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Teorias das Relações Internacionais
Política Internacional
Professor Thomaz Napoleão
Aula 2
25/09/2018
Sobre Teorias de RI no CACD
• Questões específicas na 1ª fase e ferramentas conceituais na 3ª fase
• Não há teoria “correta” ou “oficial” para MRE ou CACD; diferentes teorias
podem explicar diferentes fenômenos
• Teorias de RI buscam se adaptar à realidade da política externa – não o
contrário
• Maioria das teorias é oriunda do Norte
Conceitos centrais
• Anarquia internacional
• Ausência de governo mundial
• Soberania estatal (positiva e negativa)
• “Ausência” de limites internos e externos à autonomia estatal
• Atores x sujeitos internacionais
• Concepção política (atores) x jurídica (sujeitos) das RI
• Estruturas x agentes
• Identificar causalidades
• Níveis de análise
• Sistêmico > supraestatal > Estado > societal > individual
Ordem vs Sistema

ORDEM INTERNACIONAL SISTEMA INTERNACIONAL


• Conceito jurídico • Conceito político
• Lógica do direito • Lógica do poder
• Sujeitos internacionais • Atores internacionais
(concepção restritiva) (concepção abrangente)
• Uni/bi/pluri/multilateralismo • Uni/bi/multipolaridade

“O multilateralismo é a expressão normativa da multipolaridade” (Celso Amorim)


