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“Cuenta Clave”
Tradução de Luiz Oswaldo Cunha
Ilustração de Benicio
Digitalização de
Uedson Campos
® 550727
CAPÍTULO PRIMEIRO
A realidade da vida
CAPÍTULO SEGUNDO
Um homem com três identidades
CAPÍTULO TERCEIRO
A viagem retardada
CAPÍTULO QUINTO
Saint-André-le-Bouchoux
CAPÍTULO SEXTO
Sempre amigos!
— Você deve estar se sentindo muito isolada — falou
Felix Miguel ao vê-la sentada com um livro nas mãos.
— Claro que não — respondeu, fechando o volume que
havia retirado momentos antes da estante. — Só os tolos
sentem solidão. Leitura é distração e, também estava
pensando, que você é um homem muito rico, Felix.
— Eu era, mas agora estou pobre como uma ratazana.
— Não me diga que gastou todo seu dinheiro para
financiar esta... operação massacre: teve de alugar esta
propriedade, contratar os homens, comprar o material que
eles gastarão na viagem...
— Foi exatamente o que aconteceu.
— E acredita que valeu a pena sacrificar-se para planejar
catorze assassinatos?
— Minha ruína econômica é apenas transitória. Logo,
logo recuperarei meu dinheiro e terei muito mais.
— Entendo. De onde vai tirar os vinte milhões de
dólares?
— Espere e verá — desconversou o rapaz.
— Então, você não quer conversar sobre isso? Tampouco
quer contar-me por que planejou os catorze assassinatos?
— Posso contar tudo para você se me disser duas coisas.
Topa?
— Topo. O que quer saber?
— Por que pintou seus cabelos de louro se são muito
mais bonitos na cor original e por que usa lentes de contato?
— Pinto meus cabelos somente para variar meu visual —
riu Lili Connors. — E uso lentes de contato porque tenho um
ligeiro astigmatismo e não tolero usar óculos. Não pensava
que você fosse um bom observador!
— Lili, por favor, não me engane, nunca minta para mim
— Felix falou agora, muito sério.
— Quem foi que o enganou, querido? Por que está tão
magoado?
— Não quero falar sobre este assunto, mas por favor, não
minta.
— Felix Miguel, é muito difícil a gente ser expansiva
com uma pessoa tão retraída, praticamente, é você quem
força os outros a serem reservados. Preste atenção, não estou
dizendo que seu comportamento force mentiras mas limita a
espontaneidade dos que o cercam. Veja meu caso, por
exemplo: Você vive dizendo que me ama, mas me conserva
como uma verdadeira prisioneira que não merece carinho ou
atenção.
— Tenha paciência. Tudo será diferente depois que eles
partirem para San Salvador e nós viajarmos para a Suíça.
— O que vamos fazer lá?
Felix Miguel parecia que ia falar quando alguém bateu na
porta da saleta. Autorizou a entrada e apareceu Leval.
— O senhor Medrano está ao telefone e mandou dizer-lhe
que o assunto é muito importante.
Felix Miguel se levantou e saiu da biblioteca
acompanhado do servidor. Lili também se levantou e se
aproximou da janela. Lá fora estava um breu e continuava
chovendo. Continuou quieta e pensativa por longos minutos
e, depois, resolutamente andou para a porta, abriu-a e se
dirigiu ao escritório. Entrou sem bater e o escutou falando:
— Está bem, Fil. Chegarei dentro de uma hora, mais ou
menos, só o tempo que deverá ser gasto na corrida.
Desligou e ficou olhando para Lili com uma expressão
ausente.
— O que Fil queria? — perguntou ao ver que ele
continuava com o pensamento distante.
— Quer encontrar-se comigo e eu vou a seu encontro.
Acho melhor não me esperar para o jantar, Lili.
— Não, você não deve encontrar-se com ele, Felix.
— Claro que vou.
— Não percebe que talvez seu amigo lhe esteja
preparando uma boa cilada?
— Nunca pensei que você pudesse ser tão maldosa. Eu e
Fil somos amigos desde a infância. Podemos discordar em
muitas coisas, mas jamais poderíamos ser desleais um para
com o outro. Quer me fazer um favor? Ocupe-se
exclusivamente de seus assuntos!
