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AULA 1 DIREITO EMPRESARIAL

Sociedade Limitada
É o tipo societário predominante na economia brasileira e foi introduzido em 1919, segundo
Fábio Ulhoa Coelho. A sua disciplina está no Código Civil, nos artigos 1.052 a 1.087, con-
tudo, aplicam-se subsidiariamente a ela as regras da sociedade simples (artigos 997 a 1.032);
ou, caso os sócios decidam, mediante cláusula contratual, pode-se aplicar a ela, subsidiari-
amente, as regras das sociedades anônimas (Lei n° 6.404/76). Assim, podem existir dois sub-
tipos de sociedades limitadas.
Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas,
mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. A responsabilida-
de dos sócios pelas obrigações contraídas nas sociedades limitadas, como o próprio nome
diz, sujeita-se a limites, se o patrimônio social for insuficiente.

O limite da responsabilidade dos sócios é o total do capital social subscrito (recursos que os
sócios se comprometem a empregar na sociedade) e não integralizado (os recursos que fo-
ram prometidos, mas, não empregados). Dessarte, se houve integralização do capital (os re-
cursos foram entregues), ensina Fábio Ulhoa Coelho que, nesse caso, “os sócios não têm ne-
nhuma responsabilidade pelas obrigações sociais. Falindo a sociedade, e sendo insuficiente o
patrimônio social para liquidação do passivo, a perda será suportada pelos credores.” Con-
clui-se, com isso, que os sócios respondem subsidiária e limitadamente.
Excepcionalmente, porém, os sócios respondem subsidiária e ilimitadamente. Isso ocorre
quando os sócios agirem em contraposição à Lei e ao contrato social; quando formarem so-
ciedade marital (composta exclusivamente por marido e mulher); se o sócio fraudar credores
(desconsideração da personalidade jurídica) e, por fim, quando houver débitos para com o
INSS.

O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada
sócio, sendo vedada contribuição que consista em prestação de serviços.
As sociedades limitadas podem ser constituídas por documento público ou particular. Pode-
rão usar de uma firma social, trazendo pelo menos o nome de um dos sócios, ou uma de-
nominação particular. Em qualquer hipótese, ao nome social deve ser acrescida a palavra
limitada ou a frase sociedade de responsabilidade limitada, por extenso ou abreviadamente.
A Administração da sociedade cabe a uma ou mais pessoas, sócias ou não, designadas no
contrato social ou em ato separado. O contrato social pode prever o funcionamento de um
conselho fiscal composto de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não,
residentes no País, eleitos na assembleia anual. O conselho fiscal examinará, pelo menos
trimestralmente, os livros e papéis da sociedade e o estado da caixa e da carteira, devendo
os administradores ou liquidantes prestar-lhes as informações solicitadas; lavrará no livro de
atas e pareceres do conselho fiscal o resultado dos exames; montará parecer sobre os negó-
cios e as operações sociais do exercício em que servirem, tomando por base o balanço pa-
trimonial e o de resultado econômico; denunciará os erros, fraudes ou crimes que descobri-
rem, sugerindo providências úteis à sociedade; convocará a assembleia dos sócios se a dire-
toria retardar por mais de trinta dias a sua convocação anual, ou sempre que ocorram moti-
vos graves e urgentes.

Além do caso de falência, a sociedade limitada se dissolve pelo vencimento do prazo de du-
ração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação,
caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; pelo o consenso unânime dos sócios;
pela deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;
pela falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias e,
também, pela extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.
O ato de dissolução da sociedade deve ser arquivado no registro de comércio. Em se tratan-
do de dissolução consensual, esse ato será um novo contrato, chamado distrato. Sendo a dis-
solução judicial, a sentença que a declarou deverá ser arquivada.

AULA 02

Aumento e redução de capital social:

1 - Aumento do capital:

Ressalvado o disposto em lei especial, integralizadas as quotas, pode ser o capital social au-
mentado, com a correspondente modificação do contrato.

Até trinta dias após a deliberação, terão os sócios preferência para participar do aumento, na
proporção das quotas de que sejam titulares.
À cessão do direito de preferência, aplica-se, na omissão do contrato, a possibilidade do só-
cio ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audi-
ência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto
do capital social.

Decorrido o prazo da preferência, e assumida pelos sócios, ou por terceiros, a totalidade do


aumento, haverá reunião ou assembleia dos sócios, para que seja aprovada a modificação
do contrato.

2. Redução de capital:
O Artigo 1.082 do referido código autoriza a redução em duas hipóteses e para ambas são
necessárias as devidas alterações no contrato social.
 
A primeira delas, elencada no inciso I, diz que a redução pode ocorrer depois do capital so-
cial ser integralizado, se houver perdas irreparáveis. O que isso quer dizer? Que depois de
integralizar o capital social (integralização visto no artigo anterior), a redução poderá ser fei-
ta pela diminuição proporcional do valor nominal da quota de cada sócio, neste caso, todos
participarão da perda. Por exemplo: se uma quota possuía o valor de R$ 1,00 (um real), e a
diminuição for de 20% (vinte por cento), deverá conter uma cláusula contratual fixando tal
diminuição e sua modificação para R$ 0,80 (oitenta centavos).
 
