Você está na página 1de 8

CURSO DE MESTRADO EM DIREITO CANÔNICO

Matéria: Direito Processual I


Professor: Prof. Ms. António José Castanheira. M. Madeira
Aluno: Ir. Isaac Segovia CRSP
Data: 08/04/2020

FICHAMENTO (Resumo)

Do Juízo em geral.

A trilogia estrutural do Direito Processual são: Jurisdição, Ação e Processo

Teoria da Jurisdição: o Livro VII (Dos Processos) está dividido em cinco partes distintas:
I.ª Parte: Dos Juízos em geral (cc. 1400-1500);
II.ª Parte: Do Juízo contencioso (cc. 1501-1670);
III.ª Parte: De alguns processos especiais (cc. 1671-1616);
IV.ª Parte: Do processo penal (cc. 1717-1731);
V.ª Parte: Do modo de proceder nos recursos administrativos e na destituição e transferência de
párocos (cc. 1732-1752)

I Parte: Dos Juízos em Geral (cc. 1400-1500).


Tendo como base os elementos do juízo, pode-se fazer outra divisão, levando-se em conta toda a
estrutura do Livro VII:
a) O juízo em geral: Sujeito ativo: os Tribunais (cc. 1404-1475); Sujeito passivo: as partes da
causa: (cc. 1476-1490); Objeto: ações e exceções (cc. 1491-1500).
b) O juízo em particular: Forma o juízo contencioso (cc. 1501-1670) e alguns processos
especiais (cc. 1671-1707); Forma o processo penal (cc. 1717-1731); Forma o modo de proceder
nos recursos administrativos (cc. 1732-1752).

A primeira parte do Livro VII do Código contém as normas gerais sobre o juízo eclesiástico,
101 cânones (cc. 1400-1500), e são distribuídas em cinco títulos:
Título I - Do Foro competente (cc. 1404-1416)
Título II - Dos vários graus e espécies de Tribunais (cc. 1417-1445)
Título III - Da disciplina a ser observada nos Tribunais (cc. 1446-1475)
Título IV - Das partes em causa (cc. 1476-1490)
Título V - Das ações e exceções (cc. 1491-1500)

1). Da divisão do juízo eclesiástico com relação ao objeto (cân. 1400) - (CCEO cân. 1055)
são três:
As fontes deste cânon 1400 § 1: +cân. 1552 § 2; 1400 § 2: +cân. 1601; Comissão de Interpretação, «Resposta», 22
de maio de 1923; Constituição Apostólica «Regimini Ecclesiae Universae», 15 de agosto de 1967, 106.
1) os direitos das pessoas físicas ou jurídicas (cf. cân. 221 § 1);
2) os delitos, isto é, violação externa de uma lei ou de um preceito penal (cf. cân.1321 §1);
3) os fatos jurídicos dessas mesmas pessoas para obter uma declaração de legalidade da parte da
autoridade pública.

Portanto, têm-se também três tipos de Procedimentos Jurídicos:


1) Judicial Contencioso
2) Judicial Penal
O delito é uma violação externa da lei (elemento objetivo), moralmente imputável (elemento
subjetivo), ao qual vem anexa uma sanção canônica ao menos indeterminada (elemento legal).
3) Judicial Contencioso - Administrativo
O ato administrativo pode ser expresso através de um decreto ou de um rescrito (como os
privilégios, a dispensa, a graça).

2). Do âmbito do poder judiciário da Igreja (cân. 1401)


As fontes do cânon 1401: +cân. 1553 § 1, 1º e 2º; Sagrada Congregação do Concílio, «Resolução», 11 de dezembro
de 1920.
A Igreja julga por direito próprio (cf. +cân. 1553 §§1-2), isto é, porque o poder judiciário da
Igreja deriva, em tais matérias, da sua própria natureza e da vontade do seu Fundador divino, e
não por concessão ou delegação de uma sociedade civil.
-Desde “o fim da época do papa Gelásio I (492-496), a Igreja teve sempre defendido a sua
exclusiva autoridade para julgar algumas matérias.
-Inocêncio III [1198-1206] entende a respeito somente do pecado.
-Também na Declaração de Bonifácio VIII (1294-1303), diz em razão do pecado.

