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Traços de Argamassas e Concretos

Chama-se traço à relação entre o cimento e os diferentes constituintes


do concreto.

Essa relação pode ser utilizada em massa ou em volume. Na expressão


do traço é usual representar a quantidade de cimento como unitária.

A representação do traço das argamassas e concretos pode ser feita


em massa, mista ou em volume, como será detalhada a seguir.
NOTAÇÃO

A notação empregada usualmente é aquela correspondente ao proporcionamento do concreto sendo


apresentada como

aglomerante : agregado miúdo : agregado graúdo : água

Representa-se o aglomerante como tendo sempre uma quantidade unitária, ou seja,

1 kg, 1 litro, 1 saco. Desta forma, o traço é representado por:

1:a:p:x

sendo:

1 – a quantidade de cimento.

a – a quantidade de agregado miúdo.

p – a quantidade de agregado graúdo.

x ou relação a/c – a quantidade de água em relação à quantidade de cimento.


Os traços das argamassas e concretos poderão ser apresentados em massa, misto ou em volume.

• O traço é em massa quando os materiais constituintes são apresentados em massa. É o traço mais
preciso e emprega-se em laboratórios e usinas de concreto.

• O traço é misto quando os materiais constituintes são apresentados em massa e em volume, isto é
o aglomerante em massa e os agregados em volume. Não é uma apresentação tão precisa quanto o
traço em massa, mas obtém-se uma boa aproximação dos valores reais. O Emprega-se o traço misto
em obra. O volume dos agregados é medido em latas ou padiolas.

• O traço é em volume quando os materiais constituintes, aglomerantes e agregados, são


apresentados em volume. É uma representação imprecisa do traço já que o aglomerante é bastante
adensável e sua quantidade modifica em função da sua compactação nas latas ou nas padiolas.
Características físicas dos agregados e do cimento
δa = massa unitária (massa específica aparente) do agregado miúdo (1,5
kg/l);
δp = massa unitária (massa específica aparente) do agregado graúdo (1,3
kg/l);
δc = massa unitária (massa específica aparente) do cimento (1,42 kg/l);
γa = massa específica do agregado miúdo (2,65 kg/l);
γp = massa específica do agregado graúdo (2,65 kg/l);
γc = massa específica do cimento (3,15 kg/l);
C = consumo de cimento (kg/m3 de concreto).
Representação dos traços
Consumo de cimento (C)
O consumo de cimento é um dado importante quando se pensa em
dosagem do concreto, principalmente em dosagens empíricas em que as
Normas Brasileiras recomendam um consumo mínimo de 300 kg de cimento
para cada metro cúbico (m³) de concreto. Assim, torna-se interessante
conhecer o seu cálculo.

No entanto, para que se calcule o consumo de cimento por m³ de concreto


preparado, desprezam-se os vazios e quaisquer reduções de volume
posteriores à mistura. Portanto, considera-se que o volume total da mistura de
concreto ou de argamassa seja igual à soma dos volumes dos seus materiais
constituintes.
Logo, o volume total de concreto será a soma dos volumes do
cimento, da areia, da pedra e da água.

Então, para 1 m³ (1000 litros) tem-se:

Vc + Va + Vp + Vág = 1000

Onde,

Vc = volume de cimento.

Va = volume de areia.

Vp = volume de pedra.

Vág = volume de água.


Com o cálculo do consumo de cimento, é possível calcular o consumo de
materiais empregado para confeccionar cada m³ de argamassa ou concreto.

Quantidade de areia para cada m³ de concreto = Ca.

Quantidade de pedra para cada m³ de concreto = Cp.

Quantidade de água para cada m³ de concreto = Cx.

É importante observar que essas quantidades são dadas em massa. Como


os agregados são adquiridos em volume, é preciso transformá-las em massa.
Não se pode esquecer também do teor de umidade normalmente presente nos
agregados miúdos, devendo ser considerada no cálculo.
Proporção entre os agregados para os concretos
As Normas Brasileiras estabelecem que, nas dosagens empríricas, a porcentagem de agregado deverá estar
entre 30% e 50%. Esses valores foram estabelecidos para se obter uma consistência adequada para o emprego
dos concretos. Para isso, devem ser consideradas a forma dos grãos do agregado graúdo e a granulometria do
agregado miúdo. Quanto à forma dos grãos, os agregados graúdos podem ser subdivididos em duas categorias:

I – agregados com forma arredondada (seixos rolados ou pedregulhos).

II – agregados com arestas vivas (pedras britadas).

Considerando a granulometria, os agregados miúdos podem receber a seguinte

classificação:

I- Areia fina (MF < 2,4 e DMC < 2,4 mm).

II- Areia média ( 2,4 < MF < 3,9 e 2,4 mm < DMC < 4,8 mm)

III- Areia grossa ( MF > 3,9 e DMC = 4,8 mm


Quantidade de água de amassamento
A quantidade de água é de fundamental importância para a obtenção de um concreto que
atenda às exigências do projeto. Comprovou-se que, para determinados materiais, a
quantidade de água em relação à mistura seca é praticamente a mesma. Isto quer dizer
que, para uma determinada trabalhabilidade do concreto, a quantidade de água varia com a
granulometria e com a forma dos agregados, mas independe do traço. No entanto, é
importante salientar que a variação da resistência é inversamente proporcional à quantidade
de água.

Essa quantidade de água de amassamento é conhecida como teor de água/materiais


secos (H). Assim, o teor de água/materiais secos é definido como a relação entre a massa
de água empregada no concreto (água de amassamento) e a massa dos materiais secos.
Estabeleceram-se valores práticos para a quantidade de água em
relação à quantidade de materiais secos empregados no traço, Em geral,
os valores de H variam entre 5% e 12%.

No entanto, esses valores dependem da dimensão máxima


característica do concreto, isto é, da dimensão máxima característica da
maior pedra que entra na produção do concreto. Esses valores
dependem também do tipo de adensamento (compactação nas formas)
empregado no concreto: manual, vibratório moderado (agulhas de
imersão) ou vibratório enérgico (mesa vibratória).
A Tabela a seguir, apresenta os valores práticos de H para concretos
que empregam agregados com dimensão máxima característica de até
50 mm. Deve-se observar que estes valores foram calculados para
concretos produzidos com areia natural e pedra britada.

Empregando seixo rolado os valores devem ser reduzidos em 0,5% e


para o emprego de areia artificial os valores devem ser acrescidos em
1,0%.
Referências

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil -


Departamento de Arquitetura e Construção

TRACOS DE ARGAMASSAS E CONCRETOS - Materiais de Construção


Civil I - Notas de Aula - Profa. Dra. Gladis Camarini

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