder um pouco dos peitos extras
aparecendo, mas os olhos de Graham permanecem fixos firmemente no rosto
dela.

—Não tenho nada seu em meu apartamento, Lucy. —Ele rosna através do
maxilar apertado. —Tudo se foi, e eu apreciaria se você honrasse os limites de
que falamos.

A garganta dela se aperta. —Eu sei que você disse que não deveria vir. —
Diz Lucy, sua voz agressiva, com superioridade. —Mas eu estava a poucas quadras
de distância, e pensei...

—Pense novamente da próxima vez. —Diz Graham. —Nesta altura, você


deveria saber que não digo coisas que não quero dizer. Então, eu apreciaria se
você confiasse na minha palavra. Como quando escrevi o texto no outro dia e
pedi-lhe que deixasse de me contatar. Eu quis dizer isso.

Dor pisca através das feições de Lucy, sua dor emocional tão óbvia, que
não posso deixar de hesitar em empatia. Deus, essa pobre mulher. Ela está
arrasada. Como uma pessoa muito bonita, bem arrumada, viciada em buscar uma
solução para o que ela nunca vai ser capaz de colocar as mãos novamente, não
importa quão primorosamente ela se vista ou quão duro ela tente.

O pensamento passa pela minha cabeça seguido de uma imagem mental


estranhamente clara de mim, em pé onde Lucy está agora, agarrando minha mala
129
e agradecendo Graham por maravilhosos sete dias, quando tudo o que eu
realmente quero fazer é agarrar-me à perna dele e pedir-lhe que deixe eu ficar
um pouco mais.

Talvez muito mais.

Meu estômago revira com o pensamento. Isto é precisamente o que eu


prometi a mim mesma que eu evitaria. Isto é o que eu estou determinada a
manter à distância.

Lucy pede desculpas suavemente, seus olhos brilhando com lágrimas e,


enquanto ela se apressa em direção à porta, percebo o quão fácil seria ficar
viciada em Graham. Tão ferozmente viciada. Eu já anseio seu toque, doo-me por
sua risada, desejo ser envolvida em seus braços no final da noite e acordar lá na
parte da manhã.

—Desculpe por isso. —Murmura Graham, acenando uma das mãos para o
homem atrás da mesa do átrio, enquanto nos movemos em direção às portas
giratórias. —Ela parece que não entendeu a mensagem de que acabou.

Forço um sorriso simpático. —Bem, espero que ela entenda agora. Você
foi bastante firme.

Ele rosnou. —Eu tenho que ser firme. Eu também fui inteiramente claro
no outro dia. Passamos da fase de terminar com jeitinho há muito tempo atrás.

—Eu entendo. —Digo, embora é claro que eu não entenda. Eu nunca tive
esse tipo de relacionamento antes, o tipo que deixa você tão desesperado que
você continuará voltando e mostrando sua vulnerabilidade, não importa quantas
vezes você seja chutado para a calçada. Eu me encolho com o pensamento e a
firme percepção de que eu não quero experimentar esse tipo de devastação. Não
quero me tornar Lucy. —Vejo você à noite?

—À noite. —Graham inclina-se para beijar o topo da minha cabeça. —Eu


estarei em casa às seis e meia. Vou dispensar a corrida hoje.

—O mesmo aqui. Eu estou muito cansada para andar de bicicleta.


130
Provavelmente, volto as seis e meia também. Obrigada por me deixar ficar.

—Deixando você ficar. —Ele ri quando saímos para a manhã fresca da


primavera, e ele dirige-se ao carro estacionado na esquina. —Você diz isso como
se fosse algum sacrifício da minha parte. Você sabe que eu não teria feito de
outra maneira. —Ele faz uma pausa, apontando seu polegar sobre o ombro
enquanto sua sobrancelha se arqueia. —Você precisa de uma carona? Podemos
passar pelo seu escritório primeiro. Não há nenhum problema.

Eu agito uma das mãos e continuo andando em direção ao Chelsea,


abotoando minha jaqueta.

—Não, está bem. Eu quero caminhar. Não é longe e eu tenho as melhores


ideias andando.

—Você tem certeza? —Ele estreita os olhos com um sorriso tão bonito,
tão tentador, que eu quase inverto a direção e corro para dentro do carro ao lado
dele.

Mas no final, balanço minha cabeça e aceno. —Tenho certeza. Tenha um


ótimo dia.

Eu preciso andar, pensar sobre o trabalho à frente e sobre o que tenho


para fazer na minha agenda. O ar frio geralmente ajuda a limpar minha cabeça.
Mas, quando chego à porta do espaço que a Love Cycle compartilha com vários
outros designers, já não consigo pensar em fotos de amostra ou inventário. Tudo
o que posso pensar é em Graham, e quão profunda é a água que eu já mergulhei
com ele, tão profundo que mal posso manter minha cabeça acima da superfície.

Seria perigoso ir mais fundo. Meu instinto está emitindo um alerta


vermelho, e meu coração está martelando um ritmo cuidado, cuidado, seja
cuidadosa, que torna impossível concentrar-me na minha lista de tarefas.

Eu sei o que devo fazer. Assim que chego à minha mesa, eu me tranco no
meu escritório e busco um quarto de hotel para a próxima semana.

131
CAPÍTULO 15
Graham

Meu celular vibra com uma mensagem de código vermelho.

É a Luna falando de uma enorme emergência de compras.

Embora eu tenha uma tonelada de trabalho na minha mesa, não vou


ignorar minha amiga. Ligo para ela enquanto escrevo a última linha de um e-mail
para nossa equipe de design, aprovando a solução rápida que eles trabalharam
nesta manhã. —Diga.

—Eu estou presa. —Isso sai com um longo e carente choramingo e eu me


esforço para distinguir os sons por trás dela, o clique de sapatos, alguns “posso
ajudar”, o som de um interfone.

Com a minha melhor voz calma, digo. —Diga-me onde você está. Você
está presa no departamento de lençóis na Bloomingdales 10 novamente? Você já
está toda abalada em um canto, ou você ainda está de pé e semi funcional?

Ela engasga com vários soluços miseráveis. —Sim. Bloomingdales. De pé.


Mas muito mal. Comprar é tão horrível. Como é que as pessoas conseguem lidar
com isso?

—Que “pessoas” você quer dizer, homens?

—Todos. Homens, mulheres, crianças. Isto é o pior. Não posso fazer isso,
Graham. Ajude-me, Obi Wan Kenobi11. Você é minha única esperança!

—Quando você coloca assim... —Eu olho para o relógio. Felizmente,


Bloomingdales é perto. —Diga-me em que departamento você está. Tente
descrevê-lo. Estarei aí em dez minutos para realizar uma busca e resgate.
10
A Bloomingdale's é uma rede de lojas de departamento de alto padrão dos Estados Unidos
11
Obi-Wan Kenobi é um personagem da série Star Wars
132
—Há coisas para o lar. Como pratos de bolo, colheres de sorvete e
liquidificadores. Isso significa que estou no inferno? Porque eles não estão
vendendo sorvete e bolo, então isso parece um inferno.

—Fique aí. Eu vou encontrar você na sessão de utensílios domésticos.

Desligo e dirijo-me ao elevador. Luna é dramática, é claro. Ela sabe como


sair da Bloomingdales. Mas ela detesta comprar com a força de mil sóis, e como
eu sou mestre em escolher o item certo para a pessoa certa, eu vejo isso como
meu dever pessoal de ajudar.

Eu acho ela segurando um porta-guardanapos de elefante de aço


inoxidável em uma das mãos, e um martelo roxo em miniatura na outra, olhando
para frente e para trás em cada um, os óculos de gato caídos em seu nariz. Uma
bolsa enorme está pendurada em seu ombro.

Quando eu a alcanço, a acotovelo nas costas. —Respire.

Ela respira fundo e retiro cada item das suas mãos, colocando-os em suas
devidas prateleiras. —Luna, ninguém quer um porta-guardanapos de elefante
como presente e asseguro-lhe, que por mais fofo e brega que seja esse martelo,
ninguém realmente precisa disso.

Ela pisca para mim. —Sim, você está certo.

—Diga-me para quem você está procurando um presente? E por que você
não me ligou primeiro? Já passamos por isso. Você não deveria entrar nas
grandes lojas sozinhas. —Provoco, falando com ela como se fosse uma criança.

Ela balança seus ombros. —Eu queria algo legal para Valerie, porque ela
teve uma semana difícil no trabalho, e na outra noite ela mencionou algo sobre
como a mesa toda elegante em um restaurante parecia agradável. Então,
naturalmente, pensei que ela queria um porta-guardanapos.

Eu balanço a cabeça com simpatia e acaricio seus cabelos. —Querida,


asseguro-lhe que ninguém quer um porta-guardanapos. Se Valerie teve uma
semana difícil no trabalho, só há uma coisa que você pode dar a ela.
133
—Graham, eu fiz isso na noite passada. —Ela ergue as sobrancelhas. —
Duas vezes.

—Pare com pensamentos imundos e dê a sua esposa um vale presente de


um dia de spa.

Os olhos dela brilham e ela aperta os dedos. —Você é o rei dos presentes.

Eu balanço meus dedos, o sinal para muito quente para lidar.

—Isso é exatamente o que eu preciso fazer. —Seu sorriso é contagiante.

—E olhe, há um ótimo spa na esquina. Stellar Spa. Algumas das mulheres


do escritório se entusiasmam com isso. Va até lá, e consiga um dia de mimos para
sua mulher.

Ela agarra minhas bochechas e planta um beijo na minha testa. —Eu amo
você. —Ela está prestes a se virar quando diz: —Ei, como vão as coisas com seus
planos de aula?

Não me incomodo de esconder o sorriso que aparece em meus lábios. —


Elas estão indo muito bem.

—E ela é uma boa aluna?

Deixei essa palavra rodar no meu cérebro por um momento. Aluna. CJ


dificilmente parece uma aluna. Ela parece muito mais. Mas, “mais” é exatamente
o que eu preciso proteger. Mais pode me distrair da minha missão, de me
concentrar no crescimento da Adored.

—As aulas são mutuamente prazerosas.

Ela ri, balançando a cabeça. —Eu lhe importunaria por mais detalhes se
não estivesse com pressa. Ah, por sinal. —Ela enfia a mão em sua bolsa cavernosa
e me entrega uma pequena e branca caixa de padaria. —Uma torta whoopie 12
para você.

12
Bolo em formato de cookie e recheado com creme de marshmallow.
134
Inclino minha cabeça para o lado. —Luna, você sabia que você iria me
chamar na Bloomingdales antes de atravessar a porta giratória?

Ela encolhe os ombros timidamente. —Eu poderia ter pré planejado um


suborno.

—Eu sempre aceito suas tortas, suborno ou não. —Faço um gesto de


enxotar. —Agora vá ao Stellar Spa.

Com um lanche da tarde, saio da loja. Uma vez lá fora, meu celular vibra
com uma mensagem de CJ que me para.

Por cinco segundos completos.

Então, eu entro na loja de café mais próxima, uma ao lado de um florista,


para comer a torta whoopie e começar a trabalhar nesta nova crise.

135
CAPÍTULO 16
CJ

Meu coração trava uma guerra com o meu cérebro, mas de jeito nenhum
eu deixo que o órgão tra lá lá ganhe esta batalha.

Reservar um hotel é a decisão sensata a ser tomada. Informar Graham é a


coisa adulta a ser feita. Eu serei sensata e adulta. Com a página do site do Hotel
Warwick aberta no meu laptop, pronta e esperando que eu termine de reservar
um quarto, envio uma mensagem.

CJ: Obrigada novamente pela oferta de ficar na sua


casa. Estou muito agradecida, mas decidi que eu deveria
ficar em um hotel. Eu não quero estragar sua reputação, e
dormir lá noite após noite, nunca foi parte de nossa
barganha.

Graham: Parte da barganha? Não é disso que se trata.


Eu não quero que você fique comigo como parte de uma
barganha. Eu quero que você fique comigo porque eu gosto de
ter você comigo. E para seu registro, você não está estragando
nada meu. Isso é por causa de Lucy?

—Não. —Murmuro para mim mesma. —Não da maneira que você pensa,
de qualquer maneira.

Não é possível que Graham possa saber como Lucy me fez perceber o
quão vulnerável é meu coração. Sem mencionar minha sanidade. Graham
literalmente deixa as mulheres loucas de desejo por ele, e não preciso de loucura

136
na minha vida. Eu gosto de paz, harmonia e rotina, muito obrigada. Eu tenho mais
do que loucura lidando com vinte funcionários, um problema de produção e um
armazém fora do estado.

Eu decido me inclinar num pouco de humor.

CJ: Eu não acho que dormir com alguém muitas vezes


está no currículo de educação sexual.

Graham: Múltiplos orgasmos estão, no entanto, e são


auxiliados por dormir várias vezes com alguém. Além disso,
a última vez que chequei, eu era o professor. E o professor
gostaria da sua estudante modelo na cama dele.

Como o humor não está funcionando, eu vou precisar apelar para armas
maiores. Eu engulo. Hora de ser direta.

CJ: Você é, mas eu não preciso aprender a ser uma


hóspede atenciosa. Eu sei como fazer isso. E nessa situação,
isso significa que eu deveria ficar em um hotel.

Ele não responde de imediato e eu deixo meu celular de lado para focar
no trabalho, então ele vibra novamente com um texto.

Graham: Não se trata de ser uma hóspede. Não se trata


de cortesia, CJ. Isso é outra coisa, já que tenho certeza de que
até antes da minha ex aparecer, você gostou de passar a noite
comigo também. Está acabado com ela. É passado. E eu
realmente quero que você fique comigo. Então, o que preciso
para você me dar outra chance, de convencê-la? Eu
realmente gostaria de adormecer com você novamente,

137
acordar com você e fazer tudo no meio.

Estou começando a digitar uma resposta quando o meu telefone toca. Seu
nome é grande e ousado. Exigente. Como ele.

E maldição, eu gosto de suas demandas, o que é parte do problema.

—Olá, Graham. —Digo, mantendo a calma. Eu amo que ele está ligando
para implorar pelo seu caso, isso me faz sentir especial, mas eu realmente quero
reservar esse quarto.

—Borboleta. —Seu tom é firme, com um pouco de comando e muito sexy.

—Sim?

—Você é uma mulher difícil e parece que está decidida. Mas posso ser
bastante persuasivo. Dê-me vinte minutos para você mudar de ideia.

Um tremor atravessa-me. Ele está sugerindo uma escapadinha no meio da


tarde? A ideia é bem. . . Muito mais do que deliciosa. —Você está dizendo que
gostaria de aparecer no meu escritório e...

—Incliná-la sobre sua mesa e lembrá-la por que você quer ficar na minha
casa?

O tremor transforma-se em pulsação, batendo baixo e quente na minha


barriga. Ainda assim, procuro o meu melhor para pensar de forma racional. —
Graham, isso não é sobre sexo ou aulas.

—Eu sei, Borboleta. Confie em mim. E é justamente por isso que não
estou indo ao seu escritório para curvá-la sobre a mesa. Nem para espalhá-la na
minha frente e devorar sua doce boceta. —Sua voz é rouca e um pequeno suspiro
escapa dos meus lábios com suas palavras. —Eu não vou fechar a porta do seu
escritório ou te beijar até você se derreter para mim do jeito que você fez a
primeira noite, do jeito que você faz todas as noites. Mesmo que eu queira.
Terrivelmente.

138
Segurei a beira da minha mesa, formigamento espalhando como fogo na
minha pele. Deus, eu também quero isso. Devo. Ficar. Forte.

—Então, o que você vai fazer? —Pergunto de forma uniforme.

—Apenas espere. Você terá a resposta em vinte minutos.

Ele desliga.

Balanço minha cabeça, tentando livrar-me dos pensamentos desse


homem. O problema é que ele parece decido em me convencer e, a julgar pelo
rubor inundando minhas bochechas, meu corpo quer ser convencido. Mas eu
preciso continuar com o meu plano. Feche as escotilhas. Hora de ser uma
borboleta de ferro sem um único ponto fraco na minha armadura.

