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Tudo quanto tem fôlego

Por Nívea Soares

"Tudo quanto tem fôlego, louve ao Senhor. Louvai ao Senhor" Salmo 150:6

Esta imperativa do salmista é dirigida a todos, sem exceção, e sabemos que existe muito
mais do que música envolvendo esta ordem. Cremos que existe sempre algo novo em Deus para ser
revelado aos seus filhos, e também existe um som que ainda não foi liberado, nem ouvido. Nós
desejamos ser aqueles que irão expressar os sons do céu aqui na terra. Pense apenas no fato de
que Deus o fez com uma capacidade, não apenas de cantar e falar, mas de produzir uma infinidade
de sons com o seu corpo, e para que? Apenas quero incentivar você a abrir sua mente para aquilo
que é novo, e desprender-se dos padrões humanos do que é certo, belo e correto, aceitando o
diferente, o novo.

Antes de qualquer informação, gostaria de apontar alguns perigos que tenho observado
nos últimos tempos, dentro e fora da igreja. Na tentativa de focar no que parece ser santo, correto e
rendoso, muitos se esquecem de sua própria personalidade e individualidade para tornarem-se:

Clones: Aqueles que imitam outros cantores. "Afinal, de quem eu me lembro quando ouço você
cantar?".

Espelhos: Só refletem o que podem ver externamente, como a postura correta, o tom perfeito, a
melhor abertura, sem, no entanto, atentar-se para a voz interior, para a canção do Espírito que flui
de dentro de você direto para o trono do Pai.

Monocromáticos: Só conhecem um jeito de fazer as coisas, não acreditam que aquilo que é diferente
também vem de Deus. Isto não tem nada a ver com identidade, tem a ver com inflexibilidade no
que diz respeito a mudanças.

Lembre-se, O Espírito de Deus nos ungiu, com uma unção muito peculiar, ligada ao Seu
chamado para você. Não almeje a unção que está sobre outros, observe e valorize o que Ele deu a
você, não procure imitar ninguém, nem critique aqueles que são diferentes de você. Apenas flua em
liberdade e renda-se ao que Ele ainda está por derramar.

COERÊNCIA VOCAL

Que canção Deus pretende cantar através de você? Como Ele espera ser ouvido? É
imperativo que, antes de qualquer coisa, você conheça a sua cor vocal, sua identidade. Procure
conhecer e apreciar sua própria voz. Valorize o que o Pai pode fazer através dela. Creia no poder do
Espírito para ser um instrumento poderoso de unção e libertação. Lembre-se que foi Ele quem te
formou assim.

O PAPEL DO BACKING-VOCAL

Conheça a sua função dentro da hierarquia no momento de ministração. Lembre-se de que


você é um cooperador, alguém que ministra junto, ao lado, não à frente. Existe um líder, e o
backing-vocal não é este líder. Saiba que muito além de exercer uma função como músico, existe
uma função espiritual sobre você. Aprenda a encaixar-se no mover do Espírito, seja sensível e então
você será um canal daquilo que Ele quer fazer. Lembre-se de que você ministra em unidade de
Espírito e precisa respeitar os outros músicos.

Tudo quanto tem fôlego II


Por Luciana Fratelli

Conhecendo e apreciando sua própria voz

Tenho me deparado com uma questão muito comum em pessoas que querem cantar: a insatisfação com a
própria voz. Algumas pessoas além de não gostarem do próprio timbre vocal, implicam também com a
tessitura, e isto acarreta em muitos problemas físicos e psicológicos. Escrevi esta mensagem para esclarecer
um pouco a questão e de algum modo ajudar os que passam por este impasse.

Um dos fatos muito importantes num cantor é conhecer a própria voz. Independente de gostar ou não, é
necessário que a pessoa realize testes consigo mesma com o único propósito de saber a impressão vocal que
possui. Um teste muito eficaz é a gravação. A voz gravada é a forma mais explícita que você pode encontrar de
se ouvir. Não tem muito como se enganar neste aspecto, você escuta o que todo mundo escuta quando se ouve
na gravação. Isso porque quando você canta, mesmo num microfone, você tem a referência do som externo
(que entra pelos seus ouvidos) e interno (que passa pela sua zona de ressonância antes de sair pela sua boca).
Acreditamos que esta soma de ressonâncias é a nossa voz - daí o fato de muitos se surpreenderem quando
ouvem sua voz gravada pela primeira vez - porém, é aquele som da gravação, sem a interferência da
ressonância interna, que é a nossa voz autêntica.

