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SUSTENTABILIDADE
EM EDIFICAÇÕES
Professor:
Me. Otavio Henrique da Silva
DIREÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
•• Contextualizar o modelo do desenvolvimento sustentável por meio do
histórico das discussões ambientais, especialmente das Conferências am-
bientais e climáticas internacionais, bem como compreender o conceito e
dimensões da sustentabilidade.
•• Destacar a importância e a problemática da construção civil, para então, con-
ceituar a edificação sustentável, definindo seus princípios e características.
•• Expor procedimentos para o planejamento da edificação preliminarmente,
abordando questões acerca da viabilidade do empreendimento, das esco-
lhas de localização e tamanho da construção, e da conformidade legal e
ambiental, com destaque ao licenciamento ambiental.
•• Apresentar técnicas para o melhor uso do terreno à concepção arquitetô-
nica e para o aproveitamento de recursos naturais, especialmente quanto
à ventilação e iluminação naturais.
PLANO DE ESTUDO
introdução
6 Pós-Universo
Desenvolvimento
sustentável
Contextualização
Não é tarefa simples definir um marco preciso para início das discussões acerca de
questões ligadas à sustentabilidade. Em diferentes locais e em épocas diversas, pen-
sadores já tratavam da problemática ambiental. Um exemplo conhecido é o “Ensaio
sobre a população”, elaborado em 1798 pelo economista inglês Thomas Robert
Malthus, no qual eram abordados cenários pessimistas do crescimento populacio-
nal do planeta, tendo em vista que, segundo o autor, a produção de alimentos não
acompanharia tal ritmo.
A nível mundial, ocorreu em 1949 a Conferência Científica da Organização das
Nações Unidas – ONU sobre Conservação e Utilização de Recursos Naturais, sendo
esta a primeira Conferência a tratar de discussões ambientais. Foi realizada nos EUA
com a participação de 49 países, não havendo, ainda, grande repercussão.
Nas décadas de 1950 e 1960, verificam-se os primeiros sinais de preocupação
ambiental. Em 1962, a publicação do livro “Silent Spring”, de Rachel Carson, chamou
a atenção, pela primeira vez, para a utilização indiscriminada do pesticida altamen-
te contaminante DDT (diclorodifeniltricloroetano), muito utilizado após a segunda
guerra mundial.
Em 1968 houve a criação do Clube de Roma, o qual reunia pessoas em cargos
de relativa importância em seus respectivos países e visa promover um crescimento
econômico estável e sustentável da humanidade, buscando tratar de questões como
o desenvolvimento industrial e a corrida armamentista envolvendo testes nucleares.
Nos anos 1970 solidifica-se a consciência das ameaças da civilização industrial-
-tecnológica, havendo a primeira cúpula da terra, a Conferência das Nações Unidas
para o Meio Ambiente Humano, realizada em 1972 em Estocolmo. Nela, foram abor-
dados aspectos político-econômicos e suas consequências para a natureza e ao
desenvolvimento humano.
Foi a partir da Conferência de Estocolmo que as questões ambientais passam a
fazer parte de todas as temáticas internacionais. No Brasil, como reflexo imediato,
pode-se citar a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente já em 1973, reali-
zando, dentre outras atividades, procedimentos de Educação Ambiental.
Em 1980 ocorreu a publicação do relatório “A estratégia global para a conserva-
ção” pela União Internacional para a Conservação da Natureza, sendo utilizado pela
primeira vez o termo “desenvolvimento sustentável”, sendo este conceito formalizado
8 Pós-Universo
em 1987 por meio da publicação do Relatório Nosso Futuro Comum, também co-
nhecido como Relatório Brundtland, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Desastres ecológicos como o de Chernobyl em 1986 e intensifi-
cação da poluição contribuíram para a mundialização do movimento ambientalista
na década.
Ainda nessa década, mais que um marco na história da redemocratização bra-
sileira, a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
(BRASIL, 1988) também representou um avanço no tocante à questão ambiental. Este
conjunto de dispositivos legais que rege o funcionamento do Estado ficou conheci-
do como “Constituição Verde”, tendo em que foi a primeira constituição que trouxe
o termo “meio ambiente”. Inclusive, esta Constituição possui um capítulo destinado
exclusivamente ao tema. Chama-se atenção para o Art. 225, o qual contempla a con-
cepção do desenvolvimento sustentável:
““
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).
saiba mais
Para mais informações sobre o acordo realizado na COP-21, em Paris,
acerca dos objetivos firmados, investimentos previstos e papel do Brasil na
Conferência, consulte a matéria publicada pela BBC Brasil no link: <http://
www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151212_acordo_paris_tg_rb>
Fonte: BBC Brasil (2015).