3). Da jurisdição da Igreja sobre as causas matrimoniais dos batizados (cc. 1671-1672)
(CCEO 1357-1358)
As fontes do cân.1671: +cân. 1960; Sagrada Congregação para os Sacramentos, Instrução «Provida Mater Ecclesia»,
15 de agosto de 1936, 1 § 1; Motu proprio «Sollicitudinem nostram», 6 de janeiro de 1950, can. 468; Motu proprio
«Causae Matrimoniales», 28 de março de 1971, I; Motu proprio «Cum Matrimonialum», 8 de setembro de 1973, I.
As fontes do cân.1672: +cân. 1961; +cân. 1960; Instrução PrM 1 § 2; Motu próprio «Sollicitudinem nostram», can.
469; Motu proprio «Causae Matrimoniales», II; Motu proprio «Cum Matrimonialium», 8 de setembro de 1973, II.
A Dignitas Connubii como orientação apresenta nos seus artigos:
Art. 6 - As causas de declaração de nulidade do matrimônio não podem ser tratadas mediante o
processo contencioso oral (cf. cân. 1690).
Art. 7 - § 1. A presente Instrução diz respeito somente ao processo de declaração de nulidade do
matrimônio, e não aos processos de dissolução do vínculo conjugal (cf. cân. 1400 § 1, n. 1; 1697-
1706).
§ 2. Por conseguinte, entender bem a respeito à terminologia, a diferença entre declaração de
nulidade e dissolução do vínculo.
O princípio de direito (competência) próprio da Igreja é reafirmado no cân. 1671 referido às
causas de nulidade matrimonial.

4). Da uniformidade das normas processuais (cân. 1402) (CCEO cân. 1056)
As fontes do cân.1402: +cân. 1555 §§ 1-2; Constituição Apostólica Regimini Ecclesiae Universae, 15 de agosto de
1967, 108, 110.
Os Tribunais da Sé Apostólica possuem normas próprias, são as seguintes: o Supremo Tribunal
da Assinatura Apostólica (Normae, 25/03/1968 - cf. EV vol. 8, nº 522-557; Motu proprio
«Antiqua ordinatione», 21/06/2008) 19 e a Rota Romana (Normae, 27/05/1969 – cf. EV 3, nº
1225-1272; 16/01/1982 – cf. EV 8, nº 12-97; Normae, 18/04/1994 – cf. EV 14, nº 948-1070).
Os demais tribunais podem, porém, ter o seu direito próprio, bem como o atual Código deixa
para as Conferências Episcopais também legislar para a sua jurisdição algumas matérias.

5). Das causas de beatificação e canonização (cân. 1403) (CCEO cân. 1057)
As fontes do cân.1403 § 1: +cc. 1999-2141; Motu proprio «Sanctitas clarior», 19 de fevereiro de 1969; Constituição
Apostólica «Sacra Rituum Congregatio», 8 de maio de 1969; Sagrada Congregação para a Causa dos Santos,
Decreto «Ne ob diuturnum», 3 de abril de 1970; Sagrada Congregação para a Causa dos Santos, «Notificação» de 16
de dezembro de 1972. E o 1403 § 2: sem fonte.
Atualmente as leis processuais próprias da beatificação e canonização não se encontram mais no
Código, mas sim numa particular lei pontifícia (JOÃO PAULO II, Constituição Apostólica
«Divinus perfectionis magister», 25/1/1983 – cf. EV 8, 466-481).

Título I
Do Foro Competente (cc. 1404-1416)
(pressupostos jurisdicionais – cc. 1404-1416)
O Título I (De foro competenti) determina os diversos foros competentes com relação aos
diversos tipos de causas.

