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“Próxima Mumanidad”
Tradução de Izabel Xrisô Baroni
Ilustração de Benicio
Colaboração de
Sérgio Bellebone
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CAPÍTULO PRIMEIRO
O poeta filósofo
CAPÍTULO TERCEIRO
Negros, negros, negros...
CAPÍTULO QUARTO
Mande entregar no “Margherite”
2
Politburo, abreviatura russa de Politítcheskoe Byurô, se refere ao órgão
máximo e executivo de distintos partidos políticos, especialmente de partidos
comunistas. (NR)
— Você me deu um livro de presente e eu lhe trouxe para
que escolhesse dois quadros. Aqueles que quiser. Meu amigo
ficaria satisfeito se soubesse que seus quadros estão
enfeitando a casa da agente Baby.
— Quero estes dois — disse a espiã, mostrando-os. —
Antes de sairmos daqui, gostaria de passar os olhos pelo
apartamento.
— Pode fazer o que tiver vontade, colega. Faça tudo
enquanto eu embrulho seus quadros.
O exame foi mais rápido do que a feitura do embrulho.
Aproximou-se do russo com ar decepcionado.
— Aqui não há nada que possa nos ajudar.
— Eu já sabia disso, mas pelo menos você escolheu dois
quadros de meu colega e amigo. Agora já podemos ir.
Brigitte apanhou os livros sem dizer uma palavra e Basili
pegou o pacote que tinha acabado de fazer. Ela abriu a porta
e ficou parada, olhando para o cano do silenciador de uma
pistola que estava apontada para seu estômago. Ao lado
dessa havia uma outra arma, virada na direção de Basili
Chelkuvenko e atrás dos revólveres, dois chineses mal-
encarados.
— Retrocedam lentamente — disse um destes.
Os dois obedeceram.
— Agora joguem as armas no chão — falou o outro
chinês. — Não façam movimentos bruscos porque eu não
gostaria de matá-los.
Mais uma vez, Baby e Chelkuvenko obedeceram.
Soltaram os livros e os quadros em cima da mesa e ao lado
destes Brigitte colocou sua bolsa vermelha estampada com
florezinhas azuis. A pistola nacarada de madrepérola estava
dentro dela, mas como poderia apanhá-la?
— Eu não estou carregando arma — disse o russo.
— E a minha está dentro da bolsa. Se estão procurando os
assassinos de Wo Peng, nós nada temos a ver com o caso.
— Não? Então nos digam, quem o assassinou?
— Foram três negros. Evidentemente vocês eram amigos
de Peng e por isso, já deviam saber que ele estava mantendo
uma relação muito estranha com alguns negros,
especialmente com um em particular. Vocês desconheciam
as atividades do antigo companheiro?
— Atividade? Peng ultimamente dedicava todo seu
tempo às coisas que apreciava. Primeiro o mantínhamos sob
vigilância, mas ele nada fazia fora do comum do dia-a-dia e
acabamos esquecendo-o. Só nos preocupamos novamente
quando soubemos que um russo parecia estar muito
interessado por ele. Passamos a vigiar o tal russo e um dia o
seguimos até aqui. Depois, compreendemos que ele apenas
fazia seu trabalho de rotina e que estava perdendo seu tempo
com Wo Peng. Tudo ia muito bem, até quando soubemos
que o velho fora assassinado e desde então, estamos aqui
aguardando a vinda do russo.
— Ele também foi morto pelos mesmos negros.
Os chineses ficaram olhando para ambos com olhares
inexpressivos. Depois um deles ficou alguns segundos
observando os quadros e só então, perguntou à Baby:
— Não foram vocês quem mataram o velho Wo Peng?
Ele não foi assassinado pelos russos?
— Não — respondeu com firmeza sem retificar o erro,
pois a julgavam também soviética. — Já lhe disse que ele foi
morto por três negros e estes mesmos homens também
mataram Fedor Ilyef, horas mais tarde. Vocês não tomaram
conhecimento da morte do russo porque este não foi
identificado publicamente... Alguém está me chamando pelo
rádio.
— Que rádio?
— O rádio que está em minha bolsa. Vocês não o estão
ouvindo porque não têm uma audição aprimorada como a
minha. Creio que deveriam deixar-me atender a chamada.