Trajetória das TRI
• Convergência entre prática e teorias das RI
• Entreguerras
• Ordem multilateral (Liga das Nações) e disciplina acadêmica das RI (Universidade de
Aberystwyth, 1919) surgem paralelamente; disputa entre realismo clássico e idealismo
• Guerra Fria
• Sistema bipolar explicado por teorias racionalistas/positivistas (primazia do realismo clássico
nos anos 1940/1950; neorrealismo x neoliberalismo nas décadas seguintes)
• Após 1991
• Breve momento unipolar e atual transição para multipolaridade; pluralismo teórico nas RI
reflete mundo mais complexo
Realismo e neorrealismo
• Antecedentes: Tucídides, Maquiavel, Hobbes
• Historicamente a tradição mais influente das RI
• Conceitos centrais
• Estados soberanos são únicos atores relevantes
• RI são busca permanente por sobrevivência e hegemonia
• Interesses dos Estados são definidos em termos de poder (Morgenthau)
• Moral, valores e ideologia pouco importam; uso da força é legítimo
• Ganhos de soma-zero
• Forte distinção entre política externa e interna
• Clássico x Neo
• Realismo clássico (entreguerras, anos 1950/60): antropomorfismo estatal, moralismo, pessimismo
• Neorrealismo (desde anos 1970): abordagem racionalista/economicista
• Prioridades de pesquisa: segurança, guerra e paz
Realismo e neorrealismo
• Três imagens (causas) da guerra (Kenneth Waltz)
• Indivíduo (natureza humana), Estado (organização política) e sistema (estrutura do sistema internacional – mais
importante)
• Dilema de segurança (John Herz)
• Estado que busca sua segurança é visto pelos demais Estados como fonte de insegurança (corrida armamentista)
• Neorrealismo defensivo x ofensivo
• Defensivo (Waltz): tendência ao equilíbrio de poder/status quo; Estados buscam alianças para sobrevivência,
dissuasão, soft e hard balancing
• Ofensivo (John Mearsheimer): tendência ao expansionismo; Estados em ascensão buscam hegemonia e causam
conflitos
• Autores principais: E.H. Carr, Hans Morgenthau e Raymond Aron (realismo clássico); Kenneth Waltz,
Henry Kissinger, Robert Jervis, Stephen Walt, John Mearsheimer e Robert Gilpin (neorrealismo)
Idealismo, liberalismo e neoliberal-institucionalismo
• Antecedentes: Rousseau, Kant, Locke
• Influente no entreguerras (Liga das Nações, idealismo wilsoniano) e desde anos 1970
(globalização)
• Conceitos centrais
• Valorização de outros atores além dos Estados (organizações internacionais, empresas, ONGs, grupos
religiosos, terroristas...)
• Busca dos ganhos compartilhados
• Cooperação internacional é possível e necessária
• Interrelação entre política externa e interna
• Não é necessariamente pacifista! Guerra justa, intervenções humanitárias, responsabilidade de proteger
(R2P) justificam uso da força pelo bem comum
• Prioridades de pesquisa: comércio, integração regional, direitos humanos e meio ambiente
Idealismo, liberalismo e neoliberal-institucionalismo
• Interdependência complexa (Joseph Nye e Robert Keohane)
• Múltiplos canais de ação nas relações interestatais e transnacionais; ausência de hierarquia de agendas;
tendência ao declínio no uso da força militar e da coerção nas RI
• Antecedente: crença de que globalização comercial evitaria a guerra (Norman Angell, 1914)
• Regimes internacionais (Stephen Krasner)
• Princípios, normas, regras e procedimentos decisórios implícitos ou explícitos em torno dos quais as
expectativas dos atores convergem
• Organizam relações entre Estados em uma determinada área
• Tipologia do poder (Joseph Nye)
• Complementaridade entre poder duro (hard, militar e econômico) e brando (soft, cultural e normativo)
• Busca do poder inteligente (smart) para conciliar hard e soft power
• Autores principais: Joseph Nye, Robert Keohane e Ernst Haas
Idealismo, liberalismo e neoliberal-institucionalismo
• Teorias correlatas
• Funcionalismo (Deutsch e Mitrany) e neofuncionalismo (Haas)
• Abordagem utilitarista sobre benefícios da integração regional (UE) e da cooperação internacional (ONU) via
processo de spill-over (“derramamento”) entre setores
• Neofuncionalismo considera mais fatores políticos do que funcionalismo
• “Fim da História” (Francis Fukuyama)
• Crença na hegemonia definitiva da ordem liberal-democrática capitalista e na impossibilidade de alternativas
(hipótese de 1992 desmentida pelo próprio autor)
• Teoria da paz democrática (Kant, Doyle e Fukuyama)
• Democracias evitam ir à guerra e não lutam entre si (hipótese frágil em termos conceituais, empíricos e de
causalidade)
Construtivismo
• Antecedentes: Piaget, Searle, Wittgenstein
• Em voga desde anos 1990 (resposta ao debate neo-neo)
• Conceitos centrais
• Intersubjetividade das relações entre atores internacionais e entre agentes e estruturas (RI são
construção permanente)
• Desconstruir noção de “interesses nacionais” (é mais importante definir que defender interesses)
• Prioridades de pesquisa: ideologia, identidade (individual e coletiva), normas e outras fontes
de pesquisa/fatores do comportamento estatal
Construtivismo
• A anarquia segundo o construtivismo
• Anarquia não é inerente, mas socialmente construída (“a anarquia é o que os Estados fazem dela”,
Wendt)
• Culturas da anarquia: hobbesiana (conflito), lockeana (competição) e kantiana (cooperação)
• Vertentes do construtivismo
• Social (estruturalista): exame das relações interestatais
• Normativo: análise dos regimes internacionais
• Narrativo: estudar identidades específicas
• Pós-moderno: ênfase na desconstrução
• Autores principais: Alexander Wendt, Nicholas Onuf, J.G. Ruggie, Ted Hopf e Friedrich
Kratochwil
Feminismo
• Feminismo em RI
• Metacrítica das premissas patriarcais das RI (masculinizadas em si e analiticamente
insuficientes)
• Busca abordagem de gênero na teoria e na prática
• Exemplos: regime de direitos das mulheres (ONU Mulheres, CSW, Convenção sobre Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação de Gênero e CEDAW); agenda de mulheres, paz e segurança do CSNU
• Mulheres como agentes e não objetos; busca do empoderamento e não da vitimização
• Multiplicidade de abordagens, mas geralmente reflexivistas (convergência com construtivismo)
• Principais autoras: J. Ann Tickner e Cynthia Enloe
Marxismo
• Marxismo em RI
• Critica desigualdades na infraestrutura (mais importante que superestrutura) do sistema
internacional
• Imperialismo como causa da guerra (Vladimir Lenin)
• Busca de hegemonia ideológica (Antonio Gramsci)
• Dependência centro-periferia (Fernando Henrique Cardoso/Enzo Faletto)
• Lógica da acumulação capitalista/sistema-mundo (Immanuel Wallerstein)
• Materialismo histórico e teoria das classes aplicadas às RI (Fred Halliday)
• Visão teleológica/emancipadora das RI
Abordagens críticas
• Teoria Crítica
• Abordagem pós-positivista (como Construtivismo); próxima da Escola de Frankfurt
• Crítica às lógicas históricas de dominação, hegemonia e exclusão; busca de emancipação
• Principais autores: Robert Cox e Andrew Linklater