O segundo modo de diminuir o capital social é em razão desse ser excessivo em relação ao
objeto da sociedade, ou seja, existe a possibilidade de os sócios terem superavaliado a ne-
cessidade de capital, e neste caso, deliberarem a sua redução. Assim, os valores excedentes
podem ser restituídos aos sócios, ou então, as prestações futuras devidas serão dispensadas.
E do mesmo modo que a forma anterior, deverá ser feita através de modificação do contrato
pela redução do valor nominal da quota de cada sócio.
 
Existem outras possibilidades de redução? Ou apenas as elencadas no artigo 1.082 do Códi-
go Civil? Existem sim, vejamos:
 
Se antes da integralização do capital social, um, ou alguns dos sócios deixarem de contribuir
com a sua quota parte prometida, e, mesmo após serem notificados a fazerem, ainda omiti-
rem-se de sua obrigação, no prazo de 30 dias, e se não suprida essa necessidade pelo ingres-
so de novo sócio, ou pela aquisição dessa parte pelos demais sócios, o capital social deverá
obrigatoriamente ser reduzido, em conformidade com o artigo 1.058 do Código Civil.
 
Neste caso, a redução será feita no valor total do capital, na proporção do montante faltante,
e com o aumento proporcional dos demais sócios.
 
E se o pagamento de um dos sócios for parcial? Neste caso, se o sócio não completar sua
contribuição, mas ingressar com apenas uma parte do que deveria e os outros sócios decidi-
rem por mantê-lo na sociedade, ocorrerá mediante a redução de sua participação, e terá de
se contentar com parte inferior aos demais sócios.
 
Há uma outra hipótese de redução do capital social, quando ocorre retirada de sócio (a reti-
rada de sócio) . No caso de não existir previsão regulamentando o pagamento do capital so-
cial, poderá sofrer redução salvo se os demais sócios suprirem o valor da quota retirada.
 
O pagamento aos sócios retirantes, seus herdeiros ou credores particulares, será feita em di-
nheiro, conforme o caso, no prazo de noventa dias a contar da liquidação de sua quota, to-
mando por base a situação patrimonial da sociedade à data da resolução, sendo verificada
em balanço patrimonial.

Menciona a lei:

Seção VI
Do Aumento e da Redução do Capital
Art. 1.081. Ressalvado o disposto em lei especial, integralizadas as quotas, pode ser o capital
aumentado, com a correspondente modificação do contrato.
§ 1 o Até trinta dias após a deliberação, terão os sócios preferência para participar do aumen-
to, na proporção das quotas de que sejam titulares.
§ 2 o À cessão do direito de preferência, aplica-se o disposto no caput do art. 1.057.
§ 3 o Decorrido o prazo da preferência, e assumida pelos sócios, ou por terceiros, a totalida-
de do aumento, haverá reunião ou assembléia dos sócios, para que seja aprovada a modifi-
cação do contrato.
Art. 1.082. Pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente modificação do
contrato:
I - depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis;
II - se excessivo em relação ao objeto da sociedade.
Art. 1.083. No caso do inciso I do artigo antecedente, a redução do capital será realizada
com a diminuição proporcional do valor nominal das quotas, tornando-se efetiva a partir da
averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata da assembléia que a tenha
aprovado.
Art. 1.084. No caso do inciso II do art. 1.082, a redução do capital será feita restituindo-se
parte do valor das quotas aos sócios, ou dispensando-se as prestações ainda devidas, com
diminuição proporcional, em ambos os casos, do valor nominal das quotas.
§1 o No prazo de noventa dias, contado da data da publicação da ata da assembléia que
aprovar a redução, o credor quirografário, por título líquido anterior a essa data, poderá
opor-se ao deliberado.
§ 2 o A redução somente se tornará eficaz se, no prazo estabelecido no parágrafo anteceden-
te, não for impugnada, ou se provado o pagamento da dívida ou o depósito judicial do res-
pectivo valor.
§3 o Satisfeitas as condições estabelecidas no parágrafo antecedente, proceder-se-á à aver-
bação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata que tenha aprovado a redução.

Modelo de alteração do contrato (anexo a matéria)

AULA 03 - 27/08/2020

Incidência da lei 6404/76 nas sociedades limitadas:

Vários são os reflexos da lei das S/As nas Ltdas. Vejamos alguns:

1. TRANSFORMAÇÃO
O ato de transformação independe de dissolução ou liquidação da sociedade, e obedecerá
aos preceitos reguladores da constituição e inscrição próprios do tipo em que vai converter-
se.
A transformação depende do consentimento de todos os sócios, salvo se prevista no ato
constitutivo, caso em que o dissidente poderá retirar-se da sociedade, aplicando-se, no silên-
cio do estatuto ou do contrato social, a devolução do valor da quota. Esta devolução será
considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidando-se com base na situação pa-
trimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado.
A transformação não modificará nem prejudicará, em qualquer caso, os direitos dos credo-
res.
A falência da sociedade transformada somente produzirá efeitos em relação aos sócios que,
no tipo anterior, a eles estariam sujeitos, se o pedirem os titulares de créditos anteriores à
transformação, e somente a estes beneficiará.