10 Pós-Universo
Com o objetivo principal de discorrer como será aplicado o Acordo de Paris, realizou-
-se a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2016 (COP-22)
em Marrakesh, Marrocos. Quase 190 países participaram da reafirmação do Acordo.
Seguindo com as Conferências acerca das questões ambientais, em novembro
de 2017 ocorrerá a COP-23 em Bonn, Alemanha. Neste evento, espera-se que haverá
uma discussão importante sobre o Artigo 6, do Acordo de Paris, devendo ser estabe-
lecido critérios e diretrizes do que seria um mecanismo de mercado na convenção
climática, incorporando, do Protocolo de Quioto, o Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL).
Entende-se que a ONU, por meio da realização de suas Conferências a nível
mundial relacionadas às questões ambientais, possui papel decisivo à manutenção
e promoção do desenvolvimento sustentável. São esses esforços no âmbito global
que, via de regra, refletem em investimentos por melhores técnicas e tecnologias em
prol da sustentabilidade. Estes avanços exercem influência direta na vida das pessoas,
como por exemplo, quando aplicados diretamente no meio urbano, seja na área de
transportes, na de saneamento ou, tal como é o foco deste estudo, na elaboração e
execução de projetos de obras ecológicas.
Sustentabilidade
Sustentável é um verbete que tem origem no latim, de sustentare, que significa
sustentar, defender, apoiar, conservar. Já a sustentabilidade, que vem do termo sus-
tentável, pode ser entendida como uma forma de pensamento sistêmico, relacionado
com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da so-
ciedade humana.
Para Lavezzo (2016), a sustentabilidade é diretamente relacionada ao desenvol-
vimento econômico e material sem promover agressão ao ambiente, utilizando-se
os recursos naturais de forma inteligente para que haja sua manutenção. Seguindo
estes parâmetros, a humanidade pode garantir o desenvolvimento sustentável.
Coutinho, Pinto e Damouche (2014) entendem que a principal ideia da susten-
tabilidade é a possibilidade de as pessoas continuarem vivendo de forma que haja
continuidade e equilíbrio em relação aos recursos disponíveis. Conexo à sustenta-
bilidade, o termo desenvolvimento sustentável, também compreende a ideia de
continuidade:
Pós-Universo 11
““
Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação
no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação
do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam
e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades
e aspirações humanas (ONU, 1991, p. 49).
““
Define-se por Desenvolvimento Sustentável um modelo econômico, políti-
co, social, cultural e ambiental equilibrado, que satisfaça as necessidades das
gerações atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de sa-
tisfazer suas próprias necessidades (CATALISA, 2003).
Neste sentido, não há como haver plena sustentabilidade se todas estas dimen-
sões, desmembradas ou não, não forem contempladas. Um exemplo interessante
de projeto que contempla os fatores relacionados à sustentabilidade é o do Centro
Cultural Jean-Marie Tjibaou (Figura 3), Nova Caledônia, idealizado pelo Arquiteto Renzo
Piano, o qual foi inspirado na cultura tradicional local Kanak. O conjunto se fragmen-
ta em dez pavilhões com média de área de 90 m², aglutinados em três aldeias de
funções distintas: exposições, espaços pedagógicos e administrativos. A maior das
torres tem 33 metros de altura.
14 Pós-Universo
Sustentabilidade
na construção
Ainda, a geração dos RCC é mais problemática quando são analisados aqueles
com características perigosas. Misra e Pandey (2005) afirmam que a sua disposição
inadequada advinda de um gerenciamento ineficiente, ou inexistente, pode vir a
causar a contaminação do ar, da água superficial e subterrânea, do solo, dos sedi-
mentos e da biota.
Neste prisma, é imprescindível a elaboração de mecanismos de gerenciamento
dos RCC gerados na obra. Para isso, deve-se levar em conta a prévia caracterização
antes do início das obras, sendo, então, possível definir as demais etapas do Plano
de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC), como segregação,
acondicionamento, transporte e destinação final, conforme solicita a legislação e
normatização técnica vigentes.