6). Das noções preliminares sobre o foro


O termo «foro» é usado na linguagem jurídica com um tríplice significado:
1). Lugar físico;
2). Para designar o juiz ou o tribunal e sua competência;
3). O poder jurisdicional que a lei confere ao juiz (= poder abstrato). E assim, se faz também uma
distinção entre os dois termos (jurisdição e competência):
-Jurisdição: poder atribuído a uma autoridade para fazer cumprir determinada categoria de leis
dentro de uma área territorial.
-Competência: faculdade concedida pela lei ao juiz ou tribunal para apreciar e julgar certos
pleitos ou questões.
Segundo a concepção clássica, a jurisdição compreende cinco elementos assim discriminados:
Notio, Vocatio, Coertio (ou coertitio), Iudicium e Executio.
Segundo a moderna doutrina, porém, a jurisdição compreende três poderes, denominados
poderes jurisdicionais: poder de decisão, poder de coerção, poder de documentação.
Foro competente é, pois, o tribunal ou juiz, que tem poder de julgar determinada questão.

7). Dos diversos graus dos Tribunais ao longo da história e no atual código
Grau de um tribunal é o lugar que esse ocupa na hierarquia judiciária.
Teoricamente, por direito divino, só existem dois tribunais: o do Bispo diocesano e o do Romano
Pontífice.
Por direito eclesiástico existem outras instâncias.
A situação dos graus dos tribunais são instituições de caráter histórico, embora tenham um
fundamento dogmático:
a) no Iº século: existia apenas o tribunal do Bispo diocesano e o tribunal do Bispo de Roma, com
caráter superior;
b) no IIº século: aparecem outros tribunais: do metropolita, dos sínodos provinciais ou regionais;
c) na Idade Média: aparecem tribunais inferiores ao do Bispo, chamados “juízes conservadores”;
d) no Concílio de Trento (1545-1563): renovou-se a mentalidade sobre os tribunais; todas as
causas devem ser conhecidas pelo bispo diocesano;
e) no pontificado de Pio X (1903-1914): este papa faz uma reforma na Cúria Romana, nas
Congregações e nos Tribunais, designando 3 tipos: 1ª Instância (Bispo); 2ª Instância
(normalmente o Tribunal do Metropolita); 3º Instância (Rota Romana).
f) no atual Código: a Primeira Instância é o tribunal do Bispo (embora exista a possibilidade dos
Tribunais regionais e interregionais, como veremos); em Segunda Instância, há 3 modalidades
(metropolita, distribuição e fixação de metropolitas para a Segunda Instância e Tribunais
somente para a Segunda Instância).

8). Da prerrogativa da Sé Apostólica (cân. 1404) (CCEO cân. 1058)


A fonte do cân.1404: +cân. 1556.
É uma prerrogativa de direito divino que se refere ao Romano Pontífice (cf. cân. 331 e,
sobretudo o cân. 333 § 3). Primeira Sé significa claramente a pessoa do papa. Primeira Sede não
é o mesmo que Sé Apostólica (cân. 361). Não se pode nem apelar para o Concílio Ecumênico ou
o Colégio dos Bispos (cân. 1372), como se o Concílio ou o Colégio Episcopal fosse superior ao
papa (cf. conciliarismo). Dos seus atos o papa responde somente a Deus e à sua própria
consciência. A sua imunidade é absoluta.

9). Do privilégio de foro com relação ao ofício, à dignidade (cân. 1405)


As fontes do cân.1405 § 1: +cân 1557 §§ 1 e 3; Instrução PrM 2§ 1 e 3. E do 1405 § 2: +cân. 1557 § 2 e do 1405 §
3: sem fonte.
A Dignitas Connubii apresenta no seu Art. 8 sobre a Competência do Romano Pontífice sobre o
direito de julgar as causas de nulidade de matrimonio dos chefes de Estado e outros com os
referidos cânones.