2. CISÃO, FUSÃO E INCORPORAÇÃO - DEFINIÇÕES

A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma
ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia
cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial
a cisão (art. 229 da Lei 6.404/76).
A  fusão  é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade
nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações (art. 228 da Lei 6.404/76). Note-se
que, na fusão, todas as sociedades fusionadas se extinguem, para dar lugar á formação de
uma nova sociedade com personalidade jurídica distinta daquelas.
A  incorporação  é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra,
que lhes sucede em todos os direitos e obrigações (art. 227 da Lei 6.404/76). Na incorpora-
ção a sociedade incorporada deixa de existir, mas a empresa incorporadora continuará com
a sua personalidade jurídica.

VALOR DA CISÃO, FUSÃO OU INCORPORAÇÃO


O valor do acervo a ser tomado nas operações deverá ser definido pelo valor contábil ou de
mercado (art. 21 da Lei 9.249/95).

A pessoa jurídica que tiver parte ou todo o seu patrimônio absorvido deverá levantar balanço
específico para esse fim. O balanço deverá ser levantado até 30 dias antes do evento.
A partir de 01.01.2008, por força da Lei 11.638/2007, nas operações realizadas entre partes
independentes e vinculadas à efetiva transferência de controle, os ativos e passivos da socie-
dade a ser incorporada ou decorrente de fusão ou cisão serão contabilizados pelo seu valor
de mercado.

A) CISÃO
Os procedimentos legalmente previstos para cisão estão contemplados nos mesmos disposi-
tivos que regulam a incorporação e a fusão, quais sejam, os artigos 223 a 234 da Lei
6.404/76.
É pacífico o entendimento de que a cisão, a exemplo da incorporação e da fusão, pode ocor-
rer com sociedades de qualquer tipo, não se restringindo às sociedades por ações, embora
em qualquer caso deva ser observada a disciplina legal estabelecida na Lei das S/A.

B) FUSÃO
A fusão determina a extinção das sociedades que se unem, para formar sociedade nova, que
a elas sucederá nos direitos e obrigações.
A fusão será decidida, na forma estabelecida para os respectivos tipos, pelas sociedades que
pretendam unir-se.

Em reunião ou assembleia dos sócios de cada sociedade, deliberada a fusão e aprovado o


projeto do ato constitutivo da nova sociedade, bem como o plano de distribuição do capital
social, serão nomeados os peritos para a avaliação do patrimônio da sociedade.
Apresentados os laudos, os administradores convocarão reunião ou assembleia dos sócios
para tomar conhecimento deles, decidindo sobre a constituição definitiva da nova socieda-
de.

É vedado aos sócios votar o laudo de avaliação do patrimônio da sociedade de que façam
parte.
Constituída a nova sociedade, aos administradores incumbe fazer inscrever, no registro pró-
prio da sede, os atos relativos à fusão.

A diferença entre fusão e incorporação é que na incorporação desaparecem as sociedades


incorporadas mas a incorporadora, uma sociedade preexistente, permanece com a sua vida
normal, enquanto na fusão desaparecem todas as sociedades fusionadas e surge uma socie-
dade nova.
Os procedimentos legalmente previstos para a fusão são os mesmos da incorporação, que
estão contemplados nos artigos 223 a 234 da Lei 6.404/76.

INCORPORAÇÃO
Na incorporação, uma ou várias sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em
todos os direitos e obrigações, devendo todas aprová-la, na forma estabelecida para os res-
pectivos tipos.

A deliberação dos sócios da sociedade incorporada deverá aprovar as bases da operação e o


projeto de reforma do ato constitutivo.
A sociedade que houver de ser incorporada tomará conhecimento desse ato, e, se o aprovar,
autorizará os administradores a praticar o necessário à incorporação, inclusive a subscrição
em bens pelo valor da diferença que se verificar entre o ativo e o passivo.

A deliberação dos sócios da sociedade incorporadora compreenderá a nomeação dos peritos


para a avaliação do patrimônio líquido da sociedade, que tenha de ser incorporada.
Aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extinta a incorporada, e pro-
moverá a respectiva averbação no registro próprio.

ANULAÇÃO DE ATOS
Até noventa dias após publicados os atos relativos à incorporação, fusão ou cisão, o credor
anterior, por ela prejudicado, poderá promover judicialmente a anulação deles.
A consignação em pagamento prejudicará a anulação pleiteada.
Sendo ilíquida a dívida, a sociedade poderá garantir-lhe a execução, suspendendo-se o pro-
cesso de anulação.

Ocorrendo, no prazo de noventa dias após a publicação dos atos, a falência da sociedade
incorporadora, da sociedade nova ou da cindida, qualquer credor anterior terá direito a pe-
dir a separação dos patrimônios, para o fim de serem os créditos pagos pelos bens das res-
pectivas massas.

DOCUMENTOS OBRIGATORIOS:

A) protocolo de justificação;
B) Balanço contábil;
C) Laudo contábil - IBRACON;
D) Instrumento de alteração ou constituição

AULA 7 - 01/10/2020
SOCIEDADES ANÔNIMAS - S/A

A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade


dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiri-
das.