Mas não é apenas durante a etapa construtiva que podem ser geradas consequên-
cias indesejáveis do ponto de vista ambiental. A escolha equivocada na concepção
do projeto de edificações, como quando há uso de uma proposta arquitetônica ine-
ficiente ao aproveitamento de ventilação e iluminação naturais, é um exemplo de
procedimento inadequado. Neste caso, podem ser demandadas futuras soluções
corretivas onerosas e ineficientes energeticamente, desnecessárias caso houvesse
um planejamento focado na sustentabilidade, para que, de fato, a construção pro-
porcione condições de uso ao usuário.
Edificações Sustentáveis
Frente ao exposto neste estudo, já é possível ter uma ideia de algumas características
que as edificações, ou construções, sustentáveis, ou ecológicas, devem apresentar.
Não há uma definição única para o termo “edificação sustentável”, contudo apresen-
tam similaridade ao abordarem diferentes níveis do ciclo de vida do produto, que no
caso, corresponde à própria edificação.
Conforme Kibert (2008), o Conselho Internacional da Construção – CIB, no ano de
1994, definiu o conceito de construção sustentável como “a criação e manutenção
responsáveis de um ambiente construído saudável, baseado na utilização eficiente
de recursos e no projeto baseado em princípios ecológicos”. Ainda, o CIB definiu sete
princípios da Construção Sustentável: redução do consumo de recursos; reutilização de
recursos; utilização de recursos recicláveis; proteção da natureza; eliminação de tóxicos;
aplicação de análises de ciclo de vida em termos econômicos; e ênfase na qualidade
Pós-Universo 17
““
Edificação sustentável é aquela que pode manter moderadamente ou melhorar
a qualidade de vida e harmonizar-se com o clima, a tradição, a cultura e o am-
biente na região, ao mesmo tempo em que conserva a energia e os recursos,
recicla materiais e reduz as substâncias perigosas dentro da capacidade dos
ecossistemas locais e globais, ao longo do ciclo de vida do edifício (ISO, 2008).
Já Miotto (2013) entende que uma construção sustentável deve basear-se na pre-
venção e redução dos resíduos pelo desenvolvimento de tecnologias limpas, no uso
de materiais recicláveis ou reutilizáveis, no uso de resíduos como materiais secun-
dários e na coleta e disposição inerte dos mesmos, na utilização de instalações que
reduzam o consumo de água e energia.
Keeler e Burke (2010) afirmam que a construção deve solucionar mais do que
um problema ambiental, e, mesmo que não possa solucionar todos os problemas, a
edificação sustentável deve:
•• Projetar uma conexão com o exterior que forneça ventilação natural, ilumi-
nação diurna e vistas para o exterior.
Planejamento
da obra
Viabilidade do Empreendimento
Seguindo os princípios da sustentabilidade, a edificação a ser incorporada no espaço
urbano deve ser viável sob diferentes pontos de vista. A localidade do empreendi-
mento poderá influenciar em diversas questões, como a escolha de fornecedores de
matérias-primas sustentáveis, tendo em vista que grandes distâncias são sinônimo
de maiores gastos com transporte e, concomitantemente, maior poluição. Também,
pode ser necessário fazer uso de mão de obra qualificada, devendo ser verificada se
há tal disponibilidade para o local.
Venâncio (2010) afirma que, geralmente há um custo financeiro inicial mais elevado
no que diz respeito às edificações ecológicas, o que pode dificultar a implantação
de alguns conceitos na elaboração de um projeto. Contudo, os resultados ao longo
da vida útil da edificação geram benefícios e retornos do investimento, citando-se a
valorização imobiliária e a baixa manutenção.
Desta forma, é importante ter em mente os ganhos que a edificação sustentá-
vel proporciona no futuro de modo a justificar o investimento inicial mais elevado.
Nestes casos, o marketing tem grande relevância, já que muitas vezes o público a
quem deseja-se destinar o uso da edificação, não tem o conhecimento das vanta-
gens que a adoção de práticas sustentáveis pode oferecer.
Decisões Preliminares
Para Keeler e Burke (2010), as decisões tomadas no início do projeto são determinan-
tes-chave do consumo de energia e dos impactos da edificação, destacando-se a
escolha da localização do terreno e o tamanho da edificação. No caso de empreendi-
mentos residenciais, os locais onde a maioria das tarefas diárias podem ser realizadas
sem o uso de automóveis apresenta uma vantagem quando comparados a locais
muito afastados ou sem acesso facilitado ao sistema de transporte público.