10). Das consequências quanto ao privilégio de foro com relação à dignidade (cân. 1406)
(CCEO cân. 1072)
A fonte 1406 § 1: sem fonte; 1406 § 2: +cân. 1558.
A Dignitas Connubii no Art. 9 § 1 fala da incompetência de um juiz é absoluta nas seguintes:
1º se a causa já está legitimamente pendente diante de um outro tribunal (cf. cân. 1512, n. 2);
2º se não for observada a competência em razão do grau ou em razão da matéria (cf. cân. 1440).
§ 2. Por conseguinte, a incompetência do juiz é absoluta em razão do grau se a mesma causa,
depois de ter sido publicada uma sentença definitiva, tramitar novamente na mesma instância, a
menos que a sentença tenha sido declarada nula; em razão da matéria, se o exame de uma causa
for feito por um tribunal competente para decidir exclusivamente causas de objeto diferente.
§ 3. Nos casos mencionados no § 1 n. 2, a Assinatura Apostólica pode, por motivo justo, atribuir
o exame de uma causa a um tribunal de per si incompetente (cf. Pastor bonus, art. 124, n. 2).

11). Do foro domiciliar para as causas não reservadas (cân. 1407) (CCEO cân. 1073)
As fontes do cân.1407 § 1: +cân. 1559 § 1; 1407 § 2: +cân. 1559 § 2; 1407 § 3: +cân. 1559 § 3
Nas causas de nulidade de matrimônio, a MITIS apresenta um novo teor: são competentes de
forma equivalente os tribunais do lugar da celebração, do domicílio de ambas as partes e do local
de recolha do maior parte das provas.
O art. 7. §§ 1-2 do MP (MITIS) convertendo-se no CIC atual com o seguinte teor:
Cân. 1672 – Nas causas de nulidade do matrimônio não reservadas à Sé Apostólica, são
competentes:
1º - o tribunal do lugar onde foi celebrado o matrimônio;
2º - o tribunal do lugar onde uma ou ambas as partes têm domicílio ou quase-domicílio;
3º - o tribunal do lugar em que, de fato, deve ser recolhida a maior parte das provas.
A seguir, a Dignitas Connubii no seu art. 11 - § 1. ressalta a questão da prova do domicílio
canônico das partes (cf.cân. 102-107). No §2 trata sobre o quase-domicílio. No §3 trata sobre o
cônjuge separado perpetuamente (cf. cân. 104).
-O art. 11 são novos, pois não se encontram no Código, porém a normativa é clara.
-O art. 12 fala sobre a mudança do domicílio ou do quase-domicílio dos cônjuges enquanto
estiver pendente a causa .
-O art. 13 § 1. Até que não tiverem sido satisfeitas as condições referidas no art. 10 § 1, n. 3-4, o
tribunal não pode legitimamente proceder. § 2. Nos casos mencionados, o consentimento do
vigário judicial do domicílio da parte demandada deve constar por escrito e não pode ser
presumido. § 3. A consulta prévia da parte demandada por parte de seu vigário judicial pode ser
feita por escrito ou oralmente. § 4. O vigário judicial da parte demandada, antes de dar o
consentimento, deve avaliar com atenção todas as circunstâncias da causa. § 5. Neste caso, o
vigário judicial do domicílio da parte demandada não é o vigário judicial do tribunal
interdiocesano, mas o vigário judicial diocesano; e se este faltar num caso particular, o bispo
diocesano. § 6. Mas se as condições de que tratam os parágrafos precedentes não puderem ser
observadas porque, apesar de uma diligente investigação, ignora-se onde reside a parte
demandada, isto deve constar nos autos.
-É muito esclarecedor o art. 13 § 2, não admitindo a presunção do consentimento do vigário
judicial do (a) Demandado (a). Quanto ao § 6 do mesmo artigo, possivelmente a Comissão
Interdicasterial que preparou a «Instrução» teve presente a decisão de 06 de abril de 1973, onde,
pelo fato de ignorar o lugar de domicílio da parte Demandada, era impossível pedir o
consentimento do Ordinário do lugar, e a Assinatura Apostólica contestou que o Tribunal do
lugar em que havia o maior número de provas pudesse dar esse consentimento.
-No art. 14 fala sobre o recolhimento das provas.
-No art. 15 Quando um matrimônio é impugnado por diversos capítulos de nulidade, estes, por
razão de conexão, devem ser conhecidas no mesmo processo e pelo mesmo tribunal (cf. cân.
1407 § 1; 1414).
-No art. 16 § 1. O tribunal da Igreja latina, salvo os art. 8-15, pode examinar causas de nulidade
do matrimônio dos católicos de outra Igreja sui iuris:
1º ipso iure, num território onde não existe outro hierarca local de qualquer outra Igreja sui iuris
além do ordinário do lugar da Igreja latina;
2º nos outros casos, por ampliação da competência concedida pela Assinatura Apostólica, seja
estavelmente ou para o caso em exame;
§ 2. O tribunal da Igreja latina, nestes casos, deve proceder segundo a sua própria lei processual,
mas a nulidade do matrimônio é conhecida segundo as leis da Igreja sui iuris da qual as partes
são fiéis.
-E, finalmente no art. 17 quanto à competência dos tribunais no segundo e ulterior grau de juízo,
aplicam-se os art. 25 e 27 (cf. cân. 1438-1439 § 1; 1632 § 2; 1683).
-É estabelecido no Código um duplo princípio de caráter geral:
a) com relação ao juiz de primeira instância;
b) com relação ao autor e o demandado.