Não se assuste! Isto pode ser muito positivo. Se servir de consolo, ao longo dos treze anos que leciono canto,
eu particularmente nunca conheci ninguém que gostasse da própria voz (e me incluía nesta categoria até pouco
tempo atrás). A verdade é que fatalmente a nossa autocrítica sofre muita influência da natureza humana -
aquela que foi corrompida lá no Éden - e que em muitos casos sempre procura nos lembrar de que somos
apenas seres em decadência - quando Jesus, lá na Cruz, restituiu todas as coisas e reafirmou que éramos e
somos o melhor da criação de Deus. Com base nisto, quero falar sobre o primeiro ponto:

Deus desenhou as minhas cordas vocais. "Assim diz Deus, o SENHOR, que criou os céus e os estendeu, formou
a terra e a tudo quanto produz; que dá fôlego de vida ao povo que nela está e o espírito aos que andam nela."
Isaías 42:5.

Acredito que a maior dificuldade começa aí: a auto-aceitação. Deus praticamente esbanjou a Sua capacidade
criativa fazendo-nos únicos em meio às eras de civilizações. E Ele não nos fez desta maneira porque o estoque
de idéias estava escasso no dia que fomos gerados, pois "toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto,
descendo do Pai das Luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança." (Tiago 1:17). Ele
deu este som, esta "cor" vocal pra cada um, porque Ele julgou que isto era bom "viu Deus tudo quanto fizera, e
eis que era muito bom" (Gênesis 1:31). Quero compartilhar um testemunho meu, muito simples, mas que
sempre divido com meus amigos e irmãos vocalistas pois tratou muito com um sentimento de desprezo ao qual
eu me submeti por muitos anos.

Eu canto desde muito nova - tenho um K7 gravado com apenas 4 anos de idade (alguém sabe o que é K7?
Hehehe.. pra ver como faz tempo!). Os meus problemas pessoais começaram quando eu tinha 15 anos e
cantava no ministério de louvor da minha igreja. Na época, na cidade de São Paulo onde vivi quase toda a
minha vida, o soul e o black music estavam em alta - e este som ainda é muito forte lá. Quando isto aconteceu,
eu queria porque queria cantar igual às negras norte-americanas, e comecei a estudar com muito afinco, até
que finalmente conseguia fazer aquelas "firulas" tão características ao estilo, porém faltava-me um único
ingrediente: o timbre. Eu cantava e gravava, e nunca ficava satisfeita com o resultado porque o meu timbre era
por demais "pequeno" e não tinha a "energia" necessária para causar o efeito que o estilo exige. Isto foi me
irritando muito, e de um determinado momento em diante eu passei a desejar possuir outra voz, deixei de me
aceitar como era e tentei, em outras palavras, ser outra pessoa.

Aos 18 anos eu tive um problema vocal muito sério causado pelo uso abusivamente incorreto da voz, e isto
porque eu forçava além da conta simplesmente porque queria ter uma voz mais potente. Fiquei incapacitada de
exigir mais dos sons de peito pois estava com uma lesão, caso eu continuasse daquela forma, eu ia ter um
problema crônico em pouco tempo. Foi assim que parei de tentar cantar com outra voz, mas lá dentro de mim
eu tinha um complexo imenso por não ser capaz de cantar da forma como eu julgava ser a melhor.

Passaram-se oito anos - vejam só, todo este tempo tendo problemas com auto-aceitação, e ministrando louvor,
ensinando canto, trabalhando com coral, gravando e outras coisas mais - até que num congresso no qual
participei ministrando louvor, uma pessoa que eu nunca havia visto chegou pra mim, após a reunião, e disse
que Deus havia mandado que compartilhasse uma palavra, e era: "Pomba minha, que andas pelas fendas dos
penhascos, no esconderijo das rochas escarpadas, mostra-me o rosto, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua
voz é doce, e o teu rosto, amável." Cântico dos Cânticos 2:14. Com este texto Deus falou comigo acerca de
como Ele ouvia a minha voz. E outro texto que Deus mandou-o que compartilhasse comigo foi: "O seu falar é
muitíssimo doce; sim, ele é totalmente desejável. Tal é o meu amado, tal, o meu esposo, ó filhas de
Jerusalém." Cântico dos Cânticos 5:16. Ele trouxe estes textos e então Deus falou comigo: "Porque você se
queixa daquilo que eu criei? Eu dei esta voz para você porque eu quero que as pessoas que cruzarem seu
caminho tenham acesso à minha doce voz. Através de você, eu quero que conheçam a doçura das minhas
palavras."

Aquilo mudou minha vida. Naquele instante eu compreendi que eu não tinha que tentar ser outra pessoa, fazer
de outro jeito ou considerar a minha parcela inferior, eu entendi que Deus tem muitas formas de manifestar-se,
e cada um de nós somos escolhidos para revelar o caráter de Cristo em suas muitas formas. Alguns, Ele usa
com ousadia, outros com voracidade, uns com energia e outros, com doçura. Arrependi-me de meus pecados e
mesmo nos dias de hoje, quando este sentimento auto-comparativo que nos leva adequar-nos ao que parece
"melhor" ou "superior" tenta crescer dentro de mim, eu me lembro disto: Como Deus quer ser ouvido através
de mim? E fico em paz, grata por poder cooperar com uma pequena parcela nesta missão de ser os lábios de
Cristo na terra.

