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CURSO DE MESTRADO EM DIREITO CANÔNICO

Matéria: Povo de Deus V - A


Professor: D. Anselmo Chagas de Paiva, OSB
Aluno: Ir. Isaac Segovia CRSP
Data: 19 de abril 2020

Vida Consagrada

1) Quais as exigências jurídicas para a fundação de um Instituo de Vida Consagrada?

Segundo o Decreto Perfectae Caritatis nº. 19: "Na fundação de novos Institutos, ponderem-se
atentamente a necessidade ou pelo menos a grande utilidade, assim como a possibilidade de
desenvolvimento, para que não surjam imprudentemente Institutos inúteis ou desprovidos de
suficiente vigor. Promovam-se e cultivem-se, de modo especial nas cristandades recentes,
aqueles formas de vida religiosa que se adaptam à índole, costumes, tradições e situações dos
seus habitantes".

O nascimento de novos Institutos, ou para os nossos dias, os que se chamam de Novas


Comunidades de Vida é preciso que vem de encontro a novas necessidades da Igreja para dar
resposta aos desafios da realidade; e aqui vem a exigência jurídica, para que realmente
respondam as necessidades e à real "utilidade" e que não sejam apenas fruto de desejos e
desligados da vida eclesial, por isso o documento adverte dizendo: "que não surjam por
imprudência Institutos inúteis ou desprovidos de suficiente vigor".

Por isso, os carismas não podem ser submetido a critérios individuais, é necessário que seja
inspiração do Espírito Santo através da pessoa do fundador ou fundadora. É nesse sentido que a
Lumem Gentium, nº. 12b, nos diz que os carismas são dons do Espírito dados às pessoas para a
edificação da Igreja, lembrando o critério, sempre válido, dado pelo Apóstolo Paulo à
comunidade de Corinto (cf. 1Cor. 12,-14).

Além disso, para a fundação é precisa que se tenha a aprovação da Santa Sé por meio de um
Decreto formal. Esse decreto é um ato jurídico que concede, pela própria natureza das coisas,
personalidade jurídica ao novo instituto.

2). Definir:

a) Agregação: é um ato, mediante o qual, um instituto, depositário de uma tradição espiritual


própria, reconhece um outro como integrante dela e participante dos seus privilégios espirituais.
Portanto, a agregação somente produz efeitos de ordem espiritual, ou seja, significa somente
comunhão espiritual e de graças espirituais, sem desvalorizar da autonomia jurídica do instituto
agregado.

No cân. 580 diz: "A agregação de algum instituto de vida consagrada a outro é reservada à
competente autoridade do instituto agregante, salva sempre a autonomia canônica do instituto
agregado" .

Denilson Geraldo comentando este cânon diz sobre a agregação:

"A agregação é um ato formal e jurídico de admitir e reconhecer como membro, moralmente
inscrito, outro instituto como ordem terceira regular ou religiosa. A agregação tem como efeito
inicial as vantagens espirituais do instituto agregante. O instituto agregado não é dependente ou
sujeito à autoridade do instituto que o agregou e não participa dos privilégios de jurisdição de que
goza o instituto agregante. A agregação tem como objetivo unicamente os bens espirituais.
Somente a autoridade do instituto agregante é capaz de executar o ato formal de agregação.
Exemplificando, a associação de leigos X pode estar agregada ao instituto de vida consagrada Y
para receber somente os bens espirituais. Contudo, a associação X não estará sujeita à autoridade
do instituto Y (esta possui seu próprio governo) e não participa de sua jurisdição" (GERALDO,
Denilson. A Vida Consagrada no Código de Direito Canônico. Aparecida-SP: Editora Santuário,
2012, p. 19).

b) Fusão: é a absorção de um instituto ou mosteiro por outro, de tal forma que o primeiro
desapareça por completo, embora alguns elementos de sua tradição possam ser incorporados ao
instituto absorvente. É uma figura jurídica recomendada pelo Concílio Vaticano II (PC, 21), em
relação aos institutos ou mosteiros decadentes e que não oferecem esperança fundada de
reflorescimento.

Tomás Rincón-Pérez comentando o cânon 582 a rspeito da fusão diz:

"Existe fusión, cuando un instituto pequeño (A) se une a otro mayor (B) de modo tal que el
primero (A) se suprime quedando absorbido por el segundo (B) cuyo nombre, constituciones y
régimen asume. A veces, la fusión recibe el nombre de unión extintiva, porque en verdad el
instituto A se extingue por fusión". (COMENTÁRIO EXEGÉTICO AL CÓDIGO DE DERECHO
CANÔNICO, Pamplona. EUNSA, 3ed., 2002, vol. II/2, p.385)

3) Definir citando exemplos de:

a) União: é um ato de fazer com que dois institutos se integrem entre si, de tal modo que passem
a formar um novo instituto, sob um novo título. Neste sentido implica supresão ou desaparição
de dois ou mais institutos, dando lugar a um novo e distinto. Segundo Tomás Rincón-Pérez
existem dois tipos de união:

a) La unión de dos casas sui iuris, que tienen el mismo fundador y la misma regla. No se confunda
esta unión con la llamada congregación monástica pues ésta entraba una unión entre sí de varios
monasterios sui iuris bajo el mismo Superior, pero permaneciendo autónomos (sui iuris) dichos
monasterios, mientras que en una verdadera unión de casas, éstas pierden su autonomía.

b) La unión de dos o más institutos entre sí, formando una nueva familia religiosa. A veces, los
institutos unidos tienen el mismo fundador; pero puede haber uniones entre institutos que tengan
distintos fundadores. (COMENTÁRIO EXEGÉTICO AL CÓDIGO DE DERECHO CANÔNICO,
Pamplona. EUNSA, 3ed., 2002, vol. II/2, p.385)

b) Confederação: é o organismo jurídico de colaboração entre vários institutos da mesma


tradição. Exemplo: as diversas Congregações de Irmãs de São José, das quais existem mais de 40
provenientes de uma única federação, a fim de se ajudarem mutuamente na conservação e de
desenvolvimento do patrimônio espiritual comum. Analogia a esta figura é a Confederação
Monástica ou associação de várias federações de mosteiros autônomos, como as dos beneditinos,
sob um mesmo abade primaz, que não exerce verdadeira jurisdição sobre os mosteiro filiados.

c) Federação: é a associação de vários mosteiros autônomos, sob um superior maior comum, a


fim de facilitar sua atuação em certos campos como, por exemplo, no da formação, de acordo
com estatutos legitimamente aprovados.

Tomás Rincón-Pérez ao comentar sobre a federação diz: "La federación tiene estatutos propios
aprobados por la Sede Apostólica. Según esos estatutos, un Superior con su consejo preside la
federación, pero sin ninguna potestad sobre los propios institutos" (COMENTÁRIO
EXEGÉTICO AL CÓDIGO DE DERECHO CANÔNICO, Pamplona. EUNSA, 3ed., 2002, vol.
II/2, p.385).

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