Em relação ao aforismo jurídico: «actor forum rei sequitur» (l. 3, Cod. Ubi in rem actio, III, 19).
Nas causas, com relação ao autor (cân. 1407 § 3), caso não seja o mesmo foro do domicílio da
parte Demandada, deve-se pedir o aforamento.
Com relação ao pedido de aforamento, isto é, quando a parte Demandada não tem o mesmo
domicílio territorial da parte Demandante, cabe ao Vigário Judicial da parte Demandada
conceder ou não o aforamento, depois de ter ouvido a parte Demandada. Não é, contudo,
necessário o consenso da parte da Demandada, basta pedir seu parecer.
Quando não tiver tribunal ou Vigário Judicial na diocese em que tem domicílio a parte
Demandada, o Bispo diocesano deve ouvi-la e, ponderada todas as razões, dar ou não o
consentimento.

Interpretação Autêntica (28 de fevereiro de 1986): “Se o Vigário Judicial, ao qual o consenso é
pedido de acordo com o cân. 1673, 3º, seja o Vigário Judicial da diocese na qual a parte
demandada tem o domicílio, ou aquele do tribunal interdiocesano”. R: Afirmativo quanto ao
primeiro e «ad mentem». A «mente» é esta: se, em caso particular, falta o Vigário Judicial
Diocesano, é necessário o consenso do bispo.
Outra interpretação foi dada pela Pontifícia Comissão para a interpretação autêntica do Código
de Direito Canônico (17/05/1986), com relação à perempção ou renúncia: “Se alguém, finalizada
uma instância por perempção ou por renúncia, quisesse introduzir de novo ou prosseguir a causa,
esta deva ser reassumida pelo foro na qual estava tratando precedentemente, ou poderá ser
introduzida diante de um outro tribunal competente pelo direito no momento da reassumir”. R:
Negativamente quanto à primeira parte; afirmativo quanto à segunda.

12). Da relevância do domicílio e competência do Tribunal (cân. 1408) (CCEO cân. 1074)
A fonte deste cânon é: +cân. 1561 § 1.
O domicílio ou quase-domicílio é o foro mais comum para determinar a competência de juízo de
primeira instância («rationae loci» ou «ratione territorii»). Para as pessoas jurídicas, se considera
o lugar onde está a sede dela.