Destaca-se que a utilização de vazios urbanos, quando possível, torna-se interes-
sante para a diminuição das distâncias a serem percorridas e do número de viagens
a serem executadas na cidade. Além disso, tendo em vista que são áreas já dotadas
da infraestrutura urbana necessária à instalação de empreendimentos, há menor
demanda de intervenções no espaço do que no caso de locais distantes das áreas
já consolidadas.
Pós-Universo 21
Licenciamento Ambiental
A Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA é um órgão consultivo e deli-
berativo integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, possuindo
atribuições para estabelecer normas e padrões buscando a qualidade ambiental. Este
órgão estabeleceu, por meio de sua Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997,
o Licenciamento Ambiental como sendo um:
““
Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licen-
cia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou poten-
cialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamenta-
res e as normas técnicas aplicáveis ao caso (CONAMA, 1997).
Para expedição das licenças ambientais, podem ser solicitados, a depender do en-
tendimento do órgão ambiental, estudos e projetos executados por profissionais
técnicos habilidades, especialmente no que diz respeito ao gerenciamento de resí-
duos sólidos, tratamento de efluentes, e sistemas de controle de dos demais impactos
relacionados à obra.
O fato de a edificação ser licenciada não é suficiente para conferir a ela uma certifi-
cação sustentável. Mas, a aprovação do poder público quanto ao projeto e as medidas
de minimização e supressão de impactos a ele planejadas representa uma conformi-
dade importante no âmbito legal. Assim, tem-se uma consideração, sobretudo, para
com a dimensão política da sustentabilidade, agregando-se maior adequabilidade
ao empreendimento aos olhos do Estado e, concomitantemente, da coletividade.
Pós-Universo 23
Projetos
Inteligentes
Uso do Terreno
É comum notar movimentações de solo para o início de obras nas cidades. Seja por
meio de cortes ou aterros, a movimentação de solos ocorre, muitas vezes, para aco-
modar projetos elaborados para outras realidades topográficas, ou de outros que
demandam determinadas superfícies, planas ou não, por escolha de projetistas in-
sensíveis às características do local.
Com intervenções topográficas, além de serem gerados gastos com o uso de
máquinas e mão de obra, a dinâmica da drenagem natural do local é alterada e,
no caso de grandes áreas, há mudança inclusive, na área de contribuição de bacias
hidrográficas.
No caso modificações drásticas, são gerados taludes, os quais demandam solu-
ções para sua estabilização, usualmente onerosas. Também, no caso de aterros, há a
necessidade de serem realizados procedimentos de compactação e previstas fun-
dações que atravessem a camada de aterro, tendo em vista que não é adequado
que essas fundações sejam assentes sobre a camada de solo recentemente ater-
rada, tendo em vista a ocorrência de recalques. Milititsky, Consoli e Schnaid (2008)
reportam que a execução de fundações em solo criado ou aterro constitui uma sig-
nificativa fonte de problemas futuros.
O ideal é que seja elaborado um levantamento planialtimétrico do terreno a
receber a construção e, em sua função, seja realizado o projeto da edificação adequa-
do à topografia, integrando-o à paisagem, buscando a menor intervenção possível
no espaço físico.
A Residência Hélio Olga (1990) (Figura 8), localizada no Jardim Vitória Régia em
São Paulo/SP, é um exemplo de edificação projetada de modo a não alterar signifi-
cativamente a topografia. Após adquirir um terreno de 900 m² e com declividade
superior a 100% para os fundos, o Engenheiro e fabricante de estruturas em madeira
Hélio Olga convidou o Arquiteto Marcos Acayaba para a elaboração do projeto arqui-
tetônico, sendo o próprio Engenheiro o responsável pelo detalhamento e execução
da obra.
Pós-Universo 25
Ainda, quanto às questões ligadas ao terreno, deve-se buscar a maior taxa de área
permeável possível, não sendo necessário ater-se ao mínimo exigido pelo poder
público. Pavimentos drenantes e pisos do tipo concregrama são opções interessan-
tes para instalação em áreas destinadas à circulação de veículos e pessoas.
Orientação da Edificação
De modo a melhorar o conforto ambiental da construção, bem como corroborar com
a diminuição de gastos quando houver sua utilização, a luz solar e os ventos são dois
recursos naturais de grande valia.