A regulação das S/A está estabelecida na Lei 6.404/1976, com alterações posteriores. O esta-
tuto social definirá o objeto de suas atividades de modo preciso e completo.
DENOMINAÇÃO

A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões "companhia" ou


"sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da
primeira ao final.

COMO SE DÁ A SUA CONSTITUIÇÃO?

A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos prelimina-


res:
        I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o
capital social fixado no estatuto;
        II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão
das ações subscritas em dinheiro;
        III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autoriza-
do pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro.

O disposto no item II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial
de parte maior do capital social.

A constituição da companhia por subscrição particular do capital pode fazer-se por delibera-
ção dos subscritores em assembleia-geral ou por escritura pública, considerando-se fundado-
res todos os subscritores.

A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da emissão


na Comissão de Valores Mobiliários - CVM, e a subscrição somente poderá ser efetuada com
a intermediação de instituição financeira.
Nos atos e publicações referentes a companhia em constituição, sua denominação deverá
ser aditada da cláusula "em organização".

Nenhuma companhia poderá funcionar sem que sejam arquivados e publicados seus atos
constitutivos.

Arquivados os documentos relativos à constituição da companhia, os seus administradores


providenciarão, nos 30 (trinta) dias subsequentes, a publicação deles, bem como a de certi-
dão do arquivamento, em órgão oficial do local de sua sede.
Um exemplar do órgão oficial deverá ser arquivado no registro do comércio.

A certidão dos atos constitutivos da companhia, passada pelo registro do comércio em que
foram arquivados, será o documento hábil para a transferência, por transcrição no registro
público competente, dos bens com que o subscritor tiver contribuído para a formação do
capital social.

A ação para anular a constituição da companhia, por vício ou defeito, prescreve em 1 (um)
ano, contado da publicação dos atos constitutivos.
Ainda depois de proposta a ação, é lícito à companhia, por deliberação da assembleia-geral,
providenciar para que seja sanado o vício ou defeito.

COMPANHIA ABERTA OU FECHADA


A companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam
ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários.

Somente os valores mobiliários de emissão de companhia registrada na Comissão de Valores


Mobiliários podem ser negociados no mercado de valores mobiliários. 

Nenhuma distribuição pública de valores mobiliários será efetivada no mercado sem prévio
registro na Comissão de Valores Mobiliários.

AULA 08 - 08/10/2020

DENOMINAÇÃO
A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões "companhia" ou
"sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da
primeira ao final.

Cancelamento da Negociação em Bolsa de Valores


O registro de companhia aberta para negociação de ações no mercado somente poderá ser
cancelado se a companhia emissora de ações, o acionista controlador ou a sociedade que a
controle, direta ou indiretamente, formular oferta pública para adquirir a totalidade das
ações em circulação no mercado, por preço justo, ao menos igual ao valor de avaliação da
companhia.
O preço de oferta será apurado com base nos critérios, adotados de forma isolada ou com-
binada, de patrimônio líquido contábil, de patrimônio líquido avaliado a preço de mercado,
de fluxo de caixa descontado, de comparação por múltiplos, de cotação das ações no mer-
cado de valores mobiliários, ou com base em outro critério aceito pela Comissão de Valores
Mobiliários, assegurada a revisão do valor da oferta.

CAPITAL SOCIAL

O estatuto da companhia fixará o valor do capital social, expresso em moeda nacional.


O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie
de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.
Na falta de declaração expressa em contrário, os bens transferem-se à companhia a título de
propriedade. A incorporação de imóveis para formação do capital social não exige escritura
pública.
A ata da assembleia-geral que aprovar a incorporação deverá identificar o bem com preci-
são, mas poderá descrevê-lo sumariamente, desde que seja suplementada por declaração,
assinada pelo subscritor, contendo todos os elementos necessários para a transcrição no re-
gistro público.
A responsabilidade civil dos subscritores ou acionistas que contribuírem com bens para a
formação do capital social será idêntica à do vendedor.
Quando a entrada consistir em crédito, o subscritor ou acionista responderá pela solvência
do devedor.

OBS. Avaliação de Bens  - A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos ou por empresa
especializada, nomeados em assembleia-geral dos subscritores, convocada pela imprensa e
presidida por um dos fundadores, instalando-se em primeira convocação com a presença de
subscritores que representem metade, pelo menos, do capital social, e em segunda convoca-
ção com qualquer número.

Livre cessibilidade de capital


O capital fracionado, isto é, divido em ações, é livremente transmissível a qualquer pessoa,
pois, quando se trata de sociedade anônima, o fator mais importante é a entrada de capital,
pouco importando a qualidade do sócio. A livre cessibilidade das ações por parte dos sócios
não afeta a estrutura da sociedade, no tocante à entrada ou retirada de qualquer sócio.