Por impulso, estico a mão puxando o telefone e ligando para a minha


estagiária. —Katie, você poderia me pegar um desses smoothies 13 verdes na
lanchonete do andar de baixo? O tipo com couve extra e algas marinhas?

—Nojento. —Katie responde, provando que fiz um excelente trabalho


para fazê-la sentir-se confortável aqui, apesar de ser o único membro da equipe
com menos de vinte e um anos. —Mas será arranjado, chefe. Você quer um café
gelado também? Para lavar o sabor desagradável, após a coisa verde?

Eu hesito apenas um momento antes de concordar. —Sim, Katie. Por


favor. Isso parece perfeito.

E sim. Eu aumentarei a minha força com super alimentos verdes, cafeína a


níveis de transbordar confiança e, em seguida, ficar firme contra os superpoderes
de persuasão de Graham. Não há nada que ele possa fazer para me convencer.

Vinte minutos depois, Katie bate na minha porta.

—Entre.

Quando ela abre, está carregando um enorme buquê de flores. Laranja


13
Smoothie é uma bebida saudável, saborosa e muito refrescante. Feito com sucos, frutas, sorvetes, iogurtes e
outros ingredientes naturais
139
brilhante, luz do sol amarela, flores ardentes. Seu rosto está escondido atrás de
três, não, quatro dúzias de lírios de tigre.

Não me lembro de dizer-lhe que gostava de lírios de tigre.

Mas então, lembro-me do nosso telefonema há algumas noites atrás. Eu


mencionei brevemente, simplesmente de passagem.

O homem sabe como ouvir. Ele presta atenção. Ele se importa.

Fale sobre uma superpotência.

Lutando com um enorme sorriso, pego as flores e coloco-as na minha


mesa.

—Estes, obviamente, são para você. —Katie ironiza. —Com base no


grande número, algum cara precisa fazer as pazes ou convencer você a ser dele, e
se você disser que não, eu direi sim, porque um homem que envia quatro dúzias
de flores é um bom partido.

O sorriso não desaparece. —Obrigada, Katie.

Ela me entrega o cartão. Com dedos nervosos, abro.

Fique comigo.

Katie limpa sua garganta. —Hum, há mais.

—Mais?

Ela empurra uma caixa branca para mim. No adesivo está escrito: Doces de
Luna. Dentro tem uma torta whoopie deliciosa. Eu não tive uma dessas em anos e
o cheiro é delicioso. Há também uma nota aqui. Uma mais longa.

Eu fiz reservas para jantar às oito horas. Estou levando


você ao seu restaurante favorito. Mas sinta-se livre para ter a
sobremesa primeiro. Essas tortas whoopie são irresistíveis.

140
Assim como você.

O sorriso? Consome tudo de mim. Não é apenas o meu rosto. Juro que é
um sorriso de corpo inteiro.

Katie limpa sua garganta. —Eu tenho seu smoothie de couve e o café.
Você ainda os quer?

Eu agito minha cabeça. —Não. Eu não preciso mais deles.

Não preciso de fortificação, porque não quero resistir a ele.

Porque eu estou começando a entender que ele não é o único professor


por aqui. Eu também estou me ensinando, empurrando-me para sair da minha
zona de conforto e crescer. E a lição que mapeei para CJ Murphy nas próximas
noites é esta, aprender a me divertir com um homem sem me apaixonar, e perder
o controle da minha sanidade.

Eu vou saborear essa torta whoopie, vou saborear o whoopee (sexo) e


então, vou me afastar de ambos com a cabeça erguida.

141
CAPÍTULO 17
CJ

No final do dia, estou tão entusiasmada com o açúcar e a antecipação, que


decido ir à academia depois de tudo. Eu preferiria tomar um banho lá do que na
casa de Graham, de qualquer maneira. A minha parte feminina gosta da ideia de
chegar ao jantar toda arrumada e pronta para surpreender Graham, ao invés de
permitir que ele espreite atrás da cortina, e perceba quantas vezes eu cutuco
meus olhos para conseguir que meu delineador fique certinho. Além disso, peguei
um novo vestido esta tarde em uma boutique que eu amo, e uma lingerie nova e
linda, então, estou pronta para o encontro à noite.

Eu envio um texto para Graham que vou encontrá-lo às oito horas. Ele
envia uma resposta dizendo que ele não pode esperar para me ver, enviando
outra onda de antecipação correndo pelo meu peito, e eu queimo as próximas
duas horas com uma bicicleta, um banho e arrumando o cabelo no salão da
esquina.

Às sete e cinquenta, eu deslizo pela espessa multidão para jantar na Eataly


na Quinta Avenida, a combinação da autêntica mercearia italiana e um vasto
palácio de deliciosos e pecaminosos restaurantes dos meus sonhos. Mas o meu
favorito, é claro, é o bar e restaurante da cobertura. Eu vou até a recepcionista de
pé entre os elevadores, onde uma menina italiana de olhos grandes com um
vestido vermelho me informa que Graham já está me esperando na cobertura.

À medida que o elevador sobe, percebo que Graham não disse que nos
encontraríamos na Birreria,14 e sorrio. Há algo especial sobre não precisar de
outras explicações, além de seu restaurante favorito às oito horas.

Ele me conhece.
14
Birreria significa cervejaria em italiano, lá você pode degustar cerveja feita no local. A cerveja do Birreria não é
filtrada nem pasteurizada e carbonizada de forma natural.
142
E eu o conheço.

Ao sair do elevador, dirijo-me diretamente para a extremidade do bar,


onde eu suspeito que Graham esteja sentado com meia garrafa da última
novidade da cervejaria local. E ele está.

—Ei, Sr. Campbell. —Digo quando paro ao lado dele.

Ele vira-se, dando as costas para a vista do céu cor-de-rosa pós-pôr-do-sol


atrás dos arranha-céus de Manhattan, e seus olhos iluminam-se de uma maneira
que agradeço o banho, o cabelo, o esfumaçado nos olhos delineado com cinza,
que combina exatamente com meu vestido curto de manga curta.

—Olá, senhorita Murphy. —Ele balança a cabeça enquanto leva seu olhar
para cima e para baixo, com uma apreciação que me faz sentir como a mulher
mais linda da cobertura. —Você está deslumbrante hoje à noite.

—Obrigada. —Digo, estendendo a mão para alisar sua gravata. —Você


também não está mal. Eu gosto de você de gravata.

—Nota mental: faltar à academia e manter a gravata com mais frequência.


—Ele deixa cair uma nota de dez dólares no bar e desliza de seu banco, fazendo
um gesto para a frente do restaurante. —Vamos ver se nossa mesa está pronta.
Eu verifiquei com a recepcionista há alguns minutos atrás e ela disse que deveria
estar pronta em breve.

—Perfeito. Estou morrendo de fome. —Admito, tremendo ligeiramente


enquanto ele coloca a mão na parte inferior das minhas costas, guiando-me
através da crescente multidão em torno do bar. Mesmo através da minha roupa,
seu toque é suficiente para enviar eletricidade por toda a minha pele.

—Frio? —Ele pergunta.

Eu balanço minha cabeça, salva de ter que fazer algo mais, pois a
recepcionista faz contato visual com Graham e acena para seguirmos para a área
de jantar. Eu não sei por que, de repente, sinto-me tão constrangida, mas estou
tão nervosa quanto eu estava naquela primeira noite no Pátio West.
143
Ok, é uma mentira. Eu sei exatamente por que me sinto constrangida, e eu
decido enfrentar o problema de frente.

Assim que estamos sentados com os menus e a recepcionista se afasta


com garantias de que o nosso garçom estará conosco em breve, aperto minhas
mãos sobre a mesa e inclino-me para sussurrar: —Obrigada pelas flores. E a
sobremesa. Sinto muito por brigarmos.

Graham inclina-se, imitando minha pose. —Nós não brigamos. Tivemos


opiniões contraditórias que foram resolvidas de forma amigável com garantias e
presentes.

—Presentes muito bons. As flores eram incríveis. —Continuo com uma voz
suave. —Mas ainda. Você estava certo. Eu estava deixando o encontro com Lucy
afetar meu pensamento, quando isso realmente não tem nada a ver conosco.

—Exatamente. Essa era uma situação muito diferente.

—Totalmente diferente. —Sussurro com um firme aceno de cabeça.

A testa de Graham franze enquanto ele sussurra de volta. —Por que


estamos sussurrando?

Meu sorriso transforma-se em uma risada. —Eu não sei. —Digo no volume
normal, meus ombros afastando-se dos meus ouvidos enquanto encosto-me a
minha cadeira. —Na infância, meu pai tinha uma coisa sobre manter a conversa
no jantar leve e tão livre de emoções quanto possível. Acho que isso ficou na
minha cabeça um pouco.

—Os pais fazem isso com você. —Graham concorda. —Eu não posso sair
do apartamento sem fazer uma caminhada para certificar-me de que todas as
luzes estão apagadas. Eu continuo ouvindo a voz do meu pai na minha cabeça
pregando os males de desperdiçar energia elétrica.

—Hawn, Bob. — Digo carinhosamente, pensando no seu pai rude e sem


noção, que gosta de rir alto de qualquer coisa. —Como ele está? Eles já o
deixaram voltar ao clube de pesca?
144
—Ainda não. —Diz Graham. —Mas ele e a mãe começaram a jogar tênis,
então ele tem uma saída para sua competitividade. Pelo que ele me diz, eles
estão esmagando as duplas mistas com mais de cinquenta e cinco anos na divisão
da liga local.

Agito minha cabeça com admiração. —Fantástico.

—É. Agora, enquanto eles puderem resistir ao desejo de jogar um contra o


outro com frequência, eles devem conseguir chegar à divisão de mais de sessenta
e cinco sem solicitar o divórcio. A única coisa que eles amam mais do que o outro
é ganhar.

—Não. Eu vi a maneira como eles olham um para o outro. Você não pode
me enganar, Campbell. Eles são a prova de que o amor pode durar.

Seu sorriso suaviza. —Sim, eles são.

Eu começo a perguntar-lhe se sua mãe ainda está trabalhando em tempo


parcial, quando nosso garçom aparece. Graham levanta uma sobrancelha em
minha direção enquanto ele aponta para o menu. —O habitual, eu suponho?

Eu concordo. —Sim, com o chimichurri15 do lado e...

—Sem feijão no prato de antepasto. —Ele termina antes de falar o resto


do nosso pedido. Ambos adoramos experimentar coisas novas, mas quando a
carne, a massa de trufas e o prato de variedades de antepasto são tão bons, não
posso me separar da tradição.

—Minha boca já está salivando. — Confesso, mordendo o lábio quando


nosso garçom se afasta. —Você vai ter que lutar contra mim pela última bolinha
de mozzarella esta noite.

Graham ri. —Você pode ficar com ela. Eu tive mais do que devia na última
vez que estivemos aqui, antes do Dia de Ação de Graças, quando você teve que

15
O chimichurri é um molho tradicional na Argentina e no Uruguai, usado principalmente para fazer churrascos.
Pode ser usado tanto para marinar a carne antes de fazer o churrasco, como para molhar a carne enquanto está
sendo assada, ou mesmo para temperar depois de pronta.
145
sair cedo para não perder seu musical. Falando nisso, como foi? Funny Farm, não
era?

—Fun Home. — Corrijo rolando meus olhos. Graham é muito bem


entendido sobre musicais clássicos, mas ele ainda não trouxe sua apreciação para
o século atual. —Foi incrível. Bonito. Engraçado. De partir o coração. Eu chorei
tanto no final, que eu tive que ir ao banheiro feminino assim que a cortina se
fechou e limpar o rímel das minhas bochechas.

Suas sobrancelhas juntam-se em preocupação. —E essa foi uma noite


agradável no teatro para você?

Eu assinto com entusiasmo. —Ah sim. Foi sim. A história é sobre muitas
coisas, mas o tema que me pegou, foi como o medo e a vergonha que não
lidamos enquanto crescemos são transmitidos aos nossos filhos. Uma espécie de
legado de dor, você sabe? E como amor e aceitação de você mesmo, mesmo
quando a sociedade lhe diz que você não merece amor, é verdadeiramente um
presente que você dá ao mundo, não apenas para a pessoa no espelho. Eu pensei
que era lindo. E importante.

—Uau. —Diz Graham. —Não percebi que os musicais ficaram tão pesados.

Eu encolho os ombros. —Às vezes. Também havia partes engraçadas, mas


acho que essa era a parte que eu precisava ouvir.

A cabeça de Graham inclina-se com curiosidade. —Mesmo? Mas você


sempre parece tão... Você. Assumidamente você é feliz com isso.

Eu sorrio. —Bem, eu geralmente sou. Mas há momentos, como quando


enfrento o meu vigésimo sexto aniversário sem experimentar coisas que eu
estava segura de que já deveria ter experimentado a esta altura, que eu luto.

Ele acena com a cabeça, pensativo, segurando meu olhar enquanto um


sorriso lento curva seus lábios.

—O quê? —Eu ri novamente. —Por que você está sorrindo?

146
—Estou sorrindo porque fico feliz que você tenha decidido parar de
aguardar pelas experiências para se encontrar, e decidiu caçá-las sozinha. E fico
feliz por ser eu quem mostra o que você está perdendo.

As minhas bochechas estão rosadas e meu peito fica mais quente do que
antes. —Eu também.

Com os olhos brilhando, ele acrescenta. —E você é absolutamente digna


de amor e aceitação. Você é uma das minhas pessoas favoritas e, como você
sabe, tenho um gosto excelente.

Meu olhar cai para o meu prato de pão enquanto o sentimento quente
inunda o resto de mim, até a ponta dos dedos dos pés e das mãos. E eu sei o que
é esse sentimento. É familiar para mim dos abraços de urso do meu irmão,
sessões de conversa de uma hora com Chloe e longos verões preguiçosos com
minha avó antes que ela falecesse, aprendendo a tricotar e a rir sobre velhos
episódios do SNL.

Mas nunca experimentei isso, tudo enroscado com o desejo de pressionar


meus lábios em cada centímetro da pessoa que está inspirando a sensação, para
agradecer por me fazer sentir amada tanto por meu corpo quanto na minha alma.

Eu sei que Graham não me ama romanticamente. Mas suas palavras são o
lembrete perfeito de por que isso é tão certo... E tão perigoso.

Quem melhor para me ensinar a fazer amor do que alguém que já me


ama?

Mas com quem é mais arriscado aprender do que alguém que eu conheço,
que eu poderia me apaixonar, mas que me ama como amiga?

—Você está bem, Borboleta? —Ele pergunta, sua mão apertando meu
joelho debaixo da mesa.

Eu olho para cima, forçando um sorriso. —Sim, estou. —Respiro


profundamente e acrescento em tom de provocação. —Embora eu não parecerei
muito sexy em qualquer lingerie que você escolheu para nossa lição mais tarde.
147
Não consigo resistir a trufa e nem vou tentar.

—Você sempre estará sexy em qualquer coisa que você usar. —Ele diz,
dando ao meu joelho um aperto suave. —Mas eu não escolhi nenhuma lingerie
para esta noite. Você quer saber por quê?

Eu concordo.

Ele passa sua mão pelo meu joelho. —Porque a lição que eu quero que
você aprenda é que você é linda, assim como você é. Você é linda em tudo o que
você escolher para si mesma, seja essa calcinha, camiseta, música, amigos,
trabalho ou qualquer outra coisa.

Um rubor espalha-se sobre meu peito enquanto meu coração bate mais e
mais rápido, tentando desesperadamente se aproximar dele. —Obrigada. —Digo,
porque é tudo o que posso fazer.

—Além disso, a outra lição para a noite é que o sexo pode ser incrível
quando você faz o que for ideal para você. Quando estiver pronta, seja quando
for.

Quando eu estiver pronta...