— Esplêndido — falou Lili, friamente. — Amanhã
mesmo regressarei a Paris e vou ver se ainda estão me
aguardando para o filme publicitário.
Navarro aproximou-se dela, abraçou-a pela cintura,
beijou-a na boca e murmurou:
— Perdoe-me, não desejava ser grosseiro com você, mas
estou cercado de problemas que precisam ser solucionados...
Não fique zangada, querida, prometo que voltarei cedo para
tomarmos um conhaque, antes de deitar-nos.
— Eu preferia ir com você e não me diga que não posso
escutar o que você e seu amigo vão conversar.
— Está bem. Fil está me esperando em um restaurante e
nós três podemos jantar juntos. Vou pedir para tirarem um
carro da garagem.
— Eu vou subir um instantinho e volto em seguida sorriu
Lili.
***
Ele estacionou fora da estrada, a uns quarenta metros do
―Maison Le Renard‖.
Tiveram de correr até o restaurante porque a chuva tinha
aumentado. O ambiente da casa era agradável com poucos
clientes naquela noite gélida e as chamas crepitavam na
lareira. Ao lado desta estava um urso empalhado que dava
certa imponência ao recinto.
Filiberto estava ocupando uma das mesas e se levantou ao
vê-los. Aproximaram-se. Os dois homens apertaram-se as
mãos e Medrano sorriu para Lili.
— Desconfio que o caso de vocês é sério, Conheço Felix
e se não estivesse muito apaixonado, não teria permitido que
você viesse.
— Sei ser persuasiva — sorriu Lili. O rapaz sorriu
constrangido.
— Podemos tomar um aperitivo enquanto esperamos o
jantar que encomendei.
O dono da casa parou perto da mesa, informando que
teriam de esperar alguns poucos momentos e que em
seguida, o jantar seria servido. Medrano encomendou os
aperitivos (Byrrh para a senhorita). Quando o proprietário
regressou com os mesmos, os três ainda se mantinham em
silêncio.
— Sempre amigos! — disse Medrano, levantando o copo.
— Sempre amigos! — respondeu Navarro, também
erguendo o seu.
Lili brindou com eles em silêncio; compreendia que
aquele brinde era um hábito antigo e que devia ter um
significado especial para os dois. Observou que Filiberto
parecia inquieto, preocupado, parecia. se sentir mal naquele
momento.
— Felix — disse, logo após o primeiro sorvo. — Quero
que você me escute com atenção, antes de exaltar-se.
Combinado?
— Claro, amigo. Estou satisfeito por vê-lo novamente
perco de mim...
— Espere! Quero que você saiba que Honorato Perez,
nosso chefe do serviço-secreto de San Salvador chegou a
Paris e ficou por demais aborrecido quando soube que você
conseguiu escapar da emboscada e que ainda matou um de
seus homens.
— Pensei que tivesse matado os dois.
— SomenteTeodoro Gomez faleceu. Dorotheo e o outro
reagiram e continuam vivos. E aquele que saiu para comprar
os sanduíches, também.
— Fico alegre. Não tenho interesse em matar ninguém.
— Felix, como pode dizer isso se está planejando catorze
mortes?
— Este caso é diferente, Fil. Uma coisa é matar um
desgraçado e outra coisa é acabar com catorze homens
exploradores. Estas mortes não seriam assassinatos, mas
verdadeiras execuções.
— Execuções? Escute, sei que aquelas personalidades
não merecem respeito, mas quanto a assassiná-las...
— Fil, falando a verdade, fiquei satisfeito ao saber que
você estava fora deste negócio. Já me ajudou bastante e
agora prefiro que continue afastado. Portanto, diga-me logo,
porque pediu que eu viesse aqui. O que quer falar comigo?
Está precisando de alguma coisa? De dinheiro?
Medrano umedeceu os lábios com a língua e murmurou:
— Honorato Perez está aqui, Felix.
— Aqui? O que quer dizer exatamente com aqui?
