Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Disciplina: Ergonomia
Objetivos: esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
1. estabelecer uma relação temporal entre a ergonomia e o desenvolvimento
humano no setor produtivo;
2. perceber a importância da ergonomia nos dias atuais;
3. identificar a presença humana como o aspecto central na aplicação da
ergonomia;
4. identificar as modalidades da ergonomia a serem aplicadas e
desenvolvidas em um setor produtivo.
AULA 1
O que é Ergonomia?
1
A Pré-História é o período que compreende desde o surgimento do homem até o aparecimento da escrita,
por volta de 4000 a.C. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/pre-historia/>.
2
Momento histórico ocorrido no Ocidente entre os séculos XV e XVI, principalmente na Itália, centro
irradiador desta revolução nas artes, na literatura, na política, na religião, nos aspectos sócio-culturais.
Disponível em: <http://www.infoescola.com/movimentos-culturais/renascimento/>.
3
PASCHOARELLI, L. C.; SILVA, J. C. P. Ergonomia no mundo e seus pioneiros [livro Eletrônico] (orgs.).
São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 240Kb; ePUB.
1
e suas observações. A ergonomia atual, pode-se dizer, apropria-se da
observação de um estado relacional, apoiada pelo conhecimento como base
para elaboração de suas análises.
Figura 1: O uso do corpo pelo sapateiro, em especial as pernas, na modelagem do couro e transformá-lo em sapatos.
Fonte: http://www.cracked.com/article_17451_chimney-sweeps-scrotum-10-bizarre-job-related-illnesses.html
4
CASTILLO, Juan José; VILLENA, Jesús. Ergonomia: conceitos e métodos. Portugal: Dinalivro, 2005.
5
A Revolução Industrial teve início na Inglaterra, no século XVIII, expandindo-se inicialmente pela europa
ocidental, a europa oriental, Rússia e posteriormente no continente norte Americano.
2
Figura 2: Fêmur de um sapateiro modificado pelos sucessivos impactos sofridos durante a confecção do calçado
Fonte: http://www.cracked.com/article_17451_chimney-sweeps-scrotum-10-bizarre-job-related-illnesses.html
3
O Taylorismo
Em 1900 surgiu o Taylorismo 6 que estabeleceu um aspecto racional ao
processo produtivo, hierarquizando as atividades de cada uma das pessoas que
atuassem na empresa, desde gerentes até os operários. Separou aqueles que
eram requisitados a planejar (maiores salários), daqueles que eram pagos para
fazer os bens (menores salários).
A Ergonomia desponta para a sociedade nos anos 30 e 40, época
em que o
mundo presenciou a II Guerra Mundial. Foi nesse ambiente caótico que
a
ergonomia revelou-se aos projetistas, ajudando-os a transformarem objetos
pouco amigáveis em sistemas integrados e ajustados aos operadores.
A maior
parte dos equipamentos utilizados demandava
a operação humana e constituía-
se de uma situação desgastante
e temerosa pela perda de ambos os recursos,
humano e material. Buscando-se a solução dos problemas surgiu a ergonomia,
mediando um trabalho projetual interdisciplinar e planejando novos
equipamentos, capazes de atender as diferenças das pessoas, assim, […] pela
primeira vez, houve uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia
e as ciências humanas. Fisiologistas, psicólogos, antropólogos, médicos e
engenheiros trabalharam juntos […] (DUL; WEERDMEESTER, 1995).
Nos anos 30, a população, em sua grande parte era desprovida de experiências
com máquinas, veículos e outros equipamentos, ou seja, não faziam parte do
cotidiano das pessoas. Para atender ao esforço de guerra, muitos dos alistados
precisaram, em um curto espaço de tempo, aprender a operar veículos, radares,
aviões, entre outros equipamentos militares. Neste período, além de todos os
aspectos relacionados aos equipamentos mal projetados, surgiram as questões
psicológicas e emocionais exigidas pelas atividades.
Atividade 1
Atende ao Objetivo 1: estabelecer uma relação temporal entre a ergonomia e o
desenvolvimento humano no setor produtivo;
6
Taylorismo é uma concepção de produção, baseada em um método científico de organização do trabalho,
desenvolvida pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor (1856-1915). Em 1911, Taylor publicou “Os
princípios da administração”. Disponível em: <http://www.infoescola.com/administracao_/taylorismo/>.
4
Resposta Comentada:
Para o trabalhador foi a descoberta de uma nova forma de relação profissional e
trabalho, o operário deixava seu domínio do conhecimento como artesão,
tornando-se uma pequena parte do processo, uma vez que o mesmo era
demandado a realizar atividades específicas, não mais conhecendo a
configuração final do bem. Além disso, pode-se dizer que o artesão
experimentou uma nova relação entre a demanda e a execução da atividade
exigida pelo proprietário da empresa. Na maioria dos casos, o agora operário
estaria subordinado aos processos e ao ambiente industrial, em geral,
desfavoráveis a saúde do mesmo. É também um fato, que na atividade como
artesão ocorriam prejuízos para o mesmo, mas resultado do seu próprio modelo
de atuação.