Por ser uma sociedade onde não importa a pessoa do sócio, mas sim o capital que represen-
ta cada ação incorporada por esse sócio, formou-se um verdadeiro mercado relativo às
ações, tendo em vista seus rendimentos e vantagens que seus proprietários podem adquirir.
Dessa forma, as sociedades anônimas classificam-se em abertas e fechadas, de acordo com a
negociação de seus valores mobiliários no Mercado de Capitais. Como disposto na Lei da
Sociedade Anônima:

Art. 4º -Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobi-
liários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobi-
liários.

Reserva de Capital
A contribuição do subscritor que ultrapassar o valor nominal constituirá reserva de capital.

Subscrição Privada
A subscrição é denominada privada quando não há publicidade em sua oferta. Os interessa-
dos se reúnem, recebem uma cópia do projeto do estatuto e deliberam a respeito. A partir da
reunião, duas formas podem ser adotadas para a decisão: assembléia geral, onde acontece a
subscrição das ações e momento onde se decide a respeito da avaliação de bens da compa-
nhia, sendo, também, o momento da nomeação dos primeiros administradores; e a escritura
pública, que conterá os requisitos exigidos pela Lei nº 6404/76, sendo necessária a assinatu-
ra de todos os subscritores e, logo após, levada ao registro na Junta Comercial.

Subscrição Pública
A subscrição pública depende de requisitos prévios, quais sejam: autorização da Comissão
de Valores Mobiliários, elaboração do projeto de estatuto e prospecto.
Caso a companhia queira colocar suas ações à venda em bolsas ou mercado de balcão, a
subscrição pública é requisito essencial. Até a constituição, essas sociedades não dispõem
de autorização para operar diretamente na bolsa de valores, daí por que necessitam de agen-
tes (instituições financeiras) que atuam diretamente com o público, buscando futuros subscri-
tores entre seus clientes.

AÇÕES
O estatuto fixará o número das ações em que se divide o capital social e estabelecerá se as
ações terão, ou não, valor nominal.
As ações devem ser nominativas, sendo indivisíveis em relação à companhia.
Quando a ação pertencer a mais de uma pessoa, os direitos por ela conferidos serão exerci-
dos pelo representante do condomínio.
A propriedade das ações nominativas presume-se pela inscrição do nome do acionista no
livro de "Registro de Ações Nominativas" ou pelo extrato que seja fornecido pela instituição
custodiante, na qualidade de proprietária fiduciária das ações.

Na transferência das ações nominativas adquiridas em bolsa de valores, o cessionário será


representado, independentemente de instrumento de procuração, pela sociedade corretora,
ou pela caixa de liquidação da bolsa de valores.

Ações Escriturais
O estatuto da companhia pode autorizar ou estabelecer que todas as ações da companhia,
ou uma ou mais classes delas, sejam mantidas em contas de depósito, em nome de seus titu-
lares, na instituição que designar, sem emissão de certificados.

Modalidades de Ações

1) Ações Ordinárias
Ações ordinárias significam ações comum. Quando as pessoas falam sobre ações, geralmen-
te elas se referem a este tipo de papel. De fato, a maioria das ações são desta forma.
Ações ordinárias representam direitos de propriedade e lucros (dividendos) sobre uma em-
presa. Elas também garantem voto por ação aos investidores para elegerem membros do
conselho de administração (supervisor das principais decisões corporativas)
A longo prazo, as ações ordinárias, através do crescimento do capital da empresa, geram re-
tornos mais elevados que quase a outra totalidade de investimentos. Isso acontece pelo mai-
or risco desse ativo. Se uma empresa falir e ser liquidada, os detentores de ações ordinárias
não receberão o dinheiro até que os credores e detentores de ações preferenciais sejam pa-
gos.

2) Ações Preferenciais
As ações preferenciais representam um grau diferenciado de direito de recebimento de di-
nheiro de uma empresa, mas geralmente não vem com os mesmos direitos de voto (porém
isso pode variar de acordo com a empresa).
Os investidores geralmente tem uma garantia de dividendo fixo para sempre com as ações
preferenciais. Isso é diferente de ações ordinárias, que tem dividendos variáveis e que nunca
são garantidos. Outra vantagem é que, em caso de liquidação, os acionistas preferenciais são
pagos antes do acionista ordinarista (mas ainda depois dos detentores de dívida). As ações
preferenciais também podem ser exigíveis, o que significa que a empresa tem a opção de
comprar as ações dos acionistas a qualquer momento, por qualquer razão.
Algumas pessoas consideram as ações preferenciais como sendo dinheiro emprestado a em-
presa, mais do que como capital. Uma boa maneira de pensar esses tipos de ações é vê-las
como sendo diferente de outros títulos e ações ordinárias.