— Ele está aqui no ―Maison Le Renard‖. Está lá fora e
com ele estão Doroteo e os dois tipos que conseguiram
continuar vivos depois de se encontrarem com você naquele
armazém. Perez trouxe, além destes, mais três homens.
Como pode ver, são sete no total, todos eles estão armados e
cercando o restaurante.
Felix Miguel estava branco como um cadáver.
— Como conseguiram encontrar-me aqui? — Sussurrou.
— Meu Deus, Felix! — Medrano estava tão pálido como
o amigo. — Fui eu quem avisou Perez. Há duas semanas
entrei em contato com ele e combinamos que sempre que
houvesse alguma novidade, eu poderia ligar para alguém que
lhe daria o recado. Hoje de manhã, liguei, disse onde estava
e pouco depois o próprio Honorato Perez me chamava de
Paris e às cinco horas, nós dois nos encontramos em Lion.
Lili Connors bebeu um gole do Byrth, sem tirar os olhos
de Medrano.
— Então, você me traiu, Fil? — Sussurrou Navarro.
— Por favor, Felix, deixe-me explicar – implorou. — De
acordo com seu ponto de vista, talvez eu o tenha traído, mas
agora, quero que saiba como eu encaro tudo.
— Fale, porque estou aqui para ouvi-lo.
— Em nenhum momento você me pôs a par da totalidade
de seus planos. Quando você me disse que ia fazer algo
grande e que contava com meu apoio, respondi
imediatamente que ficaria ao seu lado, não foi verdade?
— Sim.
— Passei uma temporada ajudando você. Comprei o
material, contratei homens e quando você viajou, fui eu
quem ficou comandando a vila, ou como você fala, fiquei no
―posto de comando‖, e tudo funcionou conforme seus
desejos e ordens. Isso também é uma verdade, não é?
— Sim.
— Entretanto, no momento em que você me participou
que teríamos de assassinar catorze autoridades de nossa
pátria, eu lhe pedi explicações mais explícitas que
justificassem as mortes, pois eu sempre tinha pensado que
meu amigo Felix Miguel jamais levantaria a mão para matar
um homem. E agora não me conformo quando o meu amigo
quer comandar catorze assassinatos sem uma justificativa...
As vítimas são exatamente as personalidades de nossa pátria.
Se todos morrerem, San Salvador ficará como um menino
perdido no meio de uma nevasca. Você esta querendo
arruinar nosso país?
— O que você acha?
— Não, acho que não, mas como não me explicou o que
pretende, não posso permitir que continue levando seu plano
avante e foi por isso que o delatei a Honorato Perez.
Inicialmente, eu lhe dizia onde podia vigiá-lo. Tentamos
descobrir o que você pensava pôr em prática, mas como
continua teimando, tentando levar o projeto adiante e como
não concordo com os catorze assassinatos, denunciei-o a
Perez. Felix, fale-me de seus planos, convença-me de que as
mortes são necessárias e eu novamente me porei do seu lado
e o ajudarei na luta contra aqueles que desejam destruí-lo...
Prometo que...
Medrano estava quase chorando quando Felix Miguel pôs
a mão em seu ombro e disse:
— Acalme-se Fil. Sempre foi um homem bondoso,
humano e caridoso e eu não desejo envolve-lo
completamente em meus planos. Pedi que me ajudasse na
parte inicial porque necessitava da ajuda de alguém que me
fosse fiel e eu somente podia confiar em você, mas agora,
quando quase tudo está organizado, decidi afastá-lo dos
riscos finais, entende? Foi por isso que eu quis que deixasse
a vila. No entanto, quero que ainda me faça mais um favor, o
último, diga a Honorato Perez que só conseguirá caçar-me
quando eu estiver morto. Volte para casa, Fil. Adeus!
— Nós ainda nem jantamos — reclamou Lili.
Os dois rapazes fitavam com desespero, mas em seguida,
Felix riu.
— Não se preocupe, Lili, você poderá jantar com ele em
outro lugar. Você irá com ele, querida. Quero ter liberdade
de ação, sem preocupações. Talvez até consiga escapar do
cerco e voltar a vila.
