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Nome: Gabriela Torres Pinto 


RA: 11201722678                                 Período: Noturno 

1)      Para compreender os principais pontos que perpassam a reorganização colonial


presente durante o século XIX, é necessário compreender também a conjuntura
internacional da época. Na Europa,as potências dominantes necessitavam suprir suas
demandas  industriais e sociais, dada pelo intenso processo de revolução industrial que
se intensificava cada vez mais na região. Nesse sentido, a reestruturação de arranjos
fazia total sentido, já que a manutenção da dominação e controle de regiões estratégicas,
como na África e Ásia tornava também uma grande fonte de matérias primas, insumos e
mão de obra para a necessidade comercial europeia. Enquanto isso, grande parte dos
países explorados tomavam seus primeiros passos rumo a uma centralização política e
um processo de modernização, enfraquecido mais tarde pelo colonialismo.  
Para o sucesso da reorganização colonial,os países europeus tiveram que adotar
novas dimensões de colonialidade para legitimar os discursos de exploração. Assim,
cada vez mais a posição dessas potências era de criar imaginários coloniais e elementos
que dessem razão e verdade ao poder sob as colônias. Em um dos muitos exemplos
concretos, o conceito de raça era utilizado como um mecanismo de subalternização. 
Ainda, pensando na dimensão de colonialidade dessa reorganização, pode-se
considerar fatores preponderantes para a construção de um discurso que validasse a
legitimação do povo europeu. O primeiro deles é a crença na superioridade europeia,  e
na ideia de ser um povo designado para guiar os rumos da humanidade. Eles
acreditavam que eram os únicos capazes de liderar outros povos para atingir esse
objetivo utópico, quase como ícones divinos. Isso desperta nos povos europeus a
sensação de poder e de validar todas suas ações, muitas delas extremamente violentas e
repressivas. Segundo, os europeus veem a necessidade de incorporar suas instituições
com o objetivo de desenvolver esses povos subalternos, quando na verdade esses
modelos se tornavam apenas uma importação do poder europeu. Ainda, eles
consideravam seus próprios sistemas muito mais superiores que qualquer organização
estabelecida no país explorado, legitimando (mais uma vez) o direito de controlar a
região. 
Para ilustrar melhor esses elementos e a situação vivida por esses povos, coloco
aqui dois casos concretos para exemplificar o tamanho do domínio europeu: O Haiti e a
Índia.  O Haiti era considerada uma das colônias mais lucrativas da época. Sua
revolução por independência se articula em meio a reação contra o sistema e o discurso
colonial. É a primeira de fato em que se tem a marca de uma identificação enquanto
povo, cansados da precária de condições de vida, movimento e realidade injusta da
época. Ela cria um clima revolucionário em várias regiões caribenhas que tem
praticamente a mesma realidade: a exploração excessiva e o sistema injusto europeu.
Outro exemplo de dominação europeia que destaco aqui é a Índia, onde desde a época
das grandes navegações tem-se um alto fluxo comercial com a Europa. Inicialmente
instituições privadas mantinham o controle das atividades de extração e negociação de
recursos. Influenciados pela alta demanda, o próprio governo britânico passa a ter o
papel de controle total das atividades da colônia, implantando sua burocracia, sua
influência comercial e seu poderio militar na Índia.   
Nesse sentido, esses aspectos são resultantes de arranjos resultantes de vários
processos históricos construídos a partir de uma lógica de subalternização e exploração
de outras sociedades. É como se os países do terceiro mundo fossem apenas um quintal
para os países europeus explorarem e retirarem o máximo de lucro possível, a um baixo
custo. Assim, muito dos desafios e barreiras que os países do terceiro mundo enfrentam
hoje, incluindo a alta dependência econômica do centro e seu baixo desenvolvimento,
são provenientes das consequências das escolhas europeias do século XIX. 

2)       Ao fim da segunda guerra mundial, a conjuntura do sistema colonial tinha


mudado de cenário. Enquanto a situação de controle e exploração foi presente nos
países de terceiro mundo, o conjunto de guerras produziram brechas onde o
anticolonialismo pode se instalar e se consolidar nessas regiões. Há uma implementação
de uma nova agenda nos países europeus focados principalmente em vencer a guerra , e
consequentemente, o controle militar nas regiões colonizadas. Ainda, ajudada pelo
apoio de ambas as superpotências , EUA  e Rússia, que defendiam - por razões
diferentes - a independência e autodeterminação dos povos. Essas experiências se
tornaram inspiração: Na África e na Ásia apareceram movimentos armados para
combater as potências coloniais europeias, inspirados pelas independências no Caribe e
na América Latina. 
Um dos aspectos mais marcantes da anticolonialidade, sem dúvidas, é a
autodeterminação dos povos. A corrente de pensamento que defendia a interpretação
dessas sociedades com a necessidade de se ter autonomia razoável para governar sem
interferências externas é muito utilizada nessa época,  principalmente das grandes
potências, dentro de seus contextos domésticos. Ainda, é um elemento fundamental para
reconhecimento enquanto identidade de uma nação, traço característico para
consolidação de um estado. 
Assim, na prática, essas teias de redes anticoloniais se articulam de modo
transnacional e chegam até o âmbito nacional.Quando chegam, esses movimentos
eclodem nas regiões africanas e asiáticas representados em uma série de congressos e
conferências, com o objetivo de entender as especificidades e a necessidade de
cooperação dos países do terceiro mundo. Além disso, é nesse lugar onde as correntes
pans irão circular (Pan asiatismo, pan africanismo e pan arabismo) semelhantemente
focados em se libertar das antigas e novas amarras coloniais, seja elas dependentes em
vertentes econômicas, bélicas ou comerciais. 
Por fim, acredito que a lógica colonial perpassa muitas conjunturas e limites que
faz o movimento revolucionário anticolonial ser proeminente em regiões que se
assemelham em exploração e dominação europeia. Esse movimento ganha cada vez
mais força política e academia com diversas contribuições de grandes ícones como
Nasser e Gandhi,que cooperam profundamente para essa problemática chegar e ser
ouvida em um âmbito internacional, afinal, os países terceiro mundistas, quando
acordados entre si, representam um grande ator de oposição no jogo de negociação
internacional frente as grandes potências. 

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