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© 1989 – Antônio Vera Ramirez
“El Animo del Kiai”
Tradução de Izabel Xrisô Baroni
Ilustração de Benicio
Colaboração de
Silvio Roberto Villar
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ESTE É O INICIO
Jerry Stack era um homem que dificilmente se sentia
aborrecido ou de mau humor, mas naquele momento estava
quase estourando e tudo por causa da senhorita Brigitte
Montfort, a jornalista mais famosa do mundo.
Claro que ele conhecia a senhorita Montfort, embora esta
não o conhecesse... Pudera, nunca fora um sujeito famoso
como ela. Agora, naquele leilão em Hong Kong a senhorita
Montfort estava rodeada de homens de várias
nacionalidades, todos eles procurando bajular a repórter.
Certamente eram colegas que a estavam protegendo durante
sua estada em Hong Kong, mas estava claro que todos se
sentiam enamorados por ela... Aliás, qual o homem que não
se apaixonaria por uma musa tão linda, de olhos azuis
imensos, boca vermelha como uma cereja madura e uma
covinha encantadora no queixo? Realmente era uma mulher
linda e simpática.
Isto é, fora simpática até momentos antes, quando ainda
não estava interessada por aquela katana. Interessado
também estava aquele milionário japonês que agora fazia
lances altíssimos para adquirir a katana, mas tinha elevado
suas ofertas por causa da senhorita Montfort que o
continuava provocando... Jerry Stack desistira de adquiri-la,
pois de maneira alguma poderia dar-se ao luxo de pagar
aquela fortuna por uma arma oriental... embora esta não
fosse uma katana qualquer.
Havia pertencido a um guerreiro samurai do século
XVIII, chamado Akiro Orosawa que depois de muitas lutas e
inumeráveis vitórias a serviço de seu daimio, amo e senhor,
chegou a conquistar por seus próprios méritos, valor e
inteligência a situação de daimio. Contava a lenda que teve a
seu serviço mais de cem samurais e que, como amo e senhor
sempre os havia dirigido com bondade... Maldita mulher!
Por que a senhorita Montfort tinha de estar disputando a
katana que ele tinha almejado possuir? Há muito tempo
vinha sonhando em ter a katana que fora do valoroso Akiro
Orosawa!
— Cinquenta mil dólares! — foi o lance máximo da
senhorita Montfort.
Jerry Stack teve ímpeto de se levantar e abandonar o
leilão que se realizava na Avenida Victoria de Hong Kong.
Por que havia viajado para adquiri-la? Inferno! Viajara para
ver a garota mimada da reportagem mundial mostrar a todos
que tinha dinheiro para satisfazer seus desejos frívolos e para
aborrecer alguém que desejava realizar o sonho de uma
vida...!
Bom, na verdade o japonês que se digladiara com ela
através dos lances também estava de cara fechada.
No final das contas, a senhorita Montfort era a nova
proprietária da katana, mas se ele perdera uma compra
durante o leilão, não devia escabelar-se, muito pior teria sido
se houvesse perdido a última competição de kendo... ou se
tivesse acontecido alguma coisa com sua esposa ou com o
filho que era a alegria de ambos.
E tinha mais, se fosse derrotado quando venceu, quando
lutou com garra e coragem para sair vitorioso naquela
ocasião... que talvez sempre fosse uma das mais importantes
de sua vida... sim, quando conseguiu derrotar alguém que se
dedicou a decepar cabeças...
CAPÍTULO PRIMEIRO
Quero ver o senhor Maeda
CAPÍTULO SEGUNDO
O encontro marcado
CAPÍTULO QUINTO
O laboratório sinistro
ESTE É O FINAL
De repente, sentiu que uma mão delicada pousava em
seus ombros, rapidamente reagiu e abandonou as
recordações que evocava.
— O senhor está bem? — perguntou a senhorita
Montfort.
Jerry Stack olhou para ela com surpresa e depois para a
sala já quase vazia. O leilão já havia terminado, mas a
senhorita Montfort estava de pé à sua frente, olhando para
ele com um sorriso encantador. Levantou-se agilmente e
murmurou:
— Perdoe-me... Encontro-me perfeitamente, apenas
estava distraído.
— Aposto como sonhava que era um grande samurai que
percorria as montanhas do Japão brandindo sua katana
invencível, ajudando os necessitados e lutando pela justiça.
— Não, não era bem isso o que estava acontecendo —
Jerry não pôde evitar um sorriso. — Queria felicitá-la por ter
conseguido a katana, senhorita Montfort.
— Não chega a ser um objeto de muita importância. Fiz
questão de arrematá-la para presenteá-la a um colega.
— Outro jornalista?
— Percebo que me conhece bem.
— Todo o mundo a conhece, senhorita Montfort.
— O que às vezes chega até ser cansativo. Porém,
aprendi que devo ser paciente e aturar os inconvenientes de
ser famosa. Agora mesmo, por exemplo, tenho alguns
colegas que juram estar loucos por mim; todos eles querem
convidar-me para jantar, desejam mostrar-me alguns
recantos agradáveis de Hong Kong, todos querem... tudo
quanto podem querer.
— Há pessoas que sabem se fazer queridas sem grandes
esforços e evidentemente a senhorita é uma destas. Seus
amigos são afortunados. Só espero que aquele que vai
receber essa katana de cinquenta mil dólares saiba usá-la
com inteligência.
— Não tenho dúvidas que saberá. Só espero que não
decida ir por aí decapitando as pessoas malvadas! Os tempos
mudaram e agora um samurai deve comportar-se de modo
diferente, não concorda comigo?
— Depende — murmurou Jerry.
— O que quer dizer?
— Que há muita gente que merece ser decapitada.
— Caramba, quase que me assusta e francamente não sei
se farei o melhor presenteando-lhe esta katana.
— Por que a mim? — Jerry parecia pasmo. — Perdoe-
me, mas... nunca fui seu colega e a senhorita nem sequer me
conhece. Por que está procurando divertir-se senhorita
Montfort?
— Sabe por que me esforcei em fazer tantos lances para
adquirir a katana? Somente porque pressenti que o japonês
tinha mais poder aquisitivo que o senhor e ia acabar
arrematando a arma secular e eu fazia questão que ela fosse
sua.
— Por quê... — o assombro prosseguia. — Por quê. se
nem sequer sabe sou ou a que me dedico?
— O senhor é Jerry Stack, um discípulo de meu mestre
Inomura e um dos kendoka de grandes aptidões, além de ser
praticante de outras modalidades de arte marcial. Está casado
com a ex-sargento Sarah Barrow e têm um garotinho lindo.
— Como sabe tudo isso a meu respeito? — perguntou
surpreendido.
A senhorita Montfort sorriu e lhe entregou a katana.
— Se me convidar para o jantar, podemos conversar
sobre vários assuntos e para começar, o senhor tem visto o
nosso Sensei?
A SEGUIR:
Brigitte Montfort, a deliciosa agente Baby da CIA
é contatada por um amigo Natan, um de seus
particulares e seletos amigos, também presidente da
pequena e fictícia republiqueta centro americana San
Nataniel. Ele pede que ela investigue uma
propagação de ideais libertários, dirigidos por alguém
que se intitula Novo Libertador.