Diferentes classes de ações


As duas principais formas de ações são as ordinárias e preferenciais, no entanto, também é
possível para as empresas personalizar diferentes classes de ações da maneira que elas qui-
serem.
A razão mais comum para isso é a empresa querer o poder de voto permanecendo com um
determinado grupo, portanto, a diferentes classes de ações são dados diferentes direitos de
voto.
Por exemplo, uma classe de ações será realizada por um seleto grupo que são dadas dez vo-
tos por ação, enquanto uma segunda classe seria emitida para a maioria dos investidores que
são dadas a um voto por ação.
Quando há mais de uma classe de ações, as classes são tradicionalmente designadas como
número terminado em 5, 6, 7... depois da sigla da empresa, por exemplo: USIM5 (Usiminas
PNA), ELET6 (Eletrobras PNB). Outra regra é que as ações ordinárias terminam em 3 e as
ações preferenciais terminam em

Valores da Ação
Conforme o objetivo que se persegue, ainda que a ação tenha um preço de emissão, existem
outros três valores denominados: nominal, patrimonial e bolsístico (valor de mercado ou
bursátil).

a) Valor Nominal
Resulta da divisão do capital social da sociedade anônima pelo número de ações que ela
tem emitidas. A atribuição do valor nominal à participação societária importa a garantia rela-
tiva contra a diluição do patrimônio acionário, na hipótese de emissão de novas ações[21].

b) Valor Patrimonial
O valor patrimonial é o resultado da divisão entre o valor do patrimônio líquido e o número
de ações. É o que se paga ao acionista em caso de liquidação ou reembolso[22].
Deve-se distinguir entre o valor patrimonial contábil e o real, de acordo com os critérios de
apropriação dos bens componentes do balanço[23].

c) Valor de Mercado ou Bolsístico


Valor de mercado é aquele de compra e venda na alienação da ação e que depende do de-
sempenho da empresa e da economia em geral. O próprio mercado define a classificação
das ações como sendo de primeira, segunda e terceira linhas.

AULA 09 - 15/10/2020

ACIONISTAS
Os acionistas são todos aqueles que possuem parte do capital da organização representada
por ações.
Conforme a situação que se encontrem na sociedade, os acionistas podem ser classificados
em: acionista comum, controlador – é titular de direitos de sócios que lhe assegurem, de
modo permanente, a maioria de votos nas deliberações da assembleia geral e a capacidade
de eleger a maioria dos administradores da companhia; dissidente – é aquele que se retira da
sociedade, levando consigo fundos sociais; minoritário – é o proprietário das ações com di-
reito a voto, cujo total não lhe garante o controle da sociedade; remisso – os sócios que não
fazem a integralização de suas ações.
Aos acionistas, a lei confere alguns direitos e deveres.

Deveres
O dever principal é o de integralizar as ações subscritas, ou seja, pagar à sociedade as ações
subscritas ou adquiridas. O acionista que não cumpre com esse deve ser considerado remis-
so e fica constituído em mora, sujeitando-se ao pagamento de juros e multas previstas no es-
tatuto. Diante de um acionista remisso, a sociedade anônima tem duas opções: a) a socieda-
de poderá optar por ação executiva para a cobrança das importâncias devidas; b) poderá
mandar vender as ações por conta e risco do devedor.
Essas opções são válidas para sociedade anônima aberta ou fechada, e o que já foi integrali-
zado pelo remisso será devolvido.

Direitos
Ao adquirir as ações, o acionista passa a ter uma série de direitos oriundos da participação
na sociedade.
A Lei 6404/76 em seu art. 109, classifica como direitos essenciais dos acionistas: direito de
participação nos lucros e no acervo em caso de liquidação, direito de fiscalização, direito de
preferência na subscrição de ações e certos valores mobiliários e direito de retirada. Tais di-
reitos não poderão ser suprimidos nem pela assembleia geral, nem pelo estatuto da socieda-
de.

1. Direito de Participação nos Lucros e no Acervo em Caso de Liquidação


A participação nos lucros de uma sociedade anônima se dá, em regra, por meio do paga-
mento de dividendos periodicamente. O pagamento das parcelas dos lucros se dá pelo me-
nos uma vez em cada exercício da sociedade, conforme exigência estabelecida pela lei.
A participação no acervo como regra, se dá em caso de liquidação da sociedade. Liquidação
é o processo de apuração de ativo e pagamento do passivo da sociedade, visando sua extin-
ção. Durante esse processo, o acionista tem direito de receber a parte que lhe cabe por ra-
teio e também o de exercício de voto nas assembleias gerais, independente da natureza das
ações que possuir.

2. Direito de Fiscalização da Sociedade


Em qualquer sociedade incumbe ao administrador prestar contas de sua administração, in-
formando o andamento dos trabalhos aos sócios. Sendo o acionista pertencente ao grupo de
sócios da sociedade, cabe a qualquer acionista o direito de fiscalizar a gestão dos negócios.

3. Direito de Preferência na Subscrição de novas ações


Visa principalmente à conservação da posição do acionista no quadro social em relação aos
demais sócios.