Segundo Montero (2006), a incorporação de elementos naturais, como luz solar
e vento, nos projetos arquitetônicos, promove espaços mais humanizados, resultan-
do em agradável sensação espacial e de conforto, fruto de boas condições visuais,
higiênicas e térmicas. Ainda, essas questões devem fazer parte da concepção do edi-
fício, garantindo sua harmonia e eficiência com a arquitetura proposta, diminuindo
a necessidade de climatização e iluminação artificiais, concorrendo para minimizar
os custos durante a utilização da construção.
26 Pós-Universo
Lamberts, Dutra e Pereira (2014) sugerem que o vento predominante do verão deve
ser explorado para resfriar os ambientes, já o do inverno deve ser evitado, tendo em
vista que este concorre para a perda de calor para o exterior da construção. Ainda,
as entradas de vento devem ser direcionadas de maneira a evitar receber o ar mais
quente do oeste, como também o ar poluído de uma via movimentada ou de um
estacionamento adjacente, por exemplo.
O projeto pode explorar tanto o uso da ventilação cruzada, em que ocorre uma
movimentação de ar dinâmica devido à ação mecânica do vento, como da ventilação
natural térmica, a qual ocorre devido às diferenças de pressão do ar em um ambien-
te no plano vertical, havendo o deslocamento de baixo para cima, ou seja, da massa
de ar da zona de maior pressão (ar frio), mais pesada, para a zona de menor pressão
(ar quente), mais leve, caracterizando-se o efeito chaminé.
Da mesma forma que para a ventilação, o planejamento para o uso da ilumina-
ção natural começa analisando-se a orientação solar. A carta solar, ou diagrama solar,
constitui uma ferramenta importante para administrar a projeção solar no projeto.
Por meio da carta, a qual é gerada conforme a latitude, é possível extrair informa-
ções acerca da trajetória solar ao longo das horas do dia, bem como estabelecer o
azimute e altitude solar.
A Figura 10 expõe a carta solar para a latitude da cidade de Porto Alegre, Rio
Grande do Sul, destacando a fachada norte, sendo gerada por meio do mesmo soft-
ware utilizado anteriormente para confeccionar a rosa-dos-ventos. Com este diagrama
faz-se possível, planejar a melhor disposição de aberturas, bem como de proteções
solares para os sombreamentos desejados ao longo do ano.
Pós-Universo 29
Figura 10: Carta Solar para a cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Fonte: Elaborado pelo Autor (2017)
reflita
No local onde você reside, a edificação possui uma orientação adequada,
priorizando janelas para o norte e/ou sul?
Fonte: os autores
O projeto elaborado por de arquitetos gaúchos para a nova sede foi selecionado
em concurso público, compreendendo avaliação de critérios de sustentabilidade
ambiental em todas as fases de implantação do edifício: projeto, construção e utili-
zação. De acordo com CREA-PR (2009), para a edificação, estão previstas, também, a
ampliação de espaços de convívio, a instalação de sistemas de reuso das águas, de
geração de energia solar, de retenção de águas pluviais.
atividades de estudo
a) RIO-92
b) Rio+10
c) Rio+20
d) COP-21
e) COP-23
a) Licença Inicial
b) Licença Prévia
c) Licença de Instalação
d) Licença de Operação
e) Licença Definitiva
a) Ventilação térmica
b) Resfriamento
c) Ventilação de interiores
d) Ventilação cruzada
e) Ventilação de convecção
resumo
No planejamento da edificação, deve-se levar em conta questões preliminares no que diz respei-
to à avaliação da viabilidade geral do projeto, bem como ao atendimento à legislação aplicável,
destacando-se o licenciamento ambiental. Também, faz-se importante a escolha da localização
do terreno e do tamanho da edificação, sendo sugerida a preferência por uso de vazios urbanos
para a instalação das edificações.
Com o terreno escolhido, é preciso aproveitar suas condições físicas em favor do projeto arquite-
tônico e, verificando-se a dinâmica da luz solar e ventos no local, é possível embasar a escolha da
orientação e do desenho da edificação para buscar aproveitar os recursos naturais em seu favor,
o que promove a melhoria do desempenho da construção quando for utilizada.
material complementar
Primavera Silenciosa
Autor: Rachel Carson
Editora: Gaia Editora
Na Web
O Vídeo The Story of Stuff (A História das Coisas) compreende um documentário de curta
duração, abordando de maneira dinâmica as consequências ao ambiente do consumo de
bens materiais de maneira descontrolada.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k>
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resolução de exercícios
1. a) RIO-92
2. b) Licença Prévia
3. d) Ventilação cruzada