Um dos chineses apanhou a bolsa vermelha, abriu-a e viu
o rádio minúsculo emitindo sinal de chamada. Olhou para
Baby fixamente.
— Quem a está chamando?
— Companheiros que também estão trabalhando em
várias pistas procurando elucidar este assunto.
O chinês encolheu os ombros e estendeu o rádio a
Brigitte. Em seguida, levantou a pistola quase encostando
seu cano no rosto da moça.
— Sim?
— Você está bem?
— Não se preocupe comigo. Há alguma novidade?
— Sim, já localizamos o endereço de Henry Flower e sua
casa já se encontra cercada por vários de nossos rapazes. Se
você nos autorizar, faremos uma busca. Já sei que recebeu
dois exemplares do “Eternidade” e que tomou champanha
com Chelkuvenko. Como foi a entrevista?
— Tudo bem. Nós ainda continuamos juntos, no
apartamento de Fedor Ilyef. Era um pintor de categoria.
— Quem, Fedor Ilyef?
— Sim. Basili me presentou com dois quadros.
Houve uma pausa mais ou menos prolongada e a voz
agora parecia mais tensa:
— Tudo está bem, não está acontecendo nada?
— Nada que eu não possa resolver.
— Muito bem. Outra coisa, todos os negros estão
abandonando o Central Park. Milhares de negros estão
tomando o metrô para o Harlem. Foi esta a informação que
recebemos dos dois agentes negros que estiveram no Central
Park.
— E o que fazem quando chegam ao Harlem?
— Nada. Sentam-se no solo em grupos e firam
esperando. E há outra novidade: mais negros estão chegando
de todas as partes e desembarcam em Nova Iorque. Alguns
chegam de trem, e outros em carro particular. Também estão
chegando em motos e bicicletas. Até caminhões cheios de
negros estão vindo para cá. Disseram-me que já devem ter
chegado esta noite a Nova Iorque mais de duzentos mil
negros. Não sei o que estão tramando, mas algo muito sério
deve ser.
— Tio Charlie, quero todos os dados que puder obter
sobre um indivíduo chamado Jason Chesterhimes. É pastor
da Riverton Church, cuja casa de reunião está localizada na
135th Street. Não façam nada, só levantem a vida pregressa
do sujeito. Quero todas as informações possíveis sobre ele.
Quanto aos negros, também não façam nada, deixe-os
tranquilos. Apenas avise os altos comandos da polícia para
que distribuam ordens neste sentido a seus agentes. Tanto o
FBI, como qualquer outro órgão de fiscalização não deverão
agir de modo algum. Entendido?
— Claro.
— Deixei minha mala no quarto, mas vou necessitar dela.
— Um agente poderá levá-la até onde está.
— Não, nada de Simons envolvidos neste caso. Contrate
um táxi. O motorista do mesmo deverá entregar-me a mala
no cruzamento da Broadway e Houston, justamente na
entrada do metrô. Apanharei a mala e lhe mandarei algumas
fotos do reverendo Chesterhimes que já consegui. Assim que
você receber as fotografias desapareça da raia, tanto você
como os rapazes que colaboram aí. Apenas deverão reunir
dados sobre Jason Chesterhimes. Nenhum agente deve ficar
circulando pelas ruas em todo o Estado. Você me entendeu
bem, tio Charlie?
— Sim, mas o apartamento de Henry Flower...
— Esqueça-se dele. Os outros assassinos já devem estar
no Harlem, como todos os negros que estão chegando à
cidade. Tio Charlie, não teime e siga todas minhas
orientações.
— Farei tudo como disse, mas você o que vai fazer?
— Apanhar o metrô.
Baby cortou a ligação e devolveu o rádio ao chinês. Os
dois agora pareciam mais tensos e preocupados, enquanto
Basili Chelkuvenko parecia divertir-se diante daquela
situação inusitada.
De repente, um dos chineses a fitou demoradamente e
perguntou:
— Você é Baby, não é?
— Sim. E ele é Basili Chelkuvenko da KGB, encarregado
das investigações pela morte do companheiro Fedor Ilyef.
A perplexidade dos chineses continuava aumentando.