Eu aceno com a cabeça, os nervos e a excitação sem fôlego, queimando


através das minhas costelas, fazendo parecer que um balão está inflando no meu
peito. Mas antes que eu possa dar confirmação verbal de que sim, estou pronta,
toda pronta, tão pronta, o garçom chega com a comida e entrega os pratos. Tanta
comida. Comida deliciosa e incrível.

Mas eu mal posso saboreá-la.

Não consigo me concentrar no rico, mas delicado molho de creme, ou nas


almofadas perfeitamente firmes de mozzarella fumegante. Estou apenas
parcialmente presente na minha conversa com Graham sobre Luna, sua melhor
amiga da faculdade, que se prepara para lançar uma nova frota de food trucks no
distrito financeiro, ou em nossa discussão sobre porque o tiramisu da Birreria é
superior a todos os outros na cidade.
148
Tudo o que posso pensar é que, esta noite, é a noite. Em uma hora, talvez
menos, eu saberei de coisas que nunca conheci e nunca mais serei a mesma. E
Graham estará lá, e ele sempre será parte desta história, dessa decisão, dessa
transição de um estágio da minha vida para a próxima.

E sim, é um pouco assustador. Mas também é certo. Porque estou pronta.

149
CAPÍTULO 18
Graham

Trate-a com carinho.

Isso é o que eu continuo me dizendo durante o passeio de carro para


minha casa.

Seja gentil.

Vá devagar.

Mas quando ela me beija assim, com os lábios, dentes e uma confiança
recém-descoberta que é francamente viciante, não quero ir devagar. Quero
esfregar os meus lábios sobre os dela, enrolar as mãos em seus cabelos sedosos,
puxar a cabeça para trás e deixar uma trilha de beijos ásperos no seu lindo
pescoço.

Eu tento diminuir o ritmo, mas ela está liderando agora, me beijando com
força implacável, quase como se estivesse falando repetidamente estou pronta,
estou pronta, estou pronta.

Ela pode estar, mas eu preciso respirar por um segundo.

Pressiono minhas mãos nos seus ombros e nos separo. —CJ, você está me
deixando louco.

Ela mordisca o canto dos seus lábios. —Não é esse o objetivo?

—Borboleta, você já atingiu o objetivo. Precisamos ir devagar até


chegarmos à minha casa. Eu não quero machucá-la, e agora mesmo você está
meio que me fazendo querer puxá-la sob mim e possuí-la aqui mesmo no carro.

A malícia brilha em seus olhos. —Eu pensei que você tinha dito que eu

150
podia ser ousada, pois você não iria quebrar?

Eu soltei uma risada instável. —Sim eu lembro. Mas é com você que estou
preocupado.

—Últimas notícias. —Ela sussurra. —Eu também não vou quebrar. E eu


realmente gosto de beijos selvagens e loucos.

Fecho os olhos e resmungo, meu íntimo zumbindo com prazer. Olho pela
janela, grato pela visão familiar dos edifícios na minha rua. O carro para na
calçada e agradeço a Gary.

Alguns minutos depois, as portas do elevador se fecham e pressiono CJ na


parede, devolvendo o favor do carro, beijando seu pescoço, sugando seu queixo e
devorando seus lábios. Desta vez, ela é a que geme primeiro.

—Vingança. —Provoco.

—Eu quero mais vingança. —Diz ela em um sussurro sujo.

Sou obrigado a dar mais beijos vorazes.

Ela geme meu nome e isso soa necessitado e desesperado, e é


exatamente assim que a quero hoje à noite. Porque se ela se sentir desse jeito,
então há uma boa chance de fazer a primeira vez incrível para ela.

É assim que eu quero que seja.

Quando as portas se abrem e nós caminhamos pelo corredor, as palavras


trate-a com carinho passam novamente pela minha cabeça. Mas também há
novas. Ouça-a.

Ela está me dizendo algo.

Ela não quer ser tratada como uma caixa cheia de porcelana. Ela quer que
eu a trate como a mulher que ela é. E estou decidido a dar-lhe exatamente o que
ela quer, tudo o que ela precisa.

151
Uma vez dentro da minha casa, ela se vira para mim e sussurra —Quarto.
Agora. Por favor.

Um estremecimento atormenta meu corpo, um raio de luxúria que quase


me domina com seu poder. O poder dela. Essa mulher é muito sexy. Ela pode ser
inocente no corpo, mas em sua mente, ela sabe exatamente o que quer.

Quando chegamos ao meu quarto, acendo a luz. —Eu preciso ver você. —
Meus olhos vagam sobre ela da cabeça aos pés, amando sua aparência com esse
vestido. Ela tira os sapatos enquanto eu deixo as pontas dos dedos tocarem na
bainha. Um sorriso suave é minha recompensa quando ela levanta os braços e eu
puxo o tecido sobre sua cabeça.

Eu gemo, provavelmente mais alto do que a última vez que eu gozei, por
causa do que eu vejo por baixo. Ela me mata com sua sensualidade, acaba comigo
com pura luxúria.

Esta noite, ela está vestindo branco. Um sutiã de renda meia taça e
calcinha de renda. Eles são tão simples, tão bonitos e tão intoxicantes. A cor é
uma mensagem secreta, apenas para mim. Ela está dando a mim, ela mesma de
presente, e ela embrulhou seu lindo corpo perfeitamente.

—Vê? Não precisei enviar nada para você. Você sabia exatamente o que
você precisava usar para se sentir bonita. —Eu corro meus dedos sobre sua
bochecha. —Você se sente bonita? Porque você é. Tão linda. —Pressiono meu
corpo contra o dela, deixando-a sentir a evidência de quanto eu a quero.

—Sim. Sinto-me. —Uma respiração incoerente sai de seus lábios enquanto


minhas mãos movem-se para seus seios. Eu os cubro, amassando-os, apertando-
os, então minhas mãos contornam suas costas e eu solto seu sutiã. Antes que o
material macio caia no chão, o pego e jogo-o em cima da cômoda.

Enterro meu rosto entre seus seios perfeitos, lambendo as partes


superiores, sugando seus mamilos. Caminho para trás, para a cama, e deito-a lá.
Ela agarra um travesseiro, coloca-o debaixo da cabeça e olha-me com os olhos
arregalados.
152
—Só há uma regra hoje à noite. —Digo enquanto desato minha gravata e
tiro-a. —Você me diz se algo não estiver certo. Seja aberta comigo. Preciso saber
como você se sente para que eu possa ser bom para você. Você pode fazer isso?

Ela assente com a cabeça.

Eu mordo meu lábio enquanto deslizo sua calcinha branca para baixo. —
Espere. Há mais uma regra.

Ela ergue uma sobrancelha.

—Eu preciso provar você primeiro.

Um sorriso travesso é a minha recompensa. —Se você insiste.

Depois de arrancar sua calcinha, enterro meu rosto entre suas pernas,
lambendo e beijando sua gloriosa umidade e deixando-a selvagem em segundos.
Em breve, ela está balançando na minha boca, agarrando meu cabelo, puxando-
me ainda mais perto. Os gemidos dela se intensificam, atravessando a noite.
Logo, ela está chegando ao seu limite e eu a beijo com fome, com avidez, até que
eu possa provar sua inundação na minha língua, cobrindo meus lábios.

—Tão bom. —Ela geme enquanto volta para a Terra. —Tão, tão bom.

—O prazer é meu. Cada segundo. —Eu paro, desabotoando minha camisa


enquanto ela pisca os olhos. Eles estão vidrados e escuros de luxúria e seus
cabelos são uma bagunça selvagem.

—Eu acho que você está tentando me deixar bêbada de orgasmos. —Ela
respira.

—Não vejo absolutamente nenhuma razão para que você não goze o mais
rápido possível.

Jogando minha camisa no chão, movo minhas mãos para o meu jeans. Ela
balança a cabeça e senta-se, alcançando o botão. —Deixe-me.

Solto minhas mãos aos meus lados e olho enquanto ela abaixa o zíper do

153
meu jeans, empurrando-os pelas minhas coxas, permitindo que meu pau apareça.
Um sussurro suave e sexy sai de sua linda boca.

Quando eu retiro o resto da minha roupa, ela olha para mim, excitação e
antecipação em seus belos olhos castanhos. Ela é tão ansiosa, tão curiosa e é um
presente ter sua confiança, para ser a primeira pessoa a experimentá-la assim.

Meu coração bate mais rápido, de prazer, mas também de algo mais, algo
inteiramente novo que só estou começando a entender. Mas não consigo resolver
isso agora. Tudo o que posso pensar é o quanto preciso estar mais perto dela,
juntar-se a ela, sentindo-a apertada em torno de mim pela primeira vez.

Pego um preservativo da minha carteira.

Quando abro, ela agarra meu pulso e diz. —Há algo que eu preciso dizer.

Eu estremeço, mas me acalmo para o que vier. Estou morrendo de


vontade de estar dentro dela, mas não quero que ela faça nada que ela não esteja
pronta. E enquanto eu olho nos olhos dela, isso me atinge, eu me importo com
ela mais do que eu imaginava antes que nossas aulas começassem. E isso se
tornou muito mais do que lições de sedução.

Se ela não estiver pronta aguardarei, e as bolas azuis que se danem. Se ela
precisar de mais um mês, inferno, um ano, eu estarei aqui. Esperarei até que ela
esteja pronta.

Eu só quero que seja para mim que ela esteja pronta.

—O que é, Borboleta? Diga-me qualquer coisa. —Digo gentilmente.

Seu olhar se encaixa com o meu. —Estou feliz que seja você.

E se eu já não estivesse perdido por ela, isso praticamente decidiria o


caso.

154
CAPÍTULO 19
CJ
Só porque eu carreguei meu V card por um quarto do século, não significa
que eu também tenha mantido uma mente pura.

Pelo contrário.

Meu cérebro correu selvagem. Minha imaginação flutuou pelo mundo da


safadeza milhares de vezes e, embora os detalhes, o incentivo e a localização,
variassem, um aspecto era quase sempre o mesmo.

Graham.

Ele sobre mim, ele dentro de mim, ele sendo meu primeiro.

Isso é o que eu queria mais do que tudo.

Uma pressa de antecipação preenche meu corpo enquanto ele sobe sobre
mim, mas a ansiedade aumenta, pressionando-me, apertando-me. Mil
pensamentos atravessam minha mente, e meu coração pulsa na minha garganta,
mas quando olho para o seu rosto bonito, eu sei que não é fazer sexo pela
primeira vez que está me deixando nervosa.

O que me assusta é que já estou falhando na lição que eu tentei me


ensinar esta tarde.

Meu coração não está em outro lugar

Estou aqui com tudo, coração, corpo e mente.

É extremamente excitante e completamente aterrorizante. Mas como eu


posso considerar voltar atrás quando isso é tudo o que sonhei e muito mais?

Envolvo meus braços ao redor de seu pescoço, puxo-o ainda mais perto, e
pressiono meus lábios nos dele, levando para longe os meus medos. —Estou tão

155
pronta. —Sussurro.

—Eu gosto do tão. —Ele se posiciona, esfrega a cabeça de sua ereção


contra mim e eu suspiro. Um pulso bate entre minhas pernas, onde estou
molhada, ridiculamente molhada.

Relaxe. Espalhei minhas pernas mais amplamente, deixando meus joelhos


abrirem, convidando-o para dentro.

Ele empurra a ponta para dentro. —Ok? —Ele ofega.

Uma sensação calorosa e sensível espalha-se através de mim. —Mais do


que ok.

Puxo uma respiração afiada enquanto ele afunda mais. Mais profundo,
mais profundo, talvez a meio caminho do abismo imaculado.

Ele está esticando-me e, por um momento, sinto como se eu estivesse


sendo destruída. Cerro meus dentes, meus músculos ficam tensos contra a
picada.

—Borboleta. —Sua voz está cheia de preocupação.

Eu tento afastar a dor, mas porra, dói. —Estou bem. —Murmuro.

—Você não está bem. Fale comigo.

Lembro-me de ter prometido que seria honesta. Eu seguro meus braços


mais apertados em torno de seu pescoço, precisando mantê-lo perto enquanto
eu confesso: —Dói, Graham. Mas eu não quero parar. Então, não pare.

Ele suspira fortemente, mas não se move. Eu olho para ele, vendo
preocupação, cuidado e muito mais em seus olhos. Eu o vejo aqui comigo, em
todos os sentidos e, de repente, eu posso respirar. E isso muda o jogo.

Quando respiro, começo a relaxar.

—Perfeita. —Ele sussurra. —Apenas respire querida. Leve o tempo que


precisar.
156
Outra respiração e a sensação de fisgada desaparece um pouco mais.

Lentamente, a dor desaparece, dando lugar a outra onda de calor e


desejo, a necessidade de me aproximar ainda mais desse homem que é tão
paciente comigo.

Enrolo minhas pernas em volta dele. —Agora. Eu quero você dentro de


mim. Até o fim.

Há algo sobre dizer estas palavras que me fortalecem. Isso encoraja meu
corpo a aceitar tudo o que ele tem para dar. Esta é a minha escolha, meu homem,
meu momento. Eu me entrego a todas as possibilidades, toda a fome, toda a
emoção que enche meu peito até transbordar.

Eu engulo em seco e pego seu traseiro, levando-o mais fundo.

Ele desliza outra polegada e, como as notas suaves e finais de uma música,
a dor acaba.

Outra música começa, uma melodia primitiva que é linda, natural e, oh,
tão certa.

Eu ainda me sinto alongada, cheia, mas também sinto algo totalmente


novo. Uma faísca espalha do meu peito para os meus braços, até os meus dedos.
Essa sensação é quente, é flutuante, é o que eu sempre quis.

Um sorriso espalha-se pelo meu rosto.

Graham ri levemente. —Parece que tudo está bem?

—Muito melhor do que bem. —Digo, e não consigo parar de sorrir. —É


como champanhe. Você não sabe o que fazer com isso na primeira vez que você
prova, e então, você só quer mais.

—Você quer mais, querida?

—Oh sim... —Começo a me mover com ele, meus quadris balançando,


sensações construindo e aumentando dentro de mim.

157
Seu quadril gira e ele vai mais fundo. Mas nunca muito duro ou muito
áspero. Sempre com a quantidade certa de pressão, apenas a quantidade certa
dele em mim.

Deus, um homem está dentro de mim, Graham está dentro de mim, e é


tão incrível como eu jamais imaginei.

Meu corpo fica mais quente, minha pele amortece. Meu coração martela
enquanto ele se move e eu me movo com ele e, de alguma forma, encontramos o
ritmo maravilhoso.

Juntos.

Gentilmente, mas com firmeza, ele guia minha perna mais alto em seu
quadril, abrindo-me mais enquanto ele empurra para dentro de mim. Estou
tremendo por toda parte quando uma ondulação cheia e pesada me atravessa.
Estou sendo perversamente, deliciosamente virada do avesso.

E então, ele desliza a mão entre nós, tocando-me onde eu mais quero ele,
e isso me faz subir. Ele esfrega e acaricia, e logo estou sem sentido de prazer.
Estou perdida em todas essas novas sensações, enquanto ele me enche e se
aproxima de onde tudo parece bem-aventurado.

Em breve, é tudo o que eu sinto. Eu passei do limite. Estou chegando a


algo inevitável. Algo que sempre deveria acontecer dessa maneira, exatamente
assim.

Há um momento de êxtase à medida que o desejo ondula em meu íntimo,


aperta, e depois eu solto, eu caio e as ondas de prazer me superaram. Eu alcanço
o limite enquanto ele me enche, enquanto ele faz amor comigo, enquanto ele me
dá prazer.

Alguns segundos depois ele também está comigo. Dizendo o meu nome.
Dizendo o quão bem se sente. Dizendo que ele está gozando.

Estou me lançando no mais doce calor, enquanto eu o vejo empurrar uma


última vez, depois gozar, estremecendo, seu maxilar apertado quando ele geme
158
baixinho em sua garganta. E esta é outra maravilhosa primeira vez para mim,
observando um homem no clímax dentro de mim, e eu gosto dessa parte tanto
quanto eu gosto dos meus próprios orgasmos.

