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Desse modo, arte moderna inaugurou um mundo de experimentações
diversas, onde novas formas, cores e proporções passam a ser integradas ao
mundo da arte. A pintura torna-se abstrata; silhuetas desproporcionais e distorcidas
disputam lugar com o cânone ocidental; a galeria de arte vira instalação artística. A
arte deixa de ser apenas contemplativa e também torna-se interativa e participativa,
onde o espectador torna-se interlocutor do projeto do artista. O antiestético também
passa a ter um lugar de destaque na arte moderna/contemporânea, uma vez que a
hegemonia do belo entra em declínio com a historicização do gosto e da experiência
estética.
A escolha pelo antiestético, este entendido como dispositivo discursivo e
imagético utilizado por artistas contemporâneos para problematizar e afrontar as
formas clássicas de representação, desestabilizou os parâmetros tradicionais de
produzir arte. O lugar de protagonismo do feio na arte contemporânea abre novos
portais para a compreensão das imagens que estamos produzindo e as que
gostaríamos de produzir. Contudo, é válido salientar que ao se afirmar o não-belo
como propósito da arte e, consequentemente, negar o lugar belo estabelecido; não
estamos superando o paradigma da estética ocidental, mas a reafirmamos, uma vez
que o pensamento ocidental está fundado na ideia pares de opostos. A antítese
permanece incólume no inconsciente coletivo.
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privilegiado para a expressão do ethos da “história dos povos civilizados”. Essa
noção dicotômica e excludente da realidade que moveu os artistas em direção a
uma crença alienante de segregação que precisa ser superada. O belo está contido
no feio e o contrário também.
Logo, um dos desafios da arte contemporânea é a superação do paradigma
do pensamento monolítico, que retira a possibilidade de intercâmbio entre os
componentes supostamente opostos. É preciso criar uma ecologia onde o tradicional
e estabelecido encontre o novo e vanguardista. Em termos mais precisos, uma arte
que não esteja alienada dos processos históricos e políticos de nossa Era e que
reconheça o legado do passado ao mesmo tempo que vislumbre fissuras para a
inovação.