— Felix, você não entendeu? — quase gritou Medrano.
— A vila foi invadida pela polícia! Perez somente aguardou
que você se afastasse para avisar as autoridades que já
estavam de sobreaviso desde que foram notificadas que lá
estavam hospedados vinte assassinos profissionais. Os
homens já devem estar presos, mortos ou foragidos. Você
está sozinho e só continua vivo porque Perez quer captura-lo
vivo. Espera leva-lo de volta para San Salvador, onde será
submetido a uma série de interrogatórios que poderão
esclarecer quais os motivos do extermínio planejado...
— Você é infame, Fil!
— Não podia permitir que você para satisfazer sua
vontade, deixasse San Salvador sem governo e sem direção!
Felix, os catorze homens que você determinou deviam
morrer são a base da política militar e econômica de nossa
pátria.
O dono do restaurante olhava para eles com certa
apreensão, pois percebia facilmente que a discussão estava
acalorada.
— Bem, o que devo falar a Perez? — perguntou
Medrano, subitamente.
— Diga-lhe que Felix Miguel e eu queremos fazer um
trato privado com ele — interveio Lili. — E que este será
mais proveitoso do que qualquer coisa que tenha pensado
fazer para resolver a situação.
— O que você me diz, Felix? — agora Medrano parecia
aborrecido.
— Lili tem razão, Fil. Leve esse recado a Perez.
— Está bem — retrucou, levantando-se da mesa.
Felix Miguel olhou para Lili e riu.
— Posso saber o que está pretendendo?
— Você tem alguma arma?
— Não.
— Pois eu trouxe a minha — chegou a sorrir ao ver seu
olhar espantado. — Veio aderida a minha coxa e com ela
vamos controlar Perez. Se o sujeito não quiser nos
acompanhar como refém, juro como seus miolos ficarão
espalhados pelo chão entre mesas e cadeiras desta casa.
— Lili, você me mentiu, não é modelo fotográfico.
— Não, não sou, Felix.
— Já sei, você me mentiu quando contou a história do
sujeito que ia espera-la no aeroporto... Você é uma agente do
FBI! O que eu fiz para tentar uma aproximação?
— Eu estava no helicóptero quando Kowalski e Sturgess
explodiram aquele avião em pleno voo. Saltei a tempo para
chegar à estrada quando guardavam o detonador no porta-
malas do carro. Eu os estava vigiando quando você chegou
de bicicleta e... quando se afastou depois de mata-los.
Depois, segui o ciclista até o Riverside Hotel... Como pode
ver, o resto foi muito mais fácil.
— É uma mulher fantástica, Lili! Imagino que há gente
por perto protegendo você!
— Até que não. Passei um rádio quando estava em Paris
e mandei vigiarem Doroteo e os outros, mas que me
deixassem porque eu os chamaria novamente se precisasse
de ajuda.
— Sendo assim, seus amigos seguiram Honorato Perez
até aqui.
— É possível — sorriu Lili.
— Cada vez fico mais mal colocado; de um lado tenho as
tenazes do serviço secreto de San Salvador e do outro, o
poderoso FBI...
— Reconheça que nos deu motivos para ser perseguido,
Felix. Está planejando catorze assassinatos em San Salvador,
a fim de deixar o país sem governo. Nos Estados Unidos,
você nos premiou com uma explosão a gás e uma série de
ameaças... que renderam nada menos que três milhões de
dólares. E ainda se surpreende porque há pessoas aborrecidas
com você!
— Não — riu Felix Miguel, — não me surpreendo!
Pensei que estivesse fazendo as coisas muito bem, mas vejo
que fracassei.
— Felix, estou sinceramente intrigada porque você não
age como um profissional. O que pretendia e o que pensava
fazer com os três milhões de dólares que estão a sua
disposição? E porque queria matar catorze pessoas?
Naquele momento, apareceu um homem de estatura
mediana, calvo e moreno. Andou diretamente para a mesa
onde eles estavam e Lili notou como gotas de chuva
resvalavam pela capa que usava, porém quando seus olhos se
cruzaram com os dele, soube que tinha uma verdadeira
víbora parada a sua frente.