13). Dos vários tipos de competência (cân. 1409) (CCEO cân. 1075) e MIDI art. 1º (câns.
1671e §§ a 1673§6).
A fonte do cân1409 § 1-2: +cân. 1563.
O foro do vago (cf. cân. 100) expresso no cân. 1409 § 1 segue uma máxima jurídica: «ubi te
invenero ibi te iudicabo.
O princípio de prevenção (cân. 1415) é muito importante, com relação aos foros concorrentes.
Basicamente é quando um juiz se “apropria” de uma causa e “exclui” totalmente a competência,
que sobre a mesma teria ou poderia ter um juiz. “A prevenção, também chamada «antecipação» é
uma maneira de afirmar a competência de um juiz quando há vários que são igualmente
competentes” (BAC cân. 1415).
Prevenção é, pois, o direito de julgar uma causa atribuída ao juiz competente que primeiro tomou
conta dela, excluindo os outros idôneo.

14). Das diversas espécies de tribunais (cc. 1410-1416) (CCEO cc. 1076-1083)
As fontes dos cânones (1410): +cân. 1564; (1411 § 1): +cân. 1565; Comissão de Interpretação, «Resposta XII», 14
de julho de 1922; (1411 § 2), sem fonte; (1412): +cân. 1566; (1413): +cân. 1560, 3º e 4º; (1414): +cân. 1567;
(1415): +cân. 1568; Instrução PrM 11; (1416): +cân. 1612 e Instrução PrM 10.
A Dignitas Connubii nos apresenta nos seus artigos seguintes sobre as diversas espécies de
tribunais:
Art. 18 - Por razão da prevenção, se dois ou mais tribunais são igualmente competentes, tem
direito de conhecer da causa o tribunal que por primeiro citou legitimamente a parte demandada
(cân. 1415).
Art. 19 - § 1. Quem, depois da interrupção da instância por perempção ou por renúncia, quiser
introduzir de novo a causa ou prossegui-la, pode, à sua escolha, recorrer a qualquer tribunal
competente com base nas normas da lei no tempo da retomada da causa.
§ 2. Mas, se a perempção, a renúncia ou a deserção ocorrerem diante da Rota Romana, a causa só
pode ser retomada diante da Rota, tanto se tal causa era destinada a aquele Tribunal Apostólico
como se tinha chegado aí por apelação.
Art. 20 - Os conflitos de competência entre tribunais sujeitos ao mesmo tribunal de apelação são
resolvidos por este tribunal; se não estão sujeitos ao mesmo tribunal de apelação, pela Assinatura
Apostólica (cân. 1416). DC Art. 21 - Se for proposta uma exceção contra a competência do
tribunal, aplicam-se os art. 78-79.
-Os diversos cânones elencados (cc. 1410-1416) determinam os diversos Tribunais competentes
por diversas razões jurídicas: ratione rei sitae (cân. 1410), ratione contractus (cân. 1411), ratione
delicti (cân. 1412), ratione specialis (cân. 1413), ratione conexionis causarum (cân. 1414),
ratione praeventionis (cân. 1415), bem como os conflitos de competência (cân. 1416).
Pode-se, pois, classificar os Tribunais Eclesiásticos levando-se em consideração diversos
aspectos:
a) em relação a autoridade judicial;
b) em relação ao território;
c) em relação às instâncias ou também chamado competência funcional ou hierárquica;
d) em relação ao poder judicial;
e) em relação ao número de juízes;
f) em relação ao procedimento;
g) em relação ao âmbito da competência.
Assim, ao receber uma ação em juízo, o juiz tem a obrigação de examinar se é competente para
admitir a demanda (cf. cân. 1505 § 1). Com relação aos tribunais competentes nas causas
matrimoniais, veja-se o cân. 1673.

Você também pode gostar