Provavelmente porque estou me apaixonando por ele.

Essa é a parte que realmente vai doer.

Porque em algumas noites mais, isso vai acabar.

159
CAPÍTULO 20
Graham

Sexta-feira no escritório e tudo em que eu consigo pensar é CJ. Fazendo


amor com CJ. Quão doce, sexy e incrível ela foi na noite passada, e quanto eu
preciso tê-la nua em meus braços novamente, chamando meu nome enquanto
ela goza no meu pau, o mais rápido possível, porra.

Estamos em mais da metade dos nossos sete dias, e ainda há muito


terreno para cobrir, muitas lições para aprender...

A tarde é um curso completo de paciência, já que CJ e eu trocamos


mensagens de texto mutuamente frustradas, sobre o quão intolerável é ter que
permanecer vestidos e em escritórios separados, em diferentes partes da cidade
o dia todo.

No final da tarde, é uma aula de mestrado em antecipação, enquanto eu


levava CJ para um happy hour com martinis, e meus dedos deslizando no interior
de sua coxa sob a toalha de mesa em nossa cabine de canto.

A noite de sexta-feira começa com uma lição sobre a diversão que


podemos ter no chuveiro juntos, com nada além de sabonete líquido e uma
esponja fresca. Ela termina com um tutorial de quatro horas que dura quase toda
a noite.

Nunca a exaustão foi tão doce.

Sábado amanhece com um brilho quente e amarelado através das cortinas


que me fazem levantar, mesmo que eu tenha fechado meus olhos há menos de
cinco horas.

Mas estou cheio de energia. Eu finalmente tenho um dia inteiro se

160
esticando a minha frente, com nada além de CJ nele. Não há trabalho. Sem
reuniões. Apenas educação sexual de imersão total nas próximas 48 horas. Eu a
beijo suavemente na testa, levanto calmamente da cama e sigo pelo corredor até
a cozinha com passos leves.

Eu assobio enquanto eu ligo a cafeteira e procuro nos armários pelas


panelas que raramente uso. Claro que há uma voz na minha cabeça me alertando
que não há motivo para estar tão excitado, já que essa aventura sexual vai
acontecer até amanhã à noite e não haverá mais lições, nem CJ na minha cama, e
nada de acordar com ela quente e deliciosa em meus braços, mas ignoro essa voz.

Não há nenhum zumbido estraga prazeres no menu hoje. Apenas zumbido


estimulante.

O que significa panquecas e café torrado francês extra escuro.

Agora, se eu puder encontrar essa panela...

Aquela que você usa para cozinhar coisas...

---
CJ

Eu acordei sentindo como se mal tivesse sobrevivido a um treinamento


pesado dos fins de semana que Chloe me arrastou durante todo o mês de junho
antes da temporada dos biquínis.

Estou dolorida em cada um dos meus músculos, mesmo em alguns que eu


161
não sabia que existiam até começarem a doer. Meu cérebro é um caroço
preguiçoso sentado pesadamente no meu crânio, recusando-se a pensar em
coisas mais eloquentes do que “Café. Excelente Café”, e estou tão exausta. Tenho
certeza de que vou precisar de ajuda para tirar minha bunda desta cama suave e
celestial.

Oh sim . . . E também estou completamente atordoada.

Graham é meu pelo fim de semana, e eu me recuso a deixar qualquer


coisa atrapalhar meus últimos dois dias com ele. Dois dias com Graham fazendo-
me sentir como se a terra estivesse tremendo, arrebatada, revolucionando
minhas perspectivas, tornando bem claro o motivo da minha agitação. O alvoroço
é sobre orgasmos e mais orgasmos, e ainda mais orgasmos proporcionados por
um homem sexy como o inferno, que me diz que eu sou a coisa mais bonita que
ele já viu, a coisa mais doce que ele já provou.

Suspiro enquanto minha boca começa a encher d’água. Não tenho certeza
se são as lembranças de Graham ou o perfume de baunilha e açúcar no ar, mas,
de repente, estou morrendo de fome.

Depois de um alongamento de corpo inteiro, coloco meus pés no chão e


puxo uma das camisetas de Graham e uma calcinha.

Encontro-o na cozinha, vestindo nada além de cuecas boxer e avental de


cozinheiro chefe. Somente Graham pode misturar adorável e sexy tão bem.

Uma frigideira chia no fogão. Ignorando a minha presença, ele apressa-se


pela cozinha, puxando itens da geladeira, colocando-os no balcão e voltando para
o fogão de onde vem o cheiro doce.

Panquecas?

Aproximo-me silenciosamente atrás dele e coloco meus cotovelos na ilha


central.

—Olha, olha. Eu não sabia que você cozinhava.

162
Graham gira com um sorriso um pouco aflito. —Bom dia, Borboleta.
Dormiu bem?

—Como os mortos. —Confesso. —Mas de uma forma boa.

Ele sorri. —Eu também. E sim, eu gosto de usar a cozinha uma vez por ano
ou algo assim, então ela não se sente negligenciada.

—Semestralmente, é? —Balanço a cabeça enquanto provoco. —Estou


pensando que não é bom sinal para a qualidade dessas panquecas.

Ele coloca a tigela de massa no balcão e solta sua espátula perto da pia,
onde várias outras tigelas de massa com grumos, aparentemente já foram
descartadas. —Você me magoa, Murphy. Aqui estou, trabalhando neste fogão
quente para alimentar seu corpo sexy com panquecas e...

—Graham, eu acho...

—E você está insultando minha proeza culinária antes mesmo de você...

—Graham. —Digo com mais urgência quando a fumaça começa a subir


atrás dele.

—Provar os frutos do meu trabalho ou...

—Graham o fogão. —Interrompo, apontando um dedo para a frigideira,


onde as manchas de fumaça marrom ficam rapidamente pretas. —Suas
panquecas estão queimando.

Graham gira ao redor. —Merda! —Ele pega a frigideira com a bagunça


queimada do fogão e, praticamente, joga na pia antes de ligar a água, espalhando
o cheiro de massa queimada e molhada pela cozinha.

—Exaustor! —Apresso-me ao redor da ilha e aperto o interruptor do


exaustor. Imediatamente, a nuvem de fumaça começa a desaparecer.

Viro-me para Graham, que está olhando envergonhado, com sua espátula
em uma das mãos, uma luva de forno na outra e explodo em risos. —Dê-me isso.

163
—Pego sua espátula e a uso para fazer movimentos de enxotar. —Dê passagem
para uma profissional. Você claramente precisa de uma aula apropriada sobre
quando virar sua panqueca.

Suas sobrancelhas sobem e descem. —Isso soa sujo. Eu não sabia que
você queria virar minha panqueca.

—Oh, mas eu quero. —Digo na minha melhor voz sexy, jogando meu
cabelo sobre meu ombro, enquanto pego a tigela menos ofensiva de massa do
balcão. —Pegue-me uma frigideira limpa, baby. A aluna está prestes a se tornar a
professora.

Graham oferece uma saudação rápida. —Sim, senhora. Uma frigideira


limpa chegando.

Dez minutos depois, instruí meu pupilo entusiasmado sobre a


temperatura adequada, o tempo e a técnica de lançar para conseguir panquecas
perfeitamente douradas sempre. E eu realmente consigo obter uma pequena
pilha de panquecas prontas para comer, empilhadas em um prato ao lado do
fogão, antes que Graham circule seus braços ao meu redor e minha devoção ao
plano de aula comece a desaparecer.

—Você está tão quente agora. —Seus dedos deslizam sob minha camiseta
para as minhas costelas enquanto ele beija meu pescoço. —Tão mandona,
tomando conta da minha cozinha...

—Alguém tinha que lhe dar uma mãozinha. —Eu mordo meu lábio
enquanto suas palmas sobem mais alto. —Você é claramente virgem em virar
panquecas.

—Você está tão certa. —Ele pega meus seios, fazendo com que eu suspire
enquanto seu polegar provoca meu mamilo. —E tão generosa e paciente comigo.
Eu me pergunto como eu posso pagar você.

Afastando do calor do fogão, me inclino contra ele, oferecendo-lhe acesso


sem obstáculos, olhando por cima do meu ombro para encontrar seu olhar

164
enquanto eu sussurro: —Eu tenho algumas ideias sobre o pagamento.

—Oh, sim? —Ele de alguma forma consegue manter sua expressão


inocente, mesmo enquanto ele rola meus mamilos com mais força, fazendo-me
lutar para conter um gemido. —Pode ter alguma coisa a ver com uma lição de
sexo contra a geladeira?

Eu lambo meus lábios, pressionando-os juntos enquanto a fome inunda


todas as minhas células. —Eu acho que o sexo contra a geladeira é um bom
começo. No entanto, posso exigir mais pagamento após o café da manhã. Tenho
algumas perguntas sobre usos alternativos para o xarope de bordo que eu
gostaria de explorar.

Graham faz um som contemplativo profundo em sua garganta. —Diga-me


mais.

Mas antes que eu possa responder e dizer-lhe exatamente o que tenho


em mente para o xarope, ele capturou minha boca com a dele, enviando o sabor
do café doce e açucarado e Graham, inundando minha boca.

E é tão fantástico como sempre.

O melhor gosto. Meu gosto favorito.

As panquecas definitivamente vão ter que esperar.

165
CAPÍTULO 21
CJ
A lição de usos alternativos para o xarope vai bem, muito bem, modéstia à
parte. Quando eu termino com Graham, ele está tão inútil que eu tenho que levar
seu prato de panquecas para o chão da cozinha, e alimentá-lo com pedaços
encharcados de xarope até ele recuperar sua força.

—Você é um rei tão dramático. —Provoco enquanto coloco um pedaço


entre seus lábios, antes de cortar outro pedaço para mim.

Ele sorri, os olhos fechados enquanto ele mastiga. —Não sou. Isto é o que
acontece com um homem quando você lhe dá o melhor golpe de sua vida. —Ele
continua, antes que eu possa desafiá-lo sobre a verdade dessa afirmação. —Além
disso, estou conservando minha energia para as aventuras da tarde.

—Oh, é mesmo? —Perguntei intrigada. —E o que poderia ser?

Seus olhos abertos de uma forma sonolenta e sexy fazem com que meu
corpo comece a zumbir novamente. —Você verá. É uma surpresa. Algo para
empurrar-nos para fora de nossas zonas de conforto. Vai ser divertido.

Arqueio uma sobrancelha, sem saber o que ele quer dizer. —Se você diz.

—Mas você precisará vestir-se para uma atividade física de moderada a


intensa lá fora.

Minhas sobrancelhas levantam. —Você quer sair?

—Difícil de conduzir a lição que tenho em mente em um apartamento.

Eu faço uma careta com um olhar severo e exagerado. —Tudo bem. Se


você insiste. Mas eu confesso que estava tendo fantasias sobre mantê-lo na cama
o tempo todo. Com poucas roupas.

—Tentador. Muito tentador, mas haverá tempo para isso amanhã. Hoje,
166
vamos sair de casa. Vista-se, Borboleta. Nós vamos sair.

Uma hora mais tarde, depois de duas viagens de metrô, uma viagem ao
veterinário para verificar Stephen King e estragá-lo com carinho e atum, e uma
caminhada por uma parte do Brooklyn que eu nunca vi antes, chegamos à pista
de patinação ao ar livre no Prospect Park, e Graham segura o portão aberto para
eu entrar.

—Você deve estar brincando. —Digo, meu olhar dirigindo-se para as


famílias, casais e crianças rebeldes e de cara pegajosa, patinando em círculos
frenéticos. —Nós dois somos péssimos na pista de patinação.

—Por isso, esta é uma oportunidade perfeita para aprender algo novo
juntos.

—Apesar de eu adorar a ideia, devo lembrá-lo do fiasco conhecido como a


festa de patinação de Chloe há dois anos?

—Eu sei. É isso que vai torná-la divertida. Vamos cair de bunda juntos.

Eu lanço a ele um olhar cético. —Você esqueceu que você quase acabou
com um cóccix quebrado? Eu, pessoalmente, tenho uma visão cristalina de você
caindo de bunda no meio da pista.

Ele sorri. —Você acha que minha bunda é fofa.

Eu rolo meus olhos. —Obviamente. Mas isso não interessa agora. Por que
você não coloca sua bunda fofa em um pedalinho e podemos fazê-lo em conjunto
ao invés disso? Eles alugam aqui. Eu vi uma placa lá atrás.

Ele balança a cabeça mexendo suas sobrancelhas. —Eu preferiria ver sua
linda bunda patinando na minha frente.

Eu rio dele e respiro fundo. Pensando melhor, e se eu cair de bunda? E se


ele cair de bunda?

Vamos nos levantar. Vamos continuar a patinar. Nós descobriremos


juntos.
167
Uma nova onda de confiança passa por mim. —Tudo bem, então vamos
colocar os patins, rápido. Estou pronta para correr se você estiver. —Digo com
uma piscadela.

—Oh, eu nasci pronto. —Ele pega minha mão. —E não se preocupe, não
vou deixar você cair.

Suas palavras ecoam quando caminhamos para o balcão de locação.

Eu não vou deixar você cair. . .

Oh, mas Graham, já é tarde demais, você não vê? Eu já estou caindo.
Caindo rápido, e não consigo parar.

Mas não digo nada dessas coisas em voz alta. Eu apenas aperto sua mão,
determinada a segurar firme o tempo que nos resta.

---

Não somos os reis dos patins. Eu não estou deslizando como uma menina
em uma competição de patinação, e ele não é um deus dos patins sobre rodas.
Nós somos dois duros e bobos que riem mais do que qualquer outro casal na
pista.

E eu gosto dessa maneira.

Enquanto eu o assisto deslizar de forma insegura na curva, um pouco


desajeitado no começo, mas muito determinado, acho que eu estou ainda mais
atraída por ele do que estava antes de chegarmos. Adoro que ele não é incrível na
patinação. Eu amo que ele é estranho, mas ele está fazendo isso mesmo assim.
Ele não está deixando a imperfeição atrapalhar a diversão.

E eu também não.

168
Eu faço isso algumas vezes, patinando mais confortavelmente a cada
volta. Então, ele patina alguns metros na minha frente e faz uma parada um
pouco instável.

—Impressionante. —Observo.

Ele estende uma das mãos. —Que tal um giro?

Eu rio, balançando a cabeça. —De jeito nenhum. Em frente, sem cair, é


emoção suficiente para mim.

—Um giro. —Seus dedos enrolam em torno dos meus. —Vamos lá. Sem
risco, sem recompensa.

—Eu vou cair.

—Você não vai cair. —Ele toma minhas duas mãos, patinando lentamente
em uma curva. —Eu tenho você, Borboleta. Confie em mim.

—Eu confio em você. Obviamente. —Digo. Meu coração bate forte


enquanto seus olhos encontram os meus e algo passa entre nós, algo intimista
que me faz esquecer que não posso girar em patins.

E naquele momento, tenho certeza de que ele pode ver através de mim,
direto para aqueles olhos sonhadores que querem muito mais dele do que sete
dias. Ele vai se assustar?

Mas ele simplesmente aperta firme e diz: —Olhe para nós. Arrasamos.

Nós deslizamos mais rápido, girando em círculos suaves, nós dois


relaxando enquanto ganhamos confiança. Nós não vamos nos inscrever para a
patinação sincronizada em breve, mas estou sorrindo e ele está sorrindo, e
patinar é ainda mais divertido com ele ao meu lado.

Assim como as piadas.

E jantares.

E caça ao tesouro de gato.


169
E fazer panquecas.

Novas coisas também são melhores com ele.

Como uma certa atividade física que ele me apresentou. Uma que me
trouxe muito mais perto dele do que eu alguma vez esperava.

Amor... Eu me apaixonei.

Mas se eu lhe disser que ganhei um “F” para manter meu coração fora
desse acordo, eu sei que há uma boa chance de perdê-lo como amigo. Graham
tem limites firmes, e nunca o vi deixar uma mulher tão próxima, quanto eu quero
ser com ele.

