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UNIPE – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – PROF. JUIZ JOSIVALDO FÉLIX


DE OLIVEIRA.

NOTA DE AULA - MÓDULO 8 – LITISCONSÓRCIO.


I – Conceito = Pluralidade de partes (sujeitos ativos e passivos) em um mesmo processo. “Laço que
prende no processo dois ou mais litigantes, na posição de autores ou réus” (Gabriel de Rezende
Filho, citado por Moacyr Amaral).

II – Fontes ou pressupostos do Litisconsórcio = São as previsões legais (art. 113, I, II, III do CPC). A
expressão: podem litigar, contida no caput do dispositivo, não tem o sentido de indicar uma das
espécies de litisconsórcio – o facultativo -, mas sim o de admitir o litisconsórcio desde que
respeitadas qualquer das fontes alinhadas nos incisos do art. 113 do CPC.

III – Espécies de Litisconsórcio:

III. 1. Quanto à pluralidade de partes:

a) Ativo = vários autores


b) Passivo = vários réus

III.2. Quanto ao momento de formação:

a) Inicial = surge no inicio do processo


b) Ulterior = Surge após o inicio da relação processual ( Ex. no caso de haver conexão).

III.3. Quanto à natureza do laço entre os litisconsortes: (necessário ou facultativo)

a) Necessário ou indispensável = Ocorre nas ações em que somente pode ser intentadas por
ou contra duas ou mais pessoais, seja por disposição legal, seja em razão da natureza da
relação jurídica material posta em juízo (art. 114 CPC).

Obs: 1) A lei em muitos casos impõe o litisconsórcio necessário (Ex. ações que versem sobre
direito real imobiliários, em que marido e mulher terão que se litisconsorciar como autores (art.
73, CPC; e deverão ser obrigatoriamente citados se integrarem o polo passivo de referidas ações (§
1º , I, II, III, IV do art. 73; ações que versem sobre divisão e demarcação de terras (arts. 569, II, 572,
§ 1º, onde obrigatoriamente serão citados todos os condôminos no primeiro caso e todos os
confinantes no segundo).

Obs: 2) O litisconsorte necessário, na generalidade dos casos, não é expressamente previsto em


lei, mas se funda na natureza da relação jurídica material posta em juízo na qual se funda a
pretensão, e a ser considerada na sentença. Em síntese a lei processual considera os litisconsortes
necessários, sempre que a pretensão dos litisconsortes ou contra estes, se funda na mesma
relação jurídica (Lopes da Costa).
Exemplos de litisconsórcio necessário, em razão da natureza da relação jurídica posta em juízo:

- as ações de partilha, em que todos os quinhoeiros deverão ser citados;

- a ação de nulidade de casamento, proposta pelo Ministério Público (art. 1.549 CC), em que
ambos os cônjuges devem ser obrigatoriamente citados;

- ação de dissolução de sociedade, na qual devem todos os sócios ser obrigatoriamente citdados;

- ação pauliana (anulatória), em que serão citadas as partes do contrato,

OBS: 3). Em razão de o litisconsórcio ser necessário, o juiz, quando ele não se forma, determinará
ao autor que tome a providência para constituí-lo (requerendo a citação de todos que devem ser
litisconsortes), pena de extinção do processo (art. 115, parágrafo único). Igual providência deve
ser adotada na hipótese de litisconsorte ativo necessário, devendo o juiz extinguir o processo sem
julgamento por falta de uma das condições da ação.

b) Facultativo ou desnecessário = É aquele que depende da vontade das partes. Tal vontade
porém, não é arbitrária, mas decorrente de um dos casos previstos no artigo 113 do CPC,
que prevê as fontes do litisconsórcio.
Exemplos de litisconsórcio facultativo:
- o direito de cada condômino previsto no artigo 1.314 do Código Civil.
- a vitima do delito acionando os responsáveis pelo fato delituoso.
- a vitima de acidente de trânsito, atribuído ao motorista de um ônibus coletivo,
acionando concomitantemente, o motorista e a empresa proprietária do veículo.
- o credor acionando, conjuntamente, o devedor e o respectivo fiador.
- o credor acionando os co-devedores solidários.
- vários credores acionando o devedor comum.

III.4 – Quanto à natureza da sentença a ser proferida (simples ou unitário).

a) Simples = ocorre sempre que a ação somente pode ser intentada pró ou contra duas ou
mais pessoas, seja por disposição de lei, seja em razão da natureza da relação jurídica
posta em juízo. É o litisconsorte que se estabelece porque a demanda não pode deixar de
ser movida por várias ou contra várias pessoas (Ex. Ação que verse sobre direito real
imobiliário).
b) Unitário = ocorre quando juiz tem que decidir a lide de modo uniforme para todos os
litisconsortes.
Exemplos de litisconsórcio unitário:
- ação de nulidade de casamento proposta pelo Ministério Público (art. 1.549 CC), onde
ambos os cônjuges devem ser citados, e a sentença deve ter eficácia para as partes.
- a ação pauliana.
- ação de divisão de terras.
IV – Relação Processual Litisconsorcial = O litisconsórcio encerra pluralidade de lides com
pluralidade de partes, mas com relação processual única. Vale dizer: existe várias lides, com vários
autores e/ou vários réus, porém um só processo.

V – Princípio da autonomia dos colitigantes (art. 117 e 118) = Os litisconsortes são considerados
em suas relações com a parte adversa como litigantes distintos; assim os atos e as omissões de um
não prejudicarão, nem beneficiarão os outros. Por ser autônomo, cada litisconsorte pode
constituir advogado próprio, alegar o que julgar conveniente em defesa de seus direitos, poderá
recorrer; promover o andamento do processo, etc.

OBS: 1) Qualquer litisconsorte poderá, independentemente dos demais, interpor recurso, mas a
decisão deste, quanto ao mérito da sentença impugnada, apenas ao recorrente aproveitará ou
prejudicará.

OBS:2) Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará os


outros, quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns (art. 1.005, parágrafo único CPC).

OBS:3) Prova produzida por um dos litisconsorte poderá aproveitar ou prejudicar os demais, em
face do princípio da comunhão da prova (Art. 371 CPC).

BIBLIOGRAFIA.

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