Não pense você que a situação no mundo atual seja muito diferente. Muitas das
pessoas que compõem a mão-de-obra, especificamente aquelas que estão
envolvidas em atividades que exigem a força física, também estão subordinadas
as questões críticas. Países que buscam a ascensão econômica, como Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS), são bons exemplos de lugares em
que as atividades produtivas, em muitos dos casos são temerárias, levando
riscos à sociedade.
5
diante. O motorista do Uber, necessariamente não é um experiente conhecedor
da cidade, na verdade o mesmo pode dirigir para o Uber como uma segunda
fonte de renda. Deste modo, não é um expert das características de
funcionamento e dinâmicas do trânsito, além disso, depende fortemente do
sistema Global de Posicionamento por Satélite (GPS). A dinâmica de se conduzir
o carro, permanece igualmente exigida, mas atender a uma chamada, ou seguir
as informações repassadas pelo GPS ou finalizar uma corrida, exigem novas
habilidades. Repare que além da condução do veículo em segurança há um
incremento na demanda mental.
Boa parte da demanda por produtos ou serviços foi reorientada por um novo
modelo de relação. As empresas passaram a ouvir com mais precisão as
demandas dos seus cliente e assim permitiram que os produtos ou serviços
pudessem ser produzidos mediante a pedidos específicos, por exemplo as
personalizações ou customizações7. Isso tudo se fortaleceu tendo por base dois
fatores, o primeiro a precisão das empresas ao captar os anseios dos seus
clientes e o segundo aspecto, na verdade é um meio proveniente do
desenvolvimento da eletrônica, permitindo alto grau de detalhamento, em muitos
casos de maneira imediata.
Para as situações apresentadas surgiram novos modelos de ambientes e de
relacionamento entre homem x sistemas e que naturalmente, precisam ser
compreendidos antes que produzam impactos demasiadamente negativos aos
seus interlocutores.
7
MACHADO, André Gustavo Carvalho; DE MORAES, Walter Fernando Araújo. Produção em massa à
customização em massa: sustentando a liderança na fabricação de motores elétricos. Scielo.br, Rio de
Janeiro, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
39512009000400004>. Acesso em: 16 maio 2016.
6
Oi… você! É você que está lendo este texto..., se chegou até aqui, a
universidade, é por que estudou, em média onze anos e deve ter feito muita
anotação. É verdade que o mundo de hoje se escreve menos, mas você deve ter
um ou dois calos em alguns dos dedos que apoiam o lápis ou a caneta, certo?
Encontrou o seu calo do conhecimento? Rsrsr… pois é, esse calo precisaria
mesmo existir, será que o lápis não poderia ser melhor projetado, evitando este
inconveniente? Será que você não deveria ter parado mais vezes para
descansar os dedos? Agora, imagine uma atividade em que a máquina ou
ferramenta gera não um calo, mas deformações severas. Imagine permanecer
praticamente todo o período de trabalho sentado, de pé, ou mal acomodado, não
seria legal, não é mesmo? Por isso, a ergonomia é tão importante para as
nossas vidas, pois, procura reduzir o que chamamos de custos humanos,
concentrando seus estudos na solução dos problemas e sugerindo melhorias.
Sendo o esforço diário um custo humano, considere aplica-lo naquilo que de fato
promove um resultado positivo exigindo menor investimento de energia e
atenção da nossa parte, naquilo que não agrega valor à atividade em si. Por
exemplo: se um operário necessita deslocar-se muitas vezes em seu setor de
trabalho para alcançar a realização das atividades, pode ser que haja algo a ser
feito, de tal modo que os deslocamentos sejam reduzidos e assim o operador
utilize suas energias naquilo que importa, ou seja manufaturando o bem de
produção.
8
Para saber mais sobre a Ergonomia visite os sites da International Ergonomics Association Disponível em:
<http://www.iea.cc> e a ABERGO, Associação Brasileira de Ergonomia. Disponível em:
<http://www.abergo.org.br>.
7
seus executantes esforços adicionais. Alguns dessas variáveis podem
influenciar tanto, a ponto de dificultar a alcançar aquilo que foi planejado,
gerando prejuízos adicionais.
Duarte (2002) diz que a Ergonomia era, em seu início, utilizada apenas como
forma de diagnóstico e argumento técnico para denunciar as condições de
trabalho.
Atividades 2 e 3
Atende aos Objetivos 2 e 3: percebendo a importância da ergonomia nos dias
atuais e identificando a presença humana como o aspecto central na aplicação
da ergonomia;
Resposta Comentada:
A ergonomia, trata da interpretação do modelo operatório, deste modo se
mudanças surgem é necessário que análise da situação seja capaz de
compreender e assim propor as melhorias. O modelo e a maneira de se
responder a demanda estão sendo alteradas, uma vez que parte das atividades
que outrora considerávamos como certas já não são tão óbvias. Postos de
trabalhos tradicionais, como trocador em ônibus estão deixando de existir e
sendo substituídos por cartões magnetizados e leitores óticos, capazes de
processar e gerenciar o acesso do passageiro. Entretanto, apesar da mudança
8
parecer simplificar o processo de embarque, há o incremento na atividade do
próprio motorista, que passará a ser responsável por gerenciar os contratempos
da relação passageiros x equipamentos. Neste sentido, a ergonomia deverá dar
conta de compreender o novo modelo do processo e antever os riscos para
todos os envolvidos.