Tão perto. Perto sempre.

E não posso arriscar isso. Preocupo-me demais com ele para excluí-lo da
minha vida, pressionando por mais do que ele está disposto a dar.

Meu peito dói e sinto um aperto na minha garganta. Que ameaça


transformar-se em algo mais intenso, mas eu engulo.

Estou mantendo meu queixo erguido e minha cabeça no agora, não no


futuro incerto. Quando eu olhar para trás nesta semana mágica, pelo menos
saberei que eu mergulhei de cabeça desde o primeiro beijo, segurando sua mão
na pista de patinação e até o momento em que nos despedimos.

Muito ruim, não há nenhuma aula que possa me preparar para deixá-lo ir.
Disso eu tenho certeza.

170
CAPÍTULO 22
Graham

O dia está passando muito rápido. Muito depressa, porra.

Eu quero desacelerar o tempo. Ou colocar um Feitiço do Tempo, acordar


amanhã e viver este dia de novo, assim como Bill Murray no filme, mas sem a
angústia existencial.

Quanto mais eu fico com CJ sem a parede “apenas amigos” que


costumava existir entre nós, mais eu quero dela. Ela é como sorvete de chocolate
com menta. Eu poderia comer um pote sem parar.

Uma parte de mim quer dizer-lhe isso enquanto atravessamos a Ponte do


Brooklyn. Eu quero dizer a ela que seu sorriso me faz ter esperança de uma
maneira que nunca tive antes, e que ter sua mão na minha me faz sentir como o
bastardo mais afortunado dessa ponte.

Mas você não diz essas coisas a uma amiga que você está ensinando como
foder.

CJ não veio para mim com um plano de sete dias para eu ter sete tipos de
apego a ela. E se eu disser a ela o que aconteceu, eu arriscaria estragar nossa
amizade para sempre. Ela deixou claro que este era um acordo sexual, e não
posso deixar que a névoa da panqueca ou do encanto da patinação me façam
pensar que ela também quer mais.

Eu quero essa mulher na minha vida e não vou dar chance de perdê-la.
Um pouco dela é melhor que nada. Eu não quero deixá-la ir amanhã, mas eu
suponho que eu tenho.

CJ suspira feliz, olhando o céu sem fim acima de nós. —Este dia é perfeito.
Este céu é perfeito. É tão bonito, não é? Como uma pintura.
171
—Sim, este é um dia perfeito. Cada hora. Cada minuto. —Aperto sua mão
enquanto atravessamos a Ponte do Brooklyn para Manhattan, caminhando ao
lado de turistas que posam para selfies em frente ao horizonte.

Meus olhos pegam CJ e um sorriso lento e perverso aparece em seus


lábios. —O que você está pensando? —Ela pergunta.

Meus ombros ficam tensos à medida que as respostas passam pelo meu
cérebro.

Você.

Mais.

Vamos continuar fazendo isso.

Estou me apaixonando por você.

Eu separo meus lábios, tentado a jogar a cautela ao vento e expulsar


qualquer ou todos os itens acima. Dizer a ela que eu preciso que ela se inscreva
para outro semestre de lições, porque estou longe de estar preparado para deixá-
la ir.

Mas eu nunca disse essas palavras antes, então recuo aos velhos hábitos,
acenando com uma das mãos desdenhosamente. —Apenas pensando na
segunda-feira.

Ela assente a cabeça com sabedoria. —Ah, a reunião do conselho. Claro.

Mas não é por isso que estou pensando na segunda-feira.

---

Nós estamos mais silenciosos quando terminamos nossa caminhada e o ar


172
esfria rapidamente. Quando voltamos a Manhattan, o sol está afundando atrás do
horizonte, deixando um vento intenso em seu lugar. Eu chamo um serviço de
carro, pois Gary não está trabalhando neste fim de semana, e CJ e eu esperamos
dentro de uma loja de café até um carro preto estacionar cinco minutos depois.

Uma vez dentro, digo olá para o motorista, em seguida, levanto a divisão,
pegando as mãos de CJ com as minhas para aquecê-las. Eu esfrego minhas palmas
contra as delas.

Quando ela levanta o rosto e encontra meus olhos, meu coração bate
mais rápido.

—Ei, você. —Ela diz suavemente. —Eu me diverti muito hoje.

—Eu também. O melhor momento.

—Eu vou sentir falta disso. —Ela sussurra, e com essas palavras algo
dentro do meu peito racha. É do nada, mas não é inesperado.

Tem acontecido durante toda a semana. Desde que ela se aproximou de


mim no brunch. Desde a noite no St. Regis. Desde que ela se instalou em minha
casa.

Mas esteve fervilhando debaixo da superfície bem antes disso. Quando


penso nos últimos dois anos, esta mulher esteve aqui, bem ao meu lado, a cada
passo do caminho. Ela me viu nos momentos mais difíceis e nos melhores
momentos.

Enfrentamos a perda juntos e agora, de alguma forma, encontramos nós


mesmos do outro lado da dor e nos braços um do outro.

E, quando olho em seus olhos, é aí que eu quero estar. Com ela.

Toco minha testa contra a dela e sussurro seu nome. É tudo o que posso
dizer. Não sei como dar voz a mais do que isso. Eu nunca tive. Nunca senti isso.
Nunca me apaixonei tão forte, tão rápido e tão verdadeiramente por uma mulher.

Tudo o que sei é como tocá-la, então eu uso uma linguagem que falo
173
fluentemente, pressionando meus lábios suavemente nela em um beijo terno,
que eu espero lhe diga o que não posso falar em voz alta. Ela também tem que
saber que o que está acontecendo entre nós vale a pena investir muito mais do
que sete dias.

Movo minhas mãos debaixo de sua camiseta, depois puxo suas calças de
yoga, abaixando-as.

—Eu quero assistir você me montar aqui, no carro.

Um sorriso perverso se espalha pelo seu rosto. —Esta é uma lição de


sedução?

Eu balanço a cabeça com firmeza. —Não. Não é uma lição. É o que eu


quero. É tudo o que eu quero. Você é tudo que eu quero.

—Você é tudo o que eu quero, também.

Abaixo meu jeans, encontro um preservativo na minha carteira, e o


arrasto pelo meu comprimento enquanto o carro anda pelo tráfego do sábado à
noite.

O nervosismo brilha em seus olhos enquanto ela olha para a janela.

—Ninguém pode nos ver. —Eu a tranquilizo.

Ela acena com a cabeça e segura o meu rosto. —E eu não me importo se o


fizerem.

Meu coração bate forte. Ela se tornou tão ousada. Ou talvez ela fosse o
tempo todo. Talvez ela precisasse de alguém para girar a chave, para desbloqueá-
la. Deus, como eu quero ser o único que tem essa chave.

Mas vou saborear cada segundo dela agora enquanto ela está em cima de
mim.

Uma forte ingestão de ar.

Sua umidade.
174
Seus braços em volta do meu pescoço.

Seus lábios no meu maxilar.

Minhas mãos em seu corpo.

Seu gosto na minha língua.

Ela move-se em mim e eu empurro contra ela, e iniciamos uma tradição


consagrada em Manhattan, transar na parte de trás de um carro.

Só que não parece ser apenas uma transa.

Parece união.

Como fazer amor.

Como estar o mais perto possível da mulher que abriu meu coração.

Isso é o que ela fez. Ela me ensinou algo muito mais vital que o que eu
mostrei a ela.

Ela me ensinou como é se apaixonar.

175
CAPÍTULO 23
CJ
Depois da última semana, eu pensei que sabia como era fazer amor. Mas
agora, no carro, com a respiração de Graham se misturando com a minha, seu
coração batendo em sincronia com o meu, e cada beijo parecendo como uma
confissão que ele sente do jeito que eu sinto. . .

Eu nunca estive tão perto.

Tão profundo.

Tão completamente em harmonia com outra pessoa.

Eu sei que ele sente isso também.

Pelo menos, eu suspeito fortemente que ele sente.

Eu suspeito que seja o suficiente para subir na plataforma mais alta,


mexer meus dedos no ar rarefeito aqui em cima, onde o vento é selvagem e cheio
de possibilidades, e considerar seriamente dar um salto para o grande
desconhecido.

Assim que Graham fecha a porta atrás de nós e acende as luzes em seu
apartamento, indo para a cozinha para buscar a montanha de cardápios em uma
gaveta, respiro fundo, giro minha coragem até a força máxima e digo. —Você
sabe, eu tenho pensado muito nos meus pais.

Ele olha para cima, através dos cardápios, suas sobrancelhas arqueadas.
—Sim? Por que isso?

—Bem, minha mãe morreu quando eu era tão jovem, não lembro de
como era seu relacionamento com o meu pai. —Mantenho o meu tom casual
enquanto ando pela ilha, cruzando meus braços no topo. —E então, papai se
casou com Betty e esse é um circo total. Quero dizer, eu sei que eles se
preocupam um com o outro, mas ele, literalmente, faz qualquer coisa que minha
176
madrasta lhe peça para fazer. É como se ele tivesse feito uma lobotomia junto
com aquele anel de casamento.

Graham bufa. —Bem, Betty é bastante quente. Homens melhores do que


seu pai foram sugados por um canto sexy da sereia.

—Nojento. —Faço um som abafado e Graham ri.

—Os velhos também fazem isso, baby. Ou assim eu ouço, quando minha
mãe toma muitos quentões na véspera de Natal e partilha demais sobre sua
última viagem de esqui com o velho. —Ele segura dois cardápios de cores
vibrantes. —Comida tailandesa do lugar com curry picante, ou do lugar com os
rolinhos de verão assassinos?

—Mas é por isso que eu amo seus pais. —Digo, determinada a não perder
o foco por comida, por mais que eu esteja com fome. —Eles ainda se amam
tanto, mesmo depois de todos esses anos e tudo o que eles passaram. Isso me faz
querer acreditar que o amor pode durar, mesmo que eu não tenha visto isso em
minha própria vida. —Eu engulo, minha língua deslizando para molhar meus
lábios secos enquanto eu chego mais perto de extrapolar os sentimentos, meu
coração martelando contra minhas costelas. —E você? Você acha que o amor
pode durar para sempre?

Ele pausa, balançando a cabeça enquanto olha para a gaveta. —Eu não
sei, Borboleta. Eu nunca senti nada assim antes.

Eu congelo. Não posso me mover. Não posso falar. Eu nem quero pensar.
Eu quero rebobinar esse momento e mudar o script, fazer surgir palavras
diferentes em sua boca.

Mas não posso. A verdade está fora e não há retorno.

Nunca senti nada assim antes.

Tão fria, a realidade dura me atinge e, de repente, estou caindo, caindo...


Mas não para baixo na água. Estou tropeçando para trás do lado errado do
trampolim, caindo em direção ao concreto em rota de colisão, que vai me deixar
177
maltratada e machucada.

Ele nunca sentiu nada assim antes.

O que significa que ele não sente isso por mim.

Isso é unilateral. Esta sou eu, a virgem de olhos arregalados, se


apaixonando pelo primeiro cara com quem dormiu. Ergo meu peito e um nó
estúpido tenta subir pela minha garganta. Mas eu não deixo transparecer que eu
sou tão tola como eu temia.

Respirando profundamente, endireito meus ombros e luto como o inferno


para manter uma fachada calma. Se eu ficar forte, posso tentar preservar nossa
amizade, nossa relação de trabalho. Isso é o que importa agora.

Não deixe ele saber, CJ.

Ele limpa a garganta e quando ele olha de novo, ele está sorrindo e
segurando um cardápio escuro com sushi na frente. —Que tal sushi? Manter o
jantar clássico e elegante depois de um dia de aventura?

Eu o encaro, admirando que isso seja tão simples para ele, admirando que
seu estômago seja sua principal prioridade quando estou ficando sem chão.

Mas o foco em comida é mais uma prova de que estou nisto sozinha.

E eu preciso me livrar dessa situação da mesma maldita maneira.

Meus lábios abrem para dizer que o sushi está bem, mas não consigo fazer
com que as palavras saiam. Estou mortificada. Muito triste. Profundamente triste
por o que nunca seremos.

Mas, felizmente, o celular de Graham toca no momento exato, me


poupando de dizer que o sushi está bem para um coração partido, muito
obrigada, meu único pedaço de sorte desta noite.

Ele o pega e fica em silêncio por um momento.

—Calma, desacelere, Brian. —Graham passa da cozinha para a sala de


178
jantar com vista para o Hudson. —Ela está bem? Você está bem? Ele acena com a
cabeça, andando mais rápido. —Entendi. Não se preocupe. Você vai ter um bebê.
Eu cuidarei do resto. —Mais acenos com a cabeça e agora uma das mãos passa
por seu cabelo. —Absolutamente. E deixe-nos saber como vai. Estamos todos
torcendo por vocês e que o nascimento seja seguro e fácil.

Graham termina a chamada e se vira para mim com um suspiro. —Bebês.


—Ele ri uma vez. —Eles não têm horário, não é?

Minha testa franze. Eu deveria responder isso? Mas eu não preciso porque
ele continua. —Preciso ir ao escritório. Brian estava dando os últimos retoques
nos nossos novos anúncios esta noite, para que nossa agência de publicidade
possa finalizar o pacote para o conselho até segunda-feira à tarde. Mas a esposa
dele...

—Está tendo um bebê. —Eu forço um sorriso, fingindo que não estou no
meio de um colapso emocional. —Eu ouvi. Você vai cuidar do negócio. Eu vou
ficar bem.

—Você tem certeza? Não quero deixá-la aqui morrendo de fome.

—Eu posso pedir comida. Eu sou uma garota crescida. —Faço movimentos
irritantes com ambas as mãos, pateticamente emocionada que eu não
demonstrei meus sentimentos na frente dele. —Agora vá lá e resolva tudo. Eu
vou ficar bem.

Eu estou bem.

Ou eu estarei. Eu até consigo dar um beijo de despedida nele sem cair em


pedaços e chorar como uma virgem idiota, que não tinha ideia do quão fácil seria
permitir que o amor se tornasse embaraçosamente ligado ao prazer.

Mas uma vez que Graham se vai e eu estou sozinha em sua casa, com seus
livros com capas de couro escolhidos por um decorador de interiores, as panelas
que ele nunca usa, a decoração estéril no quarto que deixam claro que tudo que
esse homem faz aqui é dormir, a verdade se instala no meu peito, esmagando

179
com seu peso.

Graham é casado com o trabalho dele.

O trabalho é seu encontro estável, seu foco principal e o ritmo do tambor


que faz seu coração dançar. As mulheres sempre foram uma paixão para ele, mas
nunca nada mais do que entretenimento, algo divertido de apreciar e desfrutar
em seu tempo livre, uma vez que o dia de trabalho termina. Ele mesmo me disse
no brunch que estava em um período sabático de sexo porque o sexo complica
tudo. Muito menos que sexo...

E não sou diferente das mulheres que vieram antes de mim.

Eu. Não. Sou. Diferente.

Lágrimas formam-se nos meus olhos quando sou salva pela segunda vez.
No entanto, esse toque é de uma matilha de lobos uivando, o toque do meu
senhorio.

—Olá. —Fungo enquanto escuto a voz fortemente acentuada de Arno no


outro extremo da linha, dizendo que meu apartamento está consertado e pronto
para eu voltar. —Sério?

Pergunto, incapaz de acreditar que uma bagunça tão grande foi reparada
tão rapidamente. —A pia, o piso e tudo?

—Tudo, tudo pronto. —Confirma Arno. —Eles arrumaram tudo no


primeiro dia, e me ligaram agora para dizer que eles verificaram e a argamassa
está seca. Tudo feito. Novo em folha.

Bem. Parece que o universo está tendo, pelo menos, uma pequena
misericórdia de mim.

—Isso é maravilhoso. —Eu paro, indo em direção ao quarto para arrumar


minha mochila, minha decisão já foi tomada. —Muito obrigada, Arno. Estarei em
casa esta noite.