Então, amado, busque conhecer sua voz, e de alguma forma, tente apreciá-la como sendo criação de Deus.

Na próxima semana darei continuidade a este estudo falando acerca da nossa responsabilidade como
administradores do talento que Deus nos deu e sobre o foco do nosso empenho.
Tudo quanto tem fôlego II - continuação
Por Luciana Fratelli

Na primeira parte desta matéria falei a respeito de como devemos conhecer e apreciar nossa voz, sabendo que
ela é criação de Deus, e adequada aos Seus planos para nós. Quero dar continuidade falando de dois aspectos
fundamentais.

Eu administro a minha voz. (Parábola dos Talentos - Mateus 25:14 a 30)

É claro que, tudo o que Deus dá é perfeito, mas precisamos administrar aquilo que nos é confiado com
maestria, e em alguns casos, devido a outros problemas que muitas vezes vêm desde a infância, alguns têm
dificuldades de usar de forma correta sua própria voz. O problema mais comum é a falta de iniciação musical,
ou seja, um contato com a música desde a mais tenra infância. A iniciação musical desenvolve a percepção
rítmica e melódica, ingrediente essencial para um bom cantor. No caso de alguém que tem dificuldades de
afinar a voz ou de cantar no tempo correto da canção, essa percepção rítmica e melódica precisa ser
desenvolvida. Isto pode ser feito com o acompanhamento de um professor, com vocalizes e solfejos (cantar
notas musicais lendo partitura).

Outra questão que impede o bom funcionamento da voz é a má distribuição da voz nas regiões de ressonância.
Alguns têm a voz muito anasalada, outros forçam muito a região sub-glotical, e em muitos casos isto causa
uma sensação desagradável para quem ouve. Isto também pode ser solucionado com aulas de canto,
aprendendo a conhecer as regiões de ressonância e utilizá-las da forma correta. Em casos extremos, faz-se
necessário um acompanhamento fonoaudiológico.

Existe também aqueles que procuram cantar em regiões fora da sua tessitura. Isto é muito perigoso e causa
muitas marcas, além de, em muitos casos, não ser agradável pra quem escuta. Tome o cuidado de conhecer
sua região vocal e adeqüe as canções à ela. Não fique preso às "normas" ou "modelos" relacionados aos estilos
musicais, mas procure valorizar-se mais do que a canção, pois Deus não está preocupado com a sua música,
ele está preocupado com você.

O que desejo enfatizar aqui é que, diante de Deus, não existe voz bonita ou feia, isto existe de acordo com os
padrões que o mundo nos apresenta. Posso usar como exemplo o mundo da moda. Os estilistas e modelistas
dizem que uma mulher "modelo" deve pesar 40 quilos, ter 1,80m, 80 de busto, 60 de cintura e 80 de quadril.
Quantas mulheres brasileiras se encaixam neste manequim? E por acaso os 90% restante que difere disto é
composto por mulheres feias ou mal formadas? É claro que não! A mesma coisa acontece com a música. Existe,
claro, uma ética musical, até mesmo uma coerência é exigida para que haja uma compreensão da música tanto
por experientes quanto por leigos, mas não podemos afirmar que determinado estilo, movimento, cor ou forma
é melhor que outro. Deus é criativo e tem muito som "guardado na gaveta" porque os padrões mundanos e até
mesmo religiosos têm sufocado este manancial.

Tudo para Ele - "Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória
eternamente. Amém!" - Romanos 11:36.

Seja o que for que fizermos, precisamos adquirir a ótica do Reino de Deus. Como Ele nos vê, como Ele nos
enxerga. Ele nos fez "pouco menores que os anjos" (Sl 8). Precisamos buscar saber se todo tempo e energia
que estamos gastando com algo realmente vai converter em lucro para o Reino de Deus. Muitas vezes ficamos
dando "murro em ponta de faca", fazendo aula de canto e estudando horas quando Deus quer que aprendamos
a pintar, bordar, dançar ou cozinhar. Ele coloca em nós um potencial, uma centelha dEle mesmo, para que
façamos, para Ele, tudo o que fizermos. Com isto desejo que cada pessoa que ler este texto busque em Deus a
certeza de estar no lugar certo fazendo a coisa certa, bem como a capacitação para tal, tendo o discernimento
de que precisa buscar também o aprimoramento que o próprio Pai coloca à nossa disposição, preparando
pessoas para nos servirem neste sentido.

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