A ergonomia interessa ao ser humano, a qualquer ser humano, esteja ele na
função de proprietário, mestre ou aprendiz. A ergonomia sempre observará as
ações relacionadas as atividades profissionais, não importando a hierarquia.
Obviamente, fatores inerentes as funções serão considerados, mas se houver a
existência de prejuízos por conta da relação homem x sistema, haverá
oportunidade de mitiga-las.
Modalidades da Ergonomia
9
homem, máquina e ambiente, estabelecendo as melhores oportunidades
para que a relação seja a mais eficiente. Exemplo: ao projetar o espaço
produtivo, ou um setor administrativo é importante que se conheça cada
umas das relações produtivas que lá acontecerão, sejam elas: etapas
processuais, operacionais, demandas por recursos, etc. O ergonomista
deverá saber qual será o nível de interdependência entre os postos de
trabalhos ou setores, além de outros sistemas que poderão estar
envolvidos nas atividades de trabalho.
Ações Ergonômicas
10
Atividade 4
Atende ao Objetivo 4: identificar as modalidades da ergonomia a serem
aplicadas e desenvolvidas em um setor produtivo.
Resposta Comentada:
As modalidades da ergonomia são situações previamente conhecidas, servem
para auxiliar os estudos e discutem aspectos específicos, que em geral são
encontrados nas empresas. As modalidades da ergonomia, são em sim mesmas
resultados já sistematizados, permitindo uma compreensão mais imediata das
possíveis situações a serem enfrentadas durante as ações ergonômicas.
11
Análise da Atividade
A Análise da Atividade prevê uma abordagem sistêmica, isto quer dizer global,
permitindo que sejam compreendidas não somente as questões quantitativas,
mas especialmente as qualitativas. Por exemplo, a atividade do motorista de taxi
tradicional poderia ser avaliada sob a quantidade de movimentos executados ao
longo do período de trabalho, entretanto se o ergonomista desconsiderar que as
atividades podem ser modificadas por condições do tráfego. Ou que, o número
de movimentos exigidos na movimentação das malas durante o embarque e
desembarque dos passageiros é a principal informação de seu estudo, correrá o
risco de não perceber que as condições climáticas as quais o mesmo estará
subordinado poderão ser tão prejudiciais quanto a carga manuseada. Isto não
quer dizer que as ferramentas não possuam real aplicação, entretanto aplica-las
isoladamente provavelmente corresponderão a reflexões frágeis sobre a
atividade do taxista.
12
para que as atividades do ergonomista permita uma troca de informações com o
campo de estudo.
13
rápido, tende a ser melhor, assim deve-se avaliar o que é necessário no
contexto estipulado pela negociação.
Atividade Final
Atende aos Objetivos 1, 2, 3 e 4.
Resposta Comentada:
A proposta deverá passar pelos fundamentos apresentados na Figura 3, além
disso deverá deixar claro as condições e momentos em que o sistema homem x
máquina serão estudados. Também é um aspecto fundamental o
estabelecimento de critérios de como serão observadas as atividades e como
serão tratados os dados levantados.
Resumo
Nesta aula, pode ser percebido que a ergonomia é abrangente, depende de
vários conhecimentos e permite aplicação em qualquer situação profissional. A
Revolução Industrial foi um desafio enorme, modificando até os dias de hoje a
forma como nos relacionamos com a produção de bens. As Modalidades da
Ergonomia permitem uma associação a resultados de modelos já analisados.
Existem várias abordagens associadas as Ações Ergonômicas e em todos os
casos é provável que se encontrem fundamentos generalizados que permitam
aplicações diferentes, entretanto, não devem as soluções prontas serem
capazes sozinhas de satisfazer aos problemas identificados. E por fim a Ação
Ergonômica é demandada de diferentes maneiras ou por diferentes pessoas e
as atividades previstas poderão se ajustadas de acordo com a dinâmica
percebida no ambiente estudado.
Referências
14
DUARTE, Francisco (Org.). Ergonomia & Projeto. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
DULL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia Prática. São Paulo, Edgard Blücher,
1995.
FALZON, Pierre. Ergonomia. São Paulo: Blucher, 2007.
GUÉRIN, F; LAVILLE, A; DANIELLOU, F; DURAFFOURG, J; KERGUELEN, A.
Compreender o Trabalho para Transformá-lo: a prática da ergonomia. São
Paulo: Blucher, 2006.
PASCHOARELLI, L. C.; SILVA, J. C. P. Ergonomia no mundo e seus pioneiros
[livro Eletrônico] (Orgs.). São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 240Kb; ePUB.
15