— O que está acontecendo com os negros?
— Pelo que sei estão reunindo-se no Harlem, atraídos
pela promessa de uma “próxima humanidade”.
— O quê, de que você está falando?
— Vou propor-lhes algo um pouco estranho — sorriu
Baby. — Os dois ficarão aqui conversando com Basili que
poderá explicar-lhe tudo que desejam saber e eu vou tomar o
metrô para ir ao Harlem.
— Você não vai! — exclamou Basile Chelkuvenko. —
Se os negros virem uma moça branca...
— Sou eu quem resolve meus problemas, camarada —
respondeu, sorrindo.
Depois olhou para os dois agentes da Lien Lo Pou e
continuou:
— O que vamos fazer? Agiremos com inteligência e
camaradagem ou vamos portar-nos como verdadeiras feras
selvagens?
Os dois chineses se entreolharam, respiraram fundo e um
deles respondeu:
— Baby é a mulher mais famosa da espionagem e sempre
faz o que deseja. Vá em paz e boa sorte.
CAPÍTULO SEXTO
Encontro com o reverendo
CAPÍTULO OITAVO
Ela me mata e eu serei o herói
CAPÍTULO NONO
Cada homem morre como merece
ESTE É O FINAL
Peggy entrou na sala de estar do apartamento de Brigitte
e Pitzer foi o primeiro a tirar um copo de champanha da
bandeja.
— Puxa vida, pensei que nunca mais fôssemos nos reunir
nesta saleta aconchegante para bebermos de novo.
— Você não nos faria falta alguma, orangotango velho —
disse Frankie.
— Por favor, parem de brigar. Acho que já é hora de
procurarem ou pelo menos se esforçarem para serem amigos
— interveio Brigitte, tentando apaziguar a discussão que
parecia toldar o horizonte. — Adoro vocês dois, mas se tio
Charlie não tivesse atendido meu SOS com urgência,
desconfio que ambos estariam bebendo champanha sozinhos.
Durante minha vida de espionagem já enfrentei muitos casos
difíceis e me defrontei com loucos arrematados, mas por
mais que pense, não encontro em meu fichário mental
alguém tão perigoso como foi Jason Chesterhimes. Um
negro muito agradável, simpático e atraente que pregava um
projeto inconcebível. Qual é o homem que pode determinar o
destino de alguém?
— Eu posso — disse Frankie, rapidamente.
— Quem é você para fazer tal afirmação? — rebateu
Charles Alan Pitzer.
— Agora, por exemplo, vou demonstrar todo meu poder.
Brigitte, despeça-se desse velho cansativo e de Peggy,
porque nós dois iremos passar alguns dias na “Vila
Tartaruga”.
— Não posso fazer isso, Frankie. Nada comuniquei ao
“Morning News”. Miky Grogan colaborou na conservação
de minha vida, não se esqueça que ele me emprestou o carro
quando o corpo do negro do elevador devia desaparecer e
agora, deve estar esperando um “furo” de reportagem.
— Coitado do Frankie, possui uma deusa que tem vários
deuses à sua volta! — lamentou-se, tomando todo o
champanha que estava no copo de uma só vez.
— Não reclame tanto, Frankie. Você já esqueceu que
estive fazendo algumas compras na “Rachel’s”? Só para
aguçar sua curiosidade, querido... Comprei um biquíni
alucinante que só vou estrear quando estiver gozando do
meu paraíso terrestre.
Pitzer levantou-se e falou:
— Amigos, tchau! Pressinto que os mal-entendidos estão
sendo suavizados e eu já me sinto sobrando neste recinto.
— Tchau, tio Charlie — disse Brigitte, abraçando-o e o
beijando com carinho. — Amanhã, vou lhe fazer uma
visitinha, tá?
Peggy abriu a porta para o velho espião sair e o
acompanhou ao vestíbulo.
Os dois amigos de alma ficaram sozinhos e Frankie
comentou:
— Minha querida, já estou cansado de ficar batendo na
mesma chapa, mas nós dois começamos a envelhecer e é
tempo de pensarmos em nossa felicidade.
— Frankie, por favor, você é um homem inteligente e
deve saber que depois do Número Um, é da CIA que eu mais
gosto.