4. Direito de Retirada
A Lei nº 6404/76 arrola inúmeras hipóteses que amparam o direito de retirada.
Hipóteses previstas nos incisos I a VI e IX do art. 136 em que cabe a retirada nas sociedades
anônimas:
I - criação de ações preferenciais ou aumento das classes existentes, sem guardar proporção
com as demais classes de ações preferenciais, salvo se já previstos ou autorizados pelo esta-
tuto;
II - alteração nas preferências, vantagens e condições de resgate ou amortização de uma ou
mais classes de ações preferenciais, ou criação de novo classe mais favorecida;
III - redução do dividendo obrigatório;
IV – fusão da companhia, ou sua incorporação em outra;
V – participação em grupo de sociedade (art. 265);
VI – mudança do objeto da companhia;
IX – cisão da companhia;
Ainda, algumas hipóteses nos seguintes artigos:
Art. 221 – A transformação exige o consentimento unânime dos sócios ou acionistas, salvo se
prevista no estatuto ou no contrato social, caso em que o sócio dissidente terá o direito de
retirar-se da sociedade.
Parágrafo único. Os sócios podem renunciar, no contrato social, ao direito de retirada no
caso de transformação em companhia.
Art. 225. As operações de incorporação, fusão e cisão serão submetidas à deliberação da as-
sembléia-geral das companhias interessadas mediante justificação, na qual serão expostos:
...
IV - o valor de reembolso das ações a que terão direito os acionistas dissidentes.
Art. 236...
Parágrafo único. Sempre que pessoa jurídica de direito público adquirir, por desapropriação,
o controle de companhia em funcionamento, os acionistas terão direito de pedir, dentro de
60 (sessenta) dias da publicação da primeira ata da assembléia-geral realizada após a aquisi-
ção do controle, o reembolso das suas ações; salvo se a companhia já se achava sob o con-
trole, direto ou indireto, de outra pessoa jurídica de direito público, ou no caso de concessi-
onária de serviço público.
5. Direito de Voto
O direito de voto é um dos mais importantes direitos conferidos ao acionista, sendo regra
que a cada ação ordinária cabe um voto nas deliberações da assembleia geral. O direito de
voto pode ser suprimido pelo estatuto em algumas hipóteses.
A Lei nº 6404/76, art. 110 e seguintes, estabelece parâmetros para a limitação através do es-
tatuto. O estatuto pode limitar o número de voto de cada acionista; pode deixar de conferir
às ações preferenciais algum ou alguns dos direitos conferidos às ações ordinárias; pode, in-
clusive, retirar o direito de voto às ações preferenciais ou conferi-lo com certas restrições ex-
ceto às de retirar do acionista os direitos essenciais anteriormente listados.
Retirado o direito de voto às ações preferenciais, estas o adquirirão se a companhia, no pra-
zo previsto no estatuto, não superior a 03 (três) exercícios consecutivos, deixar de pagar os
dividendos a que fizerem jus, conservando esse direito até o pagamento, inclusive de atrasa-
dos, se os dividendos forem cumulativos.

O art. 112 da mesma Lei estabelece que “somente titulares de ações nominativas endossá-
veis e escriturais poderão exercer o direito de voto”. Tal dispositivo acabou gerando grande
controvérsia diante da possibilidade de a companhia emitir ações preferenciais nominativas
sem direito a voto, além de um grande número de ações ao portador, as quais, não teriam
direito ao voto, o que ensejaria, ao ser fundada a sociedade, deixar o controle da mesma em
mãos de um reduzido número de prestadores de capital[33].

A 6404/76, em seu art. 115 e seguintes, proíbe o voto irregular. Há duas espécies de voto
irregular: voto abusivo: voto exercido com a intenção de causar dano à sociedade ou a ou-
tros acionistas; voto conflitante: voto emitido por acionista que tem um interesse pessoal in-
compatível com o interesse da sociedade. Nas duas hipóteses, o acionista responderá pelos
danos causados e será obrigado a transferir para a companhia as vantagens que houver aufe-
rido.

DEBÊNTURES
A lei não define o que são debêntures, entretanto, nas palavras de Fábio Ulhoa Coelho, de-
bêntures são valores mobiliários que conferem direito de crédito perante a sociedade anô-
nima emissora, nas condições constantes do certificado (se houver) e da escritura da emis-
são.
A companhia pode realizar várias emissões de debêntures através da assembleia geral, sem-
pre que achar necessário, podendo dividi-las em séries. Tullio Ascarelli explica melhor essa
particularidade da debênture:
[...]são títulos de crédito emitidos em série; idênticos, por isso, devem ser os direitos decor-
rentes de qualquer dos títulos da mesma emissão; a emissão de todos os títulos corresponde
a uma operação única. É por isso, natural, o interesse em organizar coletivamente os deben-
turistas, e com efeito, tal se deu, em virtude de associações voluntárias dos debenturistas,
mesmo anteriormente à disciplina legal de uma organização coletivas deles.
A emissão da debênture pode ser pública ou privada. Na emissão pública, a sociedade deve
pedir prévia autorização da Comissão de Valores Mobiliários. Na emissão privada, basta a
comunicação. Além disso, devem ser adotadas providências perante o registro de empresa e
de imóveis. Por fim, podem ser necessários outros atos para a implementação de eventuais
garantias.

ÓRGÃOS SOCIETÁRIOS
A sociedade anônima se desdobra em órgãos, como diretoria, conselhos, chefias, coordena-
dorias e outros. Esse desdobramento tem por finalidade atender objetivos administrativos e
jurídicos. Administrativos no sentido de uma organização que atenda à divisão de trabalho, o
fluxo de informações, economia de custos, etc. No tocante ao jurídico, o desmembramento
da pessoa jurídica tem relevância para o atendimento de formalidades ligadas à eficácia de
atos da sociedade, dos acionistas, etc.
A lei determina quais os órgãos que mais interessam ao direito, situados no topo da hierar-
quia estrutural da sociedade, quais sejam: assembléia geral, o conselho de administração, a
diretoria e o conselho fiscal.

