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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

Licenciatura em História – História do Brasil II


Professora Eliane Cristina Deckmann Fleck
Alexandre Lopes da Silva Data:19/03/2020. Sala: B06 100

Os abelhudos franceses e suas influências para a arte brasileira

Antes de falar da ¨Missão Artística francesa”, faz-se necessário destacar que essa
não era a denominação inicial do grupo de artistas que aportaram no Brasil em
1816. Em relatos da época eram descritos como colônia de artistas, além de serem
chamados de expatriados ou refugiados por alguns membros da elite local brasileira,
que não via a vinda dos franceses com bons olhos. Foi só posteriormente que o
grupo ficou reconhecido como uma missão, versão que perdurou na historiografia
até recentemente, devido as tentativas de familiares e outras pessoas relacionadas
a estes artistas que se beneficiariam dando maior grandiosidade a tal acontecido.
Pois é melhor ser visto como convidado, ainda mais se tratando de um convite real,
do que ter a fama de intruso ou intrometido.

Deixando essa discussão historiográfica de lado e atentando para as contribuições


dos membros da missão/colônia francesa, logo percebemos que se tratou de um
evento singular e sem precedentes na história brasileira. Esse grupo, trouxe ao
Brasil a mentalidade e as práticas artísticas vigentes na atualidade da Europa
daquele período, portanto, aproximando o “Império nos Trópicos” das cortes
europeias.

O Neoclassicismo era a corrente artística vigente na época, que se inspirava nos


ideais e modelos do Classicismo greco-romano, mas contava também com alguns
elementos do Renascimento. No Brasil o Neoclassicismo teve uma singularidade
devido a paisagem tropical e os costumes e práticas da população que aqui vivia,
bem diferente da realidade europeia, houve então essa mescla: a experiência dos
franceses com a realidade brasileira, pois, existia essa necessidade de “traduzir” as
belas artes para uma população que em sua grande maioria era iletrada. A corte
soube se aproveitar das obras Neoclássicas criadas para confirmar ainda mais sua
legitimidade no Brasil, mas também, para passar aos demais reinos europeus uma
ideia de civilidade, ou seja, um Brasil semelhante com a Europa.

Introduzindo o Neoclassicismo no Brasil, os artistas franceses influenciaram também


os artistas locais, que sim, existiam em terras brasileiras, apesar de ser pouco
relatada tal situação. Um dos motivos era o fato de as belas-artes não serem
consideradas profissões, pelo contrário, eram até mal vistas aos olhos das elites
brasileiras, que geralmente as ligavam ao trabalho escravo e com finalidades quase
que exclusivamente para a religiosidade. Essa foi outra grande contribuição da
“Missão francesa”, após sua passagem as belas-artes passaram a ser consideradas
profissões práticas, devido a sua grande utilização como propaganda da corte,
sobretudo as iconografias, que visava uma comunicação clara, de fácil
entendimento, sabendo do grande número de iletrados no reino.

A literatura também foi marcada por um estilo simples e objetivo, geralmente com a
temática voltada a natureza, além disso, a vida no campo também e retratada e
como não poderia deixar de ser, os escravos foram reapresentados em muitas
dessas obras literárias. Mas onde tiveram maior representatividade foram nas
pinturas de Jean-Baptiste Debret. Os artistas franceses conseguiram então,
coincidir uma colônia tropical e escravocrata à um modelo europeu neoclássico.

Apesar de toda as controvérsias historiográficas envolvendo a “ Missão/Colônia


Artística Francesa”, convidada ou não, planejada ou não, é inegável as suas
contribuições para a arte brasileira. Além de trazerem elementos do neoclassicismo
e tudo o que o envolvia, de certa maneira, pode-se dizer, que ela abriu os olhos, ou
ao menos, mudou a maneira de como a população brasileira via e se posicionava
em relação as belas-artes, que sem dúvida teve influência direta nas décadas
seguintes da arte brasileira, sobretudo após a fundação da Academia Imperial de
Belas Artes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Sol do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
(da p. 11-21; da p. 45-52; da p. 175-196 e da p. 215-241).

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