E então, eu arrumo. Porque eu acredito nos sinais. E todos os sinais estão


180
me dizendo que é hora de sair, antes de eu dar mais de mim mesma a um homem
que não está interessado no que eu tenho para dar.

181
CAPÍTULO 24
Graham

Quase pronto.

Outro slide.

Outra foto.

Outro conjunto de anúncios a serem revisados.

Ao clicar na prova final da nova campanha, estudo-a com cuidado,


certificando-me que cada detalhe, cada palavra é de alto nível. Isso reflete a
marca sofisticada que criamos?

Os novos modelos parecem fantásticos: são de todos os tamanhos, formas


e cores, e cada mulher é bonita à sua maneira, mas continuo vendo CJ no
espartilho. CJ vestindo-o é melhor do que qualquer uma que já usou-o.

Pelo menos aos meus olhos.

E é quando percebo do que essa campanha precisa.

Ela estava certa.

CJ estava inteiramente certa.

Não é suficiente mudar as imagens. O lema do bolo é uma porcaria. Estes


espartilhos não são sobre comida. Eles são sobre como eles fazem uma mulher se
sentir.

Com o foco renovado, escrevo algumas linhas. Então, eu ajusto-as.


Formato-as e envio a mudança final de volta para a agência de publicidade.

182
“Nesta época festiva, sinta-se mais sexy como você nunca se sentiu antes”.

Simples, mas preciso. Isso é muito melhor do que um slogan sobre doces
ou comida. As mulheres adoram lingerie bonitas porque é como elas a fazem se
sentir. E os homens não conseguem resistir a uma mulher confiante, apaixonada e
se sentindo sexy.

Isso é o que eu preciso transmitir. Isso é o que CJ sempre me mostrou


quando ela vestiu Adored.

Ligo para o contato da minha agência, não me importando que seja


sábado à noite. Ele também não. Às vezes você tem que trabalhar até altas horas
da noite. Eu falo para ele sobre a mudança e ele me diz que fará o ajuste e me
enviará as fotos em breve.

Enquanto eu espero ele responder, reviso os slides mais uma vez, então
vou para a sala de conferência onde a reunião será realizada na segunda-feira.
Acendo as luzes. Todas as cadeiras estão vazias, é claro. É tarde em uma noite de
sábado. Mas enquanto ando pela sala, eu imagino a manhã de segunda-feira e o
grande passo antes do conselho. Antes dos acionistas. Deixando claro que estou
100% comprometido em apresentar minha visão.

Deus, eu amo esse trabalho, essa empresa. Adoro o que Sean e eu


construímos. Meus olhos desviam para a foto de Sean e eu no jogo de hóquei, e
um sorriso fraco aparece em meus lábios.

Ele ficaria orgulhoso também. Nós construímos algo desde o início, e


continuo executando-o com integridade, tratando nossos funcionários bem e
oferecendo a melhor experiência aos nossos consumidores.

Meu sorriso desaparece.

Normalmente, eu recebo uma cobrança de estar aqui, como um lançador


que atravessa o campo antes de um grande jogo, ouvindo o silêncio de um
estádio para se animar.

Mas agora, há um estranho vazio nesta sala. Talvez porque eu sou o único
183
aqui.

Mas talvez por outro motivo.

Porque eu não quero estar aqui.

Quero voltar à minha casa com a minha mulher.

Mas ela não é minha. Ainda não. Talvez nunca.

Eu estava sendo sincero com ela. Nunca senti nada como o que meus pais
tem. Até agora, com ela. Mas eu não sei como fazer isso, como correr o risco de
perder a amiga que eu amo e ganhar a mulher que eu amo, sabendo que não
posso ter ambas. Talvez eu seja tolo de pensar que eu poderia ter mais com ela.
Ela escolheu-me porque tenho uma reputação de saber o que fazer no quarto,
não por causa do meu histórico estelar com relacionamentos.

Porque isso não existe.

Eu volto para minha mesa, mas não há nada na minha caixa de entrada da
agência de publicidade, mesmo que o relógio esteja chegando mais perto das
nove.

Por impulso, retiro meu celular e envio um texto para CJ.

Graham: O que você teve para jantar, Borboleta? Estou


esperando que seja algo muito mais delicioso que o iogurte
que eu roubei da geladeira da equipe.

CJ: Na verdade eu ainda não comi. Eu estava muito


ocupada pegando Stephen King e comprando mantimentos e
comida para gatos. Meu apartamento ficou pronto mais cedo,
então decidi voltar para casa.

O quê? Voltar para casa?

184
Por um segundo, as palavras não fazem sentido. Quando penso em casa,
penso na minha casa, porque com CJ lá, ela finalmente parece com uma casa.
Como um lugar que eu quero curtir quarta-feira à noite e assistir filmes, ou ficar
na cama em uma manhã de domingo com café e panquecas.

Com ela. Tudo com ela.

E uma parte de mim não pode processar que ela foi embora assim, sem
um aviso.

Graham: Você foi embora? Você não me disse. Não


pensei que sua casa estaria pronta tão cedo.

CJ: Eu também não. Mas milagres acontecem! É tão bom


estar em casa com o gatinho. Acho que ele sentiu minha
falta. Ele é super fofinho e está tentando comer meu brinco.
Não é um doce?

Não. Isso não é um doce. Ela deveria estar comigo. Seu gato louco deveria
estar comendo... Um porta-copos na minha casa, um cinto do meu jeans, a parte
superior do tubo de pasta de dente.

Qualquer coisa.

Esfreguei minha mão na nuca, tentando compreender sua partida. Eu


penso em algo para dizer, algo para deixar claro que eu prefiro que ela esteja
comigo.

Graham: Isso é ótimo, mas como o bastardo egoísta que


eu sou, eu realmente estava gostando de ter você comigo.

Eu leio mais uma vez e pressiono enviar. Inclino-me para trás na minha
cadeira e aguardo. Isso deve, pelo menos, começar a deixar claro o que eu sinto.
Eu nunca abri meu coração a uma mulher antes, mas não vejo como ela pode não

185
entender a mensagem com isso.

Eu quero mais dela.

Alguns segundos depois, uma resposta chega e fico tenso, esperando que
ela esteja dizendo que ela chamou um Uber para me encontrar na minha casa,
para ficar esta noite, depois a próxima e a próxima.

CJ: Eu também gostei disso. Claro que sim. E eu sei que


deveríamos ter sete dias de aulas, mas é quase uma semana e
depois de hoje, sinto-me pronta. Aprendi tudo o que preciso
para fazer sozinha. Mas muito obrigada. Nunca vou esquecer
o quão maravilhoso você foi. Você era tudo o que eu queria
em um professor e muito mais.

Um professor? Isso é tudo o que eu fui para ela? Um maldito professor


que ela nunca esquecerá? Eu olho para a mensagem dela. Coloco meu celular de
cabeça para baixo, como se eu pudesse sacudir o verdadeiro significado de sua
mensagem.

Mas quando eu leio mais uma vez, essas palavras frias zombam de mim.

Eu era apenas seu professor.

Eu não era seu amante.

Ela foi clara desde o início. Ela queria lições de sexo. Ela não se inscreveu
para o romance.

Eu sou o único que cometeu esse erro. Eu sou o idiota que entendeu tudo
errado. Eu zombo, rindo de mim mesmo, mas não é divertido. É irônico. E isso me
serve bem. Antes dela, eu nunca estive apaixonado. Inferno, nunca estive em um
relacionamento que durou mais do que alguns meses. É claro que eu o fodi.

E cometi o erro de principiante, de pensar que ela também se apaixonou

186
por mim.

Mas mesmo que eu realmente tenha ferrado quando se trata de entender


o que é o amor, eu gostaria de pensar que eu, pelo menos, sei respeitar.

E eu preciso respeitar os desejos da mulher. Então, eu digo algo que é fiel


aos meus sentimentos, enquanto lhe dou a distância que ela parece querer.

Graham: Obrigado. O prazer foi realmente todo meu.


Amei cada segundo de estar com você.

Passado. Amei. Foi.

Eu bati na tecla enviar e, de imediato, colo os meus polegares para voltar


e editar a mensagem. Porque isso é uma merda.

Há uma dor amarga no meu peito. Já não está mais vazio. Simplesmente
doí, porra, e eu quero dizer muito mais. Eu quero dizer a ela que não estou pronto
para que isso termine, que eu não quero que isso termine. Nunca. Eu quero
prometer-lhe que posso tornar todos os seus sonhos realidade e que não há
necessidade de fazer isso por conta própria.

Ou, Deus não permita que faça isso com outro homem.

O pensamento me deixa doente. Fisicamente doente. Azedo por dentro.


Pensar em algum bastardo com as mãos na minha CJ.

Mas ela deixou sua posição clara. Então, eu simplesmente mando um:

Graham: Estarei aqui sempre que você precisar de mim,


Borboleta. A qualquer momento. Qualquer lugar.

CJ: Obrigada. Isso significa muito para mim, Graham.

Ela significa muito para mim. Ela significa mais para mim do que ela nunca

187
saberá.

Eu não sei por quanto tempo eu me sento silenciosamente na minha


mesa, entorpecido e mais sozinho do que me senti desde que meu melhor amigo
morreu, mas, eventualmente, minha caixa de entrada apita.

Os anúncios estão aqui.

Os novos modelos estão perfeitos, então envio minha aprovação e depois


volto para o conjunto de paredes onde vou dormir esta noite.

Não me sinto em casa. Não sem ela.

188
CAPÍTULO 25
CJ

Sou acordada na manhã de domingo por Stephen King sentado no meu


travesseiro, ronronando enquanto mordia meu cabelo.

—Não, mal-educado. —Murmuro, puxando-o debaixo das cobertas


comigo para um aconchego em vez disso. —Sem mastigar, amigo.

Mas quando ele começa a roer a manga do meu pijama de flanela, não
tenho coragem para detê-lo. Eu não tenho coragem para fazer nada, exceto ficar
deitada aqui e me sentir deprimida.

Tão deprimida.

—Eu já sinto falta dele. —Sussurro para Stephen, meus dedos deslizando
através de seu pelo. —Eu não quero voltar a ser apenas amigos. Não posso.

Stephen King mia e eu queria saber o que isso significa. Decidindo que não
vou obter conselhos sólidos de um gato, de qualquer gato, mas Stevie é uma
causa especialmente perdida, eu chamo Chloe.

—Estou triste. —Sussurro, quando ela finalmente responde no quarto


toque.

Chloe suspira. —Ah não. Aconteceu? Ele quebrou seu coração?

—Não. Eu mesmo o quebrei. —Lágrimas derramam dos meus olhos pela


centésima vez desde a noite passada. —Eu sabia que era melhor não me
apaixonar por ele, mas eu fiz isso de qualquer maneira.

—Oh, querida, eu sinto muito. —Chloe murmura algo para outra pessoa
na outra extremidade da linha. Seu homem do momento. Porque ela não está

189
sozinha, nem sozinha com um gato. —Quer que eu vá aí com rosquinhas? Ou
alguma dessas coisas verdes nojentas se você estiver na onda saudável?

Limpo minha garganta. —Não. Estou bem. Eu irei para a academia, talvez.
Eu não quero arruinar sua manhã. —Ela começa a se opor, mas antes que ela
possa sacrificar seu romance por causa do meu amor não correspondido, eu
insisto. —Estou muito bem. Mas amanhã, eu preciso de um encontro de café da
manhã, ok? Antes do trabalho? Sete e meia no Dr. Insomnia’s Coffee and Tea
Emporium.

—Eu estarei lá, querida. —Diz ela. —E estou realmente feliz em ir hoje se
você mudar de ideia. Eu sempre estou aqui para você.

Sempre aqui para você. . .

Foi o que Graham disse. . .

E na noite passada não foi a primeira vez que ele disse isso.

Um fragmento de memória vem em minhas lembranças. Isso se repete,


insistindo que eu ouça.

Só não tenho certeza do por quê. Mas é alto e insistente, então presto
atenção, pois exige que eu vá procurar por algo que deve ser encontrado.
Agradeço a Chloe, desligo, me afasto da cama antes que Stephen King possa
meter os dentes nas minhas meias, e dirijo-me ao closet onde mantenho todas as
coisas mais preciosas.

190
CAPÍTULO 26
Graham
Essa foi a pior noite de sono da minha vida. E eu já dormi na classe
econômica de um voo noturno atravessando o país. Inferno, deitei no chão do
meu escritório por uma hora de olhos fechados depois de trabalhar a noite toda.

Mas ficar virando na cama é uma merda.

Ela não está perto de mim quando acordo e isso parece uma afronta à
estrutura do universo. Quando ando na cozinha para fazer uma xícara de café, a
pia me faz lembrar dela.

A maldita pia.

O fogão guarda uma lembrança, pelo amor de Deus.

A coisa boa é que eu não o uso, ou eu pensaria nela cada vez que eu
cozinhasse, e agora encontrei outra razão para nunca fazer uma refeição que não
posso retirar ou encomendar.

Solto um suspiro, arrastando-me de volta pelo corredor e amaldiçoo


minha cama mais uma vez por me provocar com imagens nela, dela enrolada
comigo.

Inferno, tem menos de doze horas e tudo é uma lembrança da mulher


pelo qual estou indiscutivelmente de quatro.

É uma piada cruel. Essa é a sensação de um coração partido? Como


alguém aguenta isso? Supera isso? Tudo o que sei fazer quando a minha mente
está cheia é correr. Talvez também funcione com um coração partido.

Eu coloco meus shorts de basquete, amarro o tênis e saio da droga da


minha solitária casa.

Hora da música triste.


191
Sim, Taylor Swift, hora de me ligar. Eu vou inspirar sua próxima música de
término.

Eu piso na calçada, alongando meu passo instantaneamente, correndo


muito para que minha mente fique tão vazia quanto possível. Então, eu posso
deixar a força física superar a emocional.

Eu gemo com o pensamento.

As emoções não são o meu forte. Inferno, elas nem são a minha praia.

Tudo o que posso fazer é esperar que um treino tire-a dos meus
pensamentos. Isso tem que ser o que o cara comum faz quando ele é fodido pelo
amor, certo?

O problema é que eu uso a corrida para pensar.

Para classificar os problemas no trabalho.

Para encontrar soluções.

E meu cérebro tem uma ideia brilhante quando termino meu treino fora
do Central Park. Está me dizendo para eu ir falar com um amigo.

Mas quando eu corro pelo carrossel em busca dos food trucks, uma fila
longa serpenteia em torno do veículo verde hortelã do Doces de Luna. Apesar do
meu humor amargo, eu sorrio. Estou orgulhoso da minha amiga. Fico feliz que seu
negócio esteja prosperando. E não a perturbarei com a minha história triste.

Viro-me, abaixo meus óculos escuros e vou andando para sair do parque,
passando por grupos de ciclistas em velocidade e famílias nos piqueniques de
domingo à tarde.

Estou meio tentado a parar alguém, qualquer um, e pedir ajuda. Pergunte
à mãe atormentada limpando o sorvete derretido da mão de sua criança o que
significa uma mensagem como essa.

“Obrigada por ser meu professor.”

192
Abro a mensagem mais uma vez, buscando um significado oculto
enquanto eu ando pela Sexta Avenida, passando entre os pedestres do domingo à
tarde.

Isto é como uma mensagem que diz: Obrigado por não fumar. Claro que
não estou fumando, e é claro que fiquei feliz de ser seu professor. Mas não me
sinto professor. Eu não penso nela como minha aluna. Ela é a mulher que tem
meu coração. E eu sei que poderíamos ser muito mais. Poderíamos ser tudo.

Mas não há nenhum livro de negócios para me dizer o que fazer quando
você se apaixona pela irmã do seu melhor amigo que morreu, que pediu que você
passasse sete dias seduzindo-a. Não há nenhum artigo da Forbes sobre como agir
nesta situação complicada.

Nem há ninguém nesta cidade de milhões que eu quero perguntar.

À medida que eu viro na esquina da Fifty-Fifth Street, um local familiar me


atrai.

O St. Regis.

Pisco, quase surpreso que eu estou aqui.