• Pós-colonialismo
• Questiona imperialismos, eurocentrismos e orientalismos (Edward Said)
• Busca ”descentralizar” RI, dar voz aos subalternos/reprimidos e compreender suas experiências
• Ênfase nas disputas políticas por narrativa e representação (poder, gênero, classe, raça…)
• Principais autores: Sheila Nair, Geeta Chowdry e Siba Grovogui
Escola inglesa
• Escola inglesa das RI
• Busca superar dicotomia teórica entre realismo x idealismo desde anos 1960
• Identifica três tradições das RI
• Realismo/Sistema internacional (Hobbes): disputa por poder entre Estados
• Racionalismo/Sociedade internacional (Grotius): criação de organizações internacionais para
promover normas e valores comuns
• Revolucionismo/Sociedade mundial (Kant): centralidade do indivíduo e superação da lógica
interestatal nas RI
• Convergência com construtivismo (três culturas da anarquia de Wendt)
• Principais autores: Martin Wight, Hedley Bull, Andrew Linklater
Escola francesa
• Escola francesa das RI
• Abordagem histórica e sociológica; integrar histórica diplomática à história das
civilizações
• Análise de “forças profundas” e ciclos históricos
• Estudo da relação entre estruturas (identificar causalidades e finalidades) e
decisões de agentes (homens de Estado)
• Ênfase no poder e na potência (convergência com realismo)
• Crítica à supremacia intelectual anglo-saxônica das RI
• Principais autores: Pierre Renouvin, Jean-Baptiste Duroselle, Charles Zorgbibe e
René Girault
Escola de Copenhague
• Escola de Copenhague
• Convergência com construtivismo social (“estado-cêntrico”)
• Estudo da segurança internacional por setores
• Militar (defesa)
• Política (ordens/regimes)
• Econômica (recursos)
• Societal (identidades)
• Ambiental (ecossistemas)
• Estudo e crítica do fenômeno da “securitização” (transformar algum problema em questão de segurança –
justifica medidas de exceção)
• Método: análise de discurso
• Abordagem regionalista (complexos regionais de segurança)
• Principais autores: Barry Buzan, Ole Wæver
Escolas sul-americanas
• Nacional-desenvolvimentismo
• Busca de autonomia decisória e inserção soberana
• Não é teoria das RI, mas matiza diplomacia (após PEI) e pensamento social (ISEB, CEPAL) desde anos 1950
• Principais autores: Hélio Jaguaribe, Werneck Sodré, Cândido Mendes, Celso Furtado

• Grupo argentino-brasileiro das RI


• Rejeição ao “imperialismo epistemológico” das teorias
• Valorização dos conceitos brasileiros/sul-americanos
• Viés estatal (estudo da integração regional) e historicista
• Principais autores: Amado Cervo, José Flávio Sombra Saraiva, Moniz Bandeira, Raúl Bernal-Meza, Mario Rapoport

• Realismo periférico (Carlos Escudé)


• Estados periféricos devem evitar custos e riscos desnecessários, adotar vocação comercial e atrair investimentos no
contexto da globalização
• Na prática, política externa de Carlos Menem
Perguntas e respostas

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