Assembléia Geral
A assembléia geral tem competência para apreciar qualquer assunto do interesse social,
mesmo os relacionados à gestão de negócios específicos. Seu natureza e funcionamento não
guarda paralelo com as instâncias de organização do poder estatal.
O art. 122 e seguintes da Lei das S/As estabelece que certas deliberações integram a compe-
tência privativa da assembléia geral, e assim, ela é chamada a se instalar apenas quando ne-
cessária a apreciação de matérias dessa natureza.
A assembléia geral, de acordo com as matérias a apreciar, pode ser ordinária ou extraordiná-
ria. A ordinária quando tem por objeto as matérias previstas no artigo 132 da lei das S/As: I -
tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras;
II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos;
III - eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso; IV -
aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 167). Nos demais casos a
assembléia geral é extraordinária.

Conselho de Administração
O Conselho de Administração é órgão deliberativo e fiscalizador, integrado por no mínimo
03 (três) membros, eleitos pela assembléia geral e por ela destituíveis a qualquer tempo, de-
vendo o estatuto estabelecer. O prazo de gestão não pode ser superior a 3 (três) anos, permi-
tida a reeleição.
Sua função é agilizar o processo de tomada de decisão, no interior da organização empresa-
rial, dessa forma, deve ser prevista no estatuto. Em caso de organização ser composta por
poucos acionistas, facilmente reunidos em assembléia geral, a formação do conselho é facul-
tativa.

Diretoria
A Diretoria é órgão executivo da companhia, composta por 2 (dois) ou mais diretores, eleitos
e destituíveis a qualquer tempo pelo conselho de administração, ou, se inexistente, pela as-
sembléia geral, devendo o estatuto estabelecer: I - o número de diretores, ou o máximo e o
mínimo permitidos; II - o modo de sua substituição; III - o prazo de gestão, que não será su-
perior a 3 (três) anos, permitida a reeleição; IV - as atribuições e poderes de cada diretor.
Os membros do conselho de administração poderão ser eleitos para cargo de diretores, até o
máximo de 1/3 (um terço). Além disso, o estatuto pode estabelecer que determinadas deci-
sões, de competência dos diretores, sejam tomadas em reunião da diretoria.
Compete aos seus membros, no plano interno, gerir a empresa, e, no externo, manifestar a
vontade da pessoa jurídica, na generalidade dos seus atos e negócios que ela pratica[43].

Conselho fiscal
O Conselho Fiscal é órgão de assessoramento da assembléia geral, na apreciação das contas
dos administradores e na votação das demonstrações financeiras da sociedade anônima[44].
O estatuto da companhia disporá sobre o seu funcionamento, de modo permanente ou nos
exercícios sociais em que for instalado a pedido dos acionistas. O conselho fiscal é compos-
to de no mínimo 03 (três) e no máximo 05 (cinco) membros, e suplentes em igual número,
acionistas ou não, eleitos pela assembléia geral.
A atuação do Conselho Fiscal, e dos seus membros, está sujeita a limites precisos. Sendo que
de um lado, possui meramente função fiscal, por outro, possui atuação interna, exclusiva-
mente interna, na denunciação de fraudes e irregularidades aos órgãos de administração[46].

DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS
A sociedade anônima não é inteiramente livre para decidir sobre o destino dos seus ganhos.
A lei determina que uma parcela destes deve ser repartida entre os acionistas (dividendos
obrigatórios – art. 202), e que outra parte deve permanecer em seu patrimônio (as reservas –
art. 193).
Após atendidas as destinações legais, a companhia tem liberdade na destinação de seus ga-
nhos.
Participação dos acionistas nos lucros
Todos os acionistas são titulares do direito essencial de participar nos lucros da companhia
(art. 109, I). É exatamente esse fator que motiva os investidores a se tornarem sócios de uma
sociedade anônima.
Entretanto, embora tenham direito essencial à parcela dos lucros, os acionistas não o possu-
em em igualdade de condições. Em certos casos, acionistas podem receber, através de ações,
dividendos maiores do que outros. Cada acionista participa dos lucros sociais de acordo
com a espécie, classe e quantidade de ações que possui.

Dividendos obrigatórios
Como citado anteriormente, a lei S/As em seu art. 202, estipula que determinada parcela dos
lucros líquidos da companhia seja destinada forçosamente à distribuição entre os acionistas.

Dividendo preferencial
O dividendo preferencial é o dispositivo estatutário que delimita a vantagem conferida parti-
cularmente a uma ou mais classes de ações preferenciais no exercício do direito de partici-
pação nos lucros da sociedade.
As ações preferenciais são aquelas que atribuem ao seu titular determinada vantagem relati-
vamente aos demais acionistas, delineada pelo estatuto da companhia. Essa vantagem con-
siste no tratamento diferenciado e privilegiado na distribuição de resultados sociais, ou seja,
na garantia de dividendo fixo ou mínimo.

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