Mas não inteiramente.

Este é um dos meus lugares.

Esta é uma âncora e talvez seja o que eu preciso agora.

Quando chego no lobby, considero a noite com CJ. Eu não estou pensando
no strip, embora isso tenha sido fantástico. Estou pensando em como nos saímos
juntos, como uma equipe. Como encontramos o gato de seu irmão. Como
pegamos suas coisas e retornamos para o meu apartamento e dormimos sem
ferrar nada.

Minhas lembranças pulam para a noite seguinte, para o jantar, quando eu


disse a ela que eu estava feliz por poder mostrar-lhe o que ela estava perdendo e
ela falou duas palavras simples: eu também.
193
Mas não foram as palavras. Era a forma como ela as dizia. Como ela olhou
para mim como se houvesse mais entre nós do que apenas sexo.

Como foi para mim também.

Eu franzo minha sobrancelha enquanto eu estou no lobby, memórias da


semana passada me atingindo, palavras que eu não prestei bastante atenção na
época.

Antes de fazermos amor. —Estou tão feliz que seja você.

Na pista de patins. —Eu confio em você.

No carro. —Eu sentirei falta disso.

Mas, mais do que as palavras, permaneço olhando nos olhos dela. Havia
mais escondido lá o tempo todo?

Não sei a resposta, mas há uma pessoa com a qual devo falar. Eu chamo a
esposa de Luna.

194
CAPÍTULO 27
CJ

Acho o que estou procurando no fundo de uma caixa de cartas do funeral


de Sean. A igreja estava cheia de belos arranjos de flores e cada uma delas veio
acompanhada por um cartão. Guardei todos, tocada pela evidência de quantas
pessoas amavam meu irmão e perderam a luz que ele trouxe para o mundo, mas
nunca voltei e as li novamente.

Ainda dói demais.

Talvez sempre doerá demais.

Na minha experiência com o luto, o peso torna-se mais fácil de suportar,


mas eu sempre estarei ciente disso, pendurado no meu ombro. Perdendo minha
mãe tão jovem, eu conheci a morte antes de perder Sean, mas nunca tão
intimamente. Nunca com o conhecimento adulto que para sempre sem alguém
especial, pode ser um tempo muito longo.

A partir do momento em que eu abro a caixa, liberando o cheiro de


cartolina, flores e uma igreja cheia de perfumes femininos e casacos de inverno
mofados, há lágrimas nos meus olhos.

No momento em que eu retiro as cartas e o folheto com o rosto


sorridente de Sean na frente, duas trilhas quentes estão escorrendo calmamente
pelo meu rosto. Mas eu não luto contra essas lágrimas. Eu me permiti sentir essa
dor há muito tempo. Negar isso seria negar Sean e tirar a lembrança dele, o que
eu nunca quero fazer.

Eu o quero perto, mesmo que doa.

Eu acho o cartão de Graham perto do fundo e o puxo, abrindo para ler a

195
mensagem escrita dentro.

Cara CJ,

Eu não sei o que dizer.

Sou geralmente bom com palavras, mas elas escaparam


de mim agora que eu realmente preciso delas. Eu quero tanto
fazer isso mais fácil para você e para mim mesmo.

Mas não posso.

Tudo o que sei é que nunca o esquecerei. Sean era um


dos melhores. Ele foi um verdadeiro amigo para mim e, a
partir de agora, espero que você deixe-me ser o mesmo para
você. Estou aqui por você. Qualquer coisa que você precise.
Isso significa hoje, amanhã e dez anos a partir de agora,
porque não vou a lugar nenhum.

Eu sei que nunca poderei tomar o lugar dele. Eu não


ousaria tentar. Mas estou aqui para segurar sua mão, ou ser
um ombro para chorar, ou para levá-la para o brunch do
jeito que Sean costumava fazer. O que quer que ajude. Eu sei
que me ajuda saber que você ainda está aqui. Para saber que
vou ter alguém com quem compartilhar estas memórias. Não
quero perder essas memórias. Ou você.

Envio-lhe todo o meu amor hoje, enquanto nos

196
reunimos para honrar seu maravilhoso irmão.

Seu amigo para sempre,

Graham

Com minha garganta apertada, é difícil respirar fundo, pressiono o cartão


no meu coração. Eu sabia que ele havia dito isso antes. E ele quis dizer isso. Ele
quer estar lá para mim, e a última coisa que eu quero fazer é afastá-lo.

Talvez seja hora de parar de andar no meu apartamento sentindo pena de


mim e agir. Para lutar pelo coração de Graham, tão feroz quanto eu negociei
durante uma semana em sua cama.

Claro, eu poderia me sentar aqui com meus sentimentos feridos e tentar


descobrir a opção menos dolorosa para frente. Mas então, eu estaria agindo
como uma covarde, como uma mulher que não sabia o quão curta era a vida e
como é indispensável ser corajosa. Essa pode ser a lição mais importante que
aprendi, e vou me empenhar com toda a coragem para colocar meu coração em
jogo, não importa o que aconteça. Graham vale a pena e eu também valho a
pena.

—Eu vou. —Prometo a Sean, dando um beijo no meu dedo e tocando sua
fotografia.

—Eu prometo.

Pego os cartões, guardo-os e depois limpo meus olhos. Hora de ser


corajosa.

197
CAPÍTULO 28
Graham

Valerie abre a porta da arena para mim com um sorriso rígido e abanando
seu dedo. —Você tem cinco minutos.

—Obrigado, Valerie.

—Não, obrigada a você. Esse vale-presente do Stellar Spa era tudo o que
eu precisava. Se não fosse por você, Luna estaria me dando garfos e peso de
papel. —Ela estremece antes de apontar o polegar para o corredor. —Certo,
pensando bem, você tem dez minutos. Espero você aqui.

Agradeço-lhe por me fazer um grande favor e me deixar entrar na arena.

Talvez isso seja loucura, mas parece ser o melhor pensamento que tive
durante todo o dia. Sean era minha rocha, o cara que eu recorria. Ele era
constante, confiável e rápido com uma resposta. Quase sempre, a resposta era
otimista. Era “aproveite o dia” ou “vá em frente.”

E quase sempre foi dada aqui.

Esta arena é onde nós criamos alguns dos nossos melhores planos.

Enquanto ando pelas arquibancadas, mais perto do gelo, eu juro que


posso sentir a presença de Sean. Isso pode significar que estou ficando louco. Ou
talvez seja assim mesmo quando você perde alguém que ama. Você pode senti-
los em lugares que importam. Nas coisas que você compartilhou.

Se ele estivesse aqui, eu perguntaria o que fazer depois.

Quando você se esforça demais para a irmã do seu amigo, você precisa ser
homem e deixá-lo saber.

198
Sento-me e abaixo minha cabeça quase como se eu estivesse na igreja,
mas não estou perguntando a Deus, nem a um santo, nem a um fantasma. Estou
perguntando a um amigo, que está do outro lado.

Minha voz é baixa, quase um sussurro. —Eu sinto sua falta, amigo. Eu
sinto muita falta de você. Mas estamos fazendo coisas boas, e sei que você se
orgulharia do que construímos. Você também ficaria orgulhoso de sua irmã. Ela é
uma mulher incrível, brilhante, bonita e confiante. Ela tem grandes amigos e ela
sabe o que quer da vida.

Espero que eu seja parte do que ela quer.

Eu suspiro e depois digo a próxima coisa, a parte mais difícil. Mas uma vez
que as palavras estão fora, não há nada difícil de dizer. São as palavras mais
verdadeiras que já falei.

—Não planejei me apaixonar por ela. Mas aconteceu. E você sabe o que
eu penso? O que eu espero, pelo menos? Que você me diga para ir em frente.
Mesmo que você resmungue. Mesmo que você me ameace com lesões corporais
no início, me advirta para nunca machucá-la. Mas, no final, acho que você diria
para ir em frente, porque você saberia que a trataria bem. E eu vou, Sean. Eu vou
tratá-la como a mulher mais adorada do planeta, porque ela é, e eu não quero
perder essa chance para sempre.

Para sempre.

A palavra soa no meu cérebro.

CJ a usou na noite passada na cozinha, enquanto eu procurava pelo


cardápio de sushi.

—Você acha que o amor pode durar para sempre?

Eu respondo para mim desta vez.

Sim. Sim, eu quero. Mas só se você tiver a coragem de dizer à mulher que
você deseja estar com ela para sempre.
199
CAPÍTULO 29
Graham

Eu corro.

Eu corro atravessando a cidade. Eu passo por casais desfrutando


encontros de domingo à noite, passo por famílias voltando depois de um dia
maravilhoso de primavera. Eu corro por pessoas que vão para os prédios de
escritórios para trabalhar até tarde em um fim de semana.

Esse era eu.

Esse era eu, até ontem à noite.

Mas não é quem sou agora.

Eu corro com mais energia do que eu corri quando comecei esta manhã.
Ela não está longe, mas andar é para pessoas que não sabem que estão
apaixonadas.

Não me importo de ir para casa e tomar banho. Não paro para comprar
flores.

CJ não quer ou precisa de flores. Não se trata desse tipo de presente. Isto
é sobre algo novo, algo diferente. Isso acontece o tempo todo. Ela é a única. Ela
sempre foi a única, nunca esteve longe de meus pensamentos, mesmo antes
desta semana juntos.

Desta vez eu tenho que ir sem nada, por assim dizer. Aventurar-me em um
território desconhecido sem o meu kit de ferramentas usual de presentes, doces,
lingerie e flores. O arsenal de sedução não é o que eu preciso agora, não esta
noite.

Assim que eu chego ao prédio dela, subo os degraus, alimentado por pura
200
adrenalina e uma necessidade louca de garantir que ela saiba que eu a amo. Pego
meu celular e aperto meu dedo contra o nome dela, chamando-a.

Minha respiração vem pesada e curta enquanto espero por ela responder.

Sua voz está tremida, um pouco surpresa quando ela pergunta: —Olá?

—Eu estou do lado de fora. Eu preciso ver você.

Há uma pausa. —Você está... Do lado de fora?

Sem fôlego, mais palavras chegam. —Estou aqui no seu apartamento. Eu


preciso ver você. Preciso ver você agora, Borboleta.

Segundos depois, o interfone apita e eu empurro minhas mãos contra o


portão, abrindo-o. Eu subo os degraus de dois em dois até o terceiro andar. Eu
viro e vou em direção ao corredor dela, para encontrá-la em pé na entrada de seu
apartamento, bonita e vulnerável, e outra coisa também.

Esperançosa.

Eu conheço o olhar, porque é assim que eu me sinto. A esperança me


enche e transborda.

Não perco tempo. Estou pronto para dar-lhe o meu coração e eu rezo,
sujo, suado e com as mãos vazias, que ela vai querer mantê-lo. Caminho até ela.
—Eu não lhe dei uma resposta completa na noite passada.

Ela ergue o queixo, o olhar travando com o meu. —Qual foi a pergunta?

—Se penso que o amor pode durar para sempre?

Os olhos dela se arregalam e ela acena com a cabeça como se estivesse


me dizendo para continuar.

—Eu disse que não sabia por que nunca senti nada assim antes. —Eu pego
suas bochechas. —Até você.

Um sorriso doce e pequeno escapa de seus lábios.

201
—Eu estava dormindo antes de você. Adormecido, sem ao menos ter
sonhos decentes. —Eu balanço cabeça. —Mas agora estou bem acordado. E o
mundo é lindo porque estou apaixonado por você, CJ. Estou apaixonado por você.
E eu queria saber se você pode se sentir do mesmo jeito?

Seus lábios se separam, mas por um longo momento, ela não diz nada.
Minha vida, meu coração, meu futuro fica por um fio enquanto espero.
Provavelmente, são apenas alguns segundos, mas parece uma eternidade.

No momento em que ela finalmente sorri para mim, amor claro em cada
curva de seu rosto, é melhor do que todos os seus orgasmos. É ela me dando seu
coração para cuidar.

E eu cuidarei dele com muito cuidado.

Ela assente com a cabeça, sua voz suave no início. —Sim, talvez eu possa
sentir o mesmo, Graham. Talvez eu esteja tão apaixonada por você, que passei
todos os momentos desde que eu deixei sua casa ou no fundo do desespero, ou
planejando maneiras de trazê-lo de volta para mim.

Um peso sai dos meus ombros, banido por suas palavras. Eu a trago para
mais perto, precisando da conexão, saboreando seu calor. —Eu pensei que você
só me queria por causa do meu corpo sexy. —Digo, rindo com alívio.

Ela balança a cabeça com uma bufada. —Eu pensei que você só queria
uma semana e eu estava com tanto medo de perder sua amizade. Mas então, eu
decidi que não poderia deixar você ir sem lutar. Eu estava escrevendo todas as
razões pelas quais estamos destinados a ficar juntos quando você ligou.

—Eu gosto quando você luta por mim. —Acaricio sua bochecha, sorrindo
porque não consigo parar. —Eu quero ler sua lista.

Seu olhar levanta-se até o teto. —Eu não cheguei muito longe. Eu estava
começando, quando esse cara que eu realmente gosto, apareceu na minha porta
e disse que me amava.

—Que idiota é esse cara. —Provoco.


202
Ela balança a cabeça, a brincadeira desaparecendo. —Não, ele não é um
idiota. Ele é um homem maravilhoso, com o coração mais amável e o espírito
mais generoso, que também não gosta de emojis, e que também é incrível na
cama.

Eu rio, grato pela piada. Chegou a tempo, antes que eu começasse a


chorar aqui no corredor.

—Ele me ensinou como é bom se apaixonar. —Continua ela, passando as


mãos gentilmente pelas minhas costas. —Tão bom que eu quero continuar
aprendendo isso várias vezes.

Meu coração bate forte contra meu peito. —Borboleta, continuaremos


aprendendo juntos. Você já me ensinou muito mais do que jamais poderia ensiná-
la. Acontece que se apaixonar é bastante surpreendente.

Ela engole em seco e seus olhos brilham com lágrimas. —Estou tão feliz
por ter sido eu.

E assim, ela me lembra novamente por que eu a amo, como ela abre seu
coração e me tira do frio.

—E estou tão feliz que você me acordou. —Mergulho minha boca na dela,
esse beijo é uma promessa. Um voto para nunca ter seu coração como garantido.

Seus lábios roçam contra os meus e tudo no mundo parece certo e


verdadeiro.

Quando nos separamos, olho para dentro de sua casa, onde Stephen King
está rolando em frente à televisão, roendo seu controle remoto. —O que você
acha de abandonar os sete dias de sedução e transformá-los em um sempre?

—Você é meu sempre. —Ela arqueia suas sobrancelhas, pega minha


camisa suada e me puxa para dentro de seu apartamento. —E agora, eu quero
você todo.

—Tenha-me, mulher. —Digo com um rosnado quando a porta se fecha.

203
Em segundos, ela nos trancou no quarto dela, tirou minha camisa,
empurrou meus shorts e está sussurrando no meu ouvido que podemos fazê-lo
sem proteção, já que ela está no controle de natalidade.

Não vim para a casa dela esperando um presente, mas esse pode ser o
melhor presente de todos. Quando deslizo para dentro, sentindo tudo, eu sei. Eu
sei que só vai continuar melhorando.

Essa é outra coisa que ela me ensinou e é uma lição que eu não posso
esperar para continuar aprendendo todos os dias.

204
CAPÍTULO 30
Graham

É segunda-feira à tarde. Hora de ir. Os membros do conselho estão


reunidos dentro da sala de reuniões com suas bebidas, a prévia de marketing
brilhante que nossa agência de publicidade preparou e todas as suas noções
preconcebidas.

Alguns querem vender.

Eu sei disso.

E eu sei que há uma chance de que nada que CJ ou eu dissermos, mudará


a ideia deles.

Há uma semana, o pensamento teria me virado do avesso.

Mas agora, eu tenho essa mulher, essa pessoa incrível que estará do meu
lado, no meu coração e na minha cama, não importa como seja a votação de hoje.