Honorato Perez também a examinava com curiosidade e
depois olhou para Felix Miguel.
— Qual é o trato?
— Gostaria de ganhar... discretamente, cem milhões de
dólares? — perguntou Lili.
— Quem é ela? — exclamou Perez.
— A mulher da minha vida e seja muito cortês ao trata-la.
— Vejo que é norte-americana. Certamente trabalha para
a CIA. Só agora começo a entender algumas coisas. Felix
Miguel Navarro, você está sendo manipulado pela CIA. É
isso que está acontecendo.
— Estou fascinada com sua inteligência sutil — ironizou
Lili. — Porém contínuo aguardando sua resposta, senhor
Perez.
— O que eu teria que fazer para ganhar os cem milhões
de dólares?
— Permitir que eu e Felix nos afastemos daqui. Como as
coisas estão, dificilmente ele poderá leva-las adiante,
portanto, acho que é hora de pelo menos se pensar no bem
mais valioso que possuímos? Sabe qual é este bem, senhor
Perez? É nada mais, nada menos do que a vida! O que me
responde?
— A partir de hoje Navarro não vai poder esconder-se em
canto algum porque sempre o localizaremos.
— Deixemos esse problema para o futuro e resolvamos o
do presente: Cem milhões por nossa liberdade. Sim ou não?
— Concordo — respondeu, depois de alguns segundos.
— Venham comigo, devemos tratar este caso em algum
lugar mais discreto.
Começou a caminhar para a porta, Felix e Lili o
seguiram. O proprietário do restaurante respirou aliviado, se
houvesse uma briga, essa não aconteceria dentro de sua casa.
Filiberto estava parado ao lado de Doroteo e o chefe fez-
lhe um sinal para este permanecer de prontidão, depois
acenou para Medrano acompanha-los. Não viram mais
ninguém.
Os dois homens de Perez deviam estar bem escondidos.
Ele próprio encaminhou-se para um arvoredo.
— Precisamos conversar em lugar bem protegido. Não
quero que ninguém escute nossa conversa. Aproximem-se
das árvores. Porém não tentem escapulir pelo bosque
adentro. Continuem caminhando a minha frente.
Felix Miguel, Lili e Medrano obedeceram sem qualquer
objeção... O que aconteceu em seguida foi algo alucinante.
Perez sacou a pistola provida de silenciador, e a encostou
nas costas de Medrano e apertou o gatilho. O rapaz caiu sem
um gemido. Felix e Lili se voltaram rapidamente, mas Perez
ordenou:
— Mantenham-se de costas ou então...
Lili Connors estendeu o braço direito, a pistolinha
encastoada de madrepérola brilhou na escuridão, ela apertou
o gatilho rapidamente e Perez caiu com a cabeça destroçada.
Felix correu para o amigo e se ajoelhou a seu lado.
— Fil — chamou com voz trêmula.
— Não adianta, Felix. Ele está morto — disse Lili
Connors. — Precisamos sair daqui.
Felix Miguel levantou a cabeça e olhou para ela.
— Filiberto não está morto! — exclamou.
Ela se ajoelhou a seu lado e pegou o pulso do ferido.
— Felix, ele está morto, sim. Vamos embora. Talvez
meus amigos estejam por perto, mas os homens de Perez
talvez já estejam vindo para cá.
— Fil não está morto! Vamos leva-lo para o carro, ele
está precisando de um médico. Você precisa me ajudar meu
amor!
— Está bem. Nós o poremos no carro e o levaremos ao
médico.
Felix continuava desnorteado, totalmente perturbado. Lili
meteu a pistola dentro do decote do vestido e apanhou a de
Perez que estava no chão e ambos começaram a andar para o
carro. Felix Miguel carregava o amigo às costas.
Não tinham dado nem dez passos quando dois homens
apareceram, com o se fossem dois fantasmas saindo das
sombras e um deles gritou em espanhol:
— Alto! Fiquem onde estão
CAPÍTULO SÉTIMO
O que vale mais, a pátria ou um homem?