Eu vou ficar bem. Melhor do que bem, porque tudo o que importa está
aqui ao meu lado.

—Você está pronta? —Apertei rapidamente sua mão do lado de fora da


pesada porta marrom.

CJ olha para mim, seus olhos calmos e seguros. —Eu estou. E você
também. Você conseguiu isso. Não há dúvida para mim.

Eu sorrio, lutando contra o desejo de inclinar-me e beijá-la.

Mais tarde. Após a votação. Eu vou fazer no mesmo segundo que


estivermos sozinhos, porque eu vou precisar de seu beijo, não importa de que
maneira as coisas aconteçam.
205
Eu atravesso a porta, segurando-a para que CJ entre antes de mim.
Sentamos em nossos lugares enquanto sorrio para os rostos familiares, mesmo
para Bill e Betsy, que estão usando a mesma expressão “eu não vou mudar”.
Bem, muito ruim caras. Eu vou mudar vocês ou morrer tentando...

Rapidamente, discutimos os assuntos comerciais padrão. Em seguida,


seguimos para o tópico chave. Eu estou na ponta da mesa.

—Então, como todos vocês devem saber... —Pauso, criando o suspense


enquanto tomo um momento para fazer contato visual com cada pessoa na mesa.
—Eu sou um homem do sutiã.

Eu sou recompensado com os risos da maioria.

—Sim, eu sou um homem do sutiã, da calcinha, um homem do baby doll.


—Continuo. —Eu adoro roupas íntimas, e não tenho medo de admitir isso. Eu
amo roupas íntimas, amo mulheres em roupas íntimas e adoro essa empresa.
Adored é mais do que um nome para mim. Quando Sean e eu começamos esse
empreendimento, queríamos garantir que todas as pessoas que vestissem nossos
produtos se sentissem especiais, valorizadas, insubstituíveis. Às vezes, isso
significa que elas vão olhar no espelho e amar como uma determinada roupa as
faz sentir. Às vezes, significa que elas vão impressionar seus amantes em uma
lingerie que traz o tipo de mulher que elas querem ser.

Eu vou em direção à janela com vista para a cidade, fazendo sinal para o
horizonte ensolarado. —A beleza significa coisas diferentes para pessoas
diferentes. Toda mulher lá fora é um indivíduo único e bonito. Mas essas
mulheres, as mulheres que usam nossa lingerie, também têm coisas em comum.
Elas valorizam qualidade, originalidade e integridade. Elas se valorizam e
acreditam que merecem o melhor.

O meu olhar volta para a sala. —Com a nossa indústria em constante


evolução, pode ser tentador pensar em outras opções. Opções mais fáceis, talvez.
—Eu encolho os ombros, erguendo minhas mãos aos meus lados. —Claro, por
que não vender a nossa empresa de lingerie para um conglomerado que vende de

206
tudo, de meias e ternos, até máquinas de cone de neve e remédios para
carrapatos para seu cão?

O riso abafado assegura-me que a sala ainda está comigo.

—Mas Adored nunca foi fácil. Trata-se de um compromisso com algo bom,
em um mundo que está se afogando no rápido, barato e descartável. —Eu
encontro o olhar de Bill, então o de Betsy, observando suas expressões
suavizarem. —É sobre o que as mulheres merecem, não o que o mundo lhes
disser para se contentar. Vocês querem alguém liderando essa empresa, que
entenda isso e que entenda por que a Adored é especial. Uma empresa de um
tipo específico de homem. —Meu olhar desliza brevemente para CJ, o suficiente
para que apenas ela compreenda enquanto eu digo. —Um homem de uma
mulher só. —Ela sorri, deixando meu coração leve, nas nuvens, que é como temos
nos sentido ultimamente.

Eu termino com uma frase que é muito mais do que negócios. —Eu quero
ser esse homem e espero que vocês queiram que eu continue.

Um monte de aplausos educados enchem a sala enquanto eu vou em


direção a CJ. —Agora, Caroline, a irmã de Sean, gostaria de dizer algumas
palavras.

CJ levanta, linda e equilibrada como sempre, e nunca estive mais


orgulhoso por tê-la ao meu lado. —Olá a todos. Acredite em mim, eu sei que
pode ser atraente explorar diferentes opções. Compreendo a tentação e a
experimentei. Mas, no final, percebi que a venda teria sido uma escolha que eu
faria por medo, por falta de crença no que eu poderia realizar.

Seu tom melhora quando ela acrescenta: —E o medo nunca é uma boa
razão para fazer uma grande mudança. Se uma venda fosse a coisa certa, você
sentiria dentro de você. Seria algo que você estaria pronto para lutar. —Ela pausa,
dando uma pequena sacudida de cabeça. —Mas esse não é o sentimento que eu
tenho aqui hoje. Eu sinto que todos vocês acreditam que o futuro da Adored é
valioso e que deve ser confiado a alguém que entenda isso.

207
CJ arqueia uma sobrancelha enquanto ela dirige-se a mim. —E bem...
Graham entende sobre calcinhas.

O riso na mesa é mais alto desta vez, mas eu só tenho olhos para essa
mulher, essa criatura explosiva conduzindo a reunião em grande estilo.

—Ele conhece sutiãs, corpetes e espartilhos. —Seu sorriso desaparece


quando ela acrescenta. —Mas ele também conhece algo muito importante. Ele
sabe como ouvir as mulheres. Seus clientes. As pessoas que apreciam e valorizam
os produtos da Adored. Ele escuta, ele aprende, ele se ajusta, ele dirige, e essa é a
marca registrada de um grande empresário. —Ela olha de volta para mim, seus
olhos brilhando. —É também a marca registrada de um grande homem. Obrigada.

CJ senta-se recebendo aplausos ainda mais altos e eu sei que os


conquistamos.

A votação para manter os negócios como estão é unânime. Minha


empresa ainda é minha e isso me faz um homem feliz.

Mas outra pessoa me deixa ainda mais feliz.

Após a reunião, eu a roubo para o meu escritório, trancando a porta atrás


de nós.

—Você foi incrível. —Murmuro contra seus lábios, beijando-a forte e


profundamente, enquanto empurro-a através da sala.

—Você também. —A respiração dela falha enquanto eu a levanto na


minha mesa e subo sua saia mais alto em suas coxas. —Você é sexy quando você
está comandando uma sala.

—Você é sexy na minha mesa. —Beijo uma trilha abaixo de sua garganta
enquanto eu trabalho para abrir os botões em sua blusa. —Na verdade, tive essa
fantasia recorrente sobre você na minha mesa...

Então, eu mostro a ela, e é seguro dizer que estamos votando um sim


unânime, para uma tarde de prazer no escritório.

208
Epílogo
CJ
Seis semanas depois. . .

Eles dizem que as coisas boas vêm para aqueles que esperam.

Não tenho certeza de que isso seja sempre verdade, mas nunca vou me
arrepender de esperar por Graham, esse homem que sempre sabe exatamente
como me fazer sorrir.

—Festa a fantasia. Festa de vinte e seis anos. —Leio, examinando o


convite que ele enviou para minha aprovação. Olho para ele, sorrindo de orelha a
orelha.

—Como você sabia que eu sempre quis me vestir de palhaço assustador e


festejar durante toda a noite?

Ele gemeu com falso desgosto. —Sem palhaço. Qualquer coisa, exceto um
palhaço.

Eu deslizei em seu colo, no nosso sofá, nosso porque eu me mudei para cá


há duas semanas, e agora, sua casa é a nossa casa e pressiono um beijo na sua
bochecha desalinhada de sábado de manhã. —Tudo bem, sem palhaço. Mas sim.
Eu amo isso. E você. E não posso esperar para vê-lo vestido como um Drácula
sexy.

Ele geme baixinho enquanto me puxa mais perto, murmurando com um


terrível sotaque da Transilvânia: —Sim, minha querida, vou me vestir como
Drácula e morderei seu belo corpo durante toda a noite.

Ele mordisca meu pescoço e dissolvo em risadas que se torna um suspiro e


um gemido suave, enquanto seus beijos se tornam quentes. Nós nos retiramos
para o nosso quarto, e ele me surpreende de novo com a rapidez com que ele
209
pode me tornar selvagem e voraz, como se eu estivesse me afogando em prazer e
beleza.

E depois, uma vez que deixamos o Stephen King entrar para se enrolar no
pé da cama e mastigar um velho par de meias de Graham, seus novos brinquedos
de mastigação favoritos, nos aconchegamos e fazemos mais planos.

Planos para quatro de julho no terraço de sua amiga Luna.

Planos para férias em agosto em Martha's Vineyard, onde pretendemos


aumentar nossos pesos comendo sanduíches de lagosta.

Planos para um teatro em setembro, seu aniversário em outubro e uma


visita na casa de seus pais em West Palm Beach em novembro, para o Dia de Ação
de Graças.

Embora todos os dias pareçam Ação de Graças ultimamente.

Eu tenho tanto para agradecer.

Por este homem, essa vida, essa alegria, esse amor...

---
Graham
Chove todos os dias que estamos na Flórida para o Dia de Ação de Graças,
chuvas torrenciais que mantêm CJ e eu trancados em casa com meus pais, presos
para horas de histórias embaraçosas da minha juventude, inúmeros torneios de
pôquer valendo centavos e muitas tortas.

E é, inesperadamente... Perfeito.

Mamãe e papai amam CJ, eles, especialmente, se divertiram com a


camiseta “Olha o quanto eu me importo!”, que ela usa para dar sorte quando

210
estamos jogando pôquer, e CJ os ama. Ela se enquadra como se estivesse
entrando em um lugar vazio na nossa família, nenhum de nós sabia que estava lá,
até ela ocupar seu espaço.

Para o Natal, meus pais voam para o norte para desfrutar das festividades
na cidade e eu me certifico de ter um hotel perto de toda a ação da Midtown. Nós
apreciamos a árvore no Rockefeller Center, os museus e o Espetáculo de Natal de
Rockettes, e CJ e eu passamos nossas noites sozinhos, mantendo-nos
aconchegados enquanto a neve cai lá fora.

—Você conseguiu tudo o que você queria? —Pergunto a ela quando o


Natal chega ao fim e nós nos caminhamos pelo corredor até a cama.

—Eu já tinha tudo o que queria, mas sim, seus presentes foram perfeitos,
como sempre. —Ela fica na ponta dos pés para beijar minha bochecha antes de
acrescentar com uma voz cruel:

—Embora haja uma coisa que não encontrei sob a árvore...

Arqueio uma sobrancelha, fingindo ignorância, embora a mão dela corra


sobre minha bunda, deixando poucas dúvidas sobre o que a minha raposa tem
em mente. —Oh? E o que seria isso?

—Você. —Ela murmura, levantando o queixo. —Nu e à minha mercê.

Eu a beijo, sorrindo contra seus lábios. —Isso pode ser organizado,


Borboleta. Neste exato segundo.

E é.

E eu estou à mercê dela.

Quando se trata de CJ, meu coração está aberto, sem defesa e eu não
faria de outra maneira.

211
Outro Epílogo
CJ

Onze meses depois...

Eu puxo um bonito suéter, coloco um dos meus colares de botão de


máquina de escrever, depois dou uma última ajeitada no meu cabelo.

Avaliando meu reflexo no espelho, decido que eu pareço muito bem para
uma mulher que está indo para o brunch do domingo de manhã com seu
companheiro de quarto.

Rindo dessas palavras, como se elas pudessem até começar a abranger a


profundidade do que compartilhamos nesta casa, eu vou para a sala de estar,
parando para dar a Stephen King uma afagada no queixo.

Um ronronar rápido me diz que ele gosta da atenção.

—Claro que você gosta de atenção. Você é um homem. —Digo, depois


esfrego suas orelhas. Bom, eu gosto de estragar os homens da minha vida.

Pego minha bolsa, coloco-a no meu ombro e eu estou procurando meu


celular pela sala, quando ele toca alto da mesa de café. É Ted, o porteiro do fim
de semana.

—Há uma entrega para você.

—Pode subir.

Poucos minutos depois, eu abro a porta e agradeço a Ted, enquanto pego


uma pequena caixa branca dele. Quando a porta se fecha, arranco a fita.

212
Franzo minha testa enquanto encontro um lápis número dois nele.

O que é isso?

Há uma nota. Traga o lápis para o brunch, minha


borboleta.

Dou de ombros, feliz. Esse é Graham. Ele é o rei dos presentes e eu tenho
que dizer, adoro essa habilidade especial dele. O novo colar de couro de Stephen
King, é uma prova de que Graham pode se esforçar para comprar presentes para
qualquer pessoa ou criatura.

Colocando o lápis na minha bolsa, eu vou para o restaurante Ruby’s


Kitchen, onde ele disse que me encontraria depois de um treino matinal. Nós nos
tornamos regulares na Ruby. Depois daquele primeiro brunch, quando fiquei
muito chocada com a audácia da minha proposta para jantar, fizemos questão de
raramente perder os ovos e as torradas francesas de lá.

Ambos são deliciosos.

Quando chego, olho através das cabeças curvadas dos clientes, mas não
vejo o lindo maxilar de Graham, nem a fantástica confusão de cabelos castanhos
que eu amo correr minhas mãos. Mas eu sei que ele estará aqui em breve.

Eu falo para a recepcionista que estou aqui para uma reserva para dois, e
ela guia-me imediatamente para uma mesa. Sento-me, alisando minha mão sobre
toalha de mesa branca, lembrando quando eu pedi a ele para me ensinar.

Senti-me selvagem e louca depois. Eu nunca teria esperado voltar aqui


quase um ano depois, vivendo de um amor maravilhoso que cresce cada vez mais
forte a cada dia.

Mas sim.

Certamente que sim.

—Senhorita Murphy?

213
Olho para o rosto jovem de um garçom. —Sim. Bom Dia.

—Eu tenho algo para você. —Ele me entrega outra caixa branca, amarrada
com uma fita prateada desta vez. É maior do que a que foi entregue em casa, do
tamanho de uma caixa de camisa ou suéter.

Gentilmente, eu tiro a fita, deixando-a cair aberta. Eu abro para


encontrar...

Um caderno preto de anotações?

Minha testa franze enquanto eu o pego e leio a frente.

Um novo plano de aula.

Estou abrindo-o quando uma voz que eu conheço muito bem chega aos
meus ouvidos. —Há algo que eu quero que você me ensine.

Graham fica ao meu lado, parecendo tão bonito como sempre em jeans e
uma camisa azul-marinho de botões, enrolada nos punhos.

—E o que seria? Um pedido duplo de torradas francesas? Porque eu posso


fazer isso, já que estou morrendo de fome. —Eu ri, gesticulando para a cadeira
em frente a mim, mas ele permanece de pé. —Você não quer se sentar?

Ele balança a cabeça. —Eu quero me ajoelhar.

Ele cai em um joelho e eu suspiro. Meus olhos arregalam-se enquanto ele


abre a palma da mão. Outra caixa. Uma pequena de veludo azul. —Ensina-me a
apreciar-te, amar-te e honrar-te todos os dias das nossas vidas enquanto
vivermos.

As lágrimas nem sequer têm a cortesia de esperar. Elas rolam por minhas
bochechas enquanto ele tira um lindo diamante esmeralda.

—Você quer se casar comigo?

—Sim. Sim. Sim. —Digo, enquanto ele desliza o anel no meu dedo e

214
envolvo meus braços ao redor dele. —Mas você não precisa de lições em nada.
Você já é perfeito para mim. De todas as maneiras.

---

Graham

Às vezes eu comparo minha vida ao cinema. Me inspiro em meus heróis


favoritos procurando orientação sobre o que eles podem fazer em uma dada
situação.

Quando penso em meus filmes favoritos, não há dúvida de qual eu estou


protagonizando agora.

Cada filme romântico já feito.

E eu não poderia ser mais feliz por imaginar os créditos de encerramento


que rolam, enquanto eu sento-me em frente à mulher que será minha esposa, e
preparo-me para desfrutar da melhor torrada francesa em Manhattan e décadas
de